Revista02 Tendencias Do Acai

52
 1

Transcript of Revista02 Tendencias Do Acai

1

CAPAPRODUO: PerformanceCG FOTO: Promoo Carnaval de Frutas realizada em loja da Rede Carrefour na Espanha no ms de abril com organizao IBRAF e apoio da APEX-Brasil.

SUMRIO

junho 2006

29 06ENTREVISTA

14 37SEES04 editorialCarta ao leitor.

06 PRODUTOR DEVE PREPARAR-SEPARA VENDEREntrevista com Sussumu Honda, presidente da APAS, fala sobre a relao fruticultor-varejo.

FRUTAS FRESCAS

14 VITRIAS E DESAFIOS

Considerado como pequena cultura, o mamo enfrenta problemas na produo e comercializao.

06 espao do leitorSugestes, crticas, dvidas enviadas pelos leitores.

COMERCIALIZAO

18 QUALIDADE O FUTURO

10 campo de notciasPanorama dos principais acontecimentos do trimestre

Produtores e varejo apontam aes para vender melhor as frutas, que continuam tendo perdas na cadeia.

12 no pomarLanamentos, dicas, normas e leis do setor.

34 tecnologiaPesquisa desenvolve novas formas para embalagem.

AGROINDSTRIA

40 opinioGabriel Vicente Bitencourt de Almeida - Fruta tem que ser gostosa!

29 AA, DE FRUTA EXTICA AVEDETE DE CONSUMOComo a industrializao do aa conseguiu popularizar a fruta e torn-la produto cobiado no Brasil e exterior.

41 agendaAcontecimentos do trimestre

42 especialO promissor mercado italiano para as frutas nacionais.

45 artigo tcnicoQualidade diferencia comercializao de macadmia

MEIO AMBIENTE

48 fruta na mesaTempo de morango.

37 DE VOLTA AO EQUILIBRIO

Manejo ecolgico de pragas ajuda a recuperar a sade do pomar e do homem.

49 projetos IBRAFLanado plano de desenvolvimento para frutas processadas.

50 produtos e servios

editorialDIRETOR PRESIDENTE Moacyr Saraiva Fernandes

Preservar a qualidade da fruta produzida com tanta dedicao e tecnologia o maior desafio depois da colheita. A deciso pela embalagem correta e, posteriormente, a forma da comercializao determinam as condies em que as frutas chegaro at a mesa do consumidor. O fruticultor precisa acondicionar melhor suas frutas, alerta o varejo. Na outra ponta, o produtor reclama dos baixos preos. A experincia da Itaueira, empresa do Nordeste, demonstra que vale a pena todo o investimento para levar um produto diferenciado ao mercado. Na regio Norte do Pas, a persistncia de um grupo de pessoas da Amazonfrut, aliada divulgao espontnea na mdia, mudou a realidade do aa. A notoriedade da frutinha amaznica transformou vidas e tornou-se fonte de renda para a agroindstria instalada na regio. E a cultura do mamo, que j teve tempos ureos no interior paulista, hoje, vive momentos importantes na Bahia, Esprito Santo e Rio Grande do Norte, principalmente com a abertura do mercado norte-americano. a oportunidade do mamo nacional decolar na incipiente exportao. Embalagens e Produo contam com o apoio da Pesquisa, que traz novas variedades, novas formas de embalar - como os filmes comestveis para envolver noz macadmia e outras frutas e novas embalagens para colheita, como a cesta para figo Roxo de Valinhos. Essas informaes, e outras mais, voc vai encontrar na segunda edio da Frutas e Derivados, iniciativa do Instituto Brasileiro de Frutas, para falar de perto com a cadeia frutcola. Um abrao a todos e boa leitura. Marlene Simarelli [email protected]

VICE PRESIDENTE Aristeu Chaves Filho TESOUREIRO Jos Benedito de Barros DIRETORES Carlos Prado (Superintendente Nordeste) Roland Brandes (Superintendente Sul) Etlio de Carvalho Prado, Jean Paul Gayet, Paulo Policarpo Mello Gonalves, Waldyr S. Promicia. CONSELHEIROS Luiz Borges Jr., Andr Luiz Grabois Gadelha, Amrico Tavares, Carla Castro Salomo, Dirceu Colares, Fernando Brendaglia de Almeida, Francisco Cipriano de Paula Segundo, James C. Bryon, Sylvio Luiz Honrio, Washington Dias. COMIT TCNICO-CIENTFICO Antnio Ambrsio Amaro (Presidente) Admilson B. Chitarra, Alberto Carlos de Queiroz Pinto, Aldo Malavasi, Anita Gutierrez, Carlos Ruggiero, Fernando Mendes Pereira, Geraldo Ferreguetti, Helosa Helena Barreto de Toledo, Jos Carlos Fachinello, Jos Fernando Durigan, Jos Luiz Petri, Jos Rozalvo Andrigueto, Josivan Barbosa de Menezes, Juliano Aires, Lincoln C. Neves Filho, Luiz Carlos Donadio, Osvaldo Kiyoshi Yamanishi, Rose Mary Pio, Tales Wanderley Vital. COMIT DE MARKETING Jean Paul Gayet (Presidente) Paulo Policarpo Mendes Gonalves, Pedro Carvalho Burnier, Waldyr S. Promicia, Elis Simone Ferreira Fernandes, Fabio Nino, James Howard Beeny, Angela Maria Maciel da Rocha, Sergio Abreu, Rogrio de Marchi.

FOTO ARQUIVO IBRAF

CONSELHO EDITORIAL Moacyr Saraiva Fernandes Maurcio de S Ferraz Valeska de Oliveira COORDENAO Luciana Pacheco [email protected] EDIO Marlene Simarelli MTb 13.593 [email protected] REDAO Beth Melo, Marlene Simarelli, Samara Monteiro REVISO Vera Bison COLABORARAM NESTA EDIO Luciana Pacheco (texto). PUBLICIDADE Jos Carlos Pimenta Telefone (11) 3223-8766 [email protected] PRODUO DE CONTEDO ArtCom Assessoria de Comunicao R. Reginaldo Sales, 186 - sala 2 - Vila Maria CEP 13041-780 - Campinas - SP Telefone (19) 3237-2099 [email protected] DIREO DE ARTE E PRODUO GRFICA Performance Design Grfico S/C Ltda. Rua Tobias Monteiro, 160 - Sala 02 - Jd. Aeroporto CEP 04355-010 - So Paulo - SP Telefones (11) 5034.8806 / 5034.7806 [email protected] CIRCULAO Distribuio gratuita do IBRAF - Instituto Brasileiro de Frutas Telefone: (11) 3223-8766 [email protected] IMPRESSO E ACABAMENTO Copypress Distribuio: nacional. Tiragem: 6.000 exemplares. Frutas e Derivados uma publicao trimestral do IBRAF - Instituto Brasileiro de Frutas, distribuda a profissionais ligados ao setor. Os artigos assinados no refletem, necessariamente, a opinio do Instituto. Para a reproduo do artigo tcnico e do artigo opinio, necessrio solicitar autorizao dos autores. A reproduo das demais matrias publicadas pela revista permitida, desde que citados os nomes dos autores, a fonte e a devida data de publicao.

fale conoscoREDAO para enviar sugestes, comentrios, crticas e dvidas [email protected] ASSINATURA a assinatura gratuita e para solicitar seu exemplar [email protected] ou pelo telefone (11) 3223-8766 ANUNCIOS para anunciar na Frutas e Derivados [email protected] ou pelo telefone (11) 3223-8766

ESPAO DO LEITOR

Tomei conhecimento da nova publicao do Ibraf, a Frutas e Derivados, e devo cumpriment-los pela qualidade e contedo da mesma. Sem qualquer dvida, trata-se de uma colaborao de grande importncia para o desenvolvimento da fruticultura brasileira.Celso Monnerat Araujo Rio de Janeiro, RJ

Parabenizo pela iniciativa do Instituto Brasileiro de Frutas IBRAF de estar cada vez mais preocupado com este segmento, que a fruticultura. Agradeo ao conselho editorial, em especial ao Maurico de S Ferraz.Agrotop Comercial Ltda. e Sindicato dos Permissionrios em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de So Paulo (representado pelo diretorpresidente Jos Robson Coringa Bezerra)

Recebi a revista Frutas e derivados e estou muito grato, pois acredito ser um marco para a Fruticultura Brasileira. uma revista que, a meu ver, veio para somar e nos unir ainda mais. Muito obrigado e parabns!Celiomar Fragas Engenheiro Agrnomo - Araguari, MG

Li o primeiro nmero da revista e gostei bastante. O nosso contato permanente muito interessante para fruticultura.Nilberto Bernardo Soares Centro de Fruticultura do Instituto Agronmico de Campinas - Jundia, SP

ESCREVA PARA

Avenida Ipiranga, 952 12 andar CEP 01040-906 So Paulo/SP Fax (11) 3223-8766 e-mail:[email protected]

6

ENTREVISTA

SUSSUMU HONDA

ARQUIVO APAS

PRODUTORMarlene Simarelli A seo de hortifruti a menina dos olhos dos supermercados. E no para menos. Enquanto compras de outros produtos levam o consumidor quinzenalmente s lojas, a seo de hortifruti leva-o at trs vezes por semana e acaba induzindo compra de outros produtos. H 25 anos, as feiras livres lideravam as vendas de hortifrutis nas grandes cidades e quitandas, nas pequenas e mdias. O setor cresceu, ganhou equipamentos refrigerados para manuteno da qualidade dos produtos, profissionalizou-se. Atualmente, a relevncia to grande que a Associao Paulista de Supermercados Apas organizou uma feira especialmente dedicada ao setor a FLV. Este ano em sua terceira

DEVE PREPARAR-SE PARA VENDERedio, em julho, contar, pela segunda vez, com o apoio do Instituto Brasileiro de Frutas Ibraf. As frutas, pelo alto valor agregado, representam 50% da seo de hortifruti. Mas a relao fruticultor-varejo ainda precisa ser aperfeioada para que ambos tenham rentabilidade. O presidente da Apas, Sussumu Honda, tambm um dos vice-presidentes da Associao Brasileira de Supermercados Abras e diretor da rede de supermercados Ricoy Terranova, com 35 anos de atuao no ramo de supermercados, dos quais 25 dedicados s atividades das entidades de classe e luta pela evoluo supermercadista, fala sobre essa relao e as expectativas do consumidor quanto s frutas.7

ENTREVISTA

SUSSUMU HONDA

Frutas e Derivados - Quanto o setor de FLV (Frutas, Legumes e Verduras) representa no faturamento dos supermercados? E as frutas, quanto representam dentro desse total? Sussumu Honda - O faturamento mdio do setor de FLV nos diversos modelos de loja, em 2005, foi algo em torno de R$ 3,2 bilhes no estado de So Paulo, que representou 8% do nosso negcio. As frutas, por seu alto valor agregado, respondem por 4% ou R$ 1,6 bilhes desse faturamento. Os mercados so distintos em relao s demais regies do Brasil, mas o faturamento do FLV representou tambm 8% do nosso negcio ou cerca de R$ 8 bilhes, sendo que So Paulo 40% desse mercado.

porque denigre a imagem dele. O produtor precisa se preocupar com isso. Ns temos regies produtoras que no do uma adequao para produo. Essa questo precisa ser trabalhada mais institucionalmente. Frutas e Derivados - O consumidor reclama da qualidade das frutas que encontra? Se no, por qu? Sussumu Honda - Nas lojas de bairro, onde h maior contato pessoal, o consumidor reclama sim. Mas num hipermercado, numa loja de grande porte, muito difcil. Ele no tem por hbito reclamar nas grandes lojas at cultural. Ele no encontrar uma pessoa para atend-lo e, quando encontra, somente o repositor; ento no se estabelece o processo de comunicao na grande loja. Acho importante que tenha essa pessoa para que a informao chegue ao setor comercial, mas hoje no temos isso como uma prtica. Frutas e Derivados - Quais os principais entraves nesse setor do varejo? E na comercializao de frutas? O que fazer para san-los? Sussumu Honda - Precisamos caminhar para a classificao e padronizao dos produtos em tamanho e qualidade. importante, tambm, trabalhar a padronizao das embalagens para que possamos, dentro das operaes logsticas, ter uma diminuio dos custos de manipulao. Ainda temos muitas operaes e quando no h embalagens adequadas, a quebra muito grande e quem arca com a conta o produtor. O setor de distribuio no cobre as perdas do processo depois da produo, porque se ficar caro, o consumidor no compra. Ento h o rebate de preos, que acaba voltando, tipo efeito bumerangue, e reduzindo receita da produo. E na hora da compra, o produto comprado por um valor menor, j considerando as perdas. Frutas e Derivados - O que o varejo espera do produtor de frutas? Sussumu Honda - O produtor precisa cuidar da classificao e padronizao das frutas, e vender em embalagens paletizveis e adequadas s operaes logsticas porque reduz o custo de operao. Na Ceagesp, a descarga ainda feita em carrinhos. Ento, as grandes redes no pegam na Ceagesp, pois no conseguem fazer a operao e so obrigadas a montar centrais prprias de distribuio. Mas, para o varejo, como um todo, isso no serve porque s as grandes redes tm operaes centralizadas na rea de frutcolas.

O supermercado no pode dar o mesmo tratamento para produtos perecveis e industriais.Frutas e Derivados - Quais os fatores que podem aumentar a venda de frutas? Sussumu Honda - A degustao um fator positivo para aumentar as vendas no setor, que no se v em supermercados, mas est presente em feiras e sacoles. Outro fator a venda assistida ao consumidor. Nesse caso, importante ter algum com conhecimento para orientar no processo de compra. Quando o consumidor tem uma venda assistida, ele compra mais. Aes de marketing tambm poderiam ser feitas pelas prprias lojas, mas nada impede que um produtor faa. Acredito que essas aes seriam difceis de ser feitas pelo prprio produtor, pois ele trabalha com uma ou duas frutas e tambm devido aos custos elevados. Mas a prpria rentabilidade do FLV consegue gerar receita para aes de marketing de frutas nas lojas. Frutas e Derivados - Quais caractersticas o consumidor considera ao comprar frutas? Sussumu Honda - H dados que mostram que quando o consumidor escolhe o produto, o principal item de opo a qualidade intrnseca do produto, no s a aparncia. Ento, ele no quer levar uma laranja que esteja bonita, mas ao chegar em casa, descobre que est seca por dentro. Hoje encontramos abacaxi azedo, melancia fora do ponto, laranja sem doce e uvas cidas demais. Existem qualidades que precisam ser preservadas, sem as quais esse produto no pode ir para o mercado8

ENTREVISTA

SUSSUMU HONDA

Classificao e padronizao podem atrair consumidores que, cada vez mais, compram frutas em supermercados.

Frutas e Derivados - Como impulsionar a relao produtor-varejo? Sussumu Honda - Temos dois tipos de relao: a direta da produo com o varejo, que pode ser aperfeioada, e a relao com os distribuidores; ambas so importantes. A relao do produtor diretamente com o setor de varejo tem que ser uma relao em que os dois lados se envolvam, tem que ser uma relao ganha-ganha. O que vemos muitas vezes no mercado, em funo da concorrncia e de outros fatores, que o produtor no est preparado para negociar, quando vai ao varejista. Ele tem tcnicas de produo, mas no de negociao. Ele acaba negociando de uma forma que no traz o benefcio que queria. Todo produtor precisa se preparar para a negociao, assim como ns nos preparamos para negociar, porque se fizer um contrato inadequado pode perder a rentabilidade da produo dele. Frutas e Derivados - Para o varejo, a compra de frutas ainda mais eficiente atravs do atacado? Por qu? Sussumu Honda - Ainda , porque o sistema atacadista o grande formador de preos. O produtor tem que ter referncia, bem como o comprador, e os centros atacadistas de distribuio so os formadores de preo. Relao direta existe dentro do contexto, mas o varejo, com distribuio centralizada, ainda uma parcela pequena. Hoje, 80% da distribuio ainda est muito ligada formao de preo e o varejista ainda vai buscar no centro atacadista a necessidade de produtos do FLV. Frutas e Derivados - Hoje, salvo excees, o produtor mais profissional recebe o mesmo valor por suas frutas que os demais. Isso no desestimula a melhoria dos produtores? Sussumu Honda - No Brasil, o consumidor, de maneira geral, no paga por segurana alimentar.

O comportamento est mudando e o consumidor est comeando a ser mais consciente e a postura est refletida no crescimento dos orgnicos. um processo lento porque tem a ver tambm com a renda do brasileiro. Mas cerca de 50% das pessoas que freqentam o FLV esto preocupadas com a questo sade. Frutas e Derivados - H reclamaes de devoluo de produtos, no caso de frutas, quando j esto na loja devido a problemas do prprio varejo (queda do consumo, por exemplo). Nesse caso, com produtos to perecveis, o produtor acaba prejudicado. O que fazer? Sussumu Honda - Isso faz parte de alguns conflitos e precisa ser melhorado realmente. O supermercado no pode dar o mesmo tratamento para produtos perecveis e industriais. Por isso, quando o produtor assina um contrato de fornecimento, precisa conhecer bem as clusulas do contrato. O produtor pode inserir a clusula da no-devoluo. Essas questes precisam ser bem trabalhadas porque assim como queremos bons fornecedores, o produtor precisa ter bons compradores. Assim como somos exigentes, o produtor tem que ser exigente com os compradores. Frutas e Derivados - Como modernizar a relao de negcios do FLV, especialmente frutas, renovando processos e aumentando a eficincia para produtor e varejo? Sussumu Honda - Essa uma discusso constante. Tem sido feito um trabalho de aproximao do varejo com a produo, em conjunto com o setor distribuidor. A FLV Feira de Frutas, Legumes e Verduras promovida pela Apas, caminha nessa direo. A FLV um local para colocar e discutir os temas importantes. A FLV mais que uma feira de negcios. um frum para debater questes como as colocadas aqui.9

CAMPO DE NOTCIASpor Luciana Pacheco

Pequenos Produtores de Limo Recebero Certificao Brasil exporta 4 mil toneladas mensais de limo para pases da Europa. A sanidade do produto para garantir a segurana alimentar dos consumidores preocupao e exigncia crescentes do mercado comprador internacional. Por isso, a Associao Brasileira dos Produtores e Exportadores de Limo Abpel , em parceria com o Servio Brasileiro de Apoio s Micros e Pequenas Empresas Sebrae So Paulo, firmou convnio para certificar e promover as frutas dos pequenos produtores do plo de produo de limo, formado pelos municpios paulistas Itajobi, Marapuama, Novo Horizonte, Pindorama, Sales e Urups.

O fato de obter o status da rea livre muito importante para a Bahia. Ela tem agora que intensificar a fiscalizao nos postos de fronteira para evitar que a doena chegue s suas frutas, alertou o fiscal federal e responsvel pelo Projeto de Preveno e Controle da Sigatoka Negra no Brasil, Ren Suman. Rio de Janeiro, Gois, Pernambuco e Paraba esto aguardando os resultados das auditorias realizadas por tcnicos do Mapa para tambm conseguir a condio de livre da doena.

Bebedouro e Maria Tereza. As quatro empacotadoras devero atender a cerca de 500 micro e pequenos empresrios, incorporando ao mercado 213 microempresrios. A expectativa do MCT com o projeto de instalao desses equipamentos incrementar em 40%, at 2007, o volume de frutas (manga, uva, coco, goiaba e banana) comercializadas no mercado interno, por meio das centrais de abastecimento, e aumentar a elasticidade do produto frutas frescas no mercado em at 50%.

Mapa Reconhece Bahia como Estado Livre de Sigatoka Negra O Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento Mapa reconheceu a Bahia como estado livre da praga Sigatoka Negra (Mycosphaerella fijiensis). A medida libera o trnsito de bananeiras, inclusive frutos, e de helicnias (plantas ornamentais) do Estado para qualquer outra unidade da Federao pelo perodo de um ano. Segundo produtor nacional de bananas, com 57 mil hectares cultivados, a Bahia o primeiro estado a adquirir o status de rea livre da doena.

Novas Empacotadoras de Frutas em Petrolina O Ministrio da Cincia e Tecnologia MCT inaugurou em Petrolina, PE, no Vale do Rio So Francisco, duas unidades de processamento de frutas e empacotadoras, nos ncleos 4 e 6 do Projeto de Irrigao Senador Nilo Coelho, destinadas a pequenos produtores, principalmente de uva, manga e acerola. Cada empacotadora dotada de uma cmara fria com capacidade para 22 toneladas de frutas, o que permite a estocagem de produtos para comercializao posterior, atendendo s exigncias de ps-colheita dos mercados interno e externo. Alm das linhas de empacotamento, cada packing house possui um galpo para estocagem. Mais duas packing houses esto em fase de concluso e sero instaladas nos projetos de irrigao

Cooperativa Difunde os Sabores do Cerrado e da Caatinga Cooperativa Grande Serto, de Montes Claros, MG, investe na produo de variedades tradicionais do cerrado e da caatinga brasileira, como coquinho azedo, pequi, umbu e caj, em forma de polpa congelada. Essas variedades so distribudas para escolas, creches e asilos, por meio de uma parceria com o Governo Federal. Os produtos tambm chegam a feiras e supermercados de Minas Gerais, So Paulo e Braslia. Este ano, a produo ser de 80 toneladas. Para 2007, a meta produzir 120 toneladas de polpas. Para incentivar os produtores, a cooperativa est fazendo viveiros das espcies e distribuindo aos agricultores. A cooperativa trabalha com 16 variedades de frutas. As que mais tm merca-

10

do consumidor so coquinho azedo, pequi, umbu e caj. Do pequi, a cooperativa tambm produz leo e vende a fruta congelada, alm de polpa.

vo de evitar a introduo e disseminao de pragas florestais quarentenrias nos pases.

consumo de suco de laranja ajudou a controlar a presso arterial das pessoas.

Revogada IN 07, que Oficializava a Nimf 15 no Brasil Foi revogada a Instruo Normativa no 07, que regulamentava a certificao fitossanitria de embalagens e suportes de madeira, utilizados no trnsito internacional de mercadorias. A IN 07 entraria em vigor de forma definitiva em 16 de maio, 60 dias aps sua publicao. O Ministrio da Agricultura Pecuria e Abastecimento Mapa decidiu revogar a IN 07, considerando as alteraes aprovadas na I Reunio da Comisso de Medidas Fitossanitrias CMF , realizada em Roma, no perodo de 3 a 7 de abril de 2006. Devido a essa revogao, continuar em vigor a Instruo Normativa no 04, que vigora no Brasil desde 6 de janeiro de 2004, em carter emergencial, para atender s recomendaes do Fundo das Naes Unidas para a Agricultura e Alimentao FAO e simplificar o processo de certificao fitossanitria com o uso de marca internacional, indicando que o material foi submetido ao Tratamento por Fumigao com Brometo de Metila (MB), ou Tratamento Trmico (HT) nas importaes e exportaes de mercadorias, com o objeti-

Pesquisa Revela os Benefcios da Laranja para o Corao Pesquisadores do Grupo de Nutrio da Universidade Estadual Paulista Unesp concluram que o consumo regular de suco de laranja aumenta a quantidade de substncias no organismo humano, que auxiliam na proteo contra o desenvolvimento de doenas cardiovasculares. A pesquisa investigou, durante trs meses, os resultados da ingesto diria de meio litro de suco em um grupo de 18 homens e 23 mulheres, com idades entre 30 e 60 anos. Aps o perodo, foi constatado aumento nos nveis de colesterol bom (HDL), alm da diminuio do colesterol ruim (LDL) e de triglicrides (molculas de gordura) no sangue dos indivduos. Segundo Thais Borges Csar, professora da Faculdade de Cincias Farmacuticas, da Universidade de So Paulo e coordenadora do estudo, foi verificado um aumento de 17% no nvel de HDL entre os homens e de 6% entre as mulheres. Ao aumentar o colesterol bom, o indivduo fica mais protegido contra doenas arterosclerticas, ligadas ao entupimento de artrias cardacas, disse Thais Agncia Fapesp. Os resultados tambm mostram que

Instalado Comit Tecnolgico de Fruticultura em Castanhal O setor produtivo de frutas da regio do Salgado Paraense ganhou um novo parceiro na busca pelo desenvolvimento da sua linha de produo. A Secretaria Executiva de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente Sectam instalou na regio o Comit Tecnolgico de Fruticultura, que dar apoio estruturao de Arranjos Produtivos Locais (APL) na rea. O comit ter aproximadamente 65 integrantes entre representantes de rgos pblicos, instituies de pesquisa e financeiras, empresas privadas e organizaes civis , que iro elaborar estratgias para incrementar a cadeia produtiva de frutas no Estado, priorizando a cultura do maracuj, pelo fato de esta ser a fruta com maior potencial de gerar dividendos aos produtores e ao Estado. O grupo atuar em pelo menos dez municpios, tendo como instrumento a cincia e a tecnologia O Instituto Brasileiro de Frutas IBRAF , a Agncia de Promoo de Exportaes e Investimentos APEX-Brasil e o Grupo Carrefour, iniciam em abril o Carnaval de Frutas da Estao, mais um novo programa de promoo das exportaes de frutas brasileiras.

11

NO POMARpor Samara Monteiro

IAC E EMBRAPA APRESENTAM

NOVAS VARIEDADES DE TANGERINADuas novas variedades de tangerina foram apresentadas, em meados de maio, para atacadistas da Companhia de Abastecimento Geral do Estado de So Paulo Ceagesp e consumidores de Campinas. Nova e Clemenules vm sendo avaliadas pela Embrapa Transferncia de Tecnologia e pelo Centro Apta Citros Sylvio Moreira, do Instituto Agronmico de Campinas IAC. As novas tangerinas esto em fase adiantada de vaClemenules lidao, com algumas reas em produo comercial em pomares do Rio Grande do Sul. Ambas so originrias de clima frio. Nova veio dos Estados Unidos e Clemenules, da Espanha e foram adaptadas para cultivo em clima temperado, em algumas regies do Brasil. Na Ceagesp, Rose Mary Pio, pesquisadora do Centro AptaARQUIVO EMBRAPA

Citros Sylvio Moreira, apresentou as caractersticas e qualidades das novas tangerinas e o engenheiro agrnomo Rogrio de S Borges, da Embrapa Transferncia de Tecnologia, falou sobre a experincia de validao agronmica em campo. As duas variedades tm boa colorao, bom tamanho e sabor. A principal diferena em relao a outros materiais o fato de no ter sementes, explica Rogrio S Borges. Em Campinas, consumidores avaliaram as frutas, cujo lanamento dever acontecer a partir do prximo ano, quando as mudas estaro disponveis para o produtor. Para saber mais sobre as novas variedades, os produtores podem entrar em contato com o Centro Apta Citros Sylvio Moreira pelo telefone (19) 3546-1399.

PESSEGUEIROS PEDEM TRATAMENTOS ESPECIAIS NO INVERNODelicado e macio, doce e suculento. o pssego, que, nesta poca do ano, precisa de tratamentos especiais para garantir a qualidade e o gosto inigualvel. Os pesquisadores do Instituto Agronmico de Campinas IAC , Edvan Alves Chagas e Rafael Bio, explicam que entre o final de outono e o incio do inverno, o pessegueiro inicia o estgio de dormncia, quando paralisa seu crescimento e tem suas atividades metablicas reduzidas. Neste momento podem ocorrer doenas, como a taphrina, bacteriose, ferrugem e podrido parda. Eles ensinam, em duas etapas, como tratar a planta e os frutos. I. No perodo de dormncia: retire os frutos mumificados das plantas e, tambm, pssegos cados no cho. Enterre ou queime esses frutos, pois so materiais de sobrevivncia de patgenos. Em seguida, faa a poda da rvore. Elimine todos os ramos com pragas e doenas e retire os secos, com cancros e os chamados ramos ladres, aqueles que esto em posies indesejadas, principalmente, na vertical. Aps a poda, faa um tratamento com produtos base de cobre ou calda sulfocaussica. Se a rvore estiver com taphrina, aplique fungicida no momento do inchamento da gema. 2. Na poca da florao: se o clima estiver seco, deve ser feito um tratamento com fungicida na plena florao. Caso o tempo esteja chuvoso necessrio fazer trs aplicaes: uma logo no incio da florada, outra em plena florada e a terceira no momento de queda das spalas.

12

ARQUIVO IAC FRUTICULTURA

FINANCIAMENTO PARA A FRUTICULTURAA partir de agora, produtores rurais, pessoas fsicas ou jurdicas e cooperativas envolvidas com atividades no setor de fruticultura podem contar com o Programa de Desenvolvimento da Fruticultura, o Prodefruta, criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico BNDES. O programa visa financiar pesquisas e melhoramentos da produtividade e produo, bem como melhorar o padro de qualidade e as condies de comercializao dos produtos frutcolas. O valor do financiamento pode chegar a R$ 200 mil por beneficirio, para empreendimentos individuais, e R$ 600 mil para empreendimentos coletivos. Os interessados em adquirir o financiamento devem procurar as instituies financeiras credenciadas, cuja lista pode ser encontrada na pgina virtual do BNDES www.bndes.gov.br.

De acordo com a assessoria de imprensa do Banco do Brasil, os itens financiveis so: investimentos relacionados com implantao, melhoramento ou reconverso de espcies de frutas; atividades de substituio de copas de cajueiros, de novos plantios (em sequeiro e irrigado) e de produo de mudas, desde que sejam utilizadas variedades de cajueiro ano-precoce e de implantao de unidades de processamento de castanha e de pednculo; projeto tcnico especfico da lavoura cacaueira, elaborado pela Ceplac; implantao ou reconverso de vinhedos; e instalao de unidade agroindustrial para beneficiamento e transformao de frutas em chocolates, sucos, gelias, licores, vinagres, doces, entre outros.

PROJETO QUER ACABAR COM USO DO BROMETO DE METILAAt o final deste ano, o Brasil quer acabar com a utilizao do brometo de metila na agricultura. Para isso, a Organizao das Naes Unidas para o Desenvolvimento Industrial Unido far a doao de US$ 2 milhes para agricultores, em caldeiras a vapor e coletores solares, que substituiro o brometo de metila. Segundo a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Raquel Ghini, o Mapa (Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento) ainda vai baixar uma portaria que estabelecer os critrios para a seleo de potenciais beneficirios, mas, por enquanto, sabe-se que os equipamentos sero enviados a cooperativas de agricultores que comprovarem o uso da substncia. Ghini explica que o coletor solar, tecnologia desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente, usa a energia do sol para tratar o solo. Foi desenvolvido com foco no pequeno produtor e pode ser construdo por qualquer pessoa. Os interessados em constru-lo devem acessar o A pesquisadora Raquel Ghini e o documento com desenhos e notas explicativas na pgina virtual da Embrapa coletor solar. (www.cnpma.embrapa.br link: circular tcnica, no 1) ou ligar para o Servio de Atendimento ao Consumidor: (19) 3867-8710. Participam das discusses e negociaes representantes do Ministrio do Meio Ambiente, da Agncia Brasileira de Cooperao do Ministrio das Relaes Exteriores ABC/MRE , da Unido, do Mapa, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis Ibama.

ARQUIVO LINPAC PISANI

CONTENTOR OTIMIZA LOGSTICAUm novo contentor para frutas, legumes e verduras acaba de ser lanado. o BR-64245, da Linpac Pisani, que permite uma reduo de 75% do volume no retorno e um maior aproveitamento do espao. O produto voltado para a logstica, principalmente para quem usa fretes de retorno, pois com a reduo do volume da carga ocorre a conseqentemente reduo dos custos do frete e do espao para armazenagem. Outra vantagem, que ele pode ser exposto nas lojas, na mesma caixa, saindo direto do produtor para as gndolas, o que tambm reduz a perda pelo manuseio. O contentor BR-64245 tem uma forma cnica e possui barras retrteis, para proporcionar um encaixe perfeito. Desta maneira, uma carga de caixas vazias pode se transformar em mais de quatro cargas cheias de produtos. Alm disso, possui uma estrutura sem nervuras, que facilita a higienizao e garante uma maior resistncia. paletizvel, livre de cantos vivos internos e externos, e possui paredes texturizadas para facilitar a remoo de etiquetas adesivas.13

ARQUIVO EMBRAPA MEIO AMBIENTE

FRUTAS FRESCAS

VITRIASSamara Monteiro O Brasil est em primeiro lugar na produo mundial de mamo, com aproximadamente 1,6 milho de toneladas por ano, seguido do Mxico e da Nigria. No entanto, o Pas exporta apenas 2,5% do que produzido, explica o presidente da Agra Pex, Roberto Pacca do Amaral Jnior. Mas este cenrio tende a mudar, pois em fevereiro deste ano, produtores de mamo do Rio Grande do Norte e da Bahia conquistaram o direito de exportar suas frutas para os Estados Unidos. At ento, o mamo produzido nestas regies s podia ser exportado para a Europa. A abertura foi possvel porque o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos aceitou o sistema de mitigao de risco para a mosca-das-frutas, adotado nestas reas,depois de trs anos de estudos. A abertura representa a possibilidade de expandir a produo, aumentar as vendas para o mercado norteamericano e gerar mais empregos. Com a liberao das exportaes da Bahia, a empresa pretende aumentar o market share (parti14

E DESAFIOSEm pouco mais de trs dcadas a produo de mamo subiu o mapa e conquistou mercados internacionais. Mesmo assim, produtores ainda enfrentam muitos problemas com logstica para exportar e preos oscilantes no mercado interno.cipao) do mamo brasileiro nos Estados Unidos. At ento, com o impedimento tcnico de que somente o mamo produzido na regio norte do Esprito Santo poderia ser exportado para aquele pas, limitava, tambm, o volume total possvel de ser enviado para o mercado norte-americano. Acreditamos que com o know-how (conhecimento) adquirido nas operaes do Esprito Santo e com o apoio das instituies governamentais local e federal, no haver muitas dificuldades no processo, explica o engenheiro agrnomo da Caliman Agrcola, Marcio Suzuki. A regio nordeste do Brasil reconhecida pela vasta produo de mamo. A Bahia, por exemplo, lidera o ranking de produo da fruta. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, so 14.500 hectares de plantaes em solo baiano e produo anual aproximada de 724 mil toneladas da fruta. Mesmo assim, o Estado no o que mais exporta. Segundo Jnior, isso se deve s condies climticas da regio, que so

FRUTAS FRESCAS

de temperatura e umidade bastante elevadas. Pelo fato do mamo no suportar o encharcamento do solo, as frutas produzidas l sofrem com a incidncia de fungos e pragas, e tm um tempo de prateleira menor que as produzidas no Esprito Santo, por exemplo. O Estado capixaba ocupa o segundo lugar na produo da fruta, com 10 mil hectares de rea plantada e colheita estimada em 650 mil toneladas anuais. Mas o maior exportador com 25 mil toneladas de fruta. Hoje, o mamo brasileiro j chega casa de consumidores canadenses, argentinos, alemes, ingleses, holandeses, espanhis, portugueses, norteamericanos, italianos, franceses, suos, belgas, suecos, escandinavos, uruguaios, entre outros. A produo brasileira no mercado internacional ainda concorre com a de outros pases produtores e exportadores da fruta, entre os quais esto Mxico, Tailndia, Indonsia, Taiwan e Belize. Mas a concorrncia no a nica dificuldade enfrentada pelos produtores. Temos muitos problemas com logstica, pois trabalhamos com um produto perecvel e, estando longe dos principais mercados consumidores, exceo da Bahia, que est mais prxima

do mercado europeu, temos um tempo curto para fazer nosso produto chegar a outros pases com qualidade e sem doenas, ressalta Suzuki. A variao cambial tambm preocupante, principalmente com a atual desvalorizao do dlar. Porm, o que bom no mercado externo o equilbrio, ou seja, a continuidade de preos fixos, enfatiza o proprietrio da Bello Fruit, Ulisses Brambini.

Exportao abriu novos mercados com liberao de novas reas.O vendedor do departamento comercial da Gaia Papaya, Rodrigo Pinheiro, acrescenta, ainda, algumas leis e exigncias que dificultam a participao brasileira no mercado internacional: regulamentaes especficas de cada mercado comprador, como os certificados Eurepgap e HCCP e leis relacionadas a pesticidas; e a , NINF 15, lei relacionada exigncia de fumigao de componentes de madeira (tratamento com Brometo de Metila).

15

FRUTAS FRESCAS

EXPORTAO MARTIMAToda semana, a Caliman Agrcola lota seis contineres com mamo, que ficam num ambiente refrigerado a uma temperatura constante de 10C. A mercadoria sai do porto de Salvador e viaja por cerca de 13 dias at a Europa. A gerente comercial da empresa, Georgina Caliman Azevedo, explica que por causa do controle da temperatura, em alguns casos, as frutas chegam com uma melhor maturao no seu destino final via martima do que por avio. Isso acontece porque a mercadoria no pode ser controlada no avio. s vezes, ela colocada de um lado para o outro, em locais mais quentes ou mais frios. Para Amaral Jnior, da Agra Pex, ainda h ausncia de tecnologia para exportao por navio. Mesmo estando em contineres refrigerados, quando a mercadoria sai do navio, ela volta para a temperatura ambiente. E, por j estar com quase 20 dias de vida, acaba tendo muitas perdas, devido a fungos que se multiplicam com facilidade, ressalta. Mesmo assim, quando o assunto financeiro, a exportao via martima ainda a mais vantajosa e hoje, segundo Amaral Jnior, apenas 30% das exportaes brasileiras de mamo so feitas por via area. Apesar de ser mais rpida e de ter vos dirios, na exportao por avio o pedido tem que ser pequeno porque h pouco espao. E, alm disso, custa quatro vezes mais do que por navio. As vantagens do navio so mesmo com relao a preo e disponibilidade. A desvantagem o tempo de viagem, explica Azevedo.

ARQUIVO IBRAF

Bahia maior produtora de mamo e Esprito Santo, maior exportador.

MERCADO INTERNORodrigo Pinheiro, da Gaia Papaya, afirma que o mamo uma das frutas mais apreciadas pe16

los consumidores no mercado interno. Mesmo assim, o que se v uma estagnao e certa desvalorizao nos preos. Segundo o engenheiro agrnomo da Caliman Agrcola, Marcio Suzuki, os ltimos trs anos no tm sido vantajosos para a cultura. Em geral, os preos pagos aos produtores no tm variado cerca de R$ 0,30 por quilo no incio do ms de maio. Porm, os custos de produo vm aumentando progressivamente. Outra agravante a classificao da cultura do mamo como pequena cultura e, por isso, existem poucos defensivos agrcolas registrados para a fruta no mercado brasileiro. H pouca fiscalizao das autoridades competentes neste sentido e cresce o nmero de produtores que no se preocupam com boas prticas agrcolas. Tem, ainda, o problema com o monitoramento de normas para embalagem e questes sanitrias. Tudo isso faz com que a concorrncia acabe sendo desleal, acrescenta Roberto Pacca do Amaral Jnior. A expectativa dos produtores que haja um reaquecimento do setor no segundo semestre deste ano, j que a quantidade de mames produzidos deve cair, por causa do calor excessivo dos meses de janeiro e fevereiro, que prejudicou as lavouras. Outra caracterstica da produ-

o nacional de mamo que ela sempre sofreu mudanas relativas s regies produtoras. H mais de 30 anos, a cidade de Monte Alto, SP era considerada a capital bra, sileira da fruta. Em meados de 1960, a regio foi tomada pelo vrus do mosaico. Outras lavouras foram se instalando em Gois e Par, mas foi na Bahia e no Esprito Santo que os produtores encontraram melhores condies e fizeram o negcio prosperar.

PRODUO NACIONALH cinco anos, um novo fenmeno migratrio vem ocorrendo e grandes empresas do setor, como a Caliman Agrcola e a Gaia Papaya, esto se deslocando para o Rio Grande do Norte. Suzuki diz que as razes deste efeito migratrio esto na infra-estrutura logstica que a regio oferece, como os portos de Natal e Suape, que ficam a 11 dias de navio do mercado europeu, por exemplo. Isso garante que as frutas cheguem mais frescas ao consumidor final. No entanto, encontramos o problema da inexperincia da mo-de-obra local na produo do mamo. Suzuki acrescenta, ainda, que o clima da regio, por ser amplamente favorvel produo de frutas tropicais, tambm foi um fator de peso na

Caixas de madeira ocasionam perdas no transporte, ferem os frutos e transmitem doenas.

ALTERNATIVAS FRUTAS FRESCAS PARA COMPETIRPara se destacar num mercado to competitivo importante trabalhar com qualidade e criar alternativas, como o uso de embalagens diferenciadas e o marketing para valorizao do produto. O pesquisador da Embrapa Agroindstria de Alimentos e especialista em pscolheita de mamo, Marcos Fonseca, defende o uso das caixas de papelo para o transporte das frutas. Elas permitem paletizao, protegem os frutos das vibraes e compresso e no so reutilizveis. So muito mais eficientes do que as caixas de madeira, que, embora mais baratas, no so paletizveis e so reutilizveis. As caixas de madeira so responsveis pela perda de parte da produo no transporte, tambm porque ferem os frutos e transmitem doenas, explica. Fonseca admite que as embalagens de papelo so caras e, atualmente, s consumidores com alto poder aquisitivo se permitem gastar um pouco mais para ter mais qualidade e um produto mais saudvel. Por isso, o produtor precisa acompanhar a qualidade da caixa e embalar frutos bons, com o mesmo tempo de maturao. Outra opo indicada pelo pesquisador o uso das teias de espuma, que embalam individualmente as frutas. J, para o mercado externo, Fonseca incentiva a explorao do marketing, utilizando fotos bonitas e logomarca na parte de fora da embalagem.17

escolha. Alm disso, a possibilidade de desenvolvimento social a ser realizado, por meio da parceria com assentamentos de sem-terras, para a produo do mamo a ser exportado, foi outro fator relevante. O Brasil planta: o Mamo Formosa, cultivado no Esprito Santo e oeste da Bahia, bastante consumidos nas regies sul e sudeste; o Sunrise Solo e o Sunrise Solo Golden, ambos conhecidos pelos consumidores como mamo papaya, cuja produo forte no extremo sul da Bahia e no norte do Esprito Santo, e consumido em todo o Pas. De toda a produo nacional da fruta, 95% so destinados ao mercado in natura e apenas 5% so aproveitados pela indstria, que no apresenta muito entusiasmo: os produtos industrializados, derivados do mamo, so apenas sorvete, iogurte e suco.

MAMO ORGNICODurante dois anos e meio, a Caliman Agrcola trabalhou com mamo orgnico, cuja caracterstica principal a ausncia de produtos qumicos. Segundo o engenheiro agrnomo da empresa, Marcio Suzuki, o gosto do mamo orgnico muito mais doce e a fruta mais firme, apesar do seu tamanho reduzido e o curto tempo de vida de prateleira, que de dez dias. A empresa chegou a produzir 33 toneladas por ano, com cerca de 12 hectares de frutas cultivadas. Mas devido ao baixo retorno, custo elevado de produo, falta de tratamentos ps-colheita e de controle sobre doenas, a produo foi paralisada. Os custos de produo de orgnico, em certas operaes,

podem chegar a ser o dobro do custo de lavouras convencionais, sendo que, normalmente, o adicional pago para orgnicos, na maioria das vezes, no excede 50% do preo de produtos convencionais. Outro fator importante que a produtividade de lavouras orgnicas, algumas vezes, de pouco mais de 55% do volume total produzido em lavouras convencionais. Suzuki explica que para que a produo de mamo orgnico possa ser certificada, existem exigncias que devem ser cumpridas por lei. Esses itens abrangem, por exemplo, a delimitao de reas exclusivas para cultivo de orgnicos; mo-de-obra com treinamento especfico e maquinrios exclusivos; todo equipamento de colheita, transporte e processamento, inclusive a casa de embalagem, devem ser usados exclusivamente em produo, processamento e embalagem de orgnicos, no podendo ter cruzamento com produtos convencionais, para evitar eventuais contaminaes. Alm disso, toda transao comercial necessita de um certificado emitido pelo corpo certificador para que o produto tenha reconhecimento oficial de orgnico. Tudo isso faz com que os custos iniciais de implantao sejam elevados. Nos prximos meses, a Caliman vai plantar uma nova rea, em menor escala, para um melhor dimensionamento dos custos de produo e anlise da viabilidade econmica de produo de orgnicos.

MARCOS FONSECA/EMBRAPA

Ponto certo na colheita, embalagens que permitam rastreabilidade, apresentao das frutas, novas formas de comercializao so cuidados que conduzem ao maior pr-requisito na evoluo da comercializao das frutas: a qualidade para agradar o consumidor e alavancar vendas.Beth Melo

Embora o Brasil produza bem, graas s condies climticas e s modernas tecnologias disposio do produtor, h um grande gargalo na fruticultura: a comercializao. Isso pode ser medido pelo baixo consumo brasileiro, na casa de 47 quilos per capita/ano, o que representa um porcentual pequeno, considerando a produo anual de 38 milhes de toneladas de frutas, o que d uma sobra de pelo menos 30 milhes de toneladas. Desse total, excluindo o que usado para a produo de suco e polpa, o resto perda, na faixa de 30% a 40%. Diante desse quadro, levando em conta que o Brasil possui 180 milhes de habitantes, observa-se uma demanda reprimida, o que representa um amplo potencial para ser trabalhado. Mas qual o caminho a ser seguido e qual o futuro da comercializao de frutas para reduzir as perdas e aumentar o consumo per capita? O gerente da Central de Servios do Instituto Brasileiro de Frutas Ibraf , Maurcio de S Ferraz, aponta dois caminhos: romper a estagnao do consumo em baixo patamar, por falta de conhecimento e confiana do consumidor no produto, e a realizao de aes de marketing nos pontos de venda para maior exposio das frutas, apoiadas em materiais como panfletos com receitas, informaes sobre as frutas da poca e as vantagens do consumo. Precisamos trabalhar o marketing para aumentar o consumo. As campanhas tm de ir para a televiso, mostrar que a fruta, alm de saudvel, gostosa e verstil, observa e destaca a importncia das aes de degustao. Porm, ele defende que o nus dessa iniciativa no deve ser apenas do produtor, mas de toda a cadeia: do produtor, do atacado e do varejo, at porque refora a relao desses trs setores e todos saem ganhando. O consumidor passa a ter mais confiana na qualidade.

18

Para Jos Roberto Prado, diretor comercial da Itaueira Agropecuria, com sede em Fortaleza, CE, o futuro da comercializao de frutas aponta um caminho j percorrido em todo o mundo, ou seja, uma concentrao cada vez maior em supermercados e sacoles especializados, que tm como foco a qualidade, e funcionam como uma feira de qualidade, em recinto fechado, o que agrega o conforto do supermercado ao conhecimento especfico de feirantes. Na opinio de Prado, o conhecimento sobre frutas fundamental para quem trabalha nesse segmento. Alis, essa a grande falha dos supermercados, que j esto terceirizando esse setor, diz. Ele cita como pioneiro a Benassi, atacadista na Ceasa, que atua em vrias redes. A Benassi sabe compatibilizar preo e qualidade, o que significa fruta de boa qualidade, bem tratada e bem apresentada, explica. O scio-proprietrio da Benassi So Paulo Importao e Exportao Ltda., Eduardo Benassi, afirma que est bastante preocupado com o futuro da comercializao no setor de frutas no Pas, segundo ele, porque os grandes comerciantes, que so os feirantes, esto sumindo do mercado, por falta de estrutura. A venda de frutas est ficando na mo de quatro grandes redes, que fazem o que querem com os pequenos produtores. No lembram que todo mundo precisa ganhar para ter sucesso na atividade. S vem o lucro prprio, desabafa. Ferraz, do Ibraf, considera importante o consumidor pres-

sionar o vendedor de frutas (supermercado, feira livre, sacoles, etc.), exigindo qualidade. A comercializao de frutas s vai funcionar de maneira sria, com reflexos no aumento de consumo, se o setor trabalhar com produtos de alta qualidade e com valor agregado, salienta e observa que o consumidor est cansado de encontrar produtos sem a apresentao adequada no supermercado. Como a compra da fruta muitas vezes feita por impulso, se o ponto de venda no der essa motivao, o consumidor passa na gndola e no compra, afirma. Outro problema apontado por Ferraz causado pelo produtor, na expectativa de ganhar mais com a fruta. Ele explica que como bastante comum o alto preo da fruta antes da entrada da safra, o produtor colhe um pouco antecipado. Mas o brix, a colorao e o tamanho do fru19

COMERCIALIZAO

Qualidade da fruta e valor agregado podem aumentar quantidade comercializada.

to no esto adequados, o que acaba queimando a safra, porque o produto ainda no est com a qualidade apropriada para o consumo. De acordo com Ferraz, o sistema de comercializao no incentiva o produtor a ter melhor qualidade, pelo contrrio, at porque a premissa do supermercado preo. A sada para o fruticultor tem sido cortar custos, principalmente com embalagem, comprometendo a apresentao e at prejudicando o produto em si, enfatiza. Dentre as iniciativas que podem ajudar o produtor a ter maior lucro na atividade, ele destaca os investimentos na diferenciao e o trabalho em grupo para divulgar o produto da regio, seja fazendo uma festa para promover a safra do ms ou realizando degustao, entre outras iniciativas.

INICIATIVAS DO VAREJOO varejo tem realizado iniciativas para melhorar a qualidade e a visibilidade das frutas nos pontos de vendas. Para se ter uma idia, h uns dez anos, a gndola de frutas ficava no fim do supermercado, sem nenhuma exposio. Hoje, ela tem um lugar de destaque. Algumas lojas realizam degustaes, confeccionam panfletos, alm de melhorar a iluminao. O diretor de Comercializao FLV, do Grupo Po de Acar, Leonardo Miyao, aponta vrias iniciativas nesse sentido, entre as quais ele destaca a padronizao, com compra e recebimento de produtos com base em fichas tcnicas, maior e melhor sortimento de produtos, compras diretas da produo e programao de compra. Porm, Ferraz, do Ibraf, afirma que necessrio melhorar a apresentaAR QU IV o nas gndolas O P O para diferenciaDE A C AR

Leonardo Myao, diretor de Comercializao FLV, do Grupo Po de Acar.

o, caso de algumas empresas, que terceirizaram as suas reas de frutas, legumes e verduras as FLVs , deixando-as nas mos de empresas especializadas. A rede Po de Acar foi a primeira a aderir ao servio oferecido por uma destas empresas, a Benassi So Paulo Importao e Exportao Ltda. Segundo o scio-proprietrio da empresa, Eduardo Benassi, alm de entregar os produtos, boa parte da responsabilidade da venda da empresa, juntamente com os encarregados das sees de cada loja. Os preos so estabelecidos com o Departamento Comercial da rede, conta. Os irmos Benassi aprimoraram o modelo de parceria desenvolvido com o Po de Acar e prestam outros tipos de servios na comercializao de frutas, como a terceirizao. Um dos exemplos a rede Coop, a antiga Coop Rodia, no ABC. Entregamos o produto, abastecemos o depsito e a gndola. Se no vender, eu no recebo, explica. Segundo Benassi, quando tem pouco produto, o mercado baliza o preo, e quando h muita oferta, so realizadas promoes para aumentar as vendas. Despesas, funcionrios, embalagens, panfletos de divulgao, tudo por conta da Benassi, afirma. Para a rede Econ, que formada por lojas pequenas, a Benassi, alm de fornecer as frutas, ajuda a estimular as vendas e a manter as gndolas bem arrumadas. Para isso, funcionrios da rede se encarregam da operao, sob orientao de supervisores da Benassi, que passam quase diariamente nas lojas. Ensinamos a arrumar os produtos sem bater, para no amassar e para reduzir as perdas. Sabendo que a quebra menor, possvel vender por um preo mais barato, argumenta. Dentro da Ceasa, onde funciona a matriz da Benassi, h outro tipo de servio. Vamos bus-

ARQUIVO SANJO

Cuidados com embalagem garantem frutas com qualidade.

car o produto que o cliente precisa, desde que tenha para venda no mercado, afirma. A empresa tambm fornece frutas para feiras livres. Ainda existem bons feirantes, que tm clientela fiel por causa da qualidade. Segundo Eduardo Benassi, o produtor que investe na qualidade tem retorno no preo, se no imediatamente, pelo menos de trs meses a pouco mais de um ano. Um dos destaques o melo da redinha, que tem uma tica muito grande e o diferencial tanto que agrega pelo menos 40% de valor no seu produto comparado a outros produtores, diz e destaca o papel da empresa no sentido de melhorar a qualidade do produto. Temos orientado os produtores no sentido de conseguir melhorar o sabor da fruta, antes mesmo da aparncia. Para Benassi, a qualidade diferenciada que o supermercado exige o mnimo necessrio. Nem sempre h um ganho para o produtor, mas h a segurana de que ele vai receber o dinheiro, o que j um grande ganho, analisa. Ele alerta, porm, que o consumidor s compra qualidade. Produtor que no oferecer qualidade est fora do mercado, diz.

PROFISSIONALIZAONa avaliao do diretor de Comercializao FLV, do Grupo Po de Acar, Leonardo Miyao, o comrcio nacional de frutas k j k j l k j l k j

20

COMERCIALIZAO

vem passando por um forte processo de profissionalizao, destacando o papel do varejo em uma srie de iniciativas, visando melhoria na cadeia de suprimento. Padronizao, classificao e controle de qualidade passaram a ser uma realidade na comercializao junto ao varejo, afirma. A grande demanda do mercado consumidor est direcionada ao resgate do sabor e segurana alimentar. Segundo ele, com a expectativa de crescimento significativo da alimentao vegetariana nos prximos anos em alguns pases do Hemisfrio Norte, todo setor, direta ou indiretamente ligado a frutas, vem investindo mais em pesquisa e desenvolvimento. Miyao afirma que a qualidade pr-requisito bsico no segmento de frutas. necessrio que o produtor se posicione e identifique quem sero seus clientes e consumidores, adequando seus investimentos de acordo com este perfil, sugere. Definir produto, mercado e consumidor fundamental para manter-se na atividade, diz. Ele considera importante para maior lucratividade, o planejamento, que visa a identificar os melhores perodos de

comercializao, os diferenciais de consumo e ateno s mudanas freqentes neste mercado.

Tendncia centralizao da comercializao em supermercados e sacoles especializados.Segundo Miyao, em algumas redes multiformato (super, hiper, lojas perifricas) possvel a compra e comercializao de padres distintos de produto (aspectos visuais, calibre e colorao), sendo sempre observado o limite da qualidade de consumo para categorias inferiores, bem como h mercados para produtos premium. Esses modelos sempre buscam otimizar a compra e a rentabilidade da cadeia, afirma e acrescenta que a qualidade ser cada vez mais recompensada. Em mercados maduros, podemos observar que sobreviveram os que apostaram no diferencial da qualidade, reconhecida pelo consumidor.

21

VENDA GARANTIDAA Terra Frtil Importao e Exportao de Frutas Ltda., com sede em Miracema do Tocantins, TO, trabalha exclusivamente com abacaxi e acredita que vale a pena apostar na diversificao e investir em qualidade. Segundo o scio-proprietrio da empresa, Washington Dias, a maior vantagem a garantia de comercializao. Com produo prpria e certificao de origem, Dias destaca a rede Carrefour como grande cliente e afirma que o principal retorno do selo o melhor preo. No mnimo 20% superior ao abacaxi comum que comercializado no mercado, conta.ARQUIVO TERRA FRTIL

A Terra Frtil trabalha com o produto embalado com marca prpria, principalmente para as redes Carrefour, Po de Acar, Wall Mart, alm de restaurantes. H 20 anos, a empresa comeou as exportaes de abacaxi prola para a Europa, para onde enviou, no ano passado, cerca de 200 toneladas da fruta. Foi um aprendizado. Tive de aprender tudo: da temperatura adequada melhor embalagem, conta.

FUTURO PROMISSORO gerente comercial do Supermercado Gimenes, Jos Ambrosio Stecca, vislumbra um futuro promissor para a comercializao de frutas. Tratase de um setor de grande poder atrativo, justifica. Para melhorar a qualidade e a visibilidade das frutas no PDV (ponto de venda), Stecca considera necessrio trabalhar com mais eficincia o ponto de venda, visando a maior qualidade dos produtos e servios. Na opinio de Stecca, uma das formas de se obter maior lucratividade na venda de frutas trabalhar na preveno das perdas. Outra forma de melhorar o rendimento, explica, ter um padro de qualidade diferenciado. Quem produz melhor, agrega valor, ressalta e acrescenta: O produtor ganhar mais por isso: produto classificado tem preo melhorado, diz ele, que considera a logstica como grande entrave da cadeia produtiva da fruticultura. a onde est o gargalo do desperdcio, gerando preos maiores para o consumidor final, pondera.

Abacaxi embalado para exportao; mercado interno no paga embalagem.

A empresa possui 80 hectares cultivados com abacaxi e o grosso da produo destina-se ao mercado interno, que absorve mais de mil toneladas da fruta, o que significa mais de um milho de unidades. Segundo Dias, a produo vendida basicamente em So Paulo, onde a empresa mantm um ponto de distribuio na Ceagesp. Para Dias, o fato de ter um ponto de venda em So Paulo ajuda bastante no processo de distribuio do abacaxi, garantindo maior lucratividade.

Padronizao, classificao e controle de qualidade so a realidade na comercializao com o varejo.22

Uma das formas de melhorar a renda a diferenciao do produto, que inclui o desenvolvimento de qualidades prprias como brix, tamanho, colorao, sem esquecer a logstica e a distribuio. Exemplo clssico no segmento de frutas o melo da redinha, da Itaueira Agropecuria. Segundo o diretor da empresa, Jos Roberto Prado, o primeiro critrio para entrada no mercado foi o sabor. Partimos do princpio que a fruta uma fonte de prazer, at porque quem consome uma fruta, primeiro pensa no sabor, depois, na sade, explica. Como o critrio sabor tem outras variveis como cheiro, aparncia e consistncia, a colheita da fruta feita no melhor ponto de maturao. De acordo com Prado, depois de o funcionrio da empresa aprender a selecionar a fruta pelo sabor, ele passou a relacionar essa caracterstica colorao ideal da fruta com o mximo de sabor. Ele lembra que o melo no amadurece depois de colhido. Pode ficar mais amarelo e mais macio, mas no vai alterar o sabor. Depois de selecionar a fruta, com base nos critrios sabor e maturao ideal, a Itaueira partiu para a diferenciao do produto, a redinha, para que ele fosse identificado pelo consumidor. Mas no basta criar uma marca, necessrio ser fiel ao seu cliente, que escolheu a fruta por causa do sabor. Voc no pode falhar nesse quesito, seno ele o abandona, ressalta. Nosso sucesso no se deve marca, todo mundo pode fazer isso. O que nos diferencia a capacidade de oferecer produto sempre saboroso. Garantimos esse sabor, custe o que custar, e no economizamos para manter essa condio, salienta. Nesse sentido, Prado conta que, h cerca de quatro anos, uma praga derrubou as folhas do meloeiro no fim do ciclo, o que comprometeu o sabor da fruta. Passamos o trator em 30 hectares de melo, sob protesto dos clientes, e quase quebramos, porm,

MELO DA REDINHA COLHE OS FRUTOS DA DIFERENCIAOapesar das perdas, o acontecimento foi muito bom, porque a praga afetou a maioria dos produtores, que continuou embalando a fruta e colocando-a no mercado, conta. Eles terminaram a safra com um preo elevado, mas na safra seguinte o consumidor tinha na lembrana que da ltima vez que ele comprou o melo amarelo, a qualidade do produto era ruim. Como no havia demanda, o preo caiu para quase um tero, porm, como tnhamos parado de fornecer com qualidade, o consumidor guardou na lembrana a qualidade oferecida e comeamos com os preos quase nos mesmos patamares. Essa foi a nossa recompensa, avalia. que o cliente receba a fruta diariamente e com a melhor qualidade, fazemos o treinamento de venda para saber porque o produto mais doce, cuidamos de manter a qualidade do produto em toda a cadeia, inclusive no supermercado. No uma coisa que posso despachar da fazenda e esquecer, explana. Outra ferramenta oferecida pela empresa a equipe de degustadoras, colocada disposio do cliente. a nica ferramenta que d resultado, diz e acrescenta que tambm divulga folhetos com receitas. Estamos preparando baners e box expositores, conta. Tambm ensinamos a forma correta de manusear a fruta na gndola, orientando no sentido de no colocar fruta nova em cima da velha. Graas diferenciao, a Itaueira tem realizado investimentos na melhoria da qualidade do melo. Por exemplo, quando chega a mercadoria nos centros de distribuio, so retiradas amostras para fazer um controle de qualidade e reservadas amostras para uma segunda anlise, depois de 20 dias. Qualquer problema que ocorre comunicado fazenda. Todas as caixas de fruta tm o registro (rastreabilidade total) de onde foi colhido, o que permite a identificao do lote. Para ter maior lucratividade, a Itaueira aposta na qualidade monitorada o tempo todo, tanto que no tem problema de rejeio do cliente, que sabe o que est comprando. Segundo Prado, o retorno demora, tanto que a empresa levou quatro anos para sair do vermelho. Afinal, estamos vendendo confiana e ningum compra um produto caro, se no tiver confiana no mesmo. Ficando satisfeito com o que voc comprou, barato. Produto ruim sempre caro, no importa o preo, diz. A Itaueira s vende para duas redes de varejo em So Paulo: Po de Acar e Carrefour. Nos outros Estados, quem atende, mesmo a essas redes, so os distribuidores. Com produo prpria em trs Estados: Cear (Itaiaba); Bahia (Cip) e Piau (Canto do Buriti), a Itaueira fornece a fruta o ano todo, sendo metade da colheita destinada ao mercado interno e outra metade, ao mercado externo, principalmente a Europa, alm de Canad e incio dos trabalhos com a Argentina.

ALM DA PORTEIRAPrado considera que h um grande despreparo do supermercado na comercializao de frutas. No importa que esteja no final de safra, ele quer ter o produto para oferecer ao consumidor, sem considerar a qualidade. Mesmo que tenha um fornecedor que garanta a qualidade, essa postura acaba queimando o mercado, reclama. De um modo geral, ele diz que as pessoas relutam em identificar a fruta, porque tm medo de manter um padro e preferem manter-se no anonimato, pois sabem que vo ficar na mdia, afirma. Muitos tentaram nos imitar pela embalagem, mas o melo foi rejeitado pelo consumidor. Quem imitar sem contedo leva um prejuzo sem idia, avisa. Nosso trabalho no termina na porteira da fazenda. Isso todo mundo sabe como fazer. Aprendemos com os produtores tradicionais, que melo saboroso melo colhido no p, conta. Nesse sentido, a Itaueira desenvolveu embalagens mais caras, porm mais resistentes; apostou na paletizao, que permite manusear o produto sem machucar e faz o transporte do melo em carretafrigorfico, aproveitando o frete de retorno dos veculos que levam frios para o Nordeste. Chegando em So Paulo, realizamos uma distribuio picada para

Itaueira ganhou confiana do produtor pela qualidade dos meles.

ARQUIVO ITAUEIRA

23

COMERCIALIZAO

Brazilian Fruit Festival promove frutas brasileiras no exterior para aumentar vendas.

abertura de novos mercadosCriado em 2004, com o objetivo de aumentar as exportaes brasileiras de frutas e diversificar a pauta do comrcio exterior, o Projeto Brazilian Fruit Festival j foi realizado na Frana, Polnia, Portugal, Espanha, Itlia, Repblica Theca, Eslovquia, Blgica e Sua. A meta do programa, resultado de parceria entre o Ibraf, Apex Agncia Brasileira de Promoo de Exportaes e Investimentos e Rede Carrefour, exportar as frutas brasileiras para 19 pases. Segundo a coordenadora do Projeto, Lvia dos Santos Marques, as aes de promoo so feitas com as frutas vendidas pelos exportadores, associados ao Ibraf, que as comercializam diretamente com o Carrefour, atendendo aos pedidos de compras por pas negociado pelo Instituto. Somos responsveis por planejar, coordenar e executar aes nos pontos de vendas das redes de varejo no exterior, conta Lvia.24

BRAZILIAN FRUIT FESTIVAL

Ela acrescenta que, como responsvel pela promoo das frutas brasileiras no mercado externo, o rgo define, junto rede em cada pas, as estratgias de marketing a ser adotadas e abrangncia das aes dos pontos de vendas, que atingiro consumidores com decorao e degustaes realizadas nas sesses de frutas. O Brazilian Fruit Festival est ampliando as suas parcerias. Exemplo disso foi a realizao de aes na rede Loblaws, do Canad, e as atuais negociaes com o Grupo Mosqueteiros - Intermach, da Frana. Esse projeto compe as aes do programa Brazilian Fruit, que inclui a participao em feiras internacionais e outros projetos, como o Carnaval de Frutas cujo objetivo consolidar a venda de frutas do Projeto Brazilian Fruit Festival na Europa e este ano foi realizado em abril e maio, em hipermercados da Espanha e Itlia.

ARQUIVO IBRAF

Maior fiscalizao e cumprimento da Instruo Normativa no 9, que trata do uso das embalagens, so solues apontadas para os problemas enfrentados com o uso de embalagens inadequadas e as perdas do setor.Marlene Simarelli

Dedicao da produo se perde com embalagem e transporte inadequado.

ARQUIVO MARCOS FONSECA/EMBRAPA

As embalagens cumprem trs funes bsicas: proteger o produto de danos mecnicos, permitir deslocamento e armazenagem e ser um instrumento de marketing para incentivo compra. Se no forem descartveis, podem transmitir doenas por fungos, vrus e bactrias, quando no estiverem devidamente limpas e higienizadas. Esses so conceitos amplamente difundidos e previstos, inclusive, na Instruo Normativa no. 9, que regula o uso de embalagens. Mas as frutas ainda so transportadas ou chegam ao consumidor em embalagens inadequadas e, portanto, com muitas perdas e baixa qualidade. Das trs variveis encontradas madeira, plstico e papelo ondulado , a caixa plstica tem sido a mais utilizada no mercado interno, para distncias menores.

Por ser retornvel, reduz custo para o comprador. As embalagens de papelo e de madeira so mais usadas para longas distncias e devem ser descartadas. No entanto, as de madeira no so descartadas devido a sua resistncia

e acabam reformadas pelos caixeiros que esto ao redor do Ceagesp. Elas no deveriam ser reformadas porque a madeira, por ser celulose, no permite higienizao e incrusta resduos vegetais. Outro inconveniente

25

COMERCIALIZAO

que machuca o produto, provocando leses e reduzindo a qualidade, afirma Ossir Gorenstein, engenheiro agrnomo do Centro de Qualidade em Hortigranjeiros, da Companhia de Abastecimento Geral do Estado de So Paulo Ceagesp. Gorenstein aponta o manuseio mnimo como soluo para reduzir danos e perdas e observa que para isso, importante ter a mesma embalagem da plantao at o varejo, mantendo-se todas as informaes da rotulagem, tais como origem, nome do produtor, variedade, tipo e categoria. No sistema atual, com troca de embalagens desde a produo at o varejo, as informaes se perdem. Gorestein ressalta que com a manuteno das informaes e a embalagem, possvel haver uma diferenciao do produto. O produtor, que quer firmar sua marca e ser reconhecido no varejo, tem que usar o processo de manuseio mnimo. A indstria usa largamente a embalagem como veculo de marketing, pois por meio dela que o consumidor reconhece seu produto. Em frutas, esse recurso muito pouco usado e as mudanas ocorrem lentamente. Por isso, propomos o manuseio mnimo. Dessa forma, o produtor se apresentar de maneira melhor ao consumidor, diz Gorenstein e acrescenta que essa deve ser uma exigncia dos pontos de vendas. medida que o processo de embalagens feito assim, o produtor ter a fruta valorizada e pode aumentar o volume de negcios. A proposta uma iniciativa do Centro de Qualidade de Hortigranjeiros, com apoio do Programa Integrado de Frutas PIF , Conselho Nacional de Pesquisas CNPq e Associao Brasileira de Papelo Ondulado ABPO. Folders e manuais esto sendo entregues em toda a rede, desde o produtor ao comerciante, para que haja uma conscientizao de todos os elos da cadeia.26

MUDANA LENTAVasco Jos Bosi, diretor comercial da Linpac Pisani, fabricante de contentores plsticos para hortifrutigranjeiros, afirma que, embora a IN 9 exija embalagens higienizveis, a madeira ainda predomina em 80% dos casos. Segundo ele, os produtores vem a embalagem plstica com vantagem, mas o que dificulta a substituio o custo inicial. A vida til das plsticas varia de 10 a 15 anos, dependendo das condies de uso, enquanto a madeira tem um ano e com manuteno constante. Se considerar o custo diludo, ao fazer a quarta reposio da madeira, j ter compensado o investimento inicial. A ABPO considera o papelo ondulado no Brasil bastante competitivo. Perda de produtos por embalagem no adequada ou mal-dimensionada, manuseio em demasia, desperdcio, falta de paletizao ou paletizao ineficaz, com conseqente aumento de custos de armazenagem e de frete, entre outros, so fatores importantes a serem avaliados em conjunto com o custo especfico da embalagem. Infelizmente, muitas empresas ainda continuam a olhar somente para o preo da embalagem, sem ter a medida exata do custo total do processo. Fausto Eto, gerente de Packing House da Sanjo, empresa produtora e comercializa-dora de mas de So Joaquim, SC, alerta para as embalagens como veculos de fungos e pragas. Embalagens descartveis, por no serem reutilizadas, evitam fungos, pragas, etc. Embalagens de madeira devem ter cuidados especiais na importao e exportao, pois a madeira pode conter pragas de outras culturas. E no caso da ma, pragas, como a Cydia pomonela, podem ser introduzida no Pas atravs de embalagens ou frutas de procedncia duvidosa, que pode nos trazer grandes prejuzos, observa Eto.ARQUIVO LINPAC PISANI

Bosi: necessrio fiscalizao para embalagens

27

COMERCIALIZAO

Manuseio mnimo a soluo para reduzir perdas, danos e manter informaes de origem do produto.

O mercado brasileiro de embalagem ainda est engatinhando e precisa mudar. H muitos atravessadores que no usam embalagens adequadas porque querem reduzir custos. Depois, jogam o produto na banca e o consumidor no sabe como foi transportado, afirma Alderico Melo, gerente industrial da Agropel, de Fraiburgo, SC, que produz e comercializa mas. Na opinio dele, a mudana no mercado acontecer quando houver maior fiscalizao e as Ceasas exigirem, com rigor, a origem do produto. S assim, quem for trabalhar na comercializao vai se estruturar. Vasco Jos Bosi tambm considera ser necessrio a fiscalizao pois ainda no se tem definido quem far isso, se Ceasa ou Inmetro, ento, o produtor fica com embalagem que considera de menor custo. Ele acredita que o incentivo por parte do governo, com financiamento ou reduo de impostos, seria um atrativo e facilitaria a implantao da IN9. Para Bosi, outro fator inibidor e impactante em relao s embalagens plsticas o roubo e a posterior venda no mercado paralelo. De acordo com Alderico Melo, preciso que todos tenham o sistema de rastreamento para a segurana do consumidor, assim, quando houver problema, pode se saber a origem do produto. Se quem compra, exigir

embalagens e rastreabilidade, resolve a questo, evitar perdas e o consumidor saber o que est levando. Ele acredita que a tendncia a migrao do setor para as embalagens menores, para reduzir perdas. A Agropel comercializa 90% da produo acondicionada em embalagens de papelo, visando segurana alimentar e reduo de perdas, sendo que a empresa j se prepara para a certificao ISO 14000, que trata da segurana alimentar e meio ambiente.

ANLISE DO CAMPOH 40 anos produzindo morangos, Armando Augusto Trcoli, de Atibaia, SP observa que as em, balagens para a fruta sofreram muitas mudanas. Ele lembra que as primeiras cumbucas eram de madeira e depois foram de papelo. Atualmente, os morangos so embalados em cumbucas de isopor e de plstico, com e sem tampa. Tricoli analisa as cumbucas de plstico com tampa como o melhor tipo. No amassa as frutas, facilita o transporte, reduz a proliferao de fungos, porque tem mais ventilao e tem maior procura nas vendas dos supermercados. Alm disso, melhor para a sade do consumidor porque impede que as pessoas toquem a mercadoria. De acordo com ele, a embalagem de plstico sem tapa, pelo fato de usar o celofane para

cobrir o fruto, amassar e reduz a vida til do morango, pois impede a transpirao. O produtor de abacaxis Washington Dias, de Miracema do Tocantins, TO, comeou a vender a fruta encaixada h seis anos, por causa da exportao. Para exportar, o abacaxi sai encaixado da lavoura, pois a nica forma para no sofrer injria durante o transporte e a comercializao. Com a caixaria, no tem perda no transporte e o abacaxi chega com excelente qualidade. Mas encarece, pois agrega R$ 0,40 no custo final de cada fruta, afirma Dias. Para reduzir os custos no mercado interno, o produtor embala a fruta em caixaria plstica na central de distribuio da Ceagesp. Ele calcula que as perdas de uma carga de 7 mil abacaxis variam de 5% a 10% durante o transporte, mas ainda no compensa encaixar para vendas internas. O consumidor exige um produto com maior qualidade e na hora de comprar, leva o mais barato. Fausto Eto ressalta que o uso da embalagem correta a forma mais simples de transportar sem danificar o produto e pode ainda agregar valor s frutas. o caso das sacolinhas plsticas de 1 kg com mas pequenas, que so vendidas para o pblico infantil. Alm de agregar valor, as frutas ficam mais higienizadas, protegendo do contato com o ambiente.

28

ARQUIVO SANJO

Soluo para perdas e valorizao de frutas: uso de embalagens diferenciadas.

ARQUIVO DE MARCHI

A agroindustrializao do aa promoveu benefcios socioeconmicos e ambientais para a regio produtora, mas enfrenta obstculos, como escassez da fruta e falta de mo-de-obra qualificada.Samara Monteiro Fotos: Alfredo Homma/Embrapa

A exposio na mdia, a tecnologia e a indstria transformaram a realidade do aa em pouco mais de uma dcada. Antes, a fruta era desconhecida no resto do Pas, mas estava sempre presente nas refeies da populao ribeirinha e da periferia do Norte brasileiro, pois serve de alimentao bsica e tida como uma das frutas mais nutritivas da Bacia Amaznica. Hoje, existem diversos produtos industrializados, derivados da fruta, que so popularmente comercializados em todo o territrio nacional e, tambm, exportados para Estados Unidos, Japo, Austrlia, Itlia, Alemanha e Frana. possvel encontrar o aa em diversas formas, entre elas polpa, p, sorvete, creme e pronto com granola e guaran. A popularizao da fruta comeou no incio da dcada de 1990, quando a Rede Globo passou a fazer propagandas gratuitas do aa na novela Malhao, cujo pblico-alvo so os adolescentes. Este fator, aliado presso internacional, feita por meio da mdia, para a preservao da Amaznia, transformaram a fruta em vedete de consumo por jovens esportistas e surfistas, sendo eleito como fonte de energia e sinnimo de sade, afirma o diretor-presidente da Amazonfrut, Ben-Hur Borges. De l pra c, a expanso foi enorme. A venda de suco do ano 2000 a 2004 e seu crescimento no mercado externo chegaram a aproximadamente 20% ao ano. E, tambm, estima-se que cerca de 10 mil toneladas anuais de polpa congelada sejam destinadas para Rio de Janeiro, So Paulo, Pernambuco, Braslia e Gois, alm de 120 mil litros de vinho comercializados diariamen29

FOTO ALFREDO HOMMA/EMBRAPA

AGROINDSTRIA

Industrializao tambm significa melhoria de vida para os extrativistas

te em Belm, em 3 mil pontos de venda, o que afirma o pesquisador da Embrapa Amaznia Oriental, Alfredo Homma, um dos autores do projeto, realizado em 2004 pela instituio, sobre o sistema de produo do aa. Segundo Borges, da Amazonfrut, o aa chega ao consumidor paraense como comida; para o nacional, como bebida energtica e para o estrangeiro, como bebida extica. O projeto mostra que a produo de frutos, que provinha quase que exclusivamente do extrativismo, passou a ser obtida, tambm, de aaizais nativos manejados e de cultivos implantados em reas de vrzea e de terra firme, localizadas em regies com maior precipitao pluviomtrica, com e sem irrigao. Dados estatsticos comprovam que cerca de 80% da produo de frutos tem origem no extrativismo, enquanto os 20% restantes so provenientes de aaizais manejados e cultivados em vrzea e terra firme, explica o pesquisador. O Brasil o principal produtor natural do aaizeiro, sendo que a maior concentrao est nos Estados do Par, com 1 milho de hectares e 92% da oferta, e Amap. Para se ter uma idia, algumas cidades paraenses, como Camet, Furos de Breves e Arari, contriburam at 2004, com 90% da produo estadual. Em relao oferta de frutos, destacam-se os municpios de Camet, Limoeiro do Ajuru, Abaetetuba, Igarap-Miri, Ponta de Pedras e Mocajuba, que at este ano foram responsveis Fonte: Produo Extrativa Vegetal por 80% da produo paraense, ressalta Homma. Uma parcela muito pequena de populao espontnea do aa pode ser, ainda, encontrada em outros lugares, como no Maranho, Mato Grosso e Tocantins; e em pases da Amrica do Sul (Venezuela, Colmbia, Equador, Suriname e Guiana) e da Amrica Central (Panam). De 1999 at 2004, o Brasil produziu aproximadamente 740 mil toneladas de aa. o que demonstram os dados do perodo publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE). De acordo com o grfico acima, possvel notar que, entre 1999 e 2003, houve um crescimento de 25% da produo do fruto.

Porm, no ano 2003-2004, a produo apresentou queda de quase 30%. De acordo com Homma, passado o perodo de febre do consumo, hoje o setor apresenta crescimento lento, h falta de tecnologia avanada por parte das indstrias e, at, escassez do fruto.

OBSTCULOS DA CULTURAO rpido sucesso e a ampliao despreparada do setor j apresentam resultados negativos. O aumento das exportaes e da demanda nacional, por exemplo, est ocasionando a escassez do produto. Mesmo com a grande expanso dos plantios de aaizeiros nas reas de terra firme na microrregio de Tom-Au, sobretudo nos municpios de TomAu, Acar e Concrdia do Par, as empresas operam ociosas. o caso da unidade de beneficiamento de polpa e sucos de frutas pertencente Cooperativa Agrcola Mista de Tom-Au (Camta), que funciona com uma capacidade ociosa de 50%. Isso s vem a constituir um indicativo das grandes possibilidades de expanso do aa, explica Alfredo Homma. Um outro fator negativo tem sido o aumento do preo do produto para o consumidor local. A fruta, antes exclusivamente destinada subsistncia dessa populao, virou, hoje, produto refinado e voltado para pessoas com alto poder aquisitivo, principalmente no perodo que vai de janeiro a junho. Hoje, um litro de aa beneficiado vendido em Belm do Par ao preo de R$ 8,00. Em http://www.sidra.ibge.gov.br outros estados, uma poro de aa na tigela (misturado a banana, granola e outros cereais) chega a custar R$ 5,00. Ou seja, o cenrio se reverteu, quem antes comia o melhor aa, hoje come o que sobra, explica ele. Outros obstculos, como fornecimento regular e transporte, tambm prejudicam o empresrio local, j que a fruta tem uma curta vida de prateleira (12 horas), mesmo sob refrigerao, alm da chegada de grandes indstrias estrangeiras, que esto se instalando na Zona Franca de Macap e Santana, onde h facilidades e incentivos fiscais, conclui o diretor-presidente da Camta, Ivan Hitoshi Saiki. Segundo ele, a Camta pro-

30

Cultivo de aaizeiro no Par.

duziu no ano passado cerca de 1.300 toneladas de polpa congelada, mas tem capacidade de produzir cinco mil toneladas/ano. Ben-Hur Borges acrescenta a esses problemas o desgoverno do Pas, os entraves burocrticos, uma poltica econmica prejudicial para o exportador brasileiro e a falta de mo-de-obra preparada para a utilizao do aparelhamento industrial. J, o scio-administrativo da Produtos Naturais da Amaznia (Pronam), Euvaldo Santana, considera que a tecnologia utilizada pelas empresas estrangeiras coloca as nacionais em desvantagem. Hoje, por exemplo, elas j comearam a produzir aa em p desidratado, que deixa o produto com aparncia de leite em p e a maneira mais barata de exportar o produto, j que passa a pesar menos. Ns no temos dinheiro e tecnologia suficientes para competir neste novo segmento. O ideal, e esperado, para o setor que haja um aumento da produo para nveis satisfatrios de produtividade, estimados em 8 toneladas/ ha/ano. Atualmente, o valor anual da produo de frutos superior a R$ 70 milhes , conclui Homma.

BENEFCIOS DA INDUSTRIALIZAOA vida de quem trabalha na colheita do aa melhorou muito com a industrializao, pois agora eles tm a garantia de que sua produo ser consumida. claro que no totalmente, pois as dificuldades com o transporte e a perecibilidade dificultam. Mesmo assim, em suas residncias, hoje, j possvel encontrar at televiso e antena parablica. Esta a descrio da situao atual da populao ribeirinha, que encontrou neste setor uma forma de garantir a sobrevivncia, feita por Homma. H algumas dcadas, essas pessoas trabalhavam na derrubada do aaizeiro para a extrao do palmito, que era a principal fonte de matria-prima para a indstria do setor. Com o beneficiamento do aa, deixou-se de derrubar a rvore, que pode ser melhor aproveitada. Isso tambm causou um reflexo no mercado de industrializao do palmito. Agora, a indstria alimentada, na maioria das vezes, pelo palmito de pupunha, muito cultivado no Vale do Ribeira. A coleta e venda dos frutos tm uma valorizao, cujo efeito econmico e ecolgico so bastante positivos, j que contribuem para a conservao dos aaizais. A importncia socioeconmica do aaizeiro decorre do seu enorme potencial de aproveitamento integral de matria-prima. feita a extrao do suco, mas os caroos so, ainda, aproveitados no artesanato e como adubo orgnico. Alm de oferecer o palmito, suas folhas so utilizadas para cobertura

Industrializao beneficia populao, mas encarece o fruto como alimento local.

Transporte de barco leva aa at galpo de beneficiamento.

CURIOSIDADESuma semente com muitos frutosO aaizeiro... tantos benefcios j puderam ser constatados pelo seu cultivo e ainda existem pessoas que acreditam em mais um deles: o poder nutracutico. O que quer dizer que as pessoas o consideram to bom e benfico que h boatos afirmando que ele pode curar at cncer de prstata, conta Homma. Se essa informao verdadeira ou no, ainda no se sabe. Mas o fato comprovado so suas propriedades nutricionais: rico em lipdios, o leo extrado do aa contm cidos graxos de boa qualidade; o percentual de fibras tambm elevado e a porcentagem de protenas bastante significativa; tambm rico em minerais, principalmente potssio e clcio; e dentre as vitaminas, est a E, importante antioxidante natural, que atua na eliminao dos radicais livres.

31

AGROINDSTRIA

REALIDADE TRANSFORMADAH 11 anos, um engenheiro florestal montou um pequeno grupo e decidiu restaurar 35 hectares de uma floresta que ficava na Ilha Murutucu, em frente a Belm, no Par. Comearam a instalar o manejo sustentado no local para trabalhar com o aa. J no incio da recuperao da floresta, os homens notaram a presena de crianas, que brincavam prximo dali. Eram o que eles chamam de curumins, meninos dos arredores. Decidiram, ento, contratar um professor para dar aulas a essas crianas. Esse foi o primeiro empreendimento realizado pela AmazonFrut, antes mesmo do manejo tomar forma e comear a produzir. No incio era uma pequena escola, com poucos professores e merenda para as crianas. De l pra c, o projeto cresceu. Atualmente, mais de cem alunos aprendem na escola, idealizada por Ben-Hur Borges, o engenheiro florestal. E desta idia, nasceu, tambm, uma associao voltada para os pais, a Associao dos Cultivadores de Aa da Ilha Murutucu Acaimu. O envolvimento das famlias da Ilha foi tamanho, que j se formou uma comunidade onde se discute seriamente questes sociais e ambientais. Alm disso, muitas das famlias constituram os primeiros funcionrios da Amazonfrut. Hoje, j temos crianas na 8a srie e na casa dessas famlias possvel encontrar TV bateria; algumas tm energia eltrica da fbrica e tm acesso gua potvel. Esse, com certeza, foi o nosso melhor empreendimento, explica Ben-Hur Borges, que, quando parabenizado por seu trabalho, brinca: Eu sou s o conversador, quem merece os parabns o pessoal que faz todo o trabalho, que d as aulas, a merenda, que ensina e educa. Eu no. O projeto enfrentou inmeros obstculos: da construo da fbrica escolha do produto; das primeiras aulas ministradas de forma amadora ao surgimento da escola com paredes e currculo normal, totalmente adequada s exigncias da lei; da educao profissional das famlias, no que esto includos at cursos de higiene e de como pentear os cabelos. Segundo Ben-Hur, vencemos todas essas barreiras e conseguimos adequar nossa empresa dentro dos pr-requisitos ao desenvolvimento de produtos. Mas as que mais dificultam o nosso trabalho so as burocrticas. Por causa delas, j chegamos a perder trs navios seguidos, sem conseguir embarcar nosso produto. s vezes, parece que quando brasileiro tenta fazer alguma coisa boa, passa a ser odiado por todos.

de casas dos habitantes do interior da regio. Dos estipes adultos, 30% podem ser cortados de cinco em cinco anos e destinados fabricao de pastas e polpa de celulose para papel, enfatiza o pesquisador da Embrapa Amaznia Oriental. Segundo ele, outra constatao a que os autores do projeto chegaram que, mesmo com todas essas possibilidades, a mais rentvel atividade comercial para a populao ribeirinha mesmo a produo e comercializao de seu fruto in natura. Outro ponto a ser considerado a absoro da mo-deobra pelas indstrias. A Camta, por exemplo, cujo crescimento nos ltimos dois anos foi de mais de 30%, gerou, aproximadamente, 80 empregos diretos e 2 mil indiretos. Homma relembra, tambm, que o financiamento do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte FNO , por meio de projetos elaborados pela Emater-Pronaf e Emater-Par, permitiu a expanso das reas manejadas, estimadas em mais de 10 mil hectares, at 2002. Como resultado, houve a gerao de 10 mil empregos diretos. Alm disso, no agronegcio de suco e polpa de aa esto envolvidas, diretamente, mais de 25 mil pessoas. Algumas empresas chegam at a oferecer educao e treinamento para seus funcionrios, como o caso da Amazonfrut, que mantm seus fornecedores tradicionais, bem como uma rea com manejo sustentado; promove treinamento ambiental e tem uma associao e escola com 137 alunos. (veja matria ao lado)

32

33

TECNOLOGIA

novasFORMASboratrio de nanotecnologia exclusivo para pesquisa e aplicaes no agronegcio. O fsico e pesquisador Odlio Assis, especialista em materiais, estuda estas embalagens h cerca de trs anos, com apoio do Conselho Nacional de Pesquisas CNPq , da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo Fapesp, e tambm de empresas da iniciativa privada interessadas na tecnologia. Produtores de noz macadmia, do interior paulista, j atuam em parceria com a Embrapa para desenvolver revestimentos para exportao das frutas. O objetivo ampliar a vida til das nozes, de alto valor comercial, e preservar aparncia e sabor. Quando aplicados, os filmes comestveis fazem parte do produto, podendo ser consumidos sem restrio. Cera carnaba e alguns filmes proticos do leite

A pesquisa busca alternativas para melhorar o transporte dos frutos at o consumidor final com novas embalagens para colheita, acondicionamento e conservao para reduzir perdas e preservar a qualidade para o consumidor.Marlene Simarelli

Voc no percebe, mas a embalagem est ali: transparente, inodora, incolor, invisvel. Fico? No. So as embalagens comestveis. Em uso nos Estados Unidos e Japo, a tecnologia dos filmes comestveis s possvel graas a tecnologias sofisticadas, como a nanotecnologia, cincia que trabalha com partes to pequenas, que so invisveis a olho nu. Embora a tecnologia de processamento de filmes finos esteja presente em vrios processos industriais no Pas, no agronegcio, seu uso ainda restrito e incipiente. A pesquisa com filmes extremamente finos, protetores e comestveis para uso em alimentos est sendo desenvolvida pela Embrapa Instrumentao Agropecuria, em So Carlos, SP , que ganhou recentemente um investimento na ordem de R$ 4 milhes para a montagem de um la34

Filme comestvel: frutas so mergulhadas e deixadas para secar naturalmente.

ARQUIVO EMBRAPA SO CARLOS

TECNOLOGIA

JOANA SILVA/EMBRAPA

Produtor de figos Angelo Fabiano participou dos testes em campo. No detalhe: Nova cesta protege os frutos de amassamento evitando que se manchem.

capacidade para 40 figos e previso de custo inicial inferior a R$10,00. Totalmente reutilizvel e higieni-zvel, poder ser lavada com hipoclorito de sdio, evitando a contaminao por microorganismos indesejveis e mantendo o mesmo processo de colheita e manejo. A afirmao do fsico Clvis Biscegli, que desenvolveu a cesta em parceria com o pesquisador da Feagri, Antonio Carlos de Oliveira Ferraz. Embora, com preo mais alto e menor capacidade, o uso da cesta de plstico compensa, porque reduz perdas, pois, com o uso da cesta de bambu, os figos da parte inferior j chegam amassados ao galpo, analisa Biscegli. Cristiane Fabiano, produtora de figos e diretora de apoio Agricultura de Valinhos, SP participou com seu pai, ngelo Fabiano, da pesquisa no , campo. Na opinio dela, a cesta tima para identificar o tamanho dos frutos e facilita a seleo. Tambm reduz o manuseio e aumenta a qualidade ps-colheita e o aproveitamento dos frutos em perfeito estado chega a 90% pela reduo do amassamento. Em Campinas, SP a Unicamp j patenteou um filme , fotodegradvel um derivado do polietileno a ser usado para embalar produtos, como pes e frutas, com perodo de decomposio, sob luz do sol, reduzido a

so comuns e largamente empregados no revestimento de mas, tomates e hortalias. O uso mais adequado para os filmes comestveis, no entanto, so frutas e legumes minimamente processados, afirma Assis. Ele explica que o filme conseguido a partir de um gel, onde o fruto imerso ou submetido a uma asperso, deixando que se seque em esteiras em condies ambientais normais. H vrios tipos e composies de filmes adequados ao fruto a ser revestido. Em um futuro prximo, devero ser amplamente empregados por distribuidores e empresas de processamento em frutas, principalmente os com muita polpa. Alm da noz macadmia, esto sendo avaliados revestimentos para mas fatiadas, morangos, aa, entre outros.

CESTA PARA FIGOS resultado tambm da pesquisa da Embrapa Instrumentao Agropecuria, em parceria com a Faculdade de Engenharia Agrcola Feagri-Unicamp , a cesta de plstico para colheita de figo roxo de Valinhos, que estar no mercado a partir do segundo semestre. Fruta muito apreciada e exportada, o figo sofre com muit