Resenha - Pensar Por Si

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PENSAR POR SI MESMO Arthur Schopenhauer é sem dúvida um nome que se eternizou mundialmente no campo das idéias. Nasceu numa família abastada onde seu pai dedicava-se ao comércio e sua mãe era uma escritora conhecida. Com a morte do pai, recebeu uma herança e pode dedicar-se inteiramente a suas atividades intelectuais. Em 1809, ingressou na Universidade de Gottingen para estudar medicina. Transferiu-se para a Universidade de Berlim em 1811 e, dois anos depois, publicou o tratado "Sobre a Quádrupla Raiz do Princípio de Razão Suficiente". Nesse mesmo ano doutorou-se pela Universidade de Jena. Voltou então para a casa de sua mãe em Weimar, onde conheceu o poeta Wolfgang Goethe, de quem se tornou amigo. Mudou-se depois para Dresden, onde viveu até 1818. Arthur Schopenhauer publicou "O Mundo como Vontade e Representação" em 1819, obra que se tornaria fundamental no campo da filosofia moral. Diz-se que o filósofo Friedrich Nietzsche encontrou o livro num sebo e não conseguiu interromper sua leitura até chegar à última linha. Além de Nietzsche, Schopenhauer influenciou homens como: Freud, Beckett, Albert Einstein e o escritor brasileiro Machado de Assis. O ato de ler é cansativo e oneroso, envolve tempo e concentração. Hoje, muitos leem somente quando obrigados em atividades acadêmicas, ao visar vaga na universidade ou simplesmente para manter-se atualizado em suas carreiras profissionais isso se torna mecânico e tangível. Para Schopenhauer, “Homens do conhecimento são aqueles que leram páginas de livros. Pensadores e homens de gênio são aqueles que foram diretamente ao livro da natureza”. Em “Pensar por si mesmo”, Schopenhauer mostra seu desencanto com os que não pensam por si, para ele, pensar deveria ser tão natural quanto respirar. Nesse contexto ele exalta os que pensam por si, que criam suas próprias idéias e não aqueles que seguem as idéias de

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PENSAR POR SI MESMO

Arthur Schopenhauer é sem dúvida um nome que se eternizou mundialmente no campo das idéias. Nasceu numa família abastada onde seu pai dedicava-se ao comércio e sua mãe era uma escritora conhecida. Com a morte do pai, recebeu uma herança e pode dedicar-se inteiramente a suas atividades intelectuais. Em 1809, ingressou na Universidade de Gottingen para estudar medicina. Transferiu-se para a Universidade de Berlim em 1811 e, dois anos depois, publicou o tratado "Sobre a Quádrupla Raiz do Princípio de Razão Suficiente". Nesse mesmo ano doutorou-se pela Universidade de Jena. Voltou então para a casa de sua mãe em Weimar, onde conheceu o poeta Wolfgang Goethe, de quem se tornou amigo. Mudou-se depois para Dresden, onde viveu até 1818. Arthur Schopenhauer publicou "O Mundo como Vontade e Representação" em 1819, obra que se tornaria fundamental no campo da filosofia moral. Diz-se que o filósofo Friedrich Nietzsche encontrou o livro num sebo e não conseguiu interromper sua leitura até chegar à última linha. Além de Nietzsche, Schopenhauer influenciou homens como: Freud, Beckett, Albert Einstein e o escritor brasileiro Machado de Assis.

O ato de ler é cansativo e oneroso, envolve tempo e concentração. Hoje, muitos leem somente quando obrigados em atividades acadêmicas, ao visar vaga na universidade ou simplesmente para manter-se atualizado em suas carreiras profissionais isso se torna mecânico e tangível. Para Schopenhauer, “Homens do conhecimento são aqueles que leram páginas de livros. Pensadores e homens de gênio são aqueles que foram diretamente ao livro da natureza”. Em “Pensar por si mesmo”, Schopenhauer mostra seu desencanto com os que não pensam por si, para ele, pensar deveria ser tão natural quanto respirar. Nesse contexto ele exalta os que pensam por si, que criam suas próprias idéias e não aqueles que seguem as idéias de terceiros. De fato, é uma leitura valoroza considerando que o meio de informação mais utilizado atualmente é a Internet, assim há um excesso de informações disponíveis e que levam as pessoas a se acomodarem e absterem-se do ato de pensar e criar suas próprias idéias.

Muitas idéias positivas de Schopenhauer podemos abstrair dessa leitura, como a que ele destaca que qualquer indivíduo pode ler e aprender por vontade própria, mas pensar não. O pensar dever ser estimulado e sustentado por alguma questão. E isso é muito válido, uma vez que é a partir de questionamentos complexos que o ato de pensar entra em ação e grandes idéias surgem. Schopenhauer foi muito feliz em destacar também a diferença entre o efeito do pensar por si e da leitura sobre a mente, no qual a mente fica em um estado de compulsão externa ao ser submetida a leitura, no entanto, quando um homem pensa por si, segue o impulso de sua própria mente. Ele mostra-se desgostoso quando diz “Se um homem não quer pensar por si, o plano mais seguro é pegar um livro toda vez que não tiver nada para fazer”.

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Outro ponto importante e altamente considerável da leitura é quando Schopenhauer cria o perfil de um verdadeiro pensador científico , que se caracteriza por um indivíduo que tem a necessidade de ler bastante, mas que sua mente é capaz de abstrair, assimilar e incorporar ao seu modo de pensar. É o indivíduo que é capaz de aderir a novas idéias sem abandonar seus princípios e fundamentos lógicos. Isso é muito importante na carreira de qualquer estudante, universitário e pesquisador científico.

O autor critica duramente os falsos eruditos dizendo que quem lê muito pensa pouco, reforçando a tese de que ao ler nós somos subjugados a repetir o processo mental de outra pessoa, como disse “ler os pensamentos de outrem é como recolher os restos de uma refeição para a qual para o qual não fomos convidados ou colocar as roupas que um estranho abandonou”. Ele trata a leitura como um guia de pensamentos formadora de opiniões. Diante disso, ele exalta o que pensam por si, que é guiado espontaneamente com seu próprio pensamento, pois segundo o autor “possui a única bússola pela qual pode se orientar corretamente”. Na realidade, constatam-se muitos meios de comunicação, como jornais e revistas que se utiliza de falsos eruditos para propagar suas idéias, porém, é muito discutível afirmar que quem lê muito pensa pouco, no mínimo, exagerado a colocação por parte do autor. O autor acaba se contradizendo, pois o ato de ler é importante e tem que ser encarado da forma como ele cita o perfil de um verdadeiro pensador científico: um indivíduo que tem a necessidade de ler bastante, mas que sua mente é capaz de abstrair, assimilar e incorporar ao seu modo de pensar.

Portanto, o autor concentra-se em afirmar com muita convicção que organizar os pensamentos é uma tarefa fundamental. Pensar com profundidade só é possível sobre um assunto conhecido, e conhecer um assunto só é possível pensando sobre ele. "Uma pessoa somente deve ler quando a fonte de seus pensamentos estagnam". Tanto a leitura excessiva quanto a experiência em hipótese alguma substituirá o pensamento individual. Pensar requer mais esforço do que ler. O pensador deve ser guiado pelo seu gênio e pensar por si chegando a conclusões por conta própria, desenvolvendo espontaneamente o seu raciocínio. Assim o leitor pode abstrair excelentes idéias no texto referentes ao ato de pensar por si, mas a leitura deve ser minuciosamente cuidadosa, uma vez que o autor abusa dos exageros e generalizações.