Resumo Metodologia do Trabalho Científico

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Resumo Capítulo III - Teoria e Prática Científica O Método como Caminho do Conhecimento Científico Para se entender o procedimento geral da ciência é preciso seguir um método científico (“conjunto de procedimentos lógicos e de técnicas operacionais que permitem o acesso às relações causais constantes entre os fenômenos”- pág. 102), aplicar técnicas e ter um fundamento na teoria do conhecimento – epistemologia – para justificar a própria metodologia aplicada. O primeiro passo dentro do método científico é a observação de fatos. Mas esta observação consiste em analisar os mesmos fatos em circunstâncias diferentes. A partir disso, o pesquisador começa a indagar porque tais fatos ocorrem daquela maneira, e aí surge o uso da razão: ele formula uma hipótese (“proposição explicativa provisória de relações entre fenômenos, a ser comprovada ou infirmada pela experimentação. E se confirmada, transforma – se na lei” – pág. 103) para tentar explicar qual é a causa dos fenômenos observados. Depois, o cientista vai para o campo experimental para tentar comprovar a sua hipótese formulada. Se comprovada, torna – se lei, que é um princípio que abrange a explicação de um número de fatos particulares. Quando ocorre de várias leis explicarem setores de fenômenos diferentes, porém ser possível serem unificadas, forma – se a teoria que consiste numa abrangência maior de fatos aparentemente diferentes entre si, mas que possuem uma explicação parecida para suas ocorrências. Quando há a reunião de todas as teorias, tornando – se única à explicação do funcionamento do universo, tem – se o sistema, que até hoje é buscado pelos cientistas. O método científico é um método experimental/matemático, em que em sua primeira definição encontra – se a fase indutiva- parte do pressuposto do particular para o universal, ou seja, fatos particulares não observados terão o mesmo comportamento, se forem da mesma espécie dos observados – e já na segunda definição, a ciência se constrói da fase dedutiva, ou seja, ela sai de um princípio universal deduzindo outros menos gerais até chegar – se nos fatos particulares. Os Fundamentos Teórico-Metodológicos da Ciência

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Resumo Capítulo III - Teoria e Prática Científica

O Método como Caminho do Conhecimento Científico

Para se entender o procedimento geral da ciência é preciso seguir um método científico (“conjunto de procedimentos lógicos e de técnicas operacionais que permitem o acesso às relações causais constantes entre os fenômenos”- pág. 102), aplicar técnicas e ter um fundamento na teoria do conhecimento – epistemologia – para justificar a própria metodologia aplicada.

O primeiro passo dentro do método científico é a observação de fatos. Mas esta observação consiste em analisar os mesmos fatos em circunstâncias diferentes. A partir disso, o pesquisador começa a indagar porque tais fatos ocorrem daquela maneira, e aí surge o uso da razão: ele formula uma hipótese (“proposição explicativa provisória de relações entre fenômenos, a ser comprovada ou infirmada pela experimentação. E se confirmada, transforma – se na lei” – pág. 103) para tentar explicar qual é a causa dos fenômenos observados. Depois, o cientista vai para o campo experimental para tentar comprovar a sua hipótese formulada. Se comprovada, torna – se lei, que é um princípio que abrange a explicação de um número de fatos particulares.

Quando ocorre de várias leis explicarem setores de fenômenos diferentes, porém ser possível serem unificadas, forma – se a teoria que consiste numa abrangência maior de fatos aparentemente diferentes entre si, mas que possuem uma explicação parecida para suas ocorrências. Quando há a reunião de todas as teorias, tornando – se única à explicação do funcionamento do universo, tem – se o sistema, que até hoje é buscado pelos cientistas.

O método científico é um método experimental/matemático, em que em sua primeira definição encontra – se a fase indutiva- parte do pressuposto do particular para o universal, ou seja, fatos particulares não observados terão o mesmo comportamento, se forem da mesma espécie dos observados – e já na segunda definição, a ciência se constrói da fase dedutiva, ou seja, ela sai de um princípio universal deduzindo outros menos gerais até chegar – se nos fatos particulares.

Os Fundamentos Teórico-Metodológicos da Ciência

Os cientistas modernos deram à ciência uma definição de universal e verdadeira, já que era a única modalidade de conhecimento válido e, portanto, haveria a existência de um único método. A partir dessa colocação, foi estabelecido o sistema das Ciências Naturais e o sistema das Ciências Humanas, pois o homem e suas manifestações também deveriam ser tratados como fenômenos idênticos aos demais fenômenos. O homem, ao fazer ciência, parte de uma determinada concepção acerca da natureza do real e acerca do seu modo de conhecer. E para que o conhecimento produzido pela ciência tenha alguma consistência é preciso se apoiar em algumas verdades universais, que não precisam ser demonstradas, elas são pressupostas. Surgem assim os paradigmas, que quando trata do assunto conhecimento, são os paradigmas epistemológicos.

Os paradigmas epistemológicos consistem em entender a relação sujeito/objeto no processo de conhecimento. Quando o pesquisador está construindo o seu conhecimento, ele deve utilizar os

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recursos metodológicos e técnicos compatíveis com o paradigma que catalisa os pressupostos epistemológicos que está sendo “aplicado” pelo próprio cientista. O positivismo representa o único paradigma teórico-metodológico no âmbito das Ciências Naturais, mas já nas Ciências Humanas fala – se em pluralismo paradigmático, pela origem de paradigmas epistemológicos alternativos.

O positivismo traz a ideia de que a única forma segura de conhecimento é a ciência, pois ela possui instrumentos técnicos próprios para superar as interferências subjetivas da percepção. O conceito do positivismo corresponde ao entendimento de que o sujeito “coloca” o seu conhecimento sobre o mundo, porém o faz a partir da experiência que tem da manifestação dos fenômenos.

A ciência surgiu na modernidade, a partir da crítica que foi feita sobre o pensamento metafísico, que consistia em através da razão, o homem seria capaz de chegar à essência das coisas, dos entes e dos objetos, chegar as características permanentes que dão a identidade aos mesmos. A crítica feita foi que não era possível atingir à essência de cada ser, e sim apenas, conhecer de fato, os fenômenos. A ciência foi então a solução encontrada para aplicar “um novo método científico de conhecer, adequado para apreender as relações fenomenais e mensurá – las quantitativamente” (pág. 110). Assim sendo, o homem, através da ciência, torna – se capaz de ampliar o seu conhecimento sobre a natureza, podendo ter a capacidade de interferir nos objetos, transformando – o pela técnica.

A Formação das Ciências Humanas e os Novos Paradigmas EpistemológicosA partir do século XIX, foram se constituindo as Ciências Humanas, nas quais, ela aborda o homem como um objeto de estudo, ou seja, ele é “um ser natural como todos os demais (naturalismo), submisso às mesmas leis de regularidade (determinismo), acessível portanto aos procedimentos de observação, experimentação e mensuração (experimentalismo e racionalismo).” (pág. 111). Porém, incialmente as Ciências Humanas tentam utilizar apenas os pressupostos do Positivismo, mas pela complexidade do fenômeno humano, foi possível perceber que era necessária a complementação e o enriquecimento desses pressupostos, configurando várias perspectivas epistemológicas (pluralismo epistemológico).As correntes epistemológicas que foram acrescentadas ao Positivismo dentro das Ciências Humanas: 1) Funcionalismo – Autores: Spencer, Durkheim, e principalmente, Bronislaw Malinowski. Aqui, “a sociedade humana e a cultura são como um organismo, cujas partes funcionam para atender às necessidades do conjunto. Toda atividade social e cultural é funcional, ou seja, desempenha uma função determinada.” (pág. 113). Cabe as Ciências Humanas, identificar essas relações funcionais e descrever seus processos, demonstrando – as dentro da sociedade.2) Estruturalismo – Autores: Claude Lévi-Strauss (principal), Lacan... A ideia desse paradigma é que todo sistema, através de oposições, presenças e ausências, forma uma estrutura que gera uma interdependência entre as partes, e qualquer mudança em uma delas, acarreta uma alteração em todas as outras, e consequentemente, no sistema.3) Fenomenologia – Autor: Husserl. Parte da pressuposição que todo o conhecimento das ciências positivas fundamenta – se num conhecimento originário de natureza intuitiva, no qual, a nossa consciência tem de eliminar todo o seu conhecimento prévio sobre o que vai ser estudado, para conseguir ver toda a complexidade do mesmo.

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4) Hermenêutica – Propõe que “todo conhecimento é necessariamente uma interpretação que o sujeito faz a partir das expressões simbólicas das produções humanas.” (pág. 115). Essa corrente parte do pressuposto que a realidade humana só se faz conhecer a partir da cultura, que especifica a sociedade dos homens, e sendo a linguagem, parte da malha cultural humana, a Hermenêutica se ocupa do seu estudo e da sua interpretação.5) Arqueogenealogia (junção da Arqueologia e Genealogia) – Autores: Morin, Deleuze, Guattari, entre outros. Aqui, propõem – se não fazer um uso tão grande da razão e dar espaço ao desejo humano, aos sentimentos, as paixões. Querem - se a ampliação da subjetividade.6) Dialética – Ela enxerga “a reciprocidade sujeito/objeto eminentemente como uma interação social que vai se formando ao longo do tempo histórico.” (pág. 116). Esse paradigma se baseia em alguns pressupostos considerados pertinentes à condição humana e às condutas dos homens: totalidade, concreticidade, complexidade, cientificidade, entre outros.

Modalidades e Metodologias de Pesquisa CientíficaToda a atividade de pesquisa para constituir uma ciência baseia – se na aplicação de técnicas, seguir um método e apoiar – se em fundamentos epistemológicos. A partir disso e da existência da diversidade de perspectivas epistemológicas e dos vários enfoques que se podem adotar sobre os objetos estudados, há algumas modalidades de pesquisa que podem ser aplicadas dependendo das situações.

1. Pesquisa quantitativa, pesquisa qualitativaQuando se fala em pesquisa/metodologia qualitativa e pesquisa/metodologia quantitativa não estão se referindo a uma modalidade específica de metodologia. Por isso, existe a preferência pelo uso dos termos: abordagem quantitativa e abordagem qualitativa, pois então, subentende – se um conjunto de diversas referências epistemológicas. Uma abordagem qualitativa faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que a especificidades metodológicas.

2. Pesquisa etnográficaEssa pesquisa visa compreender os processos do dia – a – dia em suas diversas modalidades. Ela utiliza métodos e técnicas da abordagem qualitativa.

3. Pesquisa participanteÉ aquela pesquisa em que o pesquisador interage com o pesquisado, ou seja, ele passa a participar das atividades que o seu estudo realiza para poder compreender como ele interage, age e reage. O cientista faz as suas anotações a partir do que observou e participou.

4. Pesquisa-açãoÉ a pesquisa que tem como finalidade a intervenção em um determinado fenômeno, além da compreensão do mesmo, para ter – se um aprimoramento no conjunto de práticas que está sendo estudado.

5. Estudo de casoÉ quando um caso particular é escolhido para ser estudado representando outros casos parecidos. Ele deve ser trabalhado como uma pesquisa de campo, ou seja, todos os cuidados e técnicas utilizadas naquela devem ser utilizados aqui. E a partir do que se

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conclui deste, poderá ser aplicado aos casos semelhantes ao mesmo, já que o escolhido os representa.

6. Análise de conteúdoTrata – se de analisar as técnicas de comunicação de um determinado documento. Visa compreender o conteúdo das mensagens, dos enunciados, que podem ser apresentados verbalmente (escritos ou orais), gestualmente, documentalmente...

7. Pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa experimental, pesquisa de campoPesquisa bibliográfica consiste na pesquisa do objeto estudado a partir de documentos impressos, livros, teses, etc. É o pesquisador utilizar como fonte do seu trabalho textos registrado de outros pesquisadores, é fazer um estudo com base no que já foi realizado por outros cientistas.Pesquisa documental é aquela que utiliza não só documentos impressos, mas filmes, gravações, jornais, fotos e etc.Pesquisa experimental fundamenta – se em tornar o objeto estudado como fonte, e a partir disso, o coloca em um laboratório testando várias situações sobre ele, fazendo anotações e chegando – se a conclusões. Muito mais próprio para as Ciências Naturais, pois para as Ciências Humanas é complicada a manipulação de pessoas.Pesquisa de campo é o estudo do objeto/fonte no seu próprio meio ambiente, ou seja, sem a intervenção do pesquisador, como no caso da pesquisa experimental.

8. Pesquisa exploratória, pesquisa explicativaPesquisa exploratória busca somente levantar informações sobre o objeto que será estudado. Ela é uma preparação para a pesquisa explicativa.Pesquisa explicativa é aquela que além de registrar e analisar os fenômenos observados, tenta explicar o que os levou a acontecer, ou seja, explicar suas causas.

9. Técnicas de pesquisa“As técnicas são os procedimentos operacionais que servem de mediação prática para a realização das pesquisas.” (pág. 124).a) Documentação – é toda forma de registro e sistematização de dados feita pelo

pesquisador a partir do que ele pesquisou. Os documentos podem ser fotos, estátuas, pinturas, textos, etc, que tornam fontes duráveis de informação sobre determinado fenômeno. Pode ter 3 sentidos fundamentais: como técnica, como ciência e como técnica de identificação de documentos, registro das informações.

b) Entrevista – Consiste na interação entre pesquisador e pesquisado, na qual, o cientista coleta informações sobre determinado assunto dos sujeitos pesquisados para saber o que eles pensam, sabem, fazem, e etc.

c) Entrevistas Não –Diretivas – Nesse caso, o pesquisador mantém se atento ao discurso do pesquisado, mas sem interferir de modo direto, no que está sendo dito. Ele capta as informações conforme o sujeito pesquisado vai conversando casualmente. O máximo, aqui, é um pequeno incentivo, através de um diálogo, por parte do pesquisador.

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d) Entrevistas Estruturadas – São aquelas situações em que perguntas feitas para os pesquisados já são pré-definidas e possuem um direcionamento. Assemelha – se a um questionário, e são ótimas oportunidades para um levantamento social.

e) História de Vida – Coleta de informações da vida pessoal de um ou mais informantes.

f) Observação – “é todo procedimento que permite acesso aos fenômenos estudados. É etapa imprescindível em qualquer tipo ou modalidade de pesquisa.” (pág. 125).

g) Questionário – é um conjunto de questões previamente articuladas e aplicadas a um determinado grupo de pessoas para saber sua opinião, por escrito, sobre o assunto que está sendo estudado. As questões devem ser objetivas para as respostaa também serem. Elas podem ser feitas em forma de teste ou aberta, possibilitando o sujeito a escrever com suas próprias palavras nesse segundo caso. O questionário sempre deve ser aplicado, antes, a um grupo pequeno de pessoas para ver se ele está correspondendo às expectativas esperadas.

Só a teoria é capaz de transformar em científico os dados empíricos, e esses, são o primeiro passo de uma pesquisa para gerar a ciência. Para a construção de um conhecimento novo pela ciência, é preciso de métodos e técnicas coerentes com o tipo de estudo que será feito. E, além disso, são necessárias também referências epistemológicas.