Resumo matéria Piaget para o debate

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Piaget- O Desenvolvimento Cognitivo Biografia Nome : Jean William Fritz Piaget Data de nascimento : 9 de agosto de 1896 – Nêuchatel Data de falecimento : 16 de Setembro de 1980 – Genebra Filiação : Artur Piaget, professor de língua e literaturas medievais ; Rebecca Suzane, uma das primeiras socialistas suíças Cursos : Química, Biologia, Geologia e Matemática Doutoramento em Ciências - Universidade de Neuchâtel Estuda também Filosofia, Lógia e Epistemologia Dedicou-se á psicologia e á psiquiatria, vindo a trabalhar com Binet na aplicação de testes de inteligência para a criança Esta actividade que desenvolveu ao longo de 11 anos, desperta-lhe o interesse pelo estudo do desenvolvimento intelectual da criança. 1921 – casa-se e tem três filhos A observação do desenvolvimento dos filhos forneceu-lhe material para produzir as suas primeiras obras e para esboçar a sua teoria do desenvolvimento cognitivo, compreende que a diferente forma de pensar das crianças mais velhas por comparação com as mais novas não é apenas quantitativa senão qualitativa. Em 1923 – Publica o seu primeiro livro de psicologia – “ A Linguagem e Pensamento de uma Criança” Em 1925 vai leccionar Filosofia para a Universidade de Neuchâtel Em 1933 dirige o Instituto Jean Jacques Rousseau Funda na década de 50 o Centro Internacional de Epistemologia Genética em Genebra que dirige até falecer. Colaborou ativamente com o Centro Internacional de Educação da UNESCO Ensina Psicologia e Epistemologia em várias universidades, entre as quais Sorbonne, Paris.

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Piaget- O Desenvolvimento Cognitivo

Biografia

Nome : Jean William Fritz Piaget Data de nascimento : 9 de agosto de 1896 – Nêuchatel Data de falecimento : 16 de Setembro de 1980 – Genebra Filiação : Artur Piaget, professor de língua e literaturas medievais ; Rebecca

Suzane, uma das primeiras socialistas suíças Cursos : Química, Biologia, Geologia e Matemática Doutoramento em Ciências - Universidade de Neuchâtel Estuda também Filosofia, Lógia e Epistemologia Dedicou-se á psicologia e á psiquiatria, vindo a trabalhar com Binet na aplicação de

testes de inteligência para a criança Esta actividade que desenvolveu ao longo de 11 anos, desperta-lhe o interesse pelo estudo do desenvolvimento intelectual da criança.

1921 – casa-se e tem três filhos A observação do desenvolvimento dos filhos forneceu-lhe material para produzir as

suas primeiras obras e para esboçar a sua teoria do desenvolvimento cognitivo, compreende que a diferente forma de pensar das crianças mais velhas por comparação com as mais novas não é apenas quantitativa senão qualitativa.

Em 1923 – Publica o seu primeiro livro de psicologia – “ A Linguagem e Pensamento de uma Criança”

Em 1925 vai leccionar Filosofia para a Universidade de Neuchâtel Em 1933 dirige o Instituto Jean Jacques Rousseau Funda na década de 50 o Centro Internacional de Epistemologia Genética em Genebra

que dirige até falecer. Colaborou ativamente com o Centro Internacional de Educação da UNESCO Ensina Psicologia e Epistemologia em várias universidades, entre as quais Sorbonne,

Paris. Tornou-se mundialmente reconhecido pela sua revolução epistemológica. Durante a sua vida escreveu mais de cinquenta livros e diversas centenas de artigos.

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O Desenvolvimento do Cognitivo

Piaget afasta-se das posições extremadas das duas correntes, propondo um novo modelo explicativo.

- Gestaltismo – defende que o cérebro contém estruturas inatas que determinam o modo como o sujeito organiza o mundo e as aprendizagens.

- Behaviorismo – considera o sujeito como determinado pelos condicionalismos do meio.

O sujeito constrói os seus conhecimentos pelas suas próprias acções. A inteligência é, assim, produto de um processo de adaptação, no qual interagem as estruturas mentais e a influência do mundo exterior: as estruturas da inteligência são produto de uma construção contínua do sujeito em interacção com o meio.

Posição interacionista/ construtivista

O sujeito é um elemento activo no processo de conhecer, isto é, é um elemento decisivo nas mudanças que ocorrem nas estruturas do conhecimento, da inteligência.

A inteligência constrói-se por etapas (estágios de desenvolvimento).

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Estágios de desenvolvimento cognitivo

Estádio sensório-motor ( 0-2 anos)

O estádio sensório-motor é um estádio de desenvolvimento que se caracteriza por uma inteligência prática que se aplica à resolução de problemas (procurar um guizo escondido, alcançar uma bola, etc) e põe em jogo as percepções e o movimento – daí a designação de sensório-motor. É uma inteligência baseada na acção, anterior à linguagem e ao pensamento.

A criança nasce com reflexos e actividades espontâneas e vai evoluindo devido ao confronto com as experiências com o mundo envolvente – ela tem um papel activo no seu desenvolvimento.

Os primeiros esquemas de acção são os esquemas reflexos inatos, como a sucção e a preensão, e as capacidades sensoriais, como a audição, a visão, o olfacto e o tacto, ainda não coordenados entre si.

Desde que nasce, o bebé exercita os seus reflexos inatos. Ele vai assimilando e acomodando a partir dos reflexos.

Depois dos 10 meses, a realidade passa progressivamente a ser mais estável com a aquisição da permanência do objecto. Isto é, o bebé passa a compreender que as coisas existem mesmo que não olhe para elas, e o mundo deixa de ser tão caótico.

A construção do objecto permanente, que se inicia cerca dos nove meses, é um marco importante no desenvolvimento da inteligência.

Estádio pré-operatório( 2-7 anos)

No estádio pré-operatório, a existência de representações simbólicas vai permitir à criança poder usar uma inteligência diferente.

O pensamento corresponde a uma acção interiorizada, assente na capacidade de simbolização, e não na acção imediata e directa como no período sensório-motor. A criança passa a poder representar objectos ou acções por símbolos.

Ao falar, ao brincar ao faz-de-conta, ao desenhar, exerce a função simbólica, pois vai representar uma coisa por outra.

A principal característica deste estádio, ao nível do pensamento, é o egocentrismo. O egocentrismo define-se pelo entendimento pessoal que o mundo foi criado para si e pela incapacidade de compreender as relações entre as coisas. A criança não compreende o ponto de vista do outro porque se centra no seu ponto de vista. A criança está autocentrada.

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Entre os 2 e os 7 anos, distinguem-se dois subestádios:

O pensamento pré-conceptual ou de exercício da função simbólica ( cerca dos 2 aos 4 anos)

O do pensamento intuitivo ( cerca dos 4 aos 7 anos)Neste segundo subestádio a descentração cognitiva, vai permitir solucionar alguns problemas e possibilitar muitas aprendizagens. No entanto, este pensamento é irreversível, isto é, a criança esta sujeita às configurações perceptivas sem compreender a diferença entre as transformações reais e aparentes.

Estádio das operações concretas( 7-12 anos)

No estádio das operações concretas, a criança tem um pensamento lógico com a capacidade de fazer operações mentais. Isto é, a criança organiza o pensamento em estruturas de conjunto e os seus raciocínios lógicos são também reversíveis.

No caso da experiência que descrevemos anteriormente a criança responderia, neste estádio, que a quantidade de substância era a mesma.

Graças aos esquemas mentais operatórios, a criança consegue agora compreender a relação parte-todo, fazer operações de classificação e de seriação, obter a conservação do número, adquirir a noção de tempo e de espaço globais, de velocidade.

O pensamento descentrado vai agora permitir que ela atenda que, quando um marroquino vem a Portugal, é estrangeiro, e que, quando um português vai a Marrocos, também o é.

A criança pode compreender e explicar as situações problemáticas graças À reversibilidade e às suas preocupações lógicas de reflexões sobre o real.

Estádio das operações formais ( 12- 16 anos)

O estádio das operações formais caracteriza-se por um pensamento abstracto e pelo exercício de raciocínios hipotético-dedutivos. Assim, o adolescente desprende-se do real, sem precisar de se apoiar em factos, pode pensar abstractamente e deduzir mentalmente sobre várias hipóteses que se colocam: é capaz de resolver problemas através de enunciados verbais.

O adolescente exercita ideias no campo do possível e pensa sobre o pensamento. São estas capacidades que vão permitir definir conceitos e valores, assim como estudar determinados conteúdos escolares, como a geometria descritiva, a filosofia..

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Assim torna-se fácil entender por que é que a adolescência se caracteriza por aspectos de egocentrismo cognitivo.

Factores de desenvolvimento cognitivo

Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo depende de um conjunto de factores que atuam de forma integrada:

1. Hereditariedade e maturação interna suporte de todo o desenvolvimento; a maturação é um processo biológico, inato, que está na base de mudanças como o crescimento ( processo muito independente da idade)

2. Experiência física a manipulação dos objectos é um factor fundamental no processo de desenvolvimento. O sujeito é um elemento activo no processo de se conhecer e de se desenvolver.

3. Transmissão social os estímulos que provêm do meio social são elementos que marcam o desenvolvimento da criança.

4. Equilibração é o mecanismo regulador da assimilação e acomodação. É a equilibração que possibilita que três factores que acabámos de enumerar mantenham uma relação adequada, progressiva, equilibrada. Assim, é graças a este mecanismo que estão asseguradas formas de equilíbrio cada vez mais estáveis na adaptação ao meio.

A importância da inovação de Piaget

1. A obra de Piaget leva á conclusão de que o trabalho de educar crianças não se refere tanto à transmissão de conteúdos quanto a favorecer a actividade mental do aluno. Graças a Piaget, as escolas e os professores tornam o trabalho de educar mais eficiente porque planeiam as suas actividades de acordo com os estágios de desenvolvimento.

2. A contribuição para aa compreensão do desenvolvimento intelectual do ser humano.

3. É o percursor do cognitivismo, uma vez que as suas concepções revolucionaram as teorias sobre o desenvolvimento do pensamento humano.

4. As suas ideias ultrapassam o âmbito da psicologia e influenciaram a pedagogia e a educação.

5. Fundador da epistemologia genética (compreensão da natureza da origem do conhecimento).

6. A sua obra marca uma ruptura não só com a maneira como a criança era encarada: abre uma nova perspectiva sobre o conhecimento e o pensamento

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humanos. A sua concepção construtivista e interacionista, que perspectiva o ser humano como resultado de factores genéticos e ambientais, superou as perspectivas inatas e comportamentalistas vigentes.