Revista ponto.com 2

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ponto.com - 1 ponto.com Revista do Laboratório de Imprensa e Hipermedia e do Laboratório de Fotografia da Universidade Fernando Pessoa 2 2009.10

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Revsita do Laboratório de Imprensa e Hipermédia da Universidade Fernando Pessoa

Transcript of Revista ponto.com 2

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nº 22009.10

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Ficha Técnica:

Director: Salvato Trigo

Director de Publicação: Ricardo Jorge Pinto

Coordenador Editorial: Nair Silva

Edição Fotográfica: Tereza Castro Ribeiro

Paginação: Ana Gabriela Nogueira

Redacção e Fotografia: Ana Lopes, Ana Catarina D’Eça, Ana Filipa Sousa,

André Rocha, Catarina Ferreira, Cláudia Almeida, Fátima Andrade, Gustavo Pollmann,

Hugo Castro, Joana Cordeiro, Joana Pereira, João Augusto, João Henriques,

João Tavares, Lucília Monteiro, Maria Loubet, Maria Van Schoor, Marta Ribeiro,

Miguel Ferreira, Nícia Cruz.

Resultado do trabalho jornalístico dos alunos de Ciências da Comunicação

da Universidade Fernando Pessoa, ponto.com é uma revista laboratório

que pretende defender o jornalismo universitário de qualidade.

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Edição nº 2 - Ano 2010

Índice

Saúde e Desporto:Surf nacional: o Havai da EuropaAtletas a tempo inteiroSushi, o sabor saudável

14 e 15

16 e 17

40 e 41

Cultura e Lazer:Memórias pintadasOs ritmos da Invicta Casa do InfanteRuínas com futuroNão troco por CD!Parque da Cidade Rota do Chá: o Oriente na Invicta

20 e 21

22 e 23

26 e 27

30 e 31

34 e 35

38 e 39

42 e 43

Gentes e Sociedade:Reciclagem no combate à poluiçãoEnergias renováveis: converter energia em soluções Uma horta no coração da cidade É dia de feiraO mundo a duas rodasA vida em arte de palcoO amarelo voltou! O novo museu mineiro de PortugalO bairro da BouçaA rua que insiste em perdurar Universidade+ na UFP

04 e 05

06 e 07

08 e 09

10 e 11

12 e 13

18 e 19

24 e 25

28 e 29

32 e 33

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Não é com dificuldade que, hoje em dia, nos apercebemos de uma crescente preocupação com temas relacionados com o ambiente, a necessidade de o proteger e de reverter os danos causados pela acção humana.

Entre os processos mais conhecidos encontra-se o da reciclagem. É um dos mecanismos com maior sucesso no combate indirecto às emissões de CO

2. É por isso mesmo que, na Europa, existe uma legislação que impõe metas mínimas para a reciclagem de certos materiais, tais como o papel, o vidro e o plástico, sem contar com o metal, equipamentos electrónicos, pilhas e acumuladores.

Na região do Grande Porto, são oito os municípios abrangidos pela acção da LIPOR. Esta empresa ocupa-se da gestão dos resíduos sólidos urbanos recolhidos nas áreas circunscritas. Henrique Silva, técnico de direcção na empresa há 11 anos, considera que tem havido um aumento visível na quantidade de materiais enviados para a reciclagem, nomeadamente, o papel e o vidro que, no seu entender, são aqueles que menos dúvidas suscitam aos consumidores. Ainda assim, erros continuam a ser cometidos nos ecopontos e ecocentros.

Frequentemente, são também encontrados objectos fora do normal. Henrique Silva afirma, com algum sentido de humor, que já se depararam com lápides de cemitério, “muitas, muitas carteiras”, pedras e até mesmo armas “de pessoas que vinham do ultramar e que as usavam depois como bibelôs”.

A reciclagem merece especial destaque por

ser um dos processos de combate à poluição

mais eficazes da actualidade. Fernando Leite,

administrador delegado da LIPOR, considera que,

apesar dos progressos observados em Portugal, há

ainda uma falta de consciencialização convincente

por parte dos cidadãos.

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“Amar o ambiente” não bastaFernando Leite, administrador delegado da

LIPOR, afirma que, apesar dos progressos feitos ao nível do processo de reciclagem em Portugal, as pessoas não têm “uma consciência muito segura” no que diz respeito à necessidade de separar os materiais que consomem. Continua, dizendo que os portugueses, quando questionados acerca da importância da reciclagem, tendem a responder que “amam o ambiente” e, na verdade, o que é necessário compreender é que as “matérias-primas são finitas”.

Num cenário europeu, Portugal encontra-se num nível inferior. Porém, e como relata Fernando Leite, “os outros países colocam mais produtos naquilo que são o objecto da reciclagem”. Em Portugal recicla-se cerca de 10 a 12% dos resíduos que correspondem aos critérios de selecção e, apesar do país não estar tão desenvolvido como os restantes países europeus, “não estaremos tão longe quanto os números nos indicam”, acrescenta.

Uma questão de consciência? Estaremos perante uma mudança de atitude dos

portugueses face ao processo de reciclagem? Patrícia Pires, estudante de 21 anos, residente em Valongo, diz que, apesar da boa localização dos ecopontos e da informação disponibilizada, “não tenho esse cuidado”. Já Eunice Bombeiro, de 70 anos, reformada, do Porto, afirma que separa a maioria dos materiais que consome e acrescenta que, apesar de haver campanhas suficientes e adequadas, “há pessoas que continuam sem ouvir”, algo que Miguel Lopes estudante de 22 anos, do Porto, diz ser mais um

problema de consciência do que de comunicação. Quando confrontados com a questão de como

reagiriam se fosse necessário pagar uma multa por cada vez que não fizessem separação dos materiais, a resposta foi unânime. Aldina Carvalho, professora do ensino primário, de 52 anos, residente na Maia, afirma que “iria fazer-me confusão, mas acabaria por aceitar” porque seria uma forma de obrigar as pessoas a reciclar. O mesmo diz Diogo Tavares, director informático, de 35 anos, do Porto: “hoje em dia, em Portugal, as pessoas só mediante multas é que conseguem cumprir obrigações!... Foi o caso do cinto de segurança”.

Segundo dados indicados no site da DECO Proteste, em 2005, os portugueses deveriam ter reciclado, pelo menos, 25% dos resíduos produzidos diariamente, porém, apenas 9% dos mesmos foram recolhidos selectivamente. Resta só saber se até 2011 Portugal será capaz de atingir as novas metas estabelecidas.

Texto e fotos: Maria Van Schoor

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Ano

Resíduos Urbanos - Grande Porto

Embalagens

Papel e Cartão

Vidro

Reciclagem no combate à poluição

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Apesar de existir a noção popular de que são uma aposta viável, a maioria das pessoas permanece na dúvida sobre o que realmente serão as energias renováveis. Enquanto a população permanece na ignorância, outros estudam o tema, teorizando, explorando soluções que se mostrem exequíveis e boas apostas para os anos que se avizinham.

As energias renováveis são cada vez mais vistas por profissionais como a única solução para o futuro do ambiente, o que é o mesmo que dizer, para o nosso futuro. À conversa com João Peças Lopes, professor catedrático da FEUP, director do INESC Porto e responsável por vários projectos associados ao uso e exploração de energias renováveis, o tema foi explorado e contextualizado: “as

energias renováveis são, precisamente, aquelas que não se esgotam. E, ao mesmo tempo, são também associadas ao conceito das chamadas “energias verdes”, ou seja, as energias que não levam à emissão de gases de efeitos de estufa”, conta.

Mas porque são energias que não podemos controlar, têm o seu senão: “este tipo de energias têm uma característica de intermitência ou de variabilidade. Ou seja, não estão disponíveis sempre que precisamos delas”, afirma o professor.

A crescente construção de parques eólicos é apenas um dos vários passos tomados, até agora, em Portugal que, de acordo com o professor Peças Lopes, se encontra na “linha da frente em termos tecnológicos e em termos de soluções”.

Actualmente, 20% da energia consumida pelos portugueses é renovável o que significa que ainda temos um longo caminho a percorrer para apanhar os restante 80% que ainda são de origem fóssil. Contudo, é preciso ter em conta que “os combustíveis fósseis têm uma vida limitada”, relembra o professor. Essa é, aliás, outra das razões que leva à necessidade de encontrar uma alternativa para mantermos os padrões de vida a que estamos habituados.

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As mudanças climáticas que se têm verificado

nos últimos anos, ao nível mundial, são um aviso

constante que nos relembra que atitudes rigorosas

têm de ser tomadas para salvar o meio ambiente.

Neste momento, as energias renováveis

aparentam ser a solução.

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Geonúcleo e alunos UFP mostram-se prudentes O Geonúcleo - Núcleo de Ambiente da

Universidade Fernando Pessoa, está empenhado, há já alguns anos, em fomentar a união e interacção entre alunos, tendo como temática dominante o meio ambiente. Contrariando as expectativas, alunos das universidades portuguesas ainda não têm uma grande pró-actividade no que toca a questões ambientais. Patrícia Neto, presidente do Geonúcleo desde Março de 2009, explica que “as pessoas tornaram-se mais individualistas (…) É preciso andar sempre em cima [dos alunos] e é preciso apelar muito para que haja um pequeno contributo”.

Já os alunos de Engenharia de Ambiente da UFP, quando questionados sobre o tema das energias renováveis, mostraram-se prudentes: “penso que Portugal tem vindo a melhorar nos termos das energias renováveis. (…) cada vez estão a ser mais utilizadas e acho que é um ponto a nosso favor”, afirma Miguel Neto, estudante do 3º ano. Já para João Teles, é errado pensar que as energias renováveis

serão a salvação e que todas os problemas ambientais serão solucionados “só com energias renováveis, mas é um passo importante, sem dúvida”. A questão do consumo de energia foi também predominante: “É importante (…) os cidadãos, no seu dia-a-dia, terem noção que estamos perante um recurso que qualquer dia vamos ficar sem ele”, afirma Filipa Sousa, estudante de Ciências da Comunicação da UFP.

É fundamental a população aperceber-se que “a energia é um bem escasso que deve ser utilizado de forma rigorosa”, explica João Peças Lopes. Apesar do uso das energias renováveis parecer ser um grande passo para a resolução do problema, não basta. A necessidade de investir na exploração de energias renováveis é essencial no sentido que abrirá grandes oportunidades para a indústria, assim como ajudará a resolver a iminente escassez de fontes de energia fóssil. As energias renováveis podem, portanto, ser vistas como um grande desafio e uma grande oportunidade na promoção da riqueza e o bem estar global da população. Texto e foto: Ana Lopes

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A Horta Pedagógica de Guimarães nasceu em de 2008, com a ideia de criar um espaço totalmente natural, partilhando um equilíbrio entre a zona urbana e a natureza. A aproximação destes dois lugares, com identidades próprias, transporta para a cidade a experiência do campo.

Pode-se afirmar, então, que, tal como referido na página web da Câmara Municipal de Guimarães (www.cm-guimaraes.pt) esta horta é um espaço de domínio público onde se possibilita a melhoria de qualidade de vida das populações e o aumento da experiência prática e sensorial na ligação com a Natureza. E acrescenta ser aqui que se cria a possibilidade de contacto entre a população e as espécies agrícolas que utilizamos na nossa alimentação, através do seu envolvimento em diversas actividades.

Esta área foi pensada com o intuito de

uma horta no coração da cidade

reaproveitar os três hectares de terreno que são de domínio público e por se tratar de um lugar com uma forte tradição agrícola, pretendeu-se voltar a dar sinais de cultivo e da história que aquele terreno guardava. A ideia partiu do presidente da Câmara de Guimarães, numa ida ao estrangeiro. “Tinhamos aquele terreno mesmo à entrada da cidade. Decidiu-se criar uma horta que envolvesse a população em geral, de todas as classes etárias, todas as idades, todas as profissões”, refere Susana Balsas, licenciada em Geografia e Planeamento.

Um espaço verde, dinâmico e aberto a todosEmbora o projecto seja dirigido, particularmente

às crianças, a horta é dirigida à população em geral, como forma de união, para tornar este, um espaço social que reúna, “o convívio entre as pessoas e a

O contacto com a natureza é cada vez mais escasso

para quem vive em zonas urbanísticas. As hortas

pedagógicas são um bom exemplo para quem quer ter

o seu próprio espaço de cultivo. Mas estas hortas não

servem só o propósito agrícola: são, acima de tudo, um

ponto de união entre pessoas. E a horta pedagógica de

Guimarães é exemplo disso mesmo.

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possibilidade de aprender umas com as outras”, afirma Susana Balsas.

Nesta horta pedagógica são criados vários workshops e concursos. Um dele consistiu na criação de espantalhos, uma ideia que surgiu para contrariar a imagem fria e castanha do Inverno. A iniciativa foi um sucesso e as cerca de 50 criações permanecem, ainda hoje, em exposição. De facto, no início, não se sabia bem se haveria muita adesão ao projecto, contudo, Susana Balsas não hesita em confirmar o seu sucesso: “temos cerca de 300 pessoas inscritas a cultivar e cerca de 120 em lista de espera”.

Um dia na hortaPara Avelino Silva, reformado de 66 anos, a

ideia da criação de uma horta pedagógica em Guimarães está a resultar muito bem não só pelo entretenimento, mas, principalmente, “porque embora se gaste muito mais no que semeamos do que se comprarmos, só pela sensação de poder comer o que semeamos, dá-nos gosto por sermos nós próprios a cultivar para o nosso consumo”, já

para não falar que prefere espaços naturais a cafés, para ocupar o seu tempo livre.

É atribuído entre 50 a 100 m2 e cada talhão de terreno tem, sensivelmente, 50 m2. Por cada candidatura, o utilizador paga 5 euros anuais, um preço simbólico, dado que já tem incluído o fornecimento de água e algumas ferramentas. A manutenção é feita pelo Município com dois funcionários a tempo inteiro. E por ser um espaço muito grande, sempre que é necessário apoio, uma equipa de jardineiros vai para o local, equipa que também ajuda quem nada sabe sobre agricultura e que quer aprender a cultivar.

Já Avelino Silva refere que agricultura não tem muito que saber e que tudo se faz facilmente: “não sabia nada, mas aprendemos uns com os outros. Isto não tem muito que saber: é cavar com a sachola e deitar sementes.” Os produtos para cultivo, ficam à escolha do agricultor. Além disso, a página online da Câmara de Guimarães disponibiliza toda a informação relativa às épocas de cultivo...

Texto e fotos: André Rocha

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A Feira de Espinho é a maior do país e, possivelmente, da Península Ibérica. Realizada semanalmente, teve a sua origem num mercado quinzenal por volta de 1894, mas com o aumento da população passou a realizar-se todas as segundas-feiras, exceptuando feriados. Ocupa uma grande extensão da Avenida 24, desde o centro da cidade à freguesia de Silvalde.

A variedade de produtos é imensa, cobre todo o tipo de géneros alimentícios com destaque para as verduras, os legumes e o peixe, que é, aliás, o produto mais associado à cidade. Mas na venda do peixe as vendedeiras queixam-se. A srª Carlota, vareira há 50 anos e que desde que se recorda “está todas as segundas-feiras na sua banca”, lamenta a mudança dos tempos: “nem o peixe é tão bom nem os clientes são tantos como antigamente”. Mas nem por isso deixa a feira. Ainda não tinha cumprido os 10 anos quando começou a vender peixe pela primeira vez “a canastra era maior do que eu”. Ali viu passar toda a sua vida, mas continua porque “a feira é como se fosse a minha casa...”

Também a srª Albertina passou na feira de Espinho todas as segundas-feiras dos últimos 30 anos. Muito orgulhosa dos legumes que vende, nem todos da sua horta, porque agora está só e já não pode dar conta do recado. Continua a vender na

Numa altura em que as ofertas são muitas e variadas e, apesar da

concorrência “desleal” dos centros comerciais e das grandes superfícies, as

feiras continuam a manter um público muito fiel e vasto. Seja porque, nalguns

casos, fazem já parte do património cultural dos locais onde se realizam, seja

pela autenticidade e novidade nos produtos que lá se encontram.

feira: “é como um vício, aqui tenho os meus amigos”, outros feirantes e alguns clientes que conhece como família. Considera que a feira mudou bastante, já não são só os produtos caseiros que se vendem. Mas mesmo assim, acha que não há melhor sítio para comprar de tudo, sobretudo as verduras e, já agora, as dela.

Um labirinto de cheiros e coresCom excepção de algumas mercadorias, como

o peixe, que está num espaço definido e com cobertura fixa, e algumas zonas de venda de plantas, os restantes são dispostos num caos organizado, que o comprador vai descobrindo à medida que vai avançando. Ou seja, a feira é, fisicamente, um emaranhado de tendas improvisadas e entrelaçadas umas nas outras, que vão criando corredores, por vezes estreitos, que recordam os bazares árabes.

Começa pelos legumes e verduras, passa pelos animais de criação, volta a tropeçar em legumes (desta vez misturados com frutos) e vai encontrar oa enchidos, o mel e a zona do pão, que opera uma certa transição para as mercadorias não perecíveis.

Os tecidos e as roupas há para todos os gostos, desde modelos que fizeram furor nos anos sessenta às cópias dos últimos desfiles de Paris.

O mesmo se aplica ao calçado onde se pode

É dia deFeira!

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adquirir tamancos do século XIX a sapatos de saltos vertiginosos ou botas ‘à mosqueteiro’.

A variedade nos produtos e nas gentesO público da feira é muito heterogéneo.

Encontram-se pessoas de idades muito variadas apesar de ser possível notar, segundo a idade, a preferência por este ou aquele tipo de produtos.

A srª Marcelina diz que vai à feira há muitos anos e apesar de ter de se deslocar do Porto, é um dos seus locais preferidos para fazer as compras, porque os produtos são melhores e porque há coisas que não encontra noutros sítios. Mas também é da opinião que a feira perdeu muito: “há muitas coisas dos chineses. Mas para a verdura e o peixe não há melhor! É do nosso.”

A feira é também uma atracção turística, talvez devido à variedade de produtos e à grande concentração de pessoas. São muitos os turistas, estrangeiros e nacionais a passear, a tirar fotografias, mas a comprar…pouco. Em Espinho a feira toma, de alguma maneira, conta da cidade. É um acontecimento importante para a população e apesar de alguns transtornos que parece provocar aos residentes, é assumida como uma mais valia para a cidade e uma fonte de rendimento e reconhecimento. Texto e fotos: Fátima Andrade

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Quando se trata de restaurar uma mota, torna-se necessário ter um conhecimento aprofundado para fazê-lo correctamente. Não é tarefa fácil, mas o trabalho diário dá ao restaurador uma boa dose de experiência. Manuel Ramos, mais conhecido por “Neca Maravilha” um restaurador com uma

experiência vasta conta: “já trabalho em Lambretas desde 1960. Até lá era em motorizadas, mas este é o tipo de mota que me dá mais prazer. É o trabalho que dediquei mais anos”.

Um dos passos mais importantes é o de conseguir fazer com que a moto fique como se viesse da fábrica. Não existem muitas oficinas especializadas. Como refere José Baptista, aficionado por estes clássicos, “este trabalho tem de ser realizado por quem sabe e trabalha com seriedade e com gosto”. Mas ainda assim conseguem-se boas referências em vários pontos do país, como Porto, Aveiro, Coimbra e Lisboa.

Muito mais que um hobby, o

restauro de motas clássicas requer

paciência e talento por parte do

profissional e do proprietário,

combinando o interesse pela

mecânica, a alegria do artesanato,

a satisfação de coleccionar e a

emoção de andar com a do valor

do investimento.

Por outro lado, a internet é

um paraíso para os entusiastas e

coleccionadores de motas antigas

dado que proporciona a partilha,

através de clubes e fóruns, bem

como a divulgação de passeios e

concentrações.

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Cumplicidade entre restaurador e proprietárioOs clientes que ao longo de todas estas décadas

visitaram Manuel Ramos têm sido prendados pela satisfação. De facto, o Neca prima por ter “tudo ao pormenor para o cliente ficar satisfeito” e nunca deixou um trabalho a meio: “tem de se dar solução!” assume, orgulhoso.

O processo, por norma, é demorado, dispendioso e difícil para o restaurador. O projecto é um trabalho de amor para uns, para outros, um impulso artístico de criar ou salvar algo. Na verdade, para a maioria dos proprietários e/ou restauradores é a combinação dessas motivações que os impulsiona.

Quanto à procura da mota, a dificuldade tem aumentada pois existem cada vez mais apreciadores. António Fonseca, coleccionador, lembra que há uns anos era bem diferente: “arranjava-se mais fácil e ao preço da chuva...” A procura de Vespas e Lambretas tem aumentado tanto que Manuel Ramos pensa que tem a ver com a realização de cada vez mais, concentrações “o que chama a atenção das pessoas que vêm, gostam e compram uma mota, scooter ou motorizada para restaurar.”

A arte de coleccionar António Fonseca conta, na sua colecção, com

diversas marcas. O coleccionador, refere que este gosto vem desde que nasceu: “o meu pai era mecânico e passava a vida a vê-lo a arranjar motas!”

Esta colecção já existe há mais de 15 anos tendo agora um novo rosto e herdeiro. Actualmente, possui cerca de 24 motas, as quais estão num museu dentro de sua casa com todas as condições necessárias para a sua conservação. Outra grande parte encontra-se numa garagem, em processo de restauro.

Este hobby requer um enorme investimento, pois desde o valor das motas ao restauro, é sempre a somar e como António Fonseca afirma “ou se faz bem-feito ou não se faz”, mas o motivo maior é o gosto e o prazer do coleccionismo. Na verdade, José nunca vendeu nenhuma mota da sua colecção pois a decisão ultrapassa o interesse comercial e depende

muito mais de outros factores: “isto também é do meu filho, é da minha família”, revela-nos.

O que valoriza estas motas são os pormenores e é esse o ponto em que o coleccionador perde mais tempo. A marca Kreidler Florett, era a melhor que existia em Portugal, na sua juventude. “Eram os Ferrari’s daquele tempo. Enquanto uma nacional custava sete contos (35 euros) uma Kreidler Florett custava 14 (70 euros)!”, recorda.

“Dá-me gozo olhar para elas e restaurar”A razão que levou o aficionado José Baptista,

à aquisição de motas prende-se com o gosto por equipamentos antigos. “Dá-me gozo olhar para elas e restaurar”, assume com deslumbramento. Este gosto começou em miúdo quando já fazia colecções de objectos antigos, que ainda hoje possui. Aos 14 anos teve a sua primeira mota, “desde aí comecei a guardar as mais antigas e acabei por ter uma vespa em 1987!”, conta com entusiasmo.

José Baptista justifica o prazer por esta marca: “é uma mota que descobri em jovem. O gosto vem daí e acho que vou continuar”.

Em relação ao restauro, José Baptista é bastante objectivo: “tem de se procurar bem a se quem vai entregar essa responsabilidade, pois requer um vasto conhecimento dos pontos, equipamentos, das cores e, principalmente, dos acabamentos originais”. E alerta para a “consciência em saber o que é restaurar uma mota antiga”.

Para José Baptista as motas clássicas “encaram uma beleza” que não encontra nas novas. Prova disto é ter adquirido, recentemente, uma mota nova, mas que é uma réplica de 1970. “Como se pode ver, eu gosto mesmo das formas, das linhas e do trabalhar das motas antigas!”, justifica-se sorridente.

Com experiência acumulada e após vários anos em pesquisa e persistência, José Batista conta, na sua garagem, com Vespas e Lambretas e com o orgulho em poder afirmar que, tanto numas como noutras, “tenho os modelos mais interessantes e mais procurados.”

Texto e fotos:Gustavo Pollmann

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Não se sabe exactamente quando é que o Surf apareceu ou, pelo menos, não há uma unanimidade. Sabe-se que a prática do Surf foi introduzida no Havai por um rei do Taiti, porém, há também relatos que defendem que os Peruanos já o praticavam numa espécie de canoa, como forma de voltarem do trabalho no mar...

O primeiro dado concreto foi relatado pelo navegador James Cook que, na sua chegada ao Havai, se deparou com homens em cima de pranchas de madeira, deslizando pelas ondas. As pranchas eram

Nos dias de hoje e cada vez mais o Surf tornou-se um

desporto amplamente praticado em Portugal e encontra-se

em franco crescimento. Um desporto amado por quem o

pratica e fascinante para quem o observa. Uma das maravilhas

que o mar nos pode proporcionar. Um estilo de vida.

fabricadas por quem as usava: pois acreditavam que, ao confeccioná-las, iriam transmitir todas as suas energias positivas para a prancha e que, posteriormente, ao usá-las, seriam libertados de todas as energias negativas.

Perante estes relatos, a origem do Surf estará

Surf nacional:

o Havai da Europa

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sempre envolta numa grande polémica: actualmente atribuída ao Havai, mas sempre que possível, o Peru tenta reivindicar esse estatuto.

Surfar, num cantinho à beira mar plantadoSer surfista é estabelecer uma relação com o

mar, com a natureza, adoptar uma atitude ecológica, proteger aquilo que é nosso. Muito mais que um desporto, é um estilo de vida.

André Santos, surfista há um ano, revela “que a principal razão para se ter iniciado no Surf foi o facto de viver perto do mar”. Já João Santos e Rui Mendonça acrescentam que “o convívio com os amigos é uma das maravilhas proporcionadas pelo Surf”.

A quantidade de atletas dentro de água (crowd) tem aumentado no últimos tempos, o que nos indica que este modo de vida tem cada vez mais adeptos e que o Surf está em grande desenvolvimento.

De facto, Portugal é um país abençoado. Banhado quase na sua totalidade pelo Oceano Atlântico, tem mais de 800km de praias de areia fina e dourada e um clima maravilhoso. Todas estas qualidades merecem ser aproveitadas.“Spots” (locais/praias para a prática do Surf) como Peniche e Ericeira são já reconhecidos ao nível internacional, como os melhores locais para a prática deste desporto

António Espírito Santo é o proprietário da escola SurfJah Clube de Espinho e defende que, perante o estado do Surf nacional, para quem, de facto, ama a modalidade, já é possível “viver à beira mar…ganhar menos dinheiro, mas ter uma vida melhor”, afirma.

O que, naturalmente, irá originar uma benvinda evolução do Surf no aspecto desportivo é o facto dos mais pequenos começam muito cedo a praticar a modalidade. O número de alunos inscritos em escolas, como a SurfJah, pode atingir os 400, no Verão, e para que se possa ter uma pequena ideia do crescimento que se tem verificado, “de 2005 a 2010,

o número de praticantes tem vindo a triplicar de ano para ano,” referiu António Espírito Santo.

Portugal pode apresentar-se como uma possível nova potência mundial da modalidade, devido ao crescente número de jovens praticantes, assim como, a excelência das condições geográficas, também defendidas por António Espírito Santo: “Portugal é excelente, tem ondas ao nível das melhores do mundo e quando se fala na Europa e em Surf, Portugal é o Havai do velho continente”.

Texto e fotos: João Tavares

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Ana Beatriz Tomás entrou este ano no desporto de competição. Depois de alguns anos a fazer passeios de BTT com os pais e o irmão mais velho e decidiu aventurar-se nas provas do campeonato nacional. Tem 15 anos e está no 9º ano de escolaridade. Este sempre foi o desporto de eleição do pai e foi ele que incentivou a família para os passeios na floresta ao fim-de-semana. O irmão entrou mais tarde no campeonato

O desporto é, geralmente, praticado em competição por

atletas profissionais ou amadores. Por outro lado, cada vez é mais

difícil viver só do desporto e, por isso, grande parte deles, logo

que entram em provas, vivem com a difícil tarefa de se dividirem

entre a vida desportiva e a académica ou profissional.

nacional e a mãe, professora de Educação Física, já tem o 2º nível de especialização em treino de BTT. Agora, foi a vez de Beatriz dar o passo em frente.

O plano de treino é feito pela sua mãe, Ana Paula. Todos os dias, depois das aulas, treinam durante duas horas para aumentar a resistência e aperfeiçoar algumas técnicas. Segundo ela, no BTT os atletas têm de ser extremamente disciplinados para conseguirem

Atletas a tempo inteiro

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alcançar bons resultados. Para quem estuda há uma dificuldade acrescida pois “é muito complicado tentar conciliar com a vida escolar”, refere Beatriz. Ainda assim, não prejudica nem os estudos, nem a competição, “pode é prejudicar as saídas à noite”, afirma, com algumas gargalhadas.

Nada se consegue sem equilíbrioA vida desportiva está intimamente ligada

à pessoal e académica dos atletas. Para os bons resultados serem alcançados é fundamental encontrar o equilíbrio entre elas. Caso contrário, o preço a pagar pode ser muito elevado, como acontecia com a mãe de Beatriz enquanto era atleta de competição: “a minha maior frustração era quando ia aos campeonatos nacionais e não podia ter os meus pais comigo. Cheguei a vários com a melhor marca, mas fraquejava porque eles não me podiam acompanhar”, relembra.

Entre a vida académica e desportiva, geralmente, os papéis são complementares. Os estudos devem ser acompanhados de actividades extra-curriculares, de modo a que haja uma troca de princípios e valores: “é essencial outra actividade porque alargam horizontes e torna-se mais estimulante para o treinador”, defende Alexandre Henrique, treinador de futebol. Ana Tomás é mais prudente e alerta: “os atletas têm de ter uma vida profissional para além do desporto, porque não estão livres de ter uma lesão e terminar, assim, a carreira deles”.

Às portas do futebol profissionalNo caso de João Faro, estudante de Electrotécnica

na Universidade de Coimbra e jogador federado de futebol, a iniciativa de entrar no desporto partiu dos pais, mas cedo se tornou uma paixão: “gosto de

competição, esforço-me para ganhar e pagam-me, por isso, devo-lhes (ao clube) o meu esforço.”

Em 2007, foi convidado a entrar para as camadas juniores da Académica de Coimbra. Nessa altura sonhava com uma carreira profissional. O clube pagava-lhe as propinas enquanto estudava e praticava o desporto que gostava. Quando chegou a altura de transitar para o escalão seguinte, não teve lugar. Foi aí que surgiu o convite de uma equipa de futebol amadora que lhe oferecia ordenado e flexibilidade para estudar e treinar.

Hoje, já não pensa numa carreira profissional e não se lamenta por isso. Reconhece que a vida de um atleta de competição é demasiado arriscada, está dependente de contratos de curta duração e sujeito a um final de carreira demasiado precoce. Para além disso, há sempre o risco de contrair uma lesão que o poderia tirar dos relvados a qualquer momento.

Um passo à frenteMas nem todos os atletas têm de dividir o

seu tempo para poderem estudar e treinar em simultâneo. Tiago Ferreira, bicampeão nacional de BTT em sub-23, entrou na competição depois de uma prova pirata bem sucedida: “no fim da prova, uma equipa que fazia o campeonato nacional convidou-me e eu aceitei logo”. Os pais sempre o apoiaram. Passados dois anos terminou o curso profissional que estava a frequentar e deixou de estudar. Desde então, dedica-se exclusivamente ao desporto de competição. Trabalha durante a manhã e treina entre duas a três horas por dia, à tarde. Está há dois anos na selecção nacional e no projecto olímpico.

Texto e fotos: João Augusto

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Sara Barros Leitão, de 19 anos, já é,hoje, uma actriz com grande visibilidade. Há três anos, quando frequentava a Academia Contemporânea de Espectáculo, no Porto, a sua turma foi convidada a participar num casting de televisão. Foi escolhida, rumou a Lisboa e, no final, foi seleccionada e convidada pela NBP, para integrar o elenco definitivo da nova temporada de “Morangos com Açúcar”.

“Os ‘Morangos’ - revela Sara - é uma escola onde se frequenta um curso de interpretação intensivo para profissionais de televisão”. Aí, interpretou a personagem Jessica durante um ano e três meses, ininterruptamente. Duas semanas antes do final das gravações, Adriano Luz, o director de casting da NBP, convidou-a para integrar o elenco do novo enredo de Rui Vilhena, para a TVI. A actriz aceitou e gravou, sem parar, durante mais um ano. Quinze dias antes de terminar este projecto, é novamente chamada para uma novela da noite. Simultaneamente, participou

O caminho de quem quer fazer das

Artes de Palco a sua profissão é, por

vezes, sinuoso. Requer muito ‘sangue,

suor e lágrimas’ mas, ainda assim,

muitos jovens cedo teimam em fazer

dessa paixão o seu modo de vida.

em várias curtas-metragens e, em Outubro de 2009, integrou o elenco nas gravações de “O Consul de Bordéus”, um filme de Francisco Manso sobre Aristides de Sousa Mendes.

Finalmente, depois de três anos, tirou uma semana de férias, mas em Março de 2010 regressou ao trabalho para encarnar a personagem principal de “Romeu e Julieta”, encenada por Edoardo Alonso. Sara pretende continuar a investir na sua formação académica, mas para já “não quer recusar os convites interessantes que vão surgindo”. Vive num constante rodopio. Sem férias, sem lazer e longe da família, mas a satisfação está estampada no rosto e conta: “faço o que gosto e aproveito tudo intensamente!”

A Dança e a ArquitecturaAndrea Mesquita, de 29 anos, é outro exemplo

de persistência. Dançarina profissional e arquitecta, iniciou-se em ballet clássico Imperial aos seis anos, mas aos 13, uma professora reconheceu o seu talento e encaminhou-a para a Ginasiano Escola de Dança (GED), em Vila Nova de Gaia, onde permaneceu até completar o oitavo grau do Curso de Dança. Nessa altura, foi convidada pela direcção da GED para

A v

ida

em a

rtes

de

palco

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leccionar e permaneceu na escola durante vários anos. Simultaneamente, licenciou-se em Arquitectura.

A formação em dança foi contínua e durante seis anos pisou os melhores palcos do norte do país, sem nunca abandonar o ensino. Integrou, posteriormente, uma companhia de bailado e, com eles, percorreu o país em tournée. Hoje, continua a dar aulas num projecto de Mafalda Deville e encena diversos projectos. “Existe sempre algum estímulo que desperta o gosto pela dança. Normalmente, é a música que desencadeia em nó, uma vontade imparável de dançar”, revela a bailarina.

Andrea, que se identifica, acima de tudo, com dança contemporânea, tem como referências Nureyev, em clássica e “Pina” Bausch, em performance. Uma profissão “fisicamente exigente, desgastante e violenta”, mas que não a trocaria por nada: acordo todos os dias com vontade de dançar”, revela. Projecta, num futuro próximo, inscrever-se no Mestrado em Artes Cénicas para, desta forma, “fazer a simbiose entre a Dança e a Arquitectura”.

Um “blues- man”“Kiko”. Assim lhe chamava um primo, na infância

e é, ainda hoje, por este nome que responde até no meio artístico. Músico profissional, Francisco Pereira veio, aos sete anos, dos Estados Unidos para Portugal. Em Ponte da Barca ganhou o gosto pela música nos vinis da irmã mais velha e, aos 15, formou uma banda de garagem embora nunca sonhasse ser músico: “a música aconteceu de forma natural, acompanhava-me no dia-a-dia”, recorda. Concluiu o curso de Engenharia Agrónoma, mas abandonou as Ciências e mergulhou nas Artes, ingressando na “Jazz ao Norte” de Mário Barreiros.

Aí, estudou Canto com Fátima Serro e integrou, a seu convite, o projecto de Trupe Vocal com quem gravou um disco. Ingressou, depois, em Canto Jazz na ESMAE e gravou o seu próprio disco a solo, “Raw”, considerado pela revista All Jazz como o 2º melhor disco de Jazz Nacional.

Inspirado por Zappa, Steve Wonder e Marvin Gaye, Kiko define-se como homem do Jazz&Blues. Hoje, mais do que fazer espectáculos, o músico ensina Canto e adora fazê-lo, mas lembra, da sua vivência rural no Minho, que o “tio Zé” um dia lhe disse “que a música, tal como a poda, não se ensina, aprende-se!”

Texto e fotos: Maria Loubet

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Na opinião de Isabel Ponce de Leão, docente da Universiade Fernando Pessoa e crítica de arte, “a pintura, quer numa perspectiva antropológica quer sociológica, acaba por contar a história dos homens”. Esta opinião é corroborada por quem executa a arte. De acordo com a pintora Margarida Castro Cunha, “conforme uns se exprimem com a dança ou com a música, a minha forma de expressão é a pintura”.

Margarida, natural de Lamego, pinta desde os 34 anos, mas desde adolescente que cultiva este gosto. Encara a pintura “como terapia e divertimento”. Apesar de usar várias superfícies, a artista lamecense prefere a pintura em tela: “são trabalhos que atingem outros valores, pois são muito apreciados”, ainda que o retorno financeiro não seja a sua principal motivação.

Uns dos temas característicos das telas de Margarida são as cidades e memórias que fazem

parte dos seus 57 anos de vida. A pintora concentra a sua atenção “em Lamego porque foi onde nasci e cresci. Gosto do Porto pelos bairros típicos e ruas antigas, rica em cultura e recantos bonitos para os artistas, mas Lamego tem a ver comigo e, por isso, tenho grande paixão por essa cidade.”.

Já para Isabel Ponce de Leão, este género deve reflectir ou transmitir a visão pessoal do artista em relação aos locais, embora “nem sempre todo o mundo profundo do pintor seja transmitido para fora”. E continua, explicando que “a pintura em tela das cidades não tem de pactuar com o hiperealismo”. Ou seja, artista não tem, ao pintar uma cidade, de captar todos os pormenores, mas sim de “mostrar a sua visão subjectiva da cidade”, refere.

De facto, a paixão pela pintura alarga o seu espectro a uma multidão mais vasta. Facto é que

A pintura é - e sempre foi - uma das formas de arte com

maior importância social, económica, cultural e comunicacional,

acompanhando os humanos na História. Hoje, colocar cidades e

lugares em tela continua a ser muito mais do que uma forma de

enfeitar paredes...

Memórias pintadas

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também se deve realçar que este tipo de quadros tem vindo a cativar o interesse de mais e mais pessoas, impressionadas com as representações da cidade onde vivem. Miguel Zeferino, aluno de pintura, diz que o tema acaba por ajudar a cativar o interesse pela arte, já que o jogo de representação artística é constante, impulsionado pelos “contrastes de cor, luz e sombra, pelos casarios, paisagens e árvores”.

A contemporaneidade em telaO número de apreciadores de

pintura contemporânea aumentou, mas Margarida Castro Cunha não receia essa realidade, pois “nas exposições encontro muitas pessoas que gostam deste tipo de trabalho e ainda dizem que estes quadros se usam e são actuais”, salienta.

Isabel Ponce de Leão, por seu lado, gostaria de ver o estatuto de pintura em tela alterado: “os quadros em tela são também uma forma de pintura contemporânea, pois é com ela e por ela que, hoje, chegamos aquilo a que chamamos de pintura contemporânea”.

Reflexo comum, as dificuldades financeiras actuais parecem justificar o aumento de preços de algumas obras de arte. Para Margarida essa é uma realidade com a qual os pintores têm que se debater, uma vez que “se um artista pretender ser conhecido e ter sucesso em termos económicos, tem de lutar muito para o conseguir”.

Texto e fotos: Hugo Castro

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É numa das ruas mais antigas e movimentas da cidade do Porto que se situa uma célebre loja de instrumentos musicais: a MusicShop. Fernando Anjos, actual gerente e filho do proprietário, afirma que “a vontade de criar uma loja de música nasceu com o meu pai, foi ele que a inaugurou.”

Na Rua Formosa é quase certo que, a cada 10 metros, encontremos uma casa de instrumentos musicais de renome, mas é a MusicShop (antiga Diapasão) que esconde por detrás do seu nome, uma longa história de sucesso e amor à música. Apesar disso, Fernando Anjos diz que “é salutar a concorrência. Somos mais parceiros do que concorrentes. Esta vem mais do exterior do que do interior nacional, principalmente com as lojas online, como a Music Store...”

Ainda assim, para além da MusicShop ser uma das mais antigas casas do Porto, tem também a par-ticularidade de ser uma das lojas pioneiras no uso das novas tecnologias. “Fomos os primeiros a ter o primeiro programa musical da Stenberg e a distribuí-lo em Portugal, com o lendário Atari, depois o Falco, computadores que eram utilizados para trabalhar com programas musicais, por isso, estivemos sempre na vanguarda da tecnologia… e ainda estamos”, diz Fernando Anjos, orgulhoso.

E por ter tanta história no seu nome, a MusicShop foi também local de eleição de grandes nomes da música nacional para compra dos seus instrumen-tos. Rui Veloso, José Cid, Blind Zero, são alguns dos artistas que se tornaram seus clientes habituais. “Os

Há vibe, há ambiente, há sentimento, há música. É isto que sentimos

quando entramos, pela primeira vez, na MusicShop. Repleta

de uma extensa variedade de instrumentos, de todos os formatos

e feitios, para todas as idades e preços,

esta loja, um nome de referência na indústria

dos instrumentos musicais, tem tudo

o que um músico pode querer.

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Blind Zero nasceram connosco e hoje são uma banda de referência no Porto… Mas vêm cá tantos mú-sicos que, às vezes, nós nem os conhecemos e são grandes músi-cos!”, revela Fernando Anjos.

À procura do acorde perfeitoO atendimento, o ambiente, mas princi-

palmente a qualidade e variedade de produtos, faz com que pessoas como Rita Passos se tornem clientes habituais deste espaço. “Há muitos anos que faço compras nesta loja, porque é, sem dúvida, a que oferece os melhores seviços na cidade. Gosto muito da variedade de produtos e marcas. Facilmente en-contramos, aqui, o que procuramos”, afirma.

Os músicos, esses, procuram o melhor do melhor. Marcas como Fender, Ibanez, Waden ou Peavey, são das mais procuradas e apreciadas pelos artistas, e, na antiga Diapasão decerto que as encontram. Filipa Rodrigues, uma jovem cantora açoreana, afirma que “as melhores marcas são a Fender e a Gibson. Tenho uma guitarra eléctrica da Fender e uma acústica da

Ibanez. Com muita pena, não tenho

uma Gibson, mas é algo que espero um dia poder

comprar.”A MusicShop oferece um serviço

de venda online, contudo, este era uma daquelas coisas que Filipa não compraria pela

net: “prefiro vê-los primeiro... Mas isto não quer dizer que não me informe primeiro na Internet da sua disponibilidade e preço. Agora, se estiver inte-ressada em comprar um acessório, neste caso, não me importo de o fazer on-line, sem o ver primeiro.”

A paixão ilimitada pela música tornou o sonho de criar e fazer crescer uma loja de instrumentos possível. Desde palhetas a baquetas, transpositores a pedais, amplificadores ou microfones, tudo é possível de ser encontrado nesta loja onde fazer arte é o que realmente interessa.

Texto e fotos: Marta Ribeiro

os ritm

os

da In

victa

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A Companhia de Caminhos de Ferro do Porto (C.C.F.P.) fundou o transporte eléctrico de passageiros na Cidade do Porto, tornando-a numa das poucas cidades Europeias com este sistema de transporte. Em 1872, inaugura-se a linha Infante - Foz e, posteriormente, a ligação Carmo-Massarelos.

Simultaneamente, começavam a aparecer as primeiras linhas de autocarro. Há medida que o número de linhas de autocarro aumentava, o número de eléctricos em circulação diminuía drasticamente. Em 1996, contabilizavam-se apenas 16 eléctricos para 562 autocarros, este dado estatístico revelava a rápida aceitação por parte dos utentes ao novo

transporte. Em 1997, deu-se o encerramento da última linha do eléctrico.

E finalmente (re)nasce o bichinho amareloÉ a 22 de Setembro de 2007 que se inauguram

as três linhas regulares. A linha 1 faz o percurso da marginal do rio Douro desde o Infante até ao Passeio Alegre, a linha 18 faz a ligação de Massarelos até ao Carmo e a linha 22 é uma linha circular que faz a ligação Carmo-Batalha.

Precisamente um ano depois, foi inaugurado o Porto Tram City Tour. Trata-se de uma linha turística, com percurso totalmente realizado no Centro Histórico do Porto, conduzindo os turistas aos principais monumentos de interesse da cidade. Funciona com o sistema HOP-ON e HOP-OFF, todos os dias das nove da manhã até ao final da tarde. Os bilhetes podem ser adquiridos a bordo, nos Hotéis, nos postos de turismo, agências de viagens, quiosques e no Museu do Carro Eléctrico, por 15€.

De acordo com, Raquel Luz, a Directora da Loja de Turismo do Porto, “a linha turística não é directamente rentável para os S.T.C.P. No entanto, atrai turistas aumentando o comércio tradicional, a lotação do

O amarelo voltou!Com a evolução dos transportes, o carro eléctrico foi perdendo importância até

se extinguir. Em 2007, a empresa detentora dos eléctricos (S.T.C.P.) percebeu que a

cidade necessitava de voltar a sentir o ‘bichinho amarelo’. Assim, renovou os 150

km de linhas e colocou, de novo, em funcionamento o eléctrico da cidade do Porto.

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Hotéis e o reconhecimento exterior da marca Porto, o que, indirectamente, rentabiliza a cidade”.

Uma das questões que se levanta à volta do novo veículo é se este pode ser considerado um ‘não poluente’, na medida em que consome electricidade produzida em centrais Termoeléctricas, à qual Rui Saraiva, administrador dos S.T.C.P, responde dizendo que “o carro eléctrico não polui directamente, consumindo energia não renovável (electricidade). No entanto, é um veículo que acompanha o desenvolvimento sustentável, visto que a média de pessoas por carro em Portugal é de 1,3 e um eléctrico pode levar até 30 passageiros sentados, o que vem diminuir em muito a poluição causada pelo excesso de carros usados nas grandes cidades.”

Maria Dinorah, utente do eléctrico lembra: “utilizo o eléctrico desde há 30 anos, embora nos últimos tempos só o utilize mesmo por lazer, devido à evolução dos transportes”. Esta utente acredita que o eléctrico ainda tem pontos em que devia melhorar, principalmente a nível da velocidade do transporte e a qualidade das linhas, acreditando que, se fossem aumentadas, os portuenses iriam usar muito mais este ex-libris da cidade. Texto e fotos: Miguel Ferreira

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Crê-se que a Casa do Infante tem este nome, por ser o local de nascimento do Infante D. Henrique (o Infante de Sagres), em 1394. No século XIV, o espaço funcionava como uma Alfândega Régia, ou seja, edifício mais importante da cidade do Porto e que pertencia ao Rei.

Embora não haja nenhum documento que prove que o Infante nasceu, de facto, neste local, este era o local régio com maior magnitude e já o seu irmão, D. Duarte, havia nascido na Alfândega Régia da cidade de Viseu. Mas foi durante a última fase de intervenção arqueológica e arquitectónica que se descobriu uma torre norte, que funcionava como local de habitação enquanto a torre sul servia como o armazém da Alfândega da cidade do Porto.

Um centro de interpretação de história localAo longo dos anos o edifício teve vários proprietários,

incluindo entidades particulares e companhias comerciais. Apenas nos anos ‘60 foi alvo de um grande restauro, pela Direcção Geral dos Monumentos Nacionais, altura em que passou a ser propriedade da Câmara Municipal do Porto (CMP).

Nos dias que correm, o espaço é um departamento que pertence ao Pelouro do Conhecimento e da Coesão Social e à Direcção Municipal da Cultura da CMP. Funciona como Arquivo e Museu. O serviço de Arquivo conserva a documentação produzida pelo Município, desde a Idade Média, bem como

diversos arquivos de ordem particular e colecções. O serviço de público divide-se pelas salas de leitura e uma biblioteca de livre acesso direccionada, apenas, para assuntos da cidade.

Já no Museu “trabalhamos o edifício, a figura do Infante D. Henrique e a ocupação romana. (…) No fundo, há aqui um centro de interpretação de história local” esclarece Helena Braga, Chefe de Divisão do Arquivo Histórico da Casa do Infante.

Constituído por três pisos, é aqui que podemos encontrar expostos os objectos

A Casa do Infante é um espaço cultural que tem

como principal objectivo divulgar os feitos, a vida

e obra do Infante D. Henrique. O espaço divide-se

em Arquivo e Biblioteca, relacionados com assuntos

da cidade do Porto e, ainda, um Museu. A casa, que

do Infante guarda o nome, organiza cada vez mais

iniciativas para dar a conhecer a sua riqueza.

Casa do Infante

Antiga, mui nobre e sempre leal

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encontrados nas escavações arqueológicas. Ao longo do percurso, a informação sobre o edifício é abundante e os visitantes são conquistados através de reconstituições de vídeo e imagens virtuais com vários postos multimédia.

O Serviço Educativo da Casa do InfanteA Casa do Infante direcciona actividades ligadas à

história da cidade, com temas de arquivística e ligados aos Descobrimentos. A programação, como afirmou Graça Lacerda, Técnica Superior do Serviço Educativo, “é escolhida pela equipa do Serviço Educativo da Casa do Infante em coordenação com os dirigentes,

segundo a política cultural da Câmara Municipal do Porto que, depois, dá as directrizes e o tipo de programação que será feita”.

A oferta é diversa para os diferentes públicos. Trabalham com crianças, séniores, adultos e jovens em actividades dentro e fora do Museu e na área circundante da Casa do Infante. Proporcionam, ainda, circuitos temáticos, pedipapers e festas de aniversário. Há já seis anos que a École Française visita, sem interregno, a Casa do Infante e Paula Caiado revelou que todos os anos “achamos que esta Casa é daquelas visitas que tem que se manter”, assegura a professora daquela instituição. Texto e fotos: Joana Cordeiro

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Está situada entre o rio e a montanha. Já foi a mais importante mina em Portugal e uma das mais importantes do mundo. Tiago Pereira, mineiro da Borralha, lembra esses tempos: “acabou [em 1986] porque o minério não dá dinheiro”. Talvez assim seja, mas a verdade é que já deu muito lucro e altas taxas de empregabilidade. Hoje, está prestes a tornar-se num Museu Temático.

A história das Minas da Borralha, situadas no concelho de Montalegre, vem já de há dois séculos. Conta-se que tudo começou com o filho de um

moleiro que decidiu ir trabalhar para umas minas em Bragança. Ao chegar, percebeu que o que explorava nessa mina era igual ao que encontrara na terra dele.

E assim foi: durante anos, as minas produziram volfrâmio que serviu, durante a 2ª Guerra Mundial, para o fabrico de bombas e armamentos. Foram tempos de glória, de muito dinheiro, mas que não deixaram saudades a Tiago Pereira, que viu muitos mineiros morrer por causa do pó das minas. “Era uma morte arrepiante”, relembra. O cenário era perturbador e “um tipo que se agarrasse ao martelo durava dois, três anos... ao fim disso, era a morte.”

Mas as coisas mudaram nos últimos anos, com o começo das preocupações ambientais e alertas para a saúde. “Desta vez, há aí muito mineiro que

Minas da Borralha

O novo Museu Mineirode PortugalA Câmara Municipal de Montalegre,

em conjunto com o Ecomuseu

de Barroso, têm em mente criar

um projecto inovador nas Minas

da Borralha. As Minas vão ser

transformadas num Museu Temático,

onde será possível visitar as galerias,

todas as antigas instalações e estudar o

processo e transformação do minério.

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trabalhou dez, doze anos ao martelo e ainda está vivo”, conta Tiago Pereira.

O princípio do fimNovas preocupações surgiram e com elas uma

nova necessidade: a de tirar as areias que ficavam nas lavarias, para evitar que chegassem ao Rio Borralha. É nesta altura, por volta de 1976, que Ilídio dos Santos, industrial, faz negócio com o responsável das minas para utilizar os inertes. “Fizeram-me jeito na altura e, ao mesmo tempo, tirei uma dor de cabeça ao director, por causa da poluição”, conta. Mas os bons anos não duraram muito. As Minas acabaram por fechar, definitivamente, em 1986.

Foi em 1992, com a penhora da exploração mineira, que Ilídio dos Santos comprou a sua concessão. Durante estes últimos anos, diz tê-las posto à disposição da Câmara Municipal de Montalegre, para que fossem recuperadas. Tem pena que tal não tenha acontecido, pois “agora está mais degradada”, mas acredita que chegou a hora da mudança.

A ansiada recuperaçãoEsta revitalização das Minas vai ser inserida no

projecto do Ecomuseu de Barroso. Um plano recente que tem como objectivo defender a “identidade cultural de um espaço importante na definição de uma estratégia de desenvolvimento local”, argumenta David Teixeira, director do Ecomuseu.

Durante o desenvolvimento do projecto das minas – que conta com a parceria e o apoio da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto - David Teixeira explica que “muito trabalho silencioso foi feito. Desde inventário de património, à recolha de memórias, à valorização, mas sobretudo, à sensibilização interna da população”. Porém, o principal entrave a este projecto tem sido “o constante roubo e delapidação do património”, refere David Teixeira.

Não se sabe, ao certo, quando o projecto conhecerá a sua data de conclusão. Ainda se espera pelas ajudas do Governo e por patrocínios, mas David Teixeira acredita que será para breve. No entanto, fica a ideia, de quem por lá passa, que este espólio, após a devida recuperação, será uma mais-valia para a região e que poderá mesmo ficar gravado na história de Portugal.

Texto e fotos: Joana Pereira

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Ruínas com futuro

Descoberta em 1882, a cidade romana de Tongobriga ocupa cerca de 50 hectares da aldeia do Freixo, no Marco de Canaveses. No entanto, pensa-se que a sua extensão seja bastante maior. Tongobriga integrava um conjunto de cidades na bacia hidrográfica do Douro, as últimas construídas pelos romanos. De estrutura castrejo-romana, Tongobriga foi sentindo os impulsos da economia, da política e da administração interna. E é assim que surge como um organismo sócio-económico e centro de poder daquela região.

Em termos patrimoniais, no final do séc. XX, Tongobriga aparece com um espaço de terreno

Encontramos, na história do Marco de Canaveses, a resposta para a mudança

económica do concelho e a razão para o seu desenvolvimento social. Numa região

onde é visível uma riqueza natural, arquitectónica, arqueológica e uma história de

forte potencial económico, está na hora de olhar para o passado e reflectir sobre

os ensinamentos de Tongobriga.

muito vasto e extremamente rico em estruturas e espólio. As termas, o fórum, a necrópole, a área habitacional e os restantes edifícios públicos fazem de Tongobriga um centro de atracção. A cidade do Marco de Canaveses foi crescendo em redor deste antigo centro de poder, deixando-o um pouco de lado. Agora, é ele que pode ditar um novo rumo para os Marcoenses.

Entre visitas e patrimónioA Associação de Amigos de Tongobriga foi criada

em 1993. Esta associação tem como objectivo apoiar e divulgar a estação arqueológica. Em colaboração com outras instituições é também responsável pela organização de inúmeros eventos de forma a incentivar as visitas à cidade Romana e a outros pontos de interesse turístico na região.

Tongobriga recebe, por mês, uma média de 500 visitantes que vêm, maioritariamente, do grande Porto e, segundo o guia Luís Correia, concentram-se no primeiro trimestre do ano: “a época mais alta

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corresponde aos meses de Fevereiro, Março e Abril, o correspondente ao 2º período escolar. Esta é a altura em que mais escolas nos visitam e posso dizer que sensivelmente 50 % dos nossos visitantes anuais correspondem aos três meses iniciais de cada ano.”

No entanto, o número de visitantes poderia aumentar consideravelmente se a estação arqueológica apostasse mais na sua divulgação e sensibilização junto das pessoas: “primeiro, teria que existir mais pessoal cá, em Tongobriga, para fazer visitas guiadas, depois sensibilizar as pessoas do concelho para o valor histórico e tentar criar protocolos com as diversas regiões de turismo de

Portugal, para se conseguir uma divulgação do espaço a nível nacional”, confirma Luís Correia.

Do passado para o FuturoTongobriga poderá ser uma alavanca para a

economia regional, devido às suas características e ao seu potencial turístico. Com uma das termas mais completas do império romano, a abundância do granito e a sua qualidade arquitectónica, fazem com que tenha uma identidade própria e seja um factor de destaque, como nos indica Lino Dias, arqueólogo do Ministério da Cultura: “1900 anos depois ainda consegue encontrar em algumas paredes dos edifícios. E se colocar o fio-de-prumo verá que eles continuam perfeitamente aprumados”.

Existe ainda um projecto onde o actual lugar de Freixo aparece como pólo de desenvolvimento e âncora de território. O objectivo é levar o turista a conhecer todo o património: “se as pessoas se habituarem a ver que estamos a evoluir e a apostar em iniciativas diferentes, acho que naturalmente vão aparecer”, informa Rosa Soares. Para a ex-directora da Escola Profissional de Arqueologia é fundamental que as pessoas se apercebam que este património também é delas.

A Escola Profissional de ArqueologiaCriada em 1990, a EPA tem como oficina diária a

estação arqueológica. Estrategicamente construída a partir de edifícios restaurados da zona, promove os cursos de Assistente de Arqueólogo, Assistente de Conservação e Restauro, Técnico de Museografia e Gestão de Património e Técnico de Recuperação do Património Edificado.

As infra-estruturas existentes parecem combater o fraco índice de empregabilidade na região. Para Lino Dias “estes projectos podem aumentar a economia regional”, explica. Tongobriga pode então funcionar como pólo de irradiação para os concelhos vizinhos e a sua divulgação uma mais-valia para a economia local, uma vez que a estação arqueológica e a EPA são a principal entidade empregadora da região.

Texto e fotos: Cláudia Almeida

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As ilhas, características desta zona urbanística antes de 1974, são um tipo de bairro construído para famílias de baixo rendimento. Caracterizadas por um conjunto de casas humildes, normalmente de reduzida dimensão e aparecem organizadas como um corredor, onde existe apenas uma entrada e saída. As condições são geralmente fracas e muitas vezes com redes de esgoto a céu aberto.

A renovação deste espaço começou com o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) constituído por um grupo de arquitectos famosos, como Siza Vieira, Souto Moura e Alves Costa, e alguns dos habitantes das ilhas. Enquanto os arquitectos testavam as suas capacidades profissionais, a população ganhava algum poder na cidade e reivindicava por melhores habitações, com participação activa no projecto.

O objectivo era resolver os problemas de habitação das populações mais carenciadas e, ao mesmo tempo, criar espaços residenciais com

O Bairro

da Bouça

O Bairro da Bouça, no Porto, não é um bairro

qualquer. Nele encerra uma história de luta

por melhores condições habitacionais.

Antes do bairro, eram ilhas: as ilhas da Bouça. O 25

de Abril foi o ponto de partida para este projecto. Siza

Vieira encarregou-se de o transformar. Um bairro não

tem de ser mal-humorado, pode ser

cor e poesia, pode ter vida e bem-estar.

Bairro

Bouça

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qualidade que não isolassem as pessoas da cidade. O SAAL foi criado pelo então Secretário de Estado do primeiro Governo provisório depois do 25 de Abril, Nuno Portas, também ele arquitecto.

Adriano Martins, antigo morador das ilhas da Bouça, orgulha-se de viver num projecto como este: “Há o bem-estar, o convívio das pessoas. Os miúdos brincam aqui à vontade… enfim, vive-se bem aqui”, conta. Numa realidade social diferente, João Franco, estudante de arquitectura, apresenta outras razões que valorizam este edifício: “para um estudante de arquitectura é sempre muito gratificante a ter a opor-tunidade de morar numa residência e num projecto do arquitecto Siza Vieira.”

A poética na arquitecturaO lirismo não se encontra apenas presente na his-

tória, mas também no design do empreendimento. Os jogos de sombra e luz, os pormenores arquitec-

tónicos que se assemelham a esculturas e os apon-tamentos de cor que conferem vivacidade ao espaço. Para além disso, a estrutura ergonómica do projecto está bem idealizada, convergindo numa grande união entre espaço público, privado e espaço envolvente.

Outros pormenores arquitectónicos podem ser salientados. Para Mara Cruz, licenciada em Arquitectura, as escadas que não vão dar a lado nenhum, assemelhando-se a uma escultura, são o elemento que mais se destaca: “O arquitecto Siza Vieira procura sempre algum tipo de poesia através da arquitectura e recorre precisamente a esses pormenores e a jogos de luz e sombra”, refere. Neste caso, pretende-se marcar uma transição entre uma habitação e um local de comércio e “Siza Vieira pega no ritmo das escadas para acesso a habitação e coloca uma que não vai dar a habitação nenhuma para insinuar que haverá ali alguma mudança de tipologia”, afirma Mara. Texto e fotos: Nícia Cruz

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Ao percorrermos as ruas da cidade do Porto reparamos que as lojas de música tradicionais continuam a fazer parte do cenário portuense. Algumas mais intimistas, outras mais descontraídas, estas lojas variam no ambiente que proporcionam, co-existem no desejo de satisfazerem os interesses dos consumidores e educam os clientes para as práticas de bons hábitos no consumo da música.

Miguel Teixeira, proprietário da Loja Piranha, situada no Centro Comercial Parque Itália, no Porto, esclarece que, quando inaugurou a loja, “a indústria discográfica não demonstrava sinais de uma evolução tão desastrosa como a que actualmente apresenta”. Na sua opinião, o mercado musical rendeu-se, rapidamente, aos formatos digitais.

Depois de anos de domínio absoluto, onde só tinha como rival a famosa cassete (K7), o disco de

Numa época em que assistimos a uma clara massificação

e (quase) banalização da música através do formato digital, o disco de vinil

continua a permanecer entre nós, resistindo às mudanças no mercado

discográfico. Prova disso, são as lojas de música que, na cidade do Porto,

continuam a comercializar este formato.

vinil foi o primeiro a ser confrontado com a evolução da tecnologia digital que, pela facilidade de uso e transporte, não privilegia a deslocação a espaços discográficos onde se torna possível conhece-lo e e manuseá-lo, colocando-o no prato do gira-discos para degustar um som que permitia - e que ainda permite - sentir o que, para muitos, é o culto do vinil.

Miguel Teixeira reforça ainda que, naquela altura, quem se dedicava a este tipo de actividade o fazia porque estava ligado à área músical ou porque nutria uma enorme paixão pela mesma. Para ele, “ter uma loja destas significa amor à música, à música em si”.

A minha colecção é maior que a tua!...O facto de vários estabelecimentos especializados

continuarem a comercializar o formato analógico - que, para muitos media, já se encontrava

Não troco por Cd!

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“ter uma lojadestas significa amor à música,

à música em si”

totalmente perdido no tempo - possibilita a que os coleccionadores e os audiófilos continuem a comprar e trocar discos, mantendo vivo o culto do vinil.

O som mágico do disco é, para muitos, claramente diferente do CD. O barulhinho tão peculiar da agulha ao pousar no disco em movimento, o toque, o manusear, os estalidos iniciais e a contemplação do grafismo da grande capa que o embrulha, são algumas das características únicas deste formato.

Miguel Teixeira explica que o culto gerado em volta do disco do vinil é justificado pelas pessoas que, tal como ele, viveram os anos 80 e partilham uma nostalgia e saudosismo do formato e da época em questão. Miguel Teixeira destaca ainda a superioridade da qualidade do vinil em comparação com a do CD referindo que “se uma pessoa tiver uma boa aparelhagem e se o vinil estiver em condições, a sua sonoridade é muito superior a qualquer CD”.

Rui Quintela, sócio gerente da Louie Louie, loja de música situada na Rua do Almada, partilha da

opinião que existe um culto ao formato e que o renascimento desse culto está iminente, já que “várias pessoas começam agora a coleccionar discos de vinil, criando a sua própria colecção, unicamente, com este formato”. Rui Quintela insiste ainda na ideia do disco de vinil, ao contrário do MP3, “ser algo único e que, por esse motivo, vale o dinheiro investido nessa compra”.

Mariana Faria Costa, sócia da loja Zona 6, declara que “os DJS e os coleccionadores são os grandes

responsáveis do vinil ter subsistido até hoje, já que para estes, o som do vinil é inigualável.”

Não parece haver dúvida que aqueles que gostam deste

formato são verdadeiramente apaixonados pela música e muitos mais são aqueles que levam grande parte da sua vida, na procura incessante ‘daquele’ vinil. É isto que intensifica o gosto pela música e nos permite por vezes dizer: “a minha colecção é maior do que a tua!”.

Texto e foto: Ana Filipa Sousa

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Sousa Viterbo, historiador e jornalista do fim do séc. XIX, escrevia que a Rua Almada “Parecia, aos sábados, uma feira de gado, tantos eram os burros dos ferreiros sertane-jos, que chegavam ajoujados

de ceiras de pregos, e partiam carrega-dos de verguinhas de ferro, em feixes, ao longo da albarda, levados pela Rua do Almada acima num trotesinho miúdo e diligente, que batia os grandes lajedos

da calçada com um ruído festival de castanholas.”* Contudo, esta rua, muito bonita para fotografia e

pintura, já não responde ao que lhe era reconhecido, ou seja, o de uma rua de enorme movimento (pelo menos, até à década de ‘80), de cargas e descargas de ferro, aço, ferragens, ferramentas e de intensa ac-tividade comercial.

Quem conheceu a Rua do Almada muito movimentada, cheia de comer-

ciantes e compradores, fica com pena e consternado por ver, agora, uma

rua desalmada. O urbanismo segmentado em ruas estreitas, cheiros e

cores inebriantes e regionalismos acentuados transformaram esta rua,

hoje um pouco esquecida, numa das mais carismáticas da cidade do Porto.

De facto, às 15h20m de um solarengo dia de Abril, ela é habitada apenas pequenos comerciantes que teimam em resistir, ou sobreviver: “a Rua do Al-mada está degradada. Isto não é nada como há uns anos”. Quem o diz é José Ferreira, lojista de máquinas e ferramentas que lá trabalha há mais de 40 anos. Para os comerciantes, o encerramento e abandono de muitas lojas, deve-se, principalmente, ao apareci-mento de espaços comerciais de grandes dimensões e à falta de estacionamento.

Uma luz ao fundo do túnelContudo, a baixa portuense, que tem estado es-

quecida e deserta, começa agora a ganhar cor e não faltam propostas para todos os gostos numa verda-deira luta contra a corrente. A juntar ao novo “bich-inho” e uma intensa tradição comercial, as rendas baixas são também um factor a ter em conta. “Esta rua tem muitas casas abandonadas. É barata por es-

a rua

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tar parada no tempo”, explica Américo Silva, outro lojista de equipamentos.

Aos velhos lugares de passagem obrigatória juntam-se, agora, os novos rumos da cidade. O epi-centro desta nova centralidade instalou-se ali bem perto da imagem ícone da cidade: a zona dos Cléri-gos. É o boom ao redor dessa zona. O Porto não saiu de lugar e é a movimentação da noite que reorienta a nova tendência.

A juntar a isto, os novos lojistas, principalmente

os mais jovens, aparecem com projectos arrojados. Este ar fresco de comércio de especialidades deve-se à emergência de uma série de lojas inovadoras, orientadas para públicos específicos, na sua maioria associadas ao comércio vintage. “O dinamismo que as novas lojas trouxeram tem feito com que muita gente tenha vontade de vir morar para aqui” explica-nos, ainda, Américo Silva.

Texto e fotos: João Henriques*http://ruasdoporto.blogspot.com/2006/08/rua-do-almada.html

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Destacando-se de todos não só pelas grandes dimensões, mas também pelas infra-estruturas, localização e popularidade, inaugurado nos anos ‘90, o Parque foi projectado pelo arquitecto paisagístico Sidónio Pardal e desempenha um importante papel social na cidade Invicta. Quem o visita depara-se com cerca de 83 hectares de áreas verdes naturalizadas, que se estendem até ao Oceano Atlântico, conferindo-lhe uma particularidade rara no mundo e classificando-o como o maior parque urbano do país.

Embora seja um parque urbano vocacionado para o lazer com espaço para merendas, actividades, circuitos de manutenção e jogos tradicionais, um picadeiro de póneis e o Pavilhão da Água, a grande diversidade de fauna e flora existente criam um ambiente de envolvência e simbiose. E quem gosta de observar aves, poderá deslumbrar-se, principalmente, ao pôr-do-sol, ou de manhã bem cedinho... Apesar de estar limitada pela proximidade do mar, também encontramos muitas espécies de árvores de fruto, arbóreas, arbustivas e mais de uma dezena de espécies aquáticas.

Acção pela sua saúdeOra, mesmo a cidade do Porto sendo conhecida

...é um espaço de particular beleza. Localizado numa das zonas nobres do

Porto, é ideal para a prática de exercício físico ou, simplesmente, fruição da

natureza, momentos lúdicos ou de pura contemplação.

como a do trabalho, também há o direito ao lazer, convívio e à prática de exercício físico. Aliás, exercitar o físico e a mente é uma prioridade deste local. Opinião igual têm António Casaquinha e a sua esposa, ambos na casa dos ‘60, que procuram este espaço para os seus passeios românticos “os velhos também namoram...! E além de ser perto de casa, é muito agradável e grátis...”, afirmam, sorridentes.

Portugal é dos países da Europa onde mais de metade da população não pratica exercício físico, regularmente. Luís Alves de 39 anos pertence ao grupo que contraria estas estatísticas, sempre que a profissão lhe permite, equipa-se a rigor e pega na sua bicicleta para longos e solitários passeios pelo Parque. “A minha profissão é muito exigente a nível mental, desgastante mesmo… e é aqui que encontro o equilíbrio e recupero energias…”, revela-nos.

Mesmo com os factores climatéricos adversos, Luís prefere o Parque a ginásios: “espaços fechados…?! Fechado estou eu todos os dias. Eu quero é espaços livres e verdes, como os que encontro aqui”, responde com um sorriso irónico.

Esta preferência é também partilhada por Cristina Beatriz, uma jovem leitora, de 30 anos: “este espaço é inspirador e ideal para os amantes dos livros”,

O Parque da Cidade...

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confidencia-nos enquanto conversamos sentadas num dos inúmeros bancos espalhados pelo Parque.

Loja Reviravolta: uma diferença a seguir…Ideal e inspiradora é também uma pequena loja

existente no Núcleo Rural do Parque, designada por a Loja do Mundo. Escondida entre muros de pedra e videiras entrelaçadas, encontramos um placard da Associação Reviravolta e das duas associações cooperantes: Altromercato e Equação. Esta loja tem como objectivo, precisamente, uma reviravolta nos

nossos hábitos de consumo, através do comércio justo e a promoção do consumo responsável.

Quem entra e compra os produtos que lá estão à venda - provenientes da Índia, Equador, Etiópia, Republica Dominicana, entre outros lugares - pode ter a certeza que paga um preço justo, uma vez que é gerida por organizações sem fins lucrativos e o seu funcionamento é, quase sempre, assegurado por voluntários. Além da venda de produtos desenvolvem campanhas de informação e sensibilização do público.

Texto e fotos: Lucília Monteiro

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Os restaurantes de sushi proliferam em todas as esquinas e nem a crise parece

ser um obstáculo para o sucesso da gastronomia Japonesa. André Silva é capaz de frequentar restaurantes de sushi entre cinco a seis vezes por mês e afirma não se importar de pagar valores mais altos por estes pratos vindos do Oriente. Contudo, os seus preferidos são os restaurantes de Rodízio de Sushi por serem menos dispendiosos que os a la carte. “Não me importo, porque é uma refeição que é boa e que eu gosto”, afirma, por sua vez, Fátima Ferreira, também frequentadora dos restaurantes do género.

De acordo com Shiori Yamaguchi, funcionária do restaurante Koi, em Matosinhos, este estabelecimento permanece sempre cheio. Contudo, na sua opinião, há ainda muita gente reticente em experimentar pois, para se gostar, “tem que se entender bem o sushi”,

Sushi, o sabor saudável

refere. Os truques são vários, explica: “o gengibre retira o paladar do peixe, fazendo com que se torne mais agradável comer outros alimentos, no decorrer da refeição”.

De facto, André é da opinião que esta cozinha exige um conhecimento profundo: só assim se aprende a gostar. “Achei estranho a primeira vez que comi, mas com o tempo fui apreciando cada vez mais o paladar”, recorda. Uma gastronomia que demora o seu tempo, mas os sabores Orientais têm vindo a deliciar os Portugueses. André considera-se, mesmo, viciado em sushi e o que mais o fascina é “o facto de ser diferente, de ter vários tipos de sabores e paladares”.

A Moda ligth do século A principal matéria-prima é o peixe. O atum, o

salmão e o peixe-barriga estão entre os mais utilizados e a sua conservação é simples: “dia sim, dia não temos que ir ao mercado do peixe. Depois, é guardado

O sushi virou moda e são cada vez mais os restaurantes

de comida Japonesa que permanecem cheios com pessoas de

todas as faixas etárias, mas na sua maioria jovens. Por incluir

elementos naturais como peixe, vegetais, arroz e algas é tida

como uma culinária geralmente saudável e equilibrada.

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魚 peixe

藻類 algas

米 arroz

東 oriente

健康

saúde

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no frigorífico”, conta Shiori Yamaguchi. Mas é na conservação que reside o factor de maior risco já que “os alimentos cozinhados há sempre perigosidade, mas quando crus acrescem esses mesmos perigos se não houver uma segurança alimentar”, refere Gonçalo Ricardo, nutricionista. E continua, “os peixes podem conter parasitas prejudicando gravemente a saúde do ser humano.”

Contudo, os portugueses renderam-se à moda Japonesa, tida como uma das cozinhas mais light do mundo. De acordo com o Gonçalo, o sushi “é uma questão de moda e de as pessoas comerem de uma forma saudável”. Já André confessa: “foi experimentado de arrasto, por influência de colegas, mas, agora, acaba por ser um estilo de vida.”

Sushi uma opção saudável As vantagens do sushi estão, hoje, em destaque,

até por motivos de saúde. A prevenção de doenças cardiovasculares é um exemplo disso mesmo: “o sushi é benéfico para a saúde por ser bastante rico

em Ómega 3, 6 e 9 como também rica em minerais essenciais tais como zinco, fósforo, potássio e vitaminas. Mais que isso, ajuda a prevenir as doenças cardiovasculares que, hoje em dia, assombram a população em geral”, alerta Gonçalo Ricardo.

Os ingredientes base são de extrema importância. O arroz, muito utilizado no sushi, é um hidrato de carbono completo que ajuda a fornecer ao ser humano energia por mais tempo. Já a alga, também muito utilizada por esta gastronomia oriental, contém spirulina benéfica para o sistema nervoso e rica em fibras para a regulação da flora intestinal. Por fim, gengibre que funciona como um anti-séptico para ajudar na digestão e fortalecer o sistema imunitário.

O conceito do sushi é simples: ingredientes frescos com uma mistura de sabores, feitos em quantidades limitadas. A japonesa Shiori Yamaguchi deixa um conselho a quem quiser experimentar: “tem que gostar de provar coisas novas e que não esteja convicto que não vai gostar da comida”.

Texto e fotos: Catarina Ferreira

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o Oriente na Invicta

Impulsionado pela sua paixão pelo chá, Miguel Ortigão inaugurou a Rota do Chá em Abril de 2003 e escolheu a Rua Miguel Bombarda por ser um lugar que “está aberto a novas experiências” pelo que se adequava largamente a este projecto novo, na cidade Invicta. “Desde essa data até hoje temos crescido e temos cada vez mais pessoas a virem cá tomar o seu chá”, reforça o proprietário.

Apesar de nunca ter tido qualquer experiência em estabelecimentos do género, Miguel Ortigão, começou “com trinta variedades”, mas este número já foi amplamente ultrapassado, porque, actualmente, são duzentos os tipos de chá no menu para apreciadores e iniciados.

Os chás vendidos no espaço são oriundos, principalmente, dos Açores, China, Japão, Índia e Taiwan e é a exigência pela variedade e melhor

Rota do Chá:o Oriente na Invicta

Na Rua Miguel Bombarda, considerada

a rua das galerias de arte, do Porto,

existe uma pequena casa, que pode até

passar despercebida a quem não a conhece.

Estima-se ter sido construída nos princípios

do século XX e chama-se Artes em Partes.

É neste edifício que se situa o Rota do Chá,

um estabelecimento composto por vários

espaços, interiores e exteriores,

distintos e multifacetados.

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o Oriente na Invictaqualidade que leva a que seja necessário o dono do Rota do Chá procurar em feiras e em plantações, de modo “a crescer e aprender cada vez mais”, explica.

Espaço e vozes para as origens do CháTal como na oferta, o espaço do Rota do Chá

é construído através de uma multiplicidade de ambientes que se relacionam com as origens do chá.

A entrada faz-se através de uma sala com decorações indianas, entre as quais se destacam as mesas baixas e assentos confortáveis e aconchegantes. O balcão de atendimento esconde uma pequena cozinha, de onde também saem scones, quiches, entre outros acompanhamentos. Depois de passar apenas uma porta, encontramos outra sala, mais pequena, arejada e colorida, que é composta por minúsculas mesas, cadeiras e puffs.

O espaço exterior de estilo urbano oferece um jardim repleto de influências marroquinas e indianas, tais como as pequenas estatuetas e lanternas e uma zona ainda mais reservada, com um coberto de palha.

No andar superior funciona o restaurante, composto por duas salas diferenciadas, decoradas com cores fortes e garridas, onde prevalecem, também, os objectos do oriente.

Nesse mesmo piso existe ainda uma sala, de cores relaxantes e acolhedoras, que foi aberta

recentemente, composta por mesas e cadeiras de madeira e ferro que, em conjunto, com as prateleiras de livros e os quadros de origem oriental, convidam a uma visita mais prolongada.

Existe ainda uma loja, situada na entrada do edifício, onde são vendidos os géneros de chá que a Rota do Chá possui e ainda bules, chávenas, livros e outros objectos utilizados e relacionados com o tema.

Os clientes que frequentam este espaço, de acordo com Filipa Teixeira, “são muito simpáticos e há uma grande variedade: vem desde o bebé, ao velhinho...” , conclui, sorridente, a funcionária da Rota do Chá.

Um dos fiéis seguidores destes aromas exóticos é Serafim Manuel Neto Barbosa, artista plástico que considera o espaço, “diferente, muito acolhedor. Onde nos habituamos a sentir em casa.”

O ambiente é encarado, como tranquilizante e relaxante, especialmente durante a Primavera e o Verão. Segundo Patricia Rowcliffe, nutricionista e cliente, “é um local onde podemos entrar e sentir que, de um momento para o outro, já não estamos no Rota do Chá, na cidade do Porto, mas sim em qualquer outro local do mundo”. Isto porque, o Rota do Chá junta à decoração zen, a música calma que convida à contemplação, ao relaxamento e a uma nova visita.

Texto e fotos: Ana Catarina D’Eça

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Nunca me tinha passado pela cabeça que, nesta idade, 86 anos, eu iria aprender a tirar fotografias, no entanto, no nosso primeiro dia de apresentação na Universidade e, ao ouvir a Dra. Teresa Reis, que viria a ser a nossa professora, fiquei deveras entusiasmada.

Tive a certeza de que iria gostar. Foi ela que, sem o saber, me induziu a frequentar estas aulas. Não estava motivada, mas o entusiasmo com que falou de fotografia, até me deixou ansiosa. Logo que cheguei a casa comentei com toda a familia e aprovaram.

Concretizou-se o meu pensamento. Estou a gostar e a preparar-me para poder enviar fotos para toda a minha família

que reside no Canadá, e muita é. Estou ansiosa por fazê-lo, mas, fazê-lo com saber e perfeição. Sei que, conseguindo-o, toda aquela gente me vai achar “formidável”!!!! E eu ficarei muito orgulhosa…

Ao mesmo tempo, estas aulas que frequentámos, fazem-nos bem ao espírito. A solidão não se torna tão absoluta. A professora, não é só professora, é também nossa amiga, atenciosa e muito carinhosa, isso faz-nos sentir bem a todos nós. Falo por mim e por todos os meus Colegas.

na UFPUniversidade+

A Univesidade+ da UFP é um projecto que teve iníco a 03 de Outubro de 2008, em Ponte

de Lima. Aqui, acompanhados pelos depoimentos das alunas mais velha e mais nova,

respectivamente, apresentamos os trabalhos fotográficos da turma que, este ano, pela

espírito aberto e empreendedor, trouxe cor e juventude à instalações do Porto.

Manuel AlmeidaMaria Aldina

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Com os meus Colegas vamos mantendo cada vez mais e mais uma camaradagem muito sã, muito especial, muito agradável. Passamos a ser Colegas e Amigos e a aula de Fotografia só peca por terminar tão rapidamente. Queríamos ficar mais tempo.

Não sei bem a quem devo agradecer, será a muita gente decerto: começando pelo Reitor Professor Salvato Trigo, a Senhora Vice-Reitora Dra. Manuela Trigo, o Dr. Adalberto, de Ponte de

Lima, e à nossa Professora, Dra. Teresa Reis. Nunca esquecendo o Presidente da Junta que, segundo me apercebi, empenhou-se com todo o entusiasmo para que nós frequentassemos esta e outras aulas da Universidade+!

A todos, o meu e o nosso OBRIGADO ! Manuela Lopes

(Em nome de todos os alunos da aula de Fotografia da

Universidade Fernando Pessoa / Universidade+)

Orlando João Manuela Lopes

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Sou Teresa Oliveira e tenho 58 anos de idade. Sou a mais nova da turma

da Universidade+.

Em tempos tive um comércio de fotografia. Era uma casa de artigos

fotográficos. Nunca soube nada de Fotografia, mas depois de saber que a

Junta de Freguesia de Ramalde tinha esta oportunidade, foi aí que a agarrei.

Gosto muito da professora e de fotografar com aquelas técnicas que ela

nos tem pacientemente ensinado. Fiquei a saber o que não se deve fazer e

até já sei ver se esta ou aquela foto está bem enquadrada e tecnicamente

perfeita. Mas também dei conta, com todas estas aulas de Fotografia, que

não é nada fácil e ainda tenho muito que aprender, porque o clik - como diz

a nossa professora do Laboratório de Fotografia - é a última coisa a fazer.

Era o que fazia em primeiro. Tudo errado. Agora, com estas aulas, já tenho

outro gosto em fotografar.

na U

FP(c

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Univ

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Carminda da Silva Rosa Pereira

Marília Eunice Fernanda Rodrigues

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O convívio com os colegas da turma é muito

saudável e a nossa professora tem vindo a ensinar-

nos muita coisa sobre Fotografia, mas também me

apercebo que não é fácil como eu pensava. Normas e

técnica para todo o tipo de Fotografia.

Queria agradecer à nossa Junta de Ramalde, à

Universidade Fernando Pessoa e à nossa professora

Teresa. Impecável.

Américo Neves

Maria Emília

José Rodrigues Teresa Oliveira

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