Resenha - Teoria Da História - II.os Primeiros Paradigmas-Positivismo e Historicismo
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8/18/2019 Resenha - Teoria Da História - II.os Primeiros Paradigmas-Positivismo e Historicismo
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Universidade do Estado do ParáCentro de Ciências Sociais e EducaçãoCurso de Licenciatura Plena em História
Harrison Miranda de Oliveira
RESENHA DO LIVRO “TEORIA DA HISTÓRIA”: VOL.II-
OS PRIMEIROS PARADIGMAS: POSITIVISMO EHISTORICISMO
Belém2014
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Harrison Miranda de Oliveira
RESENHA DO LIVRO “TEORIA DA HISTÓRIA”: VOL.II-OS PRIMEIROS PARADIGMAS: POSITIVISMO EHISTORICISMO
Resenha apresentada ao Cursode Licenciatura Plena em História
da Universidade do Estado doPará como requisito parcial paraobtenção de nota na disciplinaTeoria da História I.
Belém2014
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BARROS, José D’Assunção. Vol.II. Teoria da História. 3.ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2013.
José D’Assunção Barros nasceu em 22 de Setembro de 1957 no Rio de
Janeiro, é Doutor em História pela UFF (1999), Graduado em Música pela
UFRJ (1993). Costuma atuar principalmente na área de Historiografia, Teoria
da História, Metodologia da História, História Cultural, História da Arte, Cinema-
História. Dentre outros livros além deste tratado aqui, é autor também do livro
“O campo da história” (2004), “Cidade e História” (2007), “O tempo dos
historiadores” (2013), dentre outros.
Nesta obra, Barros escreve sobre os paradigmas das Teorias que hoje
ainda são muito presentes, como o Positivismo e o Historicismo. Abordaremos
inicialmente o Positivismo e depois o Historicismo, mostrando seus pontos em
comum e suas divergências.
O Positivismo tem por bases principais os pontos centrais dos traços do
Iluminismo francês do século XVIII, uma das heranças deixadas pelos
iluministas ao positivismo do início século XIX foi à imensa vontade de achar os
“padrões” sociais ou as “leis gerais” que regiam a sociedade. Alguns iluministas
apesar de procurarem exemplos de diversas culturas, de exemplos da
diversidade humana em seus meios sociais, ainda assim, não deixavam de ter
em foco a universalidade por detrás dessa gama de diferenças. Já que para
eles, a exemplo, Montesquieu, dizia que toda lei particular vinha por derivação
de uma lei maior, e de outra geral, que regia tudo.
Essa ideia de querer chegar a uma unidade, geral para todas as
sociedades, levou alguns pensadores iluministas ao equivoco, descartando as
provas mais pertinentes sobre o modo de vida que podia ser encontrada entresociedades diferentes. O que nos remete ao que é discutido no volume anterior
desta coleção, Teoria da História – I. Princípios e conceitos fundamentais
desse mesmo autor, José D’Assunção Barros, quando ele fala que a “visão de
mundo” condiciona a visão do homem, podendo obstrui-la ou até distorcer a
realidade para moldar-se a sua teoria.
Immanuel Kant, filósofo iluminista Alemão, dizia que atrás de toda
individualidade e das atitudes insensatas, sempre há algum “desígnio secretoda natureza”, onde encontrávamos toda a racionalidade. Essa racionalidade,
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para Kant, serviria para reciclar em favor do bem coletivo rumo ao progresso da
humanidade, onde através de uma disputa individualista, de ambições e
vaidades, iria produzir uma competição para que um indivíduo supere o outro,
criando assim uma linha evolucionista que iria melhorar a humanidade.
Com isso, Kant também ressalta o antagonismo entre o indivíduo e a
espécie humana, onde nunca a razão vai fazer com que uma pessoa isolada se
satisfaça, mas sim que ela poderia causar a realização da humanidade como
um todo.
Esse sentimento de progresso tem por pilar base, a ambição de construir
uma ciência das sociedades que tivesse total imparcialidade, neutralidade por
parte do pesquisador/cientista. Esse quesito surge com tal expressividade, que
se torna um discurso revolucionário, onde refuta a ideia do chamado
“argumentos de autoridade”, onde este seria afirmações irrefutáveis, pois elas
seriam baseadas em conceitos de natureza teológica. O que não era o objetivo
dos iluministas e a posteriori dos positivistas.
Passamos então ao segundo ponto sobre o iluminismo que por sua vez
passa ao positivismo tais características, como o caráter conservador. Apesar
de em seu período de surgimento, ambos apresentassem um sentimento
revolucionário, que desejavam se desvencilhar do Antigo Regime feudal e dos
grilhões da Igreja, mas isso era para impor um novo padrão de dominação
social, querendo que ficasse assim sempre, um Estado conservador.
Augusto Comte foi o pensador que originou e sustentou o Positivismo,
queria equiparar os métodos das ciências naturais aos das ciências humanas
dizendo que os métodos empregados nas ciências sociais deveriam ser tão
precisos quanto nas naturais, pois com o conhecimento das Leis Universais,
seria possível examinar e testar com precisão cada objeto de estudo. Quando oPositivismo assume as “rédeas”, ele acrescenta a ideia de Ordem aliada ao
ideal de Progresso advinda do Iluminismo para poder manipular o proletariado
e manter o sentimento conservador, como explica Barros:
Com o seu discurso de “ordem e progresso”, o Positivismo passariade fato a constituir zelosamente uma das estratégias discursivas maisfavoráveis aos novos objetivos da burguesia dominante. Pregava-seaqui a “conciliação de classes”, na verdade a submissão da massa detrabalhadores aos industriais que deveriam ser os responsáveis em
encaminhar o bem ordenado progresso positivista. (BARROS. p.95.)
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Os Positivistas por sua vez, ainda com a ambição de descobrir as “leis
universais”, desejavam o desenvolvimento social, através da Ordem e do
Progresso, sendo de suma importância manter a ordem, ou seja, o
conservadorismo, pois sem ela, haveria o caos, fazendo com que a sociedade
não evoluísse, sendo assim, não seria atingindo o progresso tão almejado
pelos pensadores positivistas do século XIX.
No final do século XIX, o Positivismo já não está mais em seu apogeu,
facilitando assim o surgimento de uma nova teoria, que vai bater de frente com
os ideais positivistas, o chamado Historicismo. Enquanto o Positivismo o tem
por base o Iluminismo Francês do século XVIII, o Historicismo Alemão do
século XIX, herda resquícios do Romantismo das últimas décadas do século
XVIII. O Historicismo vai se formando ao decurso do século XIX, diferente do
Positivismo, que aparece no cenário das Teorias praticamente pronto; o
Historicismo vai criando seus paradigmas ao longo do tempo.
A historiografia romântica era bem parecida com a historiografia
historicista, porém um dos pontos que podemos elucidar que faziam com que
os dois divergissem, era o fato de que no viés romântico, era prezado o método
intuitivo para a produção de conhecimento histórico, onde já não se aplicava ao
método historicista, que tinha uma metodologia de grande critica aos
documentos e rigorosa avaliação.
Os pilares bases do Historicismo Alemão é o fato deles almejarem a
unificação alemã e promover a evolução sem riscos de revoluções, fazendo
com que tanto o historicismo, que veio com um ar contraditório ao Positivismo,
mesmo assim sendo também conservador. Este ponto é o que faz com que o
historicismo não seja algo tão revolucionário acima do positivismo, porém, ao
apresentar outras propostas de interpretação a história e a historiografia,demonstra uma nova forma de olhar o mundo.
Para o historicista, todas as épocas e tempos históricos tem sua
importância, mesmo eles sendo períodos cujo foi demarcado por estagnação
evolutiva ou até mesmo retrocesso. Para eles, cara período deveria ser
estudada criteriosamente, olhando para o tempo histórico, localidade em que
ocorreu, a classe social e etc., pois cada fato deveria ser analisado em sua
singularidade, individual e particular; diferente assim da visão positivista que
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dizia que todo fato ocorrido era geral e ocorriam da mesma forma em todas as
sociedades.
Então, enquanto o Positivismo visava uma história universalista, o
historicismo pregava uma ideia de nacionalismo, já que seu objetivo era a
unificação alemã, foi preciso então realizar uma nova de ver a história, onde
seus principais suportes recaiam sobre a pesquisa e análise dos documentos
alemães do período medieval e também uma nova forma de análise de tais
fontes, onde seria uma metodologia mais crítica e analítica.
Chladenius, o “pai” da Hermenêutica - ramo da filosofia que é
responsável pelo estudo da interpretação – diz que quando reunimos
informações de testemunhos, sejam eles oculares ou auditivos, ou até mesmo
de documentos escritos, eles são sempre relacionados a algum ponto de vista,
então entramos em um ramo chamado “relatividade dos pontos de vista” ao
próprio pesquisador. Como diz Barros (apud Droysen, 2009;52 ):
[a crítica das fontes, além disso, precisa distinguir:]1) Qual coloração geral ela [a fonte] recebeu do imaginário
dominante na respectiva época e lugar (por exemplo, a coloraçãodemonológica no século XV, o esnobismo epigônico na épocaalexandrina);
2) Qual a tonalidade particular pertence ao próprio autor da fonte,por suas inclinações, sua formação, seu caráter etc.
Então partimos de um ponto de vista que nós ao pesquisarmos,
selecionamos os documentos reunidos, para assim partir para a interpretação
destes, onde serão examinados pelo mesmo viés. Por isso então, que há
diversas interpretações sobre um mesmo acontecimento, já que cada um tem
um vasto campo interpretativo a trabalhar, onde entramos no campo da
subjetividade.
Essa forma de estudo, influenciou bastante o Historicismo, onde se
atenta bastante para o que diz respeito de que maneira o “lugar” e o “tempo”
podem interferir no “ponto de vista” tanto do historiador quanto ao do fato. Por
isso foi desenvolvido pelo Historicismo, um método novo de critica documental,
que já tinha sido “criada”, sobretudo nos meios eclesiásticos. Então, podemos
ver que o historicismo pegou elementos de várias áreas para se formar ao
longo do tempo.
O Historicismo por sua vez, através das ideias de Droysen, estabeleceu
uma especificidade metodológica, dizendo que na História e em todas as
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Ciências Humanas, o seu papel fundamental era o de “compreender” os
fenômenos humanos não só em sua roupagem externa, mas também na
interna, entendendo seus símbolos, crenças, ideologias, em outras palavras,
seus significados intrínsecos; diferentemente das ciências exatas e da natureza
que têm o papel de “explicar”.
Com isso, o historicismo apropriou-se também de outro pensador,
Wilhelm Dilthey, onde para ele, “tudo é histórico”, que ele chama de “ciência do
espírito”, onde se abrange não só a histór ia, mas também todas as ciências
humanas.
É isso que diferencia demasiadamente o Positivismo Francês do
Historicismo Alemão, onde aquele quer explicar a sociedade a partir de leis
universais e gerais, enquanto este deseja compreender cada nacionalidade em
sua singularidade. A análise documental, não mais vista como a verdade
absoluta como os positivistas achavam, mas sim passível de análise e crítica
como propunham os historicistas. Essa questão é bem observada por Barros:
Enquanto os historiadores positivistas tendiam a se aproximaringenuamente das fontes históricas, como se estas fossem merodepósito de informações das quais bastaria aos historiadores extrai-las da documentação como se estivessem diante de uma mina depedras preciosas, já os historicistas começavam a questionar a
dimensão de subjetividade que perpassa todas as fontes, e a seesmerarem em tirar partido destas dimensões intersubjetivas dasfontes, sem considera-la como limites indesejáveis ou mesmointransponíveis. (BARROS, 2013, p.138-139).
Então, eis o grande paradigma do Positivismo e do Historicismo, onde
este propôs uma reviravolta no sentido da análise documental principalmente,
batendo de frente com os ideais Positivistas de “Ordem e Progresso”, onde
queriam analisar os fatos como se fossem universais. Mas, apesar disso, o
Historicismo não foi tão revolucionário após seu surgimento, já que queriaquebrar com as ideias dos positivistas, chegar ao poder, mas sem riscos de
que houvesse mais revoluções. Ou seja, continuou sendo uma Teoria
conservadora, porém importante para seu período e até os dias de hoje, assim
como também o Positivismo o foi, pois ambos contribuíram e ainda contribuem
para a história como um todo.
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Referências Bibliográficas
BARROS, José D’Assunção. Vol.II. Teoria da História. 3.ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2013.
UFRRJ-PPHR (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Disponível em:
http://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/pphr/2012/09/05/jose-costa-dassuncao-
barros-doutor-em-historia-uff-2/. Acessado em: 03 de Set. 2014 às 13:24.