Resenha

download Resenha

of 6

description

resenha filosofia

Transcript of Resenha

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Universidade Federal do Rio de JaneiroAluno: Brayan Viegas Seixas

Disciplina: Filosofia da Educao no Mundo Ocidental

Professor: Murilo Vilaa

Turma: Quinta 18:30 s 21:50

Resenha do texto O Poder Segundo a tica Foucauldiana.

Em O Poder Segundo a tica foucauldiana, Fulano aborda a idia de poder na sociedade moderna industrial do filsofo francs Michael Foucault. Para esse intelectual, o poder no algo que se possui, mas que exercido. Ningum detm o poder, mas pode exerc-lo sob determinada circunstncia ou posio social. Portanto, no h um poder central, localizado no Estado ou na plutocracia to somente, mas existem poderes que esto difundidos por toda nossa estrutura social.

Para Foucault, conforme nos apresenta Fulano, todas as estruturas de poder observadas hoje na sociedade moderna tm relao direta com as tcnicas modernas e os princpios utilizados no sistema penitencirio de constante vigilncia. O autor nos mostra como Foucault em sua obra faz um minucioso estudo sobre a legislao e as teorias penais dos sculo XVIII e XIX e relaciona isso com as modernas concepes sobre utilidade social, corpo produtivo, vigilncia preventiva, periculosidade e outras virtualidades.

Fulano nos mostra como em Foucault podemos entender que boa parte das instituies disciplinares atuais, sejam elas pedaggicas como a escola, psicolgicas ou psiquitricas como o hospital, o asilo, a polcia, so parte da grande estrutura de poderes e que possuem uma relao direta com um sistema penitencirio de vigilncia e punio. Todo esse aparato serve para nos adequar ao sistema capitalista de produo. A punio por excluso no mais realizada no sentido de retirar um indivduo de uma realidade em que no foi capaz de ajustar-se, como era na sociedade feudal. Temos hoje uma excluso para incluso. Ao tomar uma medida punitiva e vigilante individualizante queremos enquadrar o indivduo em seu meio social de produo e transformao de riquezas, e no mais exclu-lo por completo do mundo.

Nesse sentido de adequao e enquadramento constante, Fulano afirma que Foucault mostra que at mesmo na arquitetura ocorreram modificaes que visam uma vigilncia constante dos indivduos e no s isso, mas tambm que esses indivduos sintam-se vigiados, pressionados. O Panopticon de Bentham no s um exemplo tcnico especfico destinado a resolver um problema especfico, como a da priso, o da escola ou o dos hospitais, mas sustenta um princpio de conjunto capaz de inaugurar o que viria a ser o desenvolvimento de toda uma nova forma de poder.

Ao tratar desse enquadramento do indivduo atravs de um sistema de vigilncia constante e poderes disseminados por toda ordem social, Fulano tenta nos provar que a anlise Foucauldiana vai mais alm, mostrando que h por conta de tudo isso, um controle completo de nossos corpos e nossas vidas. Isso seria apenas resultado das funes dessas instituies de seqestro, como Foucault as designa: controle dos corpos dos indivduos, isto , um processo constante de vigilncia, adequao, avaliao e recompensa dos corpos no sentido de maior manuteno e produo do sistema; controle do tempo, ou seja, transformar todo o tempo dos homens em tempo de trabalho, em mercadoria, seja atravs da produo ou do consumo; criao de um novo tipo de saber, por isso podemos entender que o tipo de poder instalado por essas instituies polimorfo e polivalente, que se desdobra em mltiplos caracteres e que , portanto, difuso, espalhado, minucioso e capilar.

Conforme nos apresenta o autor, esse processo de ajuste do indivduo para Foucault um processo de docilizao dos corpos. Isso possibilitado atravs dos recursos para o bom adestramento, que incluem a vigilncia hierrquica, a sano normalizadora e o exame. Essas so ferramentas que permitem a manuteno e gerao de corpos dceis, isto , teis. Por docilidade pode entender-se utilidade. E, obviamente, a utilidade que est sendo tratada a produtiva, capaz de gerar riquezas e sobrelucro.

Assim, fulano nos fornece um texto simples e com uma abordagem bastante geral e introdutria de uma grande obra da filosofia ocidental moderna. Apresenta-nos Foucault com uma clareza e uma pertinncia que causam um grande entusiasmo de conhecer profundamente toda a obra foucauldiana. , portanto, um texto muito interessante para aqueles que no possuem grande conhecimento de filosofia e no tm experincia nesse tipo de leitura. uma experincia apaixonante, pois nos mostra como tudo ali exposto tem tanto a ver com nossas vidas.

Atravs desse texto, o autor consegue nos mostrar como uma grande obra cannica pode ser to agradvel e pertinente em nossa vida cotidiana. Leva-nos a refletir sobre o tipo de vida a que somos submetidos e as estruturas de poder que so nos imposta sem qualquer possvel escapatria.

A idia de subpoderes bastante interessante, pois h senso-comum de afirmar que h um poder, ou que algum possui um poder. E conforme mostrado de forma bastante precisa, o poder est por toda parte, difundida, e nunca centralizado ou localizado em uma nica figura. Todos ns fazemos parte dessa estrutura de poder, estamos vigiados constantemente e vigiamos tambm. A sano normalizadora torna-se quase que um instrumento de todos. Assim, ao mesmo tempo em que somos os prisioneiros de Bentham, somos os mantenedores voyeurs do sistema.Resenha do texto Educao e Saber Soberano

No texto Educao e Saber Soberano, captulo da obra Foucault, simplesmente, Muchail, a autora, nos fala sobre a educao e as concepes pedaggicas que esto por detrs e/ou que devem estar do processo educacional. O texto iniciado de forma bastante intrigante, com a anlise uma obra de arte, que segundo a autora, ilustra de uma maneira precisa o perodo de mudanas de valores e paradigmas da Idade Clssica para a Modernidade.

O que h de mais relevante nessa anlise inicial a ambigidade apontada tanto no homem, quanto no fazer do homem. Asseres do tipo na medida em que sujeito-que-olha pode ser objeto-olhado , No se sabe se ela entra ou sai , um espectador real do ponto de vista interior do quadro e, contudo, representado do ponto de vista do exterior do quadro , so essenciais no entendimento do lugar e do papel do homem com o surgimento das cincias humanas a partir da pintura analisada.

Aps a anlise pontual da quadro de Velsquez, Muchail extrapola os conceitos observados ali para uma dimenso maior, traando o perfil do homem nas cincias humanas. Apresenta, assim, o nascimento das cincias humanas como saber soberano, isto , qualificado, normativo e poderoso. Introduz uma discusso sobre o homem enquanto coisa cientfica e sujeito que conhece.

Em seguida, uma distino importante, explorada pela filsofa brasileira Marilena Chau, apresentada por Muchail. Trata-se de distinguir conhecimento de pensamento. Conhecimento aquisio intelectual do saber j constitudo, estabelecido, institudo e qualificado. Pensamento afrontamento de uma realidade nova, cujo saber construdo a partir de um no-saber que requer sua compreenso.

A partir desse ponto, uma importante reflexo sobre a escola abordada: qual o papel da escola? A escola lugar onde se pensa ou onde se reproduz um conhecimento institudo? As relaes entre professor e aluno reproduzem a relao do sujeito que possui o saber com um objeto de educao? Para Muchail, a proposta de que no saber da educao, na ambiente escolar e nas relaes pedaggicas, no haja nenhum sujeito soberano, detentor do conhecimento.

O texto finalizado com uma transcrio de um belo texto de Marilena Chau em que afirma que o conhecimento no deve ser ponte entre o professor e o estudante, mas o professor apenas um mediador entre o estudante e o pensamento.

Trata-se de um texto apaixonante, que afronta nossa idia de educao baseada num sujeito detentor de um saber, nos leva a uma profunda reflexo sobre o assunto e nos prope uma prtica pedaggica fundada sobre outros valores. Apesar de ser um texto pequeno e simples, bastante denso, repleto de idias brilhantes e discusses da ordem do dia.