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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009

26 com todas as letrasvoCê PodE USAR dUAS NEgATIvAS jUNTAS

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 chicoNoSSo SERvIço é dE CoNSTRUção

Execução do trabalho espiritual

14 capadogmAS E PRECoNCEIToS

12 mediunidadedIRETRIzES dE SEgURANçA

Questões sobre mediunidade

20 históriao ESPAço, o TEmPo, A mATéRIA PRImoRdIAL

O que somos, donde viemos, pra onde vamos

edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – depto. EditorialJornalista responsável Renata Levantesi (mtb 28.765)projeto Gráfico Fernanda Berquó Spinarevisão zilda Nascimentoadministração e comércio Elizabeth Cristina S. Silvaapoio cultural Braga Produtos Adesivosimpressão Citygráfica

o Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

9 reflexãoLAçoS ETERNoS

A reencarnação estreita os vínculos de amor

centro de estudos espíritas “nosso lar”Rua Luís Silvério, 120 – vila marieta

13042-010 Campinas/SPCNPj: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

assinaturasAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

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CAdASTRE-SE No mSNE AdICIoNE o NoSSo ENdEREço:

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6 estudoBoNS médIUNS E médIUNS oRgULhoSoS

Definições segundo a Codificação

17 esclarecimentoBLASFêmIA

Conhecendo a essência da Doutrina

10 ensinamentoo ESTRIBILho FATAL

Faça aquilo que se pode fazer

16 mensaGemSEjAIS SENSAToS

Viver com consciência e responsabilidade

sumário

errata: Informamos que a edição de julho/2009 é de nr. 82, e não 81 como aparece na capa.

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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 3assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA

a caridade e a filantropia nos ensinamentos de Jesus

fonte:

PIRES, J. Herculano Pires. O Homem Novo. Págs. 19 – 20. Correio Fraterno

do ABC. 1989.

editorial

A última novidade, na luta contra o Espiritismo, é a descoberta de que os espíritas não praticam a caridade, mas apenas a filan-tropia. A caridade exige o amor a Deus, a pureza da fé, e elevação espiritual. A filantropia é coisa mais simples: amor do homem, da criatura, e não do Criador. O caridoso faz o bem pensando em Deus, de coração voltado para o Pai. O filantropo o faz pensando apenas no seu semelhante. Essa a diferença. E os espíritas, consi-derados “instrumentos do diabo”, inimigos de Deus, não podem fazer a caridade.

Somos obrigados a tratar desses temas, às vezes, em virtude da maneira por que eles são levantados por adversários do Espiritismo. Nossa doutrina está ainda enfrentando aquela mesma fase polêmica do Cristianismo antigo, após a fase apologética. E isso só serve para confirmar que o Espiritismo é, realmente, como dizia Kardec, um restabelecimento do Cristianismo em sua formulação inicial, ou como diz Emmanuel: “a renascença cristã”. Neste sofisma sobre a caridade e a filantropia, por exemplo, temos de voltar às próprias palavras do Cristo, para mostrar que nem tudo se passa de maneira tão simples.

Os fariseus procuravam sempre enredar Jesus em problemas dessa espécie. Na defesa de seus princípios, e principalmente de suas prerrogativas religiosas, considerando-se como intérpretes únicos da escritura e únicos legítimos conhecedores da religião, propunham ao Mestre e aos Seus seguidores questões ardilosas, como aquela do pagamento do imposto a César, que ficou célebre. Certa vez, segundo nos conta o evangelista Mateus (cap. XXII, vers. 34 a 40), perguntaram a Jesus qual era o maior mandamento da Lei. E o Mestre respondeu com estas palavras claras:

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”

Esta resposta não deve ter agradado aos fariseus. Porque Jesus, como vemos, fez certa confusão entre caridade e filantropia. Disse que amar a Deus era o principal mandamento, mas logo depois ensinou que amar aos homens era semelhante àquele. E acrescentou que desses dois mandamentos dependiam toda a lei e os profetas, ou seja, que de uma só coisa, o amor, decorre toda a religião, toda a salvação, toda a revelação, toda a escritura revelada. Ora, dizer isso aos fariseus formalistas, a homens que faziam da religião um sistema convencional de preceitos e sacramentos, era o mesmo que dizer uma heresia. Não foi à-toa, portanto, que Jesus terminou no madeiro.

Para os fariseus, amar a Deus só era possível dentro do farisaís-

mo. Amar aos homens era coisa secundária, era simples filantropia, coisa de gente sem iluminação espiritual, sem conhecimentos reli-giosos elevados. Mas eis que Jesus diz esta enormidade: que amar aos homens é semelhante a amar a Deus. E noutras ocasiões, como na parábola do Bom Samaritano, o Mestre reafirma a Sua lição, mostrando que o samaritano desprezado, herege, “instrumento do diabo”, afastado de Deus e da Lei, era melhor que o fariseu privilegiado pela graça de Deus. E melhor por quê? Porque sabia fazer a filantropia, amar ao seu semelhante, sacrificar-se por uma criatura sofredora e infeliz.

Na verdade, o samaritano de então, como o espírita de hoje, não deixava de amar a Deus. Mas suponhamos que deixasse. Imagi-nemos que o samaritano, naquele tempo, ou o espírita, em nossos dias, fossem realmente criaturas sem Deus, ou até mesmo ligadas ao diabo. Veremos então esta curiosa contradição : de um lado, os filhos de Deus praticando a caridade pelo interesse da salvação própria; de outro, os filhos do diabo praticando a filantropia sem nenhum interesse, a não ser o amor do próximo. Qual dos dois seria mais meritório, no plano de uma avaliação moral?

Jesus, que compreendia bem essas coisas, mostrou que na verdade não se pode amar a Deus sem amar ao próximo. E que o amor do próximo é o caminho, e ao mesmo tempo a prática do amor de Deus. Por isso acrescentou aquela regra de ouro: “Assim, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles: porque essa é a lei e os profetas.” O egoísmo farisáico, com toda a sua enorme soberba, com a sua pretensão de exclusivismo religioso, foi condenado para sempre, nessas doces lições de hu-manidade. Jesus nos convida sempre ao amor, que é compreensão do próximo, sob o auxílio paternal de Deus, e não ao sectarismo exclusivista e agressivo, ao farisaísmo arrogante.

Aconselhamos as pessoas interessadas em maior desenvolvi-mento deste assunto a lerem “O Evangelho Segundo o Espiritis-mo”, de Allan Kardec. O problema da caridade, não segundo um conceito teológico, ou, como dizia Paulo: “não na letra que mata”, mas no “espírito que vivifica”, segundo a concepção espiritual, está ali colocado de maneira magistral. Maravilhosas instruções dos espíritos, recebidas por Kardec ou a ele enviadas por pessoas de todas as partes do mundo, esclarecem esse problema à luz das lições evangélicas. “A caridade não se ensoberbece” – como dizia o apóstolo Paulo, e o Espiritismo a ensina com humildade, sem arrogar-se o privilégio da sua prática.

Uma resposta do Mestre aos fariseus – Fazer o bem para salvar-se e fazê-lo por amor –“A caridade não se ensoberbece”.

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009chico

Nosso Serviço é de Construção

por Suely Caldas Schubert

14-8-1947

“(...) É uma alegria ver-te prosseguir na execução de nosso programa de trabalho espiritual. “O nosso serviço — diz Emmanuel — não é de propagan-da. É de construção !” (...) A reeleição da Diretoria é para mim um imenso conforto. (...)”

Pequeno trecho que encerra belíssimo ensinamento de Emma-nuel.

Em princípio, Chico se alegra por constatar que Wantuil pros-segue firme na execução do que ele chama de “nosso programa de trabalho espiritual”. Àquela altura dos acontecimentos, o trabalho dos dois tem que ser desempe-nhado em perfeita consonância a fim de que a “chuva de livros” se tornasse realidade.

O enunciado seguinte, de Em-manuel, leva-nos a maiores refle-xões.

“O nosso serviço não é de propa-ganda. É de construção.”

Não apenas propagar, difundir, semear. Mas viver a fé, torná-la

operante e assim apresentá-la aos olhos do mundo.

É fácil falar e transmitir con-ceitos. Difícil é vivê-los e dar-lhes testemunho, dia após dia, ao longo de toda uma existência.

Para perfeita compreensão do pensamento de Emmanuel, deste transcrevemos, a seguir, a página “Quando há luz”, inserida no livro “Fonte Viva”:

“Quando há luz

“O amor do Cristo nos constrange.” — Paulo. (II CORINTIOS, 5:14.)

Quando Jesus encontra santu-ário no coração de um homem, modifica-se-lhe a marcha inteira-mente.

Não há mais lugar dentro dele para a adoração improdutiva, para a crença sem obras, para a fé inoperante.

Algo de indefinível na terres-tre linguagem transtorna-lhe o espírito.

Categoriza-o a massa comum por desajustado, entretanto, o

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA chico

fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 153 - 157. Feb. 1998.

aprendiz do Evangelho, chegando a essa condição, sabe que o Traba-lhador Divino como que lhe ocupa as profundidades do ser.

Renova-se-lhe toda a conceitua-ção da existência.

O que ontem era prazer, hoje é ídolo quebrado.

O que representava meta a atin-gir, é roteiro errado que ele deixa ao abandono.

Torna-se criatura fácil de con-tentar, mas muito difícil de agra-dar.

A voz do Mestre, persuasiva e doce, exorta-o a servir sem des-canso.

Converte-se-lhe a alma num estuário maravilhoso, onde os padecimentos vão ter, buscando arrimo, e por isso sofre a constante pressão das dores alheias.

A própria vida física afigura-se-lhe um madeiro, em que o Mestre se aflige. É-lhe o corpo a cruz viva em que o Senhor se agita crucifi-cado.

O único refúgio em que repou-sa é o trabalho perseverante no bem geral.

Insatisfeito, embora resignado; firme na fé, não obstante angustia-do; servindo a todos, mas sozinho em si mesmo, segue estrada a fora, impelido por ocultos e indescrití-veis aguilhões...

Esse é o tipo de aprendiz que o amor do Cristo constrange, na feliz expressão de Paulo. Vergasta-o a luz celeste por dentro até que abandone as zonas inferiores em definitivo,

Para o mundo, será inadaptado e louco.

Para Jesus, é o vaso de bênçãos.

A flor é uma linda promessa, onde se encontre.

O fruto maduro, porém, é ali-mento para Hoje.

Felizes daqueles que espalham a esperança, mas bem-aventurados sejam os seguidores do Cristo que suam e padecem, dia a dia, para que seus irmãos se reconfortem e se alimentem no Senhor!”

Emmanuel, portanto, parti-cularizava com aquela frase da

carta o próprio trabalho em que ele, Chico, e Wantuil estavam compromissados, e que ia além da tarefa de semear, de difundir, de propagar.

Importava, acima de tudo, exemplificar, viver os ensinamen-tos, suar e padecer dia a dia, numa demonstração de que não apenas pregavam a palavra do Mestre à luz da Doutrina Espírita, mas que traziam, realmente, no coração, “a voz do Mestre, persuasiva e doce” exortando-os a servir sem descan-so. E que seria imprescindível a renúncia, a entrega total, hora a hora, para que a tarefa programada fosse executada.

Wantuil prosseguiu, assim, no seu campo de trabalho, oferecen-do condições para que a obra de Chico Xavier se concretizasse. Sob a sua Presidência a FEB executa e expande o programa do livro espí-rita, iniciado na gestão anterior.

A seu turno, Chico pôde avan-çar, cada vez mais, nos serviços que o amor ao próximo lhe inspira e nos quais permanece até os dias de hoje, já septuagenário, mas traba-lhando com o vigor espiritual que a fé lhe infunde.

“O nosso serviço não é de propaganda” — disse Emmanuel em 1947. “É de construção” com-plementou, com vistas ao futuro, cônscio de que Chico teria de estruturar de modo cada vez mais definitivo os alicerces que estavam lançando.

Chico faria isso não porque es-tivesse na programação espiritual, ou porque fossem os planos de Emmanuel mas porque ele mesmo, constrangido pelo amor do Cristo, sente necessidade absoluta de o fazer. De servir sempre, pois o tra-balho no bem geral é o seu refúgio. É a sua alegria. É a sua vida: dar a vida pelo próximo, pelo irmão em Humanidade.

Hoje já são mais de 50 anos nesse mister: “o fruto maduro” a que Emmanuel se refere ao escre-ver a página transcrita “Quando há luz”.

A voz do Mestre, persuasiva e doce, exorta-o a servir sem descanso

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009

E qual a definição que a Codificação apresenta para qualificar um bom médium?

estudo

Bons médiuns e médiunsorgulhosospor orson Peter Carrara

É comum ouvir-se a expressão: “Aquela pessoa é um bom mé-dium. Tem uma mediunidade

admirável”. Na verdade, o que seria um bom médium? E qual a definição que a Codificação apresenta para qualificar um bom médium? Recorramos ao “O LIVRO DOS MÉDIUNS”, exatamente no capítulo XVI - Médiuns Especiais, Segunda parte, item 197.

No capítulo referido, e não exclusivamente porque em outros capítulos o as-sunto também é abordado, o Codificador apresenta um quadro sinótico das diferentes variedades de médiuns. Trata-se de um quadro bastante interes-sante, pela visualização e análise que permite da variedade mediúnica, com classificação para variedades comuns a todos os gêneros de mediunidade, espe-ciais para efeitos físicos e intelectuais, de

médiuns escreventes (e aqui segundo o modo de execução, o desenvolvimento da faculdade, o gênero e especialidade das comunicações, segundo as qualidades físicas e morais do médium), imperfeitos e finalmente, aqueles que separamos para elaboração deste artigo, os bons médiuns. Como são conhecidos? Como podemos

encontrá-los? Entre a ci-tação do Codificador, há também comentários de Erasto e Sócrates.

Esta é uma questão interessante, pois que se busca médiuns confiáveis, honestos e naturalmente que sejam autênticos por-ta-vozes da Espiritualidade Superior. Vamos a eles:

O LIVRO DOS MÉ-DIUNS os classifica em Sé-rios, Modestos, Devotados e Seguros.

Transcrevemos do citado livro*, para melhor visualização e inclusive para efeito didático:

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA estudo

...a Codificação ensina que é um erro insistir no desenvolvimento de uma faculdade que não se possui

“Médiuns sérios:Os que não se servem de sua

faculdade senão para o bem e para as coisas verdadeiramente úteis; crêem profaná-la fazendo-a servir à satisfação de curiosos e de indiferentes, ou para futili-dades.

Médiuns modestos:Os que não se atribuem ne-

nhum mérito pelas comunicações que recebem, por belas que sejam; se consideram como estranhos e não se crêem ao abrigo das mistificações. Longe de fugirem aos avisos desinteressados, os solicitam.

Médiuns devotados:Os que compreendem que

o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e deve, quando isto seja necessário, sacrificar seus gostos, seus hábitos, seus prazeres, seu tempo, e mesmo seus interesses materiais, para o bem dos outros.

Médiuns seguros:Os que, além da facilidade

de execução, merecem plena con-fiança, por seu próprio caráter, a natureza elevada dos Espíritos que os assistem, e que são os me-nos expostos a serem enganados.

Veremos mais tarde que esta segurança não depende de nenhum modo dos nomes mais ou menos respeitáveis que os Espíritos tomam”.

Nas considerações de Erasto e Sócrates, há a valiosa orientação de como proceder com aqueles que se melindram com críticas, lembrando que “o médium que tomasse estas reflexões por mal provaria uma coisa: que não é bom médium” e que a busca desenfreada ou ambição por possuir faculdades ex-cepcionais tira-lhes a qualidade mais preciosa: a de médiuns seguros, pois que o “estender indefinida-mente o círculo de suas faculdades, é uma pretensão orgulhosa que os Espíritos jamais deixam impune; os bons abandonam sempre o presunçoso, que se torna, assim, joguete de Espíritos enganadores”.

O quadro todo apresentado no capítulo refe-rido é de grande validade para os estudiosos da Doutrina, para os médiuns em geral e para aqueles que de uma forma ou outra se ocupam da mediunidade, pois que esta mes-ma variedade de médiuns apresen-ta graus infinitos em sua intensida-de, como destaca-do no item 198 do capítulo cita-do. É claro que a faculdade de um médium não está circunscrita exclusivamente a um só gênero, pois o mesmo médium (repetimos, como destaca o item 198 do capítulo referido) pode ter várias aptidões, com destaque para aquele que domina e para o qual deve se interessar em cultivar com mais empenho. A contrário do que se pensa, a Codificação ensina que é um erro insistir no desenvolvimento de uma faculdade que não se possui. Ideal mesmo é cultivar aquela ou aquelas das quais se reconhece o germe em si mesmo. Muito útil, pois, que esta variedade mediúnica seja conhecida, estudada, até por questões de produção mediúnica ou utilização planejada das faculdades apresentadas, visando, é obvio, o bem das criaturas.

Por outro lado, para efeito comparativo, observe-

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009estudo

O desafio, portanto, está em ser um médium bom, ao invés de um bom médium

se, para efeito didático, o lado oposto da questão acima apresentada. O orgulho no médium apresenta as principais caracterís-ticas, cujo conhecimento também é bom possuir, a fim de evitar-se fraudes e desvios na prática doutrinária do Espiritismo: No capítulo XX – Influência Moral do Médium (Segunda parte), item 228, 2º parágrafo, encontramos que: a) confiança absoluta na superioridade do que obtêm; b) desprezo daquilo que não vem deles; c) importância irrefletida atribuída aos grandes nomes; d) recusa de conselhos; e) tomar a mal toda crí-tica; f) distanciamento daqueles que podem dar avisos desinteressados; g) crença na sua habilidade, são os caracteres dos médiuns orgulhosos.

Considere-se ainda que todos somos mais ou menos médiuns e que muitas vezes o orgulho é estimulado nos médiuns por aqueles que com ele convivem, atra-vés do endeusamento de médiuns ou bajulações, incoerentes ambos com a se-riedade de nossa Doutrina. Uma vez julgando-se indis-pensável, sempre procurado ou louvado, passa a tomar ares de suficiência, caminho certo para a queda moral, em prejuízo da faculdade.

O Espírito Erasto pondera que “deve-se, pois, podar, sem piedade, toda palavra, toda frase equivocada, e não conservar, do ditado, o que a lógica não aceita, ou o que a Doutrina já ensinou” e mais: “o que a razão e bom senso reprovam, rejeitai ousadamente”. Situações próprias do orgulho, do desejo de imposição, da ânsia de dominação.

O desafio, portanto, está em ser um mé-dium bom, ao invés de um bom médium.

A expressão “bom médium” é muitas vezes confundida com a facilidade na obtenção das comunicações, mas o estudioso atento, ou aquele que deseja qualidade no intercâm-bio com os espíritos, deve priorizar o con-teúdo da mensagem, analisar aquilo que o médium traz pela palavra, escrita, ações, pois que a mediunidade em si é neutra, mas é muito grande a influência moral do médium na produção mediúnica que apresenta. Daí a classificação apresentada por Kardec e comentada pelos espíritos. O estudo do quadro em referência afasta os equívocos do entusiasmo precipitado de aceitar tudo sem análise, protege os médiuns sinceros, honestos e afasta com naturalidade aqueles que desejam se utilizar da faculdade como

instrumento de exploração popular, por orgulho ou ambição.

Uma vez mais, ressalta aos olhos a importância e oportunidade de estudar continuamente a Doutrina Espírita, fonte inesgotável de orientação para mé-diuns, estudiosos ou envol-vidos com a realidade do fenômeno mediúnico.

E, por consequência na-tural, fica evidenciada com destaque a responsabilida-de dos Centros Espíritas

em oferecer material seguro aos médiuns que neles trabalham ou a eles procuram, para o exercício dessa sublime faculdade, dada aos homens como instrumento de progresso e auxílio ao semelhante.

fonte:

Artigo originalmente publicado no site do au-

tor http://www.orsonpcarrara.k6.com.br/

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA reflexão

fonte:

FRANCO, Divaldo Pereira. S.O.S. Família.

Págs. 74 – 76. Leal. 1994.

Laços Eternospor joana de Ângelis / divaldo Franco

A reencarnação estreita os vínculos do amor, tor-nando- os laços eternos,

pelo quanto faculta de experiência na área da afetividade familiar.

Enquanto as ligações de sangue favorecem o egoísmo, atando as criaturas às algemas das paixões possessivas, a pluralidade das exis-tências ajuda, mediante a superação das conveniências pessoais, a união fraternal.

Os genitores e nubentes, os irmãos e primos, os avós e netos de uma etapa trocarão de lugar no grupo de companheiros que se afinam, permanecendo os motivos e emulações da amizade superior.

O desligamento físico pela de-sencarnação faz que se recompo-nham, no além-túmulo, as famílias irmanadas pelo ideal da solidarieda-de, ensaiando os primeiros passos para a construção da imensa família universal.

Quando a força do amor vigi-lante detecta as necessidades dos corações que mergulharam na carne, sem egoísmo, pedem aos programadores espirituais das vidas que lhes permitam acompanhar aqueles afetos que os anteciparam, auxiliando-os nos cometimentos encetados, e reaparecem na paren-

tela corporal ou naquela outra, a da fraternidade real que os une e faculta os exemplos de abnegação, renúncia e devotamento.

Este amigo que te oferece braço forte; esse companheiro a quem es-timas com especial carinho; aquele conhecido a quem te devotas com superior dedicação; estoutro colega que te sensibiliza; essoutro discreto benfeitor da tua vida; aqueloutro vigilante auxiliar que se apaga para que apareças, são teus familiares em espírito, que ontem envergaram as roupagens de um pai abnegado ou de uma mãe sacrificada, de um irmão zeloso ou primo generoso, de uma esposa fiel e querida ou de um marido cuidadoso, ora ao teu lado, noutra modalidade biológica e familiar, alma irmã da tua alma, diminuindo as tuas dores, no carrei-ro da evolução e impulsionando-te para cima, sem pensarem em si...

Os adversários gratuitos que te si-tiam e perturbam, os que te buscam sedentos e esfaimados, vencidos por paixões mesquinhas, são, também, familiares outros a quem ludibriaste e traíste, que agora retornam, neces-sitados do teu carinho, da tua reabi-litação moral, a fim de que se refaça o grupo espiritual, que ascenderá contigo no rumo da felicidade.

*** Jesus, mais de uma vez, confir-

mou a necessidade dessa fusão dos sentimentos acima dos vínculos humanos, exaltando a superior necessidade da união familiar pelos laços eternos do espírito. A primeira, tê-lo, ao exclamar, respondendo à solicitação dos que lhe apontavam a mãezinha amada que O buscava, referindo-se: — “Quem é minha mãe, quem são meus irmãos, senão aqueles que fazem a vontade do Pai?” Posteriormente, na cruz, quando bradou, num sublime testemunho, em resposta direta à Mãe angustiada que O inquirira: — “Meu filho, meu filho, que te fizeram os homens?” elucidando-a e doando-a à Huma-nidade: — “Mulher, eis aí teu filho” — “Filho, eis aí tua mãe”, entregan-do-o ao seu cuidado, através de cuja ação inaugurou a Era da fraternidade universal acima de todos os vínculos terrenos.

Joanna de Ángelis

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009

o Estribilho Fatalpor vinícius

ensinamento

Porque todos querem fazer o que não podem, e deixar de fazer o que podem?

E onde iríamos parar se conti-nuássemos a declinar o enfadonho estribilho da condicional — “se eu fôsse”, “se eu tivesse”?

Porque será que todos se julgam deslocados, quando se reportam à prática do bem, ao cumprimento do dever moral? Porque não tem o rico vontade de socorrer os pobres? Porque não se compadecem os mé-dicos dos enfermos indigentes? E o homem culto, porque não pugna pelos ideais elevados e nobres,

dando-lhes o melhor de sua inteli-gência e saber? E o industrial, e o comerciante prósperos, porque não interessam em seus gordos lucros os operários e auxiliares honestos

É muito comum ouvirmos, aqui e acolá, este estribilho:“Se eu fôsse rico, bem sei o que faria: ao pé de mim jamais have-ria necessitados. Mas, sou pobre, nada posso fazer.”

“Se eu tivesse instrução, se soubesse falar, discorrer com acerto e precisão, defenderia com denodo e coragem a causa do Bem e do Direito, da Verdade e da Justiça. Mas, não tenho saber algum, vi-me impossibilitado, por isto ou por aquilo, de estudar e de me instruir; portanto, que posso fazer?”

“Se eu fôsse médico, ocupar-me-ia de preferência em atender com carinho e solicitude aos enfermos pobres, esses desfavorecidos da fortu-na, que vivem desprezados, e sucumbem inúmeras vezes à míngua de assistência. Mas, não sei curar, ignoro de todo a ciência de Esculápio, que hei-de fazer?”

“Se eu ocupasse posição saliente na sociedade, se tivesse prestígio perante os que governam; muitas iniquidades eu saberia evitar, muitos abusos saberia prevenir; mas não tenho influência alguma, que posso, logo, fazer ?“

“Se eu dispusesse de tempo, ocupar-me-ia das coisas espirituais. Procuraria educar, desenvolver as faculdades de meu espírito. Inves-tigaria o campo infinito do ignoto; e, de todos os conhecimentos que conquistasse, faria co-participantes o maior número possível de pessoas. Mas, infelizmente, não tenho tempo!”

“Se eu fôsse industrial ou comerciante, tornaria os operários e caixei-ros em meus interessados; mas, ai de mim! vivo lutando pela vida.”

“Se eu fôsse profeta — alega ainda um derradeiro — procederia com o máximo escrúpulo, obraria prodígios em benefício da Humanidade.”

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA

O dever de cada um é o dever simples, é o dever imediato

ensinamento

fonte:

VINÍCIUS. Nas Pegadas do Mestre. Págs. 44

– 46. Feb. 1995.

e diligentes? E o profeta, porque desdenha e avilta o dom que o céu lhe outorga? Porque todos querem fazer o que não podem, e deixar de fazer o que podem? Porque não faz cada um o bem onde está, e como se acha? Porque enxergam o dever

alheio, e não vêem o seu próprio dever? Porque pretendem alterar a ordem que o destino de cada um tem estabelecido? Porque lamen-tam com jeremiadas “o não fazer” por “não poder”, quando descuram daquilo que podem e devem fazer? Porventura Deus vai julgar o ho-mem pelo que ele deixou de fazer por não poder, ou antes o julgará por aquilo que deixou de fazer podendo fazê-lo? Que nos importa, pois, o que não podemos fazer? Antes o que nos importa, e muito, é o que podemos fazer. Portanto, antes de nos lamentarmos do que não podemos fazer, façamos, desde logo, o que podemos, seja lá o que for. E a verdade é que todos podem alguma coisa, muita coisa mesmo,

desde que queiram. As lamúrias são filhas do subterfúgio, do sofisma, da má vontade, do egoísmo numa palavra.

O dever de cada um é o dever simples, é o dever imediato. Faça cada um o que pode e o que deve, no momento. Ulteriormente, à medida que lhe seja possível, fará o mais e o melhor.

Há pais que abandonam seus lares e seus filhos, e andam pre-gando moral às massas. Insensatos! pretendem fazer o mais sem fazer o menos. Pretendem atingir o dever longínquo, antes de haverem cum-prido o dever imediato.

Evangelizadores há que preten-dem doutrinar homens e espíritos, sem curar dos seus próprios defei-tos. Loucos! querem aperfeiçoar a outrem sem primeiramente se aper-feiçoarem a si mesmos. Querem dar antes de possuir.

Tal como somos e como esta-mos, cumpramos o dever conforme ele se nos vai apresentando na ocasião, segundo as luzes de nossa consciência, espelho fiel onde a justiça indefectível de Deus se reflete.

Abaixo os fatais estribilhos: “Se eu fôsse” e “Se eu tivesse !”

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009mediunidade

diretrizes de Segurança

por divaldo Franco e Raul Teixeira

73. para a aplicação do passe, o médium deve resfolegar, gemer, estalar os dedos, soprar ruidosamente, dar conselhos?

divaldo - Todo e qualquer passe, como toda técni-ca espírita, se caracteriza pela elevação, pelo equilíbrio. Se uma pessoa cortês se esforça para ser gentil, na vida normal, porque, na hora das questões transcendentais, deverá permitir-se desequilíbrios? Se é um labor de paz, não há razão para que ocorram desarmonias ou se dêem conselhos mediúnicos.

Se se trata, porém, de aconselhamento, não se justificará que haja o passe. é necessário situar as coisas nos seus devidos lugares. A hora do passe é especial. Se se pretende adentrar em conselhos e orientações, tome-se de um bom livro e leia-se, porque não pode haver melhores diretrizes do que as que estão exaradas em o Evangelho Segundo o Espiritismo e nas obras subsidiárias da doutrina Espírita.

74. É necessário lavar as mãos, após a aplica-ção de passes?

raul - Não. Não há qualquer necessidade de que se lave as mãos depois da prática dos passes. Pelos passes não há. Entretanto, os médiuns aplicadores de passes podem ter vontade de lavar as mãos por lavar, e, neste caso, nada há que os impeça.

75. há necessidade do médium tocar ou encostar as mãos na pessoa que recebe o passe?

divaldo - desde que se trata de permuta de ener-gias, deve-se mesmo, por medida de cautela e de zelo ao próprio bom nome, e ao do Espiritismo, evitar tudo aquilo que possa comprometer, como toques físicos, abraços, etc.

76. por que muitos médiuns ficam ofegantes, enquanto aplicam passes?

raul - Isso se deve à deficiente orientação recebida pelo médium. Não sabe ele que a respiração nada tem a ver com a aplicação dos passes. São companheiros. que imaginam sejam os exageros e invencionices os

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA mediunidade

fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J.

Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.

elementos capazes de assegurar grandeza e autentici-dade do fenômeno.

Nos momentos dos passes, todo o recolhimento é importante. o Silêncio para a oração profunda Silêncio do aplicador e Silêncio por parte de quem recebe, facilitando a penetração nas ondas de harmonia que o passe propicia.

Evitando os gestos bruscos totalmente desneces-sários, e exercendo um controle sobre si mesmos, os aplicadores de passes observarão a necessidade do relax e da sintonia positiva e boa com os espíritos que supervisionam tais atividades.

77. os estalidos dos dedos ajudam, de algum modo, na aplicação dos passes?

raul - Não. Tudo isso faz parte dos hábitos incor-porados pelas pessoas que passam a admitir que seus trejeitos e tiques são parte da tarefa dos passes ou da mediunidade. os estalidos e outros maneirismos com as mãos, indicando força ou energia, são perfei-tamente dispensáveis, devendo o médium educar-se, procurando aperfeiçoar suas possibilidades de trabalho. Nenhum estalo, nenhuma fungação, nenhum toque corporal ou puxadas de dedos, de braços, de cabelos, têm quaisquer utilidades na prática dos passes. deve-remos, assim, evitá-los.

78. na aplicação dos passes, há necessidade de que os médiuns passistas retirem de seus bra-ços, de suas mãos os adornos, como pulseiras, relógios, anéis? isso tem alguma implicação magnética ou é apenas para evitar ruídos e dar-lhes maior liberdade de ação?

divaldo - Em nossa forma de ver, a eliminação dos adornos não tem uma implicação direta no efeito posi-

tivo ou negativo do passe. devem ser retirados porque é mais cômodo e o seu chocalhar produz dispersão, comprometendo a concentração nos benefícios do momento.

79. decorrerá algum problema do fato de se aplicar passes em alguém que esteja de costas?

raul - Absolutamente. Se a circunstância obrigar a que se apliquem passes em alguém que esteja de costas, aplicá-los-emos com a mesma disposição, a mesma fé no auxílio que vem do mais Alto, vibrando o melhor para o paciente.

80. muitos que aplicam passes, logo após, sen-tam-se para recebê-los de outros afim de se reabastecerem. Que pensar de tal prática?

raul - Tal prática apenas indica o pouco enten-dimento que tem as pessoas com relação ao que fazem.

Quando aplicamos passes, antes de atirarmos as energias sobre o paciente, nos movimentos ritmados das mãos, ficamos envolvidos por essas energias, por essas vibrações que nos chegam dos Amigos Espiritu-ais envolvidos nessa atividade, o que indica que, antes de atendermos aos outros, somos nós, a princípio, beneficiados e auxiliados para que possamos auxiliar, por nossa vez.

Tal prática incorre numa situação no mínimo estra-nha: o fato de que aquele que aplicar o passe por último estaria desfalcado, sem condições de ser atendido por outra pessoa.

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009

dogmas e Preconceitos

capa

por Emmanuel / Chico Xavier

Os maiores obstáculos, para que se propaguem no seio das socie-dades modernas os ensinamen-

tos salutares e proveitosos do Consolador, são constituídos pelas imensas barreiras que lhes levantam os dogma e preconceitos de todos os matizes, nas escolas científicas e facções religiosas, militantes em todas as partes do Globo.

AçÕES PERTURBAdoRAS Muitos espíritos, afeitos ao tradiciona-

lismo intransigente e rotineiro, são inca-pazes de conceber a estrada ascensional do progresso, como de fato ela é, cheia de lições novas e crescentes resplendores; é assim que, completando as longas fileiras de retardatários, perturbam, às vezes, a paz dos que estudam devotamente no livro maravilhoso da Vida, com as suas opiniões disparatadas, prevalecendo-se de certas posi-ções mundanas, abusando de prerrogativas

transitórias que lhes são outorgadas pelas fortunas iníquas.

Não conseguem, porém, mais do que estabelecer a confusão, sem que as suas mentes egoístas tragam algo de belo, de novo ou de verdadeiro, que aproveite ao progresso geral. Seus trabalhos se prestam unicamente às suas experiências pessoais nos domínios do conhecimento, não conseguindo viver na memória dos pósteros, porquanto a veneração da posteridade é uma galeria glo-riosa reservada, quase que invariavelmente, aos que passaram na Terra perseguidos e desprezados, e que se impuseram à Huma-nidade ofertando-lhe generosamente o fruto abençoado dos seus sacrifícios imensos e das suas dores incontáveis.

CARACTERÍSTICAS dA SoCIEdAdE modERNA Desalentadoras são as características da

sociedade moderna, porque, se a coletivida-

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA capa

... o que se faz mister é compreender a necessidade da tarefa de espiritualização

de se orgulha dos seus progressos físicos, o homem se encontra, mo-ralmente, muito distanciado dessa evolução. Semelhante anomalia é a conseqüência inevitável da igno-rância das criaturas, com respeito à sua própria natureza, desconhe-cimento deplorável que as incita a todos os desvios. Vivendo apenas entre as coisas relativas à matéria, submergem nas superficialidades prejudiciais ao seu avanço espiritu-al. Ignoram, quase que totalmente, o que sejam as suas forças latentes e as suas possibilidades infinitas, adormecendo ao canto embalador dos gozos falsos do “eu pessoal”, e apenas os sofrimentos e as difi-culdades as obrigam a despertar para a existência espiritual, na qual reconhecem quanta alegria dimana do exercício do Bem e da prática da virtude, entre as santas lições da verdadeira fraternidade.

A CIêNCIA E A RELIgIão Infelizmente, se a Ciência e a

Religião constituem as forças ma-trizes de esclarecimento das almas, vemos uma empoleirada na negação absoluta e a outra nas afirmações ar-riscadas e absurdas. A Ciência criou a academia, e a religião sectarista criou a sacristia; uma e outra, abar-rotadas de dogmas e preconceitos, repelindo-se como pólos contrários, dentro dos seus conflitos têm so-mente realizado separação em vez de união, guerra em vez de paz, descrença em vez de fé, arruinando as almas e afastando-as da luz da verdadeira espiritualidade.

Entre a força de um preconceito e o atrevimento de um dogma, o

espírito se perturba, e, no círculo dessas vibrações antagônicas, acha-se sem bússola no mundo das coisas subjetivas, concentrando, natural-mente, na esfera das coisas físicas, todas as suas preocupações.

o TRABALho doS INTELECTUAIS É por essa razão que de gran-

des responsabilidades se investem aqueles que se entregam na Terra

aos labores espirituais sob todos os aspectos em que se nos apresentam; grandes serviços constam de suas incumbências e elevada conta lhes será solicitada dos seus afazeres sobre a face do planeta. Dolorosas decepções os aguardam na exis-tência de além-túmulo, quando menosprezam as suas possibilidades para o bem comum, fazendo de suas faculdades intelectuais objeto de mercantilismo, em troca de preben-das, as quais, augurando-lhes um porvir de repouso egoístico na vida transitória, os fazem estacionários e nocivos às coletividades, o que equi-

vale a existências de provas amargas, entre prolongadas obliterações dos seus poderes de expressão.

Não é que o artista e o pensa-dor devam aderir a este ou àquele sistema religioso, ou alistar-se sob determinada bandeira filosófica; o que se faz mister é compreender a necessidade da tarefa de espiritu-alização, trabalhando no edifício sublime do progresso comum, colaborando na campanha de rege-neração e de reforma dos caracteres, auxiliando todas as idéias nobres e generosas, em qualquer templo, facção ou casta em que vicejem, espiritualizando as suas concepções, transformando a ação inteligente num apelo a todos os espíritos para a perfeição, desvendando-lhes os se-gredos da beleza, da luz, do bem, do amor, através da arte na Ciência e na Religião, em suas manifestações mais rudimentares.

Que todos operem na difusão da verdade, quebrando a cadeia férrea dos formalismos impostos pelas pseudo-autoridades da cátedra ou do altar, amando a vida terrena com intensidade e devotamento, cooperando para que se ampliem as suas condições de perfectibilida-de, convencendo-se de que as suas felicidades residem nas coisas mais simples.

fonte:

XAVIER, Francisco C. Emmanuel - Dissertações

Mediúnicas sobre Importantes Questões que Preocupam

a Humanidade. Págs. 145 - 148. Feb. 1991.

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009mensaGem

fonte:

GODOY, Paulo Alves. Os Quatro Sermões de

Jesus. Págs. 72 – 73. FEESP. 1989.

As leis divinas são imu-táveis e obviamente os preceitos nelas estabe-

lecidos, objetivam enquadrar os homens de forma a que conduzam suas vidas dentro de determinadas diretrizes. Sempre que alguém infli-gir essas leis, recai sobre ele conse-qüências muitas vezes danosas, tra-duzidas em penosos resgates. Esse é o quadro que se vê constantemente de pessoas carentes de tudo, sofre-doras, portadoras de enfermidades incuráveis, deformantes, e outras que tais.

As pessoas sensatas regem suas vidas dentro das normas rígidas do dever, dos encargos, das responsabi-lidades, da moralidade. Procuram conviver condignamente com seus semelhantes, encarando-os como irmãos de jornada terrena, filhos do mesmo Pai, membros de uma só e imensa família. Conscientizam-se de que terão que suportar pesados encargos como conseqüência dos atos maus que vierem a praticar,

procurando, por isso, evitar a práti-ca de atos que venham a prejudicar o seu próximo. Compenetram-se de que os seus direitos terminam, onde iniciam-se os direitos do seu próximo. Procuram conhecer que Deus é soberanamente Justo e Bom, e que nada sucede a quem quer que seja, sem que o ato seja presidido pelas Leis de Deus, ainda que seja a “queda de uma folha seca de uma árvore”, segundo o judicioso ensi-namento evangélico.

As pessoas insensatas, pelo con-trário, agem de forma que melhor consultem seus interesses materiais, são imediatistas, preocupam-se com as satisfações dos sentidos, colocam os seus interesses mais imediatos acima de tudo. Não respeitam os direitos do próximo. Praticam injus-tiças, fogem das responsabilidades, escapam dos encargos da materni-dade e da paternidade, são frívolas, orgulhosas e materialistas.

As pessoas que vivem de forma sensata, quando assopram os ventos

da adversidade, das provações, das expiações, resignam-se e suportam tudo com estoicismo, compenetra-das de que são regidas por leis sábias e equitativas. Resistem a tudo.

As insensatas, pelo contrário, quando são acossadas pelos ventos adversos, pelas chuvas da intempe-rança, pelos rios das leis de causas e efeitos, esmorecem- se, revoltam-se contra tudo e até contra Deus, chegando muitas vezes às raias do suicídio, das viciações, dos tóxicos, da queda moral. Então, seus Espíri-tos desequilibrados experimentam as mais atrozes expiações, tendo que regressar à Terra, em novas re-encarnações, porém subordinados a desajustes, a fim de que aprendam, em novas lições, a viverem sob os imperativos do bom senso e das responsabilidades.

Sejais Sensatospor Paulo Alves godoy

“Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas palavras e as pratica, assemelhá-lho-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.

E aquele que ouve estas Minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edifi-cou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.”

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA esclarecimento

Blasfêmia

Mais do que nunca so-mos de opinião que o adepto do Espiritismo

precisa estudar, estudar amorosa-mente, a Doutrina que professa, habilitar-se no conhecimento da sua filosofia com a máxima atenção. Estudar Doutrina Espírita, porém, não será, certamente, limitar-se o adepto à leitura rápida de uma pági-na expositiva, uma vez por semana, e comentá-la com seus pares duran-te trinta ou cinquenta minutos. Isso não basta. Será necessário o estudo diário, metódico, a meditação sobre o capítulo escolhido, a assimilação silenciosa a sós com nós mesmos, quando advêm as irradiações be-

do Espiritismo conheça a sua Dou-trina normalmente, ao menos, se não a fundo, que a aprenda na sua verdadeira essência, a fim de que não passe pelo humilhante vexame de não se saber conduzir diante de possíveis ataques de adversários, não apenas da sua crença, mas mes-mo da idéia de Deus. Com o estudo sério, metodizado, bem orientado, a par dos serviços da beneficência para com o próximo e a convivência com os fatos mediúnicos, chegare-mos a interpretar e até a praticar muitos ângulos da Doutrina que esposamos. Então seremos invul-neráveis àqueles ataques, aptos a auxiliar com acerto os que a nós se

por Yvonne A. Pereira

Será necessário o estudo diário, metódico, a meditação sobre o capítulo escolhido...

néficas do Invisível ajudando-nos a penetração do assunto, como se tutelares espirituais nos servissem de mestres. É preciso que o adepto

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009esclarecimento

dirigem, necessitados de esclareci-mentos, sem nos chocarmos diante de quaisquer argumentos que acha-rem por bem nos antepor.

Ora, a falta de conhecimento doutrinário do espírita poderá conduzi-lo a situações difíceis e hu-milhantes, e um amigo nosso acaba de sofrer esse desgosto, exatamente por desconhecer pontos, por assim dizer, vulgares da Doutrina que professamos. É o caso que, em pa-lestra com um médico, por sinal que possuidor de grande sensibilidade afetiva, mas, materialista, ouviu dele expressões chocantes acerca da idéia de Deus, e que o obrigaram a calar-se porque não teve como protestar contra o que ouviu. Revoltado diante da morte de uma criança de um ano de idade, vitimada por um câncer no cérebro, e que não pudera salvar, o médico declarava ao nosso amigo que não desejava entreter relações de amizade “com esse homem a quem chamam Deus”, pois sentia-se superior a ele em todos os ângulos, no sentimento afetivo inclusive, ao passo que “o tal homem tinha coragem de assassinar uma criança indefesa, dando-lhe um câncer no cérebro”. Reportou-se ainda, o médico materialista, a crianças, filhas de pais paupérrimos ou miseráveis, que sucumbem dc inanição por falta de leite com que se alimentem, coisa intolerável para o seu coração, mas que “o tal homem a quem chamam Deus cons-tantemente permite, num sadismo revoltante”. Não aceitava, pois, a existência do Criador e, por isso, diante de um crente, permitiu-se até mesmo expressões de baixo calão, com que supôs ofender a Suprema Divindade.

Atordoado, o nosso amigo, sem saber como responder, visto não ser dedicado ao estudo da filosofia exposta pela Doutrina, apenas pôde retirar-se, assim reagindo contra os impropérios ouvidos. Entretanto, seria fácil ao nosso interlocutor algo dizer, ao menos a título de defesa, ou satisfação à sua própria crença em Deus, ainda que não visando

à conversão do revoltado, pois que, corações e mentes imbuídos de má-vontade de raciocinar sobre as coisas do Espírito somente se convencerão da verdade arrastados pela dor ou através do tempo, e ja-mais por uma simples conversação. Poderia dizer, por exemplo, que a lei estabelecida por Deus, para o bom viver da Humanidade entre si, é o “Amor a Deus e ao próximo como a si mesmo”, mas que ninguém a cumpre, certamente porque a ob-servação dessa lei requer do crente renovação de si mesmo e trabalho, razão pela qual se avantaja o mal entre os homens, atingindo até as crianças. Que, muitas dessas crianças sucumbidas à míngua de alimentos poderiam sofrer menos se os próprios pais as amassem melhor, privando-se do álcool e do fumo, que custam caro, para que o filho tivesse o leite; que, assim pe-nalizado pela sorte de tais crianças, ele, o médico materialista, em vez de insultar Deus, sobre quem jamais raciocinou, ou raciocinou errado, procurasse ser um seu agente para

...muitas dessas crianças sucumbidas à míngua de alimentos poderiam sofrer menos se os próprios pais as amassem melhor

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA esclarecimento

benefício às mesmas, dedicando-se a movimentos humanitários a prol da criança sofredora, pois isso é dever do cidadão bem posto na so-ciedade, visto que todos nós somos agentes naturais do Criador para auxílio e proteção uns aos outros, e não fizesse como o levita da pará-bola messiânica, que se penalizou do ferido caído à beira da estrada, mas passou de largo, sem vontade de socorrê-lo; que uma criança que sucumbe vitimada por um câncer no cérebro estará resgatando terríveis faltas do passado reencar-natório; que tal sofrimento, que, de fato, penaliza, é redenção e não desgraça; que esse Espírito mesmo solicitou tal situação à lei de Deus, antes de reencarnar, acossado pelo arrependimento de erros cometidos em passadas existências, erros que bem poderiam ter sido o suicídio, por exemplo, realizado por um tiro no ouvido, e cujas repercussões vibratórias acarretaram o mal que a Medicina é impotente para reme-diar; ou um crime contra outrem; indiferença, em passada existência, contra as dores de alguma criança a quem poderia ter socorrido, mas a quem não socorreu por não amar o próximo nem a Deus, pois que a indiferença pelos sofrimentos alheios é crime previsto nos códi-gos divinos, porque a lei é “Amor a Deus e ao próximo”; que uma criança que sucumbe pela inanição deveria ter sido, no passado, algum magnata egoísta que viveu para os gozos da vida sem se preocupar com a miséria da criança, ou de quem quer que seja; que nenhuma des-sas supostas desgraças será eterna; que elas desaparecerão quando o homem cumprir aquela lei; que

Deus não fere nem castiga quem quer que seja, ao contrário, suas leis são amorosas e protetoras, mas que a nós próprios cumpre observá-la e praticá-las para não sofrermos as conseqüências das infrações a elas próprias; que tudo isso é evolução e experiência que nos elevarão na escala moral, e que o blasfemo, que tudo desconhece sobre as coisas dc Deus, porque sua pretensão e seu orgulho não o deixam conhecê-las, poderá renascer mudo, por exem-plo, não porque Deus fosse insulta-

do, pois que Ele é inacessível ao in-sulto, por ser o Supremo Absoluto, mas porque o pensamento, de que a palavra se origina, é vibração que se imprime nos refolhos do nosso ser, e, na vida espiritual, quando nos capacitarmos da grandeza e da amorosidade de Deus para conosco, de tal forma nos arrepen-deremos das blasfêmias proferidas contra Deus, envergonhados e in-consoláveis, que nos castigaremos voluntariamente, condenando-nos ao silêncio dc uma existência inteira, a fim de que aprendamos que a palavra é precioso dom que

Deus concede para auxílio ao nosso progresso geral, nossa felicidade e nossa alegria, mas jamais para o insulto e a afronta contra o que quer que seja dentro da Criação, nem mesmo ao mais abjeto verme, e ainda menos contra o Criador de todas as coisas; que assim acontece porque possuímos o livre-arbítrio, somos senhores da nossa própria vontade, somos livres, portanto, de nos premiarmos com a paz da consciência, se bem procedermos, ou de nos castigarmos, se o remorso do mal praticado a isso nos impelir. E, finalmente, que a Revelação dos Espíritos, mostrando todo o ensino da lei celeste de Causa e Efeito, faz compreender no sofrimento o trajeto da redenção do Espírito culpado, ao mesmo tempo que im-pele o homem a suavizar os mesmos sofrimentos, visto que também leva ao cumprimento da lei que tudo resolve e remedeia: “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.”

Ao ouvirmos, pois, blasfêmias de qualquer natureza, que no nos choquemos, decepcionados. Antes, que possamos reprimi-las amigavelmente, usando palavras de amor e esclarecimento, pois que, comumente, o blasfemador é uma alma que também sofre, procuran-do a verdade sem boa vontade para encontrá-la, alma que igualmente devemos amar e servir.

Deus não fere nem castiga quem quer que seja, ao contrário, suas leis são amorosas e protetoras

fonte:

PEREIRA, Yvonne A. À Luz do Consolador.

Págs. 116 – 120. Feb. 1998.

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009história

o Tempo, o Espaço, a matériaPrimordialpor gabriel delanne

O que, em definitivo, importa saber é o que somos, donde viemos

e aonde vamos. A filosofia é im-potente para nos esclarecer a esse respeito, porquanto umas às ou-tras se opõem as conclusões a que chegaram as diferentes escolas. As religiões, proscrevendo a razão e fazendo exclusivamente questão da fé, pretendendo impor a crença em dogmas imaginados quando os conhecimentos humanos ainda se achavam na infância, vêem afastar-se delas os espíritos independentes, que preferem as realidades tangíveis e sempre verificáveis da experiência

a todas as afirmações autoritárias e cominatórias. Vamos justificar os principais ensinos do Espiritis-mo, mostrando que decorrem de minuciosos estudos, harmônicos com as concepções modernas e constituindo uma filosofia religiosa de imponente realidade.

ESPAçoÉ infinito o espaço, pela razão

de ser impossível supor-lhe qual-quer limite e porque, malgrado à dificuldade que encontramos para conceber o infinito, mais fácil nos é, contudo, ir eternamente pelo espaço em pensamento, do que pa-

rarmos num lugar qualquer, depois do qual nenhuma extensão mais houvesse a ser percorrida.

Para imaginarmos, tanto quanto o permitam as nossas faculdades restritas, a infinidade do espaço, imaginemos que, partindo da Terra, perdida em meio do infinito, rumo a um ponto qualquer do Universo, com a velocidade prodigiosa da cen-telha elétrica, que transpõe milhares de léguas num segundo, havendo, pois, percorrido milhões de léguas mal tenhamos deixado este globo, nos achemos num lugar de onde a Terra não nos pareça mais do que vaga estrela. Um instante depois,

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA história

Durante séculos, nossos pais imaginaram que a criação se limitava à Terra que eles habitavam...

seguindo sempre na mesma direção, chegamos às estrelas longínquas, que da nossa morada terrestre mal se percebem. Daí, não só a Terra terá desaparecido das nossas vistas nas profundezas do céu, como tam-bém o Sol, com todo o seu esplen-dor, estará eclipsado pela extensão que dele nos separa. Sempre com a mesma velocidade do relâmpago, transpomos sistemas de mundos, à medida que avançamos pela am-plidão, ilhas de luzes etéreas, vias estelíferas, paragens suntuosas onde Deus semeou mundos na mesma profusão com que semeou as plan-tas nos prados terrestres.

Ora, minutos apenas há que ca-minhamos e já centenas de milhões de léguas nos separam da Terra, milhares de milhões de mundos passaram sob os nossos olhares e, entretanto, escutai bem! Na realida-de, não avançamos um único passo no Universo.

Se continuarmos durante anos, séculos, milhares de séculos, mi-lhões de períodos cem vezes secula-res e incessantemente com a mesma velocidade do relâmpago, nada teremos avançado, qualquer que seja o lado para onde nos encami-nhemos e qualquer que seja o ponto para onde nos dirijamos, a partir do grão invisível que deixamos e que se chama Terra.

Eis o que é o espaço!Justificação desta teoria:Concordam essas poéticas e

grandiosas definições com o que sabemos de positivo sobre o Univer-so? Concordam, porquanto, suces-sivamente, a luneta, o telescópio e a fotografia nos hão feito penetrar, cada vez mais longe, no campo do infinito.

Durante séculos, nossos pais imaginaram que a criação se limita-va à Terra que eles habitavam e que julgavam chatas. O céu era apenas uma abóbada esférica onde se acha-vam incrustados pontos brilhantes chamados estrelas. O Sol era tido como um facho móvel destinado a distribuir claridade. Nós, terrícolas, éramos os únicos habitantes da criação, feita especialmente para nosso uso. A observação, mais tar-de, facultou reconhecer-se a marcha

das estrelas; a abóbada celeste se des-locava, arrastando consigo todos os pontos luminosos. Depois, o estudo dos movimentos planetários e a fixi-dez da Estrela Polar levaram Tales de Mileto a reconhecer a esfericidade da Terra, a obliqüidade da eclíptica e a causa dos eclipses.

Pitágoras conheceu e ensinou o movimento diurno da Terra sobre seu eixo, seu movimento em torno do Sol e ligou os planetas e os cometas ao sistema solar. Esses conhecimentos precisos datam de 500 anos a.C. Mas, sabidas apenas de alguns raros iniciados, tais ver-dades foram esquecidas e a massa

humana continuou a ser joguete da ilusão. Foi preciso surgisse Galileu e se desse a descoberta da luneta, em 1610, para que concepções exatas viessem retificar os antigos erros.

Desde então, o Universo se apresenta qual realmente é. Reco-nhece-se que os planetas são mun-dos semelhantes à Terra e muito provavelmente habitados também; que o Sol mais não é do que um astro entre inúmeros outros; que com o telescópio se percebem as estrelas e as nebulosas disseminadas pelo espaço sem limites, a distâncias incalculáveis; que, finalmente, a fotografia, recente descoberta do gênio humano, revela a presença de mundos que o olhar do homem jamais contemplara, nem mesmo com o auxílio dos mais possantes instrumentos.

As chapas fotográficas que hoje se preparam são não somente sen-síveis a todos os raios elementares que afetam a retina, mas alcançam também as regiões ultravioletas do espectro e as regiões opostas, as do calor obscuro (infravermelho), nas quais o olhar humano é impotente para penetrar.

Assim é que os irmãos Henry conseguiram tornar conhecidas estrelas da 17ª grandeza, as quais nenhum olho humano ainda perce-bera. Descobriram também, para lá das Plêiades, uma nebulosa, invisí-vel devido ao seu afastamento.

À medida que os nossos pro-cessos de investigação se ampliam, a natureza recua os limites do seu império. Ao passo que os mais po-derosos telescópios não revelavam, num canto do céu, mais que 625 estrelas, a fotografia tornou conhe-cidas 1.421. Assim, pois, em parte

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009história

O tempo é a sucessão das coisas

alguma o vácuo, por toda parte e sempre as criações a se desdobrarem em número indefinido! As inson-dáveis profundezas da amplidão fatigam, pela sua imensidade, as imaginações mais ardentes. Pobres seres chumbados num imperceptí-vel átomo, não podemos elevar-nos a tão sublimes realidades.

o TEmPoAos mesmos resultados che-

gamos, quando queremos avaliar o tempo. Os períodos cósmicos nos esmagam com um formidável amontoado de séculos. Ouçamos mais uma vez o nosso instrutor espiritual.

“O tempo, como o espaço, é uma palavra que se define a si mesma. Mais exata idéia dele se faz, estabelecendo-se a relação que guarda com o todo infinito.

O tempo é a sucessão das coisas.

Está ligado à eternidade, do mes-mo modo pelo qual essas coisas se acham ligadas ao infinito. Suponha-mo-nos na origem do nosso mundo, naquela época primitiva em que a Terra ainda não se balouçava sob a impulsão divina. Numa palavra: no começo da gênese.

Aí, o tempo ainda não saiu do misterioso berço da Natureza e ninguém pode dizer em que época de séculos está, pois que o balancim dos séculos ainda não foi posto em movimento.

Mas, silêncio! a primeira hora de uma Terra isolada soa no reló-gio eterno, o planeta se move no espaço e, desde então, há tarde e manhã. Fora da Terra, a eternidade permanece impassível e imóvel, se bem o tempo avance para muitos outros mundos. Na Terra, o tempo a substitui e, durante uma série de-terminada de gerações, contar-se-ão os anos e os séculos.

Transportemo-nos agora ao úl-timo dia deste mundo, à hora em que, curvado sob o peso da vetustez, a Terra se apagará do livro da vida, para aí não mais reaparecer. Nesse ponto, a sucessão dos eventos se detém, interrompem-se os movi-mentos terrestres que mediam o tempo e este finda com eles.

Quantos mundos na vasta am-plidão, tantos tempos diversos e incompatíveis. Fora dos mundos, só a eternidade substitui essas efême-ras sucessões e enche, serenamente, da sua luz imóvel, a imensidade dos céus. Imensidade sem limites e eternidade sem limites, tais as duas grandes propriedades da natureza universal.

Agem concordes, cada uma na sua senda, para adquirirem esta dupla noção do infinito: extensão e duração, assim o olhar do obser-vador, quando atravessa, sem nunca ter de parar, as incomensuráveis distâncias do espaço, como o do geólogo, que remonta até muito além dos limites das idades, ou que desce às profundezas da eternidade onde eles um dia se perderão.”

Também estes ensinamentos a Ciência os confirma. Malgrado à dificuldade do problema, os físicos, os geólogos hão tentado avaliar os inumeráveis períodos de séculos de-

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA história

corridos desde a formação da nossa Terra e as mais fracas avaliações mostram quão infantis eram os seis mil anos da Bíblia.

Segundo Sir Charles Lyell, que empregou os métodos usados em Geologia – métodos que consistem em avaliar-se a idade de um terreno pela espessura da câmara sedimen-tada e a rapidez provável da sua erosão –, ao cabo de numerosas ob-servações feitas em todos os pontos do globo, mais de trezentos milhões de anos transcorreram depois da so-lidificação das camadas superficiais do nosso esferóide.

As experiências do professor Bischoff sobre o resfriamento do basalto, diz Tyndall, parecem provar que, para se resfriar de 2.000 graus a 200 graus centígrados, precisou o nosso globo de 350 milhões de anos. Quanto à extensão do tempo que levou a condensação por que teve de passar a nebulosa primitiva para chegar a constituir o nosso sistema planetário, essa escapa inteiramente à nossa imaginação e às nossas con-jeturas. A história do homem não passa de imperceptível ondulação na superfície do imenso oceano do tempo.

Entremos agora no estudo do nosso planeta e vejamos quais os ensinos dos Espíritos sobre a maté-ria e a força.

A UNIdAdE dA mATéRIA“À primeira vista, nada parece

tão profundamente variado, tão essencialmente distinto, quanto as diversas substâncias que compõem o mundo. Entre os objetos que a arte ou a natureza diariamente nos fazem passar sob as vistas, não há dois que acusem perfeita identida-

de, ou, sequer, simples paridade de composição. Que dessemelhanças, do ponto de vista da solidez, da compressibilidade, do peso e das propriedades múltiplas dos corpos, entre os gases atmosféricos e um fio de ouro; entre a molécula aquosa da nuvem e a do mineral que for-

ma a carcaça óssea do globo! Que diversidade entre o tecido químico das variadas plantas que adornam o reino vegetal e o dos representantes, não menos numerosos, da animali-dade na Terra!

Entretanto, podemos pôr por princípio absoluto que todas as substâncias, conhecidas ou desco-nhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam, quer do ponto de vista da constituição íntima, quer no que concerne à ação que reciprocamente exercem, não são, de fato, senão modos diversos sob os quais a ma-téria se apresenta, senão variedades em que ela se transformou, sob a direção das inúmeras forças que a governam.

Decompondo todos os corpos conhecidos, a Química chegou a um certo número de elementos irredu-tíveis a outros princípios; deu-lhes o nome de corpos simples e os con-sidera primitivos, porque nenhuma operação até hoje pôde reduzi-los a partes relativamente mais simples do que eles próprios.

Mas, mesmo onde param as apreciações do homem, auxiliado pelos seus mais impressionáveis sentidos artificiais, a obra da Natu-reza continua; mesmo onde o vulgo toma como realidade a aparência, o olhar daquele que pôde apreender o modo de agir da Natureza, apenas

...todas as substâncias... não são, de fato, senão modos diversos sob os quais a matéria se apresenta

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009história

vê, sob os materiais constitutivos do mundo, a matéria cósmica primiti-va, simples e una, diversificada em certas regiões, na época do nasci-mento deles, distribuída em corpos solidários durante a vida e que, por decomposição, se desmembram um dia no receptáculo da extensão.

Tal diversidade se observa na ma-téria, porque, sendo em número ili-mitado as forças que lhe presidiram às transformações e as condições em que estas se produziram, ilimitadas não podiam também deixar de ser as próprias combinações várias da matéria.

Logo, quer a substância que se considere pertença aos fluidos pro-priamente ditos, isto é, aos corpos imponderáveis, quer se ache reves-tida dos caracteres e das proprieda-des ordinárias da matéria, não há, em todo o Universo, mais do que uma única substância primitiva: o cosmos, ou matéria cósmica dos uranógrafos.”

O ensino é claro, formal: existe uma matéria primitiva, da qual de-correm todos os modos que conhe-cemos. Terá a ciência confirmado esta maneira de ver? Tomando-se as coisas ao pé da letra, não há negar que essa substância ainda não é conhecida; mas, pesando-se maduramente todos os fatos que vamos expor, torna-se fácil verificar que, se a demonstração direta ainda não foi dada, a tese da unidade da matéria é muito provável e encontra cabimento nas mais fundamentadas opiniões filosóficas dos físicos.

Justificação desta teoria – O estado molecular:

Uma das maiores dificuldades com que defrontamos quando que-remos estudar a Natureza é a de no-la

representarmos tal qual ela é. Quan-do se vêem massas de mármore de granulação fina e cerrada, enormes barras de ferro suportando pesos gigantescos, torna-se difícil admitir que esses corpos são formados de partículas excessivamente pequenas, que não se tocam, chamadas átomos nos corpos simples e moléculas nos corpos compostos. A extrema tenuidade desses átomos escapa à

imaginação. O pó mais impalpável é grosseiro, a par da divisibilidade a que pode chegar.

Disso dá Tyndall um exemplo frisante. Dissolvendo-se um grama de resina pura em 87 gramas de álcool absoluto, deitando-se a solu-ção num frasco de água cristalina e agitando-se fortemente o frasco, ver-se-á o líquido tomar uma coloração azul, devida às moléculas da resina em dissolução. Pois bem, Huxley, examinando essa mistura com o seu mais poderoso microscópio, não conseguiu ver partículas distintas: é que elas tinham, de tamanho, menos de um quarto do milésimo de milímetro!

Também o mundo vivente é for-mado de moléculas orgânicas, em que os átomos entram como partes

constituintes. Segundo o Padre Sec-chi, em certas diátomas circulares, de diâmetro igual ao comprimento de uma onda luminosa (dois mi-lésimos de milímetro), se podem contar, sobre esse diâmetro, mais de cem células, cada uma das quais composta de moléculas de diferentes substâncias!

Outros vegetais e infusórios microscópicos são menores, em tamanho, do que uma onda lumi-nosa e, no entanto, possuem todos os órgãos necessários à nutrição e às funções vitais. Em suma, é quase indefinida a divisibilidade da maté-ria, pois, se considerarmos que um miligrama de anilina pode colorir uma quantidade de álcool cem mi-lhões de vezes maior, forçoso será desistir de fazer qualquer idéia das partes extremas da matéria.

E esses infinitamente pequenos se acham separados uns dos outros por distâncias maiores do que os seus diâmetros; estão incessante-mente animados de movimentos diversos e a mais compacta massa, o metal mais duro são apenas agre-gados de partículas semelhantes, porém afastadas umas das outras, em vibrações ou girações perpétuas e sem contacto material entre si. A compressibilidade, isto é, a faculda-de que possuem todos os corpos de ser comprimidos, ou, por outra, de ocupar um volume menor, põem essa verdade fora de toda dúvida.

A difusão, isto é, o poder que têm duas substâncias de se penetra-rem mutuamente, também mostra que a matéria não é contínua.

Examinando-se uma pedra jacen-te na estrada, julga-se que está em repouso, pois não é vista a deslocar-se. Quem, no entanto, lhe pudesse

...existe uma matéria primitiva, da qual decorrem todos os modos que conhecemos

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Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA história

fonte:

DELANNE, Grabriel. A Alma é Imortal. cap.

II. Feb.

penetrar na intimidade da substân-cia, para logo se convenceria de que todas as suas moléculas se acham em incessante movimento. No estado ordinário, esse formigamento é de todo imperceptível. Entretanto, poderemos aperceber-nos dele, se bem que de modo grosseiro, se notarmos que os corpos aumentam ou diminuem de volume, isto é, se dilatam ou contraem – sem que suas massas sofram qualquer alteração – conforme a temperatura neles se eleva ou decresce. Essas mudanças dão a ver que é variável o espaço que separa as moléculas e guarda relação com a quantidade de calor que os corpos contêm no momento em que são observados.

Desse conhecimento resulta que no interior dos corpos, brutos e na aparência imóveis, se executa um trabalho misterioso, uma infinidade de vibrações infinitamente peque-nas, um equilíbrio que de contínuo se destrói e restabelece, e cujas leis, variáveis para cada substância, dão a cada uma a sua individualidade. Do mesmo modo que os homens se distinguem uns dos outros segundo a maneira com que suportam o jugo das paixões ou lutam contra elas, também as substâncias minerais se distinguem umas das outras pela ma-neira com que suportam os choques e contra eles reagem.

Ter-se-ão estudados esses mo-vimentos internos? Ainda não se puderam observar diretamente os deslocamentos moleculares, senão na sua totalidade, pois que os mais poderosos microscópios não nos permitem ver uma molécula; mas, os fenômenos que se produzem nas reações químicas e a aplicação que se lhes fez da teoria da transformação

do calor em trabalho, e reciproca-mente, possibilitaram comprovar-se que estas últimas divisões da matéria se acham submetidas às mesmas leis que presidem às evoluções dos sóis no espaço. Também ao mundo atômico são aplicadas as regras fixas da mecânica celeste, o que mostra, inegavelmente, a admirável unidade

que rege o universo. Graças aos progressos das ci-

ências físicas, admite-se hoje que todos os corpos têm suas moléculas animadas de duplo movimento: de translação ou oscilação em torno de uma posição mediana e de libração (balanço) ou de rotação em torno de um ou muitos eixos. Esses movimen-tos se efetuam sob a influência da lei de atração. Nos corpos sólidos, as moléculas se encontram dispostas segundo um sistema de equilíbrio ou de orientação estável; nos líqui-dos, acham-se em equilíbrio instável; nos gases, estão em movimento de rotação e em perpétuo conflito umas com as outras.

Todos os corpos da Natureza, assim inorgânica, como vivente, se acham submetidos a essas leis. Seja a asa de uma borboleta, a pétala de

uma rosa, a face de uma donzela, o ar impalpável, o mar imenso ou o solo que pisamos, tudo vibra, gira, se balança ou se move. Mesmo um cadáver, embora a vida o haja abandonado, constitui um amonto-ado de matéria, cada uma de cujas moléculas possui energias que não lhe podem ser subtraídas. Repouso é palavra carente de sentido.

Veja-se Allan Kardec, A Gênese, cap. VI, “Uranografia geral.”

Citamos, sintetizando-os, os ensinos principais dos nossos instrutores espiri-tuais, relativos ao espaço, ao tempo, à matéria e à força. Essas noções nos pare-cem absolutamente indispensáveis para se conhecer a matéria de que é formado o perispírito.

Tyndall, O Calor, pág. 423.Sabe-se que o diâmetro do Sol era, pri-

mitivamente, o da própria nebulosa. Para se fazer uma idéia do calor gerado pelo fenômeno colossal da condensação, basta lembrar que se calculou que, se o diâmetro do Sol se encurtasse da décima milésima parte do seu valor, o calor gerado por essa condensação chegaria para manter durante 21 séculos a irradiação atual, que é igual, por ano, ao calor que resultaria da combustão de uma camada de hulha de 27 quilômetros de espessura, cobrindo completamente o Sol. Se a diminuição de 1/10000 do disco solar corresponde a 21 séculos de irradiação, vê-se que números formidáveis, gigantescos, de séculos em-pregou a nebulosa solar para se reduzir ao volume atual do nosso astro central.

Berthelot, Ensaio de mecânica quími-ca, t. II, pág. 757.

Moutier, Termodinâmica.

...admite-se hoje que todos os corpos têm suas moléculas animadas de duplo movimento

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FidelidadESPÍRITA | Agosto 2009

fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

31. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo martins

com todas as letras

você pode usar duas Negativas juntas

Você já ouviu alguém dizer que duas ne-gativas juntas dão um sentido contrário (ou seja, positivo) ao texto? Se ouviu,

esqueça essa consideração. Ela pode ser válida em matemática e até em outros idiomas, mas, em por-tuguês, pelo menos, você pode usar tranqüilamente duas palavras como essas na mesma frase.

Veja os exemplos, para que não restem dúvi-das:

Não disse nada. / Ninguém lhe perguntou coisa nenhuma. / Não conheceram nunca pessoa tão feia. / Jamais ninguém ali entrou. / Não tinham coisa nenhuma para comer: / A festa chegou ao fim sem (é uma negativa) que ninguém fizesse uma reclamação sequer.

São erradas, isto sim, construções em que haja uma negativa antes (ninguém, nada, nem ou outra qualquer) e o advérbio não depois, como nestes casos: Nem eu “não” pude ver. O certo: Nem eu pude ver. / Nada que o contrariasse “não” podía-mos fazer. O certo: Nada que o contrariasse podíamos fazer. / Ninguém “não” fez. O certo: Ninguém fez. / Nenhum deles “não” chegou ainda. O certo: Nenhum deles chegou ainda.

- Atenção especial exige a palavra nada. Antes do verbo, ela dispensa outra negativa: O jogador nada fez em campo. / Ele de nada foi informado. / A imprensa nada publicou sobre o caso.

Se vem depois do verbo, pede outra negativa: O jogador não fez nada em campo. / Ele não foi informado de nada. / Ninguém lhe disse nada. / Saiu correndo, sem pensar em mais nada.

Assim, são erradas formas como: Ele fez nada em campo (O certo: Não fez nada). / A moça gostou nada do presente (O certo: Não gostou nada). / A emissora gasta quase nada no programa (O certo: Não gasta quase nada). / Ela quer nada (O certo: Não quer nada).

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Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

“Prossigo para o alvo.” — Paulo. (Filipenses, 3:14.)

Para o Alvo

Quando Paulo escreveu aos filipenses, já pos-suía vasta experiência de apostolado.

Doutor da Lei em Jerusalém, abandonara as vaidades de raça e de família, rendendo-se ao Mestre em santificadora humildade.

Após dominar pela força física, pela cultura intelectual e pela inteligência nobre, voltou-se para o tear obscuro, conquistando o próprio sustento com o suor diário. Ingressando nos espinhosos testemunhos para servir ao próximo, por amor a Jesus, recebeu a ironia e o desamparo de familiares, a desconfiança e o insulto de velhos amigos, os açoites da maldade e as pedradas da incompreensão.

O convertido de Damasco, no entanto, jamais desanimou, prosseguindo, invariavelmente, para o alvo, que, ainda e sempre, é a união divina do discípulo com o Mestre.

Quantos aprendizes estarão, atualmente, dis-postos ao grande exemplo?

Espalham-se, em vão, os convites ao sublime banquete, debalde envia Jesus mensageiros aos estudantes novos, revelando a excelência da vida

superior. A maioria deles, contudo, abrange operários fugitivos, plenamente distraídos da realização... Perdem de vista a obra por fazer, de-sinteressam-se das lições necessárias e esquecem as finalidades da permanência na Terra. Comu-mente, nos primeiros obstáculos mais fortes da marcha, nas corrigendas iniciais do serviço, põem-se em lágrimas de desespero, acabrunhados e tristes. Declaram-se, incompreensivelmente, desalentados, vencidos, sem esperança...

A explicação é simples, todavia. Perderam o rumo para o Cristo, seduzidos por espetáculos fugazes, nas numerosas estações da jornada espi-ritual, e, por esquecerem o alvo sublime, chega de modo inevitável o instante em que, cessados os motivos da transitória fascinação, se sentem angustiados, como viajores sedentos nos áridos desertos da vida humana.

Agosto 2009 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

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