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ALINE GUILHERME ACAYABA DE TOLEDO CARLOS EDUARDO DA SILVA JULIANA GOMBATA HATAKEYAMA REDUÇÃO DOS DESVIOS DE QUALIDADE NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CHOCOLATE Monografia de Conclusão do CEAI - Curso de Especialização em Administração Industrial da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo São Paulo 2008 1º Quadrimestre

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ALINE GUILHERME ACAYABA DE TOLEDO

CARLOS EDUARDO DA SILVA

JULIANA GOMBATA HATAKEYAMA

REDUÇÃO DOS DESVIOS DE QUALIDADE NO

PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CHOCOLATE

Monografia de Conclusão do CEAI - Curso de

Especialização em Administração Industrial da Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo

São Paulo

2008

1º Quadrimestre

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ALINE GUILHERME ACAYABA DE TOLEDO

CARLOS EDUARDO DA SILVA

JULIANA GOMBATA HATAKEYAMA

REDUÇÃO DOS DESVIOS DE QUALIDADE NO

PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CHOCOLATE

Monografia de Conclusão do CEAI - Curso de

Especialização em Administração Industrial da Escola

Politécnica da Universidade de São Paulo

Área de Concentração: Gestão da Qualidade

Orientador: Prof. Dr. Mauro Zilbovicius

São Paulo

2008

1º Quadrimestre

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos professores da Fundação Vanzolini pelo suporte e dedicação

dados nesses 2 anos de curso.

Agradecemos também as nossas famílias pela paciência e apoio.

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RESUMO

O trabalho relata um estudo de caso realizado em uma indústria de alimentos de médio

porte, fabricante de chocolates, o qual foi focado para avaliar os desvios de qualidade que

causavam os maiores impactos financeiros negativos na empresa, evidenciando os

procedimentos necessários para realizar tal análise, utilizando ferramentas da qualidade e da

administração industrial. Com os indicadores da qualidade e a fundamentação teórica

identificou-se o produto com maior desvio de qualidade através do Diagrama de Pareto. Para

atuar na causa do problema, formou-se uma equipe multidisciplinar com o objetivo de estudar

o processo e identificar as possíveis causas de desvio de qualidade do produto, estas foram

demonstradas no Diagrama de Ishikawa (Espinha de peixe). A partir desse estudo, foram

levantadas as oportunidades de melhorias e elaborado um plano de ação com as medidas

corretivas, responsáveis, prazos e através do ciclo do PDCA demonstrado o andamento do

plano. Foi realizada a implementação das melhorias a fim de reduzir e sanar o problema de

desvio de qualidade. Este trabalho evidencia e mostra os benefícios trazidos à empresa, a

partir das melhorias implementadas.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIGLAS

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................1

1.1. A Empresa ....................................................................................................................2

1.2. Apresentação do Problema ...........................................................................................3

1.3. Objetivos do Trabalho ..................................................................................................4

1.4. Relevância do tema........................................................................................................4

1.5. Estrutura do trabalho......................................................................................................5

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................................6

2.1. O que é qualidade?.........................................................................................................6

2.2. Manutenção produtiva total (TPM)................................................................................7

2.2.1. Objetivos..............................................................................................................9

2.2.2. Processo de implantação da TPM.......................................................................10

2.2.3. Os 8 pilares de sustentação da TPM...................................................................11

2.2.4. Implantação da TPM...........................................................................................12

2.2.5. Resultados esperados com a implantação da TPM.............................................13

2.3. Diagrama de Ishikawa..................................................................................................13

2.4. Diagrama de Pareto......................................................................................................14

2.5. Ciclo PDCA.................................................................................................................16

2.6. Lição Ponto a Ponto.....................................................................................................17

3. ESTUDO DE CASO.............................................................................................................18

3.1. Formação do Pilar da Qualidade..................................................................................18

3.2. Levantamento de dados................................................................................................19

3.3. Análise de causa...........................................................................................................24

3.4. Implementação das ações.............................................................................................33

3.5. Análise de eficácia das ações.......................................................................................38

4. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS...................................................................................42

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................44

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LISTA DE FIGURAS

Figura 0.1. Organograma da indústria Chocolateria..................................................................3

Figura 2.1. Definições de Qualidade..........................................................................................7

Figura 2.2. Esquema do Diagrama de Ishikawa........................................................................15

Figura 3.1. N° de Reclamações do SAC por produto no 4° trimestre de 2007.........................21

Figura 3.2. Diagrama de Pareto – Reclamações SAC...............................................................22

Figura 3.3. Devolução de Franqueados do 4o Trimestre de 2007.............................................23

Figura 3.4. Reclamações do bombom cereja............................................................................24

Figura 3.5. Bombom cereja.......................................................................................................25

Figura 3.6. Bombom cereja partido ao meio.............................................................................25

Figura 3.7. Espinha de peixe do problema de vazamento do bombom cereja..........................25

Figura 3.8. Linha de processo do bombom cereja...................................................................27

Figura 3.9. Molde com a “casquinha“ do bombom cereja........................................................29

Figura 3.10. Plano de Ação para corrigir o vazamento do bombom cereja..............................35

Figura 3.11. Melhorias planejas x melhorias realizadas...........................................................39

Figura 3.12. Redução das devoluções de franqueados do Bombom Cereja.............................40

Figura 3.13. Número de Reclamações do Bombom Cereja......................................................41

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Número de Reclamações por produto – SAC.........................................................22

Tabela 3.2 Número de reclamações do bombom cereja...........................................................24

Tabela 3.3 Investimentos para implementação das melhorias..................................................39

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LISTA DE SIGLAS

JIPM – Instituto de Administração Produtiva Japonês (Japan Institute Productive

Management)

LPP – Lição Ponto a Ponto

PDCA – Planejar, fazer, checar e agir (em inglês: plan, do, check, action)

P&D – Área de Pesquisa e Desenvolvimento

PPHO – Procedimento padrão de higiene operacional

SAC – Serviço de atendimento ao consumidor

TPM – Manutenção Produtiva Total (em inglês: Total Productive Maintenance)

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho envolve o Estudo de Caso realizado na indústria Chocolateria,

indústria de médio porte, fabricante de chocolates. A abordagem do Estudo de Caso engloba a

pesquisa sobre as causas dos desvios de qualidades gerados durante o processo de fabricação

dos produtos, utilizando as ferramentas da qualidade e da administração industrial. Com essa

análise será mostrada a atuação sobre os problemas de qualidade, evidenciando os efeitos

positivos gerados na empresa.

Quando se aborda o assunto Qualidade tem-se como foco principal as características

de satisfação que um produto ou serviço proporciona aos seus clientes, acionistas,

fornecedores e à sociedade como um todo. Para proporcionar a qualidade esperada para os

clientes, todos e setores de uma empresa devem estar envolvidos, desde operadores, chefias,

manutenção, comercial até a diretoria, não somente a área de qualidade.

Em um mercado altamente competitivo as indústrias enfrentam hoje uma série de

dificuldades para manter o padrão de qualidade dos produtos que fabricam. Existe um longo

espaço a ser percorrido por instituições, empresas e pessoas interessadas em implantar

modelos de qualidade no setor alimentício.

Implantar um sistema de Gestão de Qualidade tem se tornado um requisito

indispensável nas indústrias, para que possam estar inseridas no mercado sendo competitivas.

A necessidade de ser competitivo já se traduz na realidade do nosso dia-a-dia, sendo pré-

requisito para a efetivação de negócios, principalmente no mercado externo. Por exemplo, no

âmbito do Mercado Comum Europeu, com o desaparecimento das barreiras tarifárias, a

importância da qualidade foi enfatizada, em decorrência da sofisticação e da elevação do nível

de exigências, características do referido mercado, obrigando as empresas a uma busca

constante por referenciais de excelência.

Os consumidores têm passado por uma grande evolução nas últimas décadas,

principalmente com a criação do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11 de

setembro de 1990). Eles estão cada vez mais exigentes, não somente em relação aos seus

direitos, devido aos requisitos impostos pela lei que devem ser cumpridos pelas indústrias,

mas também em relação à exigência de um padrão de qualidade que deve ser mantido pelas

empresas.

Avaliando o contexto dos impactos gerados por desvios de qualidade, a

competitividade das empresas e o mercado consumidor, torna-se clara a importância da

análise e discussão desse projeto.

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Com o objetivo de sanar os desvios de qualidade que ocorrem em uma fábrica de

chocolate, identificou-se o produto com problema de maior impacto para empresa através de

indicadores da qualidade. Levantaram-se os dados de reclamações de consumidores e

devoluções de franqueados e analisando o Diagrama de Pareto, identificou-se o bombom

cereja (bombom de chocolate recheado com pedaço de cereja e licor de cereja) como o

produto que causava o maior impacto negativo na empresa, econômico e de qualidade, devido

ao vazamento do seu licor. Realizou-se um estudo de caso com base nos fundamentos teóricos

e ferramentas da qualidade para solucionar a causa desse problema.

Para descobrir as possíveis causas de desvio de qualidade no produto a ser estudado

neste trabalho, montou-se uma equipe multidisciplinar. Esta equipe realizou um brainstorm

identificando as causas que geravam desvio de qualidade no produto, esquematizando-as no

diagrama de Ishikawa.

Após a identificação das possíveis causas, elaborou-se um plano de ação com as

medidas corretivas, responsável e prazo para o desenvolvimento. Utilizou-se o Ciclo do

PDCA para o gerenciamento do plano de ação e implementação das melhorias realizadas.

Ao fim do prazo de implementação realizou-se um levantamento da eficácia das ações

e utilizando os mesmos indicadores da qualidade comparou-se o estado antes e após as

melhorias. Observou-se, como resultado uma diminuição nos índices de reclamação de

consumidor e devolução de franqueados.

1.1. A Empresa

A Chocolateria (Nome fictício para salvaguarda da fonte) nasceu quando Júlio Toledo

da Silva começou a revender chocolates para uma indústria. Na primeira Páscoa, em 1988, ele

vendeu, além de outros produtos, 2.000 ovos de 50g, porém, quando chegou à fábrica para

fazer o pedido, foi informado de que não havia possibilidade de fabricar ovos dessa

gramatura.

Preocupado em honrar a encomenda e em não perder o pedido, o estudante, então com

17 anos, comprou a matéria-prima e procurou alguém que estivesse acostumado a fabricar o

chocolate em casa (artesanalmente). Em uma loja especializada no ramo, conheceu uma

senhora que fazia chocolates caseiros e que veio a ser a primeira funcionária da Chocolateria.

Durante três dias, com uma jornada diária de 18 horas de trabalho e com um prazo de entrega

apertado, foi possível a entrega da encomenda. Essa operação gerou um lucro líquido de

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aproximadamente US$ 500. Com esse capital inicial a Chocolateria iniciou suas atividades,

em uma sala de 12m².

Desde 1988, a empresa se expandiu e passou de fabricante a líder no setor. Em 2004, a

Chocolateria teve um crescimento de 101,4% na expansão das lojas, e de 142% no

faturamento - de R$ 20,7 milhões para R$ 50 milhões, ocupando o terceiro e o quarto lugar

dentre todas as redes de franquias, respectivamente. Atualmente possui mais de 300 franquias

espalhados por todo o Brasil.

Hoje atua em quatro canais: catálogo com a venda porta a porta, através de uma equipe

de revendedoras; atacado, pela fabricação de chocolate para outras marcas/empresas; varejo,

através da rede de lojas e de distribuidores; loja, vendendo diretamente ao consumidor final.

As vendas dos produtos em lojas franqueadas correspondem a cerca de 70% do faturamento.

A fábrica está localizada no pólo industrial, próximo à Barueri, com área útil

construída de 17.000m2 e cerca de 200 colaboradores.

O organograma da indústria Chocolateria apresenta a estrutura identificada na Figura

1.1:

Figura 0.1. Organograma da indústria Chocolateria

1.2. Apresentação do Problema

O cenário atual da indústria Chocolateria é caracterizado por uma empresa de médio

porte, fabricante de chocolates, que apresenta elevados índices de devolução dos seus

produtos por parte de seus franqueados, o que está afetando a sua competitividade no

mercado, devido à elevação dos custos gerados por esse problema.

Diretor

Gerente Administrativo

Gerente Industrial

Gerente Comercial

Vendas Recursos Humanos

Marketing Compras Depto. Pessoal Expedição Produção PCP

Garantia de Qualidade/

P&D

Manutenção

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1.3. Objetivos do Trabalho

Este trabalho tem como objetivo realizar um Estudo de Caso, utilizando ferramentas

da qualidade e da administração industrial, para descobrir as causas do desvio de qualidade

que gera as maiores repercussões negativas para a indústria Chocolateria. Com isso pretende-

se agir sobre as causas do problema, através da implementação de ações corretivas, sanando-o

e evitando que volte a ocorrer. Com isso pretende-se garantir a integridade da imagem da

empresa, a satisfação dos clientes e a competitividade no mercado.

1.4. Relevância do Tema

A importância de realizar Estudos de Caso para a Gestão da Qualidade consiste na

possibilidade de focar as ações nos problemas de qualidade que estão gerando os maiores

impactos negativos na empresa, priorizando essas ações, evitando desgastes.

Desvios de qualidade não podem ser analisados isoladamente, já que repercutem

negativamente em diversas áreas da empresa. Internamente os problemas gerados consistem

no aumento de perdas, retrabalho e reprocesso durante as etapas de fabricação, além do

aumento de inspeções e testes que devem ser realizados. Estes desvios impactam elevando o

custo do produto, com conseqüente aumento do preço de venda, o qual ocasiona uma redução

da competitividade do produto no mercado.

Os defeitos de qualidade que não são identificados internamente e que chegam aos

consumidores acarretam impactos externos. Clientes insatisfeitos devido à presença de

desvios de qualidade no produto afetam negativamente nas vendas da empresa, devido a uma

queda no consumo com uma conseqüente queda do faturamento da empresa. Isso acarreta um

desgaste da imagem do produto e, principalmente, da empresa, uma vez que o marketing

negativo se alastra mais rapidamente que o marketing positivo.

O enfoque deste trabalho e sua importância consistem no uso de uma ferramenta que

leva a realização de uma boa gestão da qualidade, a qual se torna essencial para a fabricação

de produtos sem desvios de qualidade. A qualidade superior possibilita que as empresas

reduzam os índices de erros (reduzam as perdas); reduzam o retrabalho e o reprocesso;

aumentem a satisfação do cliente; reduzam inspeções e testes (controle de qualidade nas

etapas de fabricação); reduzam o prazo de lançamento de novos produtos no mercado;

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aumentem rendimentos e capacidade; melhorem o desempenho de entregas (pontualidade e

confiabilidade nas entregas); reduzam os custos; melhorem as vendas.

Este trabalho identifica as etapas que devem ser percorridas para sanar os desvios de

qualidade do bombom cereja (vazamento do seu licor), o qual está gerando os maiores

impactos negativos na empresa, sendo de vital importância.

1.5. Estrutura do Trabalho

O trabalho está dividido em 4 capítulos, os quais apresentam os temas relacionados

abaixo:

O Capítulo 1 apresentou a introdução do trabalho com o seu objetivo e importância.

O Capítulo 2 apresenta a pesquisa sobre as ferramentas da qualidade e da

administração industrial como base dos fundamentos teóricos para realização deste trabalho.

O Capítulo 3 mostra a análise do problema a ser tratado, identificando o produto com

maior incidência de desvios de qualidade, as possíveis causas que geraram os desvios de

qualidade e o plano de ação para sanar as causas que estão gerando os desvios de qualidade.

A avaliação dos indicadores após o monitoramento das ações implantadas e projetos

em implantação para redução dos desvios de qualidade é apresentada na avaliação de

resultados deste trabalho no Capítulo 4.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A satisfação do cliente é intimamente ligada à qualidade. A qualidade tem um impacto

direto sobre o desempenho do produto, portanto também afeta a satisfação do cliente. Em

sentido mais restrito, qualidade pode ser definida como “ausência de defeitos”. Mas, a maioria

das empresas centradas no cliente, ultrapassa essa definição restrita definindo qualidade em

termos de satisfação do cliente (KOTLER, 1998).

Torna-se essencial a utilização de algumas ferramentas da administração industrial

aplicadas ao monitoramento da função qualidade. As ferramentas estatísticas para a qualidade

têm como objetivo a solução analítica de problemas. O uso dessas ferramentas auxilia a

abordagem de problemas por metodizar a coleta e a visualização dos dados disponíveis,

permitindo uma análise crítica do mesmo. A maioria delas têm como ponto em comum a

visualização gráfica dos dados o que facilita o entendimento global da situação e conseqüente

tomada de decisão.

Nesse sentido as ferramentas escolhidas para a aplicação no Estudo de Caso na

indústria Chocolateria, devido à pertinência e importância relacionadas ao tema foram:

• TPM – Pilar da qualidade

• Diagrama de Pareto

• Espinha de peixe (Diagrama de Ishikawa)

• Plano de Ação (Ciclo PDCA)

• LPP – lição ponto a ponto

2.1. O que é Qualidade?

A palavra Qualidade hoje recebe diversos enfoques diferentes. Para responder à

pergunta “O que é qualidade?” foi utilizado o esquema da Figura 2.1, onde estão relacionadas

as 4 principais abordagens referentes a esse tema.

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Figura 2.1. Definições de Qualidade

2.2. Manutenção Produtiva Total (TPM)

Pode-se definir o TPM (Total Productive Maintenance) como uma série de métodos

destinados a garantir que cada máquina em um processo de produção seja sempre capaz de

realizar tarefas necessárias para que a produção jamais seja interrompida, através da

integração de pessoas, processos e equipamentos.

O TPM é de fundamental importância para a gestão estratégica das empresas, pois

mantém uma manutenção efetiva, garantindo a eliminação de perdas produtivas (WIREMAN,

1998). A metodologia TPM envolve todos os funcionários de uma empresa. A meta do TPM é

aumentar a produtividade, enquanto a moral elevada dos empregados mantém a satisfação no

trabalho (ROBINSON, 1995).

Em meados da década de 40, as empresas japonesas trabalhavam no sistema de

manutenção corretiva. Isso acarretava vários problemas, entre eles: aumento de custos e perda

de produtividade.

A partir de 1951, o Japão começou a aplicar a manutenção preventiva, um sistema

trazido dos Estados Unidos, que pode ser definido como um acompanhamento das condições

O que é Qualidade?

Satisfação do cliente e melhoria

contínua. (Deming)

Grau no qual um conjunto de

características satisfaz a requisitos.

(ISSO 9000:2000)

Adequação ao uso. (Juran)

Atendimento aos requisitos dos

clientes. (ASQC)

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físicas dos equipamentos e prevenção da vida útil destes, através de medidas preventivas, a

fim de evitar tanto falhas quanto a perda definitiva dos mesmos. Entretanto, esta era uma

manutenção que também possuía um custo muito alto e não garantia a melhor eficiência.

Foi então que a partir de 1957, os japoneses começaram a aperfeiçoar este sistema,

desta forma criaram a manutenção por melhoria que tem como objetivo eliminar a ocorrência

de defeitos em equipamentos e também facilitar a manutenção dos mesmos, aumentando

assim sua confiabilidade.

Já na década de 60, eles melhoraram ainda mais as manutenções e iniciaram a

prevenção de manutenção, onde os equipamentos e linhas de produção eram projetados com o

objetivo de eliminar a necessidade de manutenção dos mesmos, eram empenhados todos os

esforços no sentido de alcançar a condição ideal.

Na busca de maior eficiência da manutenção produtiva, por meio de um sistema

compreensivo, baseado no respeito individual e na total participação dos empregado, surgiu a

TPM, em 1970, no Japão. Nessa época era comum:

• Avanço na automação industrial;

• Busca em termos da melhoria da qualidade;

• Emprego do sistema “just-in-time”.

• Maior consciência de prevenção ambiental e conservação de energia;

• Ampliação consciência de preservação ambiental e conservação de energia;

• Dificuldades de recrutamento de mão-de-obra para trabalhos considerados sujos,

pesados;

• Aumento da gestão participativa e surgimento do operário polivalente.

Todas essas ocorrências contribuíram para o aparecimento da TPM. A empresa

usuária da máquina se preocupava em valorizar e manter o seu patrimônio, pensando em

termos de custo do ciclo de vida máquina ou equipamento. No mesmo período surgiram

outras teorias com os mesmos objetivos.

A Manutenção Produtiva Total (TPM) tem sua sustentação nos conceitos dos oito

pilares, os quais são as bases sobre as quais é construída a metodologia do programa de TPM,

envolvendo toda a empresa em busca de suas metas, tais como defeito zero, falha zero,

aumento da disponibilidade dos equipamentos, produtividade e lucratividade. Com a adoção

dos oito pilares da Manutenção Produtiva Total as empresas irão obter as metas definidas pela

metodologia TPM.

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Para o programa ser instalado é necessário o comprometimento de todos os

funcionários: operadores, mantenedores, engenharia, chefias. Manter todas as máquinas em

funcionamento durante o período em que estão programadas para trabalhar, cumprindo com

as metas estabelecidas e os padrões de qualidade.

Através da integração do homem com a máquina e com o produto, tende a chegar em

“quebra zero na máquina” e “defeito zero” no produto, assim eliminando as perdas e pequenas

paradas. O operador é responsável em conservar, reparar e restaurar a máquina.

O conceito de desenvolvimento da TPM é baseado na capacitação do homem, dando

ao pessoal de operação habilidades de monitorar seus equipamentos através de cinco sentidos

e realizar pequenas intervenções, assim como dá habilidade ao homem de manutenção em

analisar as causas das falhas e garantir a qualidade dos equipamentos.

A idéia da “quebra zero” baseia-se no conceito de que a quebra é a falha visível. A

falha visível é causada por uma coleção de falhas invisíveis como um iceberg. Logo, se os

operadores e mantenedores estiverem conscientes de que devem evitar as falhas invisíveis, a

quebra deixará de ocorrer. As falhas invisíveis normalmente deixam de ser detectadas por

motivos físicos e psicológicos. Motivos físicos. As falhas não são visíveis por estarem em

local de difícil acesso ou encobertas por detritos e sujeiras. Por motivos psicológicos, as

falhas deixam de ser detectadas devido à falta de interesse ou capacitação dos operadores ou

mantenedores.

A idéia das Falhas como um iceberg, é a mesma idéia da gota d´água que transborda o

copo, a gota quebra a tensão superficial e o volume que transborda é maior que o volume da

gota. O mesmo acontece com as falhas, à somatória ou incidência de pequena ocorrência

virão a causar a parada do equipamento (SOUZA, 2006).

2.2.1. Objetivos

Os objetivos da TPM estão relacionados com a melhoria da estrutura da empresa em

termos materiais (máquina, equipamentos, ferramentas, matéria-prima, produtos etc.) e em

termos humanos com o aprimoramento das capacitações dos profissionais envolvendo

conhecimentos, habilidades e atitudes. Outro objetivo é o de alcançar um nível excelente do

rendimento operacional global (OEE – Overall Equipamento Efficiency). O OEE é um

indicador global de eficiência com que uma unidade produtiva (máquina, célula, linha,

departamento ou fábrica) é utilizada. Para uma eficiência melhor do método TPM e melhoria

do índice é essencial à eliminação das seis grandes perdas, que são:

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1. Perdas por quebras: São paradas para manutenção corretiva em emergências e

urgências. É a quantidade de itens que deixa de ser produzida porque a máquina

quebrou. Deve ser combatida com uma manutenção preventiva eficaz.

2. Perdas por ajustes (set-up): São as demoras por troca de ferramentas e ajustes. É a

quantidade que deixa de ser produzida porque a máquina estava sendo preparada ou

ajustada. Deve ser combatida com técnicas de set-up (trocas rápidas).

3. Perdas em pequenas paradas/tempo ocioso: São os tempos de esperas e retomada

de operação. È a quantidade que se deixa de produzir em decorrência de pequenas

paradas no processo para pequenos ajustes, ou por ociosidade como máquina operando

em vazio.

4. Perdas por baixa velocidade: São as perdas por operação em velocidade reduzida em

relação ao plano de produção normal. É a quantidade que se deixa de produzir em

decorrência de o equipamento estar operando com capacidade menor que as

especificadas pelo fabricante.

5. Perdas por quantidade insatisfatória: São as perdas decorrentes de peças

defeituosas ou fora do padrão estabelecido pelo cliente. É a quantidade de itens que é

perdida, ou seja, é como se não tivessem sido produzidos.

6. Perdas com start-up: São as perdas ocorridas nos inícios de operações das máquinas.

É a quantidade de itens perdidos por quantidades insatisfatórias, quando o processo

ainda não entrou em regime.

2.2.2. Processo de implantação da TPM

Devem ser seguidos os seguintes passos para a implantação da TPM:

• Capacitar os operadores para conduzir a manutenção de forma voluntária e

espontânea.

• Capacitar os mantenedores para serem polivalentes, mecânicos com visão para as

atividades elétricas e eletricistas com visão para as atividades mecânicas, isto é,

atuarem em equipamentos mecatrônicos.

• Capacitar engenheiros e técnicos a projetarem equipamentos que dispensem

manutenção, isto é, a máquina “ideal” descartável, com menor custo operacional.

• Incentivar as melhorias, estudos e sugestões para modificação dos equipamentos

existentes a fim de melhorar seu rendimento global.

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• Constituir uma estrutura empresarial que visa à máxima eficácia do Sistema de

Produção.

• Combater os desperdícios do processo.

• Todos, desde o operador até a alta direção devem estar envolvidos na eficiência

global.

• Criar mecanismos para eliminar as perdas visando Zero Acidente, Zero Defeito, Zero

Quebras e Falhas para alcançar o ciclo total de vida útil do equipamento e do sistema

de produção.

• Atuar nas perdas diretas de produção e também ocasionadas por pessoas, tais como

reuniões infrutíferas, desorganização, má administração, etc.

• Atingir perda Zero, através das atividades de pequenos grupos.

• Melhorar a qualidade do produto.

• Aumentar a confiabilidade e disponibilidade física do equipamento.

2.2.3. Os 8 pilares de sustentação da TPM

Segundo a JIPM (Japan Institute Productive Management) a estrutura da TPM está

baseada nos 8 pilares (8 grupos de gestão). A gestão dos 8 pilares levará a empresa a um

resultado de excelência. Estes possuem objetivos próprios, conforme demonstrado a seguir:

• Pilar Manutenção da Qualidade: garantir zero defeito de qualidade, mantendo

condições ideais de materiais, equipamentos, métodos e pessoas;

• Pilar Melhoria Especifica: conhecer e eliminar perdas de todo o processo produtivo

através de técnicas analíticas;

• Pilar Segurança, Saúde e Meio ambiente: busca de zero acidente, sem danos pessoais,

materiais e ambientais, através de equipamentos confiáveis, prevenção do erro

humano e processos e equipamentos que não agridam o meio ambiente;

• Pilar Manutenção Planejada: busca reduzir custos de manutenção, mantendo

condições ótimas de processos e equipamentos, através de atividades de melhoria

continua e gerenciamento da manutenção. Visa determinar o período ao qual serão

feitas as manutenções preventivas antes que o equipamento possa quebrar por

desgaste ou falta de revisões periódicas. Suporta fortemente o Pilar de Manutenção

Autônoma;

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12

• Pilar Office TPM: identificar e eliminar perdas administrativas; tipicamente reduz

tempo e aumenta a qualidade/precisão das informações;

• Pilar Controle Inicial: aproveitar o conhecimento adquirido por melhorias e introduzir

novos projetos sem qualquer tipo de perda (velocidade, qualidade, tempo, custo,

quebras, etc.);

• Pilar Educação e Treinamento: desenvolver o conhecimento e habilidades suportando

os outros pilares no desenvolvimento das atividades de TPM;

• Pilar Manutenção Autônoma: detectar e lidar prontamente com as anormalidades

observadas nos equipamentos, de forma a manter condições ideais de funcionamento.

2.2.4. Implantação da TPM

Segundo Souza (2006), a implantação da TPM deve ser feita de forma gradativa,

começando por uma área piloto onde todos os problemas e dúvidas devam ser vividos e

sanados a contento. O tempo de implantação da TPM não depende do seu tamanho e sim da

situação encontrada na área piloto e na empresa.

Este processo é dividido em quatro fases dando origem a doze etapas para

implementação do TPM sendo:

• 1° Fase-Preparação

• 2º Fase-Introdução

• 3º Fase-Implementação

• 4º Fase-consolidação

Etapas

• 1º Fase – Preparação:

1° - Decisão da alta direção.

2º - Treinamento inicial.

3º - Implantação da organização do TPM.

4º - Estabelecer diretrizes.

5º - Elaboração de um plano diretor para implementação.

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13

• 2ª Fase – Introdução:

6º - Partida do TPM.

• 3ª Fase – Implementação.

7° - Manutenção autônoma.

8º - Melhorias individuais nos equipamentos.

9° - Manutenção Planejada.

10º - Treinamento Técnico.

11º - Estrutura TPM aplicado á construção de Novas Máquinas.

• 4ª Fase – Consolidação

12º - Aprimoramento.

2.2.5. Resultados esperados com a implantação da TPM

A razão principal pela qual a TPM se difundiu tão rapidamente na indústria japonesa e

o mesmo está acontecendo com empresas de todo o mundo é a garantia da eliminação das

perdas por toda a empresa, em virtude da aplicação dos princípios básicos da TPM.

Os diversos fatores que influem nos resultados empresariais são: redução das quebras,

minimização dos tempos em que os equipamentos operam sem produzir ou operam com

restrição na produção, redução do número de pequenas paradas, diminuição dos defeitos nos

produtos, elevação da produtividade e redução dos custos, redução de estoques, eliminação de

acidentes e elevação do nível de conhecimento e desenvolvimento dos colaboradores

(SOUZA, 2006).

2.3. Diagrama de Pareto

Serve para classificar os problemas de acordo com a causa e o fenômeno, permitindo

determinar quais devam ser resolvidos e qual será abordado inicialmente.

Em forma de barras verticais, os gráficos de Pareto podem ser usados para identificar

um problema importante ou a causa de origem, ou para acompanhar os resultados. As barras

são dispostas a partir da esquerda para a direita, começando da maior para a menor. Isso

permite concentrar nos problemas mais importantes.

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14

A partir do topo da barra mais alta, traça-se uma linha para mostrar a medida

acumulativa das categorias. Com isso visualizam-se quanto às primeiras duas ou três

categorias respondem em relação ao valor total.

Os problemas podem ser escolhidos com base em dados existentes ou através de

“Brainstorming”, o qual poderá ser seguido de levantamento de dados que permitem

quantificar aquilo que foi apontado. Deve-se levar em conta que os problemas mais freqüentes

nem sempre são os de maiores custos.

O diagrama de Pareto também é conhecido como diagrama 80-20 que significa que

80% das causas estão concentradas em 20% dos problemas apontados, ou então que 80% dos

fatores estudados estão concentrados em 20% das características analisadas. Para facilitar tal

identificação desenha-se o gráfico de freqüência acumulada.

O conceito envolvido na proposta 80-20 pode ser compreendido como uma forma não

só de identificação dos principais problemas, mas também quanto à perspectiva de solução

mais rápida do conjunto de problemas analisados, quando poucos respondem pela maioria dos

efeitos detectados.

Em casos onde para se acumular algo próximo aos 80% dos efeitos medidos haja

muitos problemas, deve-se ter em mente que para que uma redução perceptível e conseqüente

melhoria da situação analisada será necessário atuar em diversas frentes simultaneamente ou

então aguardar um tempo bem maior para que a redução do conjunto de efeitos seja

percebido.

Uma nota importante é que os problemas ou características analisadas podem estar

listados em grande número, sendo que muitos são pouco representativos, isto é, surgem com

baixa freqüência ou incidência, e por razões de simplificação do trabalho de compreensão da

ferramenta são agrupados recebendo o título OUTROS (SLACK & CHAMBERS &

JOHNSTON, 2002)

2.4 Diagrama de Ishikawa

Conhecido também como Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama Espinha de Peixe

essa ferramenta mostra as causas, as origens do problema apontado, indo ao encontro de suas

causas reais, e não aquelas que aparentam serem óbvias, pois essas, na maioria das vezes, são

apenas conseqüências de causas anteriores.

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15

O Diagrama de Ishikawa é composto por uma principal horizontal, com a indicação à

direita em um quadro, do efeito ou sintoma existente, ou seja, o problema apontado. Pode ser

elaborado de forma a indicar os primeiros pontos anotados, e em seguida procurando

identificar as causas dos mesmos (classificação do processo), ou então listá-los e organizá-los

dentro de cinco categorias, chamadas de 5 M´s, ou seja, Máquina, Método, Mão de Obra,

Material e Meio Ambiente, conforme ilustra a Figura 2.2.

Figura 2.2. Esquema do Diagrama de Ishikawa

Em serviços podem ser organizados como Equipamentos, Políticas, Procedimentos,

Pessoas e Meio Ambiente.

Através do uso da ferramenta acima deve-se procurar eliminar as causas primárias e

não os seus efeitos. Para ir o mais longe possível na identificação das causas deve-se

perguntar o porquê de cada uma das causas de 3 a 4 vezes. Identificadas as possíveis causas,

devem-se selecionar as mais prováveis ou aquelas que por outros meios indiquem ser as mais

importantes.

É importante lembrar que uma mesma causa primária potencial pode aparecer em

diversos ramos, entretanto, quando de sua solução deve-se atentar para a sequência que liga a

causa primária ao problema.

Um dos pontos críticos na elaboração do diagrama de espinha de peixe é até que ponto ir

e quando parar no aprofundamento do problema. Quando se está sendo superficial demais e

quando está havendo um desvio do problema original. A sugestão é levar o problema até três

a quatro níveis a partir do problema inicial apontado, ou usar o bom senso do grupo para estar

buscando soluções para os problemas apontados dentro dos recursos disponiveis

(BRASSARD, 1992).

MÃO DE OBRA

MÉTODO MÁQUINA

MATERIAL MEIO AMBIENTE

PROBLEMA

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16

2.5 Ciclo PDCA

Em um mundo cada vez mais globalizado as empresas devem promover mudanças

rapidamente, afim de atender às necessidades dos clientes e consequentemente garantir sua

sobrevivência.

Para que as empresas consigam promover as mudanças necessárias, em um tempo

adequado, é preciso desenvolver uma sistemática capaz. Para AGUIAR 2002, o sistema de

gestão utilizado nestes casos é o PDCA com o foco no Gerenciamento pelas Diretrizes.

“O gerenciamento pelas diretrizes é um sistema de gestão dirigido para solucionar

problemas (atingir metas) que são fundamentais para permanência das empresas no mercado“

(AGUIAR, 2002).

O ciclo do PDCA é um método de gestão, representando o caminho a ser seguido para

que as metas estabelecidas possam ser atingidas.

As ferramentas da qualidade consistirão os recursos necessários para a coleta, o

processamento e a disposição das informações necessárias à condução das etapas do PDCA.

As Etapas que consistem o PDCA são:

1. PLAN (Planejamento): No planejamento é estabelecido as metas e o método para

alcançá-las.

2. DO (Execução): Executar tarefas exatamente como foi previsto na etapa de

planejamento (Plano de Ação), tendo necessidade de educação e treinamento; e coletar

dados que serão utilizados na etapa seguinte e que possam fornecer informações sobre

a obtenção da meta.

3. CHECK (Verificação): A partir dos dados coletados na etapa de Execução, avaliar os

resultados alcançados comparando-os com a meta planejada.

4. ACTION (Ação): Nesta etapa, realiza-se a avaliação da etapa de Verificação. Caso a

meta tenha sido alcançada, o plano proposta é adotado como padrão, estabelecendo os

meios para a manutenção dos bons resultados. Caso o plano não tenha sido efetivo,

será necessário agir sobre as causas do não atingimento da meta, iniciando-se um novo

giro do PDCA.

Quando mais informações forem agregadas ao método, maiores serão as chances de

alcance d meta e maior será a necessidade da utilização de ferramentas apropriadas para

coletar, processar, dispor informações durante o ciclo do PDCA.

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17

2.6 Lição Ponto a Ponto

O maior desafio dos chefes, gerentes que trabalham em grandes empresas e que têm

muitos funcionários sob sua responsabilidade é elaborar sistemas para alavancar a evolução

das pessoas que trabalham em seu time. Há necessidade de trabalhar com funcionários cada

vez mais qualificados e que apliquem seus conhecimentos no dia-a-dia, agregando valor aos

produtos e serviços. Para que isso ocorra é necessário motivar e incentivar os funcionários e

mostrar a importância do estudo e treinamento.

O objetivo de uma atividade de educação e treinamento é promover e consolidar a

mudança cultural da empresa através do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes.

De acordo com a apostila de treinamento da Glaser Consultores a Lição Ponto a Ponto

é um recurso de treinamento para os funcionários que permite o desenvolvimento conjunto do

instrutor e do treinador, possibilitando um aprendizado de maneira rápida e em um curto

espaço de tempo.

O treinamento no local de trabalho é um processo que transmite conhecimento de

forma eficaz e de alto desempenho. Pois o receptor ao receber o conhecimento do seu superior

ou colega de trabalho, tem a possibilidade de esclarecer dúvidas e colocar em prática

imediatamente se for necessário.

Para a elaboração de uma LPP deve-se:

1. Identificar o assunto que será abordado na LPP.

2. Utilizar recursos de figuras, gráfico, fotos que ilustrem o assunto a ser tratado.

3. Não colocar dois assuntos diferentes em uma LPP.

Após a elaboração da LPP deve-se identificar o tema, o tipo de enfoque e o que se está

ensinando, preencher o nome de quem elaborou, data de preparação, número seqüencial e

revisão. Para a efetivação da LPP deve-se solicitar a aprovação da chefia.

Finalizando esta etapa, inicia-se a multiplicação de conhecimentos através da LPP. O

instrutor irá habilitar e passar as informações contidas na LPP para o funcionário. A

capacitação deverá ser registrada com um visto do instrutor e do participante, e com a data do

treinamento.

A utilização deste recurso terá como resultado a ruptura da rotina diária de trabalho, o

sentimento do funcionário de capacitar, de ensinar, educar e otimizar um processo da

empresa.

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18

3. ESTUDO DE CASO

Para Yin (1989), o estudo de caso, sob o ponto de vista de uma estratégia de pesquisa,

pode ser definido como um “questionamento empírico que investiga um fenômeno

contemporâneo dentro de seu contexto na vida real, onde as fronteiras entre o fenômeno e o

contexto não são claramente evidentes e múltiplas fontes de evidência são usadas”. A sua

essência, isto é, a tendência central dentre todos os tipos de estudo de caso, é que este tenta

iluminar uma decisão ou conjunto de decisões: por que elas foram tomadas, como elas foram

implementadas e com quais resultados.

O Estudo de Caso envolve uma série de etapas, as quais devem ser percorridas para

direcionar o trabalho, focar as ações para resolução dos problemas/ defeitos e avaliar a

efetividade do trabalho desenvolvido. O presente trabalho foi realizado através das seguintes

etapas:

• Formação do Pilar da Qualidade

• Conhecimento do fluxo do processo por parte de todos os integrantes do Pilar

• Conhecimento do Lay Out da planta

• Levantamento de dados: identificação dos tipos de problema/ defeitos

• Análise de Causa: aplicação da Espinha de Peixe por tipo de defeito

• Listagem das sugestões de melhoria por tipo de defeito

• Priorização das sugestões

• Implementação das ações: Plano de Ação

• Análise de eficácia das ações

• Avaliação dos Resultados

3.1. Formação do Pilar da Qualidade

A indústria Chocolateria trabalha com a ferramenta TPM (Manutenção Produtiva

Total), a qual divide as atuações de trabalho em Pilares, que seriam grupos de gestão focados

em determinadas áreas (Pilares: Controle Inicial; Office TPM; Melhoria Específica;

Manutenção Autônoma; Manutenção Planejada; Educação e Treinamento, Manutenção da

Qualidade; Segurança Saúde e Meio ambiente).

O Pilar responsável pelo estudo de caso do presente trabalho foi o Pilar Manutenção

da Qualidade. O Pilar da Qualidade foi formado por integrantes de diversos setores, dentre

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19

eles funcionários que trabalham nas linhas de fabricação, funcionários da Manutenção,

funcionários da Produção, funcionários da Pesquisa e Desenvolvimento e funcionários da

Qualidade. O líder do grupo, o qual coordena as atividades é integrante da área da Qualidade.

É essencial para a realização do Estudo de Caso a presença de funcionários de

diferentes setores, pois é possível ter uma visão ampla e abrangente de diversos pontos de

vista sobre o problema, facilitando a atuação sobre o mesmo.

O Pilar atua através de reuniões semanais, coordenadas pelo líder do Pilar, e sua

atuação é avaliada através da avaliação mensal de indicadores.

O grupo iniciou suas atividades através do conhecimento do fluxo de processo por

parte de todos os integrantes do Pilar e também com o conhecimento do Lay Out, envolvendo

o conhecimento dos equipamentos, das utilidades necessárias na linha de processo.

3.2. Levantamento de dados

O levantamento de dados na indústria Chocolateria foi realizado para identificar o seu

principal problema de qualidade e poder focar a análise e atuação sobre ele. Esse

levantamento foi realizado pelo Pilar da Qualidade.

A indústria Chocolateria trabalha com o sistema de franquias, com a fabricação de

chocolates marca própria para supermercados, com a venda através de catálogo e com a

fabricação para marcas terceirizadas. Cerca de 75% da produção está voltada para a venda

para as franquias, por isso é essa produção que fornece os indicadores mais precisos.

A Chocolateria tem duas principais fontes externas de identificação de desvios de

qualidade, apresentadas através das reclamações de consumidores recebidas pelo SAC

(Serviço de Atendimento ao Consumidor) da própria indústria e o valor em dinheiro (R$) das

devoluções de produtos feitas pelas franquias. Essas serão as fontes utilizadas para a aplicação

no Estudo de Caso. Além destas fontes de dados, há os indicadores de reclamações de

consumidores dos produtos das marcas próprias fabricadas para supermercados e das marcas

terceirizadas, ambos apresentam SAC independente, o qual fornece para a Chocolateria o

número de reclamações por tipo de problema. Estas últimas apresentam números

insignificantes comparadas com as duas principais fontes.

O trabalho baseado no número de reclamações é menos preciso e muitas vezes não

evidencia a realidade da empresa. Os consumidores muitas vezes constatam o problema de

desvio de qualidade e não reclamam, gerando uma imprecisão no indicador. Além disso, o

número de vendas varia, podendo ter havido uma venda menor do produto com maior

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20

incidência de desvios de qualidade e uma venda maior de outro produto com menor

incidência de desvios de qualidade gerando um número de reclamações maior daquele com

maior venda, mas com menos problemas proporcionalmente. Deve-se levar em consideração

também o fato de que como a Chocolateria trabalha com o sistema de franquias, elas são uma

primeira barreira para que desvios de qualidade não cheguem ao consumidor, pois os

franqueados constatam o problema e devolvem os produtos antes dos consumidores

comprarem, gerando um número menor de reclamações.

O melhor indicador externo para avaliar os desvios de qualidade é o percentual de

devoluções dos franqueados em relação ao faturamento, apesar de muitos problemas não

serem identificados pelos franqueados devido ao tipo de embalagem do produto e até mesmo

devido ao tipo de defeito em si. Esse indicador apresenta um número relativo (devolução/

faturamento) além de estar diretamente relacionado com o impacto financeiro negativo

causado na empresa por desvios de qualidade.

Foi através do Pilar Qualidade que se iniciou o levantamento de dados. Os indicadores

utilizados para o monitoramento do Pilar da Qualidade foram o número de reclamações dos

consumidores e a o valor de devolução de franqueados sobre o faturamento.

A Figura 3.1 mostra o número de reclamações recebidas pelo SAC (serviço de

atendimento ao consumidor) no 4° trimestre de 2007. Para este período 42 reclamações

estavam relacionadas às trufas, 27 ao bombom cereja, 10 ao bombom trufa e 10 a pastilha de

menta, sendo estes 4 produtos os que obtiveram maior incidência de reclamações feita pelos

consumidores no referido período.

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21

10

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25

30

35

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Produtos

Reclamações SAC

Figura 3.1. N° de Reclamações do SAC por produto no 4° trimestre de 2007.

Avaliando os dados do número de reclamações do SAC, realizou-se o estudo através

do Diagrama do Pareto, Figura3.2.

O gráfico mostra a porcentagem de reclamações dos produtos e porcentagem

acumulada. Verificamos que cerca de 70% das reclamações estão concentradas em 30% dos

produtos, ou seja trufas, bombom cereja, bombom de trufa, pastilha de menta e bombons

finos.

Dentre os produtos com maior índice de reclamação, estão os dois principais produtos

da empresa: trufas e bombom cereja.

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22

Tabela 3.1 Número de Reclamações por produto - SAC

Produtos Frequência Frequência Acumulada

Frequência Relativa

Frequência Relativa

Acumulativa Trufas 42,00 42 31% 31%

Bombom cereja 27,00 69,00 20% 50% Bombom trufa 10,00 79,00 7% 58%

Pastilha de menta 10,00 89,00 7% 65% Bombons finos 8,00 97,00 6% 71%

Bombom marula 7,00 104,00 5% 76% Copinho 6,00 110,00 4% 80% Confeitos 5,00 115,00 4% 84%

Tablete Recheado 5,00 120,00 4% 88% Drageados 4,00 124,00 3% 91% Tablete 25g 3,00 127,00 2% 93%

Bombons elegante 3,00 130,00 2% 95% Bombom Avelã 2,00 132,00 1% 96% Língua de gato 2,00 134,00 1% 98%

Bombons seleção 2,00 136,00 1% 99% Bombom morango 1,00 137,00 1% 100%

Letrinhas 0,00 137,00 0% 100% Ferramentos 0,00 137,00 0% 100%

Canudos de trufa 0,00 137,00 0% 100% Sea Chocolates 0,00 137,00 0% 100%

Artesanais 0,00 137,00 0% 100% Total 137,00 100%

Figura 3.2. Diagrama de Pareto – Reclamações SAC

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

Trufas

Bombo

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Bombo

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Bombo

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Bombo

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Bombo

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Bombo

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23

A Figura 3.3 mostra a porcentagem correspondente ao faturamento de devoluções de

franqueados.

Alguns defeitos de qualidade não podem ser identificados pelos franqueados, porém

estes atuam como um importante filtro para redução de reclamações.

As principais reclamações e devoluções de franqueados estão relacionados aos erros

de expedição, quando é enviado a franquia um produto diferente do solicitado; validade,

produto próximo do vencimento; cereja, vazamento do produto nos blister e/ou embalagem;

embalgens danificadas; e produtos não conformes, que estão fora do padrão como produtos

deformados.

Figura 3.3. Devolução de Franqueados do 4o Trimestre de 2007.

Embora o n° de reclamações do bombom cereja seja menor que o da trufa, esta menor

incidência se deve pelo fato dos franqueados (franquias da Chocolateria) atuarem como um

filtro até o produto chegar ao consumidor. Ao identificarem os produtos com vazamento, estes

são imediatamente devolvidos e não chegam às prateleiras. A devolução do bombom cereja

corresponde a 0,20% do faturamento, sendo desta forma o produto a ser objeto de estudo

deste trabalho.

0,04

0,02

0,20

0,14

0,06

0,01

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

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VALIDADE

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Motivos devolução

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24

Os motivos das reclamações feita ao SAC no 4° semestre do 2007 referente ao

bombom cereja está representada na Figura 3.4. A reclamação de maior incidência é o

vazamento do bombom que corresponde a 48%, seguido do bombom com pouco ou sem

recheio equivalente a 19%.

Tabela 3.2 Número de reclamações do bombom cereja

Tipo de Defeito Frequência Frequência Acumulada

Frequência Relativa

Frequência Relativa

Acumulada Vazamento 13,00 13 48% 48%

Pouco ou sem recheio 5,00 18,00 19% 67% Mofo/ bolor 4,00 22,00 15% 81%

Prod. Trocado 3,00 25,00 11% 93% outros 2,00 27,00 7% 100% Total 27,00 100%

Figura 3.4. Reclamações do bombom cereja

3.3. Análise de Causa

O foco do Estudo de Caso com o uso da ferramenta Espinha de Peixe é o vazamento

de licor do bombom cereja, pois este é o problema que causa os maiores impactos financeiros

negativos na empresa gerado por desvios de qualidade.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

Vazamento Pouco ou semrecheio

Mofo/ bolor Prod. Trocado outros

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20%

40%

60%

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ula

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25

O bombom cereja é um bombom de chocolate, recheado com um pedaço de cereja e

licor de cereja, conforme ilustram as figuras 3.5 e 3.6. O chocolate e o licor são fabricados na

própria indústria Chocolateria. O bombom cereja é utilizado em uma vasta gama de

produtos, tais como blister de coração, diferentes tipos de caixa, etc.

Figura 3.5. Bombom cereja Figura 3.6. Bombom cereja partido ao meio

O grupo formado pelo Pilar Qualidade foi o responsável por elaborar a Espinha de

Peixe, apresentada na figura 3.7, na qual estão identificadas as possíveis causas que levam ao

vazamento do bombom cereja.

Figura 3.7. Espinha de Peixe do problema de vazamento do bombom cereja

Mão de ObraMateriaisMeio Ambiente

Máquinas Métodos

9- Colocação incorreta da cereja

8- Raspagem incorreta dos moldes

2- Aquecimento não homogêneo do Aquecedor de Moldes

1- Velocidade elevada do empurrador de molde

3- Dosagem não homogêniado recheio

VazamentoBombom Cereja

5- Viscosidade não uniforme do chocolate

10- Fluxo do processo inadequado

11- Frequência de limpeza inadequada

6- Viscosidade muito baixa do recheio

7- Muita variação do tamanho da cereja

4- Vibrador muito fraco

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26

Segue a relação das 11 possíveis causas levantadas para o vazamento do bombom

cereja apresentadas na Espinha de Peixe com seu aprofundamento, ou seja, com os porquês de

cada uma delas:

MÁQUINA

1. Velocidade elevada do empurrador de molde

Para que seja possível compreender essa posssível causa de vazamento do bombom

cereja é necessário apresentar o Lay Out da linha de processo onde o produto é fabricado,

apresentado na Figura 3.8.

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27

Figura 3.8. Linha de processo do bombom cereja

10

7,8,9

6

11

1

2

3

4 5

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28

A fabricação do bombom cereja segue o seguinte fluxo de processo:

Dosagem de chocolate (casquinha)

Virador de molde

Colocação das cerejas

Túnel de refrigeração

Túnel de refrigeração

Dosagem de recheio

Aquecedor de moldes

Dosagem de chocolate (base do bombom)

Raspagem dos moldes

Túnel de refrigeração

Desmolde

Após passar pela colocação de cereja os moldes passam pelo empurrador de moldes (o

empurrador serve para alterar o sentido dos moldes, para entrar na esteira seguinte que é

perpendicular à esteira anterior). O Pilar da Qualidade constatou que a velocidade do

empurrador estava muito alta, ocasionando o deslocamento de parte das cerejas para fora do

bombom, fazendo com que na etapa final do processo, onde é formada a base do bombom, a

cereja ficasse para fora do bombom, levando o recheio a vazar pela abertura por onde a cereja

sai do bombom.

1

2

3

4

5

9

8

7

6

10

11

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29

2. Aquecimento não homogêneo do aquecedor de moldes

O bombom cereja é feito em duas etapas: primeiro a casquinha, conforme ilustra a

figura 3.9, e por último a base.

Figura 3.9. Molde com a “casquinha“ do bombom cereja.

Após ser dosado o chocolate no molde, ele é virado para que o chocolate escorra e seja

formada a casquinha. A cereja é colocada manualmente, em seguida o molde passa pelo túnel

de refrigeração e é dosado o recheio. Após ser dosado o recheio, o molde passa pelo

Aquecedor de Moldes para que a borda da casquinha derreta e o chocolate que será dosado

em seguida para fechar o bombom (a base) possa aderir à casquinha. Aqui mostra q a gente

resfria o molde e depois coloca cereja...

Caso o aquecimento do Aquecedor de Moldes não seja homogêneo (tenha zonas de

temperatura diferentes na prancha de aquecimento) alguns dos bombons presentes no molde

não irão ser corretamente fechados, ou seja, a casquinha não irá derreter e não irá “grudar“

(selar) completamente na base, levando à presença de minúsculos furos (não perceptíveis

durante o processo de fabricação), por onde ocorrerá o vazamento do licor posteriormente.

Vale ressaltar que o licor quando é dosado apresenta uma viscosidade mais elevada, com o

decorrer do tempo começa a ocorrer a inversão do açúcar e o recheio se torna menos viscoso

(“mais líquido“) levando ao vazamento somente posteriormente.

O Pilar da Qualidade identificou que o aquecimento do Aquecedor de Moldes não era

homogêneo e que estava faltando uma das cerâmicas que compõem o aquecedor,

prejudicando o aquecimento em uma das partes do molde (afetando alguns bombons).

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30

3. Dosagem não homogênea do recheio

A dosagem do recheio no molde deve ser homogênea, pois se houver muito recheio no

bombom, na etapa de raspagem manual do molde (etapa posterior às dosagens de recheio e de

chocolate), na qual o excesso de chocolate dosado na superfície é retirado, o bombom

apresenta uma base muito fina e são formados pequenos furos, por onde ocorre o vazamento

posteriormente.

O Pilar da Qualidade identificou que os bicos da dosadora de recheio não estavam

dosando todos o mesmo volume, por isso não resolveria o problema apenas reduzir o volume

de recheio dosado (bombons com pouco recheio também levam à insatisfação dos

consumidores, pois estão fora do padrão de qualidade).

MATERIAIS

4. Vibrador muito fraco

Após a raspagem manual para retirar o excesso de chocolate o molde é colocado no

vibrador (uma esteira vibratória) para retirar as bolhas de ar. Se houver bolhas de ar o

vazamento de recheio ocorre através delas.

O grupo identificou a presença de muitos bombons com bolha de ar, devido a baixa

potência do vibrador.

5. Viscosidade não uniforme do chocolate

O chocolate é dosado em duas etapas: primeiro para formar a casquinha e por último

para formar a base do bombom. Nas duas etapas a viscosidade controlada do chocolate é

essencial.

Na primeira dosagem do chocolate se sua viscosidade estiver muito elevada a

casquinha fica muito grossa e não chega na superfície do molde para selar com a base

(quando o molde passa pelo virador para formar a casquinha o chocolate não chega à

superfície do molde), podendo ocasionar pequenos furos laterais por onde ocorrerá o posterior

vazamento. Por outro lado, se a viscosidade estiver muito baixa podem se formar pequenos

furos no topo do bombom, também ocasionando o vazamento de recheio.

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31

Na última etapa de dosagem do chocolate, onde é formada a base do bombom, se o

chocolate estiver com a viscosidade muito alta o chocolate não se espalha de forma adequada

no molde, dificultando a raspagem, também podendo levar a ocorrência de pequenos furos

durante a raspagem, levando ao vazamento.

O Pilar da Qualidade constatou que a massa de chocolate não estava sendo fabricada

com a viscosidade dentro dos limites especificados. São retiradas amostras de todas as massas

fabricadass e é medida a viscosidade antes da massa ser liberada para as linhas de processo,

entretanto não estava havendo a correção da viscosidade antes da liberação do chocolate para

as linhas em caso de massas fabricadas fora dos limites especificados.

6. Viscosidade muito baixa do recheio

Tanto a viscosidade do chocolate como a viscosidade do recheio podem ocasionar

desvios de qualidade no produto.

A viscosidade dp recheio deve estar o mais próximo possível da viscosidade do

chocolate para que quando o chocolate seja dosado sobre o recheio seja a mantida a separação

das camadas recheio/chocolate, evitando saídas de recheio pelo chocolate durante e após a

dosagem. O Pilar da Qualidade identificou que é muito importante tentar obter uma

viscosidade mais elevada de recheio, pois o recheio que se trabalha hoje tem a viscosidade

muito baixa e tem auxiliado o processo de vazamento do bombom cereja.

7. Muita variação do tamanho da cereja

As cerejas são colocadas manualmente nas formas após dosagem da casquinha de

chocolate. As cerejas muito grandes, após a dosagem do recheio, chocolate e a raspagem dos

moldes, podem ficar com uma pequena parte para fora do bombom ocasionando vazamentos.

Além disso, quanto maior a cereja, menor o espaço para ser ocupado pelo recheio e

chocolate da base podendo, após a raspagem, ocorrer problemas como chocolate insuficiente

na base ou base delgada, causando vazamentos.

O tamanho da cereja pode variar devido a sua sazonalidade. Em determinadas épocas

do ano há produção de cerejas maiores ou menores. Além da sazonalidade do produto há

também os diferentes tipos de espécies.

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32

MÃO-DE-OBRA

8. Raspagem incorreta dos moldes

Após a dosagem de recheio é dosado o chocolate que irá formar a base do bombom.

Esse chocolate é dosado em excesso, sendo retirado esse excesso manualmente, com o auxílio

de uma espátula. Se a raspagem não for feita de forma adequada pode levar a ocorrência de

furos no bombom, por ocorrerá o vazamento do licor de cereja.

9. Colocação incorreta da cereja

A colocação das cerejas nos bombons é feita manualmente. São colocadas cerejas

cortadas, ou seja, são utilizados apenas pedaços de cereja nos bombons e não a cereja redonda

inteira. Se a colocação da cereja não for feita de forma adequada, de modo que fiquem

pedaços de cereja para fora do bombom, ocorrerá o vazamento nos locais onde a cereja está

fora do bombom, saindo através da sua base.

No início dos trabalhos, quando foram feitas as observações dos problemas, foi

constatado que a colocação de cereja era um dos principais fatores que levavam ao vazamento

do bombom, com uma incidência de aproximadamente 40% dos moldes com pelo menos 1

bombom com cereja “para fora“, saindo pela sua base.

É importante ressaltar que um único bombom vazando prejudica todo o produto, ou

seja, se em uma embalagem contiver 30 bombons, se apenas 1 estiver vazando, poderá gerar

uma devolução ou uma reclamação de consumidor.

A velocidade que os moldes passavam na esteira para a colocação das cerejas era

extremamente elevada, o que dificultava muito sua colocação. Além disso, os pedaços das

cerejas aderiam uns aos outros, levando muitas vezes a cair mais de um pedaço dentro de um

mesmo bombom. Quando mais de um pedaço era colocado dentro de um bombom o

colaborador tentava retirá-lo, mas com a velocidade de colocação das cerejas isso se tornava

praticamente inviável. Mais de um pedaço de cereja dentro do bombom além de provocar a

incidência de pedaços de cerejas fora do bombom, fazia com que a quantidade de recheio

dosado não correspondesse ao volume necessário no bombom devido ao espaço ocupado pela

cereja.

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33

A redução da velocidade da esteira ou o aumento do número de funcionários

colocando as cerejas são soluções que não foram aprovadas, então o Pilar da Qualidade teve

que buscar uma solução alternativa para este problema. Juliana não entendeu.

MÉTODO

10. Fluxo do processo inadequado

A colocação das cerejas era realizada antes dos moldes com a casquinha de chocolate

passar pelo túnel de refrigeração, com o chocolate ainda não cristalizado (com o chocolate

“mole“). O problema observado é que quando os colaboradores colocavam mais de um

pedaço de cereja no bombom, fato que ocorria com alta frequência, e tentavam retirar o

pedaço excedente, provocavam furos na parte da parede do bombom onde encostavam,

levando ao vazamento posterior por esses furos.

11. Frequência de limpeza inadequada

Os colaboradores realizam a limpeza dos equipamentos de acordo com o

Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO). Cada linha de processo possui o seu

PPHO específico. O PPHO é elaborado pela área de Qualidade e nele constam o modo de

limpeza dos equipamentos; os produtos que devem ser utilizados, com as respectivas

concentrações, temperaturas e tempos de ação; os responsáveis e a frequência de limpeza.

Existem dois tipos de limpezas realizadas nas linhas de processo: a limpeza pesada,

realizada em frequências menores e a limpeza de rotina, realizada diariamente. O Pilar da

Qualidade constatou que os bicos e as placas das dosadoras de chocolate e recheio não

estavam sendo limpos com a frequência adequada, um dos fatores da dosagem não

homogênea de chocolate e recheio do bombom (os bicos dosavam volumes diferentes)

ocasionando o vazamento do bombom cereja.

3.4. Implementação das ações

O Pilar da Qualidade fez uma listagem de sugestões de melhoria para sanar as

possíveis causas levantadas para o desvio de qualidade do bombom cereja, ou seja, foi

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34

realizado um levantamento de sugestões por tipo de problema. As sugestões de melhoria

foram priorizadas para serem implementadas, de acordo com a análise das sugestões realizada

pelo Pilar.

As sugestões priorizadas foram colocadas no Plano de Ação da figura 3.10. O Plano

de Ação compreende as ações que deverão ser tomadas para resolver as 11 possíveis causas

relacionadas na espinha de peixe, os responsáveis por cada uma dessas ações, o prazo final

para que essas ações sejam tomadas e o PDCA, necessário para o acompanhamento das ações

junto ao acompanhamento dos indicadores (o líder do Pilar da Qualidade poderia verificar se

ações que estavam sendo tomadas estavam tendo resultados positivos, se estavam sendo

efetivas).

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35

Figura 3.10. Plano de Ação para corrigir o vazamento do bombom cereja.

1. Causa: Velocidade do empurrador de molde elevada

Ação: A redução da velocidade do empurrador de formas é facilmente solucionada pela

manutenção através do ajuste de injeção de ar comprimido. Este procedimento não envolve

nenhuma despesa.

ITENS RESPONSÁVEL PRAZO STATUS

1 MANUTENÇÃOAté

Dez./2007

2 MANUTENÇÃOAté

Jan./2007

3 MANUTENÇÃOAté

Fev./2008

4 MANUTENÇÃOAté

Dez./2007

5 Qualidade/ P&DAté

Jan./2008

6 P&DAté

Mar./2008

7 QUALIDADEAté

Jan./2008

QUALIDADE/ PRODUÇÃO

Até Jan./2008

QUALIDADEAté

Dez./2007

9 QUALIDADEAté

Dez./2008

10QUALIDADE/

MANUTENÇÃOAté

Dez./2007

QUALIDADEAté

Dez./2007

QUALIDADEAté

Dez./2007

11

Redefinir a frequência de limpeza das etapas críticas do processo (que levam ao vazamento do bombom cereja).

Treinar o colaborador com uma LPP sobre o padrão de como deve ficar o molde após a raspagem.

Treinar os colaboradores com uma LPP sobre o padrão de colocação das cerejas.

Transferir a colocação das cerejas para a etapa após a passagem dos moldes através do túnel de refrigeração, fazendo as adaptações necessárias na linha de fabricação.

Treinar os colaboradores através de uma LPP sobre o padrão de limpeza dos equipamentos da linha.

Testar um raspador automático ou uma espátula que se ajuste ao tamanho da forma.

Padronizar a viscosidade do chocolate.

Avaliar novos fornecedores de cereja e procurar outros calibres (tamanhos) de cereja.

8

Reduzir a velocidade do empurrador de moldes.

PLANO DE AÇÃO

Desenvolver um recheio com viscosidade mais elevada.

Substituir o Aquecedor de Moldes.

AÇÃO CORRETIVA

Colocar os Bicos, substituir as buchas, os anéis de vedação e os rolamentos das válvulas. Colocar uma peneira para o recheio.

Aumentar a potência do vibrador.

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

PDC

A

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36

2. Causa: Aquecimento não homogêneo do Aquecedor de Moldes

Ação: A substituição do aquecedor de moldes requer um investimento para a compra das

peças com posterior montagem pela manutenção. Isto requer a aprovação da gerência

industrial para análise da despesa envolvida. Este investimento equivale a 0,016% do

faturamento trimestral.

3. Causa: Dosagem não homogênea do recheio

Ação: Para solucionar este problema é necessário realizar a manutenção corretiva da

dosadora de recheio, a qual envolve a substituição de bicos, buchas, anéis de vedação,

rolamentos das válvulas e aplainar a placa da dosadora (lixar a placa para deixar a superfície

lisa). Isto requer investimento de 0,019% do faturamento trimestral.

Após realizar essa manutenção corretiva será necessário elaborar um plano de manutenção

preventiva, por parte da manutenção juntamente com o Pilar da Qualidade. A manutenção

preventiva envolve uma série de fatores, dentre eles a manutenção de um estoque de reposição

de peças, as quais devem ser trocadas periodicamente, a partir da verificação do tempo de

desgaste das mesmas.

O recheio apresenta pequenos grumos na sua composição. Ele é fabricado e estocado em

baldes, os quais são despejados durante a produção sobre a dosadora de recheio. A colocação

de uma peneira sobre a dosadora para reter os grumos é a solução para este problema e requer

um investimento não significativo do faturamento trismestral para a compra da malha de aço

inox para que a manutenção elabore a peneira.

4. Causa: Vibrador muito fraco

Ação: O aumento da potência do vibrador será realizado pela manutenção e não requer

investimento.

5. Causa: Viscosidade não uniforme do chocolate

Ação: Com o controle e monitoramento durante o processo de fabricação ocorrerá uma

diminuição da variação da viscosidade do chocolate. A avaliação através de análises físico-

químicas em todos os lotes irá checar se a viscosidade está dentro do padrão estabelecido,

caso esteja fora da especificação, a viscosidade será corrigida antes de ser liberada para a

linha de produçao. Essa correção será realizada com a adição de manteiga, caso a viscosidade

do chocolate esteja muito alta. Caso a viscosidade esteja muito baixa a correção poserá ser

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feita adicionando-se chocolate cristalizado ou dosando o chocolate a uma temperatura um

pouco mais baixa. A temperatura influencia na temperagem do chocolate, por isso não pode

ser muito variada para ajustes de viscosidade.

Essa solução não requer investimento, pois a empresa já possui um laboratório com os

equipamentos necessários para realizar as análises físico-químicas.

6. Causa: Viscosidade muito baixa do recheio

Ação: A P&D irá desenvolver um recheio com viscosidade mais elevada. Serão

requisitadas amostras para os fornecedores de matérias-primas que auxiliem na elaboração

dessa nova formulação. Após esse desenvolvimento deverá ser realizada uma análise do novo

custo do recheio, o qual pode aumentar ou até mesmo reduzir.

7. Causa: Muita variação do tamanho das cerejas

Ação: A qualidade juntamente com o setor de compras irá pesquisar e avaliar fornecedores

para padornização do tamanho da cereja. Não há nenhum calibre de cereja inteira que se

adeque ao tamanho do bombom (as cerejas são muito grandes), o que ocorre é a obtenção de

cerejas inteiras menores nas entressafras, mas não resolve o problema da produção do ano

todo., sendo necessário encontrar fornecedores que cortem as cerejas com o tamanho ideal

para o bombom.

8. Causa: Raspagem incorreta dos moldes

Ação: Será realizado um teste com um raspador automático ao invés de realizar a raspagem

manual dos moldes. Mesmo que seja implantado um raspador automático o colaborador que

realiza a raspagem dos moldes irá continuar na linha de processo para verificar como está a

raspagem e corrigir possíveis defeitos (presença de bolhas, cereja para fora do bombom, etc).

O raspador automático envolve uma despesa de 0,010% do faturamento trimestral. Além

disso será realizada uma capacitação específica imediata do colaborador através de uma LPP

(Lição Ponto a Ponto) sobre o padrão de raspagem dos moldes.

A Qualidade será responsável pela capacitação do colaborador e a manutenção será

responsável pelo teste com o raspador automático. A compra desse raspador envolve a

aprovação da gerência.

9. Causa: Colocação incorreta da cereja

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Ação: O Pilar da Qualidade irá realizar a capacitação específica dos colaboradores sobre o

padrão de colocação das cerejas. Será realizado o acompanhamento dessa colocação durante

15 dias para avaliar o modo de colocação delas. Com esse acompanhamento espera-se

encontrar um modo de colocação que aumente a agilidade dos colaboradores, já que a

velocidade que os moldes passam é muito elevada e interfere no padrão das cerejas colocadas.

10. Causa: Fluxo do processo inadequado

Ação: Será realizada a transferência do local de colocação das cerejas, elas serão

colocadas após os moldes passarem pelo túnel de refrigeração, ou seja, serão colocadas no

chocolate cristalizado, para caso seja colocada mais de uma cereja dentro de um mesmo

bombom, ela possa ser retirada sem prejudicar a integridade do bombom.

11. Causa: Frequência de limpeza inadequada

Ação: Redefinir a frequência de limpeza, avaliando a efetividade dessa nova frequência.

Alterar a frequência na documentação (PPHO) e capacitar os colaboradores, através de LPP

sobre a nova frequência estipulada.

3.5. Análise de eficácia das ações

Para analisar a eficácia das ações implementadas é necessário verificar primeiro quais

ações foram efetivamente implementadas. A única ação proposta no plano de ação que não foi

implementada foi o desenvolvimento do recheio com a viscosidade mais elevada. Foram

realizados diversos testes utilizando insumos diferentes, mas ainda não foi obtido um

resultado satisfatório, pois os recheios desenvolvidos se aproximaram muito da consistência

de um “creme“, perdendo a característica do produto que é um recheio “licoroso“. O prazo

para o desenvolvimento do novo recheio foi redifinido, sendo prorrogado até junho de 2008.

O número de ações efetivamente implementadas em comparação com o número de

ações propostas alcançou um percentual de 92,3%, conforme ilustra a Figura 3.11. Nesta

figura está identificado mês a mês o número de ações realizadas dentro do prazo em

comparação com o número de ações propostas.

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39

Figura 3.11. Melhorias planejadas x melhorias realizadas

Pode-se perceber que o Pilar da Qualidade teve uma boa atuação na tentativa de

solucionar o problema do vazamento do bombom cereja, gerando uma grande integração entre

as áreas de Qualidade, Manutenção, P&D, Produção e dos colaboradores que trabalham na

linha onde é fabricado o bombom cereja. Das ações propostas apenas uma não foi

implementada, mas não deixou de haver tentativas de melhorias para esta proposta.

As ações que dependiam de aprovação da gerência para serem implementadas foram

todas aprovadas, devido ao custo benefício levantado para a gerência. A Tabela 3.3 evidencia

todas as ações que dependiam de gastos para a implementação com os respectivos percentuais

em relação ao faturamento trimestral.

Tabela 3.3. Investimentos para implementação das melhorias

Melhorias % do faturamento

trimestral Substituição do Aquecedor de Moldes 0,016

Substituição de bicos, buchas, anéis de vedação, rolamentos (manutenção corretiva) 0,019 Fabricação de peneira para a dosadora de recheio 0,000

Raspador automático 0,010

Total 0,046

0

2

4

6

8

10

12

14

dez/0

7

jan/08

fev/0

8

mar

/08

Total

Prazos de implantação

Núm

ero

de m

elho

ria

Planejado

Realizado

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40

O total de investimentos com as melhorias implantadas atinge um valor de 0,046% do

faturamento trimestral, sendo que o total de perdas devido às devoluções de bombom cereja

vazando atinge a marca de 0,200% do faturamento trimestral, ou seja, o custo para a

implantação das melhorias é menor do que as devoluções por desvios de qualidade.

O resultado obtido no final do primeiro trimestre de 2008 foi uma redução de 40% das

devoluções de bombom cereja por problema de vazamento em relação ao último trimestre de

2007 (antes da implementação das melhorias), conforme ilustra a Figura 3.12.

0,20

0,12

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

% d

o F

atu

ram

ento

4° Trimestre de 2007 1° Trimestre de 2008

Figura 3.12. Redução das devoluções de franqueados do Bombom Cereja.

Após a implementação das melhorias houve também uma redução de 62,9% nas

reclamações de consumidores relativas ao bombom cereja, como mostra a Figura 4.1. O

número de reclamações do 1° trimestre de 2008 caiu de 27 para 10.

Redução de 40%

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41

27

10

0

5

10

15

20

25

30

Núm

ero

de R

ecla

maç

ões

4° trimestre2007

1° trimestre 2008

Figura 3.13. Número de Reclamações do Bombom Cereja.

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42

4. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Utilizando-se o Estudo de Caso para sanar o desvio de qualidade de vazamento do

bombom cereja foi obtida uma redução de 0,08% das devoluções dos franqueados em relação

ao faturamento, num período de 3 meses, ou seja, uma redução de 40% das devoluções em

relação a esse desvio de qualidade, com um custo total para a implementação das ações de

0,046% em relação ao faturamento da empresa. Isso representa um valor extremamente

satisfatório, pois as medidas adotadas apresentaram um baixo custo com um grande benefício

trazido para a empresa, que é a queda das devoluções e reclamações de consumidores.

As devoluções e as reclamações de consumidores não foram sanadas completamente,

conforme observado nos indicadores do primeiro trimestre de 2008 (0,12% de devoluções e

10 reclamações de consumidores devido ao vazamento do bombom cereja). Em relação às

devoluções pode-se dizer que os franqueados ainda estavam recebendo produtos fabricados

antes da implementação das ações de melhoria, que estavam em estoque, podendo ter gerado

as devoluções mencionadas. Em relação às reclamações de consumidores pode-se dizer que o

período de 3 meses não é suficiente para ser realizada uma análise completa dos dados, pois

os produtos que estavam no mercado, fabricados antes das implementações das melhorias

ainda estão sendo vendidos nas franquias, podendo ter gerado as reclamações apresentadas no

primeiro trimestre de 2008. Como a rastreabilidade dos lotes da empresa é semanal isso

dificultou a identificação dos produtos com desvio de qualidade, se fabricados antes ou após a

implementação das ações de melhoria.

Será necessário realizar novas avaliações dos resultados e verificar se as ocorrências

das devoluções e reclamações de consumidores continuam reduzindo para se certificar que as

ações implementadas foram suficientes para sanar o desvio de qualidade ou se será necessário

realizar novas melhorias, além da melhoria do recheio do produto, que ainda não foi

implementada.

Esse Estudo de Caso não pode ser avaliado isoladamente, apenas pela redução dos

custos com devolução e pela redução de reclamação dos consumidores, pois o desvio de

qualidade do bombom cereja implicava em uma série de outros impactos negativos na

empresa, tais como a insatisfação dos franqueados e consumidores, a redução das vendas com

conseqüente queda do faturamento, as perdas e reprocesso durante as etapas de fabricação do

produto, a perda de competitividade no mercado. Todos esses fatores provocados pelo desvio

de qualidade que gerava os maiores impactos negativos na empresa são resolvidos e ela

apresenta melhorias como um todo com esse desvio de qualidade sanado.

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43

Pode-se concluir, através desse projeto, que foi essencial reduzir o desvio de qualidade

que gerava os piores impactos na empresa e que o Estudo de Caso é uma boa metodologia

para encontrar todas as possíveis causas do problema, resolvê-las de forma integrada entre as

áreas e trazer os benefícios supracitados.

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