Revista O Dirigente Cristão

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Dirigente Cristão O Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul Nº 177 - Ano XX - Julho/ 2011 Impresso fechado. Pode ser aberto pela ECT. Fotos: Larry Silva FAS: está aberto o fórum para a sustentabilidade Fotos: Larry Silva

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Revista O Dirigente Cristão da ADCE-RS.

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DirigenteCristão

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Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do SulNº 177 - Ano XX - Julho/ 2011

Impresso fechado. Pode ser aberto pela ECT.

Fotos: Larry Silva

FAS:está aberto o fórum para a sustentabilidade

Fotos: Larry Silva

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O Dirigente CristãoÓrgão Informativo da Associação de Dirigentes Cristãos

de Empresa do Rio Grande do Sul (ADCE-RS)Filiada à ADCE/UNIAPAC/Brasil

PresidenteAntonio D’AmicoVice Presidente

Juarez PereiraEduardo Albershein DiasAssessoria Doutrinária

Pe. Federico Juarez - Pastor Carlos DreherMonsenhor Urbano ZillesEditores In MemoriamFulvio de Silveira Bastos

Renato Cardoso

SedeCentro Arquidiocesano de Pastoral

Praça Monsenhor Emílio Lotterman 96, conj 12Bairro Floresta CEP 90560-050 Porto Alegre/RS

Fones (51) 3332.0811Fax: (51) 3222.8997

e-mail: [email protected]

Conselho DiretorCezar Saldanha (Porto Alegre)

Carlos Egídio Lehnen (Porto Alegre)Márcio Luiz Onzi - Serra (Caxias do Sul)

Moacir Basso - Serra (Caxias do Sul)Sergio Ricci - Planalto Médio (Passo Fundo)Ubiratan Oro - Planalto Médio (P. Fundo)

Vicente Borin (Santa Maria)Luiz Fernandes da R. Pohlmann (Santa Maria)

Gilmar V. Lazzari - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul)Paulo Bohn - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul)

ComissõesAlecio Ughini - Baptista Celiberto

Carlos Egídio Lehnen - Cláudio O. KoehlerFrancisco Moesch - Gilberto Lehnen

José Antonio Célia - José Juarez Pereira Luiz Arthur Giacobbo - Ricardo Jakubowski

Rita Campos Daudt - Sergio Kaminski

Edição:

Rua Jerusalém, 415 - CEP 91420-440 - Porto Alegre/RSFone: (51) 3392.0055 [email protected]

Editor: Carlos DamoReportagem e Diagramação:

Cíntia Machado DRT/RS 14080

Tiragem 4500 exemplaresCirculação Bimestral - Distribuição Gratuita

É permitida a reprodução total ou parcial das matérias aqui publicadas, desde que conservada a forma e

citados a fonte e o autor. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.

Aproveito este espaço para agradecer a todos os Companheiros en-volvidos na realização do I Fórum ADCE para Sustentabilidade (FAS), especialmente ao grupo de trabalho diretamente envolvido na realização do mesmo e pelo envolvimento das Regionais, principalmente no seu relacionamento com as Universidades, o qual resultou na presença de seis Reitores das mais importantes Universidades do RS.

A publicação da “Carta ADCE/2011 para a Sociedade Sustentável”, combinada com o documento que traça a Política ADCE para Susten-tabilidade, sintetizada no seu sub-título “A Sociedade Sustentável é um Conceito Cristão”, ambos alicerçados nos princípios da Doutrina Social Cristã, exarados nas Encíclicas Papais, compilam de forma objetiva a aplicabilidade desses princípios, na vida empresarial e na vida social.

Este I FAS, em seus resultados práticos, excedeu qualquer expectati-va, primeiro pela parceria de renomadas empresas, às quais sempre se-remos gratos; segundo, por termos reunido uma equipe de palestrantes do mais alto quilate, que encantou a todos que tiveram a felicidade de participar do Evento e, em terceiro lugar, pela quantidade e qualidade dos participantes, inclusive alto número de estudantes universitários.

Ao ensejo do encerramento deste Fórum, que teve o prestígio pesso-al do novo Presidente da ADCE UNIAPAC BRASIL, Sérgio Cavalieri e do Vice-Presidente da UNIAPAC LATIONAMERICANA, José Maria Simone, tenho certeza absoluta de que a história da ADCE/RS será contada no antes FAS e depois FAS, pois a nossa entidade depois seguramente não será a mesma de antes, visto os compromissos assumidos junto à socie-dade, principalmente ao ficar decidido que o FAS será permanente.

Temos um árduo trabalho pela frente, sem dúvida, principalmente na execução das diversas metas estabelecidas na Carta, as quais, se atin-gidas, o que esperamos fazê-lo com a graça de Deus, estaremos contri-buindo decisivamente para melhorar substancialmente a qualidade de vida de nossa sociedade.

Deveremos nos próximos dias anunciar a realização do II FAS para o primeiro semestre de 2012, o qual será lançado impreterivelmente no mês de agosto do corrente ano.

Pela experiência que colhemos na realização deste primeiro Fórum, temos grande expectativa de que a sua segunda realização haverá de atingir um grau de excelência superior e, com isso, haveremos de atingir o objetivo maior do FAS, que visa a implantação da tão sonhada civili-zação do amor.

Antonio D’Amico, Presidente ADCE/RS

PALAVRA DO PRESIDENTE

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Através do FAS, a ADCE e o GEELPA contribuem para a sustentabilidade

Ao longo de sua história a humanidade foi ad-quirindo conhecimentos e fazendo descobertas que a levaram a evoluções. Houve desenvolvimento no panorama econômico, a população cresceu, a saúde ganhou recursos, os benefícios foram inúmeros, en-tretanto, o planeta não estava preparado para isso e o desenvolvimento socioeconômico não ocorreu de modo uniforme. Esse cenário mostra a necessidade

da busca de equilíbrio para garantir a manutenção dos recursos proporcionados pela natureza, assim como condições dignas e igualitárias a todos, em outras palavras, a busca pela sustentabilidade. Para alcançá-la é preciso o comprometimento de todos. O FAS, Fórum ADCE para a Sustentabilidade, que teve sua primeira edição nos dias 18 e 19 de maio deste ano, é um passo nessa direção.

Em direção à sustentabilidade

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I 4 I O DIrIgente CrIstãO I

O FAS

Em sua primeira edição, o FAS, realização da ADCE e do GEELPA, reuniu palestrantes especiali-zados e representativos de diversas áreas para abor-dar o tema sustentabilidade de modo abrangente. Ao longo dos dois dias de evento, o tema foi tratado pela perspectiva social, ambiental, cristã, humana, cultural, econômica, estratégica, ética, científica, entre outras, com o intuito de dar base à sustentabi-lidade. O presidente do GEELPA, Tito Livio Goron, define o FAS como “uma mobilização forte do grupo cristão para chamar a atenção de toda a sociedade para a importância de atuar sustentavelmente para segurança e perenidade do planeta”.

O FAS é uma iniciativa permanente. O presiden-te da ADCE/RS, Antonio D'Amico, explica que foi criado um Conselho Gestor, formado por comissões setoriais para colocar em prática os compromissos assumidos durante o evento. Também o II FAS já começa a ser pensado e acontecerá no primeiro se-mestre de 2012.

COmprOmiSSOS

Mais do que provocar reflexão sobre a susten-tabilidade, o FAS quer promover também a ação. Assim, durante o evento foram apresentados docu-mentos e compromissos voltados a adoção de com-portamentos e atitudes em prol da sustentabilidade.

O Diretor de Empreendimentos da Braskem e consultor técnico do FAS, Guilherme Guaragna, apresentou os Compromissos Públicos do Dirigente

Cristão, que foram distribuídos a todos os partici-pantes sob a forma de um diploma. “É preciso que no mundo de hoje tenhamos protagonistas. Nós cristãos devemos assumir esse papel e ser exemplo, referência positiva para colocar em prática aquilo que queremos”, defende o adeceano.

Guaragna apresentou também, juntamente com Antonio D'Amico, um resumo do documento “Po-lítica ADCE para a Sustentabilidade”, o compro-

A ADCE-rS e seu papel na Sociedade Missão: transformar a sociedade num ambiente onde a Pessoa Humana seja valorizada, criando uma sociedade mais justa, solidária e cristã.

A Sociedade Sustentável a partir da atuação da ADCEÂmbito Regional- Conscientização para prática da Cidadania e Conduta Ética- Formação Educacional de dirigentes e profissio-nais de empresa nos conceitos e práticas da DSI;

- Posicionamento e promoção de debates a cerca de temas voltados para a construção da sociedade sustentável;

- Articulação com demais agentes da sociedade para estudo e solução de questões relevantes da sociedade;- Promoção, reconhecimento e divulgação de práti-cas sustentáveis.

Âmbito Nacional e Internacional- Formulação de políticas e estratégias para a di-fusão e prática da DSI nas atividades empresariais do Brasil e do Mundo.- Realização de intercâmbios com entidades nacio-nais e internacionais.

A Sociedade Sustentável a partir das práti-cas empresariais dos Dirigentes CristãosO Dirigente Cristão é naturalmente uma referência e líder na sociedade, assim suas ações refletem na mesma.

Antonio D’Amico, presidente da ADCE/RS e Tito Livio Goron, presidente do GEELPA

pOlítiCA ADCE 2011 pArA A SuStEntAbiliDADE

“Pensando na sociedade de forma global e agindo de forma local, todos nós vamos construir a socie-dade do amor”, D'Amico.

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misso assumido pela associação, com a sociedade. O documento tem base na Doutrina Social da Igreja (DSI) e coloca como princípios basilares da susten-tabilidade o desenvolvimento econômico e social, a relação com o meio ambiente, a liberdade e respon-sabilidade política, a diversidade cultural, os valores, os princípios e a conduta. “A ADCE oferece aos empresários uma proposta de exemplo e atitudes para transformar o mundo”, coloca D'Amico. “A ADCE está chamando o seu dirigente para que ele sempre pense de forma positiva”, explica Guaragna.

Outra ação foi a transformação do “Fórum ADCE para Sustentabilidade”, em um fórum perma-nente para promoção da Sociedade Sustentável à luz

prinCípiOS E VAlOrES Conduta Ética: A base para a construção de uma sociedade sustentável está na prática das virtudes e valores cristãos. O Dirigente Cristão representa para a sociedade o exemplo de conduta ética e de promoção humana em todos ambientes que atua. O bem Comum: Uma sociedade deve estar a ser-viço da pessoa humana, promovendo o bem co-mum ao alcance de todos e o bem comum de toda obra da criação. universalidade dos bens: Como fruto do tra-balho e do uso correto da inteligência, é legítimo o direito à propriedade privada, tanto quanto legíti-mo o dever de reconhecer o fruto do trabalho hu-mano e da natureza, como um bem de destinação universal.

Solidariedade: A solidariedade é uma virtude moral que está na base da sociedade do bem co-mum, da destinação universal dos bens, da igual-dade entre os homens e da paz no mundo. partilha e Caridade: A virtude da caridade e a prática da partilha não se esgotam na relação en-tre os homens, mas se ampliam para todas as re-lações políticas, sociais e empresariais, e se consti-tuem na via da justiça social e da paz. Subsidiariedade: A promoção da dignidade da pessoa humana passa necessariamente pelo de-senvolvimento harmonioso da vida familiar, profis-sional, social, política, cultural e espiritual, tornan-do o homem um ser integral e completo.

COmprOmiSSOS FrEntE AOS GrupOS DE rElACiOnAmEntO pessoa Humana: O ser humano como sendo imagem e semelhança de Deus, constituindo-se, por isso, o início e fim de todas as coisas na socie-dade e tendo na relação de respeito, amor e espí-rito de servir o caminho para a santificação. meio Ambiente: A natureza como obra da cria-ção, colocada por Deus a serviço do homem, deve ser respeitada e preservada, constituindo-se no meio pelo o qual o homem busca sua dignidade, a relação entre os homens e a relação com Deus. Desenvolvimento Econômico: O homem, atra-vés da sua inteligência, foi designado por Deus para promover o seu desenvolvimento, gerando riquezas com responsabilidade para seu proveito e para o proveito de todos. Sociedade: O Dirigente Cristão reconhece seu papel fundamental na construção da Sociedade Sustentável, tornando-se um agente voluntário de transformação e promoção do bem comum atra-vés de atitudes solidárias e responsáveis. Gestão pública: Participação na gestão pública, exercendo plenamente os direitos e deveres cida-dãos, sendo responsável por suas escolhas, pelo cumprimento das legislações e pelo desenvolvi-mento de uma sociedade digna e justa. igreja: O Dirigente Cristão assume seu papel de líder transformador e responsável pelo desenvolvi-mento da Igreja através do seu exemplo, da sua atuação missionária e evangeliza-dora para o bem de todo o Povo de Deus.

COmprOmiSSOS públiCOS DO DiriGEntE CriStãO

Guilherme Guaragna recebendo homenagem do coordenador do FAS, Juarez Pereira pela colaboração no evento

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da DSI, integrando ações e iniciativas. O I FAS foi finalizado com a leitura da “Carta ADCE 2011 para a Sociedade Sustentável”, documento que procura abordar questões atuais e de grande importância, ao mesmo tempo, que convida os principais agentes da sociedade a se engajarem no debate e formulação de soluções aos temas apresentados.

A Carta foi assinada pelos representantes da UNIAPAC e da ADCE, por governantes, entidades do terceiro setor, universidades, igrejas, entre outras instituições, além de pessoas físicas. O governador do RS, Tarso Genro e o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati foram os primeiros a assinar o docu-mento. “Já examinei a carta e a assinarei com muita honra. Ela sintetiza uma visão de mundo”, declara o governador. A Carta recebeu a assinatura também

de outra importante presença para a ADCE, o vice-presidente da UNIAPAC na América Latina, José Maria Simone, que representou a entidade em nível mundial.

“Pensando na sociedade de forma global e agin-do de forma local, todos nós vamos construir a so-ciedade do amor”, acredita D'Amico. Confira nas páginas seguintes os assuntos tratados nos painéis e palestras do I FAS.

A Sociedade Sustentável passa pela Ação e realização do Homem É criada pelos homens tendo como base os princípios e valores que levam à Verdade, à Justiça, à Liberdade, à Caridade, à Preservação da Vida e à Dignidade Humana, orientando a ação e participação de todos para o desenvolvimento, tendo no centro a plena rea-lização do homem: material, social, intelectual e transcendental, observando a responsabilidade com o desenvolvimento econômico acompanhado pelo desenvolvimento social, ambiental, cultural e espiritual.

A Sustentabilidade possui abrangência mul-tidimensional Todas as ações, sejam elas, em-presariais, pessoais, coletivas, políticas e comunitá-rias, devem levar em consideração seus diferentes impactos e consequências em todas as dimensões da sustentabilidade, visando construir sempre uma sociedade economicamente próspera, socialmente justa, ambientalmente responsável, politicamente estável, fortalecendo a natureza transcendente do Ser Humano.

A Sociedade Sustentável é decorren-te do Comprometimento e da Ação de todos agentes sociais

1) pessoa Humana Uma sociedade somente po-derá ser sustentável se estiver orientada para servir a pessoa humana e garantir a sua dignidade e a preservação da vida.

2) Atividade Empresarial e Desenvolvimento Econômico Desenvolvimento Econômico e Sus-tentabilidade são sinérgicos, não existe Sociedade Sustentável que não tenha como premissa a gera-ção de riqueza através do trabalho e criação.

3) A Questão Ambiental e a universalidade da natureza É importante que ações concretas sejam empregadas por todos visando restabelecer condições harmoniosas da relação entre a ativida-de humana e a preservação do meio ambiente.

4) Desenvolvimento Social amplia-se para todas as Dimensões do Homem Na sociedade sustentável cada pessoa é responsável pelo desen-volvimento de todo o homem e do homem todo.

5) A base da mudança Cultural de uma so-ciedade está na Educação A base para trans-formação de uma sociedade está nos princípios e valores adotados e na educação das pessoas se-gundo esses mesmos princípios.

CArtA ADCE 2011 pArA A SOCiEDADE SuStEntáVEl

O governador Tarso Genro e o prefeito José Fortunati assinando a Carta

Todo o CO2 utilizado para a rea-lização do evento será compen-sado pelo palntio de árvores

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Sustentabilidade e solidariedadeOs painelistas apresentam uma visão positiva sobre a possibilidade de um novo panorama econômico e social

“O modelo capitalista fundamentado na liber-dade de escolha trouxe concentração de riquezas, entretanto, é a liberdade de escolha que faz com que o capitalismo seja o regime escolhido em diversos lugares. Como fazer a transição de um capitalismo de desenvolvimento meramente econômico, para um capitalismo sustentável?”

Essa foi a introdução do reitor da UPF, José Car-los Carles de Souza, para o painel que reuniu re-presentantes dos diversos setores da sociedade para contribuir com o tema “Capitalismo Sustentável e Comunidades Solidárias”. Estiveram presente o go-vernador do RS, Tarso Genro e o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, representando a visão dos respectivos níveis de governo; o arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, representando a visão da igreja; o ex-secretario estadual da Justiça e do

Desenvolvimento Social, Fernando Schüler repre-sentando o terceiro setor e o presidente executivo da Fundação Odebrecht, Maurício Medeiros, repre-sentando a perspectiva empresarial.

EmprESA

Maurício Medeiros dá um exemplo de atitude que as empresas podem tomar em nome da susten-tabilidade, ao apresentar o projeto que a Odebrecht desenvolve no baixo sul da Bahia. Trata-se de uma área rural, a 250 km ao sul de Salvador, que abriga pessoas pobres. Muitas delas são analfabetas funcio-nais e nem Carteira de Identidade possuem.

“Temos esperança de que podemos sim atuar na causa para evitar o problema. Fazer desenvolvimen-to sustentável é trabalhar em todas as vertentes: educação, ambiente, preparação empresarial, etc. Nós levamos um pouco de orientação empresarial para eles”, explica Medeiros.

Entre os oito objetivos de desenvolvimento do milênio propostos pela ONU, a Fundação Odebre-cht selecionou os quatro que considerou mais deter-minantes: acabar com a fome e a miséria, educação básica de qualidade para todos, qualidade de vida e

“Temos esperança de que po-demos sim atuar na causa para evitar o problema”, Medeiros

FAS: É POSSIVEL SER SUSTENTÁVEL

José Carles de Souza, Maurício Medeiros, Tarso Genro, Dom Dadeus Grings, Fernando Schüler, José Fortunati

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respeito ao meio ambiente, todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento. “Acreditamos que se traba-lharmos nesses quatro aspectos, mitigamos os de-mais”, esclarece o empresário.

O projeto foi reconhecido pela ONU, na área de geração de sustentabilidade, como melhor programa do Brasil, América Latina e Caribe. Os resultados da ação são claros e fazem a diferença. Os participan-tes estão se desenvolvendo como pequenos empre-sários, obtendo resultados e retorno financeiro. “Há muito talento nessa região para que seja desperdi-çado, por isso estamos trabalhando na educação de qualidade no campo. Hoje, os jovens querem ser empresários rurais”, declara Medeiros, mostrando as conseqüências positivas que uma ação como essa podem trazer.

iGrEjA

“Um acontecimento marcou uma grande mu-dança no mundo: o desenvolvimento da técnica. A revolução industrial trouxe nova configuração, os homens já não conseguiam mais se relacionar”, conta Dom Dadeus Grings fazendo referência às origens da sociedade como ela é hoje e a algumas consequências que as mudanças trouxeram. Ele ex-plica que, nesse panorama, alguns cristãos queriam voltar à Idade Média e outros, resolverem com a solidariedade.

O Para João XXIII, registrou no Rerum Nova-rum, que não é indo para trás que se resolve. “Se a

indústria trouxe um problema, a indústria precisa resolvê-lo”, explica Dom Dadeus. O religioso trans-pôs essa situação a atualidade, lembrando que o lixo é uma nova dificuldade causada pela indústria.

“A função do homem na terra é cuidar do jardim que Deus criou, mas Ele não nos deu pronto. A gen-te precisa ajudar. É uma alegria termos um lugar no nosso Universo, porém nem sempre cuidamos do nosso mundo”, ensina Dom Dadeus. Segundo ele, o ser humano tem quatro funções fundamentais que precisa desenvolver para se realizar: o relaciona-mento consigo mesmo, com os outros, com o mun-do e com Deus.

tErCEirO SEtOr

Para Fernando Schüler, o Brasil está avançando, mas ainda há um passivo social brutal: a questão da pobreza merece atenção. “A pobreza está dimi-nuindo brutalmente no mundo inteiro e no Brasil também. Nesse século veremos o fim da pobreza. O capitalismo vai acabar com ela”, explica.

O crescimento da economia, o aumento da esco-laridade média e o planejamento familiar para igua-lar a taxa de fecundidade das famílias mais pobres à média do RS, são os três fatores determinantes para acabar com a pobreza, conforme o cientista político. “Se quisermos um crescimento sustentável, temos que pensar nisso, não podemos fingir que não exis-te”, salienta. Schüler

A quantidade de gaúchos vivendo abaixo da linha de pobreza equivale a 17% da população, se-

“A revolução industrial trouxe nova configuração, os homens já não conseguiam mais se relacio-nar”, Dom Dadeus

“A pobreza está diminuindo bru-talmente no mundo inteiro e no Brasil também”, Schüler

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riam cerca de 430 mil famílias. O hiato de pobreza é de R$ 1,6 bilhão, ou aproximadamente R$ 301,00 por família. Assim, Schüler aponta como melhor alternativa para acabar com a pobreza, a capacita-ção dessas pessoas, para que elas obtenham os seus R$ 301,00.

O terceiro setor tem, para Schüler, importância fundamental nessas transformações. Ele destaca que uma característica essencial que essa área deve ter é a inovação, como meio de alcançar realizações. Cita como exemplo a biblioteca do Carandiru, que além estimular a leitura, oferecerá treinamentos para todas as bibliotecas municipais do estado de SP. Uma característica interessante dessa biblioteca, é que ela é adaptada a deficientes, inclusive visuais, oportunizando a leitura também a esse grupo.

GOVErnO EStADuAl

“A primeira pergunta que devemos fazer está no título: O capitalismo é sustentável? Nós podemos chegar a um capitalismo sustentável? Eu penso que sim. No momento em que estamos aqui, pensando em uma sociedade sustentável, estamos dizendo que podemos alcançá-la”, opina o governador do RS.

Tarso Genro acredita que é possível chegar a uma sociedade nos padrões da que existe hoje, só que melhor em todos os sentidos. “Devemos fazer uma sociedade na qual sua evolução seja pensada e

não ocorra de modo espontaneísta, como foi antes. Assim daremos um passo adiante. Podemos buscar recursos que não causem fratura com a naturalida-de, como a energia eólica, por exemplo”, defende.

O governador acredita que as pessoas devem crer que pode ser diferente, não cultivar o que já é. Essa seria a forma de chegar às mudanças. “Eu como um antigo utopista, quero dizer que sim, é possível bus-carmos uma sociedade sustentável”, resume.

GOVErnO muniCipAl

Para José Fortunati, chegar à sustentabilidade é algo que depende das atitudes de cada um. “Não jogar lixo no chão, por exemplo, é responsabilidade de cada cidadão. Depende da ação de todos termos uma cidade melhor”, explica.

Por outro lado, o prefeito entende que é preciso verificar as necessidades de cada grupo da socie-dade para que sejam amenizadas as desigualdades. “Temos que tratar os diferentes de forma diferente, tendo ciência de que todos têm direitos iguais”. A qualificação da mobilidade urbana é um exemplo. Se para as classes mais altas o problema são os engarra-famentos, para as classes mais baixas, a necessidade de mudança está em ter um transporte público me-lhor e com preço baixo.

“Quando pensamos a sociedade de forma sus-tentável, temos que pensar os diferentes de forma diferente e pensar no papel de cada um de nós como sociedade”, finaliza o prefeito.“No momento em que estamos

aqui, pensando em uma socie-dade sustentável, estamos di-zendo que podemos alcançá-la”, Tarso Genro

“Depende da ação de todos termos uma cidade melhor”, Fortunati

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A Sociedade Sustentável

Mas e afinal? Como dar sustentabilidade a sus-tentabilidade? O primeiro a contribuir nessa dis-cussão foi o PhD em Economia e Cientista Social, Eduardo Gianetti, que abriu o ciclo de palestras do FAS 2011. Gianetti trouxe uma visão estratégica e prática em relação à sustentabilidade do planeta e abordou algumas consequências econômicas em que a gestão sustentável implica.

A EStrAtÉGiA DA SuStEntAbiliDADE

Ao mesmo tempo em que o economista indica meios de atingir a sustentabilidade, ele analisa pro-blemas em que se costuma esbarrar durante o pla-nejamento e a implementação de projetos. Gianetti indica o caminho e leva a reflexão sobre os obstácu-los que podem ser encontrados.

Para Gianetti, a sustentabilidade consiste em fa-zer a distribuição adequada dos recursos, de modo a

Através de visão analítica, Gianetti aborda a estratégia para a sustentabilidade e as consequências para a sociedade

utilizá-los da melhor forma: não os preservando de mais e nem os utilizando de mais. A grande ques-tão, no entanto, é definir um horizonte de tempo para organizar essa distribuição. “Não sabemos por quanto tempo a humanidade vai viver, isso dificulta a busca pela sustentabilidade”, lembra.

Apesar da dificuldade apontada, ele define os três passos para a execução de um programa de sus-tentabilidade.

Etapas para executar

1) AntevisãoNão apenas prever as possibilidades que as con-dições presentes oferecem, mas também imaginar as realidades que a evolução pode trazer futura-mente. Se a previsão for incompleta, o resultado será prejudicado.

2) EstratégiaDefinição de onde estamos e onde vamos chegar. O maior problema é a exequibilidade. Onde estou e onde quero chegar são exequíveis, mas nada garante que exista um meio de chegar.

3) implementaçãoImplementar a estratégia no cotidiano. Na hora de planejar, é definida a melhor forma para fazer e o melhor caminho, mas na hora de executar, segue-se pelo pior.

Por que as dificuldades existem?

Questão cognitiva: A dificuldade de antever. As pessoas não têm con-dições de prever tudo, assim, os erros de previsão são freqüentes. Há possibilidades que não podem ser imaginadas nesse momento e que serão reali-dade no futuro.

Questão comportamental: O cérebro humano é composto por módulos, as regiões desse órgão conduzem o comportamento em diferentes direções o tempo todo. Assim, há momentos em que a razão predomina e outros em que a impulsividade predomina.

FAS: COMO SER SUSTENTÁVEL

Economista e cientista social Eduardo Gianetti

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COnSEQuênCiAS ECOnômiCAS

Gianetti acredita que a principal ameaça da utilização de recursos de forma indiscriminada é o descontrole da mudança climática e aponta implica-ções na economia e consequentemente na vida em sociedade.

O economista explica que o PIB e a emissão de CO2 têm crescimento conjunto. É sabido que a

“O sistema de preços tem falha gravíssima e a situação ambiental pode condená-lo. Temos de bus-car nova forma de lidar com ele. Seria muito bom podermos contar com uma mudança cultural e ela é fundamental, mas não podemos contar só com isso”, Gianetti.

emissão de CO2 traz consequências negativas e, por-tanto, precisa ser combatida. Gianetti aponta três opções para isso:

Crescimento menor• Redução da relação CO•  2 X PIBTecnologia que permita descarbonizar o PIB• O alto nível de emissão de CO2 afeta diretamen-

te a economia e a sociedade. A poluição implica na limpeza da água, por outro lado, atinge também a saúde, que pede tratamento. Todas essas ações tra-zem custos que não são computados no sistema de preços. “O sistema de preços considera custos de produção versus benefícios para o consumidor, mas tem falhas na relação homem versus meio ambien-te, pois não considera o custo e o ônus ambiental implícito em cada decisão de produção. O sistema terá de incorporar o ônus ambiental, pois o cálculo entre produção, consumo e suas consequências não fecha”, alerta Gianetti, demonstrando que uma mu-dança apenas cultural não basta.

Emissãode CO2

Poluição

Limpeza de ar, água,etc

Estresse

Cuidados com a saúde

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Sistema de preços

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Água é VidaEntre os diversos recursos que a natureza ofere-

ce e a humanidade necessita, está a água. Esse bem, essencial para a vida, foi escolhido como tema des-taque na primeira edição do FAS. O elemento que tantos benefícios traz para a saúde e para o bem es-tar, quando em falta, pode também trazer o conflito.

O médico Fernando Lucchese, o Bispo Dom Di-mas Lara Barbosa e Prof. Dr. Ivanildo Hespanhol abordaram o assunto sob seus diferentes aspectos no painel Água é Vida, mediado pelo reitor da Fee-vale, Ramon Fernando da Cunha.

áGuA É ViDA Em DEuS

A preocupação com a conservação do meio am-biente e da água, em especial, tem na igreja uma aliada. Já em 1979, a ecologia foi foco da Campanha da Fraternidade. Em 2004, a água foi o elemento central da campanha e este ano, novamente o am-biente foi valorizado.

O reconhecimento da importância da água é re-presentado pela iniciativa da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e da Igreja Reformada de Berna, na Suíça, que assinaram uma declaração ecumênica da água como direito huma-no e bem público. “Várias conferências assinaram o documento e a própria ONU acabou declarando a água como direito humano. Naturalmente, agora essa declaração precisa ser recebida pelos diversos países”, expõe Dom Dimas.

Essa é, entretanto, uma questão delicada, pois envolve assuntos políticos. O governo brasileiro não assinou, porque, conforme explica Dom Dimas, há interpretações de que esse reconhecimento seria elemento importante na disputa pela internaciona-lização da Amazônia.

Nesse exemplo se vê que a falta da água, tem como uma de suas consequências, a disputa pela

mesma. Nesse sentido, Dom Dimas lembra que logo depois da descoberta do pré-sal o governo brasilei-ro comprou seu submarino atômico para proteger as terras brasileiras. “Nós temos óleo e nós temos água, ou nós estamos feitos, ou nós estamos fritos. Tudo vai depender daquilo que fizermos”, alerta.

áGuA É ViDA pArA O HOmEm

Para o cardiologista Fernando Lucchese, o ser humano é formado por corpo, mente e espírito e a água faz bem para as três partes, seja suprindo ne-cessidades básicas, acalmando com atividades como o esporte, ou através de rituais religiosos.

Ao longo da história da humanidade a água apre-sentou especial importância como fonte de higiene, aumentando consideravelmente a expectativa de vida. Lucchese conta que na época das ca-vernas a vida humana era de cerca de 15 anos e apenas no início do século XIX chegou a 32. Apenas algumas décadas, uma descoberta foi essen-cial para que a expectativa de vida dobrasse nova-mente: a importância de lavar as mãos. “Observem o avanço que foi descobrir que nós estávamos transmitindo bactérias através do nosso contato manual. Não existe dúvida da importância da água para a longevidade humana.”, constata o médico.

Lucchese ressalta ainda a importância vital que esse elemento apresenta, por exemplo, regulando a temperatura corporal e reduzindo a sobrecarga

“Nós temos óleo e nós temos água, ou nós estamos feitos, ou nós estamos fritos”, Dom Dimas

Não existe dúvida da importância da água para a longevidade hu-mana”, Lucchese

O elemento, aparentemente tão abudante, ameaça faltar e sua falta, trazer consequências negativas para a sociedade

FAS: A QUESTÃO DA ÁGUA

I 12 I O DIrIgente CrIstãO I

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nos rins e fígado. O médico aproveita para lembrar a necessidade de tomar água, ressaltando que a sede é o grande regulador, pois a necessidade de ingestão de água varia de acordo com a pessoa e com o meio.

“Sem alimentos o corpo sobrevive semanas. Sem água, dias”, destaca Lucchese e explica que a falta de água no corpo pode causar perda de elasticidade da pele, confusão mental, cansaço e morte.

áGuA É ViDA pArA O munDO

A situação em que a água se encontra torna de-terminante o emprego de tecnologia e gestão para que a humanidade continue usufruindo desse bem. Esse é o principal aspecto levantado pelo diretor do Centro Internacional de Referência em Reuso de Água (CIRRA), da USP, Ivanildo Hespanhol.

O professor ressalta, entretanto, as questões subjetivas, lembrando que “aqueles que antevêem o aspecto espiritual da água vão fazer de tudo para conservá-la e evitar que ela seja poluída”, coloca.

“É preciso cuidar da água: hoje ela é o principal

fator limitante para o desenvolvimento sócio-eco-nômico de um mundo com população rapidamente crescente. Temos uma série de conflitos internacio-nais envolvendo a água. A briga entre Israel e Pa-lestina tem mais causas na água, do que na política e na religião. O estado da Caxemira até hoje está em litígio, porque ela é o castelo de água da Índia e Paquistão. A UNESCO alerta sobre o problema da água, que é um recurso cada vez mais caro e es-casso”, explica Hespanhol, traçando um panorama sobre a situação da água no mundo.

Para trazer um exemplo próximo da necessidade de gestão dos recursos hídricos, o professor explica que em alguns anos a capacidade de abastecimento de água na região metropolitana de SP vai estourar.

Hespanhol aponta duas práticas importantes

para

“A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, povo, região, cidade e cida-dão é plenamente responsável por ela, diante de todos.” Declaração Universal dos Direitos da Água, UNESCO 1992

tornar sustentável a situação da água: a gestão para conservação e o reuso para fins não potáveis. Para conservar, precisa-se trabalhar questões como a cul-tura da abundância. Por outro lado, os esgotos do-mésticos e efluentes industriais, podem ter melhor destino servindo como matéria prima para o reuso da água para fins não potáveis.

O CIRRA já está fundamentado na prática de conservação e reuso, trabalhando com condomínios, centros comerciais, edifícios públicos e privados e principalmente na indústria. Hespanhol lembra que a gestão ambiental da indústria era não fazer nada, mas hoje ela está conscientizada. “Não vai faltar água no mundo, graças a tecnologia, mas teremos conflitos causados pelo interesse na água”, alerta.

“Não vai faltar água no mundo, graças a tecnologia, mas teremos conflitos causados pelo interesse na água”, Hespanhol

1) Ivanildo Hespanhol, professor da USP e diretor

do CIRRA2) Fernando

Lucchese, médico

cardiologista e Diretor do Hospital São Francisco de Cardiologia, da

Santa Casa, de Porto Alegre3) Dom Dimas Lara Barbosa, Arcebispo da

Arquidiocese de Campo Grande

Fotos: Larry Silva

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“O consumismo gera impossibilidade da susten-tabilidade”, afirma o advogado e professor Antonio Jorge Pereira Júnior. Autor da tese de doutorado “Direitos da criança e do adolescente: a formação ética em face da programação da TV”, ele aborda a questão do comportamento de consumo atual, ten-do como foco a criança.

A formação do comportamento humano para o consumo em excesso está ligada, conforme de-fende Pereira, à publicidade, que atua no sentido de influenciar as vendas. “O consumo em excesso transforma tudo em consumo: o marido, a esposa, o colega de trabalho”, coloca.

Pereira argumenta que a vulnerabilidade da criança e a facilidade de sugestionar a ela determi-nados comportamentos a torna foco principal da publicidade. Além de ser influenciada rapidamente, ela também consegue influenciar a compra na fa-mília. Assim, as crianças vão acumulando sapatos, roupas, brinquedos, etc, sem dar valor a eles, mas ao fato de consumi-los.

COmO COmbAtEr

“A sociedade é tão desenvolvida economica-mente, mas está criando pessoas imaturas”, afirma Pereira, apontando como causa desse fato a desvalo-rização do “ser” e a sobrevalorização do “ter”, que tem como consequências a hipertrofia da busca do prazer e o consumismo.

“Trabalhar pela sustentabilidade é pensar, tam-bém na educação das crianças. Sempre posso buscar as condições econômicas, em qualquer momento da vida, mas a educação dos filhos só pode ocorrer enquanto eles estão em formação”, argumenta o advogado, enfatizando a necessidade de dar atenção à instrução das crianças para que elas desenvolvam por inteiro o caráter, a afetividade e a inteligência.

Consumo ConscienteO comportamento de consumo está ligado à formação da pessoa ainda na infância

“Trabalhar pela sustentabilidade é pensar, também na educação das crianças”, Antonio Jorge Pereira Jr.

No caminho da sustentabilidade

FAS: COMO SER SUSTENTÁVEL

Para alcançar a sustentabilidade, atitudes preci-sam ser pensadas, comportamentos revistos, hábitos revisados, enfim, uma mudança cultural é necessá-ria e nela todos tem papel importante.

Nesse sentido, os palestrantes Antonio Jorge Pe-reira Júnior, Antônio Benatti e Wambert di Lorenzo abordaram assuntos relacionados ao comportamen-to humano e à sociedade em geral.

Alcançar a sustentabilidade depende de atitudes como consciência no consumo, ética e solidariedade

Antonio Jorge Pereira Júnior, Antônio Benatti e Wambert di Lorenzo

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Quais são os alicerces de uma convivência har-moniosa? Como construir vínculos humanos sus-tentáveis? Essas perguntas, trazidas pelo engenhei-ro e físico Antônio Benatti, são uma reflexão ética provocadas pela condição atual do mundo.

“Hoje, a reflexão ética e a sustentabilidade são provocadas por graves problemas de convivência, assim como a preocupação ecológica nasce da cons-ciência das ameaças à sobrevivência”, expõe Benat-ti. Ele acredita que a humanidade está vivendo três rupturas:

Com a natureza e o universo: não somos seres • postos na natureza; somos da natureza.

Com os outros: na concepção guerreira da vida, o • outro é um competidor ameaçador que pode tornar-se um inimigo perigoso.

Consigo mesmo: vivendo muita tensão (corrida, • estresse, rivalidade), nos tornamos incapazes de atenção, principalmente de atenção interior.

A busca pela resposta das duas perguntas ini-ciais apontará critérios que inspirarão escolhas e atitudes. Da avaliação dos ganhos e perdas oriundos dessas escolhas determinará um conjunto de valores para os indivíduos e as sociedades. É preciso lem-brar, entretanto, que pensar é um ato que implica em responsabilidade, pois as escolhas sempre vão refletir também na vida de outras pessoas. Assim, Benatti aponta para a reflexão coletiva: “colocar-se no lugar do outro torna possível a tentativa de ela-boração de um pensamento comum e pode abrir o caminho para uma atitude solidária”.

“A ética precisa prestigiar a paz e a confiabilida-de para que as pessoas façam o bem e mantenham-se próximas umas das outras”, coloca Benatti. Lem-brando Foucault, ele provoca: “O que é a ética se não for a prática refletida da liberdade?”. “A gente pensa que é tão livre e não é, porque a liberdade im-plica em responsabilidade”, afirma.

Ética e Escolha ResponsávelCada escolha feita reflete no próximo: o comportamento ético pede reflexão e responsabilidade nas decisões

“Colocar-se no lugar do outro pode abrir o caminho para uma atitude solidária”, Benatti.

A sociedade do bem comum, para o professor e advogado Wambert di Lorenzo, é uma sociedade solidária e que está baseada em uma antropologia, pois sem ela, não há ética. O bem comum seria o lu-gar onde todos nós depositamos o que temos de me-lhor, em nome da dignidade humana, ou, em outras palavras, da felicidade. “A felicidade é a sensação de auto-suficiência. Essa sensação se dá em sociedade”, explica.

A solidariedade tem a mesma função da justiça e das leis: igualar os diferentes. Uma pessoa apren-de a ser solidária descobrindo quem é e que só o é, por causa do outro. “Nós temos que educar nossos filhos na virtude e assim, na solidariedade, por isso eles não podem achar que são super heróis e preci-sam saber que precisam do outro”, expõe o profes-sor, lembrando São Tomás de Aquino, ao dizer que pessoa é relação e referindo-se a Jacques Maritain: “nós construímos uma comunidade para viver”. Lorenzo explica que a solidariedade também é ami-zade e que as pessoas tem amigos por três motivos: utilidade, prazer de conviver e boa vontade.

Lorenzo argumenta ainda que não existe bem individual em oposição ao bem comum: “se eu defendo algo que vai de encontro ao bem comum, não é bem, pelo princípio da coexistência ou cor-relação”. É preciso fazer o bem pensando no outro e não pensando nas consequências que esse bem pode trazer a si próprio, pois esse comportamento coisifica o outro. O professor finaliza seu raciocício fazendo referência a Jacques Maritain: “a sociedade do bem comum é construída em cima da amizade cívica, que é o nome moderno de algo muito antigo: solidariedade.

A Sociedade do Bem ComumWambert di Lorenzo aborda alguns valores que caracterizam a sociedade do bem comum

“Nós temos que educar nossos filhos na virtude e assim, na soli-dariedade, por isso eles não po-dem achar que são super heróis e precisam saber que precisam do outro”, Lorenzo.

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Em era de desenvolvimento econômico e tecno-lógico, a valorização do ser humano e os cuidados com a natureza pedem espaço. O painel Doutrina Social da Igreja (DSI) e Sustentabilidade enfatiza a questão humana e a ecologia, frente ao desenvolvi-mento econômico.

Para abordar o tema, sob diversos ângulos ga-nham voz o reitor da Unisinos, Pe. Marcelo Fer-nandes de Aquino; o professor, com formação em direito e em economia, José Novitz; e o professor e pesquisador Luiz Paulo Bignetti.

ViSãO tÉO-AntrOpOlóGiCA

Com base nas encíclicas e demais documentos da DSI, o Pe. Marcelo de Aquino ressalta a importân-cia de conciliar o desenvolvimento econômico, às necessidades humanas e ecológicas. O reitor lembra a crítica feita por João Paulo II ao economissismo, que considera o homem como capacidade de produ-ção e não como pessoa.

Também a evolução tecnológica traz um dilema: “temos que produzir para uma sociedade, mas ao mesmo tempo, gerar emprego”, coloca. “O trabalho

precisa ser controlado de modo a garantir equilíbrio e justiça na sociedade”, esclarece o reitor.

A preocupação com o ser humano é refletida pelos princípios fundamentais da DSI: pessoa, bem comum, subsidiariedade e solidariedade. Esse tre-cho da encíclica Caritas in Veritate demonstra a po-sição da Igreja em relação às atividades econômicas: “A DSI considera possível viver relações autentica-mente humanas de amizade e camaradagem, de soli-dariedade e reciprocidade, mesmo no âmbito da ati-vidade econômica e não apenas fora dela ou depois dela. A área econômica não é eticamente neutra, nem de natureza desumana e anti-social. Pertence à atividade do homem; e, precisamente porque huma-na, deve ser eticamente estruturada e institucionali-zada”, Bento XVI.

ViSãO SOCiOlóGiCA E CulturAl

Para José Novitz, os dois principais mandamen-tos deveriam ser suficientes para o equilíbrio na relação entre as pessoas e das pessoas com a natu-reza: amar a Deus sobre todo o nosso ser e amar o próximo como a nós mesmos. O que está acontecen-do, porém, segundo sua percepção, é que as pessoas estão endeusando objetos como Ipad, televisão, etc.

“Na Revolução Industrial o indivíduo passou a perder importância: entrou em cena a cultura de massa. Somos levados a acreditar que somos o que vestimos, que nossas posses nos definem, que nossa felicidade depende do que gastamos, trocamos, con-sumimos. É preciso voltar a pensar no próximo, não só no próximo que está vivendo ao nosso lado, mas nas futuras gerações. Nosso papel como cristãos é mudarmos o que estamos vendo aí fora”, explica Novitz, demonstrando como a sociedade chegou a seu estado atual.

DSI e SustentabilidadeChega o momento em que o desenvolvmento mundial e a vida precisam alcançar equilíbrio

“Na Revolução Industrial o indivíduo passou a perder importância: entrou em cena a cultura de massa”, Novitz

“O trabalho precisa ser controlado de modo a garantir equilíbrio e justiça na sociedade”, Aquino

Na internet, AMOR tem maisresultados que MEDO.

FAS: A QUESTÃO HUMANA

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O professor lembra que, conforme o princípio da destinação universal dos bens (DSI), as pessoas não são donas dos rios e das terras, mas a partir de uma visão consumista, de que tudo pode ser gasto, esquecem que é preciso manter esses recursos.

“Estamos começando a abandonar os princípios que eram norteadores para nossa vida. Quando se fala em viver de forma ecológica, só pensamos no que teremos de abrir mão e não levamos em conta os ganhos. Nosso sistema tem que ser repensado. Temos que trazer para o sistema um coração, ou seja, Jesus Cristo. Temos que repensar nossos vários deuses”, alerta o professor.

Novitz cita o consumo descontrolado de água e de energia elétrica, a distribuição desigual de ali-mentos, a alta geração de lixo, a separação adequada dos resíduos como pontos que precisam ser pensa-dos por todos para alcançar a sustentabilidade. “A igreja não pede que abramos mão do consumo, mas que pensemos no próximo”, esclarece.

ViSãO ECOnômiCA, SOCiAl E AmbiEntAl

“Será que o desenvolvimento da economia tem que ocorrer em detrimento da sociedade e da natureza?”, pergunta Luiz Paulo Bignetti ao abrir sua palestra. O professor questiona o modelo em-presarial seguido, que desvaloriza o ser humano como pessoa e em suas capacidades, além de inibir a inovação.

“Se passamos tanto tempo dentro das organiza-ções, por que não somos felizes com o trabalho? O ser humano é entendido como uma máquina, não como alguém que tem vida e que tem problemas. O século XXI precisa retomar as questões humanas”, declara.

Bignetti define como neurose obsessivo-com-pulsiva questões presentes na gestão empresarial como a auto-suficiência, a obsessão pela ordem e pelo tempo, a fixação em números e controles, a dominação, o autoritarismo e a possessividade, que provocam sofrimento e destruição. O consultor cita a Qualidade Total como exemplo de aversão ao erro. Lembra que as empresas estimulam seus funcioná-rios a atingir metas, conquistar certificações, mas na hora da partilha, eles não são lembrados.

“Para inovar, não é possível seguir regras tão rígidas”, defende o consultor. Bignetti aponta a ino-vação como forma de alcançar a sustentabilidade. “Inovação é o novo que agrega valor. Deve-se inovar para que a inovação gere resultado econômico, so-cial e ambiental”, complementa.

“Será que o desenvolvimento da eco-nomia tem que ocorrer em detrimento da sociedade e da natureza?”, Bignetti

José Novitz, Luiz Paulo Bignetti, Marcelo Aquino

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Fotos: Larry Silva

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A evolução trouxe ao homem condições de ob-ter grandes avanços em diversas áreas e entre elas, a ciência. Diante das inúmeras possibilidades que tais avanços abrem, muitas trazem grandes benefícios para os seres vivos, mas nem todas.

É sobre o emprego não ético dos recursos que a ciência oferece, que a bióloga, membro do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP, Mirian Ghiraldini Franco trata em sua palestra “A bioética, até onde?”

biOÉtiCA

“Infelizmente a ideia de que a boa ciência é in-compatível com a má ética é falsa”, defende Mirian, citando diversos exemplos em que a ciência desres-peitou a vida, como as pesquisas com seres huma-nos durante a II Guerra Mundial e inúmeros casos depois dela.

Mirian lembra o caso da hemodiálise, nos anos 60 e 70, em Seattle, no EUA, no qual foi feita uma seleção de quem seria atendido pela hemodiálise, ou não, dentro do grupo de pessoas analisado. “Ou seja, quem vive e quem morre”, enfatiza a bióloga.

Outro fato marcante lembrado por Mirian foi a denúncia, feita por Henry Beecher, professor de anestesia de Harvard, em 1966, de 50 protocolos ex-perimentais antiéticos. O médico denunciava expe-rimentos feitos sem o consentimento dos pesquisa-dos; utilização de placebo ao invés de medicamentos que já existiam; predominação de riscos sobre bene-

fícios e pesquisas feitas com pessoas vulneráveis. “É permitido tudo em nome da ciência? Não! É funda-mental que o homem esteja sempre refletindo sobre suas atitudes e mudando seu comportamento”, pon-dera a pesquisadora, frente ao mau uso da ciência.

Até onde ir?

Se por um lado a ciência oferece inúmeras possibilidades, por outro, o respeito à vida impõe limites. A fronteira entre uma coisa e outra, entre-tanto, pode ser tênue. Mirian alerta para avanços que estão no nosso dia-a-dia e que podem trazer resultados além daqueles que estão previstos. “A lei aprovou o consumo de transgênicos: será que não estamos superestimando a nossa capacidade de pre-ver as consequências?”, reflete a professora, fazendo referência ao fato de que muitas vezes uma manipu-lação científica traz consequências, além daquelas que são esperadas.

“Não basta refletir. Tem que estudar muito para saber o que se está fazendo”, salienta. A bióloga lembra, entretanto, que a ciência traz inúmeras melhorias e pondera: “se não é ético permitir o que pode trazer prejuízo, também não é ético proibir o que pode trazer benefício. A ciência tem o lado do bem e o lado do mal, temos que escolher de que lado estamos”, conclui.

Bioética, até onde?Até onde a ciência deve ir? A professora Mirian Franco reflete sobre os limites que o respeito à vida colocam à ciência

Mirian Ghiraldini Franco, bióloga, professora, pesquisadora e membro do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP

FAS: COMO SER SUSTENTÁVEL

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Larry Silva

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Desafios do Empresário CristãoUm mundo sustentável pede empresários que pensem no próximo e na contribuição que estão deixando para o mundo

Desde 1994 a situação econômica do bra-sileiro vem melhorando, o PIB aumentou e a produção também. Por outro lado, os escândalos são recorrentes, a saúde é caótica, há déficit habi-tacional, a educação ocupa a 49º posição no PISA (2009), as drogas e a violência ganham destaque, 10% da população encontra-se em situação de po-breza absoluta. “E a sustentabilidade?”, pergunta Sérgio Cavalieri, presidente da ADCE UNIAPAC Brasil e do Conselho de Administração da ALE Combustíveis, diante desse panorama.

“O Brasil e o mundo pedem um novo jeito de fazer negócios: em sintonia com a sociedade. Não dá para ir bem indefinidamente, em um país que vai mal. Isso não vale apenas para o Brasil, é mundial. Esse caminho para a construção do Brasil que que-remos só poderá ser trilhado com base em sustenta-bilidade e valores”, instrui Cavalieri. O empresário lembra que o mundo está mudando com grande ve-locidade e adquirindo novas características, assim, a sociedade precisa de empresas que:

Cuidem das pessoas, valorizem solidariedade, jus-• tiça e segurança

Atuem dentro da lei com ética e integridade• Produzam bens, serviços e produtos de qualidade• 

“Temos que deixar um mundo melhor para os nossos filhos e filhos melhores para o nosso mundo”, Cavalieri.

Perdurem• Preservem o meio ambiente• Contribuam para o desenvolvimento da sociedade• Façam o bem, espalhem a felicidade e a paz;• Sejam lucrativas• 

“Sustentabilidade nos negócios é considerar as-pectos como valores, liderança, ética e confiança nas decisões. Queremos uma sociedade melhor, não ape-nas evolução econômica”, coloca Cavalieri.

Dicas de livros:

rentabilidade dos valoresAssuntos: gestão baseada em valores, lógica dos stakeholders, públicos permanentemente interagindo, a pessoa como ser integral: corpo + mente + espíritoEditora: Uniapac

Guía para una gestión empresarial in-tegral (não há versão em português ainda)Assunto: ferramenta para que empresários façam uma autoavaliação de suas empresas Editora: Uniapac

Sérgio Cavalieri, presidente da ADCE UNIAPAC Brasil e do Conselho de Administração da ALE Combustíveis

FAS: COMO SER SUSTENTÁVEL

Larry Silva

Page 20: Revista O Dirigente Cristão

A união de forças entre as igrejas cristãs foi o tema do painel “Ecumenismo Cristão, construindo a convergência”, que reuniu o teólogo Paulo Fer-nando Carneiro de Andrade, o pastor luterano Got-tfried Brakemeier e o bispo católico Dom Roberto Paz, além do reitor da UCS, Isidoro Zorzi, que me-diou o encontro.

“O ecumenismo é a busca da unidade dos cris-tãos, para que todas as igrejas sejam um time”, define Dom Roberto. “Não somente a convergência é possível, como até mesmo o consenso”, acredita Brakemeier. “O que nos une é mais forte do que aquilo que ainda nos separa. O esforço ecumênico aproximou as igrejas, facultando a comunhão, ou então, ao menos cooperação”, explica o pastor.

O próprio FAS, evento realizado através de uma iniciativa conjunta entre um grupo evangélico-luterano, o GEELPA e uma associação católica, a ADCE, é exemplo de iniciativa ecumênica. É um exemplo de, conforme explica Andrade: “convergên-cia possível à luz da fé que nos une e dos compro-missos para realizar as transformações sociais que se apresentam como necessárias e urgentes”.

OS CriStãOS E A SuStEntAbiliDADE

É consenso entre os painelistas, a necessidade de as igrejas cristãs unirem-se em ações pela sus-tentabilidade. “Todas as religiões são instadas a se unir em torno da preservação do meio ambiente, inclusive os ateus. A meta da sustentabilidade não tolera atributos confessionais e culturais nem o fra-

A união pelo bem universalOs cristãos de diferentes igrejas buscam juntos o bem da sociedade, aproximando-se pela semelhança: isso é ecumenismo

“Todas as religiões são instadas a se unir em torno da preservação do meio ambiente, inclusive os ateus”, Brakemeier

FAS: A UNIÃO PELO BEM

O pastor Brakemeier, o bispo Dom Roberto, Prof. Paulo de Andrade e o reitor Isidoro Zorzi

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Page 21: Revista O Dirigente Cristão

lidade se a possibilidade

de acesso a uma vida digna for es-

tendida a todos, em todos os lugares”, defen-

de o teólogo.Seguindo essa mesma

ideia, Dom Roberto relembra a expressão utilizada pela primeira

vez, pelo Papa João Paulo II: eco-logia humana. “A expressão afirma

a relação direta de como tratamos a pessoa humana, sua corporeidade,

sociabilidade, mentalidade e trans-cendência com a maneira e o jeito de

considerarmos a terra”, explica o bispo. Para ele, não se pode cuidar da nature-

za, se não cuidamos da vida humana.Assim, é consenso também entre os

painelistas, que a sustentabilidade precisa ser tratada de forma ampla, em todos os seus as-

pectos, pois esses possuem ligações. “De um modo geral deve-se constatar que a crise ecológica tem causas predominantemente econômicas. A maxi-mização dos lucros costuma ter prioridade sobre o cuidado ambiental”, lembra o pastor.

O bispo, Dom Roberto, declara que a sociedade precisa de limites e acredita na sustentabilidade es-piritual, que segundo ele, leva as pessoas a atitudes religiosas que promovem o cuidado e a sobriedade no trato à natureza.

“Haverá salvação para o clima do planeta e o meio ambiente agonizante?”, pergunta Brakemeier e ele mesmo responde: “a julgar pelos progressos as-sustadoramente modestos em direção a um mundo sustentável, a resposta tende a ser negativa”.

cionamento das energias. Quem se excluir torna-se co-responsável por um processo de auto-destruição”, declara o pastor. Ele explica que, para atingir essa meta, é necessária uma transfor-mação de mentalidade, a humanidade precisa passar a ver a natureza de forma mais amigável e com mais respeito. A exem-plo dos povos indígenas, a sociedade tecnológica deve proteger a natureza e encará-la como parceira. O ser humano precisa entender que é parte da na-tureza e encarar o que ela lhe oferece com modéstia, gratidão e reverência. Pre-cisa entender que a natureza é obra de Deus, entregue ao ser humano para ser administrada com responsabilidade.

O teólogo Paulo de Andrade lembra as palavras de Paulo VI: “é às comunidades cristãs que cabe analisar com objetividade a situação de seu país e procurar iluminá-lo com a luz das palavras do evan-gelho”. Andrade, a partir da interpretação das pala-vras do papa indica a necessidade de os cristãos se unirem “em torno de um discurso comum e urgente, que entoe ações que promovam a sustentabilidade e que abordem a questão ecológica como priorida-de”. Ele lembra ainda, que falar em sustentabilidade significa considerá-la sob todas as suas dimensões, inclusive a social. “Só podemos falar de sustentabi-

“Só podemos falar de sustentabili-dade se a possibilidade de acesso a uma vida digna for estendida a to-dos, em todos os lugares”, Andrade “Não se pode cuidar da natureza,

se não cuidamos da vida humana”, Dom Roberto

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DirEtOriA ADCE-brASilSérgio Soares Cavalieri, PresidenteAntonio D'Amico, Vice-presidenteMaria Regina Soares Cavalieri, Vice-presidente

DirEtOriA ADCE-rSAntonio D'Amico, PresidenteJuarez Pereira, Vice-presidenteEduardo Albershein Dias, Vice-presidente

No ano em que a ADCE Brasil completa 50 anos de fundação, os adeanos organizaram-se para reins-talar a associação em nível nacional, que há algum tempo estava desativada.

Ao final do primeiro dia de palestras do FAS, foi feita uma Assembléia para a reinstalação da insti-tuição, seguida pela definição da diretoria.

Sérgio Soares Cavalieri, filho do primeiro pre-sidente da ADCE/BR, Newton Cavalieri, foi quem assumiu o posto. Nessa ocasião, definiu-se também o uso do nome ADCE Uniapac, para evidenciar a ligação entre as entidades, assim como a uniformi-zação do logo das regionais.

Na noite do mesmo dia, houve um jantar de comemoração do aniversário de fundação da asso-ciação. Também durante o FAS foi definida a nova diretoria da ADCE/RS.

Reinstalação da ADCE BrasilO FAS foi também espaço para reinstalação da ADCE/BR e definição da nova diretoria da ADCE/RS

1) Jantar ADCE/BR, 2) Homenagem a Newton Cavalieri, 3) José Maria Simone, presidente da Uniapac América Latina

Sérgio Cavalieri, Antonio D’Amico, Maria Regina (Gigi) Cavalieri

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A ADCE e o GEELPA agradecem aos patroci-nadores, apoiadores e a todos aqueles que, de al-guma forma, ajudaram a viabilizar o FAS

Realização:

Patrocínio:

Apoio:

Organização:

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bem quentinhoEconomizar é comprar