Revista NT 001

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NT Nutrition for Tomorrow A revista da Produção Animal N˚ 01 - ano 01 Agosto/09 Temperatura ambiental e sua influência na reprodução Somatotropina: resultados consistentes em rebanhos comerciais Bertin - União dos elos da cadeia produtiva Nutrição de precisão em avicultura de corte Elio Casarin Romeo Bet Marcos Zordan Promover o desenvolvimento sustentável é fundamental para as futuras gerações da Cooperativa Assume Cooperalfa após forte crescimento Produção com preservação ambiental: SC mostrando o caminho O futuro depois da crise

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Revista Nutrition for Tomorow

Transcript of Revista NT 001

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N ̊01 - ano 01

Agosto/09

Temperatura ambiental e sua influência na reprodução

Somatotropina: resultados consistentes em rebanhos comerciais

Bertin - União dos elos da cadeia produtiva

Nutrição de precisão em avicultura de corteElio Casarin

Romeo Bet

Marcos Zordan

Promover o desenvolvimento sustentável é fundamental para as futuras gerações da Cooperativa

Assume Cooperalfa após forte crescimento

Produção com preservação ambiental: SC mostrando o caminho

O futuro depois da crise

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Page 4: Revista NT 001

“Para estar à frente amanhã, é preciso estar no

lugar certo hoje!” Dessa filosofia nasceu a Nutrition

for Tomorrow alliance, um projeto idealizado e

admi nistrado pela Nutron Alimentos, com o objetivo

principal de integrar as empresas que fazem parte

da cadeia de produção animal.

Por meio de ações conjuntas e constantes, a

Nutrition for Tomorrow alliance concentra o melhor

capital humano, visando fornecer conteúdo técnico

para gerar e fortalecer a sustentabilidade de toda a

cadeia produtiva.

As empresas que hoje participam do

Nutrition for Tomorrow alliance têm em comum o

comprometimento com a rentabilidade de seus

clientes e a melhoria constante em pesquisas

e no desenvolvimento da produção animal. Em

parceria, a Nutron Alimentos, a Elanco Saúde

Animal, a Novus International, a Serrana Nutrição

Animal, a Biorigin, a Bühler, a CJ, a Rio Deserto,

a Van Aarsen e a Zinpro Performance Minerals

buscam disseminar conhecimento, aumentar a

percepção de valores, garantir lucratividade para

os clientes e trocar informações importantes para

definir os padrões da Nutrição do Amanhã.

Uma ideia inovadora que, com resultados

práticos para todas as empresas parceiras e para

os clientes, amplia a confiança entre os diversos

setores da cadeia animal e dissemina o papel

estratégico das alianças.

4 #1NT

Page 5: Revista NT 001

EditorialEditorialO reconhecimento de que competências complementares fortalecem todos os

elos da produção nos levou a criar a Nutrition For Tomorrow alliance (NFT alliance).

Esta aliança, formada por empresas de referência em seus segmentos, busca di-

fundir os conceitos que nortearão a nutrição do amanhã. Para nós, a nutrição do

amanhã produzida pela cadeia de proteína animal (as carnes, os ovos e o leite), tem

que ser acessível e saudável ao consumidor. Além disso, sua produção deve trazer

a rentabilidade necessária à sustentabilidade dos negócios de todos os integrantes

da cadeia. É com essa filosofia que a NFT alliance criou a Revista NT – A Revista da

Produção Animal.

A Revista NT nasce com o firme propósito de levar à cadeia de produção de

proteína animal e ao seu consumidor, o conhecimento necessário para que a nutri-

ção do amanhã seja melhor para todos. Assim, queremos trazer temas ligados aos

negócios da cadeia de produção de proteínas, às mega-tendências que impactam

esta indústria e às melhores práticas de produção. Entre as pessoas que colaboram

para a produção de conteúdo para a revista temos pesquisadores, homens de ne-

gócio, analistas de mercado, representantes do varejo, do setor de restaurantes e

entidades representativas dos consumidores. Desta forma, será através da Revista

NT que queremos difundir conceitos baseados em evidência científica e em cases

de sucesso que contribuam para o fortalecimento da cadeia. É assim também que

buscamos orientar corretamente o consumidor a respeito dos mitos, às vezes ide-

ológicos, que impactam na percepção da indústria de

produção animal.

Nossa aspiração é que a Revista NT torne-se um

veículo de referência para a construção dos padrões que

moldarão a nutrição do amanhã.

Adriano Marcon,

presidente da Nutron Alimentos

5#1NT

Page 6: Revista NT 001

Índ

iceExpediente

A REVISTA NT é uma publicação trimestral da Nutrition for Tomorrow Alliance, distribuída gratuitamente para a cadeia da produção animal.

Comitê NFT AllianceNutron Alimentos – Alessandro RoppaElanco Saúde Animal – Milton SerapiãoNovus do Brasil – Victor WalzbergSerrana Nutrição Animal– Roberta Pinheiro Franco

Jornalista responsável:Alessandra CavicchioliMTB 027.257i 9 Comunicação

Redação:Isabella MonteiroTayara Lima

Projeto gráfico e diagramação:Produção Coletiva

Impressão:Citygráfica

Tiragem:15 mil exemplares

Contato:[email protected]

Nutrition for Tomorrow Alliance é um projeto, desenvolvido e administrado pela Nutron Alimentos, que reúne empresas do setor da produção animal, concentrando o melhor capital humano e fornecendo conteúdo técnico para gerar e fortalecer a sustentabilidade dos clientes.

A REVISTA NT é uma publicação dirigida a produtores, empresários, técnicos, pesquisadores e colaboradores ligados à cadeia de produção animal. Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista. Não é permitida a reprodução parcial ou total das reportagens e dos artigos publicados sem autorização.

NTN˚ 01 I ano 01 I Agosto/09

Uma nova realidade tem definido a econo-mia mundial nos últimos 10 anos.

1. Os países emergentes têm determinado o crescimento mundial, não mais os desenvolvi-dos. Como consequência, empresas brasileiras têm comprado empresas no exterior: Ambev, Gerdau, Vale, Friboi, Petrobrás. Antigamente éramos comprados...

2. Muitos cérebros brasileiros que viviam no exterior estão de volta e, com certeza, esses profissionais trarão seus conhecimentos glo-bais para as empresas brasileiras.

3. O Brasil já é o 6º país que mais cresce no

Área arável equivalente ao território de 33 países europeus

Fonte: John Deere

Ricardo Amorim

A nova ordem global: fuga para o futuro

mundo entre as 30 maiores economias mundiais, e a previsão é que pule para a 5ª posição em 2010.Cada vez mais, estamos ganhando espaço no ce-nário mundial.

4. China e Índia continuarão sendo os países que mais crescem – este ano, 6% e 5% respectiva-mente. A China respondeu por 26% do crescimento mundial nos últimos 10 anos e a Índia por 9%. Neste ano, todo crescimento mundial virá desses dois pa-íses. São países muito populosos, com muita gente vivendo na linha da pobreza. Com o crescimento da economia, cada vez mais pessoas entrarão nas classes de consumo. Essa é a boa notícia para o

Romênia

Áustria

Irlanda

Lituânia

Inglaterra, Escócia e País de Gales

Rep. Sérvia e Montenegro

Islândia

Alemanha

França

Letônia

Suécia

Holanda

Belarus

Hungria

Espanha

Polônia

Ucrânia

Bósnia

Macedônia

Croácia

Rep. Tcheca e Eslovaca

Grécia

Bulgária

Noruega

Itália

Finlândia

Estônia

Suíça

Albânia

Bélgica

Dinamarca

Brasil, pois essas pessoas passam a consumir mais alimentos (soja, frango, carne, etc).

5. O Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores produtores de petróleo do mundo, se o pre-ço do petróleo estiver elevado nos próximos anos, O que deve acontecer, levando o Brasil a atrair um enorme volume de investimentos e colaborando para que o dólar caia muito nos próximos anos.

6. O Brasil tem a maior área arável / cultivável do mundo que ainda não está plantada (mais de 300 milhões de hectares – não inclui a Amazônia). Para se ter uma idéia, a Índia não tem quase nada, a Chi-na tem 440 milhões de hectares e os EUA, 70 mi-lhões. Temos tudo para nos tornarmos o Celeiro do Mundo.

7. Nos últimos anos, a produção de soja chinesa praticamente não cresceu, enquanto seu consumo cresceu quatro vezes. Com a economia crescendo em média 9,5% ao ano, mais e mais chineses estão comendo carne e necessitam de ração para alimen-

tar os animais. Oportunidade para o Brasil. 8. O bom cenário para o Brasil prevê, para os

próximos anos: valorização significativa do real, com dólar abaixo de R$ 1,55 antes do final de 2010; Selic em direção a um nível de 6% ou 7% também em 2010; e PIB crescendo em média 5% a partir de 2010. Hoje o custo de financiamento para gran-des empresas brasileiras no mercado internacional já é igual ao custo para as empresas americanas (nunca foi assim). Somos mais competitivos, nossa economia cresce mais que a americana ou a euro-péia e, por isso, as oportunidades de capital mais barato serão cada dia melhores para as empresas brasileiras.

9. Cada vez mais, os investidores virão para o Brasil e para outros países emergentes, pois o cres-cimento estará mais concentrado aqui nos próximos anos, beneficiando em especial todo o negócio agropecuário, imobiliário e de consumo de massa no Brasil.

O exemplo da sojaChina: mercado de soja, milhões de toneladas

Brasil: ganhando mercadoParticipação nas exportações mundiais, %

Fontes: USDA, Barclays Fontes: FMI, Bradesco

Fontes: EcoWin, WestLB Research

Crescimento mundial não vem mais dos desenvolvidos

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3

2

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98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08

Asia, Exceto Japão

EUA

EU-15

Japão

America Latina

Outros

Crescimento global (% ano)

Crescimento em países industrializados (% ano) Contribução de crescimento (% pontos)

Ricardo Amorim é Economista formado pela Universidade de São Paulo e pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela E.S.S.E.C. (École Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales) de Paris. Ricardo Amorim retornou ao Brasil em 2008 após oito anos em Nova York, depois de prever ainda em 2007 a crise financeira global e vislumbrando uma recessão prologada nos EUA e um período de grandes oportunidades no Brasil. Atualmente é presidente da Ricam Consultoria e apresentador do Manhattan Connection. Tem presença destacada no mercado financeiro no Brasil, Estados Unidos e Europa desde 1992, e, recentemente, exerceu as funções de C.E.O. da Concórdia Asset Management em São Paulo e Diretor Executivo para Mercados Emergentes do banco WestLB, em Nova York.

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Negócios08 I A nova ordem global: fuga para o futuro Ricardo Amorin

10 I O futuro depois da crise Ivan Wedekin

Somatotropina:resultados consistentes em rebanhos comerciais

José Roberto PeresGerente de Negócios de Bovinos Leiteiros

da Elanco Saúde Animal

Bo

vin

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de

leit

e

O interesse na somatotropina bovina (bST) teve início em 1932 quando As-dell (1) demonstrou a resposta em produção leiteira de cabras tratadas com extrato cru de pituitária. Através da evolução das técnicas para análise química de proteínas, em 1940 ficou claramente estabelecido que o agente que induzia o aumento de produção de leite era a somatotropina.

Posteriormente com o advento da biotecnologia, o bST foi um dos primeiros produtos aplicáveis à produção animal obtido por engenharia recombinante. Desde então e por mais de 20 anos esta tecnologia tem sido estudada ao redor do mundo, constituindo-se numa das tecnologias agrícolas mais extensivamente estudadas no que se refere ao desempenho animal e segurança para animais e humanos.

Avaliação comercial de longo prazo

Os experimentos científicos demonstraram re-sultados notavelmente consistentes, com aumen-to na produção de leite e da eficiência produtiva. Após sua aprovação nos Estados Unidos em 1994, a adoção da tecnologia foi bastante rápida, permit-indo que, através de um sistema central de geren-ciamento de rebanhos (DHI), fosse possível avaliar o impacto do uso de somatotropina (comercial-izada no Brasil sob o nome Lactotropin) ao longo de vários anos. O estudo, publicado no Journal of Dairy Science (2), teve como base 340 rebanhos comerciais no noroeste dos Estado Unidos, cujos dados no período entre 1990 e 1998 (4 anos antes da aprovação e 4 após a aprovação) foram avali-ados.

O grupo controle consistiu de 170 rebanhos que nunca fizeram uso da somatotropina (antes ou após sua aprovação), enquanto o grupo tratado consistiu de outros 170 rebanhos que adotaram a tecnologia imediatamente após sua aprovação e continuaram a dela fazer uso por pelo menos os quatro anos seguintes à aprovação, tratando pelo menos 50% das vacas em lactação. Neste período de 8 anos, participaram do estudo mais de 80.000 vacas, que representaram mais de 200.000 lacta-ções e 2 milhões de pesagens de leite. Dois tipos de avaliação foram realizadas: a primeira baseada nos controles leiteiros dos rebanhos e a segunda baseada nas curvas de lactação dos animais.

Para interpretação dos dados, o ano de 1993 foi adotado como referência (zero) e as variações nos valores avaliados em relação a este ano foram assumidas como conseqüência do manejo geral das fazendas. A análise incluiu os dados com-preendidos entre 1990 e 1998, sendo que o perío-do entre 1990 e 1993 foi denominado pré bST e o período entre 1994 e 1998 foi denominado pós bST. Foi utilizado um modelo estatístico que corri-giu a produção dos animais como se eles tivessem a mesma idade, o mesmo estágio de lactação e de prenhez, e tivessem parido no mesmo mês em todos os controles. A tabela 1 mostra a média dos dados controlados para os dois grupos, no dia dos controles leiteiros.

Tabela 1: Média dos dados controlados.

Rebanhos (número)Controle 176 bST 164

Todos 340

Parâmetro Pré Pós Pré Pós Média

Vacas em lactação (número/rebanho)

74,9 75,7 84,9 90,5 81,1

Leite (kg/dia) 27,2 28,8 28,0 33,0 29,3

Gordura (%) 3,67 3,64 3,63 3,57 3,63

Proteína (%) 3,21 3,15 3,19 3,17 3,18

Escore Cél. Somáticas

3,22 3,08 3,10 3,17 3,14

Idade do rebanho, dias

1663 1580 1585 1510 1594

Dias em lactação 166 151 169 150 161

Qualquer melhora na produção devido a mel-hor clima, fornecimento de alimentos, educação, preço do leite, etc. foi assumida como similar para os dois grupos ou pelo menos deve ter mudado a uma mesma taxa; portanto, qualquer diferença adicional seria atribuída ao uso do bST.

A figura 1 mostra a evolução da produção ao lon-go dos anos, tendo 1993, o ano anterior à aprova-ção, como referência. O desempenho melhorou de forma semelhante para todos os rebanhos nos primeiros 4 anos, como indicado pela inclinação positiva das curvas. Posteriormente, o grupo trata-do com somatotropina teve marcante aumento na produção diária de leite, que coincidiu com o início do uso da tecnologia. Daí em diante, o desempen-ho do grupo tratado evoluiu novamente de forma paralela ao grupo controle. A resposta ao uso do bST é refletida na diferença entre as duas curvas após a aprovação do produto (1993) e claramente permaneceu relativamente constante durante todo o período avaliado. Esta mesma tendência foi en-contrada na produção de gordura e proteína.

As comparações dos dados relativos ao dia do controle são apresentados na tabela 2. A resposta ao bST (coluna de diferenças gerais) representa as médias para todas as vacas dos rebanhos.

Período, variando entre 3,08 e 3,22 (aproxima-damente 106.000 e 117.000 CCS/ml – tabela 1).

Houve distinção entre as variações ano-a-ano

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Bovino de leite34 I Somatotropina: resultados consistentes em rebanhos comerciais José Roberto Peres

38 I Hepatoprotetores - nutrição e saúde em vacas leiteiras Renato Palma Nogueira

Cooperativismo62 I Romeo Bet assume Cooperalfa

Romeo Bet assume Cooperalfa após forte crescimento

A sociedade-empresa, que faturou R$ 1,66 bilhões em 2008, terá seu terceiro presidente na história.

O produtor de alimentos, Romeo Bet, assume o cargo de presidente da Cooperativa Regional Alfa – Cooperalfa, depois de 12 anos na gestão do agrôno-mo Mário Lanznaster. Natural de Antônio Prado (RS), Romeo Bet foi líder cooperativo e comunitário. Assu-miu seu primeiro cargo na Cooperalfa como conse-lheiro de administração em 1981. Em 1985, tornou-

se secretário do conselho e atuou como gerente de cereais da Alfa.

Bet foi eleito 2º vice-presidente da Cooperativa por três mandatos consecutivos e propõe, ao assumir o cargo de presidente, “muito diálogo e continuidade de um trabalho sério, ético, eficaz e transparente junto aos associados, aos colaboradores e à comunidade”.

Atento ao novo cenário, Bet pretende agir com cautela quanto à expansão da Coope-ralfa, que, nos últimos anos, seguiu um pla-no ambicioso de crescimento baseado em incorporações, aquisições e incremento na industrialização de cereais e rações.

Também vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina, Bet man-terá o crescimento dentro das circunstâncias atuais do mercado, apoiando-se em capital próprio e avaliando criteriosamente as opor-tunidades. Outras dire-trizes da nova gestão serão sustentar a forte profissionalização da gestão e incluir, com mais intensidade, a mu-lher e o jovem agricultor

nos processos de decisão da Cooperativa.Lanznaster, que havia substituído o funda-

dor da Alfa, Aury Luiz Bodanese, que coman-dou a Cooperativa por quase 30 anos (de 1967 a 1997), encerra um ciclo na Alfa. Tal período foi marcado pelo crescimento anual médio de 19,4% (entre 1999 e 2008) e pela forte expan-são horizontal com incorporações, aquisições e investimentos em armazenagem, lojas agro-pecuárias, supermercados e combustíveis. “Foi uma troca de poder natural, sem engas-

gos, ouvindo e respeitan-do a opinião da base”, avaliou Lanznaster. “Sinto-me preparado e confiante para esta missão”, garan-tiu Romeo Bet, que conta com o apoio, o senso de

“Proponho muito diálogo e continuidade de um trabalho sério, ético,

eficaz e transparente”

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Page 7: Revista NT 001

Negócios08 I A nova ordem global: fuga para o futuro Ricardo Amorin

10 I O futuro depois da crise Ivan Wedekin

Bovino de leite34 I Somatotropina: resultados consistentes em rebanhos comerciais José Roberto Peres

38 I Hepatoprotetores - nutrição e saúde em vacas leiteiras Renato Palma Nogueira

5 I Editorial

Gestão 12 I Bertin - União dos elos da cadeia produtiva

Nutrição do Amanhã58 I Tratamento térmico na indústria de rações Marco Lara

Temperatura ambiental e sua influência na reprodução

O efeito da sazonalidade sobre a reprodução das matrizes suínas é amplamente discutido em diferentes países onde a suinocultura é expressiva e a influência da estação do ano como fator am-biental negativo à reprodução tem sido descrita em diferentes estudos. Dois são os fatores atribuídos à estação do ano: luminosidade e temperatura ambiente. O efeito de um ambiente climático adequado ao animal, associado a fatores como a genética, a nutrição e a sanidade do rebanho, reflete em uma melhoria significativa da produção. Muitas vezes, os animais são alojados em situações que não propi-ciam um conforto térmico adequado e, com isso, o potencial reprodutivo ou produtivo desses animais não é expresso na totalidade. Diminuição das taxas de fertilidade e aumento das taxas de retornos ao cio e de abortos e, ainda, aumento da mortalidade embrionária são alguns dos efeitos negativos das altas temperaturas sobre matrizes em gestação.

Os suínos são animais homeotérmicos e, por isso, têm a necessidade de manter a temperatura corporal dentro de determinados limites

Alisson C. T. SchmidtCoordenador Técnico Comercial de

Suínos da Nutron Alimentos

Fabrício PenaforneCoordenador de Produção de Suínos

da Cooperativa Castrolanda

Os suínos são animais homeotérmicos e, por isso, têm a necessidade de manter a temperatura corporal dentro de determinados limites (tabela 1) indepen-dentemente da variação da temperatura ambiental. Para manter a temperatura corporal constante, os animais homeotérmicos dispõem de mecanismos fisiológicos, metabólicos e comportamentais tanto para produzir calor quanto para perder calor para o meio. Os suínos caracterizam-se por serem sensíveis ao frio quando pequenos e ao calor quando adultos. As perdas de calor nos suínos acontecem basica-mente por meios não-evaporativos.

Condução: ocorre através do contato com super-fícies (piso).

Radiação: o calor propaga-se pelo ar por meio de ondas eletromagnéticas.

Convecção: a perda do calor ocorre pela superfície do corpo em contato com o ar.

As perdas por evaporação são limitadas e ocor-rem, principalmente, pela respiração, já que a sudo-rese ocorre em baixas taxas, em função de as glân-dulas sudoríparas serem queratinizadas.

Souza (2004) determinou que, em ambientes com

ventilação forçada e nebulização, o número de leitões mumificados foi menor em relação aos ambientes com ventilação normal, tanto no inverno quanto no verão (tabela 2).

Wentz e Bortolozzo (2001) concluíram que matri-zes com temperatura retal igual ou inferior a 39,5°C no dia da primeira inseminação apresentaram taxa de retornos ao estro 12 pontos percentuais mais baixa em relação ao grupo de matrizes com tempe-

ratura retal superior a 39,5°C no dia da cobertura. Taxa de parto e tamanho da leitegada também fo-ram diferentes entres os dois grupos (tabela 3).

Mesmo com trabalhos técnicos na área de-monstrando que temperaturas fora da zona de conforto dos animais têm um efeito negativo sobre reprodução e produção, o controle dessa variável nas granjas não é frequente e, muito menos, a bus-ca por uma correlação com os transtornos repro-dutivos recorrentes.

O objetivo desse estudo foi correlacionar os retor-nos ao estro e os abortos com a amplitude térmica ocorrida no dia do evento (retorno ou aborto), assim como com a temperatura máxima no dia do evento.

O estudo foi realizado na Cooperativa Castro-landa, região dos Campos Gerais, no estado do Paraná. As informações de retornos ao cio e o de abortos foram extraídas de relatórios diários de um

Tabela 2. Média de leitões mumificados.

Tratamento EstaçãoNº de

Mumificados

Sistema com ventilação

forçada e nebulização

Verão 1,47b

Sistema com ventilação natural Verão 1,7a

Sistema com ventilação

forçada e nebulização

Inverno 1,3c

Sistema com ventilação natural Inverno 1,48b

Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente

(p>0,01).

Tabela 3. Efeito da temperatura retal (TC) no 1º dia da inseminação artificial sobre a taxa de retorno ao estro (TRE), taxa de parto (TP) e tamanho de leitegada (TL) em fêmeas classificadas em dois grupos de TC.

Grupos N TP (%) TER (%) TL (n) Média DP

G1 (≤ 39,5°C) 424 89 8,3 a 12,3 ± 0,31 a

G2 (>39,5°C) 24 73,4 b 20,3 b 11,4 ± 0,26 b

a, b: na coluna, valores ligados por letras distintas diferem (p<0,05).

Tabela 1.

Temp. Ideal (°C) Temp.Crítica (°C) Umidade Relativa %

Min Máx Min Máx Ótima

Matrizes 12 18 0 30 50 - 70

Leitões

Nascimento 30 32 15 35 70

1 semana 27 28 15 35 70

2 semanas 25 26 13 35 70

3 semanas 22 24 13 35 70

4 semanas 21 22 10 31 70

5 a 8 semanas 20 22 8 30 50 - 70

20 a 30 Kg 18 20 8 27 50 - 70

30 a 60 Kg 16 18 5 27 50 - 70

60 a 90 Kg 12 18 5 27 50 - 70

Fonte: Silva (1999)

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s

Suínos26 I Temperatura ambiental e sua influência na reprodução Alisson C. T. Schmidt e Fabrício Penaforne

30 I Existem perdas no sistema de produção? Túlia Moreira L. de Oliveira

Confinamento de bovinos de corte:

Uma trajetória de aprendizado

Danilo GrandiniGerente de Negócios de

Bovinos de Corte da Nutron

Ao considerar o confinamento total dos animais como o estágio máximo da tecnificação na produção animal, uma vez que possibilita a máxima expressão do potencial genético, a trajetória do uso de maior aplicação de tecnologia no setor de pecuária de corte está fundamentada no próprio desenvolvimento político-econômico vivenciado nos anos que se seguiram à eleição de Fernando Henrique Cardoso como presidente do Brasil. As consequências de ações de controle da inflação, desvalorizações cambiais, redução dos excedentes produtivos europeus, doença da “vaca louca” nos EUA e crescimento do PIB Mundial certamente fazem parte de um contexto que explica o momento atual. Cronologicamente, dividimos estas fases em: até 1993, de 1994 a 2000, de 2001 a 2006, e pós 2007.

Até 1993

Essa fase é conhecida como “expansão territorial” visto o enorme processo inflacionário no país (figura 1). Em uma situação como essa, existe uma profunda distorção entre valor e preço, um desestímulo na apli-cação de recursos no mercado de capitais (poupan-ça, títulos...) e, consequentemente, investimento em bens de raiz, como terras e imóveis, que costumam se valorizar durante o processo inflacionário. Os avanços tecnológicos desse período são os lançamentos de novas variedades de sementes forrageiras e a consci-ência da necessidade de suplementação com macros (fósforo, sódio) e microminerais na dieta dos animais. A produção caracteriza-se por um animal que ganha peso nas águas e perde parte dele na seca, criando a expressão “boi sanfona”, retardando assim seu abate para 4 a 5 anos de vida.

1994 a 2000Certo da necessidade de estancar o maior pro-

blema para o crescimento nacional da época, o novo governo lança o plano real. Plano esse que, por meio

de uma âncora cambial, fortalece o real perante o dólar e cessa a inflação inercial corrente no país. O efeito é quase que imediato sobre a taxa de inflação (figura 2) e as consequentes distorções sobre preço e valor. Dessa forma, o produtor vê o preço de venda do boi gordo cair perto de 25%. A pergunta do pe-cuarista para esta fase é: O que devo fazer?

Ao analisar a curva de ganho do que hoje chama-mos novilho precoce, observa-se a necessidade de atenuar a perda de peso da estação seca do ano e, com isso, encurtar a idade de abate do animal e recu-perar a receita da propriedade na unidade de tempo. Inicia-se, assim, uma nova forma de ver a atividade pecuária, de maneira que a receita passa a ser medi-da em R$/ano ou, na melhor avaliação, R$/ha/ano.

Os avanços tecnológicos desse período são os proteinados. Seu conceito de somar uma fonte pro-téica à suplementação mineral já aceita produz, na seca, um efeito, não de manutenção, mas até de ga-nho de peso, vindo ao encontro da necessidade do produtor. A produção caracteriza-se por um animal que ganha grande parte do peso nas águas, agora com tecnologias de rotação de pastos e correções

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1991 1992 1993Inflação (% ano) IGP-M

Figura 1 - Processo inflacionário no país

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Figura 2:

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Marcos

o artesão da carne

Exímio na arte de preparar, cortar e servir cortes de carnes, Marcos Bassi trouxe dignidade ao rótulo de açougueiro e transformou seu nome em sinônimo de qualidade e bons serviços. Conhecido como Artesão da Carne e dono de uma das churrascarias mais sofisticadas de São Paulo, Bassi acredita que o churrasco é um grande estado de espírito, um momento de confraternização.Há mais de 40 anos envolvido com os prazeres da carne, iniciou seu conhecimento, ainda menino, com a venda de miúdos para comunidade italiana nas ruas do Brás. Ao lado de sua mãe, vendia carne aos imigrantes mais ricos da cidade, entre franceses, ingleses, suíços e italianos. A exigência de seus clientes, aliada a uma personalidade visionária, fez com que Bassi se tornasse um dos maiores especialistas em carne do Brasil. Em entrevista à Nutrition for Tomorrow (NT), Bassi elogia a qualidade da carne brasileira, comenta sobre o mercado favorável ao produtor, destaca o culto à carne - conceito de sua churrascaria Templo da Carne - e, é claro, dá dicas de como preparar um bom churrasco.

Nutrition for Tomorrow: A indústria nacional está crescendo e tendo mais conhecimento do mercado. Mas falta envolvimento do produtor?Bassi: O produtor ainda não tem a visão de que o Brasil possui 8,5 milhões de m² de área e de que ele não é um simples “vendedor e fazedor de carne”. Ele tem uma importância e um peso maior que toda a indústria de carne, ele é parte fundamental e a mais importante dessa cadeia. No mercado atual, o produtor precisa saber onde seu produto será vendido e para que público, ou seja, ele deve produzir o que o consumidor deseja comprar. O pro-dutor deve pensar: “Como eu posso fazer para melhorar o meu rebanho, ter mais produtividade e qualidade para atender meu consumidor?”. NT: Você acredita que o Brasil está cada vez mais profissional nes-se mercado de carne?Bassi: O Brasil é extenso em área produtiva e ainda produz muito pouco. O peso da carne no Brasil ainda é pequeno. No Uruguai, a carne representa 25% do PIB e, na Argentina, já chegou a representar isso. O Brasil possui o maior banco genético do mundo e pode produzir a qualidade desejada. Aqui se pode produzir a raça desejada, na qualidade dese-ja. Mas essa ação não depende do Ministério da Agricultura, depende do produtor.

NT: Quais são as diferenças entre a carne brasileira, a uruguaia e a argentina? Bassi: Na Argentina, a qualidade da carne está na raça Angus, que produz um animal com alta qualidade de carne. Então, não é o argentino que sabe produzir melhor. A mesma situação acontece com o Uruguai. No Brasil, temos condições de diversificar a raça de acordo com cada região. O nosso estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, pode criar Angus dez vezes melhor que a Argentina. Se o Uruguai e a Argentina quiserem criar um Nelore com a qualidade que criamos aqui, não conseguem. Aí está a diferença! Então, o que produzimos melhor que eles? Todos os tipos de carne que desejarmos.

NT: O rodízio pode ser considerado a marca registrada do brasileiro?Bassi: O rodízio se espalhou como negócio e não como cultura da carne. Não tenho nada contra o rodízio como ne-gócio, mas, como cultura da carne, sim. Ele presta um “desserviço” à carne. Todos acham que brasileiro come muita carne, ou que sabe comer, mas, na verdade, ele ainda não possui a cultura alimentar da carne. Em outros países, vende-se a carne pelo prato. Aqui, vende-se pela renda per capita do brasileiro.

NT: O churrasco está mais presente em nossa alimentação?Bassi: Há 25 anos, não havia mais de 1,5 milhão de pessoas fazendo churrasco. Hoje, são 60 milhões de pes-soas comendo churrasco no final de semana. É uma cultura. Não importa onde, numa laje fazendo espetinho ou numa churrasqueira de alvenaria com medidas padrão Marcos Bassi. O churrasco está instituído como lazer. Ele entrou na casas das pessoas, é um grande estado de espírito, uma confraternização. Mas fazer carne, corretamente, é diferente.

“No Brasil, temos condições de diversificar a raça de acordo com cada região. O nosso estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, pode produzir Angus dez vezes

melhor que a Argentina.”

Bassi

54 #1 55#1

Nu

triç

ão d

o a

man

Bovinos de corte44 I Confinamento de bovinos de corte: uma trajetória de aprendizado Danilo Grandini 50 I Suplementação de verão: desperdício ou benefício? Sabrina Coneglian

Entrevista54 I Marcos Bassi - O artesão da carne

Aves18 I O nutricionista empregando o conceito da nutrição de precisão em avicultura de corte Mário Penz

20 I Integridade intestinal Luciana Gouvêa Franco

Entrevista66 I Produção com preservação ambiental: Santa Catarina mostrando o caminho Marcos Zordan

Alta gerência e empreendedorismo70 I Elio Casarin - Cooperativa A1

74 I Agenda

7#1NT

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Uma nova realidade tem definido a econo-mia mundial nos últimos 10 anos.

1. Os países emergentes têm determinado o crescimento mundial, não mais os desenvolvi-dos. Como consequência, empresas brasileiras têm comprado empresas no exterior: Ambev, Gerdau, Vale, Friboi, Petrobrás. Antigamente éramos comprados...

2. Muitos cérebros brasileiros que viviam no exterior estão de volta e, com certeza, esses profissionais trarão seus conhecimentos glo-bais para as empresas brasileiras.

3. O Brasil já é o 6º país que mais cresce no

Área arável equivalente ao território de 33 países europeus

Fonte: John Deere

Ricardo Amorim

A nova ordem global: fuga para o futuro

mundo entre as 30 maiores economias mundiais, e a previsão é que pule para a 5ª posição em 2010.Cada vez mais, estamos ganhando espaço no ce-nário mundial.

4. China e Índia continuarão sendo os países que mais crescem – este ano, 6% e 5% respectiva-mente. A China respondeu por 26% do crescimento mundial nos últimos 10 anos e a Índia por 9%. Neste ano, todo crescimento mundial virá desses dois pa-íses. São países muito populosos, com muita gente vivendo na linha da pobreza. Com o crescimento da economia, cada vez mais pessoas entrarão nas classes de consumo. Essa é a boa notícia para o

Romênia

Áustria

Irlanda

Lituânia

Inglaterra, Escócia e País de Gales

Rep. Sérvia e Montenegro

Islândia

Alemanha

França

Letônia

Suécia

Holanda

Belarus

Hungria

Espanha

Polônia

Ucrânia

Bósnia

Macedônia

Croácia

Rep. Tcheca e Eslovaca

Grécia

Bulgária

Noruega

Itália

Finlândia

Estônia

Suíça

Albânia

Bélgica

Dinamarca

Neg

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A nova ordem global: fuga para o futuro Brasil, pois essas pessoas passam a consumir mais

alimentos (soja, frango, carne, etc).5. O Brasil tem potencial para se tornar um dos

maiores produtores de petróleo do mundo, se o pre-ço do petróleo estiver elevado nos próximos anos, o que deve acontecer, levando o Brasil a atrair um enorme volume de investimentos e colaborando para que o dólar caia muito nos próximos anos.

6. O Brasil tem a maior área arável / cultivável do mundo que ainda não está plantada (mais de 300 milhões de hectares – não inclui a Amazônia). Para se ter uma ideia, a Índia não tem quase nada, a Chi-na tem 440 milhões de hectares e os EUA, 70 mi-lhões. Temos tudo para nos tornarmos o Celeiro do Mundo.

7. Nos últimos anos, a produção de soja chinesa praticamente não cresceu, enquanto seu consumo cresceu quatro vezes. Com a economia crescendo em média 9,5% ao ano, mais e mais chineses estão comendo carne e necessitam de ração para alimen-

tar os animais. Oportunidade para o Brasil. 8. O bom cenário para o Brasil prevê, para os

próximos anos: valorização significativa do real, com dólar abaixo de R$ 1,55 antes do final de 2010; Selic em direção a um nível de 6% ou 7% também em 2010; e PIB crescendo em média 5% a partir de 2010. Hoje o custo de financiamento para gran-des empresas brasileiras no mercado internacional já é igual ao custo para as empresas americanas (nunca foi assim). Somos mais competitivos, nossa economia cresce mais que a americana ou a euro-peia e, por isso, as oportunidades de capital mais barato serão cada dia melhores para as empresas brasileiras.

9. Cada vez mais, os investidores virão para o Brasil e para outros países emergentes, pois o cres-cimento estará mais concentrado aqui nos próximos anos, beneficiando em especial todo o negócio agropecuário, imobiliário e de consumo de massa no Brasil.

O exemplo da sojaChina: mercado de soja, milhões de toneladas

Brasil: ganhando mercadoParticipação nas exportações mundiais, %

Fontes: USDA, Barclays Fontes: FMI, Bradesco

1,22

0,88

0,97

0,92

1,18

1,151,16

0,99

0,96

0,970,96

0,900,90

1,04

0,93

0,86

1,08

Fontes: EcoWin, WestLB Research

Crescimento mundial não vem mais dos desenvolvidos

6

5

4

3

2

1

0

-1

98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08

Ásia, exceto Japão

Estados Unidos

Europa - 15

Japão

América Latina

Outros

Crescimento global (% ano)

Crescimento em países industrializados (% ano) Contribução de crescimento (% pontos)

Ricardo Amorim é Economista formado pela Universidade de São Paulo e pós-graduado em Administração e Finanças Internacionais pela E.S.S.E.C. (École Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales) de Paris. Ricardo Amorim retornou ao Brasil em 2008 após oito anos em Nova York, depois de prever ainda em 2007 a crise financeira global e vislumbrando uma recessão prolongada nos EUA e um período de gran-des oportunidades no Brasil. Atualmente é presidente da Ricam Consultoria e apresentador do Manhattan Connection. Tem presença destacada no mercado financeiro no Brasil, Estados Unidos e Europa desde 1992, e, recentemente, exerceu as funções de C.E.O. da Concórdia Asset Manage-ment em São Paulo e Diretor Executivo para Mercados Emergentes do banco WestLB, em Nova York.

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Ivan WedekinDiretor de commodities da BM&F BOVESPA

O futuro depois da crise

A agricultura não é uma ilha, mas é cercada de riscos por todos os lados. Os riscos de produção, de crédito, dos contratos e de preços fazem parte do cotidiano dos produtores e dos demais agentes econô-micos envolvidos nas cadeias produtivas do agronegócio.

O que vimos nos últimos quatro anos? Imprensa, analistas e autoridades destacaram a forte crise que a agricultura viveu em 2005 e 2006 por conta de problemas climáticos e da queda do dólar para menos de R$ 2. No acumulado desses dois anos, a área plantada de grãos recuou 2,8 milhões de hectares (5,8%) em relação ao pico alcançado na safra 2004-2005 (49,1 milhões de ha). Porém, não se deve esquecer de que, no boom expansionista anterior, a área plantada cresceu 11,2 milhões de ha entre os plantios de 2000 a 2001 e 2004 a 2005.

Na descida da ladeira, muitos produtores que ala-vancaram o negócio além do que seria prudente refor-çaram tristemente a máxima de que “a agricultura não quebra, muda de dono”. Diversos rearranjos forçados de negócios ocorreram, especialmente no Centro-Oes-te: de um lado, produtores com ativos operacionais (ter-ra, máquinas, etc), endividados e sem liquidez e crédito; de outro, produtores com capital de giro e apetite para transformar crise em oportunidade. É mais uma faceta da chamada “destruição criadora”.

O bom humor voltou com a alta espetacular dos preços das commodities em 2007 e 2008, por conta da grande liquidez (dinheiro e crédito em abundância), com o crescimento acelerado da economia mundial e com o aumento do consumo de milho nos EUA para produção de etanol. O resultado é que nunca se viram preços tão altos de commodities por tanto tempo. Com isso, a área plantada recuperou metade da perda ocorrida em 2005 e 2006, alcançando 47,6 milhões de ha na safra atual de 2008 a 2009.

Mas então começou a ser escrito um novo capítulo, inesperado: a partir de setembro de 2008, um verdadei-ro “tsunami financeiro” atropelou instituições financeiras, empresas e pessoas mundo afora. Depois de anos de crescimento ininterrupto, o comércio mundial encolheu acentuadamente. O crédito escasseou e estrangulou empresas que usaram o endividamento como motor do crescimento acelerado. A crise mundial inflou a co-tação do dólar no Brasil, o que favoreceu a renda dos produtores de mercadorias exportáveis, mas também prejudicou muitas empresas que realizaram complexas operações financeiras baseadas na expectativa de que o dólar continuasse caindo.

Enquanto isso, na pecuária...Nesses últimos quatro anos, os preços da pecuária

também oscilaram muito. O velho ciclo de preços deu as caras com mais força. Mas a pecuária não tem tantos solavancos econômicos como a agricultura de grãos. Na visão tradicional, ela demanda menos capital de giro

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O futuro depois da crise

de terceiros para o custeio da produção. Tocar lavoura é mais arriscado e intensivo em capital de giro, mas a pecuária tem muito mais capital empatado em terra e re-banho. A lavoura empresta mais dinheiro para produzir; a pecuária precisa de grande capital para existir.

Há mais de três décadas, aprendi na Luiz de Queiroz em Piracicaba que produtividade na pecuária tem três nomes: genética, alimentação e sanidade. Nos últimos 10 anos, o Brasil avançou rápido nesse tripé: produz a carne bovina mais ba-rata do mundo e é o primeiro ex-portador mundial, deixando para trás concorrentes de peso, como a Argentina e a União Europeia (veja a tabela).

O maior dilema do pecuarista é aumentar a produ-tividade do capital empatado. E esse dilema só será resolvido com mais capital, inclusive para avanços na tecnologia, que custa dinheiro. Para isso, existem duas saídas: primeiro, a integração entre a agricultura e a pecuária, ou seja, a pecuária precisa se transformar em um “ramo da agricultura”. Pasto precisará virar lavoura para transformar em carne a genética embarcada nos animais saudáveis. Onde buscar o capital? Essa é a segunda saída: construir um “casamento por puro inte-resse” entre o mercado financeiro e o agronegócio.

A trilha foi aberta com a Lei 11.076, de 30/12/2004, que criou os novos títulos do agronegócio (CDA-WA, CDCA, LCA e CRA). Quantos anos (ou décadas!) leva um bom pecuarista para abater 160 mil cabeças em um ano? Uma empresa montada em 2007 está alcançan-do essa marca, associando a capacidade gerencial de pecuaristas tradicionais (sócios-operacionais) e a expe-riência de profissionais do mercado financeiro. O produ-tor emite Cédulas de Produto Rural (CPRs), que servem de lastro para operações de securitização através de Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio. O CDCA pode ser emitido por qualquer empresa da ca-

deia produtiva do agronegócio, exceto o produtor rural, pois ele é a fonte do lastro. Custodiados em instituição financeira e registrados em central de registro autorizada pelo Banco Central, os CDCAs são vendidos para inves-tidores do mercado financeiro.

O dinheiro captado vai para o campo, financiando a compra e a engorda de bois magros em confinamentos.

Para cada boi magro comprado, é vendido um boi gordo no mercado futuro da BM&FBOVESPA. Assim, o risco de preço é reduzido e a pecuária passa a ser quase uma operação de renda fixa. Parte do dinheiro obtido na venda do boi

gordo para o frigorífico servirá para resgatar os CDCAs das mãos do investidor, fechando o ciclo produtivo e o financei-ro. O que atrai o investidor? Uma taxa de juros atraente e as garantias oferecidas pelo emissor do título. Além disso, os novos títulos do agronegócio não têm Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e nem imposto de renda no caso de pessoa física. Essa é uma grande vantagem num cenário em que a queda da taxa de juros está fazendo a velha caderneta de poupança ser um bom negócio!

E a crise? Toda crise é circunstancial e pontes es-tão sendo e serão erguidas para restabelecer o futu-ro brilhante do agronegócio brasileiro. Poucos países reúnem tantas vantagens comparativas (terra, mão-de-obra) e competitivas (tecnologia, capacidade em-presarial) como o Brasil. Agora, fazendo do limão a limonada: a crise financeira mundial teve o condão de colocar, na primeira página dos jornais, que a econo-mia brasileira é mais saudável do que a dos países de-senvolvidos e que o mercado financeiro brasileiro é um dos mais seguros do mundo. Por isso, o Brasil atrairá mais e mais capitais estrangeiros nos próximos anos. Isso não é uma boa notícia?

Abra a porteira e deixe o dinheiro da cidade (e do mundo) trabalhar no campo!

(milhões de toneladas em equivalente carcaça - bovina)

EXPORTAÇÃO 1960 1970 1980 1990 2000 2009*

MUNDO 1,0 2,9 4,5 7,2 5,9 7,9

Participação na exportação mundial - em %

Argentina 38 24 10 6 6 6

Austrália 16 17 20 15 22 17

Brasil - 4 4 3 8 26

União Europeia 20 25 43 41 11 1

EUA 2 1 2 6 19 12

GRUPO 75 72 79 72 67 62

* Estimativa Fonte: USDA

O maior dilema do pecuarista é aumentar

a produtividade do capital empatado

* Ivan Wedekin é Engenheiro Agrônomo e diretor de commodities da BM&F BOVESPA.

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Bertin União dos elos da cadeia produtiva

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NT: Qual o diferencial do Programa GP$?Cristiano Botelho: Esse programa é pioneiro no mundo. O que o torna único é o fato de, além de garantir a melhoria da produção, a fidelização de parceiros e a entrega de matéria-prima em escala e de acordo com as exigências de cada mercado, auxiliamos o pecuarista a reduzir seus custos de produção, através da orientação e das parcerias com empresas renomadas no setor de insumos.

O fato de nortear a produção, além de otimizar os custos da indústria, auxilia o fornecedor em sua gestão, pois, sabendo o quê, para quem, quanto e como produzir, com certeza, os custos serão infe-riores aos produzidos da maneira tradicional.

NT: Qual o conceito atribuído à sigla GP$?Cristiano: O GP$ é um conceito, pois o projeto tem relação com o direcionamento da pecuária, o traje-to a ser percorrido, as possibilidades de mudanças de rotas de acordo com as necessidades dos for-necedores para a geração de lucro e sucesso de todos os envolvidos na cadeia produtiva. A sigla tem uma versatilidade que permite a cada envol-

vido usá-la da melhor forma que lhe convier, como “gado produzido com sustentabilidade”, “gado produzido com lucro”, “grupo de pecuaristas de sucesso”, entre outros.

NT: Quais são os principais focos do projeto? Cristiano: Através da nossa equipe técnica de cam-po e das parcerias comerciais, conseguiremos atu-ar em todos os elos da cadeia produtiva, da genéti-ca ao prato. Na prática, acreditamos que o grande diferencial de nosso projeto é utilizar as tecnolo-gias que já temos disponíveis no mercado, mas de forma direcionada, para que o pecuarista consiga ver o retorno imediato e, em paralelo, planejaremos a genética para um resultado melhor a longo prazo. Será uma verdadeira sinergia entre os elos da ca-deia produtiva no Brasil.

NT: Qual é a expectativa de resultado estimado?Cristiano: Para este ano, tínhamos a meta de 600 mil animais, já superada em100 mil. Para os próximos cinco anos, nossa metaé de 2,5 milhões de animais participando do GP$.

Ao longo dos seus 32 anos de trajetória, a Bertin S.A., uma das maiores pro-dutoras e exportadoras de produtos de origem animal da América Latina, de-senvolveu um padrão de excelência e qualidade que se confirma no número de países que importam seus produtos. Para atender os diversos mercados onde atua e garantir carne nos padrões específicos de cada país, a empresa lançou o Programa de Cadeia Produtiva e Sustentável GP$.

Idealizado pelo Departamento de Compras Contratuais e pelo Departa-mento de Riscos Agropecuários da Bertin, o Programa GP$ tem o objetivo de fomentar a produção pecuária orientada, de forma que a atividade seja direcionada de acordo com a demanda dos diferentes mercados. Para isso, a Bertin pretende estreitar a relação com os pecuaristas, oferecendo suportes técnicos, administrativos e financeiros, através de parcerias com empresas especializadas no ramo de produção animal, como nutrição, saúde, genéti-ca, reprodução, certificações, entre outras.

Confira a entrevista com Cristiano Botelho, gerente do Departamento de Compras Contratuais da Bertin e idealizador do Programa GP$.

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NT: A sustentabilidade é um dos principais pilares do Programa. Nessa visão, quais são as medidas adotadas que contribuem para sua efetivação e sucesso?Cristiano: A Bertin tem a convicção de que o ca-minho para a evolução da pecuária no Brasil é a sustentabilidade, obedecendo estritamente às leis brasileiras trabalhistas, ambientais, fiscais e todas as outras referentes a sua atividade. Por isso, o projeto GP$ também terá suas operações integra-das com a responsabilidade social e ambiental, vi-sando o bem-estar de funcionários envolvidos no processo, à preservação do meio ambiente e à uti-lização consciente dos recursos naturais de modo que o pecuarista melhore sua produtividade sem necessariamente aumentar a área de pastagens.

NT: Em relação à segurança alimentar, quais serão as práticas aplicadas para atender às demandas do mer-cado consumidor e assegurar a qualidade do produto?Cristiano: Atualmente, as indústrias frigoríficas bra-sileiras adotam práticas de segurança alimentar de acordo com seus mercados consumidores, ou seja, o nível de exigência e práticas variam de um mercado para outro. No entanto, na Bertin S.A., um padrão mínimo é seguido e respeitado para todos os mercados. São padrões como esse que diferen-ciam a qualidade, a segurança e a previsibilidade de um produto Bertin.

Dentro do conceito GP$, em um futuro próximo, poderemos avaliar nossos produtos com o respal-do das empresas parceiras.

NT: Com a união dos elos da cadeia produtiva, proposta pelo Programa, a carne brasileira ganhará mais mer-cado?Cristiano: A segurança dos alimentos é decisiva na escolha de produtos para consumo. Por isso, a chancela de empresas de insumos com credi-bilidade e responsabilidade reconhecidas interna-cionalmente, avalizando os produtos Bertin, com certeza abrirá mais mercados para a carne brasi-leira. Através do GP$, poderemos disponibilizar ao mercado um produto com garantia sanitária, nu-tricional, ambiental e certificado por empresas de renome internacional. Ganhar mais mercado será consequência desse trabalho.

NT: Um dos conceitos do Programa é “comprar carne e não boi”. Explique esse conceito.Cristiano: Esse conceito é baseado na experiência de sucesso de um projeto australiano, que hoje possui criadores, recriadores e confinadores es-pecialistas em atender mercados exigentes como o do Japão. Comprar a carne ao invés do boi sig-nifica que, através da sinergia entre as equipes de campo das empresas participantes do GP$, esta-remos orientando os parceiros a produzir animais que atendam os diversos mercados consumido-res da Bertin S.A., de acordo com a regionaliza-ção das propriedades, necessidade de demanda e melhor custo-benefício para o produtor. Ou seja, entre nossos parceiros, teremos criadores de ani-mais para a linha Apeti, recriadores de animais para a Rússia e assim sucessivamente para to-das as linhas. Após este primeiro ano de projeto, todos os parceiros terão um relatório técnico de direcionamento de produção, de acordo com sua localização e qualidade de matéria-prima, para a elaboração estratégica de produção individualiza-da por parceiro.

NT: Como a sinergia entre as empresas parceiras e a Ber-tin trará resultados para esse novo conceito de cadeia?Cristiano: Com esse projeto haverá uma integração entre as empresas parceiras e a Bertin, com a fi-nalidade de troca de informações entre os clientes que fornecem animais para abate nas unidades e aqueles que compram produtos das empresas par-ceiras. Com essa integração, o pecuarista receberá orientações dos profissionais de cada área e, assim, terá condições de direcionar sua produção animal para mercados específicos e, como consequência, expandir o novo conceito Bertin de cadeia.

NT: Quais os benefícios desse conceito para o forne-cedor e para o consumidor final?Cristiano: O fornecedor terá como direcionar sua produção desde o início do processo, sabendo quanto ele vai ser remunerado pelo produto final. Além de ter mais segurança quanto aos alimen-tos, o consumidor poderá selecionar ainda mais o produto a ser consumido, devido à nova gama disponibilizada por um projeto como esse.

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NT: De que forma o Programa GP$ busca garantir me-lhoria na produção e fidelização dos clientes?Cristiano: A base do projeto é diminuir os custos de produção dos parceiros do GP$, por meio das parcerias com empresas especializadas no ramo de produção animal e do direcionamento de pro-dução. Acreditamos que esse trabalho ao lado do pecuarista trará a fidelidade necessária para con-solidarmos o GP$.

NT: Empresas do mesmo setor podem participar como parceiras? Cristiano: Sim, contanto que seja uma empresa que compartilhe das mesmas ideias e conceitos do GP$ e que seja idônea em seus serviços. A

equipe de compras contratuais vem buscando mais parcerias para o Programa e, com isso,o au-mento da gama de produtos e serviços que os fornecedores poderão usufruir com o programa de fidelização.

NT: Quais foram os critérios que levaram as empresas a serem selecionadas pelo Grupo Bertin como parceiras do GP$? Cristiano: A Bertin buscou empresas com a mes-ma filosofia de trabalho do Grupo e reconhecidas nacional e internacionalmente, não apenas por suas estruturas, mas por terem em seu catálogo produtos reconhecidos por sua eficiência, quali-dade e resultados.

Vantagens do Programa GP$

• Maior integração entre parceiro e frigorífico.• Assessoria técnica na produção.• Possibilidade de baixar os custos de produção por meio dos descontos.• Melhoria da qualidade dos produtos fornecidos através da aplicação de protocolos sanitários e nutricionais dos parceiros.• Acompanhamento dos índices zootécnicos e dos econômicos da propriedade. • Fidelização de parceiros nas unidades Bertin.• Envolvimento de importantes elos da cadeia no processo produtivo.• Possibilidade de o parceiro receber, além dos descontos em insumos, bonificação pelo produto entregue ao frigorífico.• Direcionamento da produção para mercados específicos.

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O constante desafio do nutricionista é formular dietas que proporcionem o melhor desempenho dos animais, sem comprometer os resultados econômicos do negócio. Com o desenvolvimen-to da avicultura, durante estes mais de 50 anos, a pesquisa favoreceu o profissional, proporcionan-do informações fundamentais para que esses objetivos sejam alcançados.

Com todos os estudos feitos, tem sido pos-sível separar as exigências dos animais por fase de produção, por sexo, por rendimento corporal,

por linhagem genética, por estação do ano, por densidade, por ambiente, etc. Também foi atra-vés do conhecimento da composição dos in-gredientes que o nutricionista pôde fazer formu-lações de uma maneira mais precisa, inclusive possibilitando intercâmbios de conhecimento. Claro que toda essa informação deve ser sub-metida às condições de cada empresa, pois particularidades devem ser respeitadas para que o negócio seja rentável. Quem sabe este seja um dos maiores desafios do nutricionista?

de precisãoem avicultura de corte

O nutricionista empregando o conceito da

nutriçãoMário PenzDiretor Técnico da

Provimi América Latina

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Por essa razão, o nutricionista deve ter um co-nhecimento abrangente do negócio, para que o sucesso de seu trabalho fique mais próximo. O nu-tricionista de hoje, como pré-requisito fundamental ao seu trabalho, deve ter um profundo conhecimen-to teórico sobre nutrição e deve ser competente em formular dietas apropriadas aos animais. Entretan-to, para que seu trabalho seja de todo eficiente, ele deve se envolver profundamente com outras áreas do negócio. Por exemplo, o nutricionista deve estar envolvido com o departamento de compras da em-presa, o que permite sua participação no setor, do que deve ser adquirido ou não para compor suas dietas. Nesse caso, deve se envolver com o contro-le de qualidade, preservando a segurança alimen-tar, e interpretando resultados de análise dos ingre-dientes adquiridos e das dietas produzidas. Essas informações são determinantes para o sucesso do primeiro objetivo do profissional, que é transformar uma dieta teo ricamente formulada em um produ-to similar a sua proposta original. Esse profissional também deve continuar envolvido com as pes-quisas desenvolvidas em sua própria empresa e em outros locais, tratando de aproveitar as informações para ganho de efici-ência. Além disso, e quem sabe mais importante de tudo, o nutricionista cada vez mais deve se en-volver com o resultado do produto final, acompa-nhando as tarefas de campo, bem como o resulta-do de todo o trabalho, do abate à apresentação do produto final de sua empresa. Somente conciliando todas essas tarefas, sua atividade poderá ser um diferencial competitivo.

Quando todos esses desafios são atingidos, o nu-tricionista pode dizer que está exercendo o conceito da “nutrição de precisão”. Esse conceito pressupõe que os animais, em cada condição específica, rece-bam nutrientes e energia em quantidades devidas, evitando ao máximo o desperdício de qualquer um deles. Tal conceito procura eliminar o que sempre foi defendido, a “margem de segurança” na recomen-dação de um nutriente específico. Por exemplo, o conceito da proteína ideal chegou com esse propó-sito. Prevê relacionar os aminoácidos entre si, com base na lisina digestível. Antes dele, as dietas já eram formuladas relacionando os nutrientes com a ener-gia proposta, respeitando a base técnica de que os animais comem para satisfazer suas necessidades energéticas. Também já eram feitas relações entre mi-nerais, mais especificamente entre cálcio e fósforo.

Entretanto, duas ferramentas têm sido determi-nantes para que a “nutrição de precisão” seja apro-veitada em sua plenitude. A primeira delas, em ca-ráter analítico, é a disponibilidade de resultados de composição nutricional dos ingredientes recebidos para a formulação das dietas que serão enviadas aos animais. Como esse processo deve ser rápido e eficiente, a implantação da tecnologia NIR (Near Infrared Spectroscopy) é indispensável, pois permite análises rápidas na linha de produção, adequando variações de composição de ingredientes às formu-lações propostas. Ela permite que o nutricionista pre-fira ou segregue ingredientes em suas fórmulas es-pecíficas. Já os modelos não lineares de formulação de ração são outra ferramenta indispensável para o emprego do conceito da “nutrição de precisão”. Tais modelos permitem que as dietas sejam compostas de acordo com o melhor resultado econômico da empresa, e não de acordo com o menor custo de

formulação, dado pelos modelos lineares. Os mo-delos também permitem incluir, nas simulações, as seguintes variáveis: sexo, idade, densidade, tempe-ratura, linhagem genética,

que não são empregadas nos modelos lineares. Es-tes últimos prendem-se em dietas formuladas com restrições unicamente nutricionais, sustentadas pela experiência do nutricionista. Já os modelos não li-neares exigem a relação do nutricionista com todo o segmento produtivo, interagindo ao máximo. Os modelos não lineares procuram não restringir os li-mites dos nutrientes, uma vez que o objetivo maior é a produção de frangos ou outros animais de forma tecnicamente correta, com o melhor resultado eco-nômico, e não com o menor custo de formulação.

Desta forma, pensar em “nutrição de precisão” é romper paradigmas. É buscar alternativas locais e que podem variar a cada momento. É buscar uma proposta com menor desperdício. É, como um todo, buscar a eficiência plena do negócio.

* Mário Penz é Doutor em Nutrição Animal pela Universidadeda Califórnia - EUA, Mestre emZootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Diretor Técnico da Provimi América Latina.

de precisãoem avicultura de corte

O nutricionista empregando o conceito da

nutrição

O nutricionista cada vez mais deve se envolver com o resultado do produto final

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Integridade intestinal

Integridade intestinal é o estado de funciona-mento ideal do trato intestinal, que determina o de-sempenho zootécnico e a rentabilidade da ave.

A manutenção da sanidade das aves, em espe-cial quanto a doenças ou agentes que atuam so-bre o trato gastrintestinal, é de grande importância para a produção de frangos, pois essa é a principal via de absorção dos nutrientes para o desenvolvi-mento da ave.

Considerando que a ração representa de 60% a 70% dos custos de produção, a integridade dos mecanismos digestivos e absortivos dos nutrientes no trato digestivo, ou seja, a integridade das célu-las epiteliais da mucosa gastrintestinal, é de vital relevância para o bom desempenho das aves.

A mucosa e os enterócitos constituem uma bar-reira dinâmica e metabolicamente ativa que possui função múltipla, envolvendo a digestão, a absorção e o transporte de substâncias específicas e de nu-trientes, além de eliminar toxinas e microrganismos

através da imunidade inata e adquirida. O enteróci-to em estado normal forma uma barreira e previne a migração transepitelial de patógenos existentes no lúmen intestinal.

Quando um lote de frangos de corte nas suas diferentes fases de criação (inicial, crescimento, engorda e abate) não apresenta nenhum compro-metimento de sua saúde gastrintestinal, aumentam as probabilidades de se alcançar um excelente ou um máximo desempenho zootécnico.

Devido à alta prevalência das enfermidades gastrintestinais e seu alto impacto econômico, é necessário entender a necessidade de adquirir boas medidas de manejo, controle e prevenção, evitando ao máximo gastroenterites ou qualquer outro episódio que leve à lesão da mucosa intes-tinal.

Diante do exposto acima, o artigo tem como ob-jetivo abordar os principais tópicos relacionados à integridade intestinal.

Luciana Gouvêa FrancoIntegrante do Departamento Técnico

da Novus do Brasil

20 #1NT

Ave

s

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Principais fatores que afetam a integri-dade intestinal

Síndrome do Trânsito RápidoA Síndrome do Trânsito Rápido, ou Feed Pas-

sage, em inglês, caracteriza-se pela apresentação de fezes aquosas, com partículas de alimentos mal digeridas (até 80%), geralmente com presença de muco cor de laranja, alta conversão alimentar (aumentando 1,5 a 2 décimos), má pigmentação e desuniformidade dos animais. A síndrome afeta de forma desigual os frangos de uma mesma ninhada e de uma mesma granja. Ainda não se encontrou correlação dos fatores ambientais, de manejo e/ou de formulação entre as granjas e/ou animais afeta-dos com os animais sãos.

As causas da Síndrome do Trânsito Rápido ain-da são estudadas, principalmente devido à dificul-dade de se reproduzir de forma experimental a do-ença; mas lhe atribuíram diferentes causas como estresse calórico, baixa qualidade dos ingredien-tes, fatores antinutricionais, micotoxinas, causas virais e bacterianas, parasitas, baixa qualidade de água e cama, não se descartando a possibilidade da combinação de todos fatores.

Infecção por protozoários – CoccidioseDentre as enfermidades aviárias, a coccidiose

é uma das mais importantes, devido aos prejuízos econômicos por ela causados. Calcula-se que os gastos mundiais com esta doença, incluindo os prejuízos zootécnicos e a utilização de medicamen-tos com fim preventivo e curativo cheguem a 800 milhões de dólares.

A coccidiose refere-se à ocorrência de infecção por protozoários de gênero Eimeria, os quais se multiplicam nas células do intestino das aves e pro-vocam dano tissular, que é causa de interrupção do consumo e dos processos digestivos e absortivos, desidratação e, às vezes anemia, em decorrência da hemorragia e aumento de suscetibilidade ou predisposição para outras doenças. Seu papel é relevante na ocorrência de enterites clostridianas fatais e salmoneloses. A coccidiose é uma doença muito comum em qualquer tipo de criação de aves, tipicamente encontrada em granjas de criação in-tensiva e em piso, durante a fase inicial e de cresci-mento, e raramente vista em idade adulta, em fun-ção do desenvolvimento de imunidade.

Na criação de frangos de corte, a coccidiose compromete o desempenho zootécnico de acordo com o grau de parasitose. Por essa razão, tem-se preconizado o uso preventivo de drogas anticoc-

cidianas. Os anticoccidianos ionóforos, quando utilizados continuamente, previnem a infecção, fa-vorecendo a implantação de imunidade. A recen-te restrição ao uso de alguns anticoccidianos e a emergência de consumidores de frangos criados sem medicamentos vêm aumentando o uso de va-cinas contra coccidiose.

Enterites bacterianas

SalmoneloseSalmonela constitui um gênero bacteriano di-

fundido mundialmente e com importância econô-mica e na saúde pública. Essa bactéria é reco-nhecida mundialmente como a maior causadora de diarreia em humanos e os produtos avícolas, como uns dos maiores veiculadores da infecção por Salmonella spp.

Em aves, há basicamente dois tipos de infecção por Salmonella: a sistêmica e a entérica. Infecções sistêmicas com Salmonella pullorum ou Salmonella gallinarum representaram durante muitos anos um sério problema na indústria avícola. Esses agentes são considerados espécies-específicos e foram con-trolados e erradicados em muitos países por meio de programas nacionais de controle, como resulta-do da globalização e da abertura dos mercados.

Salmonella typhimurium e Salmonella enteritidis são espécies ubíquas, não tifoides, que podem afetar qualquer espécie, inclusive as aves e o ho-mem. As aves podem ser portadoras assintomá-ticas através da colonização entérica. A suscetibi-lidade diminui com a idade, e aves adultas podem se converter em portadoras da bactéria.

Há pouca informação disponível em relação aos mecanismos pelos quais a Salmonela coloniza o trato digestivo dos frangos. Um deles é a capacida-de de multiplicar-se no conteúdo intestinal, migrar através da mucosa, aderir e invadir o epitélio.

Essa bactéria também pode ser transferida do conteúdo intestinal para a carcaça durante o proces-so industrial. Há muitos anos, sabe-se que a contami-nação das carcaças é um achado comum, podendo chegar a 72% nas amostras de carne de frango.

A prevenção de salmonelas constituiu-se em preocupação prioritária dos profissionais envolvi-dos no processo de criação e exploração de aves. Essa área da sanidade avícola recebeu nos últimos anos uma maior relevância, pela sua importância na saúde pública. Os programas de controle são complexos e existe uma série de fontes de conta-minação, incluindo as aves, o alimento, os roedo-res, as aves silvestres, os insetos, os transportes,

Integridade intestinal

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o meio ambientes e o homem. Para um controle eficaz é necessário o uso de estratégias de inter-venção em todas as fontes mencionadas.

Enterite NecróticaA enterite necrótica, doença toxinfecciosa cau-

sada pelo C. perfringens tipo A e C, é a mais fre-quentemente vista nas criações de aves. O C. per-fringens prolifera com muita facilidade no intestino delgado de aves submetidas a diversos tipos de estresse, ao uso de ração não baseada em soja e milho ou após coccidioses.

O gênero Clostridium é representado por bacté-rias em forma de bacilo, Gram positivas, formado-ras de esporos, catalase-negativas e anaeróbias. São descritas mais de 100 espécies de Clostrídios e elas têm sido isoladas de materiais coletados do meio ambiente e de aves domésticas e silvestres. Em frangos de corte, o Clostridium perfringens é uma biota intestinal encontrado com elevada fre-quência desde o início da vida do frango até o fim do ciclo de produção, nas fezes e no ceco, no gal-pão e fora dele.

Quando ocorre a proliferação do C. perfringens, a bactéria sintetiza toxinas enterotoxigênicas (toxi-na a) que causam a necrose da mucosa intestinal, no início restrita às pontas dos vilos. Não é a bac-téria que lesa as células ou a mucosa do intestino, mas elas podem ser vistas aderidas ao muco ou às células descamadas e aos tecidos necrosados. A ocorrência de enterite necrótica pode ser caracte-rizada no duodeno, jejuno e íleo e, menos frequen-temente no ceco, sob duas formas: subclínica e clínica com aumento de mortalidade.

Na enterite necrótica subclínica observa-se es-pessamento e descamação difusa da mucosa do duodeno, aderência de muco, restos celulares, con-gestão e hiperemia difusa. A enterite necrótica, as-sociada à presença do Clostridium sp no lúmen do duodeno, provoca aumento da conversão alimentar e redução do ganho de peso em frangos de corte.

A evolução da doença é rápida, podendo muitas vezes apresentar-se de modo agudo, ocasionando mortalidade de 5% a 15% do lote sem apresentar si-nais mais específicos. Quando não ocorre a medica-ção, a mortalidade persiste no lote por cerca de 10 a 14 dias.

As aves afetadas cronicamente apresentam edema, hemorragias e necroses de membros posteriores.

Medidas adotadas na Nutrição Animal visando à saúde intestinal

Ácidos OrgânicosOs ácidos orgânicos são importantes para ma-

nutenção da integridade intestinal por diversas características. Uma das principais é a sua ação bactericida. Devido a sua característica lipofílica, possuem capacidade de atravessar a membrana celular bacteriana por difusão, dissociar-se e liberar prótons, reduzindo o pH celular. Como a célula pre-cisa de pH neutro para manter seu metabolismo, ela necessita bombear prótons para o meio exte-rior. Esse mecanismo provoca gasto energético e pode resultar na morte celular devido à alteração do equilíbrio ácido-básico celular (Figura 1).

Figura 1: Representação do efeito antimicrobiano do ácido orgânico sobre a célula bacteriana

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Por apresentar esse efeito antimicrobiano, os ácidos orgânicos são capazes de eliminar bactérias como E.coli, Salmonella, Clostridium e Campylobac-ter, reduzindo o estímulo imune local. A redução de bactérias patogênicas no trato gastrintestinal tam-bém proporciona melhor digestibilidade e absorção de nutrientes, através da redução da competição com o hospedeiro e redução de perdas endógenas (menor turnover celular). Além disso, os ácidos orgâ-nicos melhoram a saúde intestinal, proporcionando maior altura de vilosidades e contribuindo na sele-ção da microbiota benéfica, favorecendo a exclusão competitiva e o estabelecimento de micro-organis-mos desejáveis no intestino.

De acordo com experimento realizado na Uni-versidade Federal de Goiás (UFG) em julho de 2008, um produto denominado “DA”, composto por uma mistura de ácidos orgânicos (HMTBa, ácido benzoico e ácido fumárico), foi eficiente na redução de Salmonellas thiphimurium em animais desafiados via papo e ração (Figura 2).

Além do efeito antimicrobiano, os ácidos orgâ-nicos também contribuem para a redução do pH estomacal, desempenhando importante papel na ativação de proteases gástricas e na ativação da secretina (responsável pela regulação do esvazia-mento gástrico e secreção pancreática).

Minerais OrgânicosTodas as rações fornecidas aos animais possuem

minerais na forma inorgânica ou orgânica; contudo, é muito importante identificar o quanto esses minerais são biodisponíveis para o animal. A vantagem dos minerais orgânicos sobre os inorgânicos se deve ao

Figura 2: Frequência de amostras positivas para Salmonella

Figura 3: Biodisponibilidade dos minerais orgânicos e inorgâ-

nicos

fato de estarem ligados a uma molécula orgânica, a metionina, por exemplo, formando um complexo estável no trato gastrintestinal. Os minerais orgâni-cos resistem à dissociação no papo, estômago e moela, chegando intactos no intestino, local onde ocorre sua absorção. As formas orgânicas dos mi-nerais zinco, cobre e manganês são muito utilizadas na nutrição animal e sua maior biodisponibilidade já foi comprovada (Figura 3).

Dia 7

100

80

60

40

20

0

Desafio no papo

% S

alm

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vaPapo + DA Desafio na dieta Dieta + DA

Dia 14 Dia 21 Dia 28

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AntioxidantesAntioxidantes são utilizados nos ingredientes

e nas rações para prevenir perdas oxidativas de vitaminas lipossolúveis, redução de energia metabolizável e degradação dos ácidos graxos insaturados. A oxidação dos alimentos possui um efeito negativo na proliferação celular do intestino e fígado, reduzindo a absorção dos nutrientes e causando o desequilíbrio da mi-crobiota entérica. Consequentemente, esses efeitos negativos reduzem o ganho de peso e a conversão alimentar.

Outro problema importante causado por oxi-dação de gorduras é perda de qualidade de carcaça. Já foi constatada uma maior oxidação

das membranas e outros componentes lipídi-cos do músculo de frangos de corte quando os animais são alimentados com dietas contendo gordura oxidada. Esse fenômeno causa a baixa estabilidade da carne durante o armazenamen-to, reduzindo a vida de prateleira.

Figura 4 – Efeito do zinco orgânico no turnover celular

Figura 6 – Dietas contendo antioxidantes proporcionaram maior

longevidade das células intestinais

O zinco é de extrema importância para o desen-volvimento intestinal, pois é fundamental no equilí-brio do turnover celular. A deficiência do zinco está associada ao aumento da morte celular em vários tecidos, elevando a taxa do turnover celular.

Um recente estudo em pintinhos de corte indicou que as células epiteliais do intestino dos animais de-ficientes em zinco possuíam vida curta em compa-ração com os animais suplementados com zinco or-gânico. A proliferação celular do intestino de animais deficientes e suplementados com zinco orgânico foi acompanhada utilizando-se bromodeoxyuridine como marcador. Amostras de tecidos intestinais fo-ram coletadas sete dias após a administração do marcador. A persistência do marcador foi clara nos animais suplementados com zinco orgânico, indi-cando maior longevidade das células intestinais e, consequentemente, menor gasto energético, maior digestibilidade e absorção de nutrientes. Esse efei-to é importantíssimo, principalmente nos primeiros dias de vida das aves (Figura 4).

Foi realizado, recentemente, um estudo em frangos de corte com os seguintes tratamen-tos: 1) dieta sem antioxidante, 2) dieta com o antioxidante etoxiquina, 3) dieta com gordura oxidada e sem antioxidante e 4) dieta com gor-dura oxidada e com o antioxidante etoxiquina. Foi comprovado o fato de que animais alimen-tados com dietas contendo antioxidantes apre-sentaram melhor conversão alimentar.

Outro estudo técnico, no qual os frangos de corte receberam dietas contendo ou não antioxidantes, tiveram suas células intestinais marcadas com bromodeoxyuridine. Após sete dias foram coletadas amostras intestinais que comprovaram que os animais alimentados com dietas contendo antioxidantes possuíram maior longevidade das células intestinais (Figura 6).

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ProteasesAs proteases têm sido incorporadas aos ali-

mentos das aves com o propósito de melhorar seu desempenho e, com isso, sua rentabilidade. As dietas das aves, compostas principalmente de milho, soja e ingredientes de origem animal, pos-suem algumas características ou componentes que podem dificultar digestão e prejudicar a inte-gridade intestinal dos animais.

A soja, por exemplo, contribui com cerca de 70% da proteína em dietas avícolas e possui fatores antinutricionais que proporcionam decréscimos da digestibilidade da proteína e da gordura e reduzem a absorção de nutrientes, principalmente de ami-noácidos sulfurados. Dessa forma, enzimas com atividades de proteases estão sendo desenvolvi-das como alternativa para melhorar a qualidade do farelo de soja e de outros ingredientes protéicos, como a farinha de penas.

As proteases atuam degradando as proteínas complexas e reduzindo os efeitos dos fatores an-tinutricionais, tornando os nutrientes mais disponí-veis para o animal, além de reduzir a viscosidade intestinal. Para uma protease ser eficiente é ne-cessário que sua atividade biológica resista aos rigores de fabricação, à estocagem da ração e ao baixo pH.

Wang et al. (2007) relataram que o uso de uma protease PWD-1-queratinase com ampla ação em diversos substratos proteicos, inclusive na caseína, queratina, colágeno e elastina, e resistente a altas temperaturas de peletização proporcionou melhoras na conversão alimentar e na integridade intestinal das aves, indicando significantes benefícios na morfologia intestinal dos animais aos 42 dias de idade.

BibliografiaBAILEY, J. S.; STERN, N. J. e COX, N. A. A commercial field trial evaluation of mucosal starter culture to reduce Salmonella incidence in proces-sed broiler carcasses. Journal of Food Protection, v.63, p. 867-870, 2000.BOLELI, I. C.; MAYORKA, A. e MACARI, M. Estrutura funcional do trato digestório. In: Macari, M; Furlan, R. L.; Gonzáles, E. Fisiologia aviária aplicada frangos de corte. Jaboticabal: Funep, 2002. Cap. 5, p.75-95.CUNNINGHAM-RUNDLES, S. The effect of aging on mucosal host defense. Journal of Nutrition, Health & Aging, v.8, p.20-25, 2004.DIBNER, J. J.; KITCHELL, M. I.; ANDREWS, J. T.; WEHMEYER, M. E. e IVEY. F. J. Feeding of oxidized fats to broilers. Poor performance is asso-ciated with changes in cell turnover and the gut associated immune system. Poultry Science, v.73 (Suppl), p.47 (Abs), 1994.GEYRA, A.; UNI, Z. e SKALN, D. Enterocity dynamics and mucosal development in the pos-hatch chick. Poultry Science, v.80, p.776-782, 2001.HUSBAND, A. J. Mucosal memory, maintenance and recruitment. Veterinary Immunology and Immunopathology, v.87, p.131-136, 2002.ITO, N. M. K.; MIJAYI, C. I.; LIMA, E. A. e OKABAYASKI, S. Saúde gastrointestinal, manejo e medidas para controlar as enfermidades gastrointes-tinais. In: Produção de frangos de corte. Campinas, SP.: FACTA, Fundação Apinco de Ciências e Tecnologia Avícolas, 2004. Cap. 13, p.207-215.SKALAN, D. Development of the digestive tract of poultry. World Poultry Science Journal, v.57, p.415-428, 2001.UNI, Z.; PLATIN, R. e SKLAN, D. Cell proliferation in chicken intestinal ephitelium ocurrs both in the crypt and along the villus. Comparative Physio-logy B., v.168, p.371-375, 2004.VAN LEEUWEN, P.; MOUWEN, J. M. V.; VAN DER KLIS, J. D. e VERSTEGEN, M. W. Morphology of the small intestinal mucosal surface of broilers in relation to age, diet formulation, small intestinal microflora and performance. British Poultry Science, v.45, p.41-48, 2004.YUN, C. H.; LILLEHOJ, H. S. e LILLEHOJ, E. P. Intestinal immune response to coccidiosis. Developmental and Comparative Immunology, v.24, p.303-324, 2000.

Considerações Finais

A integridade intestinal tem um impacto direto na eficiência da produção animal. Portanto, é necessá-ria a adoção de medidas visando aumentar a longe-vidade dos enterócitos.

O animal gasta cerca de 20% da energia bruta consumida para manutenção do epitélio intestinal, o que significa um elevado custo energético para o frango de corte. Quando ocorrem lesões nesse teci-do, além da redução do volume de substrato digerido e absorvido, há ainda uma maior demanda energéti-ca para a renovação celular. A energia que poderia estar sendo utilizada para a produção é direcionada para o turnover celular, resultando em um menor ga-nho de peso e em uma alta conversão alimentar.

Dessa forma, a rentabilidade da atividade produti-va é diretamente afetada quando alguma das variáveis apresentadas prejudica a integridade intestinal. Para reduzirmos esse impacto é importante adotarmos me-didas preventivas durante todo o ciclo produtivo, den-tre elas: fornecimento de alimentos de alta qualidade; realização de bom manejo sanitário de água, alimento e cama; monitoramento de parasitoses; uso dos aditi-vos alimentares, medicamentos e vacinas.

* Luciana Gouvêa Francoé Zootecnista formada pela Universidade de São Paulo - USP e integrante do Departamento Técnico da Novus do Brasil.

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Temperatura ambiental e sua influência na reprodução

O efeito da sazonalidade sobre a reprodução das matrizes suínas é amplamente discutido em diferentes países onde a suinocultura é expressiva e a influência da estação do ano como fator am-biental negativo à reprodução tem sido descrita em diferentes estudos. Dois são os fatores atribuídos à estação do ano: luminosidade e temperatura ambiente. O efeito de um ambiente climático adequado ao animal, associado a fatores como a genética, a nutrição e a sanidade do rebanho, reflete em uma melhoria significativa da produção. Muitas vezes, os animais são alojados em situações que não propi-ciam um conforto térmico adequado e, com isso, o potencial reprodutivo ou produtivo desses animais não é expresso na totalidade. Diminuição das taxas de fertilidade e aumento das taxas de retornos ao cio e de abortos e, ainda, aumento da mortalidade embrionária são alguns dos efeitos negativos das altas temperaturas sobre matrizes em gestação.

Os suínos são animais homeotérmicos e, por isso, têm a necessidade de manter a temperatura corporal dentro de determinados limites

Alisson C. T. SchmidtCoordenador Técnico Comercial de

Suínos da Nutron Alimentos

Fabrício PenaforneCoordenador de Produção de Suínos

da Cooperativa Castrolanda

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Su

íno

s

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Os suínos são animais homeotérmicos e, por isso, têm a necessidade de manter a temperatura corporal dentro de determinados limites (tabela 1) indepen-dentemente da variação da temperatura ambiental. Para manter a temperatura corporal constante, os animais homeotérmicos dispõem de mecanismos fisiológicos, metabólicos e comportamentais tanto para produzir calor quanto para perder calor para o meio. Os suínos caracterizam-se por serem sensíveis ao frio quando pequenos e ao calor quando adultos. As perdas de calor nos suínos acontecem basica-mente por meios não-evaporativos.

Condução: ocorre através do contato com super-fícies (piso).

Radiação: o calor propaga-se pelo ar por meio de ondas eletromagnéticas.

Convecção: a perda do calor ocorre pela superfície do corpo em contato com o ar.

As perdas por evaporação são limitadas e ocor-rem, principalmente, pela respiração, já que a sudo-rese ocorre em baixas taxas, em função de as glân-dulas sudoríparas serem queratinizadas.

Souza (2004) determinou que, em ambientes com

ventilação forçada e nebulização, o número de leitões mumificados foi menor em relação aos ambientes com ventilação normal, tanto no inverno quanto no verão (tabela 2).

Wentz e Bortolozzo (2001) concluíram que matri-zes com temperatura retal igual ou inferior a 39,5°C no dia da primeira inseminação apresentaram taxa de retornos ao estro 12 pontos percentuais mais baixa em relação ao grupo de matrizes com tempe-

ratura retal superior a 39,5°C no dia da cobertura. Taxa de parto e tamanho da leitegada também fo-ram diferentes entres os dois grupos (tabela 3).

Mesmo com trabalhos técnicos na área de-monstrando que temperaturas fora da zona de conforto dos animais têm um efeito negativo sobre reprodução e produção, o controle dessa variável nas granjas não é frequente e, muito menos, a bus-ca por uma correlação com os transtornos repro-dutivos recorrentes.

O objetivo desse estudo foi correlacionar os retor-nos ao estro e os abortos com a amplitude térmica ocorrida no dia do evento (retorno ou aborto), assim como com a temperatura máxima no dia do evento.

O estudo foi realizado na Cooperativa Castro-landa, região dos Campos Gerais, no estado do Paraná. As informações de retornos ao cio e o de abortos foram extraídas de relatórios diários de um

Tabela 2. Média de leitões mumificados.

Tratamento EstaçãoNº de

Mumificados

Sistema com ventilação

forçada e nebulização

Verão 1,47b

Sistema com ventilação natural Verão 1,7a

Sistema com ventilação

forçada e nebulização

Inverno 1,3c

Sistema com ventilação natural Inverno 1,48b

Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente

(p>0,01).

Tabela 3. Efeito da temperatura retal (TC) no 1º dia da inseminação artificial sobre a taxa de retorno ao estro (TRE), taxa de parto (TP) e tamanho de leitegada (TL) em fêmeas classificadas em dois grupos de TC.

Grupos N TP (%) TER (%) TL (n) Média DP

G1 (≤ 39,5°C) 424 89 8,3 a 12,3 ± 0,31 a

G2 (>39,5°C) 24 73,4 b 20,3 b 11,4 ± 0,26 b

a, b: na coluna, valores ligados por letras distintas diferem (p<0,05).

Tabela 1.

Temp. Ideal (°C) Temp.Crítica (°C) Umidade Relativa %

Min Máx Min Máx Ótima

Matrizes 12 18 0 30 50 - 70

Leitões

Nascimento 30 32 15 35 70

1 semana 27 28 15 35 70

2 semanas 25 26 13 35 70

3 semanas 22 24 13 35 70

4 semanas 21 22 10 31 70

5 a 8 semanas 20 22 8 30 50 - 70

20 a 30 Kg 18 20 8 27 50 - 70

30 a 60 Kg 16 18 5 27 50 - 70

60 a 90 Kg 12 18 5 27 50 - 70

Fonte: Silva (1999)

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Bibliografia• WENTZ, I.; BORTOLOZZO, F.P.; et al A hipertermina durante o estro pode afetar o desempenho reprodutivo de fêmeas suínas. Ciência Rural, v.31, n.4, p.651-656, 2001;• Comunicado Técnico 444, EMBRAPA Suínos e Aves, Concórdia 2006;• SOUZA, P.; Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 7, EMBRAPA Suínos e Aves, Concórdia, 2004;• NUNES, C.G.V.; et al Efeito do Acondicionamento térmico ambiental sobre o desempenho reprodutivo da fêmea suína. Revista Brás. Zootec v.32, n.4, p.854-863, 2003.

software de gerenciamento e as informações sobre temperaturas máximas e mínimas ocorridas foram obtidas no site Tempo Agora. Foram avaliados da-dos dos meses de fevereiro a abril de 2009. Os da-dos avaliados são referentes a 4 mil matrizes.

Para avaliar a influência da amplitude térmica, os dados foram agrupados em três categorias: amplitude de até 4°C, amplitude entre 4,1°C e 8°C e amplitude maior do que 8°C. Pode-se observar que a ocorrência tanto dos retornos quanto dos abortos se concentrou nos dias em que a amplitude térmi-ca foi superior a 8°C (tabela 4).

Quando se avaliou a ocorrência desses eventos com a temperatura máxima ocorrida, observou-se também uma relação direta entre a temperatura má-xima, o número de retornos e o de abortos. Para essa

avaliação, os dados foram divididos em dois grupos: temperatura máxima de até 24°C e temperatura máxi-ma superior a 24°C (tabela 5). Total de eventos avalia-dos: 102 abortos e 389 retornos ao cio.

Com a análise dos dados, podemos realmente observar no campo o que encontramos na literatura: a temperatura ambiental interfere de forma negativa no desempenho reprodutivo das matrizes. Outra con-clusão a que podemos chegar é que a busca pela informação precisa, baseada em dados, deve ser uma rotina dentro do sistema de produção (granjas, agroindústrias, cooperativas). O início da solução de um problema passa por um bom diagnóstico, fun-damentado em informações precisas, permitindo a interferência da maneira correta nas causas funda-mentais do problema em questão.

Tabela 5. Correlação entre o nº de retornos ao cio e o de

abortos com a temperatura máxima.

Variável MêsTemperatura Máxima

Até 24 Maior de 24

Aborto

fev.09 13,04% 86,96%

mar.09 30,23% 69,77%

abr.09 38,89% 61,11%

Retorno ao cio

fev.09 29,87% 70,13%

mar.09 21,09% 78,91%

abr.09 49,53% 50,47%

Total Aborto 29,41% 70,59%

Total Retorno

ao cio

32,39% 67,61%

Tabela 4. Correlação entre o nº de retornos ao cio e o de

abortos com a faixa de amplitude térmica.

Variáveis Mês

Faixa de amplitude

Até 4°C Entre 4,1

e 8°C

Maior

de 8°C

Aborto

fev.09 9% 17% 74%

mar.09 0% 23% 77%

abr.09 0% 17% 83%

Retorno ao cio

fev.09 1% 21% 78%

mar.09 0% 21% 79%

abr.09 0% 15% 85%

Total Aborto 2% 20% 78%

Total Retorno

ao cio

1% 19% 80%

* Fabrício Penaforne Borges é Zootecnista formado pela Uni-versidade Federal de Lavras e fez MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Atualmente é coordenador da produção de suínos da Cooperativa Agropecuária Castrolanda.

* Alisson C.T. Schmidt é Médico Veterinário formado Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especialista em Nutrição Animal (suínos e aves) pela Universidade Federal do Paraná. Co-ordenador Técnico Comercial na área de suínos da Nutron Alimentos.

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Túlia Moreira L. de OliveiraMédica Veterinária e Consultora

Técnica de Suínos da Elanco Saúde Animal

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Existem perdas nosistema de produção?Como identificar as fases de maiores perdas, as causas e as possíveis soluções para esse silencioso mal da produtividade

Su

íno

s

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A busca por suínos rentáveis é uma neces-sidade do produtor atual. Animais uniformes, saudáveis, com o peso desejado pela indústria e com alta rentabilidade são a tradução do con-ceito de Suínos de Máximo Valor™.

Como produzir o maior número possí-vel de Suínos de Máximo Valor™?

Nos sistemas de produção, grande número de animais não alcança o peso desejado na ida-de ideal de abate. Em um estudo recente nos EUA, John Deen, pesquisador da Universida-de de Minnesota, afirma que, em média, 30% a 35% dos leitões nascidos jamais atingem peso aceitável de abate e seu máximo valor, ou seja, não desenvolvem todo o potencial de produtivi-dade1.

Esse dado é um alerta, já que, normalmen-te, mensura-se no sistema somente o número de animais que geraram rentabilidade, e pouco é registrado quanto ao número de animais que deixou de alcançar seu potencial máximo e qual é a causa desta perda.

Normalmente, tomamos conhecimento do cálculo da rentabilidade do sistema apenas pelo número de animais que são vendidos. Informa-ções como quantos animais deixaram de ser abatidos com o peso ideal e quais as principais causas de perdas no sistema são muitas vezes informações ignoradas ou até mesmo dispensa-das pelo produtor.

Quando não é foco da administração da pro-dução mensurar as perdas e calcular o quanto

se deixou de ganhar com elas, o produtor dificil-mente consegue visualizar o problema, mensu-rar o prejuízo e, o que é pior, não busca a solu-ção para o problema.

Mensurando desuniformidade no sis-tema de produção

O fator que mais afeta a rentabilidade de um sistema é a desuniformidade dos animais. Esse problema é notado normalmente através da va-riação de peso dos suínos por ocasião do abate. Esse fato influencia negativamente nos índices de produtividade do plantel.

A desuniformidade indica claramente que boa parte dos animais de determinado lote não expressou todo potencial de crescimento e ga-nho de peso, deixando de ser, então, Suínos de Máximo Valor™.

Identificar a fase do ciclo de produção que apresenta maior número de animais desunifor-mes é o primeiro passo para a inserção de me-didas corretivas efetivas para o sistema.

Como mensurar a desuniformidade?Mensura-se desuniformidade realizando pe-

sagem de animais de um lote (com a mesma idade) individualmente e tabulando-se os pe-sos. Calcula-se então o desvio padrão e a mé-dia aritmética dos pesos dos animais do grupo. O coeficiente de variação (CV) será encontrado quando dividirmos o desvio padrão pela média aritmética da população em questão. Esse nú-mero é usado estatisticamente para descrever o

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32 #1NT

grau de uniformidade de um grupo: quanto me-nor for o valor do coeficiente de variação, maior será a uniformidade da população.

Segundo a revisão bibliográfica2,6,7,8 sobre o CV esperado em cada fase do sistema de pro-dução foi possível estimar os seguintes valores: para grupos ao nascimento, aos 21, 70, 105, 140 e 161 dias são esperados CV de 25%, 20%, 15%, 13%, 10% e 9% respectivamente2,6,7,8. (Gráfico 1.)

Coeficientes de variação dentro da mesma idade, acima dos especificados, são um sinal vermelho para a rentabilidade do sistema, pois ela irá traduzir a desuniformidade do grupo.

Quais são as causas da desuniformi-dade no sistema?

A maior ameaça à produção de Suínos de Máximo Valor™ é bem conhecida: são as do-enças. Segundo John Deen, “doença é a prin-cipal causa de não obtermos máximo valor de

suínos”1. Elas são responsáveis por elevar o nú-mero de suínos que não atingem o valor máxi-mo (maior mortalidade, descartes e baixo peso, desuniformidade) e, por isso, produtores e vete-rinários devem estar atentos. Tomar as medidas necessárias para evitar doenças e tratar os suí-nos rapidamente é de grande importância.

No caso de baixo peso, quase sempre há um componente de doença. Na creche, doença causa 40% da mortalidade3. Esse número não considera as perdas causadas pelo desgaste do animal resultante da batalha do sistema imune do hospedeiro contra as infecções bacterianas oportunistas. Segundo pesquisas de Deen e ou-tros, esse cenário, combinado com variação de pesos de desmame, pode reduzir ainda mais a chance de que suínos afetados atinjam máximo valor em idade de abate4.

Durante a fase de crescimento-terminação, os suínos são expostos a ainda mais desafios de doenças. Uma das doenças mais comuns nessa fase é a ileíte. Em sua forma crônica, a ileíte reduz o ganho e aumenta o número de ani-mais de baixo peso. As doenças de forma geral têm o papel de criar variação nos grupos de suí-nos, afirma Deen. “Seja doença respiratória ou entérica, não afeta todos no grupo igualmente. Assim, alguns reduzem o ganho de peso e ou-tros não, levando a ampla variação.”4

Ao final da terminação, ocorrem mudanças fi-siológicas que tornam os suínos menos eficien-tes em ganhar peso corporal, especialmente carne magra5. Mais energia é usada em manu-

Gráfico 1: Metas de coeficiente de variação em diferentes idades

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Bibliografia1 Deen, J., Personal interview, Dec. 2003.2 R.G. Main; S.S. Dritz; M.D. Tokach; R.D. Goodband; & J.L.Nelseen; J. Anim. S. 2004. 82: 1499 – 1507;3 USDA-APHIS Veterinary Services. Swine 2000, August 2001.4 Deen, J., Dritz, S., et al. The effect of weaning weights on the survivability, growth and carcass characteristics of pigs in a commercial facility. Proc. 15th IPVS Congress, 1998.5 Tubbs, R. and Deen, J. Economics of respiratory and enteric disease. Proc. AASP, 1997.6 Schinckel, A. and Einstein, M. Concepts of pig growth and composition. Purdue University Pork Page, www.ansc.purdue.edu/swine/porkpage. Accessed March 2006. 7R.G. Main; S.S. Dritz; M.D. Tokach; R.D. Goodband; & J.L.Nelseen; J.Anim. S. 2004. 82: 1499 – 1507;8 Mike Ellis ATSC Illinois 2004

* Túlia Moreira L. de Oliveira é Médica Veterinária formada pela Universidade Federal de Minas Gerais e Consultora Técnica de Suínos da Elanco Saúde Animal.

33#1NT

tenção e menos para ganho de peso6. Segundo pesquisas, esse processo normal começa a se manifestar a partir de peso superior a 90 kg6. “Durante o último mês da terminação, ocorre o maior consumo diário de ração e a conversão alimentar piora à medida que o suíno perde efi-ciência de conversão de ração em carne magra e passa a depositar mais gordura. Isso explica porque é tão importante implementar medidas de manejo que possam melhorar o desempe-nho nesse período.”6

Medidas para redução da desunifor-midade no sistema de produção

Doenças na creche e na fase de crescimento e terminação, aliadas à possível redução de ga-nho de peso em fase final de terminação, pode fazer que os animais fiquem muito abaixo de seu máximo valor potencial. O ganho diário e o número de animais de Máximo Valor pode ser melhorado através do controle de doenças, me-lhoria da qualidade da ração ou ajuste de outras variáveis de produção.

Cada sistema terá a solução de acordo com o desafio e com a fase identificada como sendo problemática para a produtividade. Para isso, é essencial lançar mão de dados que identifi-quem as fases de maior desuniformidade no sistema. O conhecimento do Coeficiente de Va-riação da população pode nortear medidas de ação para solucionar o problema em questão e permitir a redução das perdas, aumentando a lucratividade.

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Somatotropina:resultados consistentes em rebanhos comerciais

José Roberto PeresGerente de Negócios de Bovinos Leiteiros

da Elanco Saúde Animal

Bo

vin

os

de

leit

e

O interesse na somatotropina bovina (bST) teve início em 1932, quando Asdell (1) demonstrou a resposta em produção leiteira de cabras tratadas com extra-to cru de pituitária. Através da evolução das técnicas para análise química de proteínas, em 1940 ficou claramente estabelecido que o agente que induzia o aumento de produção de leite era a somatotropina.

Posteriormente, com o advento da biotecnologia, o bST foi um dos primei-ros produtos aplicáveis à produção animal obtido por engenharia recombinante. Desde então e por mais de 20 anos essa tecnologia tem sido estudada ao redor do mundo, constituindo-se numa das tecnologias agrícolas mais extensivamente estudadas no que se refere ao desempenho animal e segurança para animais e humanos.

34 #1NT

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Avaliação comercial de longo prazo

Os experimentos científicos demonstraram resultados notavelmente consistentes, com au-mento na produção de leite e da eficiência produ-tiva. Após sua aprovação nos Estados Unidos em 1994, a adoção da tecnologia foi bastante rápida, permitindo que, através de um sistema central de gerenciamento de rebanhos (DHI), fosse possível avaliar o impacto do uso de somatotropina ao lon-go de vários anos. O estudo, publicado no Journal of Dairy Science (2), teve como base 340 reba-nhos comerciais no noroeste dos Estados Unidos, cujos dados no período entre 1990 e 1998 (quatro anos antes e quatro anos depois da aprovação) foram avaliados.

O grupo controle consistiu de 170 rebanhos que nunca fizeram uso da somatotropina (antes ou depois de sua aprovação), ao passo que o grupo tratado consistiu de outros 170 rebanhos que adotaram a tecnologia imediatamente após sua aprovação e continuaram a dela fazer uso por pelo menos os quatro anos seguintes à apro-vação, tratando pelo menos 50% das vacas em lactação. Nesse período de 8 anos, participaram do estudo mais de 80 mil vacas, que represen-taram mais de 200 mil lactações e 2 milhões de pesagens de leite. Dois tipos de avaliação foram realizados: o primeiro baseado nos controles lei-teiros dos rebanhos e o segundo, nas curvas de lactação dos animais.

Para interpretação dos dados, o ano de 1993 foi adotado como referência (zero) e as variações nos valores avaliados em relação a esse ano foram assumidas como consequência do manejo geral das fazendas. A análise incluiu os dados compre-endidos entre 1990 e 1998, sendo que o período entre 1990 e 1993 foi denominado pré bST e o período entre 1994 e 1998, pós bST. Foi utiliza-do um modelo estatístico que corrigiu a produção dos animais como se eles tivessem a mesma ida-de, o mesmo estágio de lactação e de prenhez, e tivessem parido no mesmo mês em todos os controles. A tabela 1 mostra a média dos dados controlados para os dois grupos, no dia dos con-troles leiteiros.

Tabela 1: Média dos dados controlados.

Rebanhos (número)Controle 176 bST 164

Todos 340

Parâmetro Pré Pós Pré Pós Média

Vacas em lactação (número/rebanho)

74,9 75,7 84,9 90,5 81,1

Leite (kg/dia) 27,2 28,8 28,0 33,0 29,3

Gordura (%) 3,67 3,64 3,63 3,57 3,63

Proteína (%) 3,21 3,15 3,19 3,17 3,18

Escore Cél. Somáticas

3,22 3,08 3,10 3,17 3,14

Idade do rebanho, dias

1663 1580 1585 1510 1594

Dias em lactação 166 151 169 150 161

Qualquer melhora na produção, devido ao me-lhor clima, fornecimento de alimentos, educação, preço do leite etc., foi assumida como similar para os dois grupos ou pelo menos deve ter mudado a uma mesma taxa; portanto, qualquer diferença adicional seria atribuída ao uso do bST.

A figura 1 mostra a evolução da produção ao longo dos anos, tendo 1993, o ano anterior à apro-vação, como referência. O desempenho melhorou de forma semelhante para todos os rebanhos nos primeiros quatro anos, como indicado pela inclina-ção positiva das curvas. Posteriormente, o grupo tratado com somatotropina teve marcante aumen-to na produção diária de leite, que coincidiu com o início do uso da tecnologia. Daí em diante, o desempenho do grupo tratado evoluiu novamente de forma paralela ao grupo controle. A resposta ao uso do bST é refletida na diferença entre as duas curvas após a aprovação do produto (1993) e claramente permaneceu relativamente constan-te durante todo o período avaliado. Essa mesma tendência foi encontrada na produção de gordura e proteína.

As comparações dos dados relativos ao dia do controle são apresentados na tabela 2. A resposta ao bST (coluna de diferenças gerais) representa as médias para todas as vacas dos rebanhos.

Período, variando entre 3,08 e 3,22 (aproxima-damente 106.000 e 117.000 CCS/ml – tabela 1).

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José Roberto Peres é En-genheiro Agrônomo formado pela ESALQ/USP, Mestre em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP e Gerente de Negócios para a Área de Produção de Leite da Elanco Saúde Animal.

Houve distinção entre as variações ano a ano para idade e dias de lactação (DEL) ao longo dos períodos de pré e pós aprovação, mas elas foram similares para ambos os grupos. Em contraste, a CCS permaneceu relativamente constante ao lon-go do estudo (dados não apresentados).

Portanto, as médias são baseadas na suposi-ção de que todas as vacas em lactação no dia do teste haviam sido tratadas com bST. Os resultados indicam que as produções de leite, gordura e pro-teína foram aumentadas em resposta ao bST; du-rante o período após a aprovação, esse aumento diário (nas médias dos rebanhos) foi de 2,9 kg de leite, 88 g de gordura e 100 g de proteína. Obvia-mente, em cada controle, uma porcentagem das vacas em lactação recebeu o bST, mas nem toda vaca é candidata ao tratamento (p.ex.: primeiros 60 dias pós-parto), e os produtores normalmente não tratam todas as vacas elegíveis. Sendo assim, se admitirmos que 70% das vacas do rebanho foram tratadas, a resposta média por vaca tratada seria da ordem de 4,1 kg de leite.

A saúde e permanência das vacas no rebanho também são importantes e os dados de controle do DHI fornecem informações de idade, dias em lactação (DEL), e contagem de células somáticas (CCS) das vacas em lactação. As diferenças entre os grupos foram mínimas para esses parâmetros. O uso do bST resultou em diferenças médias não significativas entre a idade dos rebanhos e número de dias em lactação. Os dados ainda indicam um pequeno, mas estatisticamente significativo au-

mento na CCS, todavia os escores lineares foram baixos para ambos os grupos.

Tabela 2. Comparações das diferenças no dia dos controles.

Variável

Diferenças nos

rebanhos controle1

Diferenças nos

rebanhos com bST2

Diferenças gerais3

Leite, kg/d 0,9 ± 0,12 3,02 ± 0,12 2,93**

Gordura, g/d

-42 ± 5 46 ± 5 88**

Proteína, g/d -25 ± 4 75 ± 4 100**

CCS, esc. linear

-0,04 ± 0,02 0,16 ± 0,02 0,20**

Idade, dias -7,8 ± 4,8 -5,1 ± 4,8 2,7

DEL, dias 8,2 ± 1,3 8,4 ± 1,3 0,2

**P < 0,011- Médias dos rebanhos controle após aprovação menos o período pré-aprovação. 2- Médias dos rebanhos com bST após aprovação me-nos o período pré-aprovação. 3- Resposta ao bST. Calculado como a diferença dos rebanhos com bST menos as diferenças dos rebanhos controle.

Bibliografia

1. Asdell, S.A. 1932. The effect of the injection of hypophyseal extract in advanced lactation. Am. J. Physiol. 100:137-140 2. Bauman, D.E., R.W. Everett, W.H. Weiland, and R.J. Collier. 1999. Production Responses to Bovine Somatotropin in Northeast Dairy Herds. J. D. Sci. 82(12):2564-2573

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Figura 1: Evolução da Produção de leite quatro anos antes e depois da aprovação da Somatotropina nos EUA

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CJ do Brasil LtdaRodov. Piracicaba – São Pedro, Km 10Zona Rural – ÁrtemisPiracicaba/SP - 13432-000(11) 3717.8804

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Page 38: Revista NT 001

nutrição e saúde em vacas leiteiras

Hepatoprotetores

Renato Palma NogueiraConsultor Técnico de Bovinos de Leite

da Nutron Alimentos

Bo

vin

os

de

leit

e

38 #1NT

Page 39: Revista NT 001

O maior desafio para a vaca leiteira moderna é, sem dúvida, o período compreendido entre o pré e o pós-parto, que recebe o nome de período de transição. Nesse curto período de tempo (três semanas antes e três semanas depois do parto), a vaca sofre sensíveis alterações de um dia para outro, como: alterações hormonais, imunossu-pressão, crescimento fetal, produção de colostro e início da lactação. Tudo isso acontece no mo-mento em que, repentina e consistentemente, a vaca reduz o consumo de alimentos.

A natureza se encarregou de priorizar a sobre-vida do recém-nascido em detrimento das neces-sidades da mãe nesse momento crítico. Como as vacas são incapazes de compensar o aumento re-pentino da exigência de nu-trientes, elas entram em ba-lanço negativo de nutrientes. Na última semana de ges-tação e nas duas primeiras semanas de lactação, o tecido adiposo é respon-sável por 90% a 95% da energia mobilizada, o que representa uma perda de 2 kg a 3 kg de peso vivo diário (SANTOS, 2006). Essa mobilização de gor-dura para atender a demanda de nutrientes nesse período em que o consumo é incapaz de atender a demanda de energia (BEN - balanço energético negativo) aumenta a concentração de corpos ce-tônicos e, se for excessiva, pode causar doenças comuns em rebanhos leiteiros, como a cetose e

o fígado gorduroso (esteatose hepática). Sempre há o questionamento se essas doenças ocorrem devido ao produtor “forçar” demais a vaca.

Entretanto, isso não é verdade absoluta, pois re-centes congressos mostram que o balanço energé-tico negativo não tem correlação com produção de leite, mas sim com consumo. Portanto, independen-temente do nível de produção dos animais,sempre é importante que as vacas aumentem rapidamente o consumo após o parto para que o balanço nega-tivo de energia seja mínimo.

Observações comuns de campo mostram que a mobilização de reservas pode ser muito maior em um animal com 20 kg de leite, que não

possui apetite, nem consu-mo suficiente de energia, do que em uma vaca saudável e com alto consumo produ-zindo 40 kg de leite. Muitas ações são efetivas para que as vacas aumentem (pós-

parto) ou não reduzam o consumo (pré-parto). Algumas dessas ações são mais básicas e ou-tras mais refinadas, como o conceito de hepa-toprotetores; o mais recente avanço nutricional para garantir a ótima funcionalidade do fígado e não o sobrecarregar em momento curto de tem-po, permitindo que o animal expresse o máximo consumo de nutrientes em curto espaço de tem-po e refletindo em ganhos em sanidade, reprodu-ção e produção.

Hepatoprotetores

A natureza encarregou-se de priorizar a sobrevida do recém-

nascido em detrimento das necessidades da mãe neste

momento crítico

39#1NT

Page 40: Revista NT 001

Cetose, fígado gordo e a importância do fígado

A origem da cetose e do fígado gordo são si-milares e tem como etiologia a alta mobilização de triglicerídeos do tecido adiposo e o fluxo excessivo de ácidos graxos ao fígado. Os sintomas clínicos característicos de cetose incluem acentuada redu-ção no consumo de alimentos, fezes escassas e de consistência firme, abrupta redução na produção de leite, perda excessiva de peso e hálito adocica-do. Em casos severos ou quando o tratamento não é instituído tão logo a doença seja diagnosticada, o quadro clínico pode agravar-se e sintomas neu-rológicos como incoordenação motora, bruxismo, constante tentativa de lamber objetos podem estar presentes.

Uma sobrecarga do fígado com AGNEs pode induzir esteatose e alterações da função hepática. Um dado alarmante é a condição do fígado acu-mular mais de 500 gramas de gordura por dia, isso é o equivalente a mais de 6% do peso total do fíga-do. Nesse ritmo, o fígado poderia estar repleto de gordura em apenas duas semanas! (Baseado em cálculos de Drackley, 2001. Journal of Dairy Scien-ce 84:E100-E112). O fígado representa 2% do peso vivo de uma vaca e 30% da mantença. Em uma vaca leiteira de alta produção passa pelo fígado 2 mil litros de sangue por hora, sendo que 70% da glicose presente no organismo de uma vaca leiteira é originária da gliconeogênese hepática (transfor-mação de aminoácidos e produtos da fermentação das bactérias em glicose realizada pelo fígado).

O que faz o fígado de uma vaca leiteiraCom tantas funções vitais nesse órgão, se ele

não tiver toda a sua capacidade funcional, teremos perda de produtividade e decréscimo na saúde do rebanho. Isso, por si só, já justificaria toda a preo-cupação e os investimentos com essa fase.

Perdas na saúde do rebanhoCetose diminui atividade e produção de neutró-

filos e aumenta a incidência de mastite e de metrite. Vacas com queda abrupta de consumo mobilizam mais reservas, aumentam-se NEFAs (ácidos gra-xos não esterificados, que é o marcador e o indica-dor de excessiva mobilização quando está alto), o que está altamente relacionado com a metrite.

Por que as vacas têm metrite?

Glucose Triacilglicerídeos (gordura)

METABOLISMOÁCIDOS GRAXOS

SÍNTESEPROTEÍNA

Corpos cetônicos

Uréia

Ácidos graxos

Propionato Aminoácidos

N-NH3

UREOGÊNESE

GLUCONEOGÊNES

1,10

0,88

0,66

0,44

0,22

0,00

25

20

15

10

5

0

-2 -1 1 2 3 4 5

-2 -1 1 2 3 4 5

NEFA

(mEq

/l)CO

NSUM

O M

S (K

G)

Vacas com saúde uterina N = 22

Vacas com metrite < 14 dias N = 18

Vacas com metrite aos 28 dias N = 43

SEMANA DA LACTAÇÃO

SEMANA DA LACTAÇÃO

Fonte: Hammon Et. Al., 2006

40 #1NT

Page 41: Revista NT 001

3

2,5

2

1,5

1

0,5

0

Baixa gordura na célula

Alta gordura na célula

Transformação do propionato em glicose (nmol/ug DNA/h)

In Vitro

95

90

85

80

75

105

100

95

90

85

80

750.01 0.05 0.1 1 2.5 0.1 0.5 1.0 2.5 5.0

Corpo cetônico (mM) Corpo cetônico (mM)

Atividade dos neutrófilos Produção dos neutrófilos

Perda de produção de leiteA glicose é precursora da lactose – açúcar do leite

– e, como é um potente regulador osmótico, é a res-ponsável pelo volume total de leite produzido. Perdas de 1 kg a 4 kg de leite no primeiro mês da lactação são descritos como cetose e dados europeus e canaden-ses sugerem 4 % a 6% menos de produção de leite durante toda a lactação.

Vacas com fígado gordo produzem menos glicose (Fonte: Cadorniga-Valino et al.1997. JDS 80:646-656).

Existem quatro pontos de controle da cetose e apenas um não está no fígado (J.Santos, 2006).

A redução da perda de peso é o método mais efe-tivo para reduzir a cetogênese. Por isso, manipulações nutricionais e o bem-estar animal são extremamente importantes para minimizar as flutuações de consumo de alimento no período pré-parto e maximizar a inges-tão de energia no início da lactação. Ações básicas para evitar o problema incluem:

- boa condição corporal ao parto- conforto- manejo e boas instalações que evitem queda de consumo

- evitar estresse térmico e super lotações no pré e pós-parto- drench com propilenoglicol- ionóforos- dietas bem balanceadas- hepatoprotetores, cujo conceito vem se tornando cada vez mais comum.

Gord. fígado (8 sem. Pós-parto) Serviços/concepção Intervalo entre partos

Inte

rval

o en

tre p

arto

s (d

)

Gord

ura

no fí

gado

(%)

ou S

ervi

ços/

Conc

epçã

o

16

14

12

10

8

6

4

2

0

400

390

380

370

360

350

340

Fígado gordo

moderado

1,6 1,73

14,5

2,39

severo

359

395,5

Falhas reprodutivasVacas que acumulam gordura no fígado têm piora na taxa de concepção.

Fonte: Reid Et. Al. (1979) The Veterinary Record 104:75-76.

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Page 42: Revista NT 001

Recorde Mundial (2006) = 34,502 kgHartje-Meyer 9792 - WI

Pico = 125,86 kg de leiteMédia na lactação = 94,85 kg de leite

3,2% Gordura e 2,9% de proteína

Produção com saúde - Granny5.279 dias em produção

(Média de 39 kg de leite na vida produtiva)208.024 kg de leite na vida útil

7 ton. de gordura na vida5,84 ton. de proteína na vida

Nasceu 24/01/86 / Morreu: 06/06/06

Hepatoprotetores São vitaminas do complexo B que possuem

atuações essenciais no processo de síntese e exportação de VLDL (lipoproteínas de densida-de muito baixa) ou ajudam o fígado a produzir glicose. Fazem parte desse conceito: Niacina (protegida),Colina (protegida) e Biotina. Outros conceitos nessa mesma linha de raciocínio seriam cromo metionina, metionina e propilenoglicol. Um exemplo de atuação de Hepatoprotetor seria a Co-lina, que ajuda a exportar gordura de baixa densi-dade do fígado.

Em congresso no Brasil, Ric Grummer, um dos autores da última edição das Normas Nutricionais para Vacas Leiteiras dos EUA, fez o seguinte co-mentário sobre as vitaminas do complexo B: “O NRC considerou os dados insuficientes para esti-mar a contribuição da síntese microbiana de ami-noácidos e vitaminas e os modelos de predição não estabeleceram os requerimentos para amino-ácidos, colina e vitaminas do complexo B. No caso das vitaminas, acredita-se que a síntese microbia-na e as fontes dietéticas que escapam da degra-dação ruminal fornecem quantidades adequadas e que a suplementação não é necessária. No entan-to, com o aumento na produção de leite, essa ideia tem sido bastante questionada. Erdman (1992), em uma excelente revisão, sugere que essas vitaminas podem ser fatores limitantes para as vacas em lac-tação. Estima-se que o suprimento desses nutrien-tes para o intestino delgado esteja entre 3% e 30% dos prováveis requerimentos. Deve-se considerar a possibilidade de que esses animais tenham-se adaptado às limitações na disponibilidade desses nutrientes. De que outra forma se explica a capa-cidade da vaca leiteira moderna se manter e ainda produzir um excesso de 15 vezes a quantidade de leite necessária para o bezerro sem a suplementa-ção desse nutriente? Os efeitos da suplementação desses nutrientes sobre a saúde e o desempenho reprodutivo do animal devem ser considerados.” (Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, 2009).

ConclusãoLevantamentos americanos apontam cetose

entre 25% e 60% do rebanho e levantamentos ho-landeses, na ordem de 54% de todas as vacas exploradas nesse país. Portanto, esse problema é realmente um gargalo no sistema de produção leiteira eficiente que deve aliar saúde com pro-dução de leite. A literatura mundial especializada

* Renato Palma Nogueira é Zootecnista e especialista em Nutrição e Manejo de vacas leiteiras, formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). É consultor técnico em Bovinos de Leite da Nutron Alimentos.

está começando a repensar a suplementação de vitaminas do complexo B para esse propósito, pelo menos na transição, que é o período mais crítico. Isso é uma quebra de paradigmas e quan-do eles se quebram a ciência caminha a passos mais largos. Afinal, a vaca moderna não é mais aquele animal de 40 anos atrás, quando muitas verdades foram construídas, principalmente a res-peito da necessidade de vitaminas do complexo B. A oportunidade de termos acessíveis, agora, no mercado, vitaminas do complexo B protegidas da degradação ruminal vai acelerar a velocidade com que avançamos nesses conceitos. A Provimi, maior grupo de nutrição animal do mundo, traba-lha esse conceito há anos em suas formulações na transição e com ótimos resultados em vários países como Holanda, França e Estados Unidos. Chegou a hora de realizarmos as nossas observa-ções aqui no Brasil, afinal o fígado é o “coração” da vaca leiteira moderna.

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Confinamento de bovinos de corte:

uma trajetória de aprendizado

Danilo GrandiniGerente de Negócios de

Bovinos de Corte da Nutron

Ao considerar o confinamento total dos animais como o estágio máximo da tecnificação na produção animal, uma vez que possibilita a máxima expressão do potencial genético, a trajetória do uso de maior aplicação de tecnologia no setor de pecuária de corte está fundamentada no próprio desenvolvimento político-econômico vivenciado nos anos que se seguiram após a eleição de Fernando Henrique Cardoso como presidente do Brasil. As consequências de ações de controle da inflação, desvalorizações cambiais, redução dos excedentes produtivos europeus, doença da “vaca louca” nos EUA e crescimento do PIB Mundial certamente fazem parte de um contexto que explica o momento atual. Cronologicamente, dividimos estas fases em: até 1993, de 1994 a 2000, de 2001 a 2006, e pós 2007.

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Confinamento de bovinos de corte:

uma trajetória de aprendizado

Até 1993

Essa fase é conhecida como “expansão territorial” visto o enorme processo inflacionário no país (figura 1). Em uma situação como essa, existe uma profunda distorção entre valor e preço, um desestímulo na apli-cação de recursos no mercado de capitais (poupan-ça, títulos...) e, consequentemente, investimento em bens de raiz, como terras e imóveis, que costumam se valorizar durante o processo inflacionário. Os avanços tecnológicos desse período são os lançamentos de novas variedades de sementes forrageiras e a consci-ência da necessidade de suplementação com macros (fósforo, sódio) e microminerais na dieta dos animais. A produção caracteriza-se por um animal que ganha peso nas águas e perde parte dele na seca, criando a expressão “boi sanfona”, retardando assim seu abate para 4 a 5 anos de vida.

1994 a 2000Certo da necessidade de estancar o maior pro-

blema para o crescimento nacional da época, o novo governo lança o plano real. Plano esse que, por meio

de uma âncora cambial, fortalece o real perante o dólar e cessa a inflação inercial corrente no país. O efeito é quase que imediato sobre a taxa de inflação (figura 2) e as consequentes distorções sobre preço e valor. Dessa forma, o produtor vê o preço de venda do boi gordo cair perto de 25%. A pergunta do pe-cuarista para esta fase é: O que devo fazer?

Ao analisar a curva de ganho do que hoje chama-mos novilho precoce, observa-se a necessidade de atenuar a perda de peso da estação seca do ano e, com isso, encurtar a idade de abate do animal e recu-perar a receita da propriedade na unidade de tempo. Inicia-se, assim, uma nova forma de ver a atividade pecuária, de maneira que a receita passa a ser medi-da em R$/ano ou, na melhor avaliação, R$/ha/ano.

Os avanços tecnológicos desse período são os proteinados. Seu conceito de somar uma fonte pro-téica à suplementação mineral já aceita produz, na seca, um efeito, não de manutenção, mas até de ga-nho de peso, vindo ao encontro da necessidade do produtor. A produção caracteriza-se por um animal que ganha grande parte do peso nas águas, agora com tecnologias de rotação de pastos e correções

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1991 1992 1993Inflação (% ano) IGP-M

Figura 1 - Processo inflacionário no país

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Inflação (% ano) IGP-M

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Figura 2:

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de fertilidade e melhoria da suplementação de seca para manutenção de bons ganhos médios anuais, mas ainda abatido quase que exclusivamente a pasto.

Uma importante característica desse período foi a retomada do desenvolvimento do setor frigorífico justificado pelo baixo custo de modernização, favorecido pela valorização cambial e também pelo aumento per capita do con-sumo de carne bovina, representado pelo incremento de renda gerado pela queda da inflação (figura 3).

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Exportação (mil ton. equiv. carcaça)

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NOVILHO PRECOCECurva de desenvolvimento

MONTA NASC. NASC.MONTA MONTADESM. DESM.

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PASTO PASTOSUPLEMENT

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Consumo per capita (kg equiv. carcaça)Figura 3

Figura 4

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2001 a 2006

É chegada a hora de repensar o modelo econômico adotado para combate da inflação. Assim, o governo toma medidas de desvalorização do real perante o dólar, acreditando na extinção da memória inflacionária e na necessi-dade de inverter conta corrente existente (importação/exportação).

Importante nessa fase foi também a redução dos excedentes produtivos da União Europeia e a queda das ex-portações americanas de carne bovina, decorrente do caso de BSE (doença da vaca louca) nos Estados Unidos. O Brasil torna-se então um dos maiores exportadores de carne (figura 4) por ter estrutura produtiva e industrial reestrutu-rada e pelas condições externas favoráveis. A pergunta do pecuarista para esta fase é: Como devo fazer?

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Não só o desempenho da pecuária mudou como também a agricultura encontra-se renovada, passan-do a gerar cada vez mais excedentes de subprodutos, grãos e farelos, disponibilizando assim ingredientes para que o pecuarista acesse o mais intensivo das tecnologias, que é o confinamento total dos animais. Voltam-se os olhos para o modelo de produção do no-vilho precoce (figura 5) e foca-se na fase final de engor-da. As pastagens tropicais (c4) dificilmente possuem densidade nutricional adequada para os padrões de acabamento – agora cobrados pela indústria frigorífi-ca – algo que, em pasto, só poderia ser atingido com maior permanência no sistema, traduzindo em atraso no abate (idade do animal).

O avanço tecnológico dessa época é represen-tado pela introdução do confinamento total em larga escala, focado na fase final de engorda. Porém, ainda

com alto teor de volumoso nas dietas formuladas, o que leva ao desenvolvimento de soluções forrageiras (sorgo forrageiro, silagem de capim, variedade de cana-de-açúcar forrageira...) especificamente criadas para atender a demanda crescente de informação e tecnologia. A produção é representada por um animal de ciclo curto na propriedade, parte da estação seca, e pelo máximo uso das pastagens na estação chuvosa e subsequente ingresso no confinamento incorporado assim ao sistema de produção da propriedade e não com finalidade puramente especulativa.

2007 até os dias atuais

O avanço da técnica de confinamento total e o consequente aumento das escalas produtivas esbar-raram na operacionalidade das práticas vigentes, ou seja, alta inclusão de volumosos na formulação. Fica

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Figura 6 - Área necessária de plantio, para terminação de animais. Confinamento com 40% de participação de volumoso na dieta (base MS).

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Área de cana-de-açúcar* (ha) Área para silagem de milho ** (ha)

* produtividade de 90 ton./ha ano** produtividade de 38 ton./ha ano

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milho (ton)soja (ton)

Figura 7

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claro que a maior escala é inimiga de um conceito que regia o volumoso como base de formulação (fi-gura 6). E fica mais claro ainda que a maior inclusão de grãos nas dietas é um caminho sem volta, devido à estruturação da agricultura no Brasil (figura 7). A pergunta do pecuarista para esta fase é: Como fazê-lo com eficiência?

Fazê-lo eficientemente remete adaptação da nossa realidade a uma sistemática de trabalho já provada e utilizada nos países que se adiantaram nessa tecnologia. Ou seja, são invariáveis a busca da conversão como meta e do custo do ganho como decisão. É importante frisar que não se busca com essa metodologia incremento de ga-nho de peso, mas sim menor custo para o mesmo ganho, pois o mérito genético agora passa a ser a próxima limitação.

O impacto de se formular com alta densidade nutricional (NDT > 80%) contra baixa/média densi-dade nutricional (NDT > 68/72%) representa uma economia próxima a 15% de matéria seca para o mesmo ganho, sem contar benefícios indiretos com a redução operacional da entrega de alimen-tos e a padronização dos ganhos devido à possibi-lidade de maior ingestão de energia pelos animais de menor potencial genético (baixa capacidade de ingestão). Apresentar essa etapa como tendência seria uma injustiça, pois tendência subentende modismo; preferimos a palavra caminho. Prova do caminho que o mercado está trilhando é o acom-panhamento feito pela Nutron Alimentos, via seu software Feed Manager de gerenciamento zootéc-nico, dos resultados obtidos até 2007 e 2008, com

145 mil animais avaliados (nelore, macho inteiro). Nota-se, entre os períodos, uma economia de 5kg de MS/@ ganhos, 6% melhores ganhos de peso, 1% no aumento de rendimento, mesmo com au-mento de 12 dias de permanência e abate com praticamente mesmo peso final.

O avanço tecnológico desta fase em construção será dado pela combinação de técnicas que auxiliem na maior incorporação de grãos em dietas de final de engorda, bem como tecnologias que promovam melhor digestão. A produção será representada por um animal de melhor mérito genético, selecionado-por sua ótima taxa de ganho, aportado por ambiente favorável (pasto de qualidade mais confinamento) e produção de excelentes rendimentos industriais.

Próxima abordagem: Confinamento de bovinos de corte no Brasil: uma trajetória de aprendizado (foco no resultado financeiro).

Conversão (kg MS / @)

Rendimento

Diárias

GPD (X100)

Peso saída

Peso entrada

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Figura 8

2008

até...

* Danilo Grandini é Zootecnista, formado pela Unesp Jaboticabal, espe-cialista em Análise Econômica e Gerente Nacional de Negócios em Bovinos de Corte da Nutron Alimentos.

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Suplementação de verão: desperdício ou benefício?

Sabrina ConeglianDepartamento Técnico da Bunge

Fertilizantes /Serrana Nutrição Animal

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Suplementação de verão: desperdício ou benefício? A busca pela melhoria da eficiência na pro-

dução de carne tem mudado o perfil da pecuária brasileira, que, da posição de empreendimento extrativista, tem atingido diferentes patamares no sentido de intensificação total. Nesse contexto, a suplementação a pasto surge como uma alterna-tiva capaz de reduzir a idade de abate, aumentar a taxa de desfrute dos rebanhos, aumentar o giro de capital e produzir carcaças de alta qualidade, podendo inclusive promover alterações na com-posição de ácidos graxos. A produção animal, qualquer que seja a espécie em questão, é de-pendente de fatores como consumo e valor nu-tritivo da dieta, sendo que para bovinos de corte, incluí-se a água, a forragem e os suplementos protéicos, energéticos e minerais.

O uso de suplementos, com a finalidade de me-lhorar o aproveitamento das forragens no período das águas, tem gerado resultados controversos. A quantidade e o tipo de suplemento usado para alcançar maior resposta animal vai depender da qualidade da forragem, da condição do animal e das condições climáticas, além de outros fatores.

Segundo pesquisadores, no período das águas, a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias ruminais normalmente não seria um fator limitan-te e a energia seria a prioridade da suplementa-ção. Dessa forma, o fornecimento de suplementos energéticos poderia melhorar a utilização das pas-tagens, desde que sejam tomados cuidados para manter um balanço energético/protéico no rúmen, minimizando o efeito substituição.

Trabalhos científicos demonstram que a su-plementação de novilhos cruzados em pastagem de Coastcross (Cynodon dactylon (L.) Pers) apre-sentando massa de forragem acima de 2 mil kg de MS/ha, com diferentes níveis de casca de soja (0; 0,2; 0,4; e 0,6% do PV), durante o período das águas, influenciou o ganho médio diário que foi

de 0,91 kg/dia, mas não houve diferenças entre os tratamentos. Esses resultados, juntamente com outros encontrados na literatura, demons-tram que a suplementação de verão é questio-nável e que a vantagem pode ser traduzida em maior taxa de lotação (efeito substituição), mas não em ganho individual.

Quando existe disponibilidade de forragem, de baixa à média qualidade, pode-se obter um ganho adicional de 0,2 kg/kg de NDT suplementado. Ao contrário, utilizando uma pastagem de boa quali-dade, esse ganho diminui significativamente.

Devemos lembrar que quando os animais têm forragem à vontade e recebem quantidade limitada de concentrado, deve-se considerar que a suplementação alimentar pode produzir dois efeitos: aditivo e substitutivo. O efeito aditivo causa maior ganho por animal, pois este con-some tanto a forragem como o suplemento; e o efeito substitutivo causa um maior ganho por área, pois, como a forragem é substituída pelo concentrado, pode-se aumentar a lotação da área. Nos dois casos, o produtor sai lucrando, pois está ganhando mais do que ganharia na-quela área sem a suplementação.

Por trás desses questionamentos sobre a su-plementação, é importante salientar que o desem-penho animal está diretamente relacionado com a oferta de forragem e com a massa de lâmina foliar.

* Sabrina Coneglian é Zootecnista, Doutora em Nutrição de Ruminantes pela Universidade Estadual de Maringá e integrante do Departamento Técnico da Bunge Fertilizantes/ Serrana Nutrição Animal.

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Marcos

O artesão da carne

Bassi

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Exímio na arte de preparar, cortar e servir cortes de carnes, Marcos Bassi trouxe dignidade ao rótulo de açougueiro e transformou seu nome em sinônimo de qualidade e bons serviços. Conhecido como Artesão da Carne e dono de uma das churrascarias mais sofisticadas de São Paulo, Bassi acredita que o churrasco é um grande estado de espírito, um momento de confraternização. Há mais de 40 anos envolvido com os prazeres da carne, iniciou seu conhecimento, ainda menino, com a venda de miúdos para comunidade italiana nas ruas do Brás. Ao lado de sua mãe, vendia carne aos imigrantes mais ricos da cidade, entre franceses, ingleses, suíços e italianos. A exigência de seus clientes, aliada a uma personalidade visionária, fez com que Bassi se tornasse um dos maiores especialistas em carne do Brasil. Em entrevista à Nutrition for Tomorrow (NT), Bassi elogia a qualidade da carne brasileira, comenta sobre o mercado favorável ao produtor, destaca o culto à carne - conceito de sua churrascaria Templo da Carne - e, é claro, dá dicas de como preparar um bom churrasco.

Nutrition for Tomorrow: A indústria nacional está crescendo e tendo mais conhecimento do mercado. Mas falta envolvimento do produtor?Bassi: O produtor ainda não tem a visão de que o Brasil possui 8,5 milhões de m² de área e de que ele não é um simples “vendedor e fazedor de carne”. Ele tem uma importância e um peso maior que toda a indústria de carne, ele é parte fundamental e a mais importante dessa cadeia. No mercado atual, o produtor precisa saber onde seu produto será vendido e para que público, ou seja, ele deve produzir o que o consumidor deseja comprar. O pro-dutor deve pensar: “Como eu posso fazer para melhorar o meu rebanho, ter mais produtividade e qualidade para atender meu consumidor?”. NT: Você acredita que o Brasil está cada vez mais profissional nes-se mercado de carne?Bassi: O Brasil é extenso em área produtiva e ainda produz muito pouco. O peso da carne no Brasil ainda é pequeno. No Uruguai, a carne representa 25% do PIB e, na Argentina, já chegou a representar isso. O Brasil possui o maior banco genético do mundo e pode produzir a qualidade desejada. Aqui se pode produzir a raça desejada, na qualidade dese-ja. Mas essa ação não depende do Ministério da Agricultura, depende do produtor.

NT: Quais são as diferenças entre a carne brasileira, a uruguaia e a argentina? Bassi: Na Argentina, a qualidade da carne está na raça Angus, que produz um animal com alta qualidade de carne. Então, não é o argentino que sabe produzir melhor. A mesma situação acontece com o Uruguai. No Brasil, temos condições de diversificar a raça de acordo com cada região. O nosso estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, pode criar Angus dez vezes melhor que a Argentina. Se o Uruguai e a Argentina quiserem criar um Nelore com a qualidade que criamos aqui, não conseguem. Aí está a diferença! Então, o que produzimos melhor que eles? Todos os tipos de carne que desejarmos.

NT: O rodízio pode ser considerado a marca registrada do brasileiro?Bassi: O rodízio se espalhou como negócio e não como cultura da carne. Não tenho nada contra o rodízio como ne-gócio, mas, como cultura da carne, sim. Ele presta um “desserviço” à carne. Todos acham que brasileiro come muita carne, ou que sabe comer, mas, na verdade, ele ainda não possui a cultura alimentar da carne. Em outros países, vende-se a carne pelo prato. Aqui, vende-se pela renda per capita do brasileiro.

NT: O churrasco está mais presente em nossa alimentação?Bassi: Há 25 anos, não havia mais de 1,5 milhão de pessoas fazendo churrasco. Hoje, são 60 milhões de pes-soas comendo churrasco no final de semana. É uma cultura. Não importa onde, numa laje fazendo espetinho ou numa churrasqueira de alvenaria com medidas padrão Marcos Bassi. O churrasco está instituído como lazer. Ele entrou na casas das pessoas, é um grande estado de espírito, uma confraternização. Mas fazer carne, corretamente, é diferente.

“No Brasil, temos condições de diversificar a raça de acordo com cada região. O nosso estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, pode produzir Angus dez vezes

melhor que a Argentina.”

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NT: Você estudou para desenvolver cortes exclusivos e artesa-nais como o “bombom” e a fraldinha. Como surgiu a ideia? Bassi: No Bexiga, onde tínhamos a Casa de Carnes, as pessoas pediam cortes de acordo com a cultura alimen-tar deles. Por exemplo, para inglês, eu vendia tenderloin, e não filé mignon. Então, com os diversos públicos que atendia, vi a necessidade de criar novos cortes, mas para isso precisava entender de anatomia animal. For-mado em veterinária, dei aula na faculdade sobre ana-tomia bovina, cortes, irrigação sanguínea e músculo. Mi-nistrei inúmeras palestras com um boi cortado no palco, mostrando a parte interna e a externa para as pessoas conhecerem o que comem. Hoje, a fraldinha é a segunda carne mais vendida in natura para churrasco. Criei um hábito alimentar através do cor-te, mas, para fazer isso, é preciso conhecer cada parte do animal, suas características quanto ao sabor e à maciez, o que pode ser cozido, assado ou grelhado.

NT: Anos de experiência como açougueiro, fizeram-no um especialista em carne. Esse foi o motivo para a criação da palestra “A Magia do Churrasco”? Bassi: Há 40 anos, o grande churrasco de São Paulo era o bifinho temperado de contrafilé e de filé mingon. Mas eu precisava vender outro tipo de carne. Então, reuni um grupo de clientes e fiz minha primeira palestra na churrasqueira que tínhamos na Casa de Carnes. Hoje, o Templo da Carne possui um espaço reser-vado para a palestra “A Magia do Churrasco”, onde os clientes aprendem desde a escolha da peça e do corte ao preparo do delicioso churrasco, exatamente como faço em meu restaurante.

NT: Quais são os erros clássicos dos “churrasqueiros”?Bassi: Convidar pessoas de que ele não gosta. Esse é o primeiro ponto. Porque fazer churrasco é um grande estado de espírito. Segundo, jogar água na chur-rasqueira. Outra dica é, ao acender a churrasqueira, não colocar muito carvão, ir adicionando aos poucos. Se colocar de uma vez, o braseiro vai baixar e depois vai criar labaredas. O que não é bom para a carne, nem para assar, nem para grelhar. Reservar a cinza do churrasco anterior também é bacana, pois, no momento em que o braseiro estiver pronto, você coloca essa cinza em cima da brasa e evita as labaredas quando a gordura entra em contato com o fogo. E, assim, você não tem de ficar como um bombeiro, apagando a brasa!Temperatura é importante. A dica é contar até 5 com a palma da mão acima do braseiro. Se aguentar, está bom para assar e grelhar a 40 cm do braseiro. Se contar 4, você vai queimar a carne; se der 6, você vai cozinhá-la.

NT: E com relação aos temperos, o que devemos usar? Bassi: O sal é sempre o melhor tempero. Se eu quero comer carne, quero sentir o sabor dela. Há 3 tipos de sal: para assar e para grelhar. O mais grosso é para assar carnes maiores, a 60 cm da brasa; o grosso é para assar carnes com até 1,5Kg, a 40 cm da brasa; e o fino (que é o grosso triturado) é para grelhar.

NT: O ponto da carne costuma ser outro drama de todo churrasqueiro. Existe algum truque com relação a isso?Bassi: O ponto certo da carne está na sua mão. Junte o polegar com o dedo indicador e aperte a base do polegar. Esse é o ponto mal passado. Troque pelo do meio, esse é de carne ao ponto. Se juntar com o dedo anelar, é a carne bem passada. No meu gosto, a carne deve sempre estar ao ponto!

“O churrasco está instituído como lazer. Ele entrou na casas das pessoas, é um grande estado de espírito, uma confraternização [...] Hoje, são 60 milhões de

pessoas comendo churrasco no final de semana.”

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NT: Existe uma forma certa de colocar as carnes na churrasqueira?Bassi: Devemos começar com as carnes que vão grelhar a 60 cm da brasa, que são as peças maiores e levarão mais tempo para ficarem prontas. No meio da churrasqueira, colocamos as peças médias e as que não devemos furar como as linguiças. Na parte de baixo, as peças finas que vamos grelhar. Lembrando que a costela deve ser colocada na parte do fundo, onde o calor está mais concentrado.

NT: Considerado um dos melhores especialistas no uso e no trato da carne, você acredita que elevou a carne à condição da alta gastronomia?Bassi: É o que faz o Templo da Carne! Você pode até saber fazer carne assada, temperada, com condimentos e molhos, cozida ou assada. Grelhar carne é extremamente diferente de tudo e muitos cozinheiros não se arriscam a fazer. Aqui, quem grelha não entende de corte de car-ne, quem corta carne não sabe grelhar. Cada um é especialista naquilo que faz!

NT: O Templo da Carne venceu, pelo quarto ano con-secutivo, o prêmio Gula na categoria da melhor chur-rascaria clássica de São Paulo. Qual a receita para tanto sucesso? Bassi: Trabalho, trabalho. Conhecimento, conhe-cimento. Aqui, no Templo da Carne, trata-se a carne de forma diferente, com o merecido res-peito de que ela precisa!

“O Marcos Bassi é um verdadeiro artista no corte e no preparo das carnes. Sua entrevista me fez refletir sobre a verdadeira finalidade do churrasco. Suas dicas são extremamente importantes para que uma confraternização entre amigos atinja o sucesso esperado, elevando o estado de espírito dos participantes, e para que a carne possa proporcionar seus prazeres, tratando nosso corpo e mente com o respeito que merecemos.Armando Gasparetti Neto, 38 anos, advogado.

“Na entrevista, Bassi nos mostra a realidade atual da pecuária, desconhecida por muitas pessoas, como eu, que não têm contato com a área do setor agropecuário. É gratificante saber que o Brasil tem condições e potencial para produzir umas das melhores carnes e que existem pessoas como Bassi, com visão para defender a pecuária e os produtos brasileiros. Bassi, que não ficou só na teoria, foi atrás daquilo que seu público desejava e assim conquistou reconhecimento como profissional e também no preparo de um bom churrasco. Não é à toa que é merecedor de vários prêmios.” Cláudia C. Nakasa, 34 anos, nutricionista.O

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Tratamento térmico na indústria derações

Marco LaraGerente de Vendas de Feed & Biomass

da Bühler S.A.

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Em resposta às demandas do mercado da ca-deia alimentar de proteína animal no sentido de redução microbiológica, o tratamento térmico das rações teve uma evolução chegando ao que é hoje no uso do retentor. As tecnologias utilizadas para redução microbiológica iniciaram-se com a peletização com condicionamento simples, pro-cesso em que já ocorre uma redução microbioló-gica, mas em menor escala.

Logo depois, introduziu-se a utilização do ex-pander, um equipamento colocado entre o con-dicionador e a peletizadora, que trabalha através do uso de pressão, aquecimento e posterior expansão. Assim, ele permite a redução micro-biológica através de altas temperaturas em curto espaço de tempo, assim como, pelo efeito da pressão e descompressão, destrói a membrana dos microorganismos.

O expander é um equipamento que não se mostrou efetivo para função de redução microbio-lógica, por questões de alto custo de energia elé-trica e de manutenção, inviabilizando-se como so-lução para tratamento térmico. Na mesma época, os fabricantes de rações e de equipamentos pro-puseram a alternativa de duplo condicionamento, ou até mesmo triplo condicionamento, em que se buscava maior tempo de retenção do produto.

Nesse momento, o aquecimento do próprio equipamento tornou-se necessário para evitar pontos de condensação que provocariam pon-tos de crescimento microbiológico. Por isso, fo-ram colocados dispositivos de aquecimento que variavam do aquecimento com jaqueta de vapor ao uso de resistência elétrica com isolamento térmico.

Também surge nessa época, a inovação do uso de resistência elétrica coberta com camadas de silicone que permitam a sua colocação em partes onde os outros dispositivos não tinham acesso, tais como as partes frontais dos condicionadores e os pontos de transição.

O duplo e o triplo condicionamento buscavam o aumento de tempo de retenção através do au-mento do tamanho e do número de condicionado-res. Entretanto, seu dispositivo de agitação eram pás, o que não garantia que todas as partículas da ração ficassem o mesmo tempo na retenção - princípio First In First Out (FIFO ou em português, PEPS - o primeiro que entra é o primeiro que sai).

A evolução desse sistema surgiu em meados

de 2000, com o uso do Retentor. Hoje, tornou-se um padrão para o tratamento térmico de ração. Esse processo permite que o condicionador atue em sua função original (mistura eficiente do va-por no farelo), deixando a retenção para outro dispositivo adequadamente dimensionado para essa funcionalidade, garantindo então o First In First Out do produto.

O princípio de retenção foi projetado através do uso de helicóide, permitindo que as partículas se movimentem lentamente e garantindo o FIFO. Contudo, o helicóide tem um efeito que gerava pulsos na descarga do produto, o que levou a um ajuste através do uso de um dispositivo de unifor-mização do fluxo.

O retentor possui as seguintes vantagens:- Garantia do princípio First In First Out.- Manutenção da temperatura do produto constante dentro do equipamento.- Baixo consumo de energia elétrica específica (kw/ton de ração).- Baixo custo de manutenção.- Controle que permite alta flexibilidade de ajuste dos parâmetros de tempo de retenção e temperatura da ração.- A retenção tem efeitos de melhoria da absorção de água pelo farelo, podendo acarretar melhoria da capacidade da peletizadora e/ou melhoria da qualidade do pélete.

Ciente de que o fator sanidade é de suma im-portância para seu plantel e visando atender às exigências dos seus clientes externos, o mercado brasileiro de ração já estabeleceu o uso do reten-tor como um padrão na aquisição de novas linhas de peletização, bem como para colocação em li-nhas existentes.

* Marco Lara é Engenheiro Químico, pós-graduado em Engenharia de Produção e especialista em Tecnologia de Ração pelo Swiss Feed Technology Institute, Suíça e Gerente de Vendas de Feed & Biomass da Bühler S.A.

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Romeo Bet assume Cooperalfa após forte crescimento

A sociedade-empresa, que faturou R$ 1,66 bilhões em 2008, terá seu terceiro presidente na história.

O produtor de alimentos, Romeo Bet, assume o cargo de presidente da Cooperativa Regional Alfa – Cooperalfa, depois de 12 anos na gestão do agrôno-mo Mário Lanznaster. Natural de Antônio Prado (RS), Romeo Bet foi líder cooperativo e comunitário. Assu-miu seu primeiro cargo na Cooperalfa como conse-lheiro de administração em 1981. Em 1985, tornou-

se secretário do conselho e atuou como gerente de cereais da Alfa.

Bet foi eleito 2º vice-presidente da Cooperativa por três mandatos consecutivos e propõe, ao assumir o cargo de presidente, “muito diálogo e continuidade de um trabalho sério, ético, eficaz e transparente junto aos associados, aos colaboradores e à comunidade”.

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Atento ao novo cenário, Bet pretende agir com cautela quanto à expansão da Coope-ralfa, que, nos últimos anos, seguiu um pla-no ambicioso de crescimento baseado em incorporações, aquisições e incremento na industrialização de cereais e rações.

Também vice-presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina, Bet man-terá o crescimento dentro das circunstâncias atuais do mercado, apoiando-se em capital próprio e avaliando criteriosamente as opor-tunidades. Outras dire-trizes da nova gestão serão sustentar a forte profissionalização da gestão e incluir, com mais intensidade, a mu-lher e o jovem agricultor

nos processos de decisão da Cooperativa.Lanznaster, que havia substituído o funda-

dor da Alfa, Aury Luiz Bodanese, que coman-dou a Cooperativa por quase 30 anos (de 1967 a 1997), encerra um ciclo na Alfa. Tal período foi marcado pelo crescimento anual médio de 19,4% (entre 1999 e 2008) e pela forte expan-são horizontal com incorporações, aquisições e investimentos em armazenagem, lojas agro-pecuárias, supermercados e combustíveis. “Foi uma troca de poder natural, sem engas-

gos, ouvindo e respeitan-do a opinião da base”, avaliou Lanznaster. “Sinto-me preparado e confiante para esta missão”, garan-tiu Romeo Bet, que conta com o apoio, o senso de

“Proponho muito diálogo e continuidade de um trabalho sério, ético,

eficaz e transparente”

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verdade e o empenho de milhares de pessoas. “So-zinho, nada farei, mas desses valores reconhecidos publicamente não podemos abrir mão”, afirmou.

Os demais dirigentes da Cooperalfa, eleitos para o próximo quadriênio, são: Cládis Jorge Fur-lanetto (1º vice-presidente) e Sérgio Antonio Gia-comelli (2º vice-presidente); como secretário do Conselho, permanece Luiz Furlanetto Neto, além dos conselheiros Fidele Antonio Zanella, Danilo An-tonio Risso, Gomercindo Daniel, Vilson Roque Fiori e Lauro Scalco.

A Cooperalfa conclui 2008 contando com 111 unidades, presença em 49 municípios de Santa Catarina, 3 no Paraná e Distrito Federal, 14.703 as-sociados e 1.750 funcionários. A receita global é de mais de R$ 1 bilhão e possui capacidade estática para armazenar 7,83 milhões de sacas de grãos. Nesse ano, a Cooperalfa comercializou 1,9 milhão de toneladas de defensivos agrícolas e 80,3 mi-lhões de toneladas de fertilizantes.

Segundo a edição de maio de 2009 da revista Grandes&Líderes, a Cooperalfa foi a 15ª colocada no ranking empresarial de Santa Catarina e estava entre as quatro maiores empresas do estado no segmento. Movimentou quase R$ 30 bilhões, colocando Santa Catarina entre as maiores forças agrícolas do país.

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Saiba MaisO cooperativismo brasileiro é hoje

uma importante força econômica no país. É composto por 7.682 cooperativas

dos diversos ramos, com mais de 7,8 milhões de cooperados, gerando cerca

de 250 mil empregos de forma direta. As cooperativas são responsáveis por

um volume de transações econômicas equivalente a 6% do PIB (Produto Interno Bruto), US$ 4 bilhões em exportações e

faturamento de R$ 84,9 bilhões. Existente em mais de 1,4 mil municípios brasileiros,

o sistema cooperativista é composto por 13 ramos, de acordo com as

especificidades das respectivas atividades econômicas. O ramo mais forte, em

termos de faturamento, é o agropecuário.

O cooperativismo no setor agropecuário

Em Minas Gerais, a partir de 1907, foram organizadas as primeiras

cooperativas agropecuárias. João Pinheiro, governador do estado, lançou

seu projeto cooperativista com o objetivo de eliminar os intermediários da produção agrícola, que na época

era controlada por estrangeiros. As cooperativas agropecuárias também

foram surgindo no Sul do Brasil, principalmente nas comunidades de

origem alemã e italiana, conhecedoras do sistema cooperativista europeu.

Atualmente, cerca de 20% das cooperativas brasileiras fazem parte do ramo agropecuário. Abaixo, os valores

consolidados do setor em 2008:

Número de cooperativas: 1.611 Número de associados: 968.767

Número de empregos diretos: 134.579 Participação no PIB agropecuário: 38,4%

Participação no PIB cooperativo: 47,5% Exportações diretas (2008): US$ 4 bilhões

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Fonte: OCB (Organização das Cooperativas

Brasileiras) e GEMERC (Gerência de Apoio ao

Desenvolvimento em Mercados).

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Produção com preservação ambiental:

Marcos Zordan

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Considerado uma medida de salvação para a agricultura e para a extensa cadeia do agronegócio em Santa Catarina, o Código Ambiental, que contou com apoio maciço dos produtores rurais do Sul do Brasil na Assembléia Legislativa, foi instituído em maio deste ano com a aprovação do governador do estado, Luiz Henrique da Silveira. Elaborado com base em argumentos científicos e com a participação de especialis-

tas, o código harmoniza e assegura a produção de alimentos e a proteção aos recursos naturais de acordo com as condições específicas de solo, clima, topografia e estrutura fundiária do território catarinense.Gaúcho de Lagoa Vermelha e residente em Santa Catarina há 35 anos, Marcos Zordan

é a favor da criação do Código Ambiental. Com 30 anos de vivência no cooperativismo, é presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) e da Cooperitaipu (Pinhalzinho), além de somar competências como diretor de agropecu-ária da Coopercentral Aurora (Chapecó). Confira a entrevista.

Produção com preservação ambiental: Santa Catarina mostrando o

caminho

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NT: Por que o senhor defende a criação de um código ambiental em Santa Catarina?Zordan: Eu não defendo um código para Santa Catarina, defendo um código para cada estado e, se possível, um para cada região, pois possuímos particularidades que devem ser respeitadas, como tipo e cobertura de solo, declividades e outros. Como principal motivo, se não viabilizarmos em torno de 30% das propriedades do estado, colocamos produtores despreparados nas periferias das cidades. NT: O que o código propõe? Quais os benefícios para os produtores?Zordan: O código propõe o uso racional, responsável e lógico das propriedades. Consideramos como benefícios: a mata ciliar com medidas mais justas, propriedades consolidadas, uso do cam-po de altitude, valorização da opinião técnica, remuneração das áreas de preservação. Ele também oferece tranquilidade aos produtores de ter uma lei dentro da sua realidade regional.

NT: Quantas propriedades rurais o código viabilizará?Zordan: O código viabilizará cerca de 30% das propriedades rurais do estado, sem causar prejuízos ao meio ambiente. O importante é a forma responsável com que o produtor está enfrentando a situação.

NT: Como esse código estadual foi elaborado?Zordan: Foi elaborado partindo da necessidade de viabilizarmos uma boa parte das propriedades do estado, juntamente com setores identificados com a causa, apoiados pela grande maioria dos parlamentares e assumido pelo governador do Estado.

NT: Qual seria o impacto para os produtores e para o estado de Santa Catarina se o Código Federal fosse imposto?Zordan: Não acreditamos que isso aconteça, mas, para 30% dos produtores, seria o fim de umaatividade e, para o Estado, sem dúvida, haveria uma queda violenta de arrecadação, com um custo social muito grande. A área de produção de leite, que é uma base fundamental no estado, é a que mais sofreria. Hoje, aproximadamente 50% dos produtores de leite estão fora das normas ambien-tais federais. Na avicultura, são 20%. E, na suinocultura, 30%. Então, veja o prejuízo se essas pes-soas tiverem de abandonar suas atividades. A quase totalidade delas produz nas mesmas áreas há 20, 30, 40 anos. A nossa preocupação é absoluta. Nós queremos proteger o ambiente sim, mas também queremos que o agricultor tenha a possibilidade de produzir e de sobreviver.

NT: Esse código proposto não entra em conflito com a lei federal?Zordan: Se simplesmente analisarmos a lei, sim; mas a Constituição nos possibilita essa condição. Além disso, temos um Código Florestal de 1965. NT: Qual o problema em Santa Catarina na atual legislação federal?Zordan: Não só em Santa Catarina, mas os problemas existem em todos os estados, pois cada um possui suas particularidades de solo, cobertura vegetal, declividade, altitude e outros.

NT: Que soluções foram encontradas para viabilizar a produção com proteção ambiental?Zordan: Primeiro, fazer um código condizente com a nossa realidade. Após isso, trazer a responsa-bilidade para o produtor, fazendo com que ele seja um agente responsável pelo meio ambiente e não como muitas vezes foi taxado de “destruidor da natureza”. Com o código, conseguimos provar que é possível produzir sem poluir, com “responsabilidade ambiental”. Temos de ter ciência de que existem problemas, mas devemos enfrentá-los com responsabilidade.

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NT: O que significa, para os produtores e para o meio ambiente, a mudança de 30 metros para 5 metros nas áreas de vegetação próximas aos rios?Zordan: O código jamais vai ignorar qualquer fato que venha prejudicar o meio ambiente. A questão da mudança de 30 metros para 5 metros de mata ciliar não deve ser interpretada dessa maneira. Com isso, aquele produtor que tem uma “sanga” de 2, 3 ou 4 metros de largura não tem de deixar 30 metros de mata ciliar de cada lado, ocupando 60 metros de largura de sua propriedade, que muitas vezes tem de 100 a 130 metros de largura, inviabilizando qualquer atividade, pois ele tem em média de 10 a 12 hectares de terra. Isso oferece condições para que o produtor trabalhe com responsabilidade, sem poluir. No código LEI nº. 14.675, de 13 de abril de 2009, Art. 114, determina: rios com até 5 metros de largura exigem uma mata ciliar de 5 metros; rios com largura de 5 a 10 metros deverão ter 10 metros de mata ciliar; já para os rios acima de 10 metros, a mata ciliar deverá ter 50% da largura do rio. Outro ponto muito importante é que o código prevê estudo técnico pela EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) nos casos especiais, pois dependem do tipo de solo e vegetação de cobertura e da declividade do solo. Portando, a mata ciliar não deve ser de 5 metros, mas sim estar de acordo com a largura do rio, ressaltando ainda o parecer técnico de empresas e entidades oficiais.

NT: Uma pesquisa Datafolha mostrou que 94% dos entrevistados preferem a suspensão do abate de ár-vores, mesmo que isso signifique frear o crescimento da produção agropecuária. Como o código vê essa situação? Zordan: Acreditamos que 100% dos produtores do nosso Estado estão de acordo com a pro-dução responsável e ambientalmente correta. O novo código ambiental não dá permissão para ninguém desmatar ou derrubar uma árvore; essa ideia é errônea com relação ao código. Jamais seríamos irresponsáveis para ignorar o que acreditamos ser um dos pontos mais importantes para a conservação do meio ambiente. O produtor sabe que se pensar somente nele, sem se preocupar com o meio ambiente, amanhã seus descendentes não terão mais a oportunidade de continuar produzindo.

NT: De que forma o código ambiental de Santa Catarina viabiliza a agricultura no Estado e preserva o meio ambiente?Zordan: A preservação do meio ambiente vem do conhecimento e da orientação que o próprio código prevê. Como, por exemplo, proposta de remuneração ao produtor rural que se dispuser a manter a floresta nativa em pé e a recuperar e proteger as nascentes e como o financiamento e o subsídio de empreendimentos sustentáveis daqueles que sejam minimizadores ou recuperadores da poluição e da degradação. Dessa maneira, o código viabiliza a agricultura e colabora com o meio ambiente.

NT: Como foi o trabalho da OCESC na elaboração desse documento?Zordan: Primeiramente, ocorreu uma reunião com todas as entidades ligadas ao setor produtivo, Nela, um grupo de pessoas foi encaminhado para dar andamento aos trabalhos e escolheu a OCESC como entidade coordenadora. Com essa definição, a Ocesc escolheu dois coordenado-res: o presidente da Cooperio e o da OCESC, juntamente com um representante da FAESC e um da FETAESC para dar seguimento ao projeto.

NT: Como foi o apoio dos produtores e das entidades da agricultura para a aprovação do código?Zordan: Apoio total. Todos tiveram a oportunidade de se manifestar; então, acredito que o “setor produtivo” deu sua contribuição com maturidade e responsabilidade. Quero fazer uma menção especial ao Governador do Estado que assumiu e sancionou a nova Lei, pela coragem, pelo conhe-cimento e pela visão de que as coisas mudam e a tecnologia esta aí pelo mundo afora mudando conceitos.

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Elio CasarinPresidente da Cooperativa A1

Décadas de vivência no cooperativismo, comprometimento com o associado e vas-ta experiência no setor são algumas das características que Elio Casarin traz para a Presidência da Cooper A1. Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), trabalhou no serviço de Extensão Rural e também no INCRA (Instituto Na-cional de Colonização e Reforma Agrária). Há 30 anos, ingressou como gerente técnico na Cooperativa Regional Arco-Íris Ltda. (antecessora da CooperA1) e permaneceu no cargo de vice-presidente por 23 anos.

Ao lado de Luiz Hilton Temp, que permaneceu por três décadas na Presidência, Ca-sarin colaborou para o crescimento da Cooperativa, que, na década de 70, ainda era pequena, empregava menos de 100 pessoas e ocupava a 25ª posição em faturamento no ranking estadual. Atualmente, a CooperA1 tornou-se a segunda maior cooperativa agropecuária catarinense, com 5.296 associados.

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Em 2008, quando Elio Casarin assumiu a Pre-sidência, o lucro da cooperativa foi de R$ 10,8 mi-lhões, superando o número de 2007, que ficou em torno de R$ 9 milhões. “Foi um ano atípico, no qual o setor agropecuário enfrentou sérias dificul-dades. A forte estiagem reduziu acentuadamente a produção da soja, mas mesmo assim obtivemos um crescimento de 6,7% em relação a 2007”, ex-plica Casarin.

Quanto aos investimentos para 2009, o presi-dente demonstra cautela, mas avalia que todos os projetos com recursos garantidos serão concluídos. “Nossa Cooperativa não investirá o mesmo que no ano passado. Os novos investimentos programados para este semestre foram suspensos e adiados para o segundo semestre ou para próximo ano”, afirma Casarin. Para ele, o ano de 2008, principalmente o 1° semestre, foi um dos melhores de seus 30 anos de cooperativismo. Casarin atribui esse sucesso à equipe profissional e ao apoio das Diretorias e do quadro social, que colaboraram para o desenvolvi-mento da região, com a modernização das proprie-dades rurais, alterando processos de produção dos agricultores associados.

Como sucessor de Temp, Elio Casarin con-sidera fundamental a transformação da agricul-tura de subsistência em um negócio moderno, com uso intensivo de tecnologias, tornando-se

competitiva no mercado. Acredita que, com os al-tos e baixos da economia, a estrutura da Cooperati-va é segura e afirma que a crise econômica atual está trazendo mais co-operados, cerca de 100

associados por mês. “Ao longo destes 76 anos de funcionamento, a Cooperativa criou um lastro muito sólido, ajustando-se em suas despesas, estoques e criando um fluxo de caixa saudável. Durante esses 30 anos, conseguimos mostrar que o associativismo é o melhor caminho, pois aqui o produtor pode buscar seus projetos de investimentos, assistência técnica, vender sua produção e, com isso, melhorar seu lucro”, afir-ma. Para o presidente da Cooper A1, o maior de-safio dessa gestão é fazer com que o associado continue investindo, focando na produtividade e reduzindo os custos. Nesse cenário, as par-cerias e o meio ambiente tornam-se elementos fundamentais para o crescimento da Coopera-tiva e dos cooperados, pois oferecem aos pro-

Promover o desenvolvimento sustentável é fundamental para satisfazer às necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações da cooperativa

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Futuros projetos da Cooperativa A1• Construção de fábrica de alimentos para suínos em Mondaí, SC.• Conclusão da ampliação da loja em Iporã do Oeste, SC.• Término da construção de dois silos graneleiros com capacidade de 75 mil toneladas cada.• Aquisição das instalações para funcionamento da Unidade de Palmitos, independentemente da Matriz.• Aquisição de terreno para ampliação da loja em Itapiranga, SC.

dutores garantia de produção, que é essencial para alcançarem bons resultados em eficiência e custos.

Para a Cooper A1, promover o desenvolvi-mento sustentável é fundamental para satisfazer às necessidades do presente sem comprometer as futuras gerações da Cooperativa. Por isso, um dos principais desafios para a produção de suínos e leite na área de ação da Cooperativa A1 é a questão ambiental, pois 93% da região é de mini e pequenos produtores pertencentes à

agricultura familiar. Esses associados possuem uma área média de 12 hectares cada um; nela, o espaço para depósito de dejetos é um fator limitante. “Temos 100% de nossos produtores de suínos e aves com a licença ambiental em mãos ou encaminhada. Estamos conscientizando os produtores para a construção de composteiras e esterqueiras, devido ao tamanho das proprieda-des. Além disso, incentivamos a participação na construção de biodigestores para transformação do gás em energia no projeto Alto Uruguai.”

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AVICULTURAAveExpo 2009 & III Fórum Internacional de AviculturaData: de 19 a 21 de agosto de 2009 Local: Hotel Mabu, Foz do Iguaçu/PRInformações: (19) 3252-1993Site: www.aveexpo.com.br

IX Simpósio Goiano de AviculturaData: 03 e 04 de setembro de 2009Local: Castro’s Park Hotel, Goiânia, GOInformações: (62) 3203-3665Site: www.agagoias.com.br

Expovizinhos - Exposição Agropecuária e Industrial Data: 24 a 29 de novembro de 2009Local: Parque de Exposições de Dois Vizinhos, PRSite: www.expovizinhos2009.com/

SUINOCULTURA14º Congresso Nacional da Abraves (Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos) Data: 26 a 29 de outubro de 2009Local: Center Convention Uberlândia, Uberlândia, MGInformações: (31) 3409-2001 Site: www.vet.ufmg.br

BOVINOS DE CORTE9ª TecnoCarneData: 25 a 27 de agosto de 2009Local: Centro de Exposições Imigrantes, São Paulo/SPInformações: (11) 3234-7725Site: www.tecnocarne.com.br

V Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de CarnesData: 25 a 27 de agosto de 2009Local: Centro de Exposição Imigrantes, São Paulo, SPInformações: (19) 3743-1884 Site: www.ital.sp.gov.br

Expoinel 2009 - Exposição Internacional do Nelore Data: 17 a 27 de setembro de 2009Local: Parque Fernando Costa, Uberaba/MGInformações: (11) 3293-8900Site: www.nelore.org.br

BOVINOS DE LEITEAgroleiteData: 11 a 15 de agosto de 2009Local: Parque de Exposições Dario Macedo, Castro, PRInformações: (42) 3234-8084Site: www.agroleitecastrolanda.com.br

Agrotecno Leite 2009 Data: 30 de setembro a 02 de outubro de 2009 Local: Centro de Eventos e nos Campos de Pesquisa da Universidade de Passo Fundo, RS. Informações: (54) 3313-7452 Site: www.agrotecnoleite.com.br

Feileite 2009 - Feira Internacional da Cadeia Produtiva do Leite Data: 03 a 07 de novembro de 2009Local: Centro de Exposições Imigrantes, São Paulo/SPInformações: (11) 5067-6767Site: www.feileite.com.br

GERALExpo Prudente 2009 Data: 04 a 14 de setembro de 2009Local: Recinto de Exposições Jacob Tosello (Km 563 da Rodovia Raposo Tavares), São Paulo, SPInformações: (18) 8114-9087

25º Simpósio sobre Manejo da Pastagem Data: 08 a 10 de setembro de 2009Local: Anfiteatro do Pavilhão de EngenhariaCampus “Luiz de Queiroz”Informações: (19) 3417-6604Site: www.fealq.org.br

2º InterConf (Conferência Internacional de Confinadores)Data: 15 a 17 de setembro de 2009Local: Goiânia, GOInformações: (11) 3093-2752Site: www.assocon.com.br

Exposição Feira Agropecuária, Industrial e Comercial de Chapecó (EFAPI)Data: 09 a 18 de outubro de 2009Local: Parque de Exposições Tancredo Neves (Parque Efapi), Chapecó, SC. Site: www.efapi.com.brInformações: (49) 3321-8439

30ª EXPOVEL - Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de Cascavel Data: 06 a 15 de novembro de 2009Local: Parque de Exposições - Br 277 Km 596, Cascavél, PRInformações: (45) 3228-2526Site: www.expovel.com.br

INTERNACIONALExpointer 2009 Data: de 29 de agosto a 06 de setembro de 2009Local: Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, Esteio, RSInformações: (51) 3288-6223Site: www.expointer.rs.gov.br

XXI Congresso Latino-Americano de Avicultura e Avimundo 2009Data: de 06 a 09 de outubro de 2009Local: Centro de Exposições PABEXPO, Havana/CubaInformações: [email protected] Site: www.avicultura2009.com

BioFach América Latina 2009 Data: de 15 a 17 de outubro 2009Local: Transamérica Expo Center, São Paulo, SPInformações: (21) 2540-7707 Site: www.biofach-americalatina.com.br

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