Revista FEUC em Foco - Edição 12 (março/2013)

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1 Revista em foco Ano 3 Nº 12 março de 2013 www.revistadigital.feuc.br AVALIAÇÃO DO MEC Alunos mostram sua força no Enade e ajudam a elevar conceitos das FIC

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em focoAno 3 • Nº 12 • março de 2013 • www.revistadigital.feuc.br

AVALIAÇÃO DO MEC

Alunos mostram sua força no Enade e ajudam a elevar conceitos das FIC

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A verdadeira democratização do Ensino, em nosso país, ocorreria de forma muito mais célere se fosse possível firmar uma parce-

ria responsável com o Governo Federal, livre de maniqueísmos e interesses individuais, na qual o ensino privado e o ensino público convivessem harmoniosamente e a supervisão do Estado fosse estratégica e duradoura, e não de interesse se-cundário e ocasional.

É fundamental que olhemos a educação como um investimento, pois é o empreendimento mais precioso que as pessoas, as famílias, os municípios, os estados e o governo federal deverão sempre re-alizar. Os rendimentos, ou melhor, os benefícios serão de todos: pleno exercício da cidadania, sus-tentação do futuro e soberania nacional. O resul-tado é a possibilidade real de liberdade, progres-so, igualdade e construção, segura e permanente, da democracia – que, tal como a educação, não é um porto seguro, mas um caminho interminável a ser construído permanentemente.

Nessa perspectiva, o ensino desenvolvido pela li-vre iniciativa, em todos os níveis e graus, tem trazido resultados significativos para o desenvolvimento da nação e do povo brasileiro. A escola particular per-mite uma saudável diversidade: pode ser religiosa ou laica, grande ou pequena, conservadora ou li-beral, construtivista ou tradicional. E está presente, multifacetada, em todas as comunidades, ricas ou pobres, em bairros centrais ou de periferia.

E, além de tudo isso, são as famílias que esco-lhem a escola que melhor atenda as suas necessi-dades e expectativas. Claro, há toda sorte de difi-culdades no financiamento que o Estado poderia minimizar. Mas o fato é que isto proporciona uma grande riqueza intelectual pela convivência e a construção de uma sociedade diversa e plural.

A participação da iniciativa privada na Edu-cação Infantil e na Educação Básica é proporcio-nalmente menor que a do poder público. Já no

Ensino Superior, o ensino público atinge aproxi-madamente um quarto dos estudantes.

Apenas essas constatações já seriam suficien-tes para um importante estudo conjunto: o pú-blico e o privado, na mesma mesa de trabalho, com especialistas multidisciplinares e visão con-juntural das necessidades e realidades, regionais e nacionais, e o olhar crítico em programas bem su-cedidos implantados em outras nações. Os espíri-tos desarmados e focados em um Brasil possível, impulsionado por uma Educação na qual o papel desempenhado pela iniciativa privada fosse mais reconhecido como aliado do Estado. Ou será que ao longo de nossa história os governos se sentem incomodados com a livre iniciativa na educação?

Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, com a grande densidade demográfica e a importância de ter sido um bairro-cidade do Distrito Federal, só teve a sua primeira faculdade em 1960, cria-da pela iniciativa privada. Este não é um exemplo isolado, é o retrato de nosso país: as famílias com menor poder aquisitivo chegam sempre, com mais possibilidade, à universidade particular. Te-mos aí um importante contingente de verdadei-ros heróis silenciosos e anônimos, não fossem os diários de classe. E o mais irônico é que, apesar de vivermos em um país tão pobre de exemplos de heróis que possamos mirar e seguir, seja ele tão rico de Macunaímas, bem falantes, famosos e, geralmente, investidos em posições de mando.

Ao iniciarmos mais um período letivo, deseja-mos a todos vocês, novos e antigos estudantes da FEUC, força e persistência, sucesso e realizações. Acima de tudo, recebam os nossos parabéns e o re-conhecimento por acreditarem que é possível, pela educação, mudar, escalar degraus, ascender inte-lectualmente, socialmente e economicamente. ■

Institucional

Os nossos heróis

Prof. Durval Neves da SilvaDiretor Superintendente

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A vida é feita de coisas boas e ruins, e se torna tão mais interessante e gratifican-

te quando o prato das coisas boas pesa mais na balança. Por isso esta-mos felizes em oferecer nesta edi-ção, a partir da página 18, um prato bem cheio de boas notícias sobre o desempenho das FIC nas avaliações do MEC – mas o outro prato tam-bém é nosso, e vamos falar dele.

Trazemos ainda um revelador perfil do funcionário Antônio Da-masceno, o Tonhão da Tesouraria, que um dia já foi Tuninho, mas sempre teve o mesmo jeitão aco-lhedor. Na página de artigo, o pro-fessor Rafael Dias Ribeiro mexe em um tema instigante: por que temos medo de mudanças? E há mais, muito mais: os poetas ven-cedores do Prêmio FEUC, os alu-nos do CAEL que liberam adrena-lina vindo para a aula sobre skates, as novidades que as FIC, o CAEL e o Magali têm para 2013...

Com esta edição, estreamos a nova página da revista na internet, no mesmo endereço www.revista-digital.feuc.br. Lá você encontrará não apenas as matérias aqui pu-blicadas, mas também conteúdos complementares e novas notícias ao longo das semanas. A seção Tema em Questão – que nesta edi-ção aborda um pouco da história e dos rumos atuais da escola – tem continuidade no site e faz um con-vite à sua participação: dê sua opi-nião no espaço para comentários ou proponha algum artigo defen-dendo o seu ponto de vista sobre o assunto. E se quiser fazer criti-cas ou sugestões, escreva também para [email protected]. Bom início de ano e boa leitura! ■

FEUC em FOCO é uma publicação impressa e online da Fundação Educacional Unificada

Campograndense. Presidente: Wilson Choeri; Diretor Administrativo: Hélio Rosa de Araujo;

Diretora de Ensino: Arlene da Fonseca; Diretor Superintendente: Durval Neves da Silva;

Periodicidade: trimestral; Tiragem: 5.000 exemplares; Site: www.revistadigital.feuc.br.

Edição: Tania Neves; Estagiário: Gian Cornachini; Marketing: Bruno Rivéro;

Considerações e opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade

de seus autores, não refletindo, necessariamente, a posição da FEUC.

CapaUma análise do resultado das avaliações do MEC

Conheça as poesias de alunos vencedores da edição 2012

Um debate sobre a origem e os rumos atuais da escola

CORREÇÃO: Na edição passada, equivocadamente citamos o Porto do

Açu na Ilha da Madeira (pg. 12), quando o correto é Porto Sudeste.

CAPA: O ex-aluno de Ciências Sociais Joelson da Silva, que fez o Enade

em 2011. Foto: Gian Cornachini.

Tonhão da tesouraria:bom humor é marca registrada

Adeus ao poeta que escolheu Campo Grande para viver

Prêmio FEUC

Tema em Questão

Perfil

Primitivo Paes

Alunos do CAEL vão de skate e longboard para a escola

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Comportamento

EditorialÍndice

Tania NevesEditora

Foto: Gian CornachiniFoto: Tania Neves

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MUNDO

Pós-Graduação promove evento sobre educação, pós-modernidade e diversidade

Mesmo em pleno recesso das aulas, o almoço dos aniversariantes de janeiro teve ‘casa cheia’. Seria pelos dotes culinários da auxiliar de tesouraria Érica Motta, convo-cada a reeditar o macarrão que provocou suspiros em um almoço passado? É uma boa razão, mas não a única. De acordo com o professor Durval, um dos aniversariantes daquele mês, o sucesso tem a ver com o espírito de confraternização que move

Foto: Gian Cornachini

Com carinho, de funcionário para funcionário

Aniversariantes e funcionários ‘atacam’ a mesa no almoço

promovido dia 24 de janeiro

organizadores e participantes: “Essa não é uma festa da FEUC. É uma festa nossa, pois nos cotizamos, pagamos e realizamos”, disse ele em um breve discurso ao grupo. O encontro acontece todo mês, na penúl-tima terça ou quinta-feira, sendo que em janeiro e julho é oferecido um almoço, e nos demais meses o ‘agito’ conta com bolo e salgadinhos. Parabéns a todos – e, em especial, aos membros da atual comissão

de festas: Solange, Guilherme e Margari-da, da Biblioteca; Maria Luiza, da Infraes-trutura; Marcelo, do Marketing; Neide, da Secretaria das FIC; Carlos, da Oficina; Jorge, das Compras; e Evandro, do Sequim. ■

O “III Encontro da Coordenadoria de Extensão, Pós-Graduação e Pesquisa (CEPOPE) das FIC” aconteceu nos dias 27 e 29 de novembro e 1º de dezembro de 2012. O evento fez parte do planejamen-to anual da Pós-Graduação da FEUC e

discutiu a educação na pós-modernida-de e práticas pedagógicas na diversida-de voltadas para o mercado de trabalho. Para Rosana Benatti, professora da Gra-duação e Pós-Graduação, discutir esse tema é essencial para a formação dos

estudantes: “As empresas e escolas rece-bem número cada vez maior de pessoas com deficiência, sexo, gostos, raça e re-ligião diferentes e se faz necessário que os profissionais saibam lidar com essas diversas questões”, afirma ela. ■

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Entre novembro e janeiro, a FEUC promo-veu o concurso “É Pra Vida Toda”. O objetivo foi destinar bolsas de estudo para estudantes de escolas públicas da região. Para concorrer ao prêmio, os alunos deveriam postar uma foto no Facebook que transmitisse sua maior mo-tivação em ingressar na graduação. As fotos mais curtidas seriam premiadas. Fabio Espino-sa, Anna Carolina dos Anjos, Thais Guimarães e Jennifer Sodré foram premiados com bolsa de estudo de 100%. Fabio cursará Licenciatura em Computação, Anna escolheu Matemática, Thais será caloura de Letras (Português/Inglês) e Jennifer fará o técnico em Química.

Fabio contou da dificuldade de conseguir suas 681 curtidas: “Em geral, é bem difícil e cansativo conseguir a ajuda das pessoas na internet, e eu não acreditava que poderia ga-nhar uma bolsa de estudo”, contou o jovem.

VAI ACONTECER

Os primeiros eventos acadêmicos de 2013 já estão sendo anunciados pelas coordenações de cursos. Confira os que já têm data prevista:

■ Encontro entre os Alunos de Matemática: provavelmente no dia 11, com tema ainda a ser definido, mas mantendo a estrutura de troca de experiências acadêmicas entre alunos.

■ XV Encontro de Ciências Sociais: dias 6, 7 e 8. O tema deste ano é “Juventude, territorialidades e movimentos sociais”, e haverá mesa-redonda, apresentação de trabalhos das turmas e palestra de encerramento. O foco das atividades será o papel da juventude na luta contra a desterritorialização promovida pelas obras para os mega eventos.

■ XXII Semana de Letras: 13, 14 e 15, com o tema “O papel da Língua e da Literatura na formação do homem: Uma questão de Direitos Humanos”. Propostas para a apresentação de palestras, oficinas, minicursos e exposição de pôsteres podem ser feitas até 5 de abril. Informações em: www.feucnel.blogspot.com.br.

■ VIII Ciclo de Monografias em Geografia (VIII CMG): dia 27. Serão realizadas oficinas para orientar os alunos no processo de elaboração e pesquisa em Geografia, com foco naEducação ou no Ensino.

ABRIL

MAIO

Concurso no Facebook rende bolsas de estudo a vencedores

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Anna Carolina dos Anjos e Fabio Espinosa foram dois dos

ganhadores da promoção no Facebook “É Pra Vida Toda”

Surpresa, também, ficou Anna com as 2.041 curtidas que a premiaram em seu primeiro concurso pela internet: “Até o momento da minha matrícula eu não estava acreditando que havia ganhado. Foi a oportunidade que eu precisava para ingressar no ensino supe-rior”, revelou . Thais teve 2.019 curtidas .

Embora não tenha sido possível contabilizar as curtidas de Jennifer, pois ela postou a foto em seu próprio perfil, em vez de fazê-lo no da FEUC, a instituição decidiu perdoar a confusão e premiá-la também. Mas é bom ficar atento que isso não acontecerá novamente. ■

FIQUE ATENTO: A FEUC promove diversos concursos pelo Facebook. Ganhadores já foram contemplados com câmeras digitais, tablets e bolsas de estudo. Para concorrer, basta curtir a página da FEUC no Facebook (www.facebook.com/feucrj), ficar atento aos concursos e seguir suas instruções.

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Artigo

Com o dinamismo das organiza-ções em uma economia cada vez mais orientada aos nanosse-

gundos, as mudanças organizacio-nais serão sempre mais frequentes e necessárias. Entender as mudan-ças, seus processos e seu poder de transformação (para o bem ou para o mal) é essencial para que qualquer organização possa se manter saudável e competitiva. Se-gundo dados do Gartner Group, cerca de 70% dos projetos de TI falham em uma de suas metas; já o CHAOS Group indica que perto de 50% dos projetos de TI são cancelados antes do tempo e, dos que chegam ao final, cerca de 82% são entregues com atraso; enquanto a KPMG revela que menos de 40% dos projetos finalizados atingem seus ob-jetivos de negócio. Acredito que tais dados estejam bem próximos da reali-dade de outras áreas, não sendo exclu-sividade dos projetos de TI.

As boas práticas, como as apresentadas no Project Management Body of Knowle-dge (PMBok) ou em métodos emergen-tes como o SCRUM, aumentam as chan-ces de sucesso de um projeto e são cada vez mais bem aplicadas. Um componen-te, porém, é frequentemente ignorado: a gestão de mudanças. Acredito que seja um fator crítico de sucesso para qualquer projeto organizacional e pode ser resu-mida como a atenção especial com o ser humano e suas peculiaridades.

Segundo o Human Change Mana-gement Institute (HCMI), a Gestão de Mudanças em Projetos tem como

objetivo “planejar, aplicar, medir e monitorar ações de gestão do fa-tor humano em projetos de mu-dança, ampliando as chances dos resultados esperados serem atin-gidos e superados”.

Daryl R. Conner, em seu trabalho Managing at the Speed of Change, de-lineia assim a receptividade a mudan-ças em culturas estáveis: 40% aceitam com muito convencimento; 30%, so-mente depois que a mudança foi bem sucedida; 20% aceitam com um pouco de convencimento; e apenas 10% o fa-zem de imediato.

Em circos, elefantes filhotes eram amarrados em cordas de até 1,5 metro de extensão durante seu treinamen-to; por certo tempo eles tentavam se libertar, sem sucesso. Ao atingirem a idade adulta, estavam condiciona-dos a se manter naquela área restrita, desconhecendo a força que então lhes permitiria romper a corda sem grande esforço. Muitos profissionais na or-ganização vivem como elefantes de circo: aprendem algumas ferramen-tas, desenvolvem certas habilidades e se limitam a elas. Mas por que temos tanto medo de mudar?

No contexto antropológico, o ser humano foi modelado durante mi-lhares de anos para não mudar e sim manter o status quo sempre que possível. Antes das primeiras comuni-dades de caçadores e agricultores se estabelecerem, o homem era nômade e via-se obrigado a migrar toda vez que sua área se esgotava. Com o domínio

das artes de cultivo e sobrevivência em uma determinada região, ele se esta-beleceu, mas como ainda havia risco de sofrer invasões por outras tribos, cons-truiu cercas e muralhas para garantir a zona de segurança e conforto e as-sim evitar a perda do espaço conquis-tado. Vemos este comportamento no inconsciente coletivo como o medo da mudança: é possível observar no meio corporativo que construímos nossos muros em atividades, áreas e departa-mentos para garantir nossa zona de conforto, e isso é refletido na dificul-dade de implantação de novos projetos que alterem o funcionamento de pro-cessos ou a estrutura das organizações.

Decisões sempre implicam ris-cos, mas não tomar decisão também é um modo de decidir, normalmente com os piores custos para quem não se manifestou e para a organização. É comum observar organizações com cicatrizes de mudanças anteriores mal conduzidas, o que aumenta a sensação de insegurança e a re-sistência a inovações. Estas, porém, são necessárias e irão ocorrer cada vez com maior frequência.

A atenção na gestão de projetos - com um bom planejamento de comunica-ção, riscos, estratégias de identificação das partes interessadas antagonistas e protagonistas, assim como o uso de fer-ramentas e habilidades adequadas para a criação do plano de mudanças - pode incrementar as chances de um resulta-do positivo e duradouro. (http://www.rafaeldiasribeiro.com.br) ■

Rafael Dias RibeiroMestre em Sistemas e Computação e professor do

Bacharelado em Sistema de Informação das FIC

Por que temos medo de mudanças?

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Eleições

Professor Choeri à frente da FEUC por mais um mandato

No último dia 12 de dezembro, os instituidores da FEUC reu-niram-se para eleger os novos

integrantes dos Conselhos Estatutários para o triênio de 2013/2015. No Conse-lho Diretor, o professor Wilson Choeri foi reeleito para o cumprimento de seu oitavo mandato à frente da instituição. O professor Hélio Rosa de Araujo assu-miu a Direção Administrativa, sendo substituído na Direção de Ensino pela professora Arlene da Fonseca. E o pro-fessor Durval Neves da Silva foi confir-mado como Diretor Superintendente.

Na medida em que os instituidores insistiram pela candidatura do profes-

sor Choeri, evocando sua forte lide-rança e grande prestígio junto a toda comunidade acadêmica e demais em-pregados, o presidente decidiu aceitar o desafio, apesar de declarar que está à disposição para promover a alter-nância, pois sempre coloca a FEUC em destaque: “Ela ficará e as pessoas pas-sarão”, destacou o presidente, reco-nhecido por sua coragem de empreen-der e disposição de realizar.

Com larga folha de serviços presta-dos às FIC, a professora Arlene mos-trou-se exultante em sua estreia como membro do Conselho Diretor, dizen-do-se pronta para servir e contribuir,

com seu trabalho na Direção de Ensi-no, para que as três instituições inter-ligadas – FIC, CAEL e Colégio Magali – dialoguem cada vez mais e, por meio de projetos modernos e bem estrutu-rados, ajudem a pôr sempre mais em evidência o nome da FEUC.

Os conselhos Deliberativo e Fiscal também tiveram seus novos repre-sentantes e suplentes eleitos. Figuram entre eles professores do CAEL e das FIC, integrantes da mantenedora e personalidades ilustres da comunida-de campo-grandense, todos escolhi-dos em reconhecimento pelos serviços prestados à instituição e à sociedade. ■

Membros dos Conselhos Estatutários foram escolhidos no final do ano passado

Foto: Gian Cornachini

O presidente Wilson Choeri ao lado dos colegas de conselho, professores Arlene e Hélio

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Prêmio FEUC

E os poetas vencedores de 2012 são...Alunos de Letras e participantes de São Paulo,

Bahia e Rio Grande do Sul ficaram com os três

primeiros lugares das duas categorias

Uma das marcas registradas da instituição, o Prêmio FEUC de Literatura chegou em 2012 à

sua 19ª edição contabilizando a maior participação de todos os tempos: 410 inscritos nas duas categorias (Alunos da FEUC e Âmbito Nacional), revelan-do novos talentos e confirmando a veia poética de concorrentes habitu-ais. No primeiro caso está Robson Ra-fael Nascimento, que se formou ano passado em Literaturas e faturou o se-gundo lugar em sua estreia no certa-me. No segundo caso estão os alunos de Letras Suely Resende (nome artís-tico: Gui Soarrê), primeira colocada, e Paulo D’Athayde, terceiro colocado – ela que já prestigiava o concurso an-tes de estudar nas FIC e ele um cole-cionador de boas colocações, como o primeiro lugar de 2011 e o segundo de 2010. “Com este terceiro lugar o Paulo acaba de experimentar todas as posi-ções do pódio”, destaca o poeta e pro-

fessor Américo Mano, coordenador do Prêmio FEUC ao lado da também poeta e professora Rita Gemino.

Na categoria Âmbito Nacional, os vencedores foram Geórgia Stella (RS), com o poema “Serial killer”; Allan Santana (BA), com “Gênero: amoro-so”; e Paulo Franco (SP), com “Infini-to”. Assim como os alunos da FEUC, eles receberam medalhas e as pre-miações de R$ 400, R$ 300 e R$ 200.

Embora eventos esporádicos de poesias tenham ocorrido na década de 80, a história registrada do con-curso se inicia em 1993, quando um festival foi organizado pelos profes-sores Célia Neves e Mauro Ferreira em conjunto com o Diretório de Es-tudantes. Uma aluna de Pedagogia e um aluno de Letras ficaram respecti-vamente com o primeiro e o segun-do lugares: Rita Gemino e Américo Mano. Começava aí o romance entre os dois – hoje casados – e sua histó-ria de amor com o Prêmio FEUC. No ano seguinte houve apenas um sarau

durante a Semana de Letras, mas em 1995, com a ex-aluna Rita contratada como professora do CAEL e assumin-do o Centro Cultural da FEUC com Américo, o concurso foi reeditado e passou a ocorrer todos os anos.

“Há muito que o Prêmio FEUC tem reconhecimento nacional”, diz Rita, hoje professora das FIC, enumerando os detalhes que dão tal prestígio ao concurso: “Não cobra taxa de inscri-ção, dá premiação em dinheiro e edi-ta antologias com os selecionados na primeira etapa, embora a publicação esteja um pouco atrasada”.

Poetas atuantes nos círculos cultu-rais de Campo Grande e outras locali-dades do Rio, Rita e Américo costumam trazer importantes nomes da literatura para compor as bancas examinadoras, ao lado de professores da casa.

Foto: Gian Cornachini

Por Tania Neves

Antologias reunindo os finalistas da primeira etapa são uma das razões de prestígio do prêmio

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E os poetas vencedores de 2012 são...Quando o cheiro da janta encheu a casa,

Eu saí batendo a porta.Ganhei mundo, perdi de vista a parede juntada de buganvílias...

Só quando a fome bateu, fiz viagem de volta.Quando entrei,

O fogão ruiuO espelho quebrouO meu pai morreu.

Minha mãe permaneceu bonitaA porta que fechei não vi

E a janta já havia sido servida.

Era só uma preta de favela.Magra, esquálida, forte que só ela.Perda sofre dos filhos pela arma:

dois pretos ceifados que não alarma.

Era só uma preta favelada.Perto do macaco, sua dor é nada.

É delícia, prazer sobremaneirapara as crias da águia carniceira.

Era só uma preta que chorava,

E vale pouco no cotidiano.Diversão rápida proporcionava.

Era só uma preta, várias/ano,

Vida destruída que não tocava,dois pretos consumidos,vários/ano.

Doce framboesaLábios de batom vermelho

A carne

PelePorosPelos

O cheiro

A almaLua minguante

Lua novaQuarto crescente

Lua

Que sangraSangraSangra

Tudo é Poesia na Mulher

“É meu primeiro dinheiro com as Letras, tenho que em-pregar bem”, brincou Robson Rafael sobre o prêmio de R$ 300. Policial, ele faz planos de seguir a carreira de professor e poder deixar a PM: “Para ter de volta minhas noites de sono”.

Já Gui Soarrê, que cursa Letras por satisfação pessoal, não sabe se irá lecionar, mas a cada dia está mais à vontade na poesia: “Só que tenho um problema: não guardo o que

escrevo, depois fico louca pro-curando”, diz a atriz profissio-nal e maquiadora.

Paulo D’Athayde, iluminador cênico e professor de ilumina-ção, acredita que um dia aca-bará dando aulas de português: “Sou de uma família de profes-sores, não tem jeito”, avalia o poeta, revelando que sempre se surpreende quando conquista um pódio: “Entro no concurso pensando apenas em conseguir figurar na antologia”. ■

Saiba um pouco mais sobre os poetas premiados da FEUC

Foto: Gian Cornachini

Regresso a Minas (Gui Soarrê)1º

Reportagem (Robson Rafael)2º

T P M (Paulo D’Athayde)3ºAmérico Mano e Rita Gemino (em primeiro plano) com Robson Rafael, Gui Soarrê e Paulo D’Athayde, vencedores na categoria

Alunos da FEUC: um estreante e dois veteranos no concurso

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Perfil / ANTÔNIO DAMASCENO, o Tonhão da Tesouraria

Sem perder a ternura (e a paciência) jamaisHá quem diga que o atual hit na

voz de Roberto Carlos é somen-te uma adaptação. Os supostos

versos originais, de autoria de um tal Antônio Damasceno de Freitas, seriam algo como “O cara que atende você toda hora/Que até corta a multa se você demora/Que está todo o tempo atrás do guichê/Com uma palavra gen-til pra você/E mesmo se você reclama/Ele diz que te ama/Esse cara sou eu”. Mas é pura lenda. Embora o Tonhão da Tesouraria seja mesmo O Cara, ele não precisa “cantar” isso: os outros o fazem por ele.

“É o cara mais legal com quem eu já trabalhei. Vê-lo em ação é uma verda-deira aula”, opina Érica Motta, auxiliar de

tesouraria como Tonhão e há três meses sua companheira do outro lado do gui-chê. “Desde que cheguei, ele me recebeu muito bem, a mim e a meu filho, que também estuda aqui”, completa a cole-ga, enxugando as lágrimas de emoção.

Damasceno, de 45 anos, ganhou o apelido de Tonhão no ato de sua con-tratação, há quase 23 anos, da então Di-retora Administrativa, dona Arith. “Ela perguntou se eu tinha apelido, respondi que me chamavam de Tuninho. E ela foi enfática: ‘Um homem desse tamanho, Tuninho? Tinha que ser Tonhão’. E aí pegou”, lembra o auxiliar de tesouraria, que sempre atuou nessa mesma função.

Antes de aportar por aqui, porém, ele fez de quase tudo. Trabalhou em loja de tintas, aviário, sapataria, numa petroquímica e até na manutenção de

um trio elétrico na Bahia. “Uma vez que resolvi contar, constatei que já fiz 27 coisas diferentes”, diz ele, revelando que de modo geral teve mais sucesso na função de vendedor: “O segredo é ter uma boa conversa, conhecer bem o produto que está vendendo e se inte-ressar de verdade pelo cliente”.

Na Tesouraria da FEUC ele aplica exatamente essa fórmula: conhece como ninguém a instituição e as ca-racterísticas do “produto” – no caso, os cursos; interage com alunos e pais a ponto de algumas vezes ser convoca-do como conselheiro ou ombro amigo; tem um discurso entusiasmado e ex-tremamente respeitoso com todos. To-dos mesmo. “Até quem chega às vezes com meia-dúzia de pedras nas mãos ele trata com extrema delicadeza, aí

Foto: Gian Cornachini

Tonhão no guichê em que trabalha há mais de duas

décadas: sempre com um sorriso no rosto e muito bom humor

Por Tania Neves

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quebra a pessoa”, conta Cláudia Alves, que trabalhou por 2 anos com Tonhão e hoje atua no Financeiro.

O Cara explica: “Tem gente que chega aqui estressada, por causa dos diversos problemas da vida, e fala grosso. Já fui xingado, destratado. Se eu responder na mesma moeda, vira briga. Então procu-ro entender e aplicar um tom de voz totalmente oposto ao que recebi. Isso sensibiliza e restaura a paz”, ensina.

As razões principais de queixas em seu guichê, segundo Tonhão, têm a ver dinheiro, claro. “Há quem reclame que a faculdade está cara, diz que vai se trans-ferir para um concorrente mais barato. Nesses casos, eu convido a uma reflexão: primeiro peço para comparar nossa qua-lidade com a dos concorrentes, depois lembro casos de alunos que fizeram a besteira de trocar a FEUC por outra ins-tituição e voltaram arrependidos”, conta.

Embora de modo geral as mensa-lidades sejam pagas diretamente nos bancos, a facilidade de poder quitar na tesouraria num horário mais estendi-do – entre 8h e 21h – e com cartão de débito é um atrativo. Com a vantagem de que, havendo apenas um dia de atraso, o auxiliar de tesouraria tem o poder de cobrar o valor sem acréscimo, o que não aconteceria no banco. Casos excepcionais ele encaminha à direção para negociação. “Certa vez uma aluna chegou aqui com o formulário de tran-camento de matrícula na mão, dizendo que passava por terríveis dificuldades e só lhe restava interromper o curso. Na mesma hora rasguei o formulário e a orientei a pedir parcelamento da dívi-da. Tempos depois, quando se formou, ela veio me agradecer, disse que se eu não tivesse feito aquilo ela nunca teria concluído a faculdade. Fiquei feliz”.

Casado há 5 anos com Roberta e pai de Rebeca, de 12 anos (do primei-ro casamento) e Ana Luiza, de 2 anos, Tonhão fora do trabalho gosta de cur-tir a família e se dedicar a ações sociais da igreja evangélica que frequenta. “A única coisa que não gosto muito, mas faço sempre, é passear no shopping. Afinal, tenho que agradar minhas me-ninas”. Ele é ou não é O Cara? ■

A fã mirim Isabel Villar e Tonhão, que era Tuninho: estatura

inspirou mudança no apelido do auxiliar de tesouraria

Foto: Gian Cornachini

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Livro e Filme

Contribuição ao debate sobre a dependência química

As drogas são um tema a ser tratado no âmbito da segurança pública, saúde, educação ou defesa nacional? De preferência, em todos esses e mais alguns, como mostra o livro “Prisioneiro das Dro-gas: segurança pública, saúde e direitos humanos no Brasil”, que tem entre seus autores e organiza-dores a professora Vivian Zampa, coordenadora do curso de História das FIC, além de um artigo da professora Adriana Gomes Paiva, do curso de Ciências Sociais. A publicação traz estudos de pro-fissionais da área de segurança pública e especia-listas em Ciência Política, Psicologia, História e Direito, convidando a uma reflexão para além do que dita o senso comum sobre as drogas.

“Prisioneiro das Drogas: segurança pública, saúde e direitos humanos no Brasil”; Organizadores: Oswaldo Munteal Filho, Maria Paulina Gomes, Vivian Zampa, Eline Cavalcanti, Gabriel Gutierrez; Editora: CRV (www. editoracrv.com.br); Preço sugerido: R$ 32.

Foto: Divulgação

CINEMA NA FEUC

Excepcionalmente agendado para o dia 23 (pois o último sábado do mês cai no feriado da Semana Santa), o Cinema na FEUC apresentará em março o filme “Zuzu Angel”, de Sérgio Rezende, que conta a saga da estilista Zuzu Angel para recuperar o corpo de seu filho, Stuart Angel, morto pela repressão no começo dos anos 70. O professor Mauro Lopes, do curso de Ciências Sociais, confirmou presença como debatedor e informou que a proposta da sessão é discutir a ditadura civil-militar no Brasil e seus reflexos na atualidade. O início da exibição está marcado para 13h.

EM CARTAZ:“ZUZU ANGEL”

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Estudo, adrenalina eDIVERSÃO

Comportamento

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Estudo, adrenalina eDIVERSÃO

Tem gente que vai para a escola a pé, outros são levados pelos pais, e há, também, aqueles que pre-

ferem pedalar para encurtar o tempo do trajeto. Agora, usar skate para che-gar mais rápido e, de quebra, se diver-tir no caminho é uma opção para pou-cos — ou melhor, para corajosos.

No Colégio de Aplicação Emmanuel Leontsinis, o CAEL, é possível encontrar alguns corajosos que ousam fazer o trajeto de casa à escola em cima de um skate. Até o ano passado, Felipe Bento, formado no Ensino Médio e técnico em Publicidade e Propaganda, era um dos estudantes que trocavam a caminhada pelas quatro rodinhas: “Tentei juntar o que gosto com o lugar em que tinha que ir. Moro perto do CAEL e, ao invés de ir a pé, eu ia de longboard”, conta o jovem. Felipe prefere o skate tipo lon-gboard ao comum, pois, para ele, nesse equipamento é mais fácil de se equili-brar: “No longboard, a base é maior. No skate, eu me sinto mais limitado, não dá para abrir mais a perna senão já sai fora dele”, explica Felipe.

A graça pelo longboard não apare-ceu da noite para o dia. O desejo pelo objeto veio de alguém que exibia suas manobras para Felipe: era Gabriel Coli, amigo do mesmo condomínio e, tam-bém, do CAEL. Gabriel está no terceiro ano do Ensino Médio, cursa técnico em Informática e, assim como seu amigo, aboliu a caminhada: “Às vezes acordo atrasado e, por isso, prefiro ir de long-board. Demora uns dez minutos da mi-nha casa até a escola. De ‘long’, dá só uns quatro minutos”, observa Gabriel.

Trânsito: o maior inimigo

Dividir a rua com carros não é nada fácil para skatistas. É comum ouvir his-tórias de gente que já se acidentou colo-cando seu skate para andar, lado a lado, com automóveis no trânsito. Até mes-mo Felipe e Gabriel não escaparam de alguns perigos em seus passeios com o longboard. “Certa vez, quando eu atraves-sava uma rua, meu ‘long’ travou na cal-

Por Gian Cornachini

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De casa ao CAEL: Gabriel e Felipe percorrem o trajeto de longboard

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Comportamentoçada, eu caí e me ralei todo. Mas o pior foi o carro ter atropelado meu ‘long’. O motorista poderia ter desviado...”, lem-bra Gabriel. Com Felipe, algo mais sério quase aconteceu: “Eu estava andando na rua e um motorista de uma van me prensou, até que o pneu dela agarrou em meu ‘long’. Eu caí, não me machu-quei muito, mas poderia ter sido pior. O motorista jogou o carro em cima de mim, foi de propósito”, conclui o jovem.

No Brasil, não há uma lei de trân-sito que enquadre os skates. Por isso, segundo o advogado especialista em direito de trânsito Marcelo Araújo, não é possível ordenar que os skatistas de-vam andar na rua ou na calçada: “Os skates são objetos que permitem deslo-camento terrestre, mas não são classi-ficados como veículos”, explica o advo-gado. “Até então, esses equipamentos são desportivos e inapropriados para uso na via pública. O recomendado é utilizá-los em ambientes recreativos, fora do trânsito de automóveis”, escla-rece Marcelo. Enquanto uma lei não regula o skate, a atenção dos motoris-tas deve ser constante, conforme su-gere o advogado: “Como não há regras para os skatistas, não dá para prever o comportamento deles no trânsito. Cabe ao motorista adotar prudência e atitude defensiva”, recomenda.

Tanto Gabriel como Felipe já viram que andar na rua com longboard não é só diversão. Os estudantes também ado-taram medidas preventivas para evitar possíveis acidentes: eles andam na calça-da, não correm muito e vão para a rua somente quando o semáforo está fecha-do. “A gente evita andar na rua quando está muito movimentada. Ficamos mais na calçada, apesar delas serem horrí-veis. Precisaria ter ciclofaixas em Campo Grande e no caminho para a escola. Seria perfeito!” — sugere Felipe.

Na ausência de espaços mais seguros, a dupla só coloca o longboard na calçada para se locomover: “No condomínio em que moramos tem mais espaço, não pas-sa carro e dá para praticar as manobras”, afirma Gabriel. “Então, a gente prefere dar nossos ‘rolés’ lá mesmo, que é muito mais tranquilo”, garante Felipe.

Os amigos Felipe Bento e Gabriel Coli aboliram a caminhada: o trajeto da casa deles até o CAEL não passa de 5 minutos com o longboard

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Dois irmãos, um skate, um longboard e um planoAo contrário de Felipe Bento e Gabriel

Coli, os irmãos Gabriel e Rafael Boti não estão liberados para percorrer o trajeto de casa ao CAEL de skate. Gabriel está no 9º ano do Ensino Fundamental e Ra-fael no 8º ano. Para completar, a mãe deles, Elizabeth Boti, está no 7º período do curso de Pedagogia das FIC e traba-lha como auxiliar de Recursos Humanos na Coordenação de Estágios e Mercado de Trabalho (CEMT), na FEUC. Elizabeth não deixa seus filhos irem de skate para o colégio. O motivo é o trânsito: “Os mo-toristas são muito irresponsáveis, não dá para confiar em deixá-los andar na rua de skate. É muito perigoso, e eu tenho medo de que eles sejam atropelados ”, assume a mãe.

Os irmãos já tentaram ‘passar a per-na’ em Elizabeth — o que rendeu uma boa história: “Os dois aproveitaram que vínhamos juntos para a FEUC e coloca-ram o skate e o longboard no porta-malas do carro”, conta a mãe. “Era rotina eles saírem da aula e guardarem as mochilas no carro para eu levá-las embora. Nesse dia, quando foram guardá-las, lembrei de falar algo para eles e peguei os dois no flagra: meus filhos estavam retirando o skate e o ‘long’ do porta-malas do carro para voltar com eles para casa”, lembra Elizabeth, rindo da história.

Foto: Gian Cornachini

Não podendo andar na rua, Rafael (na foto) e Gabriel são compensados com muitas horas de diversão nas pistas de skate

Foto: Gian Cornachini

Para ajudar a diminuir os riscos no trânsito e os acidentes no desporto, Alex Batista, instrutor e sócio da Guanabara Longboard Escola, oferece algumas di-cas: “Equipamentos de segurança nunca são demais. Capacetes e joelheiras são primordiais”, aponta Alex. “Há muitos motoristas mal-educados. Por isso, de-ve-se evitar a disputa do espaço com automóveis ou frequentar lugares muito movimentados”, aconselha o instrutor.

A fim de prezar pela segurança de seus filhos, Elizabeth leva Gabriel e Rafa-el, frequentemente, para pistas de skate

de Campo Grande, Zona Sul e Itaguaí: “Eu não os deixo andar na rua, mas com-penso levando-os para as pistas de skate. Tem dias que fico até de madrugada com eles nas pistas. Aproveito até para levar meu tablet e colocar meus e-mails e tra-balhos em dia”, diz ela.

Além de diversão para os irmãos, os skates despertam o coração das garotas: “As meninas acham legal ver a gente andar de skate”, garante Rafael. “Com certeza, elas ficam interessadas. Já estão até che-gando em nós”, revela o garoto, com um sorriso largo e bochechas vermelhas. ■

Elizabeth (ao fundo), mãe de Rafael e Gabriel, descobre a o plano dos garotos

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Divulgado em dezembro passado, o re-sultado final das avaliações do MEC nas instituições de ensino superior relativas

ao triênio 2009/2011 nos trouxe muito boas no-tícias, embora algumas nem tão alvissareiras assim. As FIC confirmaram sua nota 3 no Índi-ce Geral de Cursos (IGC). Entre as graduações, Ciências Sociais e Licenciatura em Computação obtiveram uma inédita nota 4 no Conceito Pre-liminar de Curso (CPC), enquanto Matemática, Geografia, Letras e História compartilharam o conceito 3 . Pedagogia e Bacharelado em Siste-mas de Informação, apesar de estarem em traje-tória de crescimento, continuaram com nota 2, o que custou à instituição uma medida cautelar que impediu a realização do vestibular de início de ano para ambos os cursos.

As FIC já iniciaram as ações solicitadas pelo MEC para sanar os problemas identificados e en-viaram o primeiro relatório com as providências tomadas. Caso a resposta do Ministério seja po-sitiva – e rápida – o vestibular poderia ser reali-zado ainda em março. “Mas só se tivermos essa resposta até a metade do mês de março, depois disso seria inviável para novos integrantes acom-panharem as disciplinas já iniciadas” – explica o professor Valdemar Ferreira da Silva, coordena-dor da Comissão Própria de Avaliação (CPA) e vice-coordenador Acadêmico das FIC. “Estamos confiantes, porém, de que o mais tardar até o fim do semestre tudo estará normalizado”.

Desempenho das FIC na avaliação do MEC segue em trajetória crescente

Após rigorosa análise, MEC restitui à instituição seu conceito 3 no IGC

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Infografia: Victor Abreu

Por Gian Cornachini e Tania Neves

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Dois cursos alcançaram nota 4, dois se mantiveram com 2 e os demais

ficaram com 3. Ações para sanar os problemas apontados já foram iniciadas

Desempenho das FIC na avaliação do MEC segue em trajetória crescente

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As boas notas obtidas pela maioria dos cur-sos são resultado do sério trabalho desenvolvido pelas coordenações e os professores nos últimos anos, mas principalmente refletem o empenho de boa parte dos alunos no Enade. “Tivemos o cuidado de apresentar a eles o questionário so-cioeconômico e discutir as entrelinhas, mostrar que uma pergunta mal interpretada poderia ge-rar uma resposta que não refletiria a realidade do curso”, diz a professora Vivian Zampa, coordena-dora de História, curso que tirou 4 no exame.

Já a professora Célia Neves, coordenadora de Ciências Sociais, optou por convocar os discentes a uma participação mais ativa na construção do curso, o que lhes permitiu observar o empenho e a integração dos professores e a coerência do trabalho realizado: “Isso gerou neles uma vibra-

ção muito grande”, destaca. Vice-coordenador de Computação, o professor Rodrigo Neves ressalta o comprometimento dos graduandos da Licen-ciatura: “A turma era muito boa e estudou bas-tante. Os alunos levaram as questões a sério, em vez de fazer de qualquer jeito”.

Um dos formandos de Ciências Sociais que fez o Enade em 2011, o policial militar aposenta-do Wainer Teixeira Souza conta que a turma não tomou a tarefa como mera exigência para colar grau: “Fizemos com a consciência de ser um ato de cidadania. E, ao abrir a prova, constatamos que nosso curso era top de linha: parecia que as ques-tões haviam sido elaboradas por nossos professo-res”. Dircéa Costa de Sá, que se formou em Letras, também observou esse espírito: “O nosso grupo compreendeu a importância do exame”.

Morador de Piquete, no interior de São Pau-lo, Joelson da Silva conquistou, com sua nota do Enem em 2008, o direito a uma bolsa do Prouni para cursar Ciências Sociais em uma faculdade privada. Ele decidiu estudar no Rio e esmiuçou as notas obtidas pelas instituições que ofereciam a graduação aqui. “Na média, a FEUC foi a melhor. Os professores, a ementa e o objetivo do curso também pesaram positivamente na escolha”, conta ele, que se formou em 2011, este ano con-cluirá o mestrado em Políticas Públicas na FGV-SP e já foi encaminhado por seu orientador para ten-tar o doutorado em Sociologia na Universidade de Coimbra, em Portugal.

Ao fazer o Enade, Joelson sentiu que era o mo-mento de retribuir: “Eu e meus colegas de turma queríamos que a nota do MEC refletisse o que de fato é esse curso: excelente”, diz ele. “E a boa nota é importante não apenas para o aluno que chega, mas também para o que se forma, pois os empre-gadores levarão isso em conta”.

‘Escolhi a FEUC após pesquisar os conceitos’

Nota de alunos no Enade foi decisiva

Joelson na biblioteca da FEUC: mestrado na FGV e indicação para tentar doutorado em Coimbra

Foto: Gian Cornachini

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“Saímos de 2 para 3 e na próxima avaliação va-mos pleitear uma nota 4”, afirma com entusias-mo a professora Arlene da Fonseca, coordenado-ra de Letras e nova Diretora de Ensino da FEUC. Ela atribui o bom resultado do curso ao intenso trabalho para que os alunos tivessem sucesso no Enade, mas também aos investimentos feitos na qualificação de professores e a ampliação do tempo de dedicação de parte do corpo docente: “Professores com dedicação maior para poder de-senvolver os projetos do curso”, explica.

Já História conquistou um 3 quase chegando no 4: teve conceito 4 no Enade e boas notas na maioria dos quesitos, mas a graduação foi mal avaliada pela quantidade de professores com mestrado – embora a proporção de mestres e doutores esteja acima do mínimo exigido pelo MEC. Isso é possível porque o cálculo considera a média dos cursos de História do país: como o contingente maior de professores está nas universidades públicas, que têm percentual altís-simo de mestres, as FIC perderam na comparação.

Coordenador de Matemática, Alzir Fourny Ma-rinhos diz que o conceito 3 trouxe muita alegria para ele e sua equipe. O professor ressalta que a nota 3 de seus alunos no Enade foi a melhor entre as instituições privadas da região que oferecem o curso: “A Universidade Rural tirou 3, mas ou-tras faculdades privadas de Campo Grande, Santa Cruz, Realengo e Piedade ficaram com 2. Se você olhar a nota de uma avaliação que vai de 0 a 5, a nota 2 é muito pouco. Mas, em nível de Brasil, a nota 3 é muito boa, pois muitos cursos tiraram menos de 3. Então, a gente sobressai”, conclui.

O ponto principal que o coordenador de Geo-grafia, professor Luiz Mendes, ressalta na avalia-ção é o grande avanço dos alunos com relação às edições anteriores do Enade, de 2005 e 2008: “Há uma clara evolução no aprendizado pelos alunos e a pertinência do conteúdo ministrado pelos professores”, diz Mendes, atribuindo tal desem-penho também ao esforço das FIC na contratação de docentes qualificados e no apoio ao desenvol-vimento do Projeto Pedagógico do Curso.

Maior qualificação e

tempo de dedicação

dos professores

Infografia: Victor Abreu

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Degrau após degrau, com firmezaA conquista do CPC 4 por Licenciatura em

Computação e Ciências Sociais e a obtenção do conceito 4 no Enade por História demonstram os acertos das coordenações e dos professores na condução dos cursos. No caso de LIC, o resulta-do é o melhor entre as quatro instituições que oferecem a graduação no Estado do Rio de Ja-neiro. Já Ciências Sociais tem a segunda melhor licenciatura, atrás apenas da PUC. E, em História, somente as licenciaturas da federal UNIRIO e da particular La Salle, de Niterói, superaram a nota do curso das FIC no Enade.

Rodrigo Neves, vice-coordenador de Compu-tação, ressalta a competência dos alunos na con-quista. “A turma que fez o Enade de 2011 era exce-lente”, diz. O resultado, segundo ele, dará grande impulso à licenciatura: “O MEC está começando a exigir formados em Licenciatura da Computação para atuarem no Ensino Básico e Médio. Hoje, a

Douglas Amancio, formado em Licenciatura da Computação: curso prepara bons profissionais

maioria dos professores de computação é forma-da por tecnólogos, e nós preparamos profissionais com as características pedagógicas para trabalhar com alunos”, explica. Douglas Amancio de Olivei-ra, da turma que se formou em 2011, concorda: “A avaliação comprova que o curso de licenciatura está preparando bons profissionais para atuarem no mercado de trabalho”.

De sua parte, a coordenadora de Ciências So-ciais, Célia Neves, atribui os resultados a um pro-jeto cuidadoso que vem sendo construído pela equipe de profissionais em parceria com os gra-duandos. Segundo ela, uma característica forte do curso é que a maioria dos alunos tem absoluta convicção da escolha da carreira. “Muitos chegam com imensas dificuldades, devido à formação ruim nas etapas anteriores do ensino e por serem jovens trabalhadores que dispõem de poucos horários para o estudo. Mas se superam”, diz a professora.

Quatro com gosto de cinco

A ex-aluna Marina Ribeiro, de 39 anos, formada em 2006, é um exemplo dessa superação. Ela fez pré-vestibular comunitário e optou por Ciências Sociais por buscar numa formação superior os meios de pensar a vida e as questões sociais. Mira-va o magistério, mas conquistou uma vaga de es-tágio no Ibase e hoje é pesquisadora do instituto: “Antes eu questionava a qualidade da formação nas faculdades privadas, mas o que tive na FEUC foi de alto nível”, diz Marina, que faz mestrado em Educação na UNIRIO e é educadora voluntária do mesmo pré-vestibular comunitário que cursou.

A percepção de Marina sobre a qualidade do curso de Ciências Sociais das FIC foi (quase) a mesma do MEC. A graduação foi bem avalia-da na maioria dos aspectos, mas caiu no quesito nota do mestrado, como História, também por ser comparada com cursos de universidades pú-blicas, embora tenha o percentual de mestres e doutores exigido pelo Ministério. “Não fosse isso, acredito que estaríamos com 5, igual à PUC”, diz a professora Célia Neves.

Foto: Arquivo Pessoal

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Problemas já estão sendo resolvidosPedagogia e Bacharelado em Sistemas de Informa-

ção foram os dois únicos cursos das FIC que não conse-guiram sair do conceito 2 no CPC, apesar de progredir em vários aspectos com relação à avaliação de 2008. Ambos tiveram resultado ruim no Enade de 2011, o que pesou. “Esperávamos no mínimo a mesma nota do exame anterior, que foi 3” – disse a coordenadora de Pedagogia, professora Maria Lícia Torres – “vimos que o problema principal se deu com o questionário socioeconômico, que é longo, e muitos alunos não pre-encheram completamente”. Rodrigo Neves, vice-coor-denador de Computação, admite a falha: “Deveríamos ter trabalhado mais a conscientização do aluno sobre o questionário. Faremos isso para o próximo Enade”.

O preenchimento do questionário, de fato, é pro-blemático, como explica o coordenador da CPA, pro-fessor Valdemar Silva: “São mais de 100 questões para responder on line. Além de paciência, é preciso muita

atenção, pois algumas perguntas dão margem a inter-pretações erradas”, analisa. Uma das soluções adota-das por professores foi a de discutir o questionário com os alunos e convidá-los a preencher em grupo, nos laboratórios de informática. “Precisamos generalizar isso”, conclui Valdemar.

Quanto a outras deficiências identificadas, o co-ordenador da CPA informa que a instituição já co-meçou a corrigi-las e enviou ao MEC um primeiro relatório a respeito. Entre elas estão a revisão do pro-jeto pedagógico de ambos os cursos, a implantação do Programa de Iniciação Científica e, mais especi-ficamente para BSI, elevação do número de docen-tes com dedicação parcial e integral, recomposição do Núcleo Docente Estruturante (professores que apoiam a coordenação no desenvolvimento de pro-jetos) e melhoria na infraestrutura do curso, como a criação de um Laboratório de Redes. ■

Rodrigo: Laboratório de Redes traz melhoria para Bacharelado em Sistema de Informação

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2013

Ano começa com novidades por todos os lados

Firme no compromisso assumido há pouco mais de 20 anos de promover o crescimento da FEUC com susten-

tabilidade e baseado no tripé aluno res-peitado, empregado satisfeito e melhoria da infraestrutura, a atual gestão tem uma série de ações importantes previstas para este ano de 2013. Entre elas destacam-se a implantação do Plano de Cargos e Sa-

lários dos funcionários administrativos e de apoio; a ampliação e melhoria das condições de acessibilidade dos prédios; a priorização, nas novas contratações, de candidatos com deficiências ou limita-ções, mas habilitados ao trabalho.

Evando da Cruz Silva, de 18 anos, que está em período de testes no setor de Su-porte de Informática, é um exemplo des-

sa política. Em seu primeiro emprego com carteira assinada, o jovem, que tem uma deficiência no braço direito, está eufórico com a oportunidade conquistada: “Encho a boca para dizer que trabalho na FEUC. Apesar da deficiência, não há nada que eu não possa fazer, quero crescer nessa área e ser um futuro Vitão”, disse ele, referindo-se ao funcionário Victor Abreu.

Nas FIC, há várias atividades previstas para movimentar os cursos. A principal delas, abrangendo todas as graduações, é o Programa de Iniciação Científica, que envolverá alunos e professores no desenvolvimento de projetos. Cada pro-fessor orientador acompanhará grupos

de até quatro alunos, que receberão bolsa de 20% de desconto nas mensali-dades para se dedicar a pesquisas rela-cionadas a suas futuras monografias. “O objetivo é incutir no graduando o espíri-to da pesquisa”, diz o vice-coordenador Acadêmico, professor Valdemar Silva.

Individualmente, os cursos também planejam novidades. Letras já tem tudo preparado para lançar a revista “Letras na FEUC”, no segundo semestre. A cha-mada para apresentação de artigos será feita ainda em março ou no máximo em abril. “As edições não terão temas

Foto: Gian Cornachini

Evando em ação na desmontagem de um computador: ‘não há nada que eu não possa fazer’

Iniciação científica, revista de Letras e muito mais

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Ano começa com novidades por todos os lados

No CAEL teremos a montagem do laboratório de Alimentos, Bebidas e Hospedagem, do curso de Turismo, e o laboratório de Pneumática, do curso de Automação Industrial. O estúdio de Fo-tografia já está prontinho para uso do curso de Publicidade. E o programa de Cultura Internacional vai propor nova viagem ao exterior com os alunos em 2013. Na Educação Infantil (a partir do Maternal II) e no primeiro segmento do Ensino Fundamental a novidade é

a entrada no Sistema Uno de Ensino, adotado primeiramente nos outros segmentos. “Esse sistema, que apre-sentou bons resultados nas turmas em que foi aplicado, agora estará à dispo-sição das demais séries”, explica Esther Bendelack, coordenadora da Educação Infantil. “Além do material didático de alto nível, os professores passam a ter à disposição consultores especialistas para dar apoio nas dificuldades peda-gógicas que enfrentarem no dia a dia”.

No Colégio Magali, o que encantou os pais neste começo de ano foi o perfil no Facebook (www.facebook.com/Co-legioMagaliFeuc) criado para que eles acompanhem parte das atividades de seus filhos na escola. “Além de postar fotos das atividades realizadas, tam-bém vamos usar o canal para manter a família informada sobre programações futuras. Acredito que ganharemos mui-to em entrosamento”, avalia Silvia Ce-zar, diretora adjunta e coordenadora. ■

Mais laboratórios, viagens e apoio pedagógico às turmas

específicos, os artigos poderão abordar qualquer assunto de interesse dos es-tudos de língua e literaturas”, explica a coordenadora Arlene da Fonseca.

Na História, a coordenadora Vivian Zampa destaca uma nova fase da pesqui-sa dos documentos sobre a história de Campo Grande feita no Fundo do Con-selho Ultramarino: “Vamos partir agora para transcrever os documentos já sele-cionados e montar um roteiro de fontes para futuras pesquisas. Quem sabe até buscar um patrocínio para a publicação desse roteiro, que seria de grande valia para pesquisadores interessados nesse período da história do bairro”, diz.

“Como estabelecer uma relação com o universo do ensino básico que não seja unicamente a presença do dis-cente que realiza o estágio orientado?” Partindo dessa pergunta, o curso de Ciências Sociais decidiu criar o Labo-ratório de Pesquisa e Ensino de Socio-logia (Lapes), com o objetivo de cons-truir uma interlocução com escolas de Ensino Médio da rede pública da re-gião e desenvolver ferramentas de en-sino e pesquisa no campo de Ciências

Sociais. “Sobretudo nos grupos que se aproximam da conclusão do curso, percebemos um conjunto de dúvidas, assim como grande disposição e entu-siasmo em buscar respostas. O Lapes vem para auxiliar nesse movimento”, diz a coordenadora Célia Neves.

Na Geografia, o coordenador Luiz

Mendes informa que dará continuidade na definição do Rio da Prata como área de estudo do curso: “Principalmente nas áreas de Geografia Agrária (rura-lidades do urbano), Meio Ambiente, Socioeconomia e Geografia Física, que engloba Geomorfologia, Geologia e Recursos Hídricos”, diz ele, ressaltando que um dos objetivos será verificar as

bases de dados socioeconômicos e edu-cacionais existentes para a região.

Já o coordenador Alzir Fourny Mari-nhos apostará as fichas da Matemática na oferta de mais e melhores cursos de extensão ao longo do ano, assim como na manutenção e ampliação do proje-to Desbloqueando, de aulas de reforço para a comunidade, que dá ao gradu-ando sua primeira experiência como professor. “Mas nosso foco em 2013 será mesmo nos cursos de extensão, importantes para incrementar a for-mação de nossos alunos”.

Preocupados com os resultados ruins no Enade, a coordenadora de Pedago-gia, Maria Lícia Torres, e o vice-coorde-nador de Computação, Rodrigo Neves, voltarão seus esforços primeiramente para uma preparação de longo prazo dos alunos para a prova de 2014. Outras ações virão a seguir, como a reestrutura-ção de disciplinas e promoção de even-tos acadêmicos. “Com a reestruturação de nosso Núcleo de Estudos em Sistema de Informação, buscaremos parcerias com empresas para levar atividades de extensão à comunidade”, diz Rodrigo.

Aluno terá bolsa de

20% de desconto na

mensalidade para

fazer pesquisa

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Tema em Questão

Escola: mão de obra ou educação crítica?

Tão presente na cultura ocidental, parece que a escola sempre existiu. Mas ela, tal como a conhecemos hoje, é uma instituição moder-

na e fruto, principalmente, do desenvolvimento econômico mundial. A partir daí, surgem questio-namentos: para que a educação atual está voltada? Qual o papel dela na formação dos estudantes? Será que a escola sempre foi assim?

Um breve apanhado histórico

Para entender a escola de hoje, vamos voltar no tempo. A cultura oral, antecessora à escrita, era a responsável por manter a história dos povos. Os en-sinamentos passados de pais a filhos eram informais, conforme sugere a filósofa e escritora Maria Lúcia de Arruda Aranha. Em seu livro Filosofia da Educação (2006), a autora explica que a educação informal é ca-racterizada pela sua forma casual e empírica, ou seja, não organizada a partir de um sistema, mas passada a partir de suas próprias vivências e bom senso.

O surgimento de sociedades mais complexas, fun-dadas em instituições políticas e práticas econômicas sofisticadas, começou a desvalorizar a educação infor-mal. Considerado insuficiente e sem conhecimentos específicos, esse modelo de educação passou a ser substituído pelo formal. Surgiu, então, a figura do professor — geralmente um filósofo, especialista em repassar conhecimento intelectual e moral. Na Grécia Antiga, essa nova educação era um privilégio de pou-

cos: homens ricos, que não tinham necessidade de trabalhar e dispostos a investir o tempo livre no saber.

Na Idade Média, a cultura escrita ganhou força: surgiram os estudos em gramática, retórica e filo-sofia, e a Igreja Católica criou escolas e transformou esses estudos em disciplinas. Para a historiadora Ma-ria Lúcia Hilsdorf, a educação escolar começou a ser delineada na Idade Média, principalmente com o interesse da Igreja Católica em educar o clero. Poste-riormente, outros saberes foram adicionados, como a estenografia — um processo de escrita por meio de abreviações que permite a transcrição das palavras tão rapidamente conforme são pronunciadas. Com o avanço da sociedade, os centros de ensino da Igreja Católica passaram a oferecer “cabeça de obra” para o Estado, ou seja, leigos educados para trabalhar na administração das cidades.

Já na Idade Moderna, a cultura humanista cresceu, as cidades começaram a inchar e a economia se tornou mais urbana. Bastou um passo ao período contempo-râneo para a escola tomar as formas atuais. Movida pelos ideais iluministas, a educação escolar passou a ser orientada pela razão. O Estado também ficou res-ponsável por mantê-la, e então ela se voltou para o público. O material escolar dispensou os livros religio-sos e adotou os didáticos e de cunho laico. O movi-mento educacional “Escola Nova”, no século XX, reviu as formas tradicionais de ensino e incorporou estudos voltados para as áreas de psicologia e biologia. Conso-lidou-se, então, a escolarização organizada em etapas – hoje com a nomenclatura de Ensino Básico (infantil e fundamental) e Secundário (médio e técnico).

Somos ‘forçados’ a manter uma máquina social ou desfrutamos

de um espaço ideal do conhecimento? Da educação técnica à

formação de um ser pensante, a escola enfrenta críticas e elogios

Por Gian Cornachini*

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O(s) papel(eis) da escola

Segundo dados do Ministério da Educação com base no último Censo (2010), a população em ida-de de escolarização básica (de 4 a 17 anos) no Brasil ultrapassa os 45 milhões de estudantes. Com tanta gente matriculada, será que a escola de hoje é a refe-rência na Educação?

O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) foi um crítico da educação escolar. Ele via na escola mo-derna um espaço para vigiar e adestrar o corpo e a mente. É como se a criança fosse sequestrada de sua família para passar longos anos sob uma disciplina voltada para conduzir seu comportamento e formar seus pensamentos. A isso ele deu o nome de “corpos dóceis”, e tal “docilização” geraria vantagens sociais e políticas: corpos dóceis significam corpos produtivos. O pensamento de Foucault sugere que o papel da escola moderna seria o de formar mão de obra para alimentar a necessidade contínua e crescente de pro-dução, seja ela de bens materiais ou não. E quanto à questão de a escola formar um ser pensante, que vá além de conteúdo, habilidades e competências pro-postas pelo ensino tradicional? Para a doutora em Educação Andrea Ramal, a escola ainda é esse local de formação diferenciada do estudante: “O papel da escola é fundamental para formar seres pensantes e críticos”, afirma ela. “A escola, junto com a família, precisa ajudar os jovens a construir um olhar crítico, a avaliar o que aprendem e o que fazem a partir de de-terminados critérios, a construir o seu próprio projeto de vida de forma responsável, autônoma e solidária”.

*Com a colaboração de dados históricos fornecidos por Ellanny Brabo de Matos, professora do curso de História das FIC.

Esta matéria continua no site da revista (www.revistadigital.feuc.br). Leia e participe do debate!

Apesar de defender que a escola busca contri-buir para a formação de seres críticos, Andrea Ra-mal não renega a crítica de Foucault: “Ela [a escola] assume também o papel — junto com a família — da formação cidadã, da formação ética, além de desenvolver competências ligadas ao mundo do trabalho, como a postura empreendedora, a capa-cidade de trabalhar em grupo ou de compartilhar conhecimento”, esclarece a especialista. Mesmo as-sim, segundo Andrea, a formação técnica da escola não deve ser descartada: “Esse movimento é positi-vo, pois a tendência é que os alunos passem a sair da escola com visões mais globais e, portanto, mais preparados para a vida”, completa. ■

A ‘decadência’ da escola em pauta

Os métodos de ensino e a estrutura prática da escola são grandes pautas de discussões. O documentário argentino “La Educación Prohibida” (2012), financiado vias redes sociais e disponibilizado gratuitamente na internet, propõe uma reflexão sobre o modelo tradicional da educação. Exibido no ‘Cinema na FEUC’ em setembro de 2012, o filme defende que a escola tradicional se baseia em um sistema repetitivo e autoritário, orientado à competição e limitador do aprendizado. O filme apresenta outras formas de pensar a educação, que valorizam a diversidade educativa, a liberdade pedagógica e a necessidade de democratização.

Outro tema que vem alimentando discussões é o chamado “abolicionismo escolar”, abordado pelo historiador Danilo de Camargo em sua dissertação de mestrado na USP (“O abolicionismo escolar: reflexões a partir do adoecimento e da deserção dos professores”). Na pesquisa, ele conclui que o problema de afastamento dos professores se dá pela conduta das escolas enquanto instituições. Danilo sugere que se questione a existência da escola como um grave problema político, pois, para ele, a instituição é falha e não se propõe a pensar um outro modelo educacional que substitua o atual.

O filósofo francês Michel

Foucault sugere que a

escola vigia e adestra o

corpo e a mente

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CAEL

Muito além dos livros e cadernos

Um aluno que desmaia com fre-quência; outro que não conse-gue acompanhar a fala do pro-

fessor e se dispersa; um terceiro que até presta atenção, mas retém pouca coisa. Já se foi o tempo em que tudo isso poderia passar despercebido ou ser tratado como preguiça ou mera indisciplina. Com o time de especia-listas em atuação também fora das salas de aula no CAEL – como fono-

audióloga, orientadora, enfermeira e nutricionista – esses pequenos pro-blemas são detectados antes que se tornem grandes e atrapalhem a vida de crianças e jovens nos estudos. “E tratados da maneira mais transpa-rente possível, unindo forças da esco-la, da família e do próprio aluno” diz a diretora Regina Sélia Iápeter.

Regina explica que, além de dar suporte aos estudantes, a função des-

ses profissionais também é a de pro-mover a integração da família com a escola. Cecília Laranjeira, orientadora educacional do Ensino Médio e Téc-nico, ressalta o papel de sua especia-lidade: “Embora os professores tam-bém estejam voltados para isso, cabe ao orientador fazer a supervisão das questões de relacionamento entre to-dos na escola e cuidar para que haja um ambiente propício ao crescimento

Foto: Gian Cornachini

Na creche, os pequenos Luiz Miguel, Maria Roberta e Joaquim observam o preparo de salada de frutas e aprendem com Fernanda sobre as vitaminas

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Profissionais como nutricionista,

orientadora educacional, enfermeira

e fonoaudióloga estão a postos para

garantir o bem-estar do aluno na

execução de suas atividades diárias

pessoal e profissional, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo”.

Casos de atritos entre alunos ou en-tre eles e professores são as ocorrências mais comuns a demandar a intervenção do orientador, mas Cecília conta que também é feito um trabalho preventivo, para evitar que se chegue ao atrito: “Há a figura do aluno representante e do pro-fessor conselheiro em cada turma para justamente incentivar o diálogo”, diz.

Outra frente em que esses profissio-nais atuam é na detecção antecipada de problemas. A fonoaudióloga Danie-le Anjo já observou crianças no berçá-rio com dificulda-des auditivas que as famílias ainda não haviam per-cebido. E já cha-mou a atenção de pais para razões simples que le-vam ao mau ren-dimento escolar, mas que poucos notam: “Uma criança que vive com nariz entupido e respirando pela boca, por exemplo, terá não somente difi-culdade de se concentrar, por falta de oxigenação, como pode desenvolver anomalias na fala”, ensina Daniele, que também é dentista e promove campa-nhas de saúde bucal na escola.

Enfermeira e coordenadora do Centro Médico, dona Armelina Guimarães Oli-veira volta e meia recebe estudantes com pequenas dores, ferimentos ou mal-es-tar. Ela faz o atendimento de sua compe-tência e, quando isso não basta, chama o responsável e/ou encaminha para aten-

dimento médico em uma clínica conve-niada do seguro saúde da instituição.

Em alguns casos, uma “junta de especialistas” chega a se formar para atuar na solução. “Foi o caso de uma menina que desmaiava com frequên-cia”, lembra Suellen Oliveira, orienta-dora educacional da Educação Infantil e do Fundamental: “A professora ob-servou isso e me passou. Dona Armeli-na também comentou que a coisa era muito frequente. Os colegas contaram que a estudante não se alimentava, e houve suspeita de bulimia. Conversei com a jovem e com a família e pedi

ajuda à nossa nu-tricionista”, rela-ta. Fernanda Rosa dos Santos, a nu-tricionista, desco-briu que era um hábito da família não tomar o café da manhã. Ela orientou a jovem e os pais sobre a

importância dessa primeira refeição e o problema foi resolvido.

Para prevenir casos assim, Fernan-da faz um trabalho de avaliação e orientação nutricional desde o ber-çário. Ela examina as crianças e pres-creve os cardápios de acordo com o desenvolvimento e o estado nutri-cional e de saúde de cada um. Além disso, promove sessões de preparo de alimentos simples – como saladas de frutas e bolos – para estimular a curiosidade e o gosto dos pequenos pelos alimentos saudáveis. Um jeito gostoso de ensinar e aprender. ■

Muitas vezes é um

profissional da

escola que detecta

problemas que a

família não percebe

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Homenagem / Primitivo Paes

Partida

Antes de partir sinto saudadesDa mocidade com toda vibraçãoDa infância com sua ingenuidadeE da velhice com toda gratidão.

Digo “tchau” aos amigos que deixeiDos poetas, levarei minha paixãoQuem diria que eu não vou sentir saudadeDas batidas desse velho coração.

Pensamento de poeta é mesmo assimCheio de sonhos, devaneios e ilusão:Pensa que vai; fica,Não vai não.

Pois,Olha eu aqui, de novo no pedaço,Cheio de Vida, de Amor e de Paixão.Vou plantando sementes da saudadeEm cada palmo de terra desse chão!

Adeus ao

POETA

Lavrador, operário, sindicalista, ator... poeta. Entre a dureza da terra e a delicadeza dos versos, Primitivo

Paes viveu 85 anos colecionando experi-ências de vida, amigos, poesias. Nasceu em Pernambuco, rodou meio mundo e vivia há pelo menos 30 anos do Rio da Prata. Ele morreu no dia 19 de janeiro, deixando as filhas Joelma e Adriana, os genros Cândido e Anderson, os netos Tiago, Diego e Derick.

Em meados da década passada, Pri-mitivo fez uma apresentação na FEUC, numa Semana de Letras, e desde en-tão criou um lindo vínculo com alunos e professores da instituição. “Com seu modo apaixonado de dizer poesia, ele soube cultivar nos alunos essa mesma paixão pela arte”, lembra a coordenado-ra do curso de Letras, Arlene da Fonseca. A filha Adriana conta que o acolhimen-

to que o poeta teve na FEUC significou para ele um sopro de vida. “Ele tinha muito orgulho de participar dos eventos culturais, sobretudo pelo carinho com que era recebido pelos jovens”.

Poeta e professor de português das FIC, Erivelto Reis nos últimos anos acompanhava Primitivo nas apresenta-ções que o veterano artista fazia em es-colas, creches, teatros e outros espaços públicos (ao todo, foram mais de 1.100). “Foi um defensor da infância e da auto-nomia cultural e intelectual das crianças e dos jovens. Dizia querer ter sido pro-fessor”, relata o discípulo.

Primitivo Paes foi enterrado no Jar-dim da Saudade, em Paciência, no Dia de São Sebastião, padroeiro da cidade que ele escolheu para viver e que aprendeu a amar. Um amplo e emocionante relato sobre sua vida e suas realizações, escrito por Erivelto, pode ser lido em http://po-etaprimitivopaes.blogspot.com/. ■

No Dia de São Sebastião, Campo

Grande se despediu do artista que

levou a poesia para as escolas e as

praças públicas e valorizou a vida

cultural da Zona Oeste

Primitivo Paes a caráter para uma apresentação: elegância no

traje e também nos versos

Foto

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Por Tania Neves

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