Revista CNC Notícias

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Julho de 2011 n° 136, ano XI www.cnc.org.br PESQUISAS CNC: CONSUMO E ESTOQUE SE ACOMODAM PÁGINAS 16 E 18 E ainda: Qualificação profissional CNC NO SALÃO DO TURISMO PÁGINA 41 Com o desenvolvimento econômico a pleno vapor, Brasil precisa vencer o desafio de suprir a carência de mão de obra qualificada

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A garantia de um crescimento sustentável para o Brasil passa por uma educação de qualidade. Na matéria de capa deste mês, a Revista CNC Notícias mostra estudo feito pela Divisão Econômica da CNC sobre as necessidades das empresas do setor terciário.

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Julho de 2011n° 136, ano XI

www.cnc.org .br

PESQUISAS CNC: CONSUMO E ESTOQUE SE ACOMODAMPÁGINAS 16 E 18

E ainda:

Qualificação profissional

CNC NO SALÃO DO TURISMO PÁGINA 41

Com o desenvolvimento econômico a pleno

vapor, Brasil precisa

vencer o desafi o

de suprir a carência

de mão de

obra qualifi cada

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Novas demandasA evolução da economia brasileira, cada vez mais inclusiva e in-

tegrada à complexa dinâmica global, está colocando em pauta novas requisições, novas exigências que devem ser atendidas, sob o risco de vermos comprometido o ritmo de desenvolvimento do País.

Uma delas diz respeito ao fato de que o Brasil precisa se acostu-mar com a realidade de ter uma moeda valorizada. Nesta edição da CNC Notícias este aspecto fi ca patente em pelo menos dois momentos.

O presidente interino da Associação de Comércio Exterior do Brasil(AEB), José Augusto de Castro, falando sobre as difi culdades dos exportadores de manufaturados, enfatizou que nem por isso a Asso-ciação é favorável a mudanças no regime cambial. A saída, diz ele, é aumentar a competitividade dos produtos brasileiros, atacando o chamado “custo Brasil”, responsável por cerca de 30% do valor das mercadorias, diluído em problemas de infraestrutura, carga tributária abusiva, custos fi nanceiros proibitivos e forte burocracia.

Em outra parte da revista, o chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas, explica que o excesso de liquidez nos mer-cados fi nanceiros globais, que se traduz em uma enxurrada de dólares nos países de alto crescimento, como o Brasil, não deverá ser reverti-do no curto prazo. Ou seja, o País, que sempre lidou com a escassez, precisa agora aprender a administrar o excesso.

Isso vale também para a qualifi cação da mão de obra necessária para garantir um crescimento sustentável do País. O Brasil nunca ge-rou tanto emprego, e o atendimento da crescente demanda de traba-lhadores com formação adequada é um dos desafi os atuais da nossa economia. A Divisão Econômica da CNC fez um levantamento das necessidades das empresas do setor terciário, cujos principais pontos apresentamos nesta edição, em nossa matéria de capa.

De certa forma, as novas demandas são uma medida do sucesso do Brasil, que vai, assim, superando antigos dilemas. Evitar os impasses e as soluções fáceis é a melhor forma de permanecer no bom caminho.

Boa leitura!

1CNC NotíciasJulho 2011 n°136 1

EDITORIAL

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Presidente: Antonio Oliveira Santos (licenciado).

Vice-Presidentes: 1º - José Roberto Tadros (Presidente em exercício); 2º - Darci Piana; 3º - José Arteiro da Silva; Abram Szajman, Adelmir Araújo Santana, Bruno Breithaupt, José Evaristo dos Santos, José Marconi Medeiros de Souza, Laércio José de Oliveira, Leandro Domingos Teixeira Pinto, Orlando Santos Diniz.

Vice-Presidente Administrativo: Josias Silva de Albuquerque.

Vice-Presidente Financeiro: Luiz Gil Siuffo Pereira.

Diretores: Alexandre Sampaio de Abreu, Antonio Airton Oliveira Dias, Antônio Osório, Carlos Fernando Amaral, Carlos Marx Tonini, Edison Ferreira de Araújo, Euclides Carli, Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Hugo de Carvalho, Hugo Lima França, José Lino Sepulcri, Ladislao Pedroso Monte, Lázaro Luiz Gonzaga, Luiz Gastão Bittencourt da Silva, Marcelo Fernandes de Queiroz, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, Pedro Jamil Nadaf, Raniery Araújo Coelho, Valdir Pietrobon, Wilton Malta de Almeida, Zildo De Marchi.

Conselho Fiscal: Anelton Alves da Cunha, Antonio Vicente da Silva, Arnaldo Soter Braga Cardoso.

CNC NOTÍCIASRevista mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

Ano XI, nª 136, 2011

Gabinete da Presidência: Lenoura Schmidt

Assessoria de Comunicação (ASCOM):[email protected]

Edição:Cristina Calmon (editora) e

Luciana Rivoli Dantas (subeditora – Mtb 21622)Redação:

Celso Chagas, Edson Chaves Filho,Geraldo Roque e Joanna Marini

Estagiário:Marcos Vinícius do Nascimento

Design:Carolina Braga

Revisão:DA/Secad/RJ - Elineth Campos e Érica Carvalho

Impressão:Gráfi ca MCE

Colaboradores da CNC Notícias de julho 2011: Roberto Noguei-ra Ferreira (consultor da Presidência-CNC), Tatiana Abranches (DJ-CNC), Severino Goes (OIT) , Neusa Pavão (Fecomércio-MS), Aristóteles Quintela (Fecomércio-RO), Marly Silva (Senac-PA), Fernanda Ziegman e Karla Santin (Senac-PR), Nayara Lessa (Fecomércio-AC).

Colaborador especial: Fábio Bentes (DE-CNC).

Créditos fotográfi cos: Divulgação/Google (página 04); Divul-ga-ção/Senac-PA (página 04); Cristina Bocayuva (páginas 07, 21,22, 25, 27, 31, 32 e 39); Carolina Braga (páginas 11, 33 e 49);Diogo Xavier/Agência Câmara (página 13); Marcel Crozet (página29); Armando Sarubby (página 30); Divulgação/ClickOn (página34); Divulgação/Groupon (página 35); Divulgação/Pei-xe urbano (página 35); Divulgação/Clube do desconto (página 35); Agenário (página 40); Divulgação/Senac(página 40); Maurício Cassano (página 41); Osvaldo Aguilar/ Mexsport/AFP (página 43); Marcos Mendes (página 44); Luiz Henrique (páginas 45 e 53); Leonardo Prado/Agência Câmara (página 46); Sérgio Vale/Agência de Notícias do Acre (páginas 50 e 51); Maria Odilia (página 52); Ivo Lima (página 53); Di-vulgação/Fecomércio de São Paulo (página 54); Divulgação/Fecomércio-PE (página 55); Divulgação/Fecomércio-RO (página 56); Chiwi Giambirtone / Reuters (3ª capa).

Ilustrações:Marcelo Vital (capa, página 8 )Carolina Braga (páginas 8, 10, 12, 38 e 43)Greice Costa (páginas 23 e 41)

Projeto Gráfi co:Carolina Braga, Marcelo Almeida e Marcelo Vital.

A CNC Notícias adota a nova ortografi a.

CNC - BrasíliaSBN Quadra 1 Bl. B - n° 14 CEP.: 70041-902PABX: (61) 3329-9500/3329-9501

CNC - Rio de JaneiroAv. General Justo, 307 CEP.: 20021-130PABX: (21) 3804-9200

14 Pesquisas CNC: marcha lenta para consumo e reposição de estoquesMesmo tendo registrado leve alta em junho, a Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias brasileiras sinaliza para um ritmo menor de compras este ano, mesmo com a estabilização do endividamento. E o Índice de Confi ança do Empresário do Comércio aponta: cai a pretensão de repor estoques das empresas no mesmo mês.

Divisão Econômica da CNC realiza estudo sobre a escassez de trabalhadores qualificados nas empresas do setor terciário da economia – o assunto é cada vez mais analisado tanto pelo Governo quanto pela iniciativa privada. Entenda as razões.

Di i ã E ô i d CNC li t d b

Aperfeiçoamento necessário

CNC NotíciasJulho 2011 n°13622

4 FIQUE POR DENTRO5 BOA DICA6 OPINIÃO8 CAPA

- Qualifi cação profi ssional: a nova meta do Brasil- Câmara dos Deputados debate o ensino profi ssionalizante

14 PESQUISA NACIONAL CNC- Nível de endividamento fi ca estável em junho, mas ainda

cresce na comparação anual - Intenção de Consumo das Famílias cresce em junho, mas

sinais de desaceleração são mantidos- Confi ança dos empresários do comércio registra nova queda

em maio

20 REUNIÃO DE DIRETORIA- Excesso de liquidez e real forte trazem novos desafi os para a

economia brasileira- Aproximação em primeiro lugar

24 ARTIGO- Conjuntura econômica - Ernane Galvêas - Associar para crescer - José Evaristo dos Santos

Capa 08

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S U M Á R I O

48

28

42

Custo Brasil emperra avanço das exportações brasileiras

Pela proteção aos trabalhadores do mundo

Copa do Mundo oferece boas jogadas para micros e pequenas empresas

O presidente interino da Associação Brasileira de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, mostra o que o País pode fazer para tirar proveito de sua inserção na economia global. “Com

uma boa infraestrutura, carga tributária civilizada e menos burocracia, ninguém reclamaria do câmbio”, disse Augusto de Castro.

Três pontos básicos foram debatidos na 100ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), realizada em Genebra, Suíça: o trabalho doméstico, a proteção social e a administração e inspeção do trabalho. Delegação da CNC participa do encontro histórico, que aconteceu em junho deste ano.

Levantamento da CNC mosta que o megaevento esportivo movimentará mais de R$ 140 bilhões nos próximos anos, e setores de construção civil, tecnologia da informação e turismo são os que mais se destacam.

3CNC NotíciasJulho 2011 n°136 3

28 INSTITUCIONAL - Conferência da OIT adota normas do trabalho para

proteger trabalhadores domésticos no mundo - Ação da Renalegis incorpora novas prioridades - Comissão de Enquadramento e Registro Sindical do

Comércio se reúne no Rio - CNC ajuíza ADI contra protocolo que gera bitributação de ICMS

34 BENS - Projeto de Lei visa disciplinar a venda eletrônica coletiva

38 SERVIÇOS - Lei que cria o Cadastro Positivo é aprovada com vetos pelo Governo

39 PONTO DE VISTA - Boas-vindas ao cadastro positivo

40 TURISMO - CNC presente em dois importantes eventos do setor de turismo - Em São Paulo, Salão do Turismo promove o Brasil - Copa 2014, um mundo de oportunidades para as micro

e pequenas empresas

44 PRODUTOS CNC - Equifax do Brasil passa a integrar o grupo Boa Vista Serviços - SEGS é apresentado no Conselho Deliberativo do Sebrae-MS

46 EM FOCO - Senac alinhado com os objetivos estratégicos

do Plano Nacional de Educação - Enaex 2011 mobiliza comércio exterior em busca

de mais competitividade

48 ENTREVISTA - “Estamos perdendo uma grande oportunidade na relação

com a China” - José Augusto de Castro

50 SISTEMA COMÉRCIO - Fecomércio Acre inaugura novas instalações da entidade

em Rio Branco - Fenavist discute a capacitação de profi ssionais para a Copa do

Mundo de 2014 - Sistema Fecomércio-PR lança projeto Senac na Copa,

Paraná no Mundo - Fecomércio divulga os vencedores do 2° Prêmio de Sustentabilidade - Fecomércio-PE investe no monitoramento de Projetos

de Lei em Pernambuco - Parceria de cooperação técnica é fi rmada entre

federações do comércio

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CNC NotíciasJulho 2011 n°13644

FIQUE POR DENTRO

Google ajuda micros e pequenas empresas a entrar na internet

Acesso à internet banda larga cresce no País

Iniciativa de alunos do Senac é premiada no Pará

Já está disponível no Brasil o projeto Conecte Seu Negócio, que ajuda micros e peque-nos empresários a criar sites para os seus empreendimentos, incrementando a divulgaçãodos negócios e a inclusão digital de quem não tem intimidade com a internet. O projeto é uma iniciativa do Google, em parceria com a Yola e o Sebrae. Para os cinco mil primeiros a se cadastrar, o Google oferece criação do site, registro de domínio e hospedagem gratuitos

por um ano e mais R$ 150 para investimentos no AdWords, para compra de links patrocina-dos nas buscas. O desenvolvimento do site fi ca por conta de uma ferramenta on-line da Yola, que torna o processo mais simples. O Sebrae vai atuar com treinamentos e consultorias para melhorar os resultados das empresas. Para par-ticipar e saber mais sobre o projeto, é só aces-sar o link www.conecteseunegocio.com.br.

O Brasil já possui mais de 40,9 milhões de acessos à internet de banda larga, segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil) divulgados em junho. A marca, alcançada no mês de abril de 2011, considera os acessos à internet via rede fi xa e móvel. A pesquisa apurou que 25,6 milhões desses acessos são realizados através de conexões de terceira geração (3G) em modems e celulares. Somente com as vendas de celulares com acesso à rede 3G foram 19,1 milhões de novos clientes. A velocidade das conexões também apresentou crescimento. De 2008 a 2010, esta não passava de 1 mbps (megabite por segundo). Em abril de 2011, a velocidade média apurada fi cou em 1,7 mbps – crescimento de 70%. Apenas 28% das conexões no Brasil estão acima de 2 mbps. No mesmo período analisado houve uma redução de 64% no preço dos aces-sos fi xos, segundo a Telebrasil, que afi rma que as redes 3G estão instaladas em 1.523 municípios, concentrando 75,4% da população brasileira (143,7 milhões de pessoas),permitindo a antecipação em mais de dois anos das metas de cobertura das licenças 3G concedidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Alunos do Senac Parauapebas, no Pará, conquistaram o primeiro lugar no Concurso de Alternativas Ambientais promovido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com o projeto que transforma sacos de cimento descartados em sacolas ecológicas por meio da reciclagem do material. A premiação fez parte da 16ª Semana do Meio Ambiente da cidade, e teve o objetivo de estimular a criação de alternativas que contribuíssem com a preservação ecológica e a redução dos problemas ambientais. O trabalho de reciclagem com sacos de cimento tem grandes possibilidades de sucesso. O setor da constru-ção civil é um dos que mais se desenvolvem no Pará, com taxa de crescimento de 17% ao ano. Além do pro-jeto de reciclagem, os alu-nos do Senac apresentaram o plano de revitalização do Rio Parauapebas.

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5CNC NotíciasJulho 2011 n°136 5

BOA DICA

Política e gastronomia se misturam em Às mesas do poder

O Guia do Preocupado traz dicas sobre como lidar com a ansiedade

Livro organizado pelo SESC reúne imagens de Ariano Suassuna

Poucos itens são tão indispensáveis a uma visita di-plomática de um governante a um país quanto um jantar de boas-vindas ou algum evento que envolva comida. Os banquetes se tornaram tradicionais ao longo da his-tória, e a relação de reis, imperadores e chefes de Esta-do com a gastronomia pode ter infl uenciado diretamen-te ações políticas em todo o mundo. É essa questão que aborda o livro Às mesas do poder – dos Banquetes Gre-gos ao Eliseu, uma pesquisa realizada por Jean-Marc Albert, publicada pela editora Senac São Paulo. A obra explora a alimentação em todos os seus aspectos, deco-difi cando a linguagem implícita das refeições. Segundo Albert, o mais trivial dos pratos não escapa a questões políticas, que podem ser regionais ou globais.

Ficar preocupado e ansioso com relação a mudan-ças comportamentais e organizacionais é natural, mas a preocupação em excesso pode trazer consequências tanto físicas quanto emocionais. Para ajudar a lidar com essas condições, a psicóloga Beverly Potter lançou O Guia do Preocupado, publicado pela editora Gente, que propõe um novo método para transformar a ansie-dade em planejamento e se tornar um “preocupado in-teligente”. “Resistir às mudanças é natural. Espere pela resistência de sua mente e prepare-se para superá-la. Pro-por-se à condição de mudança, esperando por atitudes de outras pessoas, é adiar ou impossibilitar suas próprias ações, ou até mesmo acreditar que os outros são sempre responsáveis por suas fraquezas”, explica a autora.

Em junho, mês em que completa 84 anos, o escritor Ariano Suassuna foi homenageado com o lançamento do livro O Decifrador, uma coletânea de fotografi as realiza-das pelo seu assessor pessoal e genro, o artista plástico Alexandre Nóbrega. O livro foi organizado pelo SESC, e a seleção das fotos, que durou quase um ano, foi feita por um rigoroso processo supervisionado por Nóbrega. A obra tem a proposta de ser um documentário iconográfi -co, com imagens que aproximam o leitor do cotidiano de Suassuna, mostrando cenas descontraídas de momentos vividos por ele. “Comecei a fotografá-lo tanto em cena como nos momentos mais íntimos e, aos poucos, percebi ter reunido um material muito rico”, explica Nóbrega.

Page 8: Revista CNC Notícias

Macroprudencial é um neolo-gismo que está sendo utili-zado para caracterizar certas

medidas de política monetária. A nosso ver, é um uso inadequado. Medidas de política monetária ou fi scal são aquelas que interferem no curso dos agregados monetários ou fi scais, tratando de redu-zir ou aumentar a sua expansão, basica-mente representativos de um excesso de demanda agregada.

Macroprudenciais, como a própria palavra sugere, seriam medidas preventi-vas, que fi xam limites operacionais, den-tro da prudência e da segurança com que deve operar o sistema fi nanceiro, seja na conjuntura de alta seja na de baixa.

Os limites operacionais traçam a disci-plina que o sistema deve obedecer, os limi-tes pelos quais se deve pautar para manteros riscos operacionais em níveis previsí-veis e administráveis – exatamente o que não houve nos Estados Unidos, na crise de 2007/2008, assim como na Europa.

Os extraordinários avanços na área da informática transformaram o siste-ma fi nanceiro e o mercado de capitais, dando-lhes condições de alavancar suas operações ativas e passivas mui-to além do que se pode controlar, tendo em vista a solidez e a liquidez dos ati-vos reais que respaldam as obrigações lançadas no mercado.

Os Fundos Hipotecários e os Fun-dos de Hedge ou de Recebíveis podem se transformar em aventuras fi nanceiras, como aconteceu recentemente. As ope-rações com derivativos, nas Bolsas de Mercadorias e Futuros em todo o mun-do, assim como nos mercados de balcão, fora das regulações e fi scalizações das autoridades competentes, transformaram esses mercados em verdadeiros cassinos, em que as fi chas do jogo são os contratos de compra e venda. São negócios que, em vez de girar em torno de commodi-ties ou de moedas estrangeiras, giram em termos de valores hipotéticos, de futu-

CNC NotíciasJulho 2011 n°13666

OPINIÃO

O combate à inflação

Page 9: Revista CNC Notícias

Antonio Oliveira SantosPresidente da Confederação Nacional do

Comércio de Bens, Serviços e Turismo

ros, de taxas de câmbio e taxas de juros. Compram-se e vendem-se esses deriva-tivos como se fossem bens tangíveis. E sem limitações.

Um banco que faz um empréstimo para compra de um imóvel coloca a respecti-va hipoteca em um Fundo, do qual vende quotas no mercado. Outros bancos quecompram essas quotas as colocam em um segundo Fundo, dos quais vendem novas quotas no mercado, em um processo de alavancagem sem sustentação.

Os Acordos da Basileia foram cons-truídos para frear essa alavancagem de-senfreada. Quem os seguiu saiu-se bem da crise, como foi o caso do Brasil – o que não aconteceu com alguns países, como Grécia, Irlanda, Portugal e Espa-nha, por exemplo, em que os bancos in-solventes transformaram seus problemas em uma crise fi scal de difícil solução.

Ainda hoje, a roda continua girando, com a alavancagem sem limite. Nas Bol-sas de Chicago e Nova York opera-se, dia-

riamente, um valor de contratos de café 10 vezes superior ao da produção física. O mesmo acontece com outros produtos, como o petróleo, por exemplo, em ope-rações em que prevalece, nitidamente, o sentido da especulação. No incidente do Golfo do México, em 2010, assim como no caso recente da Líbia, os especulado-res elevaram os preços a alturas incríveis, gerando uma infl ação global que escapa ao controle das administrações regionais.

Esse é o tipo da infl ação que os Ban-cos Centrais não vão conseguir debelar simplesmente elevando as taxas básicas de juros. A correção desse tipo de infl a-ção certamente deve ter outro sentido, usar outros instrumentos, principal-mente de natureza fi scal e regulatória. Daí a afi rmação de que a infl ação atual,de múltiplas origens, não pode ser res-ponsabilidade exclusiva do Banco Cen-tral. É óbvio. E é isso, ao que parece, que as autoridades brasileiras estão procurando entender.

7CNC NotíciasJulho 2011 n°136 7

OPINIÃO

Page 10: Revista CNC Notícias

8

CAPA

CNC NotíciasJunho 2011 n°1358

Page 11: Revista CNC Notícias

O crescimento do mercado de trabalho acima da média

histórica comprova: o desenvolvimento econômico

do Brasil vai de vento em popa.

Apenas em 2010 foram criados 2,5 milhões de postos de trabalho

formais – uma alta de 7,7% em relação ao ano anterior.

Com isso, o Brasil já começa a enfrentar um novo

desafi o, que é qualifi car seus profi ssionais para garantir a

sustentabilidade de seu desenvolvimento.

A Divisão Econômica da CNC fez um levantamento

das necessidades das empresas do setor terciário e

constatou: de cada cinco grupos de atividades, um sofre

com a falta de qualifi cação profi ssional.

9CNC NotíciasJulho 2011 n°136 9

CAPA

Qualificação profissional: a nova meta

do Brasil

Page 12: Revista CNC Notícias

Geração de postos de trabalho formais no brasil(Em 1.000 postos)

762,4

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011*

645,4 645,4

1.523,3

1,254,0

1,617,41,452,2

995,1

2.555,4

1.980,7

Fonte: CNC* Previsão CNC

CNC NotíciasJulho 2011 n°1361010

CAPA

Crescimento do setor terciário amplia o desafio

da qualificação profissional

Em franco processo de desenvolvimento econômico, Brasil vive momento de forte ampliação do seu mercado

de trabalho. Mas no setor terciário um em cada cinco grupos de atividades sofre com a falta de mão de obra

devidamente preparada

O mercado de trabalho no Bra-sil tem crescido acima de sua própria média histórica nos úl-

timos anos. Em 2010, por exemplo, fo-ram criados 2,5 milhões de postos de trabalho formais no País – um recor-de na série do Cadastro Geral de Em-pregados e Desempregados (Caged) que corresponde a um avanço de 7,7% em relação ao total de vagas existentes no ano anterior.

Embora esse crescimento tenha sido signifi cativamente infl uenciado pelo boom

na construção civil, ramo que deman-dou um avanço ainda mais expressivo na criação de postos de trabalho (14,8%), diversos empresários do setor terciário se queixam da escassez de trabalhadores qualifi cados, um problema que não pode ser resolvido apenas com a valorização de salários, mas com o aperfeiçoamento da mão de obra.

Apesar da forte alta na criação de em-pregos na construção civil, coube ao se-tor terciário privado a geração da maior parcela de postos de trabalho no último

Page 13: Revista CNC Notícias

Distribuição dos postos de trabalho segundo graus de instrução no setor terciário

47,3%

8,9%

12,7%

6,5%

13,6%

4,9%

Até 5º ano fund. incompleto

6º a 9º anos fundamental

Fundamental completo

Médio completo

Superior completo

Mestrado

Analfabeto

5º ano fund. completo

Doutorado

Médio incompleto

Superior incompleto

0,4%0,2%

0,2%2,0%

3,3%

Fonte: CagedTotal: 22,3 milhões de trabalhadores

11CNC NotíciasJulho 2011 n°136 11

CAPA

ano (64% do total), com mais de 1,6 mi-lhão de vagas. Em termos gerais, não há uma escassez generalizada de emprego qualifi cado, mas determinadas ativida-des carecem de profi ssionais qualifi ca-dos, provocando uma sobrevalorização desses trabalhadores nas suas respecti-vas áreas de atuação.

Com base nas informações forne-cidas pelo próprio Caged e na Relação Anual de Informações Sociais, também registrada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Divisão Econômica da CNC realizou um levantamento so-bre a escassez de trabalhadores quali-ficados nas empresas do setor terciário da economia. A classificação dos traba-lhadores quanto à sua qualificação foi ajustada às características de cada ati-vidade econômica, dada a heterogenei-dade do setor terciário. O estudo clas-sificou como “empregado qualificado” aquele com pelo menos o nível superior completo nas atividades de educação e serviços financeiros, por exemplo. Em serviços de limpeza e conservação de edifícios, o nível médio incompleto foi qualificado como “acima da média”. Os dados se referem ao período de 12 meses encerrados em maio de 2011.

Inicialmente, foram identificados 144 grupos de atividades econômicas. Entre-tanto, para efeito de representatividade, foram investigados apenas 99 grupos – aqueles que empregam 0,1% dos traba-lhadores do setor terciário, que totaliza 23,6 milhões de trabalhadores celetistas. O critério para a identificação de escas-sez de emprego qualificado consistiu na observação da evolução nominal do sa-lário de admissão da respectiva ativida-de. O crescimento do rendimento do tra-

Fábio Bentes, economista da CNC: “De cada cinco grupos de atividades do setor terciário, um sofre com a falta de mão de obra qualifi cada”

Page 14: Revista CNC Notícias

Grupos de AtividadesEmprego Renda

Qualificado Desqualificado Qualificado Desqualificado

Transporte ferroviário e metroferroviário 6,5% 21,5% 13,7% -1,9%

Com. atacadista de matérias-primas 3,6% 4,0% 13,4% 10,2%

Aluguel de máq. e equip. s/ operador 10,8% 11,6% 13,1% 9,0%

Locação de meios de transporte 4,0% 4,1% 12,5% 10,8%

Com. varej. de art. culturais e esportivos 0,6% 3,5% 10,6% 8,3%

Serviços financeiros não específicos 4,2% 7,1% 10,1% -0,6%

Hiper e Supermercados 3,0% 6,1% 9,2% 8,8%

Com. man. e repar. de motocicletas 5,9% 8,7% 9,0% 7,5%

Serv. de compl. diagnóstica e terapêutica 6,5% 6,8% 8,9% 8,9%

Atividades de teleatendimento -0,3% 15,1% 8,6% 5,7%

Representantes com. exceto de veículos 6,0% 10,0% 8,1% 7,4%

Serv. de cobrança prestados às empresas 3,9% 5,2% 7,2% 6,7%

Planos de saúde 2,6% 11,0% 6,9% 0,7%

Atividades de telecomunicações em geral 7,2% 16,7% 6,8% 1,8%

Educação infantil e ensino fundamental 4,0% 4,8% 6,0% 5,7%

Organização e transporte de carga 12,2% 14,8% 5,8% 4,6%

Comércio de veículos automotores 7,9% 10,3% 5,7% 4,9%

Serviços de bolsas de valores e mercados 1,6% 10,2% 4,9% -0,1%

Vigilância, seg. priv. e transp. de valores 4,6% 8,2% 3,5% 3,5%

Telecomunicações sem fio -2,2% 11,1% 3,3% -5,6%

Telecomunicações por fio 0,0% 18,5% 0,0% -10,5%

Fonte: CNC

CNC NotíciasJulho 2011 n°1361212

CAPA

balho acima da média dos trabalhadores desqualificados foi tratado como indício de escassez. Essa hipótese sujeitou-se, ainda, à observação do crescimento do emprego entre os trabalhadores qualifi-cados e desqualificados.

Assim, a escassez de qualificação foi confirmada apenas nos grupos de ativi-dades em que o emprego entre os traba-lhadores com anos de estudo acima da média se mostrou inferior à evolução do emprego dos desqualificados. “A es-cassez se confirmou segundo os crité-rios apresentados em 20 dos 99 grupos analisados. Destes, aproximadamente 10 grupos acusaram sinais evidentes de escassez. Ou seja, um em cada cinco grupos de atividades sofre com a falta de profissionais qualificados”, afirma o economista Fábio Bentes, responsável pelo levantamento.

O segmento que apresentou maior ga-nho salarial decorrente das condições de escassez foi o de transporte ferroviário e metroviário (13,7%). As atividades rela-cionadas ao transporte de carga também se destacaram (5,8%). O comércio foi o subsetor com a maior quantidade de ativi-dades valorizadas pela escassez: comércio atacadista de matérias-primas (13,4%), comércio varejista de artigos culturais e esportivos (10,6%), comércio varejista em hiper e supermercados (9,2%), comércio e reparação de motocicletas (8,1%) e co-mércio de veículos automotores (5,7%). Outros serviços que apresentaram expres-siva valorização da mão de obra qualifi -cada foram serviços de locação de máqui-nas e equipamentos (+13,1%), locação de meios de transporte (+12,5%) e serviços fi nanceiros relativos à administração de consórcios e securitização de créditos.

Page 15: Revista CNC Notícias

13CNC NotíciasJulho 2011 n°136 13

CAPA

Câmara dos Deputados debate o ensino profissionalizante

CNC participa de audiência pública sobre o Pronatec e sugere a inclusão, no Projeto de Lei, de cursos de menor duração para o aperfeiçoamento de profi ssionais já qualifi cados

A Comissão de Trabalho, de Ad-ministração e Serviço Público (CTASP), da Câmara dos Depu-

tados, realizou, em 14 de junho, audiên-cia pública para discutir o Projeto de Lei nº 1.209/2011, que institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A audiência foi rea-lizada por requerimento do deputado Alex Canziani (PTB-PR), relator do Projeto na Comissão, e a CNC foi representada pelo seu consultor Roberto Nogueira Ferreira.

“Ainda que a lei deixe claro que a participação é voluntária, é óbvio que a CNC e o Senac vão entrar “de cabeça” no Pronatec, com consistência, com pesquisa de campo e com muita seriedade. O Pro-natec tem objetivos muito importantes”, afi rmou o consultor.

A CNC acredita que o Projeto será aprovado pelo Congresso Nacional, porém a sua operacionalização precisa ainda de algumas defi nições do Governo, como, por exemplo, a demanda do seguro-desempre-go. “No caso do Bolsa Família, o Minis-tério do Desenvolvimento terá um papel fundamental, pois caberá a ele indicar a demanda”, explicou.

Roberto Nogueira defendeu a neces-sidade de defi nição, no Projeto de Lei,

das entidades que comporão o ConselhoDeliberativo. E sugeriu abrir uma janela para cursos de menor duração (40 horas) somente para casos de aperfeiçoamento de profi ssionais já treinados nos cursos de longa duração.

O representante da CNI, Gustavo Leal, também elogiou a iniciativa. “O que a gente percebe hoje é que, no momento em que o País cresce, aumenta a demanda por profi ssionais capacitados, com maior nível educacional. O Pronatec é uma excelente oportunidade para que possamos ampliar a nossa oferta de matrículas, principalmente nos cursos técnicos e de formação profi s-sional”, afi rmou.

Eliezer Pacheco, secretário de Ensino Profi ssional do Ministério da Educação e Cultura, falou sobre o engajamento da so-ciedade. “Pela primeira vez, conseguimos mobilizar todos os atores responsáveis pela educação de ensino profi ssional no Brasil: Governo, escolas profi ssionais, entidades privadas”, fi nalizou.

Também participaram do debate o re-presentante do Fórum Nacional de Se-cretarias de Estado do Trabalho (Fonset), Luiz Cláudio Romanelli, e a diretora de Qualifi cação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ana Paula da Silva.

Luiz Cláudio Romanelli (Fonset), Eliezer Pacheco (MEC), dep. Alex Canziani, Roberto Nogueira Ferreira (CNC), Ana Paula da Silva (MTE) e Gustavo Leal Sales Filho (Senai)

Page 16: Revista CNC Notícias

Fonte: Pesquisa CNC

Peic - Síntese dos resultados (% em relação ao total de famílias)

Total de endividados

Dívidas ou contas em atraso

Não terão condições de pagar

Junho/2010 54,0% 23,5% 7,8%Maio/2011 64,2% 24,4% 8,6%

Junho/2011 64,1% 23,3% 8,4%

CNC NotíciasJulho 2011 n°1361414

PESQUISA NACIONAL CNC

Nível de endividamento fica estável em junho,

mas ainda cresce na comparação anualApesar da estabilidade, o número de famílias que

declararam estar endividadas segue em nível elevado. É que os fi nanciamentos contratados durante o ano de

2010 e no início de 2011 ainda estão sendo quitados

O nível de endividamento das fa-mílias brasileiras, medido pela Pesquisa de Endividamento e

Inadimplência do Consumidor (Peic Na-cional), da CNC, fi cou em 64,1% em junho, o que representa estabilidadeem relação aos 64,2% registrados em maio. Apesar disso, o endividamen-to apresenta forte alta na comparação com os 54,0% verifi cados no mesmo período de 2010.

Em junho, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso fi cou em 23,3%, voltando a recuar tanto em relação ao mês anterior (24,4%) quanto na comparação anual (23,5%). Já o per-centual de famílias que não terão con-dições de pagar seus débitos, indicador antecedente da inadimplência, fi cou em 8,4% – uma ligeira queda em relação a maio (8,6%) e uma alta considerável

em relação ao mesmo período do ano anterior (7,8%).

“Os indicadores de inadimplência voltaram a recuar em junho, após a forte alta em maio, quando haviam atingido o maior patamar observado durante o pri-meiro semestre de 2011”, afi rma a econo-mista Marianne Lorena Hanson.

Para ela, embora em estabilidade, o número de famílias que declararam estar endividadas segue em nível elevado. “O percentual registrado pela Peic está em patamar superior ao de junho de 2010 e às médias observadas no primeiro e segundo trimestres deste ano, de 63,2% e 63,6%, respectivamente. Apesar da redução já observada no volume de concessões de novos empréstimos desde o início do ano, os fi nanciamentos contratados durante o ano de 2010 e no início de 2011 ainda es-tão sendo quitados”, explica.

Page 17: Revista CNC Notícias

Fonte: Pesquisa CNC

Tipo de dívida / Junho de 2011

Categoria TotalRenda Familiar Mensal

Até 10 SM + de 10 SM

Cartão de Crédito 73,8% 73,8% 75,3%Cheque Especial 6,5% 6,2% 8,5%Cheque Pré-datado 2,8% 2,5% 5,1%Crédito Consignado 4,2% 4,1% 4,8%Crédito Pessoal 10,8% 10,8% 11,4%Carnês 19,9% 20,9% 13,6%Financiamento de Carro 10,3% 8,3% 23,3%Financiamento de Casa 3,6% 3,0% 7,2%Outras Dívidas 2,6% 2,8% 1,4%Não sabe 0,4% 0,4% 0,4%Não respondeu 0,5% 0,5% 0,3%

15CNC NotíciasJulho 2011 n°136 15

PESQUISA NACIONAL CNC

Quando analisado por faixas de renda, o endividamento das famílias brasileiras acusou trajetórias distintas no período entre maio e junho deste ano. No grupo com renda inferior a 10 salários mínimos, mais famílias declararam-se endividadas em junho: 65,6%, ante 65,2% em maio. Já nas famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o percentual caiu para 55,3% em junho, ante 57,7% em maio. Entretanto, nas duas faixas de renda o in-dicador apresentou alta expressiva, quan-do comparados os meses de maio de 2011 e maio de 2010.

A Peic mostra, ainda, que as famílias com menor renda registraram queda no percentual de atraso em suas contas ou dívidas, de 26,1% em maio para 25,1% em junho; e mantiveram estável o indi-cador de inadimplência (famílias sem condições de quitar seus débitos), que passou de 9,5% em maio para 9,4% em junho. Mas, na comparação anual, os grupos familiares compreendidos en-tre as duas faixas de renda tiveram alta no percentual das contas e dívidas sem condições de pagamento – com desta-que para o aumento de 0,8 ponto per-centual nas famílias com renda inferior a 10 salários mínimos.

Alguns fatores sugerem alta na inadim-plência no curto prazo: a piora contínua

nas condições de novos empréstimos e de renegociação de dívidas antigas, a queda recente da renda real do trabalhador e o ritmo mais reduzido de geração de novos postos de trabalho. “A queda marginal nos indicadores de inadimplência e a me-lhora no perfi l de endividamento podem ser atribuídas a uma folga na evolução dos preços, com desaceleração do cus-to de vida. Mas embora a inadimplência siga uma trajetória de alta, a deterioração ocorre em ritmo moderado, compatível com a desaceleração gradual da economia brasileira”, afi rma Marianne.

Em junho, o tempo médio de atraso nas dívidas das famílias pesquisadas fi cou em 60,8 dias, uma elevação de 2 dias em relação ao mesmo mês de 2010. “Mas, no mesmo período, o tempo médio de com-prometimento com as dívidas fi cou está-vel em 6,7 meses, sendo que 29,6% das famílias disseram estar comprometidas com dívidas por mais de um ano. E entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas, na comparação anual, caiu de 30,1% para 29,5%”, explica Marianne.

Para 73,8% das famílias endividadas, o cartão de crédito continua sendo o prin-cipal tipo de dívida, seguido por carnês, para 19,9%, e, em terceiro lugar, o crédito pessoal, para 10,8%.

Page 18: Revista CNC Notícias

CNC NotíciasJulho 2011 n°1361616

PESQUISA NACIONAL CNC

Intenção de Consumo das Famílias cresce em

junho, mas sinais de desaceleração são mantidos

Os refl exos das medidas macro-prudenciais adotadas pelo Banco Central já são sentidos nas ruas.

A intenção de consumo das famílias bra-sileiras, medida pela CNC, apresentou, em junho, uma leve alta, de 0,7%, mas o resul-tado, o primeiro positivo após cinco meses de quedas consecutivas, não foi sufi ciente para indicar uma reversão da desaceleração do consumo em 2011. Na comparação com 2011, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma retração de 1,7%.

“As medidas macroprudenciais adota-das pelo Banco Central, além do processo de aperto monetário, foram decisivas para reduzir a intenção das famílias em relação ao consumo de bens como automóveis, bens de linha branca e eletroeletrônicos”, explica o economista Bruno Fernandes, ressaltando que o cenário de desaceleração no consumo, estimado para o fi nal do ano, entretanto, não é sinônimo de catástrofe. “Um consumo um pouco menor em relação a 2009 e 2010 não representará um proble-ma, já que aqueles resultados estavam bem acima do normal. Em 2011, teremos uma readequação dos níveis de consumo”.

Em junho, a sustentação do mercado de trabalho e a trégua temporária nos preços impediram que as maiores difi culdades de aquisição de crédito tivessem um impacto mais forte sobre a intenção de consumo das famílias. No mês passado, a ICF fi cou em 130,8 pontos. E, à exceção de “compras a prazo”, todos os subitens que compõem o indicador registraram alta, com destaque para as impressões positivas das famílias com “momento para duráveis” e “renda atual”, como mostra a tabela 1.

No corte regional, apenas Norte e Nor-deste registraram variação negativa em ju-

nho, de -2,2% e -0,5%, respectivamente. Mesmo com a queda, a região Nordeste mantém-se como a mais otimista do País, com 133,8 pontos na ICF. Já a região Nor-te apresenta a menor intenção de consumo (126,2 pontos). Apesar das variações nega-tivas, na comparação anual, apenas a média das capitais nordestinas acusaram expansão ante o mesmo mês de 2010 (+0,1%).

As famílias com renda inferior a 10 sa-lários mínimos voltaram a apresentar, em junho, após cinco meses de queda, a maior intenção de consumo em relação ao mês anterior: 0,9%. Na comparação anual, as duas faixas de renda apresentaram contra-ção. Mas, mesmo assim, os consumidores com renda familiar acima de 10 salários mínimos mantêm o nível de satisfação/oti-mismo elevado, em 138,0 pontos.

Varejo desacelera

A perspectiva de consumo novamente apresentou a maior retração entre os com-ponentes da ICF – uma queda de 7,3% na comparação anual.

“O endividamento elevado e em con-dições menos favoráveis, assim como a percepção do aumento do custo de vida, devido à aceleração da infl ação no início do ano, vem resultando em uma menor in-tenção de consumo por parte das famílias”, justifi ca Bruno Fernandes.

Contribuem para esse desempenho principalmente as famílias com rendi-mento domiciliar acima de 10 salários mínimos. Contudo, a maioria das famílias entrevistadas (51,4%) ainda se encontra disposta a consumir mais nos próximos meses. “O menor ímpeto dos consumido-res confi rma a tendência de desaceleração

Page 19: Revista CNC Notícias

Síntese dos resultados – ICF

Indicador Junho/2011Variação mensal

Variação anual

Emprego atual 136,1 +0,9% +1,3%

Perspectiva profissional 130,5 +0,2% +2,9%

Renda atual 141,8 +1,0% -1,4%

Compra a prazo 140,9 -0,4% -1,8%

Nível de consumo atual 102,5 +0,5% -4,1%

Perspectiva de consumo 133,0 +0,3% -7,3%

Momento para duráveis 130,7 +2,3% -1,6%

ICF 130,8 +0,7% -1,7%Fonte: Pesquisa CNC

17CNC NotíciasJulho 2011 n°136 17

PESQUISA NACIONAL CNC

das vendas reais do comércio. Nossas pro-jeções indicam um crescimento de 7,4% do volume de vendas do varejo em 2011”, diz o economista.

As regiões Sul (111,6 pontos) e Centro--Oeste (126,9 pontos) registraram os menoresníveis em relação à disposição ao consumo.

A perspectiva profi ssional foi o indi-cador a registrar o melhor desempenho na variação anual (+2,9%). O aumento no oti-mismo em relação ao futuro do mercado de trabalho se deu principalmente em fun-ção da avaliação das famílias mais ricas, que obtiveram variação anual de 9,1%, pa-tamar superior ao otimismo registrado dos lares mais pobres, de apenas 2,1%.

Famílias estão mais satisfeitas com seus empregos

“Mesmo com o cenário não tão favorá-vel quanto em 2010, quando houve grande geração de empregos e forte crescimento da renda real, o mercado de trabalho ain-da vem sustentando a intenção de con-sumo das famílias em 2011”, diz Bruno Fernandes. Em junho, a satisfação com o emprego e a renda atuais registraram cres-cimento de 0,9% e 1,0%, respectivamente, ante o mês anterior. Na comparação com o mesmo mês de 2010, a satisfação com o emprego manteve trajetória crescente, alcançando variação positiva de 1,3%. Já a renda atual apresentou retração de 1,4% no mesmo período. Para Fernandes, o ritmo ainda expressivo de criação de postos de trabalho e o aumento do custo de vida nos últimos meses justifi cam os resultados.

As famílias mostraram mais satisfação com relação à renda: no grupo com ganho inferior a 10 salários mínimos, o indicador cresceu 0,9% em junho, ante maio, e no gru-po com renda mais alta, o crescimento foide 1,5% – resultado que refl ete principal-mente um menor aperto dos preços, em es-pecial dos alimentos, aliviando temporaria-mente o orçamento das famílias. No entanto, na comparação com o mesmo mês de 2010, as famílias demonstraram queda na satisfa-ção, de 1,5% e 1,4%, respectivamente.

Crédito mais caro mantém intenção de consumo menor

Os índices que medem o nível de con-sumo atual e o momento para compra de bens duráveis apresentaram alta de 0,5% e 2,3% na comparação mensal. Todavia,ante junho de 2010 os indicadores obtiveram retração de 4,1% e 1,6%, res-pectivamente. Já o indicador que mede compras a prazo decresceu tanto na com-paração mensal quanto na anual, regis-trando quedas de 0,4% e 1,8%, respecti-vamente. “O encarecimento do crédito e as menores facilidades de aquisição de empréstimos vêm esfriando a demanda por bens duráveis”, afi rma Fernandes. A região Sudeste alcançou a maior in-tenção de compras a prazo (148,9), com crescimento de 0,7% em relação a junho de 2010. O Nordeste mantém-se com o maior nível de consumo atual (111,5 pontos). Já a região Sul é a mais otimis-ta quanto ao momento para compra de duráveis (148,2 pontos).

Page 20: Revista CNC Notícias

CNC NotíciasJulho 2011 n°1361818

PESQUISA NACIONAL CNC

Confiança dos empresários do comércio registra nova

queda em maio

Percepção sobre um ritmo de atividade econômica mais lento leva empresas a diminuir a pretensão de repor

estoques. Apesar disso, as perspectivas de contratação e de investimentos são favoráveis

A confi ança dos empresários brasi-leiros do comércio, medida pelo Índice de Confi ança do Empre-

sário do Comércio (Icec), da CNC, fi cou em 127,8 pontos – uma queda de 2,0% em maio, na comparação com abril. No levan-tamento anterior, de abril ante março, o in-dicador já acusava baixa de 0,7%. Entre as principais causas do resultado está a per-cepção dos empresários sobre um ritmo de atividade econômica menos acelerado, traduzido por vendas menores.

“As perspectivas menos favoráveis para os próximos meses traduziram-se em uma queda signifi cativa da satisfação com o nível atual dos estoques”, afi rma o economista Fábio Bentes. Em maio, os estoques tiveram uma queda de 10,7%, in-dicando a menor disposição dos empresá-rios em renová-los. A percepção do nível geral da atividade também caiu – 7,1% – no período.

Quase a metade dos empresários entre-vistados (47,4%) consideraram adequado o nível atual dos estoques de suas em-presas. Mas a parcela dos que realizarão menos encomendas (27,5%) já ultrapas-sa a dos empresários dispostos a ampliar os pedidos de reposição de mercadorias (23,9%). Três em cada quatro empresários do comércio têm a intenção de não am-pliar os estoques nos próximos meses, o que levou esse quesito da pesquisa a um patamar abaixo dos cem pontos. No pri-meiro trimestre do ano, a variação dos es-

toques no varejo, calculada pela Divisão Econômica da CNC, seguiu exatamente o ritmo histórico da última década (queda de 3,7% ao ano) – redução que deverá se intensifi car nos próximos meses.

Segundo Fábio Bentes, apesar da me-nor pretensão de reposição dos estoques, as perspectivas de contratação e de inves-timentos ainda são favoráveis, uma vez que os dois índices ainda se encontram acima dos cem pontos. O nível geral de investimentos é mais elevado nas regiões Sul e Centro-Oeste (120,8 e 119,5 pon-tos, respectivamente), onde o processo de ajuste dos estoques ainda não se dá de for-ma signifi cativa. Contudo, já prevalece a tendência de redução dos estoques para os próximos meses, especialmente entre as empresas de menor porte.

Os resultados confi rmam a expectativa de um ritmo de atividade econômica mais fraca no segundo trimestre. No levanta-mento de abril, 63,3% dos entrevistados relataram que as condições econômicas do País haviam melhorado em relação ao mesmo período do ano anterior – parce-la que foi reduzida para 57,3% em maio. Apesar disso, a percepção da economia por parte dos comerciantes brasileiros ain-da é favorável: 128,8 pontos, numa escala que varia de zero a 200 pontos. “Entre-tanto, essa deterioração do cenário eco-nômico ainda não compromete os níveis de contratação e investimentos do setor”, diz Fábio.

Page 21: Revista CNC Notícias

Índice Maio/11 Abril/11 Variação Mensal

Icaec 111,5 115,4 -3,4%

Economia 104,6 112,6 -7,1%Setor 106,6 110,8 -3,8%Empresa 123,2 122,6 +0,5%

IEEC 157,6 158,2 -0,4%

Economia 147,7 150,7 -2,0%Setor 157,9 158,5 -0,4%Empresa 167,2 165,6 +1,0%

IIEC 114,2 117,3 -2,6%

Funcionários 127,9 126,6 +1,0%Investimentos 118,8 118,0 +0,7%Estoques 95,9 107,4 -10,7%

Fonte: Pesquisa CNC

19CNC NotíciasJulho 2011 n°136 19

PESQUISA NACIONAL CNC

Dos três subitens que compõem o Icec, o Índice de Condições Atuais (Icaec)foi o que apresentou a maior retração em junho, em relação a maio: 3,4% – espe-cialmente no que se refere à percepção da economia brasileira (-7,1%). O resul-tado confi rma a expectativa de um ritmo de atividade econômica mais fraco no segundo trimestre. No levantamento de abril, 63,3% dos entrevistados relataram que as “condições econômicas” no País haviam melhorado em relação ao mes-mo período do ano anterior, parcela que foi reduzida para 57,3% no levantamento atual. Houve recuo de 3,8% nas “condi-ções correntes do comércio”, sugerindo que a desaceleração do setor também está em curso, embora em ritmo mais modesto que a média da economia.

Em termos regionais, a queda men-sal do Icaec foi generalizada, com ta-xas que variaram de -0,1% no Nordeste a -5,0% no Sudeste do País. Sendo assim, as regiões Nordeste e Norte permanecem as que registram os maiores níveis de satisfa-ção por parte dos empresários (118,6 e 113,8 pontos, respectivamente). Nas empresas de maior porte, ou seja, aquelas com mais de 50 funcionários, a percepção das condições correntes é mais favorável: 140,2 pontos –

ou 25,4 pontos acima do índice apurado en-tre as empresas de menor porte.

Empresários demonstram mais con-fi ança na própria empresa e menos na eco-nomia e no setor.

O Índice de Expectativas do Empresá-rio do Comércio (IEEC) deteriorou-se, em função de expectativas menos favoráveis para a economia (-2,0%) e para o setor co-mercial (-0,4%) nos próximos meses. Ain-da assim, esses dois primeiros componen-tes do IEEC mantiveram grau elevado de otimismo no levantamento atual (147,7 e 157,9 pontos). As expectativas para a em-presa nos próximos meses, por outro lado, acusaram elevação de 1,0%, atingindo 167,2 pontos, o registro mais alto dentre todos os nove componentes do Icec. Nada menos do que 93,6% dos empresários ou-vidos acreditam que a perspectiva para a sua empresa vai melhorar nos próximos meses, sendo que, para 48,6% do total a situação deverá melhorar muito.

Nas regiões mais otimistas – Nor-te (+0,1%), Nordeste (+0,6%) e Sudeste (+0,2%) – os empresários passaram a ter perspectivas ainda mais favoráveis, ao passo que as regiões Sul (-1,7%) e princi-palmente a Centro-Oeste (-3,1%) se mos-tram menos otimistas.

Page 22: Revista CNC Notícias

Fonte: Divisão Econômica - CNC

CNC NotíciasJulho 2011 n°1362020

REUNIÃO DE DIRETORIA

Excesso de liquidez e real forte trazem novos desafios para a economia brasileira

Acostumado a um histórico de recursos externos minguados, País precisa se ajustar para conviver com

a entrada cada vez maior de dólares que chegam em busca de rentabilidade ou pela venda de commodities

Um dos diagnósticos que ajudam a explicar os mercados fi nanceiros globais é o que os especialistas

chamam de excesso de liquidez. Trata-mento recomendado e grande desafi o: administrar com sabedoria a fartura de di-nheiro que inunda os mercados emergen-tes em busca de ganhos impossíveis de ser obtidos nos países desenvolvidos, neste momento. O chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas, resu-me tudo: “antes, tínhamos de lidar com a escassez; hoje, com os excessos”.

Efeito direto desse processo é a varia-ção cambial. Com a inundação de dólares, o real fi ca mais valorizado. Uma situação que se potencializa, se levarmos em conta que o Brasil é hoje um dos grandes expor-tadores mundiais de commodities agríco-

las e minerais, fundamentais para bancar o voraz crescimento de países como China e Índia. No dia 4 de julho, a moeda ameri-cana fechou na menor cotação desde 1999, a R$ 1,554. Isso levou o ministro da Fa-zenda, Guido Mantega, a reafi rmar que o Governo está pronto a adotar novas me-didas para conter a valorização da moeda brasileira, em ações que podem envolver o mercado futuro e o de derivativos.

Mas a avaliação é de que o Brasil pre-cisa aprender a conviver com o fato de ter uma moeda forte. E, apesar de prejudicar a indústria nacional, o real valorizado ajuda a amortecer a alta de preços no Brasil, ex-plica Carlos Thadeu. “Os preços das com-modities subiram muito mais que os dos produtos manufaturados”, compara, obser-vando que os bens de consumo duráveis

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IPCA Serviços & Duráveis - 12 meses

Duráveis Serviços

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21CNC NotíciasJulho 2011 n°136 21

REUNIÃO DE DIRETORIA

Carlos Thadeu de Freitas: cenário do curto prazo é positivo, e Governo continuará “surfando em uma onda favorável”

têm contribuído para manter a infl ação sob controle. “Com o dólar barato e um exces-so de produção lá fora, importa-se como nunca. O resultado é uma infl ação mais baixa”, afi rma.

A demanda no Brasil cresce mais do que a oferta. Os números do comércio compro-vam isso, quando comparados com os da indústria. Sem as facilidades da importa-ção, o resultado seria mais infl ação. Para comprovar esse efeito, Carlos Thadeu cita a infl ação de serviços, que subiu de forma ex-pressiva. “São itens que não podem ser im-portados, como fazemos com bens e merca-dorias. Enquanto tivermos essa abundância de liquidez no Brasil, os preços de serviços continuarão pressionados”, afi rma. Com o aumento da renda, o brasileiro faz crescer a demanda. No ano que vem, o aumento do salário mínimo deverá pressionar fortemen-te os preços de serviços. Carlos Thadeu ob-serva que a falta de mão de obra em alguns setores deverá se agravar.

Para controlar a infl ação, o Banco Central vem aumentando a taxa Selic. Há também o aperto no crédito, e, como resultado, a economia já dá sinais de desaceleração na atividade. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro tri-mestre mostraram que o País continua cres-cendo, mas em um ritmo mais lento. A ex-pectativa do mercado é de que o crescimento fi que entre 3,5% e 4% em 2011, uma faixa que Carlos Thadeu considera mais compatí-vel para manter a infl ação sob controle.

No entanto, os desdobramentos da eco-nomia brasileira vão continuar sob forte infl uência internacional. “Esse quadrosó vai mudar com a alteração do cenário externo, com algum fato que provoque uma fuga de capitais dos mercados emer-gentes”, avalia o economista da CNC.Uma variável com capacidade de infl uir no Brasil é um eventual aumento dos ju-ros por parte dos Estados Unidos. A quedado preço das commodities também poderia mudar o cenário, assim como um agravamento da crise europeia. “Mas nada disso está no radar neste momen-to”, afi rma Carlos Thadeu.

O cenário parece favorável no curto prazo. O défi cit no balanço de pagamen-tos está em 2,3%, um índice suportável, principalmente quando se considera que, na última crise cambial, ele chegou a 4%. Sem pressões imediatas de dívi-da e com uma arrecadação crescente – o que alivia a parte fi scal, mesmo sem a realização de reformas –, o Governo “vai surfando numa onda favorável”, como disse Carlos Thadeu. “Vamos pa-gar um pouco caro pelos excessos co-metidos ano passado, mas é um preço que, hoje, o Brasil pode pagar, devido ao excesso de liquidez internacional. Obviamente, isso vai levar a algum ajus-te na economia, diminuindo a capacidadede compra dos consumidores, mas não a ponto de provocar crises, como tivemos no passado.”

Page 24: Revista CNC Notícias

Renato Rodrigues, consultor da CNC:

ações oferecem fontes alternativas

de receita para empresariado e mais

representatividade ao sindicato

CNC NotíciasJulho 2011 n°1362222

REUNIÃO DE DIRETORIA

Aproximação em primeiro lugar

Produtos e serviços da CNC avançam no sentido de fazer com que o empresário disponha de iniciativas que

otimizem os negócios, além de ver as entidades sindicais como legítimas representantes de seus interesses

Na abertura do 27º Encontro Na-cional dos Sindicatos Patronais do Comércio de Bens, Serviços e

Turismo, realizado em maio deste ano, em Cuiabá (MT), o presidente da CNC, Anto-nio Oliveira Santos, enfatizou que o sindi-cato é a porta de entrada para as demandas dos empresários – é a partir dali que suas necessidades ganham força e voz.

As palavras do presidente da Confede-ração traduzem ações efetivas que a en-tidade oferece ao homem de negócios. O assunto foi tema de um balanço apresenta-do a líderes empresariais de todo o País na última reunião de Diretoria da CNC, em 16 de junho, no Rio de Janeiro.

Renato Rodrigues, consultor Sindi-cal da Presidência da entidade, e Daniel Lopez, chefe do Departamento de Pla-

nejamento (Deplan) da Confederação, apresentaram dados relativos ao projeto Empreendedorismo Digital e ao Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA).

Rodrigues destacou que, em relação ao Empreendedorismo Digital, estão em desenvolvimento três frentes: Cadastro de Empresas, Serasa e Certifi cação Digi-tal. “O Empreendedorismo Digital busca aproximar sindicatos e empresas e, ao mesmo tempo, oferecer fontes alternati-vas de receita”, disse o consultor. Segun-do ele, 21 federações e sindicatos asso-ciados ao projeto Certifi cação Digital já faturaram R$ 677 mil no primeiro ano de contrato com a empresa Certisign. “É uma possibilidade interessante, tendo em vista que, a cada mês que passa, a Secretaria da Receita Federal exige a obrigatoriedade do Certifi cado Digital para mais setores da economia, e isso vai chegar à pessoa fí-sica. De forma que a adesão à oferta desse serviço é uma boa medida para federações e sindicatos”, exemplifi cou. Por meio das Federações do Comércio que atuamcomo Autoridades de Registro (AR) ou Pontos de Atendimento (PA), a empresa pode obter certifi cação digital – uma assi-natura digital que garante os negócios fei-tos no universo virtual – com vantagens e preços diferenciados.

O Cadastro de Empresas é um banco de dados sobre as empresas representadas pelas entidades do Sistema Comércio, considerando sua abrangência geográfi ca e as categorias econômicas de represen-

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REUNIÃO DE DIRETORIA

tação. Já a parceria da CNC com a Se-rasa permite que federações e sindicatos ofereçam aos empresários de sua base territorial consultas ao banco de dados da Serasa, a fi m de agilizar a concessão de crédito, reduzir riscos e ampliar suas possibilidades de negócios.

PDADaniel Lopez, chefe do Deplan, des-

tacou os desdobramentos do PDA na reu-nião de Diretoria da CNC. A iniciativa – vinculada ao Plano Estratégico da enti-dade e baseada no Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS), da CNC – foi lançada em outubro do ano passado. O executivo destacou algumas iniciativas do PDA, como o Portfólio referencial de produtos e serviços, publicação que com-pila alguns dos produtos que são comer-cializados pelas federações e sindicatos do comércio de bens, serviços e turismo em todo o País. “O Portfólio é um do-cumento de construção contínua; todos os produtos que não foram colocados na primeira versão serão atualizados numa próxima, e assim continuamente. Objeti-vamos oferecer opções de produtos e ser-viços para os sindicatos se fortalecerem fi nanceiramente também”, afi rmou.

A criação de sites para os sindicatos, outro componente do PDA, já está em funcionamento. De acordo com Lopez, as entidades podem aderir ao processo, que, partindo do site da CNC, oferece

versões customizadas para que as entida-des garantam presença no mundo virtual. “A operacionalização começa em julho. Vamos contatar, por meio das federa-ções, os sindicatos que queiram aderir, para começarmos um trabalho pontual em cada estado, como fazemos com os ou-tros produtos”, explicou. Além do que já está acontecendo, Daniel Lopez elencou as novidades deste ano: a Modernização Tecnológica, para facilitar o acesso das entidades a computadores e estrutura de informática; Softwares de gestão; e o in-centivo ao Marketing Associativo – o tra-balho de comunicação e divulgação das ações dos sindicatos.

Lopez também falou sobre o Banco de Dados da Contribuição Sindical, que tem o objetivo de construir uma base de arrecadação consistente. “Devemos ter um encontro com os facilitadores das fe-derações participantes entre os meses de setembro e outubro”, anunciou. As pa-lestras para lideranças sindicais também foram citadas – a iniciativa já acontece em diversos estados, com temas como associativismo, gestão do quadro as-sociativo, comunicação e marketing e produtos essenciais, entre outros. “Esse conjunto de medidas oferece condições para que uma entidade sindical tenha sucesso e seja representativa, como se espera”, fi nalizou.

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Conjuntura econômica

CNC NotíciasJulho 2011 n°1362424

ARTIGO

O consultor Econômico da CNC, Ernane Galvêas, faz uma análise sobre a economia mundial e, com base nesse

contexto, traça cenários para o Brasil

A situação econômica mundial não oferece perspectivas de melhoria. Pelo contrário, tende a piorar. A

economia americana, segundo o presi-dente do FED, caminha numa lentidão preocupante, com alto nível de desempre-go, retração no mercado imobiliário e es-tagnação do sistema fi nanceiro. Enquanto isso, ferve a especulação, por meio das operações de derivativos nas Bolsas de Chicago e Nova York. A liquidez empo-çada no FED continua vazando para os países emergentes, como o Brasil e outros países da América Latina.

A situação econômica na Europa está piorando, ante a expectativa de um calo-te da Grécia (tipo Argentina 2002). Com apenas 11 milhões de habitantes e PIB de US$ 260 bilhões, a Grécia já recebeu uma primeira ajuda de 110 bilhões de euros e não consegue pagar as presta-ções da dívida pública. Está na iminên-cia de receber mais 60 ou 120 bilhões de euros, sob condições que vão agravar, ainda mais, a situação social e política do País. Portugal e Espanha têm possi-bilidades de melhorar a situação fiscal, a longo prazo. A situação da Europa se agrava com a fraqueza do euro, o cres-cente desemprego e dezenas de milha-res de imigrantes do Oriente Médio e da África batendo às suas portas. A precá-ria situação do Oriente Médio não tem solução à vista. Os ventos favoráveis que sopram da China vêm acompanha-dos de problemas que começam a gerar incertezas e preocupações.

O Brasil ainda vive a euforia eco-nômica de 2010, sob os efeitos da po-lítica anticíclica que promoveu uma milagrosa ascensão da classe média. A expansão do consumo das famílias, sem um proporcional programa de investi-mentos, gerou pressões inflacionárias que estão sendo amainadas na medida em que se reduz a atividade econômica. Mas a política salarial e as pressões tra-balhistas podem fazer voltar a inflação. A tendência é o PIB nacional se acomo-dar a um crescimento em torno de 3%, a médio prazo.

Com as obras do PAC em marcha len-ta, a economia brasileira vai se sustentar com base nos projetos da Petrobras e do Pré-Sal e da expansão do comércio exte-rior, puxado pela China. Com as exporta-ções crescendo 30%, o Brasil – apesar de tantas distorções na área política – está passando ao largo da crise.

Desequilíbrio estrutural

O consumismo, repudiado por mui-tos analistas sociais não economistas, não desfigura a teoria do desenvolvi-mento econômico, segundo a qual maior consumo significa menor poupança e menor investimento, refreando o cres-cimento. Pelo contrário, é a pressão da demanda por bens de consumo que in-duz o investimento e expande a produ-ção. É o inverso da Lei de Say, segundo a qual a oferta cria sua própria procura. É lógico que todas essas teorias preci-

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Ernane GalvêasConsultor Econômico da CNC

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ARTIGO

sam de qualificações e não constituem verdades absolutas.

O Brasil está vivendo, no momen-to, acima de suas possibilidades, o que configura uma situação típica do demonstration effect de que falavam os economistas James Duessenberry e Arthur Lewis, ou seja, a propensão a consumir semelhante aos padrões dos países mais ricos. Isso leva, intrinseca-

O PIB nacional registrou alta de 1,3% no 1º trimestre, comparado com o 4º tri-mestre/2010. As estimativas do mercado são de redução para 0,5% ou 0,8% no 2º trimestre. A produção industrial caiu 2,1% em abril/março. No Polo Industrial de Manaus, o faturamento de abril teve uma queda de 9% em relação a março, inter-rompendo a forte expansão do 1º trimes-tre. Segundo o IBGE, o volume de inves-timentos (FBCF) no 1º trimestre fi cou em +1,2%, enquanto o consumo das famílias cresceu 0,6%. A produção de bens de ca-pital recuou -2,9% em abril sobre março, sendo que o valor importado caiu 2,6% em maio sobre abril.

Comércio – De março para abril, as vendas do comércio varejista caíram 0,2%. No 1º trimestre, o volume de ven-das do comércio ampliado (inclui veícu-los e materiais de construção) aumentou 0,95%, menos que a alta de 1,9% da pro-dução industrial. Alta nas vendas do co-mércio automotivo (+1,7%), de móveis e eletrodomésticos (+1,7%) e de materiais

Atividades econômicasde construção (+0,2%), com resultados negativos para materiais de escritório, informática e comunicações (-13,6%), tecidos, vestuários e calçados (-3,2%) e combustíveis e lubrifi cantes (-1,6%). Em relação a abril/2010, o volume de vendas apresentou alta de 10%. No acu-mulado do ano, as altas foram mais des-tacadas em Tocantins (+32,1%), Paraí-ba (+21,3%) e Maranhão (+14,4%). Em junho, segundo o Peic, divulgado pela CNC, o nível de endividamento das fa-mílias fi cou em 64,1%, praticamente o mesmo de maio, mas as dívidas em atra-so caíram de 24,4% para 23,3%, e os que não têm condições de pagar passaram de 8,6% para 8,4%. A intenção de consumo registrou ligeira alta de 0,7%. Segundo a Serasa, de janeiro a maio a inadimplência acumulou alta de 20,6%, com elevação de 8,2% entre abril e maio. As dívidas ven-cidas em bancos aumentaram 9,7% entre abril e maio, e os títulos protestados e cheques devolvidos cresceram 20,7% e 11,5%, respectivamente.

mente, a pressões inflacionárias e dese-quilíbrio no Balanço de Pagamentos.

No Brasil atual, as famílias que-rem consumir mais do que a renda do trabalho, e o Governo gasta mais do que arrecada, apesar da brutal carga tributária. O resultado é uma pressão constante para a alta dos preços (in-flação) e o déficit nas contas externas (transações correntes).

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ARTIGO

Associar para crescer

Ao longo dos séculos, a civiliza-ção humana em cada gesto, em cada atitude, confi rmava a máxi-

ma bem traçada por um ditado popular: a união faz a força. O homem foi per-cebendo que suas tarefas fi cavam mais fáceis a partir da hora em que contava com a colaboração de outros, de forma espontânea ou não.

Assim, foram se solidifi cando as fa-mílias, as tribos, os grupos sociais, as nações, seus exércitos, as categorias pro-fi ssionais, os grupos econômicos. Todos esses nichos da sociedade se uniam com um ou vários objetivos comuns.

No entanto, como tudo o que envolve várias pessoas, há que se respeitar todas as opiniões, divergentes ou convergen-tes, de forma a obter um senso comum. Se existe planejamento em uma ação que requer trabalho conjunto, todos devem estar cientes do papel que desempenham no contexto, cumprindo suas obrigações e usufruindo de seus direitos. O sucesso será o resultado de todo o esforço des-prendido de forma consciente. Caso con-trário, as chances de fracasso aumentam.

Na história do sindicalismo patronal do comércio, a situação não é diferente. A necessidade de organização dos em-

presários de todo o País em sindicatos, federações e confederação remete à pri-meira metade do século passado, quando a categoria sentiu a necessidade de lutar por seus interesses, principalmente nas esferas governamentais. E foi com essepensamento que dezenas de entidades foram sendo criadas e se envolveram nos mais diversos embates políticos e econômicos, que afetavam, de alguma forma, a classe empresarial ou o desen-volvimento do País. No âmbito da indús-tria e da agricultura, progressos também foram obtidos.

À medida que vitórias eram acumula-das, viabilizando mudanças no cotidiano empresarial brasileiro, novas entidades se aproximavam das pioneiras, e a tra-jetória de sucesso era positiva. Todas as esferas dos poderes passaram a perceber que as decisões não poderiam ser toma-das por via de mão única, e um canal de comunicação foi aberto. Assim, o sindi-calismo avançou e conquistou o respeito tanto do Judiciário quanto do Executivo e do Legislativo.

Mas no decorrer de todos esses anos, como em um jogo de xadrez, vários mo-vimentos tiveram de ser repensados e adequados, levando-se em conta as pecu-

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José Evaristo dos SantosPresidente do Sistema Federação do Comércio-SESC-Senac-GO

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ARTIGO

liaridades próprias do momento. E toda vez que um sindicato ou federação pro-curava um contato maior com sua base, podia sentir mais de perto os problemas que afligiam a categoria. Então, histo-ricamente, as próximas jogadas foram e vêm sendo analisadas paulatinamen-te, como se pode observar na estrutura do Sistema Confederativo da Represen-tação Sindical do Comércio, compos-to por sindicatos, pelas Federações do Comércio e pela Confederação Nacio-nal do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Neste ano, a CNC, seguindo a ação es-tratégica de procurar atender aos anseios de seus representados, lançou ofi cialmen-te, em Goiás, o Programa de Desenvolvi-mento Associativo (PDA), no último dia30. Uma primeira etapa já havia sido cumprida em 2010, com o cadastramentodas entidades que queriam participardo projeto e obter o Banco de Dados daContribuição Sindical. O objetivo eracomplementar as fontes de informações,para mapear as empresas do setorterciário em atividade no País e, conse-quentemente, ampliar a representatividadede cada célula sindical envolvida.

Essa nova etapa inclui uma série de realizações, visando informar os líderes sindicais da necessidade de a entidade, sindicato ou federação, estar mais próxi-ma de seu público-alvo e de oferecer ser-viços mais adequados às necessidades da classe empresarial. O associativismo e o marketing de relacionamento são as fer-ramentas a serem utilizadas, visando um resultado profícuo.

O momento pede ações mais arroja-das, para atender a uma nova geração de empresários que procuram por entidades mais dinâmicas, que possam lhes pro-porcionar algum retorno, que incidirá de maneira positiva sobre seus negócios. E é por isso que as entidades, por intermé-dio de seus representantes, precisam pas-sar por processos de aperfeiçoamento. Como a dinâmica é peculiar às ações hu-manas, as reivindicações tão importantes no passado talvez hoje estejam relegadas a outro plano.

Fomentar a aproximação entre entida-des e empresários é salutar, para formar novas lideranças sindicais, aumentar o grau de motivação e união da categoria, mudar a imagem do sindicalismo e dei-xar fl uir a transparência das ações dos seus diretores.

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INSTITUCIONAL

Conferência da OIT adota normas do trabalho para proteger trabalhadores

domésticos no mundo100ª Conferência Internacional do Trabalho aconteceu no período de 1º a 17 de junho, em Genebra, e tratou de três

temas importantes: o Trabalho Decente para Trabalhadores Domésticos; a Administração e Inspeção do Trabalho; e a

Discussão Recorrente sobre Proteção Social

Delegados de governos, emprega-dores e trabalhadores presentes na 100ª Conferência da Organiza-

ção Internacional do Trabalho (OIT) ado-taram, em 16 de junho de 2011, históricas normas internacionais do trabalho, desti-nadas a melhorar as condições de trabalho de 53 milhões a 100 milhões de trabalha-doras e trabalhadores domésticos no mun-do. “Pela primeira vez, nós direcionamos o sistema de normas da OIT para a econo-mia informal, e esse é um acontecimento de grande importância”, disse o Diretor--Geral da OIT, Juan Somavia. “Fez-se história”, acrescentou.

Na reunião de Diretoria da CNC, Pe-dro Jamil Nadaf, diretor-secretário, in-formou que os três pontos básicos da dis-cussão na OIT foram a proteção social, a administração e inspeção do trabalho e o trabalho doméstico, tema que começou a ser tratado no ano passado. “Trabalho doméstico passa a integrar o conceito de Trabalho Decente”, explicou Nadaf. A delegação da CNC na 100ª Conferência da OIT foi composta por Josias Silva de Albuquerque; Luiz Gil Siuffo Pereira; Pe-dro Jamil Nadaf; Laércio José de Olivei-ra; Carlos Marx Tonini; Paulo Romano; Lenoura Oliveira Schmidt e Patricia Cer-queira Coimbra Duque.

De acordo com Patrícia Duque, con-sultora adjunta da Consultoria Sindical da CNC, dois ministros de Estado brasileiros

se pronunciaram na 100ª Conferência da OIT. O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, fez uma manifes-tação, em nome do Governo brasileiro, na Comissão de Proteção Social, mostrando as políticas sociais desenvolvidas pelo Brasil – Bolsa Família e outros programas do Governo federal. Já o ministro Lupi se manifestou sobre as políticas trabalhistas e de capacitação.

“Em seu pronunciamento, o ministro Lupi fez menção às instituições do Siste-ma S no programa de capacitação e qua-lifi cação, inclusive com o programa que afeta diretamente as nossas receitas, mas que tem uma política social, que é nosso programa de gratuidade da capacitação e da qualifi cação. Mostrou os números nes-se programa desenvolvido pelo Sistema S no Brasil”, informou Pedro Nadaf.

No seu retorno ao Brasil, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse, em 20 de junho, que enviará ao Palácio do Pla-nalto uma proposta para ampliar os direi-tos dos trabalhadores domésticos, como FGTS, férias, horas extras e folgas sema-nais. A medida tem como objetivo fazer com que o Brasil ratifi que a Convenção aprovada na OIT.

Entre os convidados especiais da OIT estiveram presentes a chanceler da Ale-manha, Angela Merkel; o presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono; o primeiro-ministro Russo, Vladimir Putin;

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Reunião plenária da 100ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

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INSTITUCIONAL

a presidente da Finlândia, Tarja Halo-nen; o presidente da Tanzânia, Jakaya Mrisho Kikwete; e a presidente da Suíça, Micheline Calmy-Rey.

A votação – Os delegados da Confe-rência adotaram a Convenção sobre os trabalhadores domésticos (2011) por 396 votos a favor, 16 votos contra e 63 abs-tenções, e sua Recomendação de acompa-nhamento por 434 votos a favor, 8 contra e 42 abstenções. A OIT é a única orga-nização tripartite das Nações Unidas, e cada um dos seus 183 Estados-Membros está representado por dois delegados do governo, um dos empregadores e um dos trabalhadores, que podem votar de forma independente.

Em face da nova era no avanço da justi-ça social, as novas normas se converterão na Convenção nº 189 e na Recomendação nº 201, adotadas pela Organização desde que ela foi fundada, em 1919. A Con-venção é um tratado internacional vin-culante para os Estados-Membros que a ratifi quem, enquanto a Recomendação dá orientações mais detalhadas sobre como a Convenção pode ser implementada.

As novas normas da OIT preveem que os milhões de trabalhadoras e trabalhado-res domésticos no mundo que cuidam das famílias e dos domicílios devem ter os mesmos direitos básicos do trabalho que os outros trabalhadores e trabalhadoras, incluindo a jornada de trabalho, o descan-

so semanal de pelo menos 24 horas con-secutivas, um limite para pagamentos in natura, informações claras sobre os ter-mos e condições de emprego, bem como o respeito pelos princípios e direitos fun-damentais no trabalho, incluindo a liber-dade de associação e negociação coletiva.

Mulheres e meninas – De acordo com estimativas recentes da OIT com base em estudos ou pesquisas nacionais de 117 países, o número de trabalhado-ras e trabalhadores domésticos no mundo é de pelo menos 53 milhões de pessoas. Mas especialistas acreditam que, como esse trabalho é feito de forma oculta e sem registros, o total pode chegar a 100 milhões de pessoas. Nos países em desen-volvimento, representam percentual entre 4% e 12% do trabalho assalariado. Apro-ximadamente 83% são mulheres e meni-nas, e muitos são migrantes.

“O trabalho doméstico continua sendo desvalorizado e invisível, feito principal-mente por mulheres e meninas, muitas das quais são migrantes ou pertencem a comunidades desfavorecidas e são parti-cularmente vulneráveis à discriminação relativa ao emprego e trabalho, bem como de outras violações dos direitos huma-nos”, conforme texto da Convenção, que defi ne trabalho doméstico como aquele realizado em ou para domicílio. Embo-ra esses instrumentos abranjam todos os trabalhadores domésticos, fornecem

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Delegação da CNC, da esquerda para direita:

Paulo Romano, Patrícia Duque,

Marx Tonini, Gil Siuffo,

Josias Albuquerque, Lenoura Schmidt, Laércio Oliveira e

Pedro Nadaf

CNC NotíciasJulho 2011 n°1363030

INSTITUCIONAL

medidas especiais para proteger os tra-balhadores que podem estar expostos a riscos adicionais devido à sua pouca ida-de, sua nacionalidade, entre outros.

Conforme os procedimentos da OIT, a nova Convenção entrará em vigor após ratifi cação por dois países. “Ao conside-rarmos os trabalhadores domésticos no âmbito de nossos valores, isso se torna uma medida importante para eles e para todos os que aspiram a um trabalho de-cente. Isso também terá repercussões relacionadas com as migrações e, ob-viamente, para a igualdade de gênero”, disse Somavia.

A diretora Executiva da ONU Mulhe-res, Michelle Bachelet, em sua interven-ção na Comissão do Trabalho Doméstico, afi rmou que o défi cit de trabalho decente entre os trabalhadores domésticos “não pode mais ser tolerado” e recordou que estes trabalhadores “permitem manter o motor da economia e o funcionamen-to da sociedade”. Bachelet disse que a ONU Mulheres apoiará a ratifi cação e a aplicação dos novos instrumentos da OIT, que qualifi cou como uma “contribuição de importância histórica para a agenda de desenvolvimento”.

“Esta é uma conquista muito importan-te”, disse a diretora do Programa da OIT sobre Condições de Trabalho, Manuela To-mei, que descreveu as novas normas como “robustas, mas fl exíveis.” Ela acrescentou que, com esses instrumentos, fi ca claro que “as trabalhadoras domésticas e traba-

lhadores domésticos não são ´serviçais´ ou membros da família; são trabalhadores e trabalhadoras; depois de hoje, não podem ser considerados/as como trabalhadores/as de segunda categoria”. A adoção das novas normas é resultado de um longo processo. Em março de 2008, o Conselho de Admi-nistração da OIT decidiu colocar o tema na agenda da Conferência. Em 2010, a Conferência realizou a primeira discussão sobre o tema e decidiu realizar uma segun-da discussão em 2011, com a fi nalidade de adotar a Convenção e a Recomendação que a acompanha.

Outras deliberações – No que tan-ge à comissão sobre a Administração e Inspeção do Trabalho, esta concluiu pela promoção das condições de tra-balho decente e respeito às normas de segurança e saúde do trabalhador, ela-boradas preferencialmente de forma tri-partite, bem como ao cumprimento das normas trabalhistas.

A resolução relativa à discussão re-corrente sobre a proteção social, por sua vez, adotou conclusões no sentido de re-conhecer a seguridade social como um direito humano e uma necessidade social, deixando claro que a seguridade social deve ser estendida a todos. Nesse contex-to, previram-se pisos de proteção social como uma realidade no mundo atual, in-clusive já utilizado no Brasil com a deno-minação de Bolsa-Família. Aliás, o Brasil foi inúmeras vezes mencionado como re-ferência no que tange aos direitos sociais.

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Ação da Renalegis incorpora novas prioridadesHaverá acompanhamento preferencial de proposições no Parlamento que tenham implicações na atividade do comércio

A Rede Nacional de Assessorias Legislativas (Renalegis) incluirá novas prioridades à sua ação no

Congresso Nacional. A decisão foi tomada durante a X Reunião Ordinária da Rede, em 7 de junho, em Brasília.

Após debater sobre 27 projetos nas áreasde relações do trabalho, contribuição sin-dical e tributação, entre outras, assessores legislativos das federações fi liadas, repre-sentantes do SESC e do Senac Nacionais e integrantes das Assessorias Legislativa e de Turismo da CNC defi niram seis novas prioridades (ver box).

O vice-presidente Financeiro da CNC e responsável pelas relações com o Congres-so, Luiz Gil Siuffo, destacou a importância de projetos, como a Proposta de Emenda à Constituição 231/1995, de autoria do en-tão deputado Inácio Arruda, pronta para discussão em plenário, que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais.

Siuffo também chamou a atenção para a Mensagem 59/2008, do Poder Executivo, que submete à apreciação do Congresso o texto da Convenção 158, da Organização Internacional do Trabalho, que dispõe so-bre o encerramento da relação de trabalho

por iniciativa do empregador. A Mensagem tem parecer favorável do relator, deputado Sabino Castelo Branco (PTB-AM), na Co-missão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP).

Já o Projeto de Decreto Legislativo nº 2839/2010, do ex-deputado Arnaldo Madeira, pretende sustar a Portaria 1.510 do Ministério do Trabalho e Emprego, que disciplina o registro eletrônico de ponto e a utilização do Sistema de Registro Eletrô-nico de Ponto, em tramitação na CTASP, com parecer favorável do relator, deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS). Siuffo ainda citou o Projeto de Lei nº 837/2011, da de-putada Gorete Pereira (PR-CE), para cria-ção do Sestur e do Senatur com recursos do Sesc e do Senac.

Outras proposições destacadas foram os Requerimentos de Informação 595, 596 e 597/2011, do senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), os quais solicitam que autori-dades do Governo informem os valores arre-cadados com contribuições sociais inciden-tes sobre a folha de pagamento, nos últimos cinco anos, bem como resumo das auditorias de prestação de contas de várias instituições, entre as quais o SESC e o Senac.

Gil Siuffo estimulou os assessores legislativos a continuar o trabalho de defesa do Sistema CNC-Sesc-Senac, “com dedicação e efi ciência”

As novas proposições que terão olhar prioritário da Renalegis• Projeto de Lei do Senado nº 520/2003, da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT),

sobre a criação do Dia Nacional da Consciência Negra, a ser comemorado em 20 de novembro. Ao tramitar na Câmara dos Deputados, o objetivo da matéria foi trans-formado em feriado nacional.

• Projeto de Lei nº 1.439/2007, do deputado Dilceu Sperafi co (PP-PR), que regula as atividades dos representantes comerciais autônomos.

• Projeto de Lei nº 7.425/2010, do deputado Décio Lima (PT-SC). Altera a Lei nº 10.098, que trata da acessibilidade das pessoas com defi ciência ou com mobilidade reduzida, para dispor sobre a oferta de provador adaptado.

• Projeto de Lei nº 7.971/2010, do deputado Mário de Oliveira (PSC-MG). Acrescenta artigo à CLT para vedar a dispensa do empregado indicado como testemunha em juízo.

• Projeto de Lei nº 1.463/2011, do deputado Silvio Costa (PTB-PE), que insti-tui o Código do Trabalho.

• Código Comercial Brasileiro: o novo Código seria responsável por tratar de todas as normas sobre a atividade empresarial e a relação entre empresas e seus fornecedores, que atualmente são tratadas por várias leis diferentes.

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Comissão de Enquadramento e Registro Sindical do

Comércio se reúne no Rio

Os integrantes da Comissão de En-quadramento e Registro Sindical do Comércio (CERSC) da CNC

reuniram-se na entidade, no Rio de Janeiro, no dia 17 de junho. Na pauta, a discussão de processos de fi liação ao Sistema Con-federativo da Representação Sindical do Comércio (Sicomércio), de enquadramento sindical de empresas e questões envolvendo confl itos de representação.

Oito processos foram debatidos pelos sete integrantes da CERSC e pelos advo-gados da Divisão Sindical da CNC: a in-tegração, ao Sicomércio do Sindicato do Comércio Varejista de Passo Fundo e do Sindicato das Empresas de Serviços Con-tábeis e das Empresas de Assessoramento,Perícias, Informações e de Pesquisas do Estado do Amazonas (Sescon-AM), e, ain-da, o enquadramento sindical de empresas a sindicatos fi liados à CNC, como o Sin-dicato do Comércio Varejista de Veículos,Peças e Acessórios para Veículos no Estado do Piauí e o Sindicato Nacio-nal das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo.

A reunião, a 162ª da Comissão, marcou o fi m do mandato daquele grupo, escolhi-do para o triênio 2008-2011. Agora, os

membros da CERSC poderão ou não ser reconduzidos ao car-

go pelo presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, e, após isso, o grupo pode-rá escolher um novo nome ou manter o executivo que presidirá a Comissão.

A última composição escolhida por Oliveira San-

tos contava com os seguin-

tes membros efetivos: Carlos Fernando Amaral, presidente da Fecomércio-BA (na presidência da Comissão desde julho 2005 e membro dela desde 1996), Natan Schiper (vice-presidente), Daniel Mansano, Fran-cisco Valdeci Cavalcante, Joel Carlos Köbe, Lázaro Luiz Gonzaga e Walace Garroux Sampaio. E na suplência, Edno Bressan, Edy Elly Bender Seidler, Ivo Dall´acqua Ju-nior, João de Barros e Silva, José Epaminon-das Costa, Luso Soares da Costa e Manoel Jorge Vieira Colares.

O presidente da CERSC, Carlos Fernan-do Amaral, destacou o que considera ter sido a característica mais marcante da Comissão nos últimos seis anos: “Mais de 90% das de-cisões tomadas aqui foram unânimes, o que comprova que a Comissão está de fato vol-tada para os interesses sindicais da CNC”, afi rmou, destacando ainda a “efi ciência do corpo técnico, formado por advogados da Divisão Sindical, no assessoramento aos membros da Comissão”.

A CERSC

A Comissão de Enquadramento e Re-gistro Sindical do Comércio (CERSC) foi criada por deliberação do Sistema Confe-derativo da Representação Sindical do Co-mércio (Sicomércio) e instituída pela Con-federação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em novembro de 1991, por uma decisão da Presidência da entidade, já que o órgão existente no âmbito do Governo Federal até 1988, res-ponsável pelo enquadramento sindical, a CES, teve de ser extinto, em decorrência dos princípios de liberdade e autonomia sindicais previstos na então recém-editada Constituição Federal. A CERSC, entretan-to, sempre teve seu funcionamento voltado para o debate de questões relativas ao en-quadramento sindical do comércio de bens, serviços e turismo, áreas abrangidas pela re-presentação da CNC. Ao longo desses anos, a Comissão já aprovou a integração de 693 sindicatos ao Sicomércio.

Carlos Amaral, presidente da

Fecomércio-BA, está à frente da CERSC

desde 2005

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INSTITUCIONAL

CNC ajuíza ADI contra protocolo que gera bitributação de ICMSProtocolo pretende instituir pagamento de parcela do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ao Estado destinatário de bem ou mercadoria comprada por internet, telemarketing ou showroom, mesmo se o consumidor fi nal não for contribuinte do imposto

A Confederação Nacional do Co-mércio de Bens, Serviços e Turis-mo (CNC) ajuizou, no Supremo

Tribunal Federal (STF), em 1º de julho, a Ação Direta de Inconstitucionalidade(ADI) nº 4.628, na qual questiona a constitucionalidade do Protocolo ICMS nº 21/2011, que inova ao pretender o pagamento de parcela do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ao Estado destinatário de bem ou mercadoria comprada por meios não presenciais, como internet, telemarketingou showroom, mesmo na hipótese de o consumidor fi nal não ser contribuinte do imposto. Na análise da entidade, isso acaba gerando uma “indevida bitributa-ção”, com pagamento de uma parcela do ICMS no Estado de origem e de outra no de destino.

A ADI foi elaborada pelo advoga-do Fernando Thiago de Mello, da Divi-são Jurídica da CNC, por solicitação da Federação do Comércio de Bens, Servi-ços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio), e terá como relator, no STF, o ministro Luiz Fux.

Editado em abril de 2011, o Protocolo ICMS nº 21/2011 foi assinado por 18 esta-dos e pelo Distrito Federal. Os signatários do Protocolo consideram que estão sendo prejudicados com o aumento das vendas não presenciais e decidiram, de forma unilateral, editar o referido Protocolo por entender que parcela do ICMS, decor-rente da operação interestadual realizada

de forma não presencial, deve ser desti-nada ao ente federado de destino do bem ou mercadoria, mesmo nos casos em que o consumidor fi nal não seja contribuinte do ICMS.

“Em suas considerações preliminares, o documento alega que o comércio não presencial deslocou as operações comer-ciais que tenham como destinatário o con-sumidor fi nal, não contribuinte do ICMS, para uma situação diferente da prevista na Constituição Federal, e que, então, a adoção desse tipo de comércio, cada vez mais signifi cativo, não estaria de acordo com a essência do ICMS, pois não estaria preservada a repartição do ICMS entre os entes federados de origem e de destino do bem ou mercadoria”, afi rma o advogado Fernando de Mello.

Fernando Mello, advogado da CNC: “Protocolo gerará uma bitributação, com pagamento de parte do ICMS no Estado de origem e de outra no de destino”

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CNC NotíciasJulho 2011 n°1363434

BENS

Projeto de Lei visa disciplinar a venda eletrônica coletivaHoje no Brasil existem cerca 1.890 sites de compras coletivas. O crescimento do setor despertou a atenção para a importância da estipulação de regras, entre elas a do prazo para a devolução da

quantia paga quando não há adesão sufi ciente à oferta

Recém-chegado ao Brasil, o concei-to de “compra coletiva” feita pela internet tem chamado a atenção

dos internautas consumidores. Isso por conta da sua estratégia de venda: um mo-delo de negócios relativamente simples, que funciona a partir de parcerias com empresas – principalmente de gastrono-mia, entretenimento e beleza – cujos sites disponibilizam ofertas diárias com gran-des descontos, que podem chegar a até 90% sobre produtos de diferentes marcas. Apresentado no Plenário da Câmara em 04 de maio de 2011, o Projeto de Lei nº 1.232/2011, do Deputado Federal João Ar-ruda (PMDB-RJ), propõe regulamentar as compras coletivas por meio do comércio eletrônico de produtos e serviços.

A compra coletiva se inicia com uma oferta anunciada no site e com o convite aos internautas para adesão. A confi rma-ção se dá mediante pagamento, e a oferta só passa a valer quando o número mínimo de adesões é atingido. Quando isso ocor-re, o pagamento é realmente efetivado, e os participantes recebem, por e-mail, um cupom ou voucher para apresentar à em-presa prestadora do serviço.

Conforme registros contabilizados em junho de 2011 pelo Portal Bolsa de Ofer-tas, o Brasil já tem 1.890 sites de compras coletivas e 73 sites agregadores de ofertas, que somam um total de 1.963 sites com ati-vidades voltadas para as compras coletivas. Considerando apenas os sites de compras coletivas, houve um crescimento de 84% em relação ao último levantamento efetuado em fevereiro, que contabilizava 1.025 sites em funcionamento no País. Os números de-monstram que os brasileiros aderiram rapi-damente à ideia, levando em conta que o pri-meiro modelo, “Peixe Urbano”, chegou ao País em março de 2010. Nos Estados Uni-dos, por exemplo, onde esse mercado já está consolidado, esse número não passa de 400.

Mas o fato é que o aumento de sites e ofertas nem sempre traz somente bons resultados. O boom de novos nomes que atuam no setor e do grande número de adesões que determinadas ofertas obtive-ram desencadeou a ocorrência de atrasos e difi culdades no cumprimento da obrigação pactuada. Com isso, as reclamações dos consumidores logo surgiram e desperta-ram a necessidade de regulamentação des-se comércio por meio de lei específi ca.

Um dos sites de compras coletivas no

Brasil é o “Clickon”

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35CNC NotíciasJulho 2011 n°136 35

BENS

PL regulamentador

Aguarda Parecer na Comissão de Desen-volvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC), o Projeto de Lei nº 1.232/2011, do Deputado Federal João Arruda (PMDB-RJ),que propõe regulamentar as compras co-letivas por meio do comércio eletrônico de produtos e serviços e estabelecer critérios de comercialização para as empresas que explo-ram o comércio e para a proprietária do site.

O PL dispõe sobre o prazo para a de-volução dos valores pagos, que será de até 72 horas, caso o número mínimo de parti-cipantes da oferta não seja atingido. Além disso, estabelece que os impostos de com-petência estadual e municipal serão reco-lhidos na sede das empresas responsáveis pelo fornecimento do produto ou serviço, independentemente da cidade-sede do site responsável pela veiculação.

Outro ponto de relevância abordado no Projeto de Lei é a responsabilidade soli-dária entre a empresa proprietária do site de vendas coletivas e o estabelecimento ofertante, pela veracidade das informações publicadas, respondendo solidariamente por eventuais danos causados ao consumi-dor – previsão já garantida pelo Código de Defesa do Consumidor.

Segundo a advogada da CNC Tatiana Machado Dunshee de Abranches a propo-sição aborda pontos importantes: “O Pro-jeto de Lei acrescenta critérios inovadores, como, por exemplo, o de que o prazo de ressarcimento deve ser igual ao praticado na cobrança”.

Com relação à responsabilidade soli-dária, a advogada explica que os represen-tantes dos “sites de compras coletivas” de-fendem a necessidade de diferenciação do serviço que prestam para o “comércio ele-trônico”. “Segundo eles, a exigência con-tida no Projeto de Lei de que as empresas disponham de um serviço de atendimento gratuito ao consumidor, por telefone, tam-bém desperta discussões, em razão da re-gionalidade dos sites e das ofertas. Dessa forma, defendem que a obrigatoriedade de call centers pode inviabilizar as empre-sas”, explica.

Tatiana acredita que o PL pode vir a trazer bons resultados tanto para o comer-ciante como para o consumidor: “A possi-bilidade de regulamentação, a despeito de qualquer polêmica, é positiva, justamente pela discussão que se põe em prática”.

“Groupon” e “Peixe Urbano” ofertam serviços de alimentação, estética e pacotes de viagem, entre outros

A proposta pretende obrigar as empresas a indicar as seguintes informações no anúncio das ofertas:

I. Quantidade mínima de compradores para a concre-tização da venda;

II. Prazo do comprador para usufruir da oferta; III. Endereço e telefone da empresa responsável; IV. Quantidade de clientes que serão atendidos por dia

e a forma de agendamento; V. Quantidade máxima de cupons que poderão ser

adquiridos por cliente, bem como os dias de sema-na e horários em que o cupom poderá ser utilizado;

VI. Em se tratando de alimentos, deverá constar também a indicação de eventuais efeitos alérgicos do produto.

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16 de julho, Dia do Comerciante.Dia 16 de julho é o Dia do Comerciante. Nada mais natural do que homenagear esses empreendedores na sua data. Afinal, são pessoas que empregam 25 milhões de trabalhadores em segmentos tão diferentes quanto turismo, alimentação, serviços, varejo e vários outros. São 4,5 milhões de empresas que têm os seus legítimos interesses defendidos pela CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Além de contar com a mão de obra que se forma e se atualiza em cursos do SENAC, e utiliza a rede de lazer e assistência social do SESC. Tudo para que esta importante atividade econômica, que responde por um quarto do PIB, continue a ajudar o Brasil a crescer.

Onde tem comércio, tem CNC-SESC-SENAC.

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Sistema CNC • SESC • SENACDo tamanho do Brasil

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CNC NotíciasJulho 2011 n°1363838

SERVIÇOS

Lei que cria o Cadastro Positivo é aprovada com

vetos pelo GovernoPresidente Dilma Rouseff sanciona a Lei de criação do

cadastro que vai reunir dados sobre os bons pagadores.Texto original sofreu três vetos quanto aos artigos que

cerceavam direitos dos consumidores

A presidente Dilma Rouseff sancio-nou, com três vetos, a Lei que cria o Cadastro Positivo de Clientes,

um instrumento à disposição do comércio e de entidades fi nanceiras que vai benefi -ciar bons pagadores com redução dos juros e maior oferta de crédito. A Lei entrou em vigor com a sua publicação no Diário Ofi -cial da União em 10 de junho de 2011.

Os vetos dizem respeito ao artigo da Lei que impedia o consumidor de cancelar o seu cadastro a qualquer tempo, se hou-vesse alguma obrigação creditícia; o que limitava o acesso gratuito do cadastrado às suas próprias informações uma vez a cada quatro meses; e o que permitia que as in-formações do banco de dados fossem aces-sadas sem a autorização do cadastrado.

Segundo o texto do veto, o Governo entendeu que “o livre acesso de todo ci-dadão às suas próprias informações é pressuposto necessário a procedimentos que visem tutelar o exercício de direitos, devendo ser assegurada sua gratuidade a qualquer tempo”.

O Projeto tramitava há oito anos no Congresso e seguiu para aprovação da presidente após ser sancionado pelo Senado, em maio de 2011.

A abertura do cadastro positivo de um cliente dependerá de sua autorização pré-via, por meio de um documento específi co ou de uma cláusula à parte de um contrato (de fi nanciamento ou de compra a prazo, por exemplo). Nesse aspecto, a novidade incluída pelo relator permite que uma au-torização concedida valha para todos os bancos de dados.

O Projeto foi vetado integralmente pelo ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, no último dia de seu mandato, em 31 de dezembro de 2010, em desacordo com o texto original, aprovado pelo Congresso. O texto seguiu novamente para a Câmara dos Deputados, após mudanças no conteú-do, e foi aprovado pelos parlamentares em 11 de maio, quando seguiu para o Senado.

sso de todo ci-informações é procedimentos

cio de direitos, ua gratuidade a

oito anos noprovação da onado pelo

Page 41: Revista CNC Notícias

Josias AlbuquerquePresidente da Fecomércio-PE e

vice-presidente Administrativo da CNC

39CNC NotíciasJulho 2011 n°136 39

PONTO DE VISTA

Boas-vindas ao cadastro positivo

Já está em vigor a Lei que institui o cadastro positivo. Agora, será implanta-do no Brasil um cadastro de bons paga-dores, o qual poderá ser consultado pela parte cedente de direitos em uma tran-sação. Trata-se do estabelecimento de normas para a montagem de um banco de dados, de âmbito nacional, no qual es-tarão identifi cados aqueles que cumprem seus compromissos fi nanceiros e que, por isso, merecem tratamento privilegia-do. Ressalte-se que a entrada no cadastro é uma opção do consumidor e de nenhu-ma forma lhe pode ser imposta.

O cadastro positivo deverá atenuar o problema informacional que sempre surge nas transações. O tomador sabe melhor que o cedente quais são suas verdadeiras chances, ou intenções, de cumprir os compromissos assumidos, gerando um problema que os economis-tas denominam de informação assimétri-ca. Quanto menos sabe sobre o tomador, maior é o risco do cedente, e o aumento dos juros é sempre o mecanismo utiliza-do para compensar esse risco.

Os juros no Brasil são altos por mui-tas razões, com uma grande contribuição do Governo, que precisa fi nanciar a ro-lagem de uma dívida próxima a R$ 1,5 trilhão, equivalente a quase 40% do PIB nacional. Rolar uma dívida desse por-te a taxas que convirjam para o padrão internacional exige equilíbrio fi scal e confi abilidade na autoridade monetária, que ainda não alcançamos. E quando o Governo aumenta muito seus gastos, como fez recentemente, os juros sobem para conter a infl ação, que é o que vem acontecendo desde abril do ano passado, quando o Banco Central começou a au-mentar a taxa de juros Selic.

Há outras razões substantivas para o alto patamar dos juros, que incluem a pequena competição entre os bancos, permitindo-lhes lucros maiores que os das demais atividades econômicas, o re-colhimento de um compulsório alto, fora do padrão internacional, a segmentação do mercado de crédito e a forte taxação das operações fi nanceiras. No entanto, a inadimplência é uma das principais cau-sas dos altos juros, e é esse problema que o cadastro positivo se propõe a atenuar. Esse serviço vai reduzir o problema da assimetria informacional, na medida em que o emprestador terá acesso a um ca-dastro de bons pagadores, o que diminuirá o risco de inadimplência. Além do mais, aumentará a concorrência bancária, por-que diminuirá os custos de mudança de banco. O cadastro positivo é um passo nas reformas microeconômicas, que são um complemento indissociável do avan-ço macroeconômico do Brasil.

Page 42: Revista CNC Notícias

CNC NotíciasJulho 2011 n°1364040

TURISMO

CNC presente em dois importantes eventos do

setor de turismoA Confederação esteve no Hotel Show 2011, em

parceria com a Fecomércio-PR, e na Fispal Food Service, feira de gastronomia, turismo e tecnologia, com

um estande em parceria com o Senac

A Confederação Nacional do Comér-cio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) participou de dois grandes

eventos de turismo que aconteceram no mês de junho.

Em parceria com a Fecomércio-PR, a entidade participou do Hotel Show 2011, feira que aconteceu entre os dias 16 e 18 de junho, em Foz do Iguaçu. Nos três dias de feira, o estande do Senac-PR ofere-ceu ofi cinas voltadas para o setor, como um workshop de Flair Show, técnica uti-lizada para preparação de drinques e coquetéis. Além disso, os visitantes tam-bém puderam assistir a palestra sobre o

Senac na Copa 2014.

Alexandre Sampaio, presidente da Câma-ra Empresarial de Turismo da CNC, par-ticipou da abertura da feira e destacou a importância do evento para a região. “O Hotel Show é uma prova de que uma ci-dade com o potencial de Foz do Iguaçu é um fator de atuação de turismo inter-nacional, recebendo grandes eventos”, afi rmou Sampaio.

Já entre os dias 6 e 9 de junho, a CNC e o Senac estiveram com um estande na Fispal Food Service 2011, a maior fei-ra do setor de serviços alimentícios da América Latina. No estande, os visitan-tes puderam conhecer o trabalho do Se-nac na capacitação de profi ssionais, com cursos de gastronomia, garçom e serviços de hotelaria, além de conhecer as publica-ções das editoras do Senac, voltadas para gastronomia e alimentação.

Foto à esq.: Alexandre Sampaio (esq.) e Darci Piana (centro)

participam da abertura do Hotel Show 2011. Foto à dir: estande da CNC-Senac na Fispal Food Service

Page 43: Revista CNC Notícias

41CNC NotíciasJulho 2011 n°136 41

TURISMO

Em São Paulo, Salão do Turismo promove o Brasil

O Sistema CNC-SESC-SENAC parti-cipou, entre os dias 13 e 17 de julho,no Pavilhão de Exposições do

Anhembi, em São Paulo, da 6ª edição do Salão do Turismo, um evento de promoção e comercialização dos roteiros turísticos de-senvolvidos a partir das diretrizes do Pro-grama de Regionalização do Turismo - Ro-teiros do Brasil, do Ministério do Turismo.

No evento, as entidades divulgaram a sua atuação em prol do desenvolvimen-to do turismo no Brasil. No estande, um “corredor de vivências” exibiu uma ex-posição sobre as iniciativas da CNC, do SESC e do Senac em diversas áreas. O es-paço contou ainda com uma área fechada, destinada à realização de contatos empre-sariais e políticos, para uso de convidados e executivos do Sistema Comércio.

Na abertura do Salão, no dia 13 de julho, foram realizados o lançamento da 5ª edição

da revista Turismo em Pauta, editada pelo Conselho de Turismo da CNC, e do livro Turismo de Experiência, do Senac-SP.

O Salão foi dividido em módulos de atividades: Feira de Roteiros Turísti-cos, Área de Comercialização (onde o visitante poderia comprar sua viagem), Vitrine Brasil (artesanato, moda, joias, produtos da agricultura familiar, ma-nifestações artísticas e gastronomia), Núcleo de Conhecimento, Rodada de Negócios (encontros pré-agendados en-tre os agentes de comercialização do produto turístico brasileiro), Missões Promocionais - Caravana Brasil (visitas técnicas de agentes de turismo/operado-res) e Missões Promocionais - Press Trip (visitas técnicas de profi ssionais de im-prensa nacional e internacional). Os deta-lhes do evento serão mostrados na próxi-ma edição da Revista CNC Notícias.

Estande do Sistema

CNC-SESC-SENAC no Salão do Turismo, realizado entre os dias 13 e 17 de julho, em São Paulo: ponto de encontro dos empresários do setor.

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CNC NotíciasJulho 2011 n°1364242

TURISMO

Copa 2014, um mundo de oportunidades para as micro

e pequenas empresas

Megaevento esportivo movimentará mais de R$ 140 bilhões nos próximos anos, e setores de construção civil,

tecnologia da informação e turismo são os que mais se destacam, mostra trabalho da CNC

O Brasil tem tudo para realizar uma Copa do Mundo mais rentável do que a que foi realizada na África

do Sul. Essa é uma das observações con-tidas no trabalho técnico intitulado Mapa de Oportunidades para as MPEs - Copa do Mundo 2014, elaborado pelo econo-

mista da CNC Antonio Everton Junior. Segundo o estudo, o fl uxo de tu-

ristas e o retorno obtido com as obras de infraestrutura no país

africano fi caram aquém do esperado; ao contrário do

Brasil, que tem poten-cial para superar as ex-pectativas na geração de negócios e de lu-cros – um ciclo que pode trazer ganhos expressivos para as micro e pequenas empresas, que pre-cisam estar atentas ao planejamento dos

projetos necessários ao megaevento.

Setores como cons-trução civil, tecnologia

da informação e turismo vão gerar demandas inten-

sivas. Conforme estimativas da Ernest & Young, em parce-

ria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o valor investido em obras de in-

fraestrutura e organização do País será de

R$ 22,46 bilhões. A competição deverá in-jetar, ainda, R$ 112,79 bilhões na econo-mia brasileira, com a produção em cadeia de efeitos diretos, indiretos e induzidos. Estima-se que, no período de 2010 a 2014, sejam movimentados R$ 142,39 bilhões adicionais no País. Apenas para o setor de tecnologia da informação (TI) serão neces-sários investimentos de R$ 309 milhões, para acomodar o grande fl uxo de dados associados ao megaevento.

O estudo da CNC tomou como uma das fontes pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getulio Var-gas, segundo a qual o volume total de investimentos no intervalo desses quatro anos deverá modifi car as estruturas das cidades-sede, promovendo modernidade, tornado-as aptas a atender aos pesadosrequisitos de um evento desse porte e deixando um legado após o torneio.

Estimativas citadas pelo estudo da CNC indicam que pelo menos 600 mil turistas estrangeiros deverão chegar ao País. Ao comparar com a Copa realizada na África do Sul, Antonio Everton Junior enumerou alguns fatores que contribuíram para um resultado abaixo do esperado. Lá eram aguardados 450 mil turistas, principalmente europeus, mas a contagem fi nal indicou a entrada de 309 mil, a maior parte de países vizinhos. Segundo o economista da CNC, as ameaças de terrorismo e os temores quanto à segurança local contribuíram deci-sivamente para o número menor de turistas.

Page 45: Revista CNC Notícias

A festa sul-africana: retorno fi nanceiro menor do que o previsto para o Brasil

43CNC NotíciasJulho 2011 n°136 43

TURISMO

“No que concerne às despesas dos es-trangeiros no comércio de bens, serviços e turismo, de acordo com as estimativas do governo africano, o gasto total de tu-ristas na África do Sul por conta da dispu-ta da Copa do Mundo atingiu a monta de 3,64 bilhões de rands, o que dá um pouco menos do que um bilhão de reais (R$ 910 milhões)”, mostra o estudo. Ainda que os europeus tenham representado menor número de turistas, em comparação com outras edições da Copa do Mundo no pas-sado, foram os que mais movimentaram o faturamento do comércio local, formando o conjunto de turistas por continente que mais gastou (R$ 238, 5 milhões).

Ao se observar como foram distribuídosos gastos da população estrangeira visi-tante na África do Sul, é clara a predo-minância dos gastos com o comércio local. Em seguida, vêm os dispêndios com hospedagem e refeição, distribuí-dos da seguinte maneira: compras (31%), acomodação (20%), comida e bebida (19%), lazer (16%), transporte (11%) e outros (3%).

O retorno fi nanceiro relativo aos in-vestimentos públicos e privados na cons-trução de estádios e nos gastos com in-fraestrutura também fi cou aquém do que era pretendido. “O torneio teve pouco mais de 3 milhões de espectadores nos estádios e representou um incremento de 1% na economia da África do Sul. O país

investiu 33,65 bilhões de rands (R$ 8,4 bilhões) na preparação. Pelo que consta, o país conseguiu recuperar apenas 1% do que foi investido”, diz o texto da Divisão Econômica da CNC.

Ainda que a violência e a insegurança sejam fatores comuns aos dois países, po-dendo afastar turistas também no Brasil,o economista Antonio Everton Junior vê circunstâncias diferentes, que podem contribuir para o maior êxito fi nanceiro da Copa na América do Sul. Uma das ra-zões é de natureza esportiva, pois o fato de a seleção brasileira ser mais tradicio-nal que a sul-africana induz a esperar uma participação mais duradoura no torneio, mantendo as vendas ligadas ao evento du-rante um período maior. Isso inclui desde a venda de souvenirs até a movimentação de bares, hotéis e restaurantes.

Outro aspecto destacado no trabalho técnico é a ordem de grandeza dos in-vestimentos programados para o Brasil, comparativamente com os da África do Sul. Os números previstos para 2014 são bem maiores, com expectativas de retor-no bastante distintas. Também deverão contribuir para a maior escala econômica do evento brasileiro o crescimento econô-mico do País, com a ascensão social das classes de menor renda, a inclusão fi nan-ceira e bancária de milhares de famílias, junto com a melhoria do padrão de vida e o aumento do consumo.

Page 46: Revista CNC Notícias

CNC NotíciasJulho 2011 n°1364444

PRODUTOS CNC

Equifax do Brasil passa a integrar o grupo

Boa Vista ServiçosCom a fusão, ações da Equifax no Brasil terminaram em 31 de maio. Contratos já fi rmados com a empresa, como

a parceria com a CNC, não serão afetados

A Equifax do Brasil, empresa de pro-dutos e serviços para a gestão de negócios, foi incorporada pela Boa

Vista Serviços, que completou a transação para assumir a coordenação da empresa em 31 de maio de 2011. A Boa Vista passa a contar com um banco de dados ainda mais completo sobre transações comerciais de consumidores e empresas.

A mudança não afetará a parceria da Equifax com a CNC, que permite que fe-derações e sindicatos ofereçam aos empre-sários de sua base territorial consultas ao banco de dados da Equifax, a fi m de agi-lizar a concessão de crédito, reduzir riscos e ampliar suas possibilidades de negócios.

A Boa Vista Serviços vai divulgar estra-tégias quanto à parceria até o fi nal de junho,para que haja um alinhamento dos traba-lhos. O cenário é otimista para a CNC, que possui capilaridade para comercializar os serviços que continuarão sendo oferecidos.

Desde a data da fusão, novos contra-tos e documentos já saem assinados em nome da Boa Vista Serviços. Os acio-nistas da Equifax Inc., que tem sede em Atlanta, nos Estados Unidos, incorporam um grupo de outros acionistas que funda-ram a Boa Vista Seguros em 2010, como a Associação Comercial de São Paulo e a TMG Capital, formando, assim, a prin-cipal empresa de informações comer-ciais, com controle brasileiro. A empresa é presidida por Dorival Dourado Junior, que foi vice-presidente de desenvolvi-mento de produtos do Grupo Experian e CIO da Serasa.

A integração das duas empresas vai continuar a gestão de contratos com mais de 1,2 milhão de clientes diretos e indire-tos, que efetuam mais de sete milhões de consultas por dia. Para saber mais sobre a parceria com a CNC e efetuar essas con-sultas, acesse www.cncequifax.com.br.

Dorival Dourado Jr., presidente da Boa

Vista Serviços, Alencar Burti, da Associação

Comercial de São Paulo, e Luiz Francisco Viana, da TMG Capital

Page 47: Revista CNC Notícias

45CNC NotíciasJulho 2011 n°136 45

PRODUTOS CNC

SEGS é apresentado no Conselho Deliberativodo Sebrae-MSFecomércio-MS e Sebrae fi rmam parceria em busca da ampliação da participação de micro e pequenas empresas sul-matogrossenses no Prêmio MPE Brasil, promovendo aumento na qualidade de gestão

O Sistema de Excelência em Gestão Sindical (SEGS) foi apresentado aos conselheiros do Serviço Bra-

sileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em-presas (Sebrae) em Mato Grosso do Sul, durante a reunião do Conselho Deliberati-vo da entidade. A apresentação aconteceu no Congresso da Federação das Associa-ções Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS), em Ponta Porã, em 19 de maio. A Federação do Comércio de Bens, Ser-viços e Turismo do Estado (Fecomércio--MS) integra o Conselho.

O programa foi apresentado aos conse-lheiros pelo assessor Rodrigo Timm Weps-ter, do Departamento de Planejamento da CNC. Segundo ele, o objetivo da apresenta-ção foi mostrar às outras entidades que inte-gram o Conselho que a aplicação do SEGS pelos sindicatos do comércio permite que estes façam um trabalho consciente e ob-jetivo na divulgação e na captação de suas micros e pequenas empresas para participa-rem do Prêmio MPE Brasil, do Sebrae.

Na reunião, um termo de cooperação foi assinado entre a Fecomércio-MS e o Sebrae-MS. “A experiência na gestão sin-dical adquirida fez com que os sindicatos vinculados à Fecomércio-MS fossem es-colhidos para estar de frente na missão de divulgar o MPE Brasil junto às micro e pequenas empresas”, afi rmou o presidente da Federação, Edison de Araújo. A parceria também visa fortalecer o movimento MS Competitivo, que será coordenado pela Fecomércio-MS nos próximos três anos.

O MPE Brasil é um programa de com-petitividade organizado pelo Sebrae e se constitui no reconhecimento estadual e nacional às micro e pequenas empresas que promovem o aumento da qualidade, da produtividade e da competitividade, pela disseminação de conceitos e práticas de gestão.

Ainda na reunião do Conselho, foi apresentado aos presentes o Estudo de Competitividade do Setor Terciário. A pesquisa foi realizada em parceria entre a Federação e o Sebrae-MS, com o obje-tivo de tornar o setor terciário do Estado ainda mais competitivo. Segundo Araújo, “através do levantamento, será possível subsidiar ações e estratégias para o setor, propondo, assim, um cenário de perspec-tivas em Mato Grosso do Sul até 2020”.

Rodrigo Timm Wepster, assessor do Deplan-CNC, apresenta o SEGS aos conselheiros do Sebrae-MS

Page 48: Revista CNC Notícias

46

EM FOCO

CNC NotíciasJulho 2011 n°136444444444444444666666666666666 CJJ46

Senac alinhado com os objetivos estratégicos do

Plano Nacional de EducaçãoDiretora de Educação Profi ssional, Anna Beatriz Waehneldt

disse, na Comissão Especial que analisa o PNE, que a instituição é protagonista no projeto e tem condições de

oferecer vagas imediatamente

O atual contexto socioeconômico brasileiro está favorecendo o de-senvolvimento de campos profi s-

sionais que exigem capacitação técnica, e o Senac vai contribuir decisivamente para esse crescimento, na medida em que tem condições de oferecer essas vagas imedia-tamente. Essa foi uma das posições defen-didas pela diretora de Educação Profi ssio-nal do Senac – Departamento Nacional, Anna Beatriz de Almeida Waehneldt,na Comissão Especial da Câmara dos De-putados, criada para analisar e dar pare-cer sobre o Plano Nacional de Educação (PNE) 2011-2020. “O Senac é um dos protagonistas do PNE e está absolutamen-te alinhado com os objetivos estratégicos do Plano.”

O debate, realizado em 14 de junho, reuniu especialistas no tema. Os pales-trantes, além da diretora do Senac, foram a professora e pesquisadora da Univer-sidade Federal do Paraná Acácia Zenei-da Kuerzer, a diretora de Políticas para Educação Profi ssional e Tecnológica do (MEC), Simone Valdete dos Santos, e a diretora associada de Educação Profi ssio-nal do Senai, Regina Torres.

Anna Beatriz também defendeu a uni-versalização, até 2016, do atendimento escolar para os adolescentes de 15 a 17

anos, conforme previsto no PNE. Segun-do ela, a universalização da educação é importantíssima para colocar o Brasil no quadro das nações desenvolvidas. “O Brasil já deu um enorme salto quantita-tivo no ensino fundamental e agora está focando ações no ensino médio. O Senac trabalha em paralelo, fortalecendo, com suas escolas, a tarefa da educação formal, preparando e qualifi cando jovens para o mercado de trabalho.

Ela elogiou a iniciativa da Comissão de promover o debate público em todo o País, “por ser um instrumento para colher contribuições à construção de um projeto real de educação para o Brasil”. Em 15 de julho haverá, em Florianópolis, a última audiência pública que a Comissão agen-dou para ouvir propostas e sugestões para o texto substitutivo que será apresentado ao plenário. Anna espera que o Plano seja aprovado ainda neste ano, porque seu pe-ríodo de validade já está em andamento.

O deputado federal Angelo Vanhoni (PT-RS), relator da Comissão Especial da Câmara dos Deputados que analisa o Projeto de Lei nº 8.035, do PNE, reve-la que seu parecer manterá o formato do projeto original do Governo, com poucas (20) metas e apenas 11 estratégias. Uma das convicções de Vanhoni em relação ao

PNE é que não será sufi -ciente a elevação do in-vestimento público de 5% para 7% do PIB, ao longo dos próximos 10 anos, para fi nanciar a educação brasileira, conforme pre-vê o documento original. Mas ele não adianta o que vai propor.

Especialistas em educação do

setor privado e do Governo deram sua

contribuição à construção do PNE,

em debate na Câmara dos Deputados

Page 49: Revista CNC Notícias

47CNC NotíciasJulho 2011 n°136 47

EM FOCO

Enaex 2011 mobiliza comércio exterior em busca de mais competitividadeEm sua 30ª edição, tradicional evento organizado pela AEB reunirá, em agosto, líderes empresariais, autoridades governamentais, executivos e profi ssionais de diversos segmentos com o objetivo de fortalecer o setor

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) realiza, nos dias 18 e 19 de agosto, no Rio de Janeiro,

aquele que é considerado o mais tradicional e representativo evento de comércio exte-rior do Brasil. Em sua 30ª edição, o Encon-tro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2011) terá como tema central a competitivi-dade da economia brasileira. A CNC é uma das apoiadoras institucionais do evento.

Participam do Enaex líderes empresariais, autoridades governamentais, executivos e profi ssionais de diversos segmentos, reuni-dos para a busca de soluções das questões en-frentadas pelos exportadores e importadores brasileiros, e também pelos diversos agentes e operadores que atuam na cadeia de negó-cios do comércio internacional.

Tradicionalmente realizado no Hotel Glória, este ano o Encontro será organiza-do no Armazém 2 do Pier Mauá, na Zona Portuária da cidade, um cenário de forte simbolismo por ser o local do comércio exterior por excelência.

Na área de estandes funcionará a Fei-ra de Serviços de Comércio Exterior, que terá, entre seus expositores, bancos, empre-sas exportadoras e importadoras, tradingcompanies, seguradoras de crédito à ex-portação, operadores logísticos e transpor-tadores, terminais e operadores portuários, corretoras de câmbio e seguro, empresas de despacho aduaneiro, empresas de software, cursos e universidades, entre outros. No cais serão preparados espaços de convi-vência, alimentação e área para encontros de negócios e entretenimento, onde será

realizada a entrega do Prêmio Destaque de Comércio Exterior.

São esperados cerca de 2 mil parti-cipantes nos dois dias do Encontro. A organização preparou um site com to-das as informações e a possibilidade de inscrição pela internet. O endereço é www.enaex.com.br

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José Augusto de Castro

CNC NotíciasJulho 2011 n°1364848

ENTREVISTA

“Estamos perdendo uma grande oportunidade na relação com a China”

Que o comércio exterior é um setor estratégico para o Brasil ninguém discute. Mas o que o País tem feito – ou precisa fazer

– para tirar proveito de uma maior inserção na economia global? A CNC Notícias foi buscar as respostas com um

especialista no assunto, o presidente interino da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

CNC Notícias – O secretário Execu-tivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Emílio Garofalo, esteve numa reunião da AEB realizada na CNC e ad-mitiu que o País precisa de uma política de comércio exterior. Qual deve ser a li-nha mestra dessa política?

JAC – Nós temos que ter um Ministério que dite a política de comércio exterior do País e que todos os outros 17 órgãos envolvi-dos sigam essa política. Porque hoje o que nós temos são políticas isoladas de ministérios, não política integrada de governo. Um exem-plo: acabamos de mandar uma carta para a Camex, porque a Secretaria de Patrimônio da União, um órgão ligado ao Ministério do Pla-nejamento, criou um imposto sobre águas. Ou seja, todos os portos, todos os atracadouros, todos os terminais passam a pagar o tributo sob a alegação de que a água do mar é do Bra-sil, e as empresas têm que pagar imposto. Fa-lamos com a Camex, e ninguém sabia disso. A Camex é integrada por sete ministérios, um dos quais é o Planejamento.

Qualquer órgão do Governo pode esta-belecer essas cobranças?

Existe uma lei na Camex – aliás, gestada na AEB – que estabelece, desde 2003, que ne-nhum órgão do Governo pode baixar normas que representem aumento de impostos no co-mércio exterior sem passar pela Camex. Está escrito. Quer dizer, lei há, mas não é aplicada.

A complexidade do processo burocráti-co tem sido uma queixa sempre presente no setor. Por que o País demora tanto a apre-sentar uma solução?

A palavra poder diz tudo. Todo mundo quer ter poder, e ninguém abre mão. Veja a

questão do Eximbank brasileiro, que vai fi -nanciar as operações de comércio exterior e é uma unanimidade. Por que ainda não saiu do papel? Porque existe uma questão políti-ca a ser resolvida, ou seja, a que ministério o Ex-Im Bank estará subordinado. Em relação à burocracia, diga-se, o Ministério do De-senvolvimento, Indústria e Comércio Exte-rior desburocratizou muita coisa. O MDIC hoje tem um peso político que nos dá espe-rança de que muita coisa pode acontecer. Es-tão com uma visão muito boa em termos de comércio exterior. Sabem exatamente quais são os problemas, sabem as soluções, mas é preciso ultrapassar os obstáculos políticos.

Como exportar mais com um câmbio cada vez menos favorável?

É preciso que fi que claro: ninguém na AEB é a favor de mudança na política cam-bial. Somos 100% favoráveis ao regime de câmbio fl utuante. A taxa de câmbio ajuda a exportação de produtos manufaturados? É claro que não. Mas se nós tivéssemos uma boa infraestrutura, um sistema tributário de-cente, um custo fi nanceiro normal, a carga tributária em padrão civilizado, menos bu-rocracia, ninguém estaria reclamando de taxa de câmbio. É o famoso custo Brasil, estimado em 30%. Se colocarmos 30% em cima do R$ 1,60 da taxa de câmbio, vai dar R$ 2,20. É o que todos querem. As exporta-ções de commodities não são afetadas, pois suas elevadas cotações vigentes nos últimos anos compensam a defasagem cambial.

A China, afi nal, é uma ameaça ou uma oportunidade?

Sempre digo que não é o Brasil que depende da China, mas a China que é de-

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José Augusto de Castro

49CNC NotíciasJulho 2011 n°136 49

ENTREVISTA

pendente do Brasil. O Brasil, no entanto, está perdendo uma grande oportunidade, porque a China começou a buscar alter-nativas. No próprio Brasil, ela está com-prando minas, terra para plantar soja, tudo o que precisa. Na África, está fi -nanciando a construção de estradas em troca da obtenção de recursos minerais e commodities agrícolas. No momentoem que a dependência de matérias-primas era crucial para eles, o Brasil não propôs nada, não fez nenhum acordo para ampliar a venda de manufaturados. Neste momento, a China está diminuindo sua dependência em relação ao Brasil, e nós estamos aumentan-do a dependência em relação a eles.

Os chineses dizem que não é o Brasil que exporta para a China, é a China que importa do Brasil. Falta uma postura mais agressiva dos empresários brasileiros?

Exatamente. A China compra o que quer, a quantidade que quer e quando quer, mas apenas commodities. Nós somos meros embarcadores. E por culpa dos elevados preços, que geram acomodação. Os expor-tadores de commodities não reclamam da taxa de câmbio; só quem reclama é o setor de produtos manufaturados. Claro que a ex-portação de commodities é muito boa para o Brasil, porque trouxe muitas divisas. Do ano 2000 até 2010 o Brasil gerou superá-vit comercial maior do que a nossa dívida externa. Ou seja, ter eliminado a dívida ex-terna não foi coincidência, foi consequência do superávit comercial, que eliminou a vul-nerabilidade externa do Brasil e trouxe um país sólido do ponto de vista cambial, que começou a atrair mais dólares. Resumindo,

a elevada cotação das commodities não exi-ge postura agressiva, e a defasagem cam-bial obriga os exportadores de manufatura-dos a serem mais agressivos, mas, muitas vezes, sem sucesso.

O empresário brasileiro tem uma cultu-ra exportadora?

Não, pelo contrário; o Brasil não tem uma cultura exportadora. Veja que, nos úl-timos cinco anos, perdemos 500 empresas exportadoras a cada ano. Em contrapartida, surgiram, por ano, 4 mil novas empresas importadoras. Claro que o fator cambial é o principal, mas é uma soma de outros fato-res, como a questão cultural, as difi culdades operacionais e a pesada burocracia que nós temos. Essa burocracia é maior na exporta-ção que na importação.

Há setores da nossa economia que criticam o empenho do Brasil em man-ter vivo o Mercosul. A essa altura o País tem alternativa?

O Mercosul foi criado para ser uma união aduaneira, a exemplo do que é hoje a União Europeia. Só que, na prática, ele nunca foi união aduaneira. Na melhor das hipóteses, é uma área de livre comércio, como é o Nafta. Na realidade, o Mercosul hoje é uma cami-sa de força para o Brasil. Não poderíamos ser mais agressivos comercialmente, mesmo se quiséssemos, porque temos que levar os quatro países juntos, que pensam de forma diferente. Sempre digo o seguinte: vamos manter o Mercosul, mas vamos transformá-lo numa área de livre comércio. Ou que, pelo menos, sejam previstas autorizações para que os países possam fi rmar isolada-mente acordos bilaterais fora do bloco.

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CNC NotíciasJulho 2011 n°1365050

SISTEMA COMÉRCIO

Fecomércio Acre inaugura novas instalações da

entidade em Rio BrancoCondomínio do Sistema Fecomércio-SESC-Senac foi

inaugurado no dia 8 de junho, com a presença do presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, entre

outros convidados

No ano em que completou 21 anos de existência, a Federação do Comércio do Estado do Acre

(Fecomércio-AC) inaugurou as novas ins-talações que compõem o Condomínio do Sistema Fecomércio-SESC-Senac, no dia 8 de junho. O condomínio vai integrar as administrações das três entidades do Sistema acreano.

O presidente da CNC, Antonio Olivei-ra Santos, esteve presente na inauguração, junto com o diretor do Departamento Na-cional do SESC, Maron Emile Abi-Abib, e com presidentes de federações do co-mércio de vários estados do País. Também prestigiaram a cerimônia o consultor da CNC Bernardo Cabral, o governador do Acre, Tião Viana, e o prefeito de Rio Bran-co, Raimundo Angelim.

Leandro Domingos, presidente da Fecomércio-AC, disse que o empreendi-mento vai amplifi car os bons resultados obtidos pelo Sistema na representação empresarial e na prestação de serviços. “É com um orgulho imenso que concluí-mos esta obra e oferecemos à população espaços modernos, bem estruturados e equipados para garantir o conforto e o atendimento necessário”, afi rmou.

A expectativa é de que a capacidade de atendimento do Sistema Fecomércio--SESC-Senac seja duplicada. “Somente o restaurante e a academia de ginástica devem prestar em torno de 500 mil aten-dimentos por ano. É um volume signifi -cativo de serviços prestados e que, com certeza, vai melhorar muito o desempenho das nossas entidades no Estado do Acre”, concluiu Domingos.

Para o governador do Acre, Tião Via-na, a obra é sinônimo de mudança e de novos tempos no Estado. “Nós ganhamos um presente com a qualidade desta obra. Tenho certeza de que os senhores tradu-zem um sentimento do nosso povo, que vive aqui, neste lugar da Amazônia, mas que busca uma boa estrutura e condições satisfatórias. E quando eu vejo um pa-drão como este, me alegro, porque há 12

Leandro Domingos, presidente da Fecomércio-AC, Antonio Oliveira Santos, Tião Viana,

governador do Acre, e Márcia Regina de Souza, chefe da Casa

Civil do Estado

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SISTEMA COMÉRCIO

anos o governo do Estado vem trabalhando nisso. O trabalho do Leandro é a certeza de partilha de solidariedade na luta por melhorias neste nosso querido estado”, afi rmou o governador.

As novas instalações contam com uma estrutura ampla e moderna, equipada com equipamentos de última geração. As ins-talações do restaurante do SESC contam com uma cozinha industrial que poderá produzir 1.500 refeições por dia e com ca-pacidade para atender 230 pessoas simul-taneamente. Além disso, o prédio abriga uma academia de ginástica, que está entre

as maiores da região Norte em termos de arquitetura.

A integração das administrações da Fecomércio, do Senac e do SESC, além das melhorias à comunidade, também vai possibilitar uma maior dinâmica adminis-trativa por parte dos servidores. “A Fede-ração do Comércio já é reconhecida pela sociedade como entidade sindical séria e comprometida com a defesa dos interes-ses dos empresários do comércio de bens, serviços e turismo e hoje possui modernas e funcionais estruturas físicas”, concluiu o presidente da Fecomércio-AC.

Prédio principal do condomínio, nova sede da Fecomércio-AC, com o prédio do SESC ao fundo. Expectativa é de dobrar o número de atendimentos feitos à população

Presidente da CNC recebe homenagens no Acre

Na ocasião de sua presença no Acre, para a inauguração da Fecomércio-AC, o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, foi agraciado com três homena-gens distintas no Estado. A primeira foi a Ordem da Estrela do Acre, no grau de Comendador, que o presidente da CNC recebeu das mãos do governador do Es-tado, Tião Viana. Oliveira Santos também recebeu Moção de Aplauso da Assem-bleia Legislativa do Estado do Acre e o

colar do Mérito Empresarial, no grau Gran Cruz, entregue pelo presidente da Feco-mércio-AC, Leandro Domingos. “Fiquei muito tocado ao receber essa homenagem. Vir aqui para ser homenageado é algo que muito emociona. Na verdade, nós é que devemos homenagear o Acre e o povo do Acre, pois vocês estão construindo um exemplo para o País. Que o Brasil inteiro seja igual ao que é o Acre”, agradeceu o presidente da CNC.

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SISTEMA COMÉRCIO

CNC NotíciasJulho 2011 n°13652

Fenavist discute a capacitação de profissionais para a Copa

do Mundo de 2014Reunião de Diretoria da Federação debateu os principais

assuntos do setor e prevê o investimento de mais de R$ 9 milhões em capacitação de profi ssionais. Evento vai

demandar mais de 60 mil profi ssionais de segurança

A Copa do Mundo 2014 vai exigir a capacitação de 60 mil pessoas para atuar na segurança dos estádios de

futebol em todo o território nacional. Essa foi uma das conclusões apresentadas na 8ª Reunião da Diretoria Executiva da Federa-ção Nacional dos Sindicatos das Empresas de Segurança, Vigilância e de Transporte de Valores (Fenavist), que aconteceu nos dias 9 e 10 de junho, em Sergipe.

Segundo o presidente da entidade, Odair Conceição, as mais de 2 mil empre-sas de segurança em todo o País deverão investir mais de R$ 9 milhões em capaci-tação profi ssional, cerca de R$ 1.500 por trabalhador. “Essa será uma capacitação

complementar,

porque, para se tornar um vigilante, o pro-fi ssional já precisa de uma capacitação”, completou Odair.

A Fenavist espera que o Mundial e os outros eventos esportivos que vão acon-tecer nos próximos anos promovam um acréscimo de 20% no número de traba-lhadores na área. Além da capacitação, os empresários do ramo debateram a moder-nização da atividade e o combate à clan-destinidade no setor.

As preparações do setor de segurança já estão começando, segundo Conceição. Novas táticas de segurança e o aprendiza-do dos novos profi ssionais formados de-vem ser testados nos amistosos da seleção disputados no Brasil. “O tempo que temos até lá é grande. Já estamos nos preparan-do agora, três anos antes. Até 2014 vamos aperfeiçoar tudo”, concluiu.

A atuação das empresas particulares se dará dentro dos estádios, deixando a segu-rança nas áreas externas com os agentes públicos. A cada jogo devem atuar pelo menos 3 mil seguranças e vigilantes par-ticulares. A expectativa é de que o legado fi que para o País após a Copa, estendendo-se aos eventos nacionais. “Se considerar-mos o número de jogos que ocorrem no país, haverá a geração de 450 empregos por partida”, prevê Odair Conceição.

Presidente da Fenavist, Odair Conceição, em

discurso durante a reunião de Diretoria da

entidade, em Sergipe

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SISTEMA COMÉRCIO

Sistema Fecomércio-PR lança projeto Senac na Copa, Paraná no Mundo24 mil vagas em cursos de capacitação serão oferecidas pelo Senac-PR em todo o território paranaense, com o objetivo de suprir a mão de obra que será demandada no Estado com o Mundial de Futebol, em 2014

No dia 2 de junho, foi lançado o programa Senac na Copa, Paraná no Mundo, projeto do Sistema Fe-

comércio-PR que vai disponibilizar 24 mil vagas em cursos de capacitação em todo o Estado paranaense. Estiveram presentes na solenidade o presidente da Fecomércio-PR,Darci Piana, e o governador do Estado, Beto Richa, entre outras autoridades.

Com foco na Copa 2014, o Senac vai oferecer no Paraná cursos voltados para várias áreas de atuação, como turismo e hotelaria. “Nosso estado está vivendo um momento histórico. Estamos colocando à disposição da população mais de 24 mil vagas. A pessoa que se qualifi car vai po-der trabalhar desde já com mais qualidade, e isso será para a vida toda, pois, mesmo terminando a Copa, o conhecimento fi ca”, destacou Piana.

Para o secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Luiz Cláudio Romanelli, a parceria entre o Governo e o Senac-PR só tem a agregar no crescimento do Paraná. “A agência do Trabalhador vai encaminhar os interessados ao Senac-PR para que realizem os cursos de qualifi ca-ção. Desse modo, terão mais oportunida-des de ingressar em um emprego melhor, e isso faz com que nosso estado cresça cada vez mais”, ressaltou.

O programa foi apresentado pelo dire-tor de Educação Profi ssional e Tecnologia do Senac-PR, Ito Vieira. “Vamos trabalhar de forma intensa, sem deixar de fazer o que fazemos há mais de 60 anos, que é formar

profi ssionais de qualidade. A diferença é que agora vivemos um momento histórico no Paraná e precisamos de uma boa mão de obra disponível no mercado”, afi rmou.

Durante a solenidade de lançamen-to do programa também aconteceu a assinatura do convênio entre a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Pro-moção Social (SETP) e o Senac-PR, que proporcionará a capacitação profi ssional de 33 turmas, em 30 municípios. Esse convênio será viabilizado com recursos do Estado, do Fundo de Amparo ao Tra-balhador (FAT). “Vamos contratar e dar suporte aos nossos trabalhadores. Vamos qualifi car 660 pessoas para que possam ingressar em um emprego de qualidade nas mais diversas áreas de competência”, afi rmou Romanelli.

Darci Piana, da Fecomércio-PR, discursa durante a apresentação do projeto Senac na Copa, Paraná no Mundo

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CNC NotíciasJulho 2011 n°1365454

SISTEMA COMÉRCIO

Fecomércio divulga os vencedores do 2° Prêmio

de SustentabilidadeMais de 300 projetos de 19 estados brasileiros foram

inscritos no Prêmio, que revelou projetos e práticas sustentáveis espalhados pelo Brasil, além de debater

sobre as soluções possíveis para o meio ambiente

Na noite do dia 31 de maio, a Fede-ração do Comércio do Estado de São Paulo revelou os vencedores

do 2° Prêmio Fecomércio de Sustentabili-dade, organizado em parceria com a Fun-dação Dom Cabral. O prêmio teve o ob-jetivo de estimular práticas sustentáveis e instituir novas formas de relacionamento entre empresas, Governo e consumidores.

Abram Szajman, presidente da Feco-mércio, falou da importância do Prêmio, que teve mais de 300 projetos inscritos. “Incentivamos integrantes da administra-ção pública nos três níveis a incorporarem a questão ambiental na formulação das dife-rentes políticas públicas”, afi rmou.

Na categoria Grande Empresa, a ven-cedora foi a Vivo, com o projeto Conexão Belterra, que leva internet 3G para uma

comunidade na Amazônia. A empresa Es-tação Resgate foi a ganhadora na categoria Pequena/Média Empresa, com seu traba-lho na atuação de reciclagem de resíduos de materiais de construção que podem ser devolvidos à cadeia produtiva do setor.

O projeto Artisans Brasil, da Coopera-tiva dos Produtores de Artesanato de Seda, foi o vencedor na categoria Microempresa, por capacitar profi ssionais de Nova Espe-rança, no Paraná, na produção de artigos feitos com seda cultivada pelos próprios artesãos. Já o Sindicato de Lavanderias e Similares de São Paulo (Sindilav) ven-ceu na categoria Entidade Empresarial/Sindical, com o projeto que estabeleceu o “Selo de Qualidade e Sustentabilidade” para o setor. O Programa Estadual de Contratações Públicas Sustentáveis, da

Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, re-cebeu o prêmio na categoria Órgão Público.

Já entre os prêmios aca-dêmicos, Márcio de Andrade Batista foi o vencedor como Professor, pelo projeto de cultivo sustentável de frutos do cerrado, enquanto os alu-nos da Faculdade Antonio Menghetti, do Rio Grande do Sul, venceram na cate-goria Aluno, pelo trabalho de educação dos moradores da região, pela reciclagem e separação do lixo.

Diretoria da Fecomércio reunida com os vencedores da segunda edição

do Prêmio de Sustentabilidade

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SISTEMA COMÉRCIO

Fecomércio-PE investe no monitoramento de projetos de

lei em PernambucoPresidente da Federação, Josias Albuquerque, adota medidas para que o acompanhamento das ações legislativas nos níveis estadual e municipal seja ampliado

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) pre-

tende ampliar o acompanhamento das açõeslegislativas no Estado. A ideia partiu do presidente da Federação, Josias Albuquer-que, e pretende envolver os sindicatos fi -liados, de forma gradual, em um trabalho similar ao realizado pela Rede Nacional de Assessorias Legislativas (Renalegis), da CNC, no Congresso Nacional.

O secretário Executivo da Fecomér-cio-PE, Jesus Ivandro, esteve presente na 10ª reunião da Renalegis, em 10 de junho, participando dos debates e ar-ticulando o início da implantação do sistema informatizado, que permitirá a atuação da Fecomércio-PE em cadeia com as entidades que integram a rede. A implantação será realizada pelo asses-sor da CNC Ênio Zampieri, da Asses-soria junto ao Poder Legislativo (Apel) da entidade.

Nos dias 15 e 16 de junho, os represen-tantes da Fecomércio-PE, junto com Zam-pieri, realizaram uma visita ao presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco,Guilherme Uchoa, e ao presidente da Frente Parlamentar do Comércio Varejista,Tony Gel. A visita teve o objetivo de estudar a possibilidade de uma parce-ria que permita o acompanhamento on-line dos Projetos de Lei de interesse do comércio que tramitarem pela Casa Legis-lativa pernambucana.

A ideia do presidente da Fecomércio-PEé que os sindicatos sejam envolvidos aos poucos, sendo estimulados a desenvol-ver o monitoramento dos Projetos de Lei no nível local, que tramitam nas Câmaras Municipais nas cidades onde têm suas se-des ou agências. Um exemplo é o trabalho realizado pelo Sindilojas Caruaru, que criou uma diretoria legislativa para monitorar os Projetos de Lei de interesse do comércio de Caruaru e municípios vizinhos.

Técnicos da Assessoria Legislativa da CNC vão a Pernambuco para a instalação da assessoria legislativa da Fecomércio-PE, que contará com a participação dos sindicatos do Estado

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CNC NotíciasJulho 2011 n°1365656

SISTEMA COMÉRCIO

Parceria de cooperação técnica é firmada entre

federações do comércioFecomércio-RO e Fecomércio-PR vão trocar

experiências relacionadas a tecnologias e inovações aplicadas na área de gestão

As Federações do Comércio do Pa-raná e de Rondônia fecharam uma parceria de cooperação técnica

que visa a transferência de tecnologia na área de gestão. O acordo foi fi rmado em reunião entre os presidentes das duas en-tidades no dia 9 de junho, em Porto Velho.

O presidente da Fecomércio-PR, Dar-ci Piana, apresentou ao presidente da Fe-comércio-RO, Raniery Coelho, algumas inovações que podem ser lançadas no mer-cado de Rondônia. Um dos exemplos é a Pesquisa Conjuntural do Comércio, que produz indicadores mensais, de curto pra-zo, que permitem a avaliação do desempe-nho do comércio varejista paranaense.

“No Paraná essa iniciativa é um su-cesso”, afi rmou Piana, ressaltando que as empresas-alvo da pesquisa são escolhi-das de acordo com critérios estatísticos. São pesquisados 14 ramos de atividade: Bens Duráveis (lojas de departamentos; móveis, decorações e utilidades domés-

ticas; cine-foto-som; óticas), Bens Se-miduráveis (vestuário; tecidos; calçados; livrarias e papelarias), Bens não durá-veis (supermercados; farmácias e perfu-marias; combustíveis e lubrifi cantes), Comércio Automotivo (concessionárias de veículos; autopeças e acessórios) e Materiais de Construção.

Para Raniery Coelho, o levantamento dessas empresas permite uma vantagem competitiva, pois vai dispor aos empre-sários um cenário atual do comércio nas principais regiões do Estado rondonien-se. Ainda segundo o presidente da Feco-mércio-RO, a pesquisa é apenas uma das novidades que serão implantadas com a parceria. “Vamos conhecer e trazer para Rondônia tecnologias avançadas e novos serviços”, anunciou Coelho, que, junto com uma comitiva composta por alguns representantes da Fecomércio-RO, vai ao Paraná conhecer as experiências que pode-rão ser aplicadas em Rondônia.

Darci Piana, presidente da

Fecomércio-PR, e Raniery Coelho, da

Fecomércio-RO, em reunião na capital,

Porto Velho

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HISTÓRIA EM IMAGEM

Virou pó A erupção do vulcão chileno Puyehue-Cordón Caulle, no dia 4

de junho, não tirou vidas humanas, mas trouxe grandes prejuízos e transtornos, principalmente para os países do Cone Sul – voos can-celados, com forte impacto no sistema aéreo regional, inclusive no Brasil, perdas na agropecuária, cidades turísticas transformadas pela queda das cinzas do complexo vulcânico. O Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta), da Argentina, calculou uma perda de US$ 24,2 milhões para o setor agrícola somente na província de Rio Negro. Os operadores de turismo em Bariloche – uma das estações de esqui preferidas dos brasileiros e que teve seu aeroporto fortemente atingido, como mostra a foto – preferiram não admitir, mas reservas foram canceladas. Tanto em Bariloche quanto em La Angostura, várioshotéis decidiram antecipar as férias dos funcionários e fechar as por-tas por uma semana. No setor de aviação, fontes indicavam que as companhias aéreas acumulavam um prejuízo de 50 milhões de pesos (R$ 19,6 milhões) até meados de junho.

(Chiwi Giambirtone / REUTERS)

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