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    nPESQUISA & DESENVOLVIMENTO

    Veja a programao do evento

    nACONTECE NAS REGIONAIS

    Ensaios No Destrutivos

    IBRACONInstituto Brasileiro do Concreto

    IBRACON

    & Construes& Construes

    Instituto Brasileiro do Concreto

    & Construes

    IBRACONInstituto Brasileiro do Concreto

    Ano XXXIXJul. Ago. Set. | 2011ISSN 1809-7197www.ibracon.org.br

    | # 63

    Prof. Jos Marques Filho:presidente do IBRACON

    nPERSONALIDADE ENTREVISTADA

    Tecnologia do concretono projeto e construo

    de usinas hidreltricas

    brasileiras.

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    Risa Ofcia o IBRACONRevista de carter cientco, tecnolgico

    e informativo para o setor produtivo da construocivil, para o ensino e para a pesquisa em concreto

    ISSN 1809-7197Tiragem desta edio: 5.000 exemplares

    Publicao TrimestralDistribuida gratuitamente aos associados

    JORNAlIStA ReSpONSvelFbio Lus Pedroso MTB 41728

    [email protected]

    puBlICIdAde e pROmOOArlene Regnier de Lima Ferreira

    [email protected]

    pROJetO GRFICO e dIAGRAmAOGill Pereira (Ellementto-Arte)

    [email protected]

    ASSINAtuRA e [email protected]

    Grfca: Ipsis Grca e EditoraPreo: R$ 12,00

    As idias emitidas pelos entrevistados ou em artigosassinados so de responsabilidade de seus autores e

    no expressam, necessariamente, a opiniodo Instituto.

    Copyright 2011 IBRACON. Todos os direitos dereproduo reservados. Esta revista e suas partes no

    podem ser reproduzidas nem copiadas, em nenhumaforma de impresso mecnica, eletrnica, ou

    qualquer outra, sem o consentimento por escrito dosautores e editores.

    pReSIdeNte dO COmIt e dItORIAlTulio B ittencourt, PEF-EPUSP, Brasil

    COmIt edItORIAlAna E.P.G.A. Jacintho, PUC-Campinas, Brasil

    ngela Masuero, UFRGS, BrasilHugo Rodrigues, ABCP, BrasilIns Battagin, ABNT, Brasil

    ria Lcia Oliva Doniak, ABCIC, BrasilJos Luiz A. de Oliveira e Sousa, UNICAMP, Brasil

    Jos Marques Filho, IBRACON, BrasilLus Carlos Pinto da Silva Filho, UFRGS, Brasil

    Maryangela Geimba de Lima, ITA, BrasilPaulo Helene, PCC-EPUSP, Brasil

    15 Tecnoogia do concretoA tecnologia do concreto nas fases de projetode UHEs

    26 Obras embemticasOs detalhes de projeto e

    de execuo da UHE Jirau31 Grandes Obras

    GrandesProfssionais

    As grandes barragensbrasileiras e seus prossionais

    48 Obras embemticasOs detalhes de projetoe de execuo do ComplexoHidreltrico Belo Monte

    57 Normaizao tcnicaPropostas de textos-base doprojeto de norma tcnica brasileirapara o controle tecnolgico do CCR

    67 Projeto estruturaPrimeira parte do artigo sobre a engenharia deestruturas no projeto de barragens de concreto

    77 Soucionando probemasDeteriorao de barragens

    e descrio de um sistemade proteo e reabilitao

    88 Pesquisa & DesenvovimentoEnsaios no destrutivosnormalizados e nonormalizados no pas

    97Mehores prticasO sistema de gestoda qualidade na UHESanto Antnio

    111 Pesquisa ApicadaAvaliao do CCRenriquecido em barragens

    nPESQUISA& DESENVOLVIMENTO

    Vejaaprogramao do evento

    nACONTECE NASREGIONAIS

    Ensaios No Destrutivos

    IBRACONInstituto Brasileiro do Concreto

    IBRACON

    & Construes& Construes

    Instituto Brasileiro do Concreto

    & Construes

    IBRACONInstituto Brasileiro do Concreto

    Ano XXXIXJul.Ago. Set.| 2011ISSN 1809-7197www.ibracon.org.br

    | # 63

    Prof.Jos Marques Filho:presidente do IBRACON

    nPERSONALIDADE ENTREVISTADA

    Tecnologia do concretono projeto e construo

    de usinas hidreltricasbrasileiras.

    Crios Caa:Foto-montagem a partir de fotos de usinashidreltricas brasileiras Ellementto-Arte

    5 Editorial6 Converse com IBRACON

    8 Personalidade Entrevistada:Jos Marques Filho 24 Mantenedor 44 Mercado Nacional 65 Ensino de Engenharia 86 Entidades Parceiras 106 Acontece nas Regionais 119 Concreto Notcias

    diror prsin

    Jos Marques Filho

    diror 1 vic-prsin(em aberto)

    diror 2 vic-prsinTlio Nogueira Bittencourt

    diror 1 Scrrio

    Nelson Covas

    diror 2 ScrrioSonia Regina Freitas

    diror 1 tsoriro

    Claudio Sbrighi Neto

    diror 2 tsoriro

    Carlos Jos Massucato

    diror tcnico

    Carlos de Oliveira Campos

    diror enos

    Luiz Prado Vieira Jnior

    diror psqisa dsnoino

    ngela Masuero

    diror pbicas digao tcnica

    Ins Laranjeiras da Silva Battagin

    diror marking

    Luiz Carlos Pinto da Silva Filho

    diror Ras Insicionais

    Mrio William Esper

    diror Crsos

    Flvio Moreira Salles

    diror Cricao mo obra

    Jlio Timerman

    INStItutO BRASIleIRO dO CONCRetOFnao 1972Declarado de Utilidade Pblica Estadual | Lei 2538 ce 11/11/1980Declarado de Utilidade Pblica Federal | Decreto 86871 de 25/01/1982

    IBRACONRua Julieta Esprito Santo Pinheiro, 68 CEP 05542-120 Jardim O lmpia So Paulo SP

    Tel. (11) 3735-0202

    i

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    ed

    itorial

    [Concreto & Construes | A XXXIX 63] | 5 |

    iia

    Esta a bandeira do 53 CongressoBrasileiro do Concreto (53CBC),o maior frum tcnico anualde debates sobre concreto da

    Amrica Latina, a ser reali-zado em Florianpolis, de1 a 4 de novembro.

    No poderia existir lugarmelhor que Floripa, a Ilha

    da Magia, como tambm co-nhecida, para a realizao do53 CBC. Com uma parte situa-da no continente e outra parte, nailha de Santa Catarina, Florianpolis famosa por suas praias maravilhosas,

    pelos fortes, igrejas e monumentos coloniais, pelaLagoa da Conceio e suas dunas, pelo surfe, pela

    farta culinria a base de frutos do mar, pelos tra-balhos de artesanato, como a renda de bilro, e, emespecial, por seus habitantes alegres e receptivos.

    Este ano, como recompensa pelo trabalho constan-te envolvido na realizao do 53 CBC, as DiretoriasRegional e de Eventos foram especialmente felizesquanto s programaes da cerimnia e do coquetelde abertura da Feibracon e do jantar de encerra-mento, que, indiscutivelmente, j so consideradosmarcos do CBC.

    Alm das tradicionais sesses plenrias e pste-res, dos cursos Master PEC e dos concorridos (edivertidos) concursos estudantis, sero levados acabo seis eventos paralelos: a 2nd International

    Conference on Concrete Pavements, o Simpsio In-ternacional RILEM-IBRACON, o Workshop Boas Pr-ticas para Projetos de Edifcios Altos, o Seminriode Grandes Construes, o Simpsio sobre Infraes-trutura Metroviria e Rodoviria e o j tradicionalSeminrio Sustentabilidade.

    Esto conrmadas, tambm, as participaes e apre-sentaes tcnicas de diversos expoentes da enge-nharia internacional, destacando-se, dentre eles:Rui Calada, da Universidade do Porto; Dan Frango-

    pol, da Lehigh University; William Prince-Agbodjian,do INSA de Rennes; Kenneth Hoover, presidente do

    ACI; e Peter Richner e Carmen Andrade,do RILEM, Sua. As apresentaes

    destes especialistas ocorrero nasPalestras Magnas, realizadasdas 9:00 s 11:00, diariamente.Vale lembrar que diversos ou-tros especialistas de renome,tanto brasileiros quanto es-trangeiros, participaro doseventos paralelos.

    O que esperar deste 53 CBC?Levando em conta a quantidade

    de resumos recebidos (quase mil)e o de trabalhos apresentados (592,

    pelo menos, 20% a mais que em 2010), no-vamente sero batidos os recordes de participaode prossionais e estudantes. O CBC foi responsvel

    por grande parte da evoluo dos temas relaciona-dos a Concreto, ao longo dos ltimos trinta e noveanos, contribuindo, de maneira signicativa no de-senvolvimento tecno-cientco do Brasil. O cons-

    tante crescimento, a cada edio, do nmero decongressistas e, mais ainda, daqueles que visitam aFEIBRACON comprova tal assertiva. A freqncia deengenheiros e professores estrangeiros cresce aindaem maior proporo, sinal do interesse que o CBCdesperta no Exterior.

    A FEIBRACON tambm est em crescimento acele-rado e, a cada ano, aumenta a adeso de rmas eentidades que apiam o IBRACON, como patrocina-dores e expositores.

    Este ano em Florianpolis, est sendo prevista aparticipao de mais de mil e duzentos congressis-tas e, pelo menos, mais de dois mil e quinhentosvisitantes da Feibracon, em busca de aperfeioa-mento prossional, de novos conhecimentos tcni-cos, das ltimas novidades do mercado da constru-o civil, de diverso (por que no?), das atividadesestudantis e sociais, mas, em especial, da alegriado reencontro com velhos amigos e da certeza denovas amizades.

    luIz pRAdO vIeIRA JNIORDiretorDe eventos iBrACon

    Pesquisas e inovaes para

    a construo sustentve editorial

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    O gran rico!

    Sobre a mesa, um alentado relatrioem formulrio contnuo, com vriascolunas de nmeros e indicadores.O indefectvel copo dgua e a xcara decaf compunham a decorao. Enquantoa mo direita folheava com incrvel rapi-dez o relatrio, a mo esquerda seguravauma das hastes dos culos. A outra haste

    passeava entre o canto da boca e gurasgeomtricas traadas virtualmente no ar,ora apontando para o casual interlocutor,ora ressaltando enfaticamente algumponto de vista. Sim, porque ao mesmotempo em que escrutinava o relatrio,ele discorria sobre assuntos e enunciavadecises, muitas vezes independentes doque estava analisando. Em dado instan-te, a haste apontava, em meio quelasdezenas de milhares de nmeros, o obje-

    to da sentena, invariavelmente acerta-da, fulminante, inapelvel: Esse nme-ro est errado.Incontestvel, como sempre se comprova-ria depois. Inacreditvel, porque ao v-lofolhear o volume, de maneira ligeira, dir--se-ia supercial, poucos imaginariam queo mdulo deteco de erros estivesseativado, sempre num elevado grau de per-cucincia, trabalhando multi-task, compercepo integral e sintonia na.

    Nele, a alta capacidade prossional, aviso tcnica apurada, a capacidade deidenticar oportunidades, de viabilizarsolues, aliavam-se a um corao ge-neroso, uma mente aberta, necessitandopor vezes da blindagem de uma aparenteintransigncia no gerenciamento semprebem sucedido de recursos e de pessoas.Tinha um sentido de equipe incompar-vel. Sabia identicar e estimular o me-lhor do potencial de todos, e respaldava

    com ardor as aes de seus colaborado-res, jamais deixando de reconhecer osmritos de cada um e de defend-los emsituaes controversas a, sim, com realintransigncia, como muitos de seus ami-

    gos podem atestar em qualquer ambien-te ou foro de deciso.A integridade era sua marca e a qualidadepessoal que mais gostava de ter reconhe-cida. Foi, de fato, um homem de prin-cpios, numa poca em que escasseiama rmeza das convices e a retido deatitudes. E foi com estes predicados queele comandou com incomparvel compe-tncia a implantao das usinas hidrel-tricas de Tucuru, Samuel e Balbina.

    ia

    Converse com o IBRACONEng. rico Bitencourtde Freitas

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    conver

    se

    com

    oi

    bracon

    | 7 || 7 | [www.ibracon.org.br]

    rico far muita, muita falta, no cenrio doempresariado e da engenharia nacionais, esua ausncia ser sempre profundamentesentida pelos amigos e colaboradores.Eduardo Abuquerque BarbosaAigo o engnhiro rico Bincor

    Frias, rc-facio.Honag os cogas aigos aeronor.

    e ria aJoo Gasar djanikianO Instituto Brasileiro do Concreto IBRA-CON solidariza-se com a dor e o pesardos parentes e amigos de Joo GasparDjanikian, falecido no ltimo dia 24 dejunho. Seu corpo, velado no Velrio do

    Ara, foi levado ao Cemitrio de VilaAlpina, no dia 25. Pela tradio arm-nia, a missa em memria a Joo GasparDjanikian foi realizada aps o 40 dia doseu falecimento.Joo Gaspar Djanikian foi um dos funda-dores do IBRACON, em 1972, tendo par-ticipado ativamente de suas atividades,como diretor e conselheiro at 1999. Emreconhecimento aos servios prestadosao Instituto, recebeu, em 1981, o Prmio

    Gilberto Molinari.Formado em Engenharia Civil, em 1963,pela Escola Politcnica da Universidadede So Paulo (EPUSP), Djanikian trilhouuma carreira prossional de enorme su-cesso, tendo contribudo com inovaesno campo da produo e controle decimentos especiais, de concretos e depr-moldados de concreto. Pertenceuaos quadros da Associao Brasileira deCimento Portland (ABCP), entre 1964 e

    1967, como engenheiro de promoestcnicas de sua Regional Sul. Na Trans-mix Engenharia, foi responsvel pelaproduo e controle de 400 mil metroscbicos de concreto. Na Serrana S/A deMinerao, atuou como chefe de assis-tncia tcnica, consultor tcnico e ge-rente de qualidade entre os anos de 1972e 1995. Finalmente, foi diretor-scio da3D Engenharia e Construes, desde suafundao em 1995.

    O Gaspar no s entendia do concretocomo material de construo, mas sem-pre estava atento a todos os aspectos datecnologia de produo e do desempenhodas estruturas, recorda sua colega noDepartamento de Engenharia de Constru-

    o Civil da EPUSP, Profa. Silvia Selmo,onde o Prof. Gaspar foi professor assis-tente, desde 1975, ministrando as dis-ciplinas Materiais de Construo Civile Tecnologia de Concreto para MeiosAgressivos.Autor de vrios trabalhos publicados emcongressos nacionais e internacionais,professor dedicado e prossional com-petente e amigo, que lembrava apenasdo lado positivo nas pessoas que o rodea-

    vam, amante do concreto, nas palavrasdo professor da EPUSP e ex-presidente doIBRACON, seu amigo Paulo Helene.Djanikian deixa esposa Tervanda Djani-kian; lhos - Joo Gaspar Djanikian Filho,Adriano Djanikian, Fernanda Djanikian;netos - Priscila Goes Djanikian, Luis Hen-rique Goes Djanikian, Mariana Marco Dja-nikian, Daniel Marco Djanikian; e amigos.

    erraaGostaria de pedir, se possvel, adicio-nar uma errata do artigo da norma depavimento intertravado (Pavimentointertravado: nova normalizao parasua execuo, seo NormalizaoTcnica, Concreto e Construes, Ed.62 - Abr. Mai. Jun. | 2011) na prximaedio. Acabou que, ao ser publicada, anorma saiu com outro nmero (o nme-ro citado no artigo, na capa e no sum-

    rio da Ed. 62 foi ABNT NBR 15938/2011):to: NBR15953/2011 - Pavimento inter-travado com peas de concreto - ExecuoAutor: ABNT Local de Edio: S.Paulodaa a io: 2011Agradeo desde j,Att.Mariana Marchionipanjano mrcao - Insria apr-fabricao - Associao Brasiira Cino poran (ABCp)n

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    ComaretomadadoinvestimentonaConstruodebarragensparausinashidreltriCasnopas, apartirdoComeodestesCulo, vieramtonatemasrelaCionadosaoprojeto, Construo, Controle

    teCnolgiCoemanutenodessesgrandesempreendimentos. gestodoConheCimentonosetoreltriCo, gargalodemodeobranosetorConstrutivo, emespeCial, naConstruodegrandesbarragens, modalidadesdeContrataoedegestodosempreendimentoshidreltriCos, teCnologiadoConCretousadoembarragens, normalizaotCniCadaexeCuodebarragenssoalgunsdessestemas. parafalarsobreeles, a ConCreto & Construesentrevista, nestaedio, opresidentedo instituto brasileirodo ConCreto ibraCon, jos marques filho.

    formadoem engenharia Civil, em 1980, pela universidadede so paulo (usp), jos marquesfilhotemlargaexperinCiaprofissionalemprojetosdeConstruodebarragens. j, em 1981,partiCipoudoprojetoexeCutivoda barragem pedrado Cavalo, na bahia, Comoengenheirono ConsrCio naCionalde engenheiros Consultores (CneC). pelamesmaempresa, partiCipou

    doprojetoexeCutivoda usina hidreltriCade pitinga (uhe pitinga), no amazonas. na ghengenharia, partiCipou, entreoutros, dosprojetosdo vertedouro preto-monosna represabillingsedoprojetodevertedourosuplementarda uhe CaConde, da Companhia eltriCade sopaulo (Cesp), noperodo 1985-1987. foiengenheiroConsultornoprojetoexeCutivoda uhesegredo, no rio iguau, noestadodo paran, CompotnCiainstaladade 1260mW, quandonaprojetoe engenhariade projetos (proensi), de 1987 a 1992.

    desde 1994 na Companhia paranaensede energia (Copel), ondeatualmenteengenheiroCivilConsultor, jos marquestomoupartenaanlisedeviabilidadetCniCo-eConmiCaeambientaldas

    futuras uhe telmaCo borba, uhe so jernimo,uhe mau, uhe tibagi, no rio tibagi, e uhe

    guaratuba, no rio so joo (paran). foipresidentedo Conselhode administraoda elejor CentraiseltriCasdo rio jordoepartiCipounaimplantaoda uhe Caxias, norio iguau, uhe santa Clarae uhe fundo, norio jordo, uhe mau, norio tibagie uhe Colder, norio teles pires.atualmente, oCoordenadorgeraleresponsveltCniCopelo ConsrCio so jernimo.

    mestrepela usp (1990) edoutorpela universidadefederaldo rio grandedo sul (2005), marques filho, desde 1992, professorda universidade federaldoparan (ufpr), ondedesenvolveaslinhasdepesquisa:ConCretoparabarragens; raa em estruturasdeConCreto; eConCretos espeCiais.

    Colaboradordo Comit brasileirode grandesbarragens (Cbdb) edaInternatIonal ComIssIononlargeDams (IColD), membrodoCorpoeditorialdosperidiCos espao energia e engenhariae Construes, jos marques filhoautordediversostrabalhosemlivroseperidiCos.

    aia iaa

    Jos Marques Filho

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    sonalidade

    entrev

    istada

    [www.ibracon.org.br]

    necessrIo umgrAnde esoro

    pArA A ormAocomplementAr

    e A trocA de

    eXperIncIAsno setor.

    iBrACon PorqueosetoreltriCoBrAsileirofiCoutAntotemPoseminvestimentosemnovosProjetosDeusinAshiDreltriCAs?marqs - O Brasil tem recursos hdri-cos maravilhosos e deu impulso a partirdo nal da dcada de 50 construo dehidreltricas, criando um parque geradornico, interligado e com base hidrulica.As sucessivas crises dos anos 80 e 90 le-varam diminuio dos investimentos narea de energia e a impresso de esgo-tamento do modelo estatal de desenvol-vimento de projetos. Aps essas crises,vrias mudanas nos marcos re-gulatrios tambm desestimu-laram os investimentos no se-tor, culminando com o apagono incio deste sculo. Agora

    as regras cando maduras e ocrescimento muito consistentelevam o pas a um ciclo dedesenvolvimento muitointenso de novos projetoshidreltricos.

    iBrACon quAisPrejuzosemtermosDegestoDoConheCimentoACumulADonosegmentoDeConstruoDe

    BArrAgensDeCorrerAmDoPeroDoDeestAgnAoDeinvestimentosnAConstruoDeusinAshiDreltriCAsnoPAs?marqs - Podemos citarduas grandes preocupa-es, sendo a primeira a redu-o das equipes treinadas pelafalta de empreendimentos, sema natural sucesso dos pros-sionais nas empresas do setor.Perdeu-se massa crtica treina-da, talvez a maior do planeta,sem o treinamento das novassafras de engenheiros, complementandoe sedimentando o conhecimento adquiri-do na academia. A segunda a diminuiocontnua da grade curricular dos cursos deengenharia, seguida da maior nfase emestruturas habitacionais e menor nfasenas disciplinas de grandes estruturas e co-nhecimentos correlatos.A falta de processos de gesto do conhe-

    cimento tambm um fator a ser men-cionado, incluindo a tendncia de se es-crever pouco no pas, com veculos dedisseminao do conhecimento de enge-nharia muito tmidos.

    iBrACon quAissoosmritoshojeDAengenhAriACivilBrAsileirAAPliCADAConstruoDegrAnDesBArrAgens?marqs - O Brasil ainda detm desaosmaravilhosos em obras hidrulicas, po-dendo ser citada nossa capacidade geren-cial formidvel no desenvolvimento de no-

    vos empreendimentos, com asconstrutoras que esto em v-rios pases. O desenvolvimentodas tcnicas do concreto com-pactado com rolo num processo

    totalmente nacional de utiliza-o de agregado pulverizado, o

    uso intensivo de frmasdeslizantes ecientes, aexpertise em execuode tneis e os avanos namodelagem matemticade estruturas de barra-gens so outros exemplosdo grau de sosticao daengenharia nacional.

    iBrACon emtermosDetrAnsfernCiADeteCnologiAsusADAsnAConstruoDegrAnDesBArrAgens, ComoerAointerCmBioDeteCnologiAs

    noPeroDoureoDeinvestimentos,ComofiCounoPeroDoDeestAgnAoeComoesthoje,PeroDoDereinvestimentonosetor?marqs - Inicialmente, o Brasilera um grande plo atrator deinteligncia para o desenvolvi-mento das grandes obras do se-

    tor eltrico. Destacam-se a participaode consultores internacionais na rea deconcreto, como o Prof. Roy Carlson, aparticipao de nossos tcnicos no desen-volvimento tecnolgico e sua participaoem seminrios tcnicos nacionais e inter-nacionais. Hoje, com a urgncia de desen-volvimento prossional de engenheiros eos prazos curtos para a materializao dos

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    empreendimentos, so tmidas as partici-paes dos prossionais em seminrios,comisses tcnicas e normalizao. Poroutro lado, o perodo de estagnao levou diminuio de prestgio dos fruns dedebate, o que foi piorado pelas regras es-tabelecidas aos docentes para sua avalia-o. Assim, ainda necessrio um grandeesforo para a formao complementar ea troca de experincias no setor.

    iBrACon quAlAteCnologiAConstrutivAPreDominAntehojeDeConstruoDeBArrAgensnoPAsenomunDo? Porqu? existeAlgumAPersPeCtivADequeessAteCnologiAsejAsuPerADA?marqs - No h uma formapredominante, pois a soluo

    depende das condies locaisem termos de topograa, hidro-logia, geologia e tecnolo-gia. Pode-se armar que,nas obras de concreto,predominam as soluesem concreto compactadocom rolo, por sua rapideze custo mdico. A tendn-cia no futuro a dissemi-nao da construo pelo

    mtodo rampado e a apli-cao de novas tecnolo-gias na face de montante.

    iBrACon ComoogovernoeAsemPresAstmliDADoComosPrejuzosACArretADosPelADesContinuiDADeDosinvestimentosnosProjetosDeConstruoDegrAnDesBArrAgensnAfAseAtuAlDereinvestimentosmACiosnessesemPreenDimentos?marqs - O governo mudou osmarcos regulatrios e enfrentaainda a morosidade do licenciamento am-biental. Este ltimo fundamental para ocrescimento sustentvel, mas requer ain-da um grande pacto no Brasil para o de-senvolvimento da hidreletricidade, comconforto a todos os atores envolvidos. Desua parte, as empresas procuram treinaros novos engenheiros e melhorar as ferra-mentas de trabalho existentes. Procuram,

    mas tm diculdade de encontrar proces-sos de treinamento e especializao.

    iBrACon o quePreCisAserfeitoDAquiPArAADiAntenAgestoDoConheCimentonosetoreltriCo, DemoDoqueoConheCimentoACumulADoeConsoliDADonosePerCAnotemPo, noCAsoDehAvernovoPeroDoDeDesContinuiDADe?marqs - A criao de fruns especiali-zados e o fortalecimento das entidadestcnicas fundamental, juntamente como envolvimento da academia no proces-

    so. Trazer para a formaoquem detm o conhecimento,incorporando-o na universida-de, criando pesquisa de quali-dade e processo de ensino con-

    tinuado. Um novo pacto com oMEC (Ministrio da Educao e

    Cultura), CAPES (Coor-denao de Aperfeioa-mento de Pessoal de En-sino Superior) e CONFEA(Conselho Federal de En-genharia, Arquitetura eAgronomia), com a par-ticipao das entidadesrepresentativas do setor

    eltrico, necessriopara a criao de agendaque possa enfrentar estedesao.

    iBrACon ComoosConsrCiosDosemPreenDimentoshiDreltriCosemConstruotmresolviDooProBlemADogArgAloDeProfissionAisesPeCiAlizADos?essAssoluessoADequADAs?marqs - Com diculdade ecom uso intensivo dos consul-tores existentes, chegando

    quase exausto do processo. O treina-mento contnuo tem acontecido, mas preocupante a possibilidade de apago demo de obra.

    iBrACon quAissoAsPrinCiPAisCArnCiAsProfissionAisoBservADAshojenosProjetistAs,Consultores, teCnologistAseemPreiteirosenvolviDosnAConstruoDegrAnDesBArrAgens

    o treInAmentocontnuo tem

    AcontecIdo, mAs preocupAnte

    A possIbIlIdAde

    de ApAgo demo de obrA.

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    entrev

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    nosProjetosqueosenhortemAComPAnhADo?quAissoAsCAusAsDessAsCArnCiAs?marqs - A principal diculdade a fal-ta de viso holstica e do conhecimento doprocesso como um todo, bem como o pou-co treinamento em processos de engenha-ria, o que inclui a capacidade de modelarprocessos complexos. Os cursos tornaram--se mais voltados a edicaes comuns e,pela falta de tempo e pelas carncias dosestudantes advindas dos cursos fundamen-tal e mdio, neles no so sedimentadosos fundamentos tcnicos das reas citadas.

    iBrACon o quePreCisAserfeito,PelosetorePelogoverno, PArAsoluCionAr, DemAneirAsustentADA,oProBlemADAfAltADemoDe

    oBrAnosProjetosnACionAisDeConstruoDeBArrAgens? o quePreCisAmuDAremtermosDACulturAorgAnizACionAleDosistemAeDuCACionAlemengenhAriACivilnoPAs?marqs - Urge escrevermanuais, recomendaese boas prticas, bem comopreparar um treinamentosimplicado para suprir as

    necessidades imediatas.Falta a formao efetivade Comits Tcnicos comparticipao de prossio-nais preparados, que pos-sam doar seu tempo, coisaque hoje temos muitas dicul-dades. Devem ser revitalizadosos rgos tcnicos isentos paradiscusso dos grandes temas na-cionais. Devem ser criados novosarcabouos de normas. Adapta-es na CAPES so necessriaspara um envolvimento maior daacademia, com gerao de valor para osempreendimentos e para o conhecimento.Novas disciplinas na graduao e novos cur-sos de especializao, com residncia tcni-ca, so ferramentas importantes.

    iBrACon DequeformAosenhoresPeCiAlizou-senAConstruoDeBArrAgens?marqs - Quando aluno na graduao, o

    Prof. Francisco Fusco (professor da EscolaPolitcnica da Universidade de So Pau-lo) bateu na minha carteira e perguntouse eu queria trabalhar com projeto debarragens. Fui ao paraso trabalhar commeus professores e dolos, com os pro-fessores Pimenta, Mautoni, Godofredo,Fusco, talo.

    iBrACon o iBrACon teminteresseemPromoverumProgrAmADeCertifiCAoDeProjetos, ProCessos, ProDutosemoDeoBrAPArABArrAgens? quAisosPrinCPiosBAsilAres

    PArAumProgrAmADeCertifiCAoDeProjetos, ProCessos, ProDutosemoDeoBrA? queetAPAsPreCisAmserseguiDAsPArAAinstAlAoDoProgrAmA?

    marqs - O programa muitocomplexo e necessita de colabo-

    radores e recursos, coisasque hoje so raras e dif-ceis. O processo deve pre-ver a execuo de manuaise guias, com boas prticas,o apoio intensivo e a par-ticipao em normaliza-o, a criao de cursos edos processos de avaliao

    contnua e certicao.O programa deve estarapoiado no trip conheci-mento, excelncia de pro-cessos e envolvimento dacadeia produtiva.

    iBrACon quAisAsvAntAgenseDesvAntAgensDAsmoDAliDADesAtuAisDeContrAtAoemrelAoAomoDeloAnteriorBrAsileiro,estAtAl, notoCAnteAosistemADegArAntiADAquAliDADenosemPreenDimentosDeConstruoDe

    grAnDesBArrAgens? houvemelhoriAsnomoDelovigenteDesDeomomentoemqueentrouemvigor? o queAinDAPreCisAserAPerfeioADonomoDeloDeContrAtAovisAnDoDiminuirinCertezAseAumentArAgArAntiADequAliDADeDosemPreenDimentoshiDreltriCos?marqs - Qualquer modelo com as con-dicionantes de qualidade tcnica adequa-da, prazos exequveis, preos mdicos,

    A tendncIA de

    dImInuIo dos custosde InvestIgAes

    prelImInAres edA IntelIgncIA do

    processo muItopreocupAnte.

    [www.ibracon.org.br]

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    12/124| 12 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 63]

    transparncia e isonomia bom. O siste-ma atual permite processos de nancia-mento mais variados, mas ainda padecede alguns detalhes. A tendncia de dimi-nuio dos custos de investigaes preli-minares e da inteligncia do processo muito preocupante. Sem dvida, gastaradequadamente com a caracterizao dasfundaes, por exemplo, pode diminuirsensivelmente os riscos, assim como umprojeto adequado pode levar a diminui-es de custos expressivas. A questo cul-tural do controle de qualidade deve seratacada, lembrando o seu papelfundamental para manutenodo modelo de desenvolvimentode empreendimentos. Para isso,so necessrios educao, cons-

    cientizao e exemplo.

    iBrACon A ClusulAqueConCeDeAoConCessionriooDireitoDeContrAtArlivrementeosestuDos,Projetos, ensAiosetuDoomAisquejulgArneCessrioPArAAreAlizAoDAoBrADevesermAntiDAouDevemserestiPulADos

    emClusulAsosestuDosmnimos (geolgiCos,geotCniCos, DeteCnologiADoConCreto) eAsesPeCifiCAesmnimAsDeProjeto (BsiCoeexeCutivo)AseremoBrigAtoriAmentereAlizADosPelosConCessionriosvisAnDoDiminuirinCertezAseAumentArAgArAntiADequAliDADeDos emPreenDimentoshiDreltriCos?marqs - Creio que deve haverum comprometimento maiordos envolvidos com a tecnologia constru-tiva para que todos os elos entendam seupapel. Para isso, normalizao, boas pr-ticas e educao continuada so impor-tantes. Os contratos devem ter clusulasde desempenho claras e mensurveis e,sem dvida, as especicaes devem serclaras, bem como a independncia dosistema de garantia da qualidade. Sem

    dvida, a participao da sociedade or-ganizada nas discusses e denies deveacontecer, procurando garantir que asinvestigaes e estudos sejam adequadose, se possvel, que uma scalizao deprocessos deva ser analisada.

    iBrACon quemeDiDAsPreCisAmsertomADAsPArAevitArAtrAnsfernCiADeresPonsABiliDADesDoConCessionrioPArAoemPreiteiro, evitAnDo-se,Assim, oConflitoDeinteresse (ControlerigorosoACArretAqueDADAProDuo, AumentoDeCustoserisCosDeAtrAsosxControlenoADequADo

    ACArretAAqueDADAquAliDADeDAoBrA)?marqs - Execuo de con-tratos adequados com matrizde risco bem definida, criando

    processos auditveis, focan-do as especificaes em de-

    sempenho (consideran-do vida til, seguranae operao adequadascom nveis acordados demanuteno).

    iBrACon ComogArAntirAContrAtAoDeemPresAsDeengenhAriAComPetentes

    noProCessoliCitAtrioDeConstruoDeBArrAgens?ComoAssegurArnoProCessoliCitAtrioumControleDequAliDADeisentoeBemfeito?marqs - Este um pro-

    cesso que transcende minhaopinio, devendo ser criadoum pacto com arcabouo ju-rdico que garanta qualidade,prazo e preo, com isonomiae transparncia. claro quea atual lei de licitaes cau-sa problemas ao setor pbli-

    co, mas no pode ser a nica causadorados problemas, pois esses se repetemem empreendimentos privados. Comoos empreendimentos so pertencentes Unio, sendo apenas concesses, creioque esta deve assumir suas responsabi-lidades na criao de um pacto nacionalque crie um arcabouo que aumente asegurana do processo. Conhecimento,

    conhecImento,correo, dIscIplInA,

    regrAs clArAse IscAlIzAo

    com punIo

    so undAmentAIsno processo.

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    per

    sonalidade

    entrev

    istada

    correo, disciplina, regras claras e fis-calizao com punio so fundamentaisno processo.

    iBrACon quereCursosPoDemserADotADosPArAseexigiroCumPrimentointegrAlDeresPonsABiliDADeseexPeCtAtivAsDosAgentesenvolviDosnoProjetoDeConstruoDeemPreenDimentoshiDreltriCos? PreCiso, PorexemPlo, ADotArorAmentosePrAzosmnimosPArAoControleteCnolgiCoDoConCreto?marqs - Os instrumentos para cobran-a devem ser efetivos, solues somentefocadas em custos e prazos somanipulveis. preciso quali-cao e cobrana de responsa-bilidades.

    iBrACon o senhortemoBservADomuitosProBlemAsnosProjetosquetemAComPAnhADoDeConstruoDAsBArrAgens?quAisosPrinCiPAisProBlemAsAPresentADosPelAsgrAnDesBArrAgensqueosenhortemAComPAnhADoemAnosreCentes? DequemoDotAisProBlemAsPoDeriAmserPreveniDos?

    marqs - Tenho obser-vado muitos problemasnas obras mais novas porfalta basicamente de co-nhecimento, que leva aum otimismo inadequa-do que diminui a quantidadede investigao preliminar ea maturao de engenharia doprocesso. Quando no se conhe-cem os processos fsicos exis-tentes, a tomada de deciso arriscada. A falta de conheci-mento, s vezes, se manifestaem coisas muito bsicas, como os efeitosda uncia do concreto, os fenmenostrmicos, revibrao, cura, etc. Proble-mas so resolvidos com conhecimento ecobrana de responsabilidades.

    iBrACon existeAlgumAestimAtivAsoBreomontAntequesetemgAstoComorePAroeAreCuPerAoDeBArrAgensComProBlemAs?

    marqs - Ainda no Brasil, no h ferra-menta convel que possa ser menciona-da com um mnimo de responsabilidade.

    iBrACon osestuDosDeimPACtoAmBientAleAsmeDiDAsmitigADorAsPreConizADAsnessesestuDossosufiCientesPArAequACionAroProBlemADoDesenvolvimentoeConmiCoeDAPreservAoDomeioAmBientenoPAsnoquesitoDAConstruoDegrAnDesBArrAgens?marqs - Sem dvida, a legislao bra-sileira a mais avanada do mundo e hgrande envolvimento de atores discutin-

    do o tema, desde o IBAMA (Ins-tituto Brasileiro do Meio Am-biente e dos Recursos NaturaisRenovveis), rgos ambien-tais estaduais, Ministrio P-

    blico e entidades da sociedadeorganizada. Apesar disso, fal-

    ta um grande pacto na-cional com um plano depas, pensado de maneiraintegrada para resolver oassunto. A morosidadedo processo causa coni-tos desnecessrios e umfoco mais poltico do queo de desenvolvimento

    sustentvel.

    iBrACon o monitorAmentoDegrAnDesBArrAgensnoPAsADequADoPArAPrevenirACiDentese

    inCiDentes? o monitorAmentoDegrAnDesBArrAgensContAComAPArelhosmoDernoseBemCAliBrADos, equiPesPrePArADAseComoenCAminhAmento,PArAProviDnCiAsPreventivAseCorretivAs, DosDADoslevAntADos? o quemAisPreCisAser

    ProviDenCiADonestequesitonoPAs?marqs - A questo da segurana debarragens uma das minhas maiorespreocupaes no momento. Espero quea nova lei de segurana de barragens(Lei 12.334/2010) se torne efetiva e queconsigamos criar um arcabouo tcnico ehumano que a suporte. Sem a formaode pessoas e a criao de procedimentos

    sem A ormAode pessoAs e A crIAo

    de procedImentosde trAbAlho com

    Assuno deInIdAde responsAbIlIdAdes

    no se gArAnteprocesso AdequAdo.

    [www.ibracon.org.br]

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    de trabalho com assuno definida deresponsabilidades no se garante pro-cesso adequado.O IBRACON tenta criar um arcabouojunto com o CBDB (Comit Brasileirode Grandes Barragens) para atacar oassunto, mas precisamos de mais recur-sos, tanto humanos quanto financeiros.

    iBrACon quAisosCuiDADosesPeCiAisexigiDosPeloConCretoProDuziDoPArAumABArrAgem, queoDiferenCiADoConCretoConvenCionAl? quAisosPrinCiPAisPArmetrosPArAseuControleDequAliDADe?marqs - Os grandes volumesde concreto, longe de centrosdesenvolvidos, cobram sem-

    pre um preo, mas devemoslembrar que o concreto ummaterial extremamenteconfivel quando tem umcontrole de qualidadeadequado e um estudo dedosagem perfeitamenteadaptado s necessida-des de obra e do proje-to e que garanta a vidatil da estrutura. Neste

    tipo de obra, a questoda gerao autgena decalor, a permeabilidadee as reaes deletriasdevem ser prioritrias,bem como o controle dequalidade em praas extensase que trabalham as 24 horasdo dia, com sazonalidades cli-mticas importantes.

    iBrACon quAisAsmAnifestAesPAtolgiCAsque PoDemvirAseAPresentArnesteConCretoeComoPreveni-lAs?marqs - As manifestaes mais comunsso: ssurao trmica, que podem serminimizadas com estudos adequados;defeitos de construo, como porosida-des, juntas de construo mal prepara-das, drenos inadequados e superfcies hi-drulicas inadequadas, que dependem deconhecimento e controle de qualidade;

    inadequao da interface concreto fun-dao, que depende de investigao decampo e da capacidade de interpretaofsica dos fenmenos envolvidos.

    iBrACon emqueestgioestoAsDisCussesnA ComissoDe estuDosDA ABntPArAumProjetoDenormABrAsileirAPArAAConstruoDeBArrAgens? quAnDootextofiCAProntoPArAConsultAPBliCA? existeumAPrevisoDequAnDoAnormAserPuBliCADA?marqs - Ainda incipiente. O IBRACON,

    junto com o CBDB, requisita-ram coordenar em conjunto oprocesso. Espera-se a mani-festao da ABNT.

    iBrACon ComoosenhorAvAliAAAtuAoDo iBrACon no

    CenrioAtuAlBrAsileiroDeretomADADoinvestimentoeminfrAestruturA?marqs - Esta atuao fundamental, pois temostoda a cadeia de produ-o participando do ins-tituto. Nos ltimos anos,temos discutido o tema e

    tentado criar fruns pri-vilegiados e com repre-sentatividade para ajudaro setor. Deve-se aumen-tar signicativamente ascomisses tcnicas para

    fornecimento das ferramentasanteriormente mencionadas.

    iBrACon Como PresiDenteDo iBrACon, que CAminhoosenhorProjetAPArAo institutonofuturo?marqs - Espero que o IBRACON

    seja um frum isento para discusso dosgrandes desaos do concreto, interferindopara promover a infraestrutura necessriaao bem estar dos brasileiros, gerando em-pregos de qualidade. Que ele esteja presen-te em todo o pas com regionais fortes, pa-vimentando a gesto do conhecimento compublicaes tcnicas de nvel internacionale formando os engenheiros do futuro. n

    o concreto um

    mAterIAl eXtremAmenteconIvel quAndo

    tem um controlede quAlIdAde

    AdequAdo e um

    estudo de dosAgem

    pereItAmenteAdAptAdo s

    necessIdAdes.

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    iaia

    Atecnologia doconcreto aplicada ao

    projeto de barragenseNG. luIz pRAdO vIeIRA JR

    teChnoCret

    eNG. FlvIO mOReIRA SAlleSCesP

    1. INtROduO

    As estruturas de concreto devemser projetadas e construdas paraatender a propsitos especcos

    durante sua vida til, inseridas no meioambiente local. No caso de obras de grandevulto, tais como barragens e estruturas as-

    sociadas, isto especialmente verdadeiroe deve ser levado em considerao desdeas primeiras etapas dos estudos e projetos.

    De acordo com o Ministrio da Integra-o Nacional, uma barragem, aude ou re-presa qualquer obstruo em um cursopermanente ou temporrio de gua, parareteno ou acumulao de substnciaslquidas ou misturas de lquidos e slidos,compreendendo o barramento, suas estru-turas associadas e o reservatrio formadopela acumulao; os diques para proteocontra enchentes e os aterros-barragem deestradas se incluem nessa denio.

    Qualquer seja o empreendimento, suasnalidades governam os projetos na En-genharia. As barragens, identicadas comoconstrues de grande porte, demandamgrandes investimentos fsicos e nanceirose, em especial, projetos adequados, com-pletos e cuidadosos. Nelas, a seguranadeve ser considerada prioritria pela com-plexidade que encerram, uma vez que mo-

    dicam o arranjo natural do curso dgua,obstruem sua passagem e acumulam ex-pressivos volumes de gua.

    As barragens podem ter mltiplas na-lidades, tais como as listadas a seguir:n Gerao de energia;n Abastecimento;n

    Irrigao;n Regularizao de curso dgua;n Proteo contra inundaes;n Conteno de rejeitos;n Navegao;n Piscicultura, recreao e outros.

    O presente artigo trata, de forma re-sumida, da tecnologia do concreto e seusmateriais constituintes nas diversas fa-ses de projeto de uma usina hidreltrica,englobando as barragens e as estruturasassociadas.

    2. CONCRetO em uHeSe SeuS ReQuISItOS

    As barragens de concreto podem ser clas-sicadas em: barragens em arco; barragensem contraforte; e barragens de gravidade.*

    No caso de usina hidreltrica (UHE),esta pode ter diversas conguraes, massempre existiro em concreto: Tomadadgua, Casa de Fora e Vertedouro (ououtro tipo de descarregador). Caso exista

    *O artigo Segurana das barragens de concreto, publicado na revistado IBRACON Concreto & Construes n 42, apresenta descriessucintas destes tipos de barragens e aborda os aspectos estruturais aes e critrios de estabilidade.

    A tecnologia do concreto aplicada ao projetode barragens - Vieira Jr & Salles

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    uma eclusa, sua construo tambm serem concreto, assim como sero os edif-

    cios de comando, subestaes, escadas depeixe, galerias e muros. Nas barragens emenrocamento no paramento (face) em-pregado concreto. Canais e tneis frequen-temente so revestidos com concreto.

    O concreto empregado nas UHEs deveatender a uma srie de requisitos, con-forme sua localizao na usina e as aess quais estaro submetidos, relaciona-dos a seguir:n Massa (grandes volumes): importa a

    massa especca do concreto; fck ado-tado para garantir qualidade;

    n Regularizao, tal como em obras cor-rentes; no entanto, como concretodental e sob os paramentos em con-tato com gua usual usar concretoimpermevel;

    n Impermevel: empregado nos paramen-tos, contatos com solo e rocha;

    n Estrutural armado: estruturas usuais(fck 20 - 30 MPa);

    Figura 1 UHE Ilha Solteira (CESP) Rio Paran

    n Protendido: viga munho, vigas proten-didas (pontes);

    n Resistente abraso: em locais com u-xo dgua;

    n Projetado para revestimentos de tneise canais e para estabilizao de taludes;

    n Pr-moldados utilizados como frmasde galerias e pr-lajes;

    n CCR: como concreto massa, usualmente.Como exemplo, apresentada tabela

    referente s classes de concreto, que cons-ta do documento Eletrobrs Critrios deProjeto Civil de Usinas Hidreltricas, de

    outubro de 2003 (Tabela 1).Nota-se, na tabela, a grande variao

    de fck (6 a 32) MPa que os concretos dasUHEs devem atender. Para concreto pro-tendido ou resistente eroso, em algu-mas obras, j foram especicados fcks su-periores a este.

    Outro aspecto a ser notado o esta-belecimento da idade de controle superiora 28 dias. Tambm neste caso, destaca-seque j se adotou idade at 365 dias (Itaipu,

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    por exemplo). Com isso, ganha-se resistn-cia a prazos maiores pela continuao dahidratao do cimento, possibilitando areduo do seu consumo e, consequente-mente, do calor gerado.

    Em resumo, o concreto a ser emprega-do em uma UHE deve atender a uma s-

    rie de requisitos fsicos, mecnicos e, atmesmo, qumicos, tais como:n Resistncia compresso;n Permeabilidade, no contato com gua;n Resistncia abraso, devida a passa-

    gem de gua em velocidade e presenade sedimentos em suspenso;

    Figura 2 UHE Porto Primavera (CESP) Rio Paran

    Tabela 1 Classes de concreto

    f (MPa)ck Idade Dias

    AConcreto massa (ncleo), concreto de enchimento,

    CCR, concreto de regularizao6 a 9 90

    BParamento das estruturas de concreto massa,

    impermeabilizao de fundao12 a 18 90

    C Concreto estrutural com baixa densidade de armao 15 a 18 90

    D Concreto estrutural com baixa densidade de armao 15 a 18 28

    E Concreto estrutural 18 a 25 28

    FConcreto estrutural, estruturas hidrulicas sujeitas

    a abraso e/ou solicitaes hidrodinmicas aleatrias28 a 30 28

    G Concreto estrutural 25 28

    H Concreto estrutural 28 28

    P Concreto protendido 28 a 32 28

    K Concreto projetado 21 28

    Classe DenominaesResistncia Caracterstica

    A tecnologia do concreto aplicada ao projetode barragens - Vieira Jr & Salles

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    n Deformaes (E e Poisson), no caso depr-moldados, em especial;

    n Fissurao trmica;n Fissurao devida reatividade lcali-

    -agregado e outros fenmenos envolven-do os materiais constituintes do concreto;

    n Agentes agressivos (acidez de gua).Para se conseguir atender a todos estes

    requisitos, dois aspectos, que tm implica-o no custo do empreendimento, devemser levados em considerao:n Materiais disponveis na regio, pois,

    sem materiais adequados prximos daobra, no possvel atender a todosos requisitos a um custo, se no baixo,aceitvel;

    n A permanente atuao da Projetista,que, com os inputs relativos s estru-

    turas (dimenses, tipos, fundaes, for-mas), as aes a que estaro sujeitas,alm do conhecimento dos materiaisdisponveis, faz os dimensionamentosem todas as fases de projeto.

    3. etApAS de pROJetO

    3.1 DesCrioDAsetAPAs

    O projeto de uma usina hidreltrica

    envolve as especialidades das Engenha-rias, alm da Geologia. Em se tratando deconstruo de grande porte, o projetocivil de uma UHE iniciado muito antes doprimeiro concreto.

    As etapas denidas no desenvolvimen-to do projeto de hidreltrica devem contarcom perodos justos para levantamentode dados, adequaes e dimensionamentosdo projeto e maturao nas fases seguintes.

    A primeira fase a de esiaia poncia, seguida pelo Innrio R-conhcino o loca, com a obtenode dados geolgicos, geotcnicos, hidrol-gicos e ambientais.

    A seguir, procedem-se os esos viabiia, como intuito principal de seavaliar o custo bsico para o empreendi-mento e vericar o binmio custo-benef-cio. Nesta etapa, estabelecida a concep-o e o arranjo do aproveitamento, obrasprincipais e infraestrutura. So indispens-veis as Insigas priinars, para

    obteno de informaes a respeito da dis-ponibilidade de materiais para concreto naregio, tais como:n Jazidas de areia e de cascalho;n Material da escavao obrigatria;n Pedreiras nas proximidades.

    O conhecimento das jazidas de mate-riais naturais signica dispor de localizao,dimenses, quanticao de cada materialna fonte e caracterizao preliminar dosmesmos. Alm disso, interessa ao calculistaestrutural o conhecimento das fundaes eombreiras onde sero fundeadas as estru-turas de concreto. Com base nestes dados,pode-se fazer um oramento preliminar,ainda com dvidas e incertezas, mas queserve para auxiliar na tomada de deciso.

    Decidida a viabilidade do empreendi-

    mento, a fase seguinte o projo Bsico,cujo objetivo a documentao para a li-citao, com o detalhamento do aprovei-tamento denido nos estudos de viabilida-de. Nesta etapa, devem ser aprofundadosos estudos referentes geologia local, pesquisa de jazidas de cascalho e areia e,eventualmente, de pedreiras, caracteri-zao completa dos materiais naturais deconstruo e, at mesmo, aos estudos lo-gsticos para abastecimento dos materiais

    industrializados para emprego em concre-to. No Projeto Bsico, so denidos, ainda,os critrios gerais de projeto, pr-dimen-sionadas as estruturas, calculados os volu-mes necessrios de materiais, elaboradosos cronogramas construtivo e fsico-nan-ceiro. Os estudos de concreto devem seriniciados nesta fase, para vericao danecessidade de adoo de medidas, comoa refrigerao do concreto ou o empregode aglomerantes especcos (materiais po-zolnicos, por exemplo).

    Registra-se, para o melhor resultadodesse projeto, que todas as informaesque, de algum modo, interferem e, con-sequentemente, impactam o custo da obrasejam conrmadas e fornecidas s equipesenvolvidas.

    Finalmente, vem o projo excio,elaborado durante o andamento da obra,quando so detalhados os documentos ne-cessrios para a construo das diversasestruturas de concreto e preparados os do-

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    A seguir, esto listadas as determina-es que podem ser consideradas num pro-grama de ensaios, aplicado para jazidas decascalho e areia.n Percentual representativo de cada di-

    menso mxima caracterstica;n Composio mineralgica do cascalho e

    areia por dimenso mxima;n Massa especca e absoro por dimen-

    so mxima;n Reatividade potencial lcali-agregado

    RAA por dimenso mxima;n Granulometria e mdulo de nura por

    dimenso mxima;n Teores de cloretos e sulfatos por dimen-

    so mxima;n Caracterizao da frao areia, confor-

    me indicado na ABNT NBR 7211;

    n Abraso Los Angeles na frao cascalho;n ndice de Forma;n Ciclagens gua-estufa e natural;n Sanidade no etilenoglicol do cascalho

    (raramente);n Outros, a critrio do gelogo e do tec-

    nologista de concreto e materiais.Registra-se que, no 50 Congresso

    Brasileiro do Concreto, foi apresentadoum artigo a respeito da UHE Rondon II,onde, nas investigaes preliminares fo-

    ram encontradas fontes de cascalho no,em quantidades razoveis. No entanto, ocascalho apresentava desgaste superior a60 % no ensaio de abraso Los Angeles, oque indicava que a granulometria da mis-tura poderia se alterar na betoneira pelaquebra dos gros de cascalho. Vericou-se,em estudos realizados no Projeto Bsico,

    cumentos as built. Em geral, faz partedo projeto executivo o acompanhamentoda qualidade do concreto e seus materiaisconstituintes, com a implantao de pro-cessos precisos e adequados.

    Pelo apresentado, pode-se inferir quea Tecnologia do Concreto e Materiais deveatuar no projeto a partir da fase de Estu-dos de Viabilidade at a concluso da obra.

    3.2 estuDosDeviABiliDADe

    A conduo das investigaes prelimi-nares cabe Projetista, atravs de suasequipes de topograa, geologia e tecnolo-gia de materiais. Cada caso nico e deveser tratado como tal, inuenciado pelostipos de arranjos das estruturas, decorren-

    tes das condies locais geolgicas, ge-otcnicas e topogrcas e pelos materiaisde construo existentes na regio.

    Um guia para a execuo das Ins-igas priinars a publicao daEletrobrs denominada Diretrizes paraProjetos de PCH, que, em seu captulo 5,Levantamentos de campo enfatiza a ne-cessidade da execuo de levantamentose estudos:n Topogrcos;n

    Hidrolgicos;n Ambientais;n Geolgico-geotcnicos, com nfase em:

    Fontes de materiais para concreto,enrocamento e obras de terra;

    Fundaes.Estes estudos interessam, sobremanei-

    ra, aos projetistas de estruturas e de ma-teriais, pois signicam o conhecimento domaterial da fundao e ombreiras das es-truturas principais e a ocorrncia de ma-teriais naturais de construo, passveisde emprego.

    Nesta fase, aps identicadas e quan-ticadas as jazidas de materiais naturaisde construo para emprego em concreto,so coletadas amostras para ensaios decaracterizao. Tecnologista e gelogo,conjuntamente, devem estabelecer quaisensaios sero efetuados, pois esses de-pendem do material e sua litologia, bemcomo de sua destinao e os tipos de es-truturas do aproveitamento.

    Figura 3 Desgaste no

    cascalho por abraso

    Los Angeles

    A tecnologia do concreto aplicada ao projetode barragens - Vieira Jr & Salles

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    20/124| 20 |[Concreto & Construes | Ano XXXIX n 63]

    que se poderia utiliz-lo em CCR e, at emconcreto convencional, desde que tomadoscertos cuidados. O vertedouro de RondonII foi executado em CCR com o cascalho e,quando da ruptura da UHE de Apertadinho,a montante, foi essa estrutura que segu-rou a onda, literalmente.

    No caso de pedreiras e material de es-cavao da fundao, um programa de en-saios tpico contempla:n Anlise petrogrca;n Massa especca e absoro;n Reatividade potencial lcali-agregado

    RAA;n Teores de cloretos e sulfatos;n Abraso Los Angeles;n Ciclagens natural e gua-estufa;n Sanidade no etilenoglicol;n Resistncia compresso e mdulo de

    deformao;

    n Outros, a critrio do gelogo e do tec-nologista de materiais e concreto. interessante considerar, nesta fase,

    que, em alguns casos, s estaro dispon-veis testemunhos de sondagem da rocha,de onde sero retirados e preparados osfragmentos e corpos de prova para a exe-cuo dos ensaios, com as limitaes que aamostra oferecer.

    Destaca-se que, caso no se disponha, naregio, de areia natural para emprego no con-creto, o emprego dos nos de britagem, sub-produto do beneciamento de rocha, comoagregado mido, tem se mostrado satisfat-rio, uma vez atendida a ABNT NBR 7211:2009.

    A vericao da reatividade dos lcaliscom os agregados disponveis para uso im-portante, uma vez que pode ser necessrio

    o emprego de produto para a inibio doprocesso expansivo da RAA. A alternativa aser adotada precisa ter seu efeito conrma-do em ensaio e denida com a antecednciasuciente para as negociaes comerciais, asprovidncias para fornecimento e estocagemjunto central de produo do concreto eajuste das tcnicas para utilizao.

    Apresenta-se, guisa de ilustrao, umasrie de resultados de ensaios aceleradosem barras de argamassa ABNT NBR 15577 -

    Partes 4 e 5, confeccionadas com agregadosgrados: britas de basalto e cascalhos (Figu-ras 4, 5, 6 e 7).

    A ABNT NBR15577-1 indica reali-zar essa vericaopor dois mtodosde ensaios distintos.Desse modo, su-gere-se associar aanlise petrogr-ca ou a composiomineralgica (ABNTNBR 15577-3) como ensaio fsico ace-lerado em barrade argamassa (NBR15577-4), ou com oensaio em prisma deconcreto (ABNT NBR15577-6).

    Vale lembrar,para o caso de ro-

    Tabela 2 Desgaste por

    jazida de cascalho abraso

    Los Angeles (UHE Rondon II)

    Procedncia Desgaste Mdio (%)

    Jazida A 66,57

    Jazida B 63,83

    Abraso Los Angeles - NM 51

    0,000

    0,038

    0,076

    0,114

    0,152

    0,190

    0,228

    0,266

    0,304

    0,342

    0,380

    0,418

    0,456

    0,494

    0,532

    0,570

    0,608

    0,646

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

    Idade (Dias)

    Expanso(%)

    Ensaio ABNT NBR 15577 -4

    Basalto A Basalto B Basalto C Basalto D Especificao NBR 15577 -4

    Potencialmente Reativo

    Potencialmente Incuo

    Figura 4 Ensaio acelerado em barras

    de argamassa com basalto

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    cha, que, em funo do tipo litolgico e dostio, a seleo de material para ensaio deveser extremamente cuidadosa, levando-se emconta a sua futura destinao. Por exemplo,o basalto pode se apresentar em derramespequenos de caractersticas diversas uns dosoutros. Como na construo da UHE PortoPrimavera, onde foram encontrados algunstipos de basaltos cujas caractersticas fsicase mecnicas tornaram invivel a aplicaoem concreto. Foi empregado cascalho comoagregado grado, potencialmente reativo, emmisturas com cimento pozolnico especial-mente produzido, com excelentes resultados.

    3.3 ProjetoBsiCo

    Algumas caractersticas e propriedades

    dos materiais naturais de construo sso vericadas na fase de Projeto Bsico,a partir dos dados e resultados obtidos nosestudos de viabilidade.

    Como j citado, o objetivo do ProjetoBsico a licitao das obras e, portanto,devem ser disponibilizadas todas as infor-maes que afetem os custos do empreen-dimento. Dentre elas destacam-se:n Caderno de Desenhos: dimensionamen-

    to de estruturas, com detalhamento

    para permitir elaborao de oramento;

    n Relatrio do Projeto Bsico: informa-es relativas a:

    Sondagens e materiais de construo: de grande relevncia a indicaode fontes de agregados pesquisadas,sua caracterizao detalhada e ostipos de aglomerantes adequados;

    Dosagens, ensaios e estudosefetuados.

    n Especicaes tcnicas: devem serabordados:

    Aspectos trmicos, com indicaode eventual necessidade derefrigerao, alturas de camadase temperaturas de lanamento paramisturas estudadas;

    Classes de concreto a empregar; Mtodos construtivos e cuidados.

    Para que se possam apresentar as informa-es acima mencionadas, asinvestigaes pre-liminares devem ser estendidas e continuadasno Projeto Bsico.No boa prtica o contr-rio, a sua restrio, justicada pela persegui-o crnica da diminuio de prazos e custos.

    As atividades pertinentes ao concreto eseus materiais componentes, no Projeto Bsi-co, dependem grandemente do que foi obser-vado na fase anterior e das denies relativass estruturas componentes da UHE.

    nessa etapa que deve ser feita a seleode aglomerantes,atravs de programade ensaios, elabora-do pelo Projetista. Oprograma de estudoconsiderar os agre-gados disponveis esuas caractersticas,tipos e volumes dasestruturas, processoconstrutivo e condi-es de exposio doconcreto, alm dasinformaes relati-vas aos cimentos daregio, tipos, quan-tidades disponveis,garantia e logsticade fornecimento,comportamento comos agregados locais,necessidade de em-

    Figura 5 Ensaio acelerado em barras

    de argamassa com basalto B

    cimento + inibidores

    0,000

    0,020

    0,040

    0,060

    0,080

    0,100

    0,120

    0,140

    0,160

    0,180

    0,200

    0,220

    0,240

    0,260

    0,280

    0,300

    0,320

    0,340

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30Idade (Dias)

    Expanso(%

    )

    Ensaio ABNT NBR 15577-5Basalto B

    Cimento CP IV Cimento Padro 70% - Inibidor B 30%

    Cimento Padro 75% - Inibidor A 25% Cimento Padro 82% - Inibidor C 18%

    Especificao NBR 15577 -5 Cim. Padro 88% - Inibidor D 12%

    Potencialmente Reativo

    Potencialmente Incuo

    A tecnologia do concreto aplicada ao projetode barragens - Vieira Jr & Salles

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    prego de adiespozolnicas parainibio da RAA oumitigao do efeitotrmico, entre ou-tras. A disponibilida-de de aglomerantespara aplicao naobra deve ser veri-cada com antece-dncia e abrangn-cia de alternativas,para que a deniode emprego seja em-basada na qualidadetcnica, como nocusto e garantia defornecimento duran-

    te a obra.Nesta fase vale

    a pena vericara qualidade da gua para concreto e, emcaso de suspeita, analisar guas e solos decontato com o concreto.

    Na concepo do projeto, uma UHE podeter estruturas massivas e sempre ter estrutu-ras convencionais, cujas caractersticas afetamo custo do concreto. As estruturas de grandeporte com lanamento de grandes volumes de

    concreto so passveis de ssurao trmica. Asoluo mais comum para evit-la a refrige-rao do concreto. O custo de refrigerao signicativo e a aquisio de equipamentos demorada, ou seja, importante a execuode estudos trmicos nesta fase e o repasse dainformao aos licitantes. Para se efetuar taisestudos podem ser estimadas as propriedadesdos materiais componentes do concreto, combase em bibliograa. Mas, quando da falta dedados conveis, necessrio o conhecimentode propriedades dos materiais e do compor-tamento trmico de traos que possam vir aser empregados. Ou seja, so necessrios di-versos ensaios e anlises, que demandam tem-po e dinheiro, para possibilitar informaesadequadas aos licitantes. No entanto, muitoscontratos repassam tais atividades aos vence-dores e estes estudos no so considerados noscronogramas da quase totalidade dos casos, oque pode gerar atrasos no decorrer das obrase, eventualmente, reivindicaes por partedo construtor.

    Em caso de ocorrncia de agregado re-ativo com os lcalis e inexistncia na regiode cimento pozolnico, soluo usual paraa RAA, devem ser empregadas adies. Taisinformaes devem ser passadas aos licitan-tes, pois afetam o custo do concreto.

    Finalmente, no Projeto Bsico devem serindicados os instrumentos de auscultao a

    empregar nas estruturas e suas respectivaslocalizaes preliminares, para possibilitaravaliao de custeio.

    3.4 ProjetoexeCutivo

    Uma das primeiras atividades da Tecno-logia no Projeto Executivo a elaboraode Programa para o Controle da Qualida-de do Concreto, para estabelecimento dosensaios e anlises considerados relevantes e

    suas freqncias. O projetista deve fazer oacompanhamento dos resultados para veri-cao do atendimento dos valores especi-cados. Outras atividades desta etapa so: odetalhamento dos desenhos de zoneamentoe camadas de concretagem; o detalhamentodos documentos referentes instrumenta-o; a elaborao de documentos adicionais,como notas tcnicas e especicaes com-plementares. Pode-se considerar que os do-cumentos as built constituem a parte naldesta etapa.

    Figura 6 Ensaio acelerado em barras

    de argamassa com seixo rolado

    Expanso(%)

    0,000

    0,038

    0,076

    0,114

    0,152

    0,190

    0,228

    0,266

    0,304

    0,342

    0,380

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

    Idade (Dias)

    Ensaio ABNT NBR 15577 -4

    Seixo A Seixo B Seixo C Seixo D Especificao NBR 15577 -4

    Potencialmente Reativo

    Potencialmente Incuo

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    4. CONSIdeRAeS FINAISNo Brasil, no que se refere a obras

    contratadas por rgos pblicos, deve seratendida a Lei 8666, que estabelece queo projeto bsico deve ser detalhado o su-ciente para esclarecer quais os serviosa serem executados e os custos da obra.

    Isto signica que, para que seja possvela licitao, as especicaes tcnicas deservios, materiais e equipamentos de-vem ser as mais completas possveis, fun-damentadas emlevantamentos dequantitativos e es-tudos tcnicos.

    Tal prtica de-veria ser seguidasempre, mesmo emcasos de concessesnas quais o donoestabelece contra-taes do tipo EPC(Engeneering, Pro-curement and Cons-truction), na qual oprojeto, o forneci-mento e montagemdos equipamentose a construo ci-vil cam a cargo dovencedor.

    Apesar da lei, o

    que se observa, emtermos simples, atendncia de se li-

    citar obras civis com informaes derivadasde investigaes incompletas, com transfe-rncia da responsabilidade por estudos aoempreiteiro e sem denies claras quantoaos diversos aspectos tcnicos que afetam ocusto das obras.

    Tal tendncia talvez no explique o au-

    mento de incidentes em UHEs e barragens,como Algodes, Apertadinho, Camar e Espo-ra, mas, certamente, no contribuir para areduo da probabilidade de tais ocorrncias.

    [01] Salles, F.M.; Vieira Jr, L. P. (2010) Diretrizes para o projeto e o controle de qualidadeda construo de aproveitamentos hidreltricos em concreto. VII Simpsio sobrePequenas e Mdias centrais Hidreltricas, So Paulo SP.

    [02] Vieira Jr, L.P.; Almeida Jr, W; Andrade, J. R. A.& Salles, F. M. (1999) Requisitos deProjeto e Controle de Qualidade da Execuo das Estruturas de Concreto da UHEEng. Srgio Motta. XXIII Seminrio Nacional de Grandes Barragens, Belo Horizonte MG.

    [03] Andriolo, F. R. & Sgarboza, B. C. (1993) Inspeo e Controle de Qualidade doConcreto Newswork, So Paulo SP.

    [04] Salles, F.M.; Celeri, A. & Almeida Jr, W. (1999) Contribuies Tcnicas e EconmicasResultantes do Controle Tecnolgico Desenvolvido na Construo de Barragens XXIIISeminrio Nacional de Grandes Barragens, Belo Horizonte MG.

    [05] Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT NBR 6118:2007 Projeto de estruturasde concreto - Procedimento.

    [06] Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT NBR 7211:2009 Agregadopara concreto.

    [07] Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT NBR 15577-1:2008 Agregados Reatividade lcali- agregado Partes 1 a 6. n

    ria biifa

    Figura 7 Ensaio acelerado em barras

    de argamassa com seixo rolado A

    cimento + inibidores

    Expanso(%)

    0,000

    0,020

    0,040

    0,060

    0,080

    0,100

    0,120

    0,140

    0,160

    0,180

    0,200

    0,220

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30Idade (Dias)

    Ensaio ABNT NBR 15577 -5Seixo A

    Cimento CP IV Cimento Padro 90% - Inibidor C 10%

    Cimento Padro 95% - Inibidor D 5% Cimento Padro 80% - Inibidor B 20%

    Especificao NBR 15577 -5 Cimento Padro 75% - Inibidor A 25%

    Potencialmente Reativo

    Potencialmente Incuo

    A tecnologia do concreto aplicada ao projetode barragens - Vieira Jr & Salles

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    sistemas construtivos de qualquer obraprecisam ser analisados levando-se emconsiderao seus comportamentos emuso. Por esse motivo, tais ensaios dedesempenho devem ser feitos para pro-porcionar maior qualidade s moradias.Com o surgimento do programa Minha

    Casa, Minha Vida era previsvel que asmoradias no seriam construdas comsistemas construtivos convencionais deblocos cermicos e de concreto. Paraatender aos curtos prazos das constru-es, novas tecnologias passam a figu-rar no setor, como as de paredes pr--fabricadas de concreto ou moldadasno local, de isopor, PVC, dentre outras,cujos comportamentos a mdio e longoprazo precisam ser avaliados, alerta o

    Apernambucana TECOMAT, hquase 19 anos no mercado daconstruo civil, acaba de ser

    homologada pelo Ministrio das Cida-des como uma ITA Instituio Tcni-ca Avaliadora, que avalia o desempenhode sistemas construtivos inovadores ou

    ainda no disseminados no mercado, uti-lizados sobretudo na construo de ha-bitaes populares do programa federalMinha Casa, Minha Vida (MCMV). A em-presa passa a ser a primeira Instituiocredenciada pelo SINAT (Sistema Nacio-nal de Avaliao Tcnica de ProdutosInovadores) fora do Estado de So Pau-lo, onde esto localizadas as outras qua-tro ITAs. Essa uma grande conquistapara a construo civil da regio, j queas construtorastero mais umaopo para rea-lizar os ensaiosde desempe-nho, afirma oengenheiro e di-retor da TECO-MAT, JoaquimCorreia.

    Os materiais,componentes e

    a

    Ministriodas Cidades

    homologa empresapernambucana comoInstituio Tcnica

    Avaliadora

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    m

    antenedor

    diretor da TECOMAT, Joaquim Correia.A CEF, responsvel pelos financia-

    mentos do programa MCMV, financia ashabitaes construdas com sistemastradicionais e, no caso dos sistemas ino-vadores, ela exige, antes da aprovaodo financiamento, que o sistema propos-to seja avaliado utilizando-se as normasde desempenho e seguindo as diretrizespropostas pelo SINAT.

    Os ensaios de desempenho analisamitens como desempenho estrutural, se-guranacontra incndio, estanqueidade,segurana no uso e operao, desempe-nho trmico, acstico e de luminosida-de, alm de sade, higiene e qualidadedo ar. Fatores como funcionalidade eacessibilidade do projeto, durabilidade

    e manuteno, adequao ambiental, econforto ttil, visual eantropodinmicoda tecnologia tambm so estudados.

    Segundo Joaquim Correia, o setordemandar bastante esses ensaios dedesempenho muito em breve, no ape-nas por conta das exigncias da Caixa

    Econmica Federal (CEF) para financiaras habitaes do MCMV, mas porque en-trar em vigor a Norma de Desempenho(NBR 15575), aplicvel a todos os tiposde obras imobilirias. Ela traz uma novafilosofia de avaliao em relao ao queestamos habituados, no se preocupan-do exclusivamente com os materiais uti-lizados nas obras, mas, de forma maisampla, com o fato de o sistema atenderou no s necessidades do usurio, ex-plica Correia.

    Nesses termos, tambm as constru-toras que atuam no mercado imobili-rio de mdio e alto padro deveroanalisar os sistemas e componentesempregados nas suas obras para aten-dimento s exigncias de desempe-

    nho. Trata-se de um mercado muitoimportante, pois as prprias empresasconstrutoras ainda necessitam, numprimeiro momento, conhecer melhor ocomportamento em uso dos seus pro-dutos, para em seguida adequ-los aessa nova realidade normativa. n

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    a iajia

    Usina hidreltrica JirauJOS ANtNIO ClARete zANOttI - gerente exeCutivo uhe jirAuConstruese ComrCio CAmArgo CorrA s/A

    INtROduO

    AUHE Jirau ter potncia instaladade 3.750 MW e energia assegura-da de 2.184 MW, energia sucien-

    te para abastecer mais de 10 milhes de

    residncias.A obra est inserida no Programade Acelerao do Crescimento (PAC),do governo federal e o incio de gera-o comercial est previsto para outubrode 2012.

    Durante as fases de construo,est prevista a gerao de 50.000 em-pregos, sendo 20.000 diretos e 30.000indiretos.

    Jirau uma usina de baixa queda com

    operao de turbinas Bulbo, permitindo areduo da altura da barragem e rea doreservatrio e proporcionando um menorimpacto ambiental, sendo o modelo maisindicado para regio amaznica, local deimplantao do projeto.

    lOCAlIzAOA UHE Jirau localiza-se na Ilha do Padre,

    no Rio Madeira, a cerca de 120 quilmetrosda capital de Rondnia, Porto Velho.

    ARRANJOS dO pROJetOO projeto da UHE Jirau compreende, no

    geral, barragens de enrocamento com n-cleo de argila e de material asfltico comcomprimento total do barramento de 7.570m e cota de coroamento da crista na eleva-o 93,5 m, localizadas esquerda, direi-ta e entre as duas casas de fora, formadaspor 50 unidades geradoras, sendo 28 unida-des geradoras na casa de fora C1 margemdireita e 22 unidades geradoras na casa de

    Figura 1 Localizaoda UHE Jirau

    Figura 2 Arranjo geral

    das principais estruturas

    Figura 3 Arranjo geral

    com principais estruturas,canteiros e acampamentos

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    obra

    s

    em

    blem

    ticas

    fora C2 margemesquerda, com po-tncia individual de75MW; e um verte-douro central, decomportas tipo Seg-mento, com 18 vose cota de soleira deEl 64m, dimensiona-do para uma vazo82.600m3/s.

    etApAS deexeCuO

    As atividades deimplantao do pro-jeto iniciaram-se em novembro de 2008 e asetapas construtivas esto em fase bastanteavanada: em andamento, as estruturas das

    casas de fora emambas as margensdo rio Madeira; e emfase nal de execu-o, o vertedouro,que possibilitar re-alizar o desvio dorio, previsto para se-tembro deste ano. Oincio da gerao co-mercial est previstopara abril de 2013na casa de fora C1e, para outubro de2012, na casa de for-a C2.

    Dos 60 milhes de metros cbicos de es-cavao em terra e rocha previstos, foramexecutados at o momento 41 milhes de

    Figura 4 Arranjodas ensecadeiras

    Tabela 1 Dados tcnicos da UHE Jirau

    Potncia instalada (50 unid x 75 MW)

    Turbinas tipo

    Turbinas Vazo Nominal Unitria

    Queda de referncia

    Reservatrio (NA mx normal)

    Reservatrio rea (NA mx normal)

    Barragem Comprimento total da crista

    Barragem Cota do coroamento

    Vertedouro Comportas tipo Segmento

    Vertedouro Vazo (Tr 10.000 anos)

    Vertedouro Cota da soleira

    3.750 MW

    Bulbo com rotor Kaplan3542 m /s

    15,1 m

    El 90 m2302,6 Km

    5.957 m

    93,5 m

    18 vos (20 x 21,82 m)

    382.600 m /s

    El 64 m

    Usina Hidreltrica Jirau - Zanotti

    Foto 1 - Situao das obras no Vertedouro

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    metros cbicos, perfazendo quase 70% dototal. Em fase avanada, encontram-se tam-bm os aterros das barragens, tendo sido em-

    preendido quase 57% do previsto em projeto.A obra demandar um volume total deconcreto de 2.656.651m3, equivalente aousado na construo de 55 Empire StatesBuildings. At o momento, foram lanados1.066.911m3, o que corresponde a 40% daquantidade prevista.

    As centrais industriais so formadas porquatro centrais de concreto e trs plantasde britagem, sendo, na margem esquerda,duas centrais de concreto, uma com capa-cidade de 120 m3 por hora, a outra comcapacidade de 200 m3 por hora, ambas

    equipadas com fbricas de gelo; e por duascentrais de britagem, com capacidades de350 t por hora e de 250 t por hora. Na mar-

    gem direita, mais duas centrais de concre-to, ambas com capacidade de 200 m3 porhora e equipadas com fbricas de gelo epor uma central de britagem, com capaci-dade de 900 t por hora, equipada com re-tomada refrigerada para alimentao dascentrais de concreto.

    pROduO, CONtROlee lANAmeNtOdO CONCRetO

    Esto sendo utilizados concretos con-vencionais (CCV), com lanamento atra-

    Tabela 2 Principais quantidades

    Servio Volumes previstos (m)Volumes executados

    at Julho/11 (m)Avano fsico (%)

    Concreto MD 1.480.991 737.680 49,81%

    Concreto ME 1.175.660 329.230 28,00%

    Concreto 2.656.651 1.066.911 40,16%

    Escavao Comum 34.895.442 24.657.567 70,66%

    Escavao em Rocha 16.021.127 12.745.010 79,55%

    Recarga de Rocha 5.292.548 2.684.188 50,72%

    Remoo Ensecadeira 4.377.000 1.333.579 30,47%

    Escavaes 60.586.117 41.420.344 68,37%

    Barragem 6.445.498 1.957.791 30,37%

    Enrocamento 3.688.816 3.048.541 82,64%

    Transies e Filtros 812.990 459.914 56,57%

    Aterro em Solo 8.477.130 5.570.131 65,71%

    Aterros 19.424.434 11.036.378 56,82%

    Foto 2 - Situao das obras na Casa de Fora C2 (primeira etapa) - Margem Esquerda

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    obra

    s

    em

    blem

    ticas

    vs de caambas, correias transportadorase bombas, alm do concreto compactadocom rolo (CCR) e de concretos autoadens-

    veis em reas restritas.A dosagem do concreto feita com agre-gados articiais (rocha grantica) e cimentoCP IV produzido em Porto Velho (de baixocalor de hidratao, cuja pozolana consistede argila caulintica calcinada, em teor de 33a 35% em massa; neste cimento, a nura maior que em cimentos com outros tipos depozolanas). Os agregados so oriundos das es-cavaes obrigatrias e de pedreiras. As dosa-gens foram realizadas no laboratrio da obra,onde foram realizadas mais de 800 dosagens

    desde o incio da obra, contemplando todasas mudanas de materiais ocorridas durantea obra, alm de otimizaes de aditivos e ci-mento. Foram especicados concretos comfck de 6, 10, 15, 20, 25, 30 e 35 MPa, em ida-des de controle de 28, 90 e 180 dias. Os con-cretos da face hidrulica, alm da resistncia,tm estabelecido fator a/c mximo, de 0,45(ogiva do vertedouro) e 0,50 (faces verticais).

    Os concretos de maiores resistnciasforam dosados com aditivos superplasti-cantes, o que proporcionou considervel

    Figura 5 Etapas

    de construo

    reduo de consumo de cimento e, comisso, menor necessidade de refrigerao.

    As temperaturas de lanamento doconcreto foram denidas em estudos tr-micos, visando minimizar os riscos de ssu-rao trmica. So lanados concretos comtemperaturas a partir de 15C, com adiode gelo em substituio de parte da gua.

    pRINCIpAIS eStRutuRAS

    mARGem dIReItACAsADe forA C1

    O bloco tpico contm duas unidadesgeradoras e seu volume de concreto daordem de 54.000 m3.

    A Casa de Fora C1 formada pelas se-guintes estruturas:n Tomada de gua: tipo gravidade

    Figura 6 Bloco tpico

    da Casa de Fora C1

    Grficos 1 e 2 Principais

    tipos de frmas e mtodosde lanamento de concreto

    nas estruturas da Margem

    Direita (Casa de Fora C1

    e Vertedouro)

    Figura 7 Localizao

    das barragens

    Usina Hidreltrica Jirau - Zanotti

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    n Comportas: tipo ensecadeiran Largura das comportas: 7,3 mn Altura das comportas: 19,1 m

    O volume total de concreto para a Casade Fora C1 e suas reas de montagem serda ordem de 965.407 m3.

    verteDouro

    Projetado para uma vazo de82.600m3/s, formado por 18 vos, comcomportas tipo segmento, com 20m de lar-gura e 21,82m de altura. Na estrutura se-ro usados 497.535m3 de concreto.

    BArrAgem

    Barragem de enrocamento com ncleode argila nas margens direita e esquerdada Ilha do Padre e barragem de enroca-

    mento com ncleo de asfalto no leito dorio. O comprimento total do barramen-to ser de 7570m, com altura mximade 57m.

    pRINCIpAl eStRutuRA mARGem eSQueRdA

    CAsADe forA C2

    Formada por tomada de gua tipo gra-

    vidade, com comportas tipo ensecadeira,com largura de 7,3m e altura de 19,1m.Seu bloco tpico tem comprimento de85,65m, largura de 39,8m e altura de 71m,com volume de 61.022m3.

    Figura 8 Arranjo

    da estrutura

    Figura 9 Bloco tpico

    da Casa de Fora C2

    Grficos 3 e 4 Principais

    tipos de frmas e mtodos

    de lanamento de concreto

    da Casa de Fora C2

    Tabela 3 Principais

    empresas envolvidas

    no projeto

    Consrcioempreendedor

    Energia Sustentvel do Brasil

    (Suez Energy International; Chesf;

    Eletrosul; e Camargo Correa)Engenhariado proprietrio

    Leme Engenharia Projeto executivo Themag Obras civis Camargo Corra Montagem Enesa

    Alstom; VHS; Vatech; Dong FangFornecedor deequipamentos

    Controletecnolgico

    Techdam

    [01] Ficha tcnica do projeto[02] Projetos executivos n

    ria biifa

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    GrandesBarragens

    Brasileiras e suas histrias

    FBIO luS pedROSO

    Aengenharia brasi-leira de barragensconsolidou-se nos

    ltimos cinqenta anosdo sculo passado. Foramtempos ureos do desenvol-vimento tcnico nacional eda construo da matrizenergtica do pas.

    Para relembrar algunsdos episdios marcantesem termos de tecnologiaconstrutiva e alguns dosprossionais que estiveram

    frente deles, a repor-tagem abordar a seguiralguns dos marcos da en-genharia brasileira de bar-ragens, seja por seu pioneirismo, seja porsua grandeza.

    No se pretende com as escolhas fa-zer qualquer julgamento de valor, mas setrata apenas de rememorar despretensio-samente fatos e personalidades que con-triburam para o desenvolvimento da en-genharia brasileira.

    COmplexOHIdReltRICOde pAulO AFONSO

    A explorao hidreltrica do Rio SoFrancisco remonta a uma trama poltica eempresarial pouco convencional. Conhe-cido como Rei do Couro, devido ao seu ne-gcio de comercializao e exportao depeles de cabras e ovelhas, Delmiro Gou-veia, cearense da regio de Sobral, nas-

    cido em 1863, aniquila seus concorrentescom os preos baixos praticados no Mer-cado Coelho Cintra, inaugurado por ele,em Recife, em 1899. Sua ousadia comer-cial coloca-o em desentendimento com oento prefeito da cidade, Esmeraldino Be-zerra, e com o todo-poderoso da polticapernambucana, o presidente do Senado,Assis Rosa e Silva. A situao leva ao in-cndio criminoso do Mercado Coelho Cin-tra e sua fuga para Europa.

    De volta ao Brasil, com 39 anos, apai-xona-se por uma adolescente, lha naturaldo governador de Pernambuco no perodo1899-1900, o desembargador SigismundoAntnio Gonalves, prcer rosista, a quemrapta. Refugia-se na remota Vila de Pedra,de apenas 6 casas, a cerca de 280km deMacei, mas conuncia estratgica de

    Cachoeira de Pauo Afonso, onde se observa a Usina de Angiquinhos

    Grandes barragens brasileirase suas histrias - Pedroso

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    A quase totalidade das obras hidreltri-cas brasileiras, at a dcada de 1950, foiprojetada e construda por estrangeiros.Mas, com a criao da CHESF, em 1948,para o projeto e construo da Usina dePaulo Afonso I, tendo o governo federalescolhido o engenheiro Otvio Marcon-des Ferraz, dono do escritrio de projetoO.M.F., muito ativo na implantao de usi-nas de pequeno porte, como diretor tcni-co da CHESF, o panorama no setor eltriconacional comeou a mudar (mais tarde, em1962, Marcondes Ferraz assumiria a presi-dncia das Centrais Eltricas Brasileiras ELETROBRAS).

    Sob direo do engenheiro MarcondesFerraz, em 1949, iniciaram-se as obras debarramento do rio, por meio de enseca-

    deiras celulares, incluindo-se a submersode uma embarcao a montante da obra euma trelia suportada por cabos com re-des metlicas para reter o enrocamentolanado na gua a montante da trelia. Osistema tinha a funo de reter os blocosde enrocamento para o fechamento do rioque, devido s altas velocidades de esco-amento, no se mantinham estveis porsi s. Alm do desvio do rio, outro grandefeito da obra foi a escavao de cavernas

    e tneis de aduo e descarga. Com esteprojeto, iniciou-se, no pas, o desenvolvi-mento de uma nova tcnica, a mecnicadas rochas, sob coordenao do engenheiroErnesto Pichler, do Instituto de PesquisasTecnolgicas de So Paulo (IPT), incumbi-do de realizar os ensaios de presso em c-mara escavada na rocha, para determinarseu mdulo de elasticidade.

    quatro estados, ali instalando seus neg-cios de pele.

    Em 1909, Delmiro Gouveia fez contatoscom as rmas Bromberg, do Rio de Janeiro,W.R. Brand Company, de Londres, e a Mis-

    so Moore, americana, encomendando pro-jetos de eletricao com vistas explo-rao do potencial da Cachoeira de PauloAfonso, para gerar energia eltrica parasua Companhia Agrofabril Mercantil. Em1911, obtm do governo alagoano a con-cesso para o aproveitamento hidreltricona Cachoeira de Paulo Afonso. Contrata oengenheiro italiano Luigi Borella para cons-truir a Usina de Angiquinho, inaugurada em1913, marco da gerao de energia eltri-

    ca no Nordeste, com capacidade geradorade 1500HP, e que funcionou at 1960.O pioneirismo de Gouveia foi o marco

    para que, em 1921, por ordem do Ministroda Agricultura, Ildefonso Simes Lopes, nogoverno de Epitcio Pessoa, um grupo deengenheiros, dentre eles Antnio Jos Alvesde Souza, que, 27 anos depois, viria a ser oprimeiro presidente da Companhia Hidroel-trica do So Francisco CHESF, promovesseum levantamento topogrco da Cachoeirade Paulo Afonso. Onze anos depois, o enge-nheiro Franklin Ribeiro cheasse a ComissoFederal de Estudos do Rio So Francisco e,em 1939, os engenheiros Jos Augusto Fon-seca Rodrigues e Sebastio Penteado Jniorelaborassem dois anteprojetos de aproveita-mento da cachoeira de Paulo Afonso. Mas,foi somente em 1944, que o Ministro da Agri-cultura, Apolnio Jorge de Farias Sales, en-tregou ao Presidente da Repblica, GetlioVargas, uma exposio de motivos para aconstruo da Usina Piloto de Paulo Afonso.

    Obras civis no vertedouro de Pauo Afonso IV

    Vista gera de etapa de eecuo do Vertedouro

    CETENCO

    Engenharia

    CETENCO

    Engenharia

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    uHe FuRNASA explorao dos servios de eletricida-

    de no Brasil, at 1950, era quase um mono-plio privado, a cargo, em sua maioria, deconcessionrias estrangeiras, sobretudo, oSistema Light e o Grupo AMFORP (American& Foreign Power Company). Essa situaosubsistiu sem grandes problemas at o mo-mento em que o pas deixou de ser essen-cialmente agrcola para se tornar urbano,enveredando-se rumo industrializao.

    A diculdade, de um lado, por partedas concessionrias, de captao de novosrecursos nanceiros para atender ao cres-cimento do consumo de energia eltricanas suas reas de concesso e, por outro,do isolamento dos sistemas eltricos que,sem interligao entre si, no podiam in-

    tercambiar energia, inviabilizando o apro-veitamento de recursos hidreltricos degrande porte, com potncia grande demaispara o mercado de cada sistema isolado,levou convico generalizada de que oPoder Pblico teria que intervir, partici-pando do esforo de eletricao do pas.

    Com o risco de apago eltrico nos cen-tros socioeconmicos brasileiros So Pau-lo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte o presi-dente Juscelino Kubitscheck assinou, em 28

    de fevereiro de 1957, o Decreto Federal n41.066, criando a empresa Central Eltricade Furnas, com a misso de construir e ope-rar no Rio Grande, Minas Gerais, a primeirausina hidreltrica de grande porte do Brasil.

    Os primeiros estudos de aproveita-mento hidreltrico do local comearam aser desenvolvidos pela Companhia Ener-gtica de Minas Gerais CEMIG, no nalda dcada de 1950, como parte de seuplano de fazer um estudo sistemtico dosprincipais rios no estado. O desconheci-mento do potencial hidreltrico do pasera enorme poca, sendo avaliado emmeros 16000MW pela Diviso de guasdo Ministrio da Agricultura. A descober-ta do stio de Furnas foi quase ao aca-so. Encarregado pelo diretor tcnico daCEMIG, John Cotrim, para a exploraopioneira do trecho entre a cota 900,onde se situava o conjunto hidreltricoItutinga-Camargos, e a cota 665, localdo reservatrio da Usina de Peixotos, no

    Na caverna de Paulo Afonso I, inaugu-rada em 1955, foram instalados trs gru-pos geradores de 65MW cada um. Por outrolado, seis diques de terra e enrocamentoconstituintes da barragem foram constru-dos com o material escavado nas cavernase tneis de aduo e descarga.

    A construo da usina foi planejada parafuturas expanses, viabilizadas com as Usi-nas de Paulo Afonso II, que entrou em ope-rao em 1961, com potncia de 443MW;Paulo Afonso III, cuja tomada de gua pr-xima ao cnion do rio So Francisco possibi-litou maior aproveitamento energtico, de794MW, que entrou em operao em 1971;e Paulo Afonso IV, maior e mais modernado complexo, operada pelas guas desvia-das do reservatrio principal por um canal

    de 5600m, com capacidade de 2462MW, queentrou em operao em 1979.

    Paulo Afonso I foi projetada e cons-truda pela prpria CHESF, com seus en-genheiros sob orientao de MarcondesFerraz, e com consultoria de especialis-tas franceses da Sogreah (Societ Greno-bloise dEtudes et dApplications Hydrau-liques). No projeto de Paulo Afonso II eIII, houve uma contribuio maior da en-genharia francesa, por meio da compa-

    nhia Sofrelec do Brasil Engenharia (Socie-t Franaise dEtudes et de RalisationsdEquipements). Por m, Paulo Afonso IV,apesar de ter seu estudo de viabilidade eprojeto bsico elaborados pela Sofrelec,teve seu projeto executivo elaborado poruma empresa inteiramente brasileira, aThemag Engenharia de So Paulo, da qualse falar mais adiante.

    Vista area da Usina de Pauo Afonso IV

    Grandes barragens brasileirase suas histrias - Pedroso

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    Rio Grande, com o objetivo de identicarsaltos ou corredeiras que pudessem seraproveitadas para futuras usinas, o jo-vem engenheiro Francisco Noronha (quechegaria presidncia da CEMIG), foiconvidado pelo empresrio Jos MendesJnior, fundador da empreiteira que levaseu nome, para pescar nas Corredeiras deFurnas, assim denominado por causa dascavernas escavadas pelas guas nos pare-des do desladeiro por onde passavam,e ver tais corredeiras e o desladeiro.L chegando, Noro-nha constatou estardiante de um stiode barragem excep-cional, uma embo-cadura de um longo

    desladeiro, capazde abarcar uma bar-ragem compacta depelo menos 100 me-tros de altura.

    Tendo passadoquinze anos no Gru-po AMFORP e vindoda CEMIG, John Co-trim foi convidado aintegrar o Conselho

    de Desenvolvimentodo Governo JK, rgocriado para formulare orientar seu Planode Metas, na funode coordenador daMeta de Energia El-trica, cuja responsa-bilidade principal eraa formulao dos planos de obras de ele-tricao nos quais o governo federal de-veria participar. Para o Conselho de Desen-volvimento, John Cotrim trouxe o projetobsico de Furnas quase pronto, com o qualcontribuiu, principalmente com os estudosde viabilidade, as consultorias CompanhiaInternacional de Engenharia CIE e Inter-national Company Incorporation IECO, quepreparam um relatrio das diversas alterna-tivas de aproveitamento do potencial hidre-ltrico de Furnas, com quantidades e custosdetalhados, de forma a servir de base paraa Meta de Energia Eltrica.

    Dr. John Cotrim, presidente da EetrobrasFurnas, na estrutura situada no emboque dotne de desvio

    Segundo relata Cotrim no livro A his-tria de Furnas, o Projeto Furnas calhavacom perfeio, em termos de capacidadegeradora ao que o momento exigia. Estu-dos promovidos pelo Conselho do Desen-volvimento vieram mostrar que a RegioCentro-Sul do pas requeria uma ampliaode capacidade geradora de pelo menos1000MW, nmero assustador para a poca,se for levado em conta que representavaquase um tero da capacidade total insta-lada no pas. Alm disso, localizava-se em

    posio estratgica,numa posio eqi-distante do tringu-lo formado por Riode Janeiro, So Pau-lo e Belo Horizonte,

    o que permitiria darincio almejadaintegrao dos sis-temas eltricos daregio. Outra vanta-gem citada que ogrande reservatriocriado pela barra-gem de Furnas, almde aumentar a po-tncia instalvel no

    local, enriqueceria,pelo efeito da regu-larizao da vazo,todos os aproveita-mentos a jusantefuturos, no prprioRio Grande e, maisalm, no Rio Paran.

    A hidreltrica co-meou a ser construda em 1958, tendo o en-genheiro John Reginald Cotrim no comandoda obra. Nascido em Manchester, Inglater-ra, Cotrim formou-se pela Escola Politcni-ca do Rio de Janeiro, em 1936. Permaneceuem Furnas Centrais Eltricas por 17 anos,afastando-se dela somente para dirigir ostrabalhos de construo da Usina de Itaipu,em 1974, da qual se falar adiante.

    A construo das obras civis estava acargo da Construtora Anglo-Brasileira deConstrues, consrcio formado pelas em-presas George Wimpey e Companhia Cons-trutores Nacional.

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    No nal de 1962, as comportas dos t-neis de desvio eram fechadas, ao passoque se concluam as construes da casade fora e da barragem principal, com-

    posta por uma barragem de enrocamentocom ncleo de argila, com comprimento de550m e altura de 127m, com volume de 9,5milhes de metros cbicos de terra, e poruma barragem de concreto, com volumede 426.202m3. Foi tambm construda umabarragem auxiliar de terra e enrocamento,no Rio Pium I, com 680m de comprimentoe volume de 2,6milhes de metros cbicos,para evitar a vazo das guas para a baciavizinha do Rio So Francisco.

    Com o fechamento dos tneis de deri-vao, formou-se um dos maiores reser-vatrios do mundo, com 1450km2 de reae volume de 23 bilhes de m3, mudandopara sempre a histria dos 34 municpiosao seu redor.

    Segundo Cotrim, foi em Furnas que setornou patente que estava surgindo no pasuma gerao de tcnicos genuinamentenacional, bem formada e sria, que vinhapara car.

    COmplexO uRuBupuNG:IlHA SOlteIRA e JupI

    No contexto de crescimento econmicoe industrializao do pas, no ps-guerra,c