Revista O Dirigente Cristão

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O Dirigente Cristão Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul - ADCE Nº 173 - Ano XIX - Agosto/ 2010 Impresso fechado. Pode ser aberto pelos Correios. Doutrina Social da Igreja: Pe. Aloysio Bohnen apresenta principais aspectos Modernização: secretário Fernando Schüler chama atenção para necessidade de reforma Conexão Conexão Orientações e critérios para as próximas eleições

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Revista O Dirigente Cristão da ADCE

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O DirigenteCristão

Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa do Rio Grande do Sul - ADCENº 173 - Ano XIX - Agosto/ 2010

Impresso fechado. Pode ser aberto pelos Correios.

Doutrina Social da Igreja:Pe. Aloysio Bohnen apresenta principais aspectos

Modernização: secretário Fernando Schüler chama atenção para necessidade de reforma

ConexãoConexão

Orientações e critérios para as próximas eleições

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O Dirigente CristãoÓrgão Informativo da Associação de Dirigentes Cristãos

de Empresa do Rio Grande do Sul (ADCE-RS)Filiada à ADCE/UNIAPAC/Brasil

PresidenteAntonio D’AmicoVice Presidente

Antonio PiresClodoaldo Silveira

Assessoria DoutrináriaPe. Federico Juarez - Pastor Carlos Dreher

Monsenhor Urbano ZillesEditor In Memoriam

Fulvio de Silveira BastosRenato Cardoso

SedeCentro Arquidiocesano de Pastoral

Praça Monsenhor Emílio Lotterman 96, conj 12Bairro Floresta CEP 90560-050 Porto Alegre/RS

Fones (51) 3332.0811Fax: (51) 3222.8997

e-mail: [email protected] Diretor

José Antonio Célia (Porto Alegre)Carlos Egídio Lehnen (Porto Alegre)

Luceval Delazzeri - Serra (Caxias do Sul)Fátima de Carvalho - Serra (Caxias do Sul)

Sergio Ricci - Planalto Médio (Passo Fundo)Ubiratan Oro - Planalto Médio (P. Fundo)

Vicente Borin (Santa Maria)Luiz Fernandes da R. Pohlmann (Santa Maria)

Gilmar V. Lazzari - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul)Paulo Bohn - Vale do Rio Pardo (Sta. C. do Sul)

ComissõesAlecio Ughini - Baptista Celiberto

Carlos Egídio Lehnen - Cláudio O. KoehlerFrancisco Moesch - Gilberto Lehnen

José Antonio Célia - José Juarez Pereira Luiz Arthur Giacobbo - Ricardo Jakubowski

Rita Campos Daudt - Sergio Kaminski

Edição:

Rua Jerusalém, 415 - CEP 91420-440 - Porto Alegre/RSFone: (51) 3392.0055Editor: Carlos Damo

Reportagem e Diagramação: Cíntia Machado DRT/RS 14080

[email protected]

Tiragem 3500 exemplaresCirculação Bimestral - Distribuição Gratuita

É permitida a reprodução total ou parcial das matérias aqui publicadas, desde que conservada a forma e

citados a fonte e o autor. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores.

ADCE-Serra festeja aniversárioNo ano em que completa 25 anos, a ADCE-Serra está organi-

zando diversos eventos para a comemoração da data. O principal deles é uma festa que ocorrerá no dia 11 de setembro, sábado. Na ocasião será feito o lançamento oficial do site da regional. Outra atividade prevista é a prestação de homenagens para algumas personalidades relacionadas à entidade. O evento terá início com uma missa de ação de graças, seguida por recepção com jantar e música ao vivo. A missa está marcada para as 18h30min no Se-minário Nossa Senhora Aparecida (Av. Afonso Gasperin, 780 - Caxias do Sul/RS), a recepção será no Restaurante SICA (R. Ita-lo Victor Bersani, 1134 - Caxias do Sul/RS). As comemorações do aniversário de duas décadas e meia iniciou com a promoção da palestra “Empreendedorismo e Sustentabilidade”, com o ade-ceano Guilherme Guaragna, no mês de maio.

Santa Maria tem encontro de reflexãoA ADCE-Santa Maria promoveu o XVII Encontro de Diri-

gentes Cristãos de Empresas. O encontro de reflexão aconteceu nos dias 25 e 26 de junho. A atividade, coordenada pelo associa-do Reni Antonio Rubin, contou com 65 pessoas, sendo 38 novos membros. De acordo com a organização, o evento ocorreu com muita serenidade, tranqüilidade, num clima de muita alegria.

ADCE-SP e PUC-SP lançam curso para dirigentesA ADCE-SP, em parceria com a Faculdade de Teologia da

PUC-SP, lança nesse segundo semestre o curso “Sustentabilida-de, Valores Cristãos e Gestão de Organizações”. Voltado para di-rigentes de empresas, o objetivo é chamar a atenção desses para a responsabilidade que possuem na construção do bem comum, assim como instruí-los na definição de políticas, programas e es-tratégias que favoreçam o desenvolvimento do próprio empresá-rio, de seus trabalhadores e da sociedade com a qual se relaciona. O curso terá duração total de 45 horas, as aulas ocorrerão nas terças-feiras, das 19h30min às 22h30min, com início em 10 de agosto. O investimento é de R$ 810,00. Informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3124 9600. As aulas serão ministradas no Campus Ipiranga da PUC-SP, localizado na Av. Nazaré, 993 – Ipiranga – São Paulo/SP.

Divulgação A

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Futuro positivo para o BrasilRS precisa passar por processo de modernização para acompanhar evolução do país

Em 2030 o Brasil será a 8ª maior economia e o 5º maior mercado consumidor do mundo. O déficit habitacional estará pró-ximo a zero e a expectativa de vida será de 78 anos. A sociedade será menos tradicional, mais rica, escolarizada e produtiva. São dados fornecidos por pesquisas e apresentados pelo Secretário da Justiça e do Desenvolvimento So-cial do RS, Fernando Schüler.

“Mesmo com nosso sistema político, o cenário do Brasil é extremamente positivo”, afirma Schüler. O secretário, por um lado, aponta as previsões otimis-tas para o futuro do país e do estado, mas por outro, defende a necessidade de uma reforma po-lítica. “Nosso sistema é extrema-mente permissivo”, defende.

O futuroEm poucos anos a configura-

ção etária brasileira será diferente da atual. De acordo com dados do IBGE, hoje temos no Brasil mais de 50 milhões de pessoas com idade até 14 anos e menos de 15 milhões acima dos 65 anos. No

entanto, a população mais velha está aumentando e a mais nova diminuindo. Essa alteração no perfil da população traz consequ-

ências para a economia e um aler-ta para a previdência.

“O Brasil vai passar por um momento muito bom nos próxi-

“É preciso reformar sem medo de enfrentar polêmi-cas, porque as polêmicas pre-cisam ser enfrentadas.”

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mos 10, 20 anos porque o número de pessoas em idade produtiva vai crescer muito, mas temos de ficar de olho no futuro, já que de-pois disso a população maior será de idade mais avançada”, alerta Schüler.

Nesse sentido, o secretário re-lembra as palavras da professora e economista do Instituto de Pes-quisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Amélia Camarano: “Isso terá impacto direto na previdência social e no mercado de trabalho.

É preciso manter essa população ativa um maior número de anos. Tem-se que investir em saúde ocupacional e combater o precon-ceito com o trabalho de idosos”.

Outro ponto que se destaca é o terceiro setor. De acordo com Schüler, as Organizações Não Governamentais (ONG’s) se mul-tiplicaram muito nos últimos 25 anos. Atualmente a tendência da área é passar por um processo de profissionalização, com perspecti-vas de crescimento para os próxi-mos anos.

Especificamente para o Rio Grande do Sul, o secretário afir-ma que se a redução da miséria mantiver o ritmo dos últimos anos, até 2030 a pobreza no esta-do vai cair de 18% para 4%.

Mudança necessáriaPara acompanhar a evolução

o RS precisa buscar o desenvolvi-mento. Schüler resume o quadro atual do governo gaúcho em al-guns pontos:

Orçamentos centralizados, fal-• ta de autonomia administrativa e financeira.

Estabilidade no emprego gene-• ralizada.

Sistema não meritocrático.• Vulnerabilidade política nas • 

funções técnicas. Instabilidade crônica e visão de • 

curto prazo.

Fernando Luís Schüler Secretário da Justiça e do

Desenvolvimento Social do RS. É graduado em História, pós-graduado em História do Brasil, mestre em Ciências Políticas e doutor em Filoso-fia pela UFRGS.

“O cenário do Brasil é ex-tremamente positivo, mesmo com nossos políticos, mesmo com nosso sistema político”.

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Círculo viciosoPara o adeceano Cezar

Saldanha, coordenador da especialização em Direito do Estado da UFRGS, o grande empecilho para uma trans-formação na política brasilei-ra está na falta de lideranças. “Todos sabemos quais são os problemas e todos sabe-mos qual o caminho para a solução, mas ninguém faz nada. Não temos liderança e nem estrutura institucional no Brasil para resolver isso”, coloca.

Saldanha acredita que reforma alguma pode trazer solução imediata: “a grande reforma seria sair do círculo vicioso. Eu diria que a pri-meira reforma necessária é restaurar uma chefia de estado que pense no futuro. Transformar a Presidência da República num órgão que pensa no Brasil e não nas próximas eleições”, defende o professor.

Para Schüler, um governo contemporâneo deve ser/ter:1. Enxuto; 2. Fundado no realismo e na responsabilidade fiscal; 3. Com alta capacidade de investimento; 4. Inteligente para gerar políticas públicas; 5. Focado na consecução de metas de longo prazo; 6. Com um sistema eficiente de contratualização, segurança jurí-dica, (PPPs, OS-OSCIPs, Contratos de Concessão, Agências Regu-ladoras, relações trabalhistas); 7. Cargos públicos apenas para Carreiras de Estado; 8. Nomeações políticas restritas a posições de núcleo estratégico; 9. Previdência pública: mais tempo de serviço, regime de capitali-zação (mecanismos assistenciais, como o BPC); 10. Capaz de eliminar a pobreza e oferecer oportunidades básicas para todos (o fim ético do Estado no século XXI);

Cezar Saldanha

“Não há reformas que re-solvam tudo de uma hora para outra.”

Corporações sindicais organi-• zadas e ideologizadas.

Para o secretário, a adminis-tração com chefias que mudam o tempo todo não dá certo. Um ponto no qual insiste bastante é o funcionalismo público. “Preci-samos parar de contratar funcio-nários públicos. A estabilidade no emprego é necessária para um juiz, por exemplo, para que possa julgar livremente, mas por que profissionais como médico, motorista, secretária precisam ter estabilidade no emprego?”, ques-tiona.

Schüler exemplifica através de órgãos de assistência social como a Fundação de Proteção Especial (FPE) e a Fundação de Atendi-

“Estamos botando dinheiro em burocracia e deixando de atender os mais pobres.”

mento Sócio-Educativo (FASE) que, se não tivessem custos men-sais tão altos, poderiam atender até três vezes mais pessoas, como no caso da primeira. Para ele, o custo que o funcionalismo públi-co gera poderia ser melhor apli-cado em necessidades do estado e da sociedade. “Se pelo valor que atendo um eu poderia atender três, onde é que estão os outros dois? É nisso que precisamos pensar”, defende.

O secretário alerta ainda para os dados trazidos pela revista Época do dia 10 de julho de 2010 sobre o ensino no Brasil. O esta-do não aparece na lista dos cinco melhores em ensino médio da rede estadual de ensino. A lis-ta apresentada pela revista tem base em informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). “O RS está muito mal em educação”, conclui.

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Doutrina Social da IgrejaPe. Aloysio Bohnen apresentou aos adeceanos os principais pontos da doutrina

Pe. Aloysio Bohnen Doutor em Ciências So-

ciais pela Universidade Gre-goriana, Pe. Aloysio Bohnen já foi reitor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos e ocupa hoje em dia o cargo de vice-reitor da mes-ma instituição.

Foi também vice-presi-dente do Conselho Superior do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP) até o ano de 2008.

Em 2001, Bohnen foi ho-menageado pela ADCE com o prêmio Dirigente Cristão do ano.

A fonte da Doutrina Social da Igreja é fazer o bem, fazer o que é certo, explica o Padre Aloysio Bohnen citando Kant: “o homem tem em seu interior o tribunal da consciência”.

A Doutrina Social da Igre-ja é formada pelo conjunto de ensinamentos provenientes do Magistério da Igreja Católica que fazem parte de inúmeras encícli-cas e pronunciamentos de papas. Originou-se nos primórdios do Cristianismo e foi bastante desen-volvida no século XIX, diante da nova realidade sócio-econômica e seus consequentes conflitos, tra-

zidos pela Revolução Industrial. Apesar da origem remota, apenas em 2004 a Doutrina Social Cató-lica teve suas pilastras apresenta-das de forma sistemática no do-cumento Compêndio da Doutrina Social da Igreja, organizado pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz.

De acordo com o documen-to, o objetivo da igreja com a

doutrina social, não é entrar em questões técnicas, nem instituir ou propor sistemas ou modelos de organização social, uma vez que “isto não faz parte da missão que Cristo lhe confiou”. A igre-ja entende, entretanto, que não pode ficar indiferente às vicissi-tudes sociais e que Compete a ela “anunciar sempre e por toda a parte os princípios morais, mes-mo referentes à ordem social, e pronunciar-se a respeito de qual-quer questão humana, enquanto o exigirem os direitos fundamen-tais da pessoa humana ou a salva-ção das almas”.

“Deus revela o homem ao homem, revelando-se ao homem”

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Para o Pe. Aloysio Bohnen, a função do magistério da Igreja é a de ensinar. Ele apresenta os prin-cipais pontos da Doutrina Social da Igreja Católica, esclarecendo seu objeto, princípios e fim.

Objeto e conteúdoO objeto da Doutrina Social

da Igreja está intimamente ligado à verdade, entretanto, de acordo com Bohnen, para entender o que é a verdade é necessário entrar na filosofia. “Vou gerando o mun-do em mim pelo fato, olfato... e esse mundo que há em mim, em confronto com os fatos, é que vai me dizer se é verdadeiro ou não. A verdade é a conformidade da mente com a realidade”, explica.

Princípios Os princípios são aqueles ele-

mentos que devemos ter, como ética e moral. “Os valores fazem parte do homem, se confundem com a própria essência do ser”, coloca Bohnen.

Fim da DSIA Doutrina Social da Igreja

gira em torno do ser humano, ele é a base da reflexão. “Se o homem fosse constitutivamente social, perderia valor a sua consciência individual. O indivíduo é respon-sável pelos seus atos, portanto não pode jogar essa responsabi-lidade no coletivo. Assim, seres humanos são socialmente e in-discutivelmente sociais, mas não constitutivamente, pois o homem é necessário para o exercício de sua liberdade”, explica Bohnen.

Potência X AtoDe acordo com Bohnen, po-

tência é aquilo que não existe, mas pode existir e ato (de atual) é aquilo que existe. “O termo atu-al pode ser considerado eterno. Deus é ato puro e Cristo é Deus porque também é ato puro, se fos-se potencial já não seria puro. Po-tência é aquilo que pode ser, mas se pode ser não é. Assim, Deus é ato puro e não pode ser potência, porque se é potência não é Deus. O ser humano é potência, então potencialmente nós podemos ser tudo. O homem cristão, quando pensa e age como cristão, pensa e atua como Deus, nossos atos se tornam divinos. Nós produzimos atos em Cristo, portanto eternos e Cristo pratica atos em nós como homem”, elucida.

Bohnen atribui o desenvolvi-mento da humanidade à ligação existente entre as sucessivas gera-ções e à transmissão de conheci-mentos entre elas. “Estamos aqui comendo em pratos, tomando em copos, falando em alto falantes, usando óculos graças ao desen-volvimento e tudo isso é trabalho da humanidade inteira. Levamos séculos, milênios para chegar onde estamos. Isso é fantástico! Nós somos o que somos porque somos seres históricos”, defende Bohnen.

“É uma grande alegria todos estarmos aqui e procurar-mos sermos eternos, porque juntos somos atuais.”

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Justiça mais produtiva do BrasilO Tribunal de Justiça do RS é o que tem os melhores índices de desempenho do país

Porto Alegre é a capital brasi-leira que mais confia na justiça, segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Está no Rio Grande do Sul tam-bém o judiciário mais produtivo do país, de acordo com o Conse-lho Nacional de Justiça (CNJ).

Apesar dos dados positivos, o presidente do Tribunal de Jus-tiça gaúcho, desembargador Leo Lima, reconhece a lentidão da justiça, mas alega que se não so-mos um país de primeiro mundo, não se pode esperar que o judi-ciário seja de primeiro mundo.

De acordo com ele, não há verba para alcançar tal status. “Estamos desenvolvendo um planejamento estratégico de longo prazo, base-ado no PGQP, para que o mesmo ultrapasse o período de minha gestão e gere um trabalho contí-nuo. Além disso, procuramos so-luções internas, caseiras para agi-lizar os processos”, expõe Lima.

Para justificar a lentidão o desembargador chama atenção para dois pontos. O primeiro é a incompatibilidade da carga de trabalho com o número de ser-vidores. Considerando os dados

estatísticos de 2009, há no judici-ário estadual 683 juízes, para essa ocupação, Lima aponta uma defa-sagem de 183 cargos. Para o total de oito mil servidores, aponta defasagem de 1500 cargos. Essas vagas não podem ser preenchidas em função da lei de responsabi-lidade fiscal. O presidente do TJ RS explica que esse contexto é dos melhores em âmbito nacio-nal.

O outro ponto ao qual Lima atribui a lentidão da justiça são as inúmeras estratégias que envol-vem o desenrolar de um processo. “Nosso instrumento de trabalho é o processo e ele é emperrado, demorado, não podemos desres-peitar a lei, temos de segui-la, assim a morosidade não é do judi-ciário”, explica.

De acordo com o CNJ, o Tri-bunal de Justiça do RS é o que tem o menor gasto por novo pro-cesso, a menor correlação servi-dor/magistrado, a menor taxa de congestionamento e o que tem a maior taxa de produtividade.

“O judiciário tem sido mui-tas vezes mal interpretado. Eu prefiro que essa má in-terpretação seja apenas uma deficiência humana e não por maldade.”

Judiciário gaúcho em 2009

Recursos humanos683 juízes• Cerca de 8 mil servidores • 

Atendimento496 municípios • 164 comarcas• 

Processos julgados:608.665 - 2º grau• 1.275.649 - 1º grau• 

Total de processos no RS:3.322.443• 

(dados estatísticos referentes ao ano de 2009)

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Desembargador Leo Lima

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conclusão da faculdade de teo-logia, no qual uniu um meio ao outro.

Na obra “Espiritualidade nas empresas”, trabalha algumas questões como o que é espirituali-dade, para que ela serve, qual seu valor para as lideranças e quem deve cuidar da espiritualidade nas empresas.

Kerber conta que há empresas que já estão buscando formas de trabalhar a espiritualidade de seus colaboradores. “Não con-segui descobrir o porquê disso ainda. Talvez as empresas este-jam percebendo que é necessário. Há uns anos atrás o trabalhador parava para almoçar, ia para casa fazer a refeição com a família. Hoje em dia reunir a família mes-mo para um almoço de domingo é muito difícil. Fica-se 8h na em-presa e mais umas 3h em desloca-mento. A pressão no mundo está muito grande”, explica.

Nesse contexto, encontra-se nas empresas pessoas tomando ansiolíticos, fumando, até mesmo tornando-se alcoólatras ou chei-rando pó no banheiro antes de

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Espiritualidade nas empresasA vida tumultuada e apressada traz novas necessidades ao trabalhador

Será que o ambiente na em-presa está adequado? Hoje se vive em uma panela de pressão.

O empresário e teólogo Ro-berto Kerber resolveu juntar duas áreas que, de acordo com percepção do próprio, criam uma associação estranha para muitos. Trata-se da espiritualidade no meio empresarial. Por muitos anos atuou como empresário e mais recentemente ingressou na teologia. Lança agora um livro, com origem em seu trabalho de

reuniões. Talvez essa seja a razão para que gestores de recursos humanos estejam desenvolvendo ações para desenvolver a espiritu-alidade em suas equipes. Kerber cita casos como o de uma empre-sa gaúcha que fecha para o pes-soal ir à missa, outra presente no RS e SC que para por 15 minutos todos os dias para refletirem so-bre um salmo. Ele lembra ainda o caso de uma companhia que resolveu levar uma vez por mês uma forma de espiritualidade di-ferente para seus colaboradores conhecerem.

O teólogo salienta, entretanto, que nem todos os trabalhos que levam a espiritualidade às empre-sas são feitos de forma adequada, como o último exemplo citado, que recebeu crítica de Kerber. Para ele, esse tipo de trabalho de-veria ter orientação da teologia. “As vezes pensamos que estamos ajudando e não estamos, precisa-mos tomar esse cuidado”, coloca.

Outro ponto importante para ele é que a espiritualidade deve ser desenvolvida interiormente e não por aparência ou modis-mo. “Quando se batiza um filho, quando se resolve casar na igreja, deve-se fazer isso por algum mo-tivo. Ir à igreja só por ir não tem sentido. A igreja precisa de quali-dade, não de quantidade”, expõe Kerber.

Roberto KerberEmpresário, consultor e diácono. Seu livro “Espiri-tualidade nas empresas”, foi publicado pela Editora Age, em 2009.

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O evangelho na educaçãoA igreja busca através das pastorais da educação aprofundar a formação do aluno

“Pastoral da educação é o es-forço sistemático e orgânico que o povo de Deus faz para refletir e por em prática a mensagem evan-gélica na educação. Visa procla-mar e construir o Reino de Deus no mundo da educação”. Essa é a definição dada pelo Padre Marcos Sandrini, diretor da Faculdade Salesiana Dom Bosco.

“Nós que somos da igreja te-mos que nos organizar para ser uma presença na escola”, coloca Pe. Marcos revelando os números da educação no estado. O RS tem 87% dos alunos nas escolas esta-duais, 10% nas escolas privadas e 3% nas escolas confessionais (ca-tólicas). Todos os dias vão à esco-la 2.860.515 alunos. “A tarefa da pastoral da educação é mobilizar todo esse movimento, ter presen-ça no mundo da escola. Nós hoje ainda somos bem vindos nesse ambiente”, explica.

É papel da pastoral na escola a preocupação de que o aluno te-nha uma educação mais globaliza-da, tendo além das aulas normais, aulas de música, teatro, um pátio para brincar, entre outras ativida-des que ampliem a aprendizagem. Pe. Marcos defende a pluralidade na escola. Para ele o estado não deve estar sozinho. Entende que não adianta garantir a plurali-dade de escolas se a maioria dos alunos só pode ir para as públicas em função de condições finan-ceiras. Acredita, contudo, que

através das pastorais é possível levar a educação global também às escolas públicas.

Educação no Brasil“No Brasil não houve política

de estado adequada para a educa-ção. Estamos esperando um gran-de estadista que coloque a edu-cação como prioridade”, explica. Para Pe. Marcos, o grande gargalo está no ensino fundamental, por ser a etapa mais importante, a que dá fundamentos, defende que o ensino médio não tem objetivo, não serve nem para passar no vestibular.

Educação hojeA educação infantil acontece

atualmente de forma muito dife-rente do que há algumas décadas. Espera-se que a escola dê a educa-ção e o conhecimento. Pe. Marcos acredita que, embora não seja possível fazer tudo, é possível sim fazer alguma coisa. “A escola não é responsável pela forma como o aluno entra, mas é responsável pela forma como o aluno sai e, sobretudo as escolas católicas, devem fazer algo pela educação”, explica. A respeito da falta de li-mites das crianças e adolescentes na atualidade, lembra: “o educan-do pode ser mal educado comigo, mas eu não posso fazer isso, eu sou o educador dele”.

A grande tarefa de uma escola é abrir as pessoas para apro-fundar mais a sua vida. Nem que seja um ateu, mas que ele tenha raízes na sua vida.

Pe. Marcos Sandrini É mestre em Teologia Pas-

toral e Doutor em Educação. Dirige a Faculdade Salesiana Dom Bosco.

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O Brasil está vivendo um mo-mento peculiar – oportunidades e dificuldades – na sua história. De um lado, por seu crescimento inter-no e pelo seu destaque no cenário internacional, por outro pela con-tinuidade de desigualdades sociais perversas, e pela corrupção que corrói e abrange todas as estru-turas e instituições, prejudicando seriamente a credibilidade da classe política.

A Igreja, comprometida com o bem comum e a defesa irrestrita da dignidade e dos direitos humanos, apóia as iniciativas que contribuam para garanti-los a todos e denuncia distorções inaceitáveis presentes em vários programas, que como veremos ferem os princípios que norteiam a doutrina social cristã. O que está em jogo é uma visão da pessoa humana e da sociedade, solidária com a dignidade de todos, a favor da vida e aberta ao trans-cendente.

Para iluminar este processo elei-toral, a comunidade eclesial – que pela sua universalidade não pode se identificar com interesses parti-culares, partidários ou de determi-nado candidato/a – busca oferecer critérios de escolha e discernimento para as pessoas de boa vontade e cidadãos responsáveis. Também deseja que sejam votados candi-datos coerentes com a defesa dos princípios éticos e cristãos.

Em consonância com estes mesmos princípios apresentamos as seguintes orientações e critérios:

Antes de tudo, é necessário “valorizar o voto” que decide a vida pública do nosso País e dos nossos Estados nos próximos anos. O meu voto é precioso! Não se compra! Nele se manifesta a minha liberdade e a minha decisão. Re-centemente obtivemos a vitória do projeto de lei denominado “Ficha

Limpa” que por decisão do TSE se aplicará nestas eleições. Cabe ago-ra vigiar e cuidar para eliminar do pleito aqueles candidatos corruptos que contaminam o cenário político e destroem a democracia.

1. O primeiro critério para vo-tar em um candidato é a defesa da dignidade da Pessoa Huma-na e da Vida em todas as suas manifestações, desde a sua con-cepção até o seu fim natural com a morte. Rejeitamos veementemente toda forma de violência, bem como qualquer tipo de aborto, de explo-ração e mercado de menores, de eutanásia e qualquer forma de ma-nipulação genética.

2. O segundo critério é a de-fesa da Família na qual a pessoa cresce e se realiza. Por isso devem ser votados aqueles candidatos que incentivam, com propostas concre-tas, o desenvolvimento da família segundo o plano de Deus. Opõem-se ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à adoção de crianças por casais homoafetivos, à legali-zação da prostituição, das drogas e ao tráfico de mulheres.

3. O terceiro critério é a li-berdade de Educação pela qual os pais têm o direito de educar os filhos segundo a visão de vida que eles julguem mais adequada. Isso comporta uma luta pela qualidade da escola pública e pela defesa da escola particular, defendendo o en-sino religioso confessional e plural, de acordo com o princípio constitu-cional da liberdade religiosa, reco-nhecido também no recente Acordo entre Brasil e Santa Sé.

4. O quarto critério é o princí-pio da solidariedade, segundo o qual o Estado e as famílias devem ter uma particular atenção prefe-rencial pelos pobres, àqueles que são excluídos e marginalizados. Deve-se garantir uma cidadania

plena para todos/as, assegurando o pleno exercício dos direitos sociais: trabalho, moradia, saúde, educação e segurança.

5. O quinto critério é o princí-pio de subsidiariedade, ou seja, haja autonomia e ação direta parti-cipativa dos grupos, associações e famílias fazendo o que podem reali-zar, sem interferências ou intromis-sões do Estado. Este deve apoiar e subsidiar, nunca abafar ou sufocar as liberdades e a criatividade das pessoas. Assim elas poderão exer-cer uma cidadania ativa e gestora.

6. Enfim, diante de uma situ-ação de violência generalizada, os candidatos devem, de forma con-creta e decidida, comprometer-se na construção de uma Cultura da Paz em todos os níveis, particular-mente na educação e na defesa da infância e da adolescência.

Do ponto de vista prático nas paróquias e em nossas associações e movimentos, se dê grande im-portância a este momento eleitoral e se realizem debates sempre com vários candidatos de vários partidos, em vista da realização do bem comum. Durante os even-tos promovidos pela diocese ou pe-las paróquias nunca devem apa-recer faixas, cartazes ou outro tipo de sinais que identifiquem e apóiem os candidatos.

O trabalho político, ao qual todos somos chamados, cada um segundo a sua maneira de ser, é uma forma de mostrar a incidência do Evangelho na vida concreta, visando à construção de uma so-ciedade justa, fraterna e equitativa. Em conseqüência haverá uma es-perança real para tantas pessoas céticas, desnorteadas e confusas com a política atual. É uma grande oportunidade que os católicos e todas as pessoas de boa vontade não podem perder.

Orientações e critérios para as próximas eleições

Os bispos do Estado do Rio de Janeiro, Regional LESTE 1 da CNBB

Este material foi enviado por Dom Roberto Paz, Bispo Coadjutor de Niterói, RJ, e ex Assessor Doutrinário da ADCE/RS

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