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Universidade Católica Dom Bosco

BRUNA RODRIGUES BARBOSA 149418

HERICA DA SILVA SANTOS 146063

JUSTINE DE ALMEIDA FARIAS 149261

PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

CAMPO GRANDE

NOVEMBRO 2015

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Universidade Católica Dom Bosco

BRUNA RODRIGUES BARBOZA 149418

HERICA DA SILVA SANTOS 146063

JUSTINE DE ALMEIRA FARIAS 149261

PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

Projeto de intervenção em uma rede de atendimento à homens gays ebissexuais

O presente trabalho trata-se de um projeto deintervenção realizado pelas acadêmicas do oitavosemestre, do curso de Psicologia, como requisito denota parcial da disciplina Psicologia Comunitária,ministrada pela Prof, Andrea Cristina CoelhoScisleski.

CAMPO GRANDE

NOVEMBRO 2015

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O presente trabalho trata-se de uma análise institucional, seguida de uma

ideia de proposta de intervenção, realizado com base em informações colhidas na

rede APOLO, uma instituição para homens gays e bissexuais. A escolha por essa

instituição em particular se deu pelo interesse do grupo em investigar sobre um

ambiente em que se acolhem pessoas que são excluídas do resto da sociedade.

 A Rede APOLO, é voltada para o publico LGBT, especificamente para

Homens Gays e Bissexuais, porém, é um projeto social, que age em conjunto com

outros projetos que acolhem minorias de outros segmentos, como: idosos, negros,

lésbicas, etc. Entre os associados da Apolo, têm professores, biólogos, militares,

advogados, empresários, jornalistas, farmacêuticos, dentistas, médicos, enfermeiros,

servidores públicos, músicos e artistas, assistente social, psicólogos, veterinários,publicitários, profissionais da beleza, entre outros.

 A proposta inicial do trabalho é fazer uma investigação sobre os aspectos

que são encontrados na instituição, e a partir disso elaborar um projeto de

intervenção, com base na demanda e oferta observada.

 A possibilidade de intervenção se deu devido a essa investigação realizada

através entrevistas com o diretor e alguns associados.

Para a elaboração técnica do mesmo alguns conceitos de Baremblit (2002)sobre análise institucional, além de algumas questões importantes de Bauman

(2013), acerca do que consideramos ser uma comunidade, e outros autores que

consideramos relevantes para o desenvolvimento da proposta.

Junto aos conceitos de Baremblitt, é de extrema importância deixar bem

localizado a psicologia comunitária, pois ela “dedica-se a estudar, compreender e

intervir no cenário de questões psicossociais que caracterizam uma comunidade”

(SCARPARO & GUARESCHI, p. 103, 2007).

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1. JUSTIFICATIVA 

O presente trabalho buscou compreender como funciona a Apolo  – Rede deHomens Gays e Bissexuais de Mato Grosso do Sul, bem como suas características

e particularidades, a fim de analisar oferta e demanda para montar um projeto de

intervenção junto a essa rede que atua em prol dos amplos Direitos Humanos e,

estritamente, dos direitos LGBT. A comunidade pesquisada se deu pela proximidade

social e pessoal das acadêmicas com a temática. O objetivo e importância de

realizar esse projeto são os de contribuir com a construção de um espaço gerador

de maior autonomia, solidariedade e transformação social, entre os seus, mas não

só à comunidade LGBT – homens gays e bissexuais – mas junto à todas as pessoas

que sofram pelas estruturas engessadas da nossa sociedade, assim como a própria

Rede Apolo faz questão de trabalhar: em prol de todas as minorias excluídas

socialmente – mesmo sendo voltada à um público específico.

2. HISTÓRICO E CARACTERIZAÇÃO  – APOLO: REDE DE HOMENS GAYS E

BISSEXUAIS DE MATO GROSSO DO SUL

 A Rede de Homens Gays e Bissexuais de Mato Grosso do Sul, denominada

como Rede Apolo, foi fundada e constituída em 31 de outubro de 2013. Trata-se de

uma associação civil autônoma, de direito privado, sem fins lucrativos, com tempo

indeterminado de duração, é composta de número ilimitado de associados que

devem ser obrigatoriamente homens gays ou homens bissexuais; rege-se pelo seu

Estatuto e demais normas de direito que lhes são aplicáveis; e tem como área de

abrangência/atuação o território do Estado de Mato Grosso do Sul.

 A Rede Apolo tem como objetivos principais mediante projetos e ações

sociais, culturais e políticas, defender e promover amplamente os Direitos

Humanos e, estritamente os Direitos Humanos LGBT, combatendo toda e qualquer

forma de discriminação por raça, etnia, sexo, nacionalidade, classe social ou

profissional, ideologia política, convicção religiosa, orientação sexual, identidade de

gênero etc.

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O nome escolhido para e rede (APOLO) faz referência ao deus grego

homônimo do Sol, assim, simbolicamente, a entidade − como o referido deus −

nasce com o intuito de “trazer luz” àqueles que necessitarem de defesa.

O homem estilizado no símbolo da rede representa a Humanidade e está

centralizado no sol por ser, assim como os Direitos Humanos e os Fundamentais, o

foco central da Rede Apolo. Sua cor preta significa a igualdade, bem como a

neutralidade da instituição, que não fará nenhum tipo de diferenciação ao ser

humano em suas ações. Os raios de sol novamente fazem reverência à simbologia

grega do sol do Deus Apolo, cujas cores simbolizam a diversidade humana.

 A Rede Apolo, no momento, não possui estrutura física, sendo, deste modo,

realizadas as reuniões da diretoria nas casas dos membros e as reuniões de toda arede em locais cedidos ou alugados, como casas de shows, clubes e outros lugares.

 A presidência conta com cinco cargos fixos. São eles: Presidente,

Presidente Adjunto, Financeiro, Comunicação e Projetos. Esses cargos são

indicados e votados por todos os associados. Existe também as comissões, sendo

que cada uma possui um presidente; são elas: Comissão da Educação, Comissão

Jurídica, Comissão da Cultura e Comissão da Juventude. E por último, existe o

conselho fiscal composto por três pessoas e responsável por manter tudoorganizado e funcionando. O total de associados, com ou sem cargos, é de 80

pessoas.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O conceito de Comunidade é dado por Pereira (2002) e citado por Soares,Massaro e Campanine (2010), quando diz que dentro da sociedade há subgrupos

que são percebidos muitas vezes como diferentes. Ele afirma que:

“(...) a comunidade é caracterizada por uma forte coesão baseadano consenso espontâneo dos indivíduos; um subgrupo dentro dasociedade, percebido ou se percebendo como diferente, em algunsaspectos, da sociedade mais ampla. (...)” (PEREIRA, 2002, apudSOARES, MASSARO e CAMPANINE, 2010)

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Nesse contexto, ainda de acordo com as autoras acima, seria dever do

Estado atender as necessidades básicas desses grupos, com as concepções,

planos diretivos e execuções, ou seja, gerenciá-los.

Para viver em comunidade, devemos ter liberdade e segurança, porém elas

geram grande tensão, mas por outro lado, são indispensáveis uma à outra como

discute Bauman (p24, 2003):

 A promoção da segurança sempre requer o sacrifício da liberdade,enquanto esta só pode ser ampliada à custa da segurança. Massegurança sem liberdade equivale a escravidão (e, além disso, semuma injeção de liberdade, acaba por ser afinal um tipo muito insegurode segurança); e a liberdade sem segurança equivale a estar perdido

e abandonado (e, no limite, sem uma injeção de segurança, acabapor ser uma liberdade muito pouco livre). Essa circunstância provocanos filósofos uma dor de cabeça sem cura conhecida. Ela tambémtorna a vida em comum um conflito sem fim, pois a segurançasacrificada em nome da liberdade tende a ser a segurança dosoutros; e a liberdade sacrificada em nome da segurança tende a sera liberdade dos outros. (BAUMAN, 2003)

 A luta do movimento LGBT difere de outros movimentos (como dos negros,

da criança, ou em defesa do meio ambiente), pois este ainda é pela conquista de

seus direitos, direito que qualquer cidadão brasileiro possui e aos LGBT são

negados, por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero. O movimento

LGBT é entendido como uma serie de manifestações sócio-político-culturais em

favor do reconhecimento da diversidade sexual, e de promover interesses dos

homossexuais diante da sociedade brasileira. A população LGBT é caracterizada

como uma minoria carente de atenção por parte do estado, e que é vitima de

preconceito e discriminação diante da sociedade.

O inicio do primeiro movimento LGBT, ficou conhecido como movimentoStonwall, pois aconteceu em um bar com esse nome, situado em Nova Iorque, no

dia 28 de junho de 1969. Gays, lésbicas, travesti e outros, iniciaram uma rebelião,

enfrentaram a policia que estavam ali os repreendendo, utilizaram garrafas e pedras

para se defender; foram para as ruas e isso durou quatro dias de luta, nos quais

resistiram à violência por parte do Estado. Desde então o dia 28 de junho é

conhecido como o dia do orgulho gay e este exemplo foi seguido em diversos

países. (Facchine, 2003)

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 Apesar dos avanços, que diz respeito às Políticas LGBT, é identificado no

cotidiano uma falta de efetividade de políticas públicas para essa população. Foi

exatamente por essa compreensão que a Rede Apolo surgiu, quando, em um

processo de auto-análise, membros desse segmento da sociedade se reuniram para

organizar uma atividade de lazer – Mister Diversidade MS, 2013 – e perceberam que

além de organizar um concurso de beleza, eles poderiam usar suas redes de

contato e sua influência, em prol da militância por direitos humanos, para lutar por

direitos para parte da população LGBT.

Esse processo de auto-análise diz respeito a um conceito de Baremblitt, que

coloca que ele:

Consiste em que as comunidades mesmas, como protagonistas deseus problemas, necessidades, interesses, desejos e demandas,possam enunciar, compreender, adquirir ou readquirir umpensamento e um vocabulário próprio que lhes permita saber acercade sua vida, ou seja: não se trata de que alguém venha de fora ou decima para dizer-lhes quem são, o que podem, o que sabem, o quedevem pedir e o que podem ou não conseguir. (BAREMBLITT, 2002)

Essa auto-análise, portanto, seria o processo de fazer com os participantes

de um coletivo utilizem seu próprio saber para fazer um levantamento de suas

verdadeiras necessidades e de seu potencial para resolver as mesmas, com ou sem

a ajuda de um especialista convidado pelo grupo, sendo este merecedor da total

confiança dos membros do coletivo.

 Ao seu reunirem para construir os modos para produzir aquilo à que se

propuseram, eles fizeram também um processo de auto-organização ou auto-

gestão. A respeito desses dois processos e da definição deste ultimo, Baremblitt,

2002, coloca que:

Este processo de auto-análise das comunidades é simultâneo aoprocesso de auto-organização, em que a comunidade se articula, seinstitucionaliza, se organiza para construir os dispositivosnecessários para produzir, ela mesma, ou para conseguir osrecursos de que precisa para a manutenção e o melhoramento desua vida sobre a terra. (BAREMBLITT, 2002)

 A auto-gestão, portanto, visa fazer os coletivos descobrirem e colocar emprática todo o seu saber acerca de si mesmos, para que os membros descubram o

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que constitui suas verdadeiras necessidades, o que está impedindo o alcance de

seus objetivos e o crescimento de seus membros enquanto indivíduos e

componentes de uma verdadeira equipe.

Segundo o mesmo autor, essa auto-análise só pode ser feita pelas

comunidades se elas construírem um dispositivo no seio do qual essa produção

possa se realizar. Para isso, é necessário que eles se unam em assembleias, em

grupos para discutir sobre o tema; é preciso que chamem experts para se aliarem e

se ajudarem. Para esclarecer o significado de Experts, temos que:

[...] nossa civilização tem produzido um saber acerca de seupróprio funcionamento como objeto de estudo e tem geradoprofissionais, intelectuais, experts que são os conhecedores dessaestrutura e do processo dessa sociedade em si. Esses conhecedorestêm-se colocado, em geral, a serviço das entidades e das forças quesão dominantes em nossa sociedade. (BAREMBLITT, 2002)

 A capacidade de solucionar os problemas que foram levantados na auto-

análise também deve ser buscada dentro do próprio grupo, ou seja, dentro das

potencialidades dos membros, para que inventem as estratégias de solução.

Essas comunidades precisam se dar condições para produzir esse saber e sedesligar da ideologia do saber dominante.

É importante salientar que, mesmo os experts geralmente trabalharem a

serviço das entidades e forças dominantes na sociedade, e, portanto serem aqueles

sábios que tomaram o lugar do saber popular, isso não significa necessariamente

que os coletivos devam ignorar por completo os mesmos, “[...] porque, sem dúvida,

com sua disciplina e seus instrumentos, eles têm acumulada uma quantidade de

conhecimento importante e não inteiramente alienado, não necessariamentedistorcido, ou seja: produtivo.” (BAREMBLITT, 2002) 

Um dado relevante da Rede, é que ela foi formada pelos coletivos desse

segmento da sociedade, e inseridos neles estão vários experts em diversas áreas,

como advogados, médicos, professores, assistentes sociais, psicólogos e outros,

com conhecimentos que contribuem e são fundamentais para o funcionamento da

rede e parte de sua demanda. Portanto, é uma rede já articulada e sem hierarquia,

soberania e jogos de poder.

Dentro da rede já existe um psicólogo entre os associados, que por vezes

atua em sua área em benefício da comunidade, mas este encontra-se fora do estado

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e, portanto, não podendo contribuir no momento. Em alguns casos, como neste, mas

não apenas pela ausência dele, há a necessidade de incluir outro saber mais

especializado e que venha de fora do grupo. Esse especialista  – expert – não pode

estar submetido àquelas instituições que comandam a vida das pessoas. Portanto,

esse coletivo deve sempre levar isso em conta quando for convidar alguém para

ajudá-lo nessas tarefas. É aí que entra o papel e atuação do saber de fora, de um

psicólogo.

3.1 Oferta

“A demanda não existe por si só”, (Baremblitt, 2002) ela precisa de uma

oferta que vem anteriormente a ela. A oferta da Rede Apolo é, mediante projetos e

ações sociais, culturais e políticas, defender e promover amplamente os Direitos

Humanos e, estritamente os Direitos Humanos LGBT, combatendo toda e qualquer

forma de discriminação por raça, etnia, sexo, nacionalidade, classe social ou

profissional, ideologia política, convicção religiosa, orientação sexual, identidade de

gênero etc. Apesar de apenas gays ou homens bissexuais terem o direto de se

associar, fica claro acima, e no Estatuto da rede, que os serviços prestados são paratodos aqueles que sofram algum tipo de discriminação, ou seja, as chamadas

minorias da sociedade.

 A principal atuação da rede é na questão política, em forma de presença e

participação direta em todos e quaisquer Conselhos e Assembleias que tratem da

temática LGBT, mas em prol dos Direitos Humanos no geral. Entre essas atuações,

têm participações em conferências com propostas transversais que abordam

questões de inclusão, de diversidade e de gênero. Entre essas conferências estão:Conferência da Educação, Conferência da Juventude, Conferência da Saúde e

outras. Nessa última, os membros da Apolo conseguiram incluir propostas para a

saúde da população LGBT; Capacitação dos profissionais que fazem o acolhimento

ou primeiro atendimento às pessoas LGBT nas unidades básicas de saúde, nas

UPAS, nas emergências, principalmente em relação ao nome social; Propostas

relativas ao processo transexualizador; Proposta sobre o investimento no programa

nacional de saúde integral da população LGBT; e outras.

Uma vez ao ano, a Rede Apolo organiza e oferece a Semana Cultural

 Apolo, cujo tema desse ano – 2015 – foi “MS sem Homofobia”. Essa semana é para

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todos os associados e, aberta ao público em geral. É a época do ano mais

movimentada da rede. Nela, em cada dia, é realizado uma tarefa diferente. Primeiro

è feita a solenidade de abertura e a entrega de troféus Apolo Amigos da Causa,

onde os associados homenageiam as personalidades do Estado que contribuíram,

de algum modo, para promover a cidadania LGBT, seja um político, um empresário,

etc. Também são realizados debates com um representante de cada segmento

dessa população, ou seja, uma lésbica, um gay, um bissexual, um ou uma

transexual e transgênero e, uma travesti. Nesse debate são discutidas atualidades a

respeito das questões políticas, principalmente sobre todos os segmentos. Além de

tudo, são feitas diversas apresentações, como desfiles, grupos de dança,

apresentações diversas e presença de atrações famosas no meio LGBT. A SemanaCultural Apolo, como dito anteriormente, é aberta ao público, e de entrada gratuita,

exceto nos dias das atrações famosas, onde ela aproveita para arrecadar fundos

mediante cobrança de entrada.

3.2 Demanda

Devido à oferta da rede ser voltada para projetos, ações sociais, culturais e

políticas, ela gera diversas demandas para a rede. Entre elas podemos citar: Outras

instituições que propõem parcerias e trabalhos com a Apolo, podendo ser algum

projeto cultural, como desfile de moda dos acadêmicos de designer da Universidade

Uniderp, onde a rede irá contribuir com os modelos e com a Comissão Cultural para

ajudar; Propostas de parcerias para palestras sobre Diversidade de Gênero,

Homofobia e outros assuntos relacionados, em instituições acadêmicas e de ofertade cursos técnicos, entre outras atividades.

Devido a todo o trabalho político envolvendo questões legais com bons

resultados e à participações de associados advogados  – experts - , a maior procura

pela rede por aqueles não associados, é envolvendo questões judiciais. Entre os

exemplos recolhidos por depoimentos, temos o caso de um rapaz gay procurou a

rede em busca de auxilio sobre como proceder para deixar uma herança ao seu

parceiro, já que ele estava em estado terminal. Outro exemplo é o caso onde várias

“Trans”  foram presas devido a uma discussão com um taxista. Nesse caso, a

Comissão Jurídica da rede trabalhou indo até a delegacia para saber como elas

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estavam sendo atendidas e prestando auxílio sobre como proceder. Nesse caso, ela

recebeu o chamado através da ATMS.

Como ficou evidenciado, essa instituição atua sem fazer distinção daqueles

que os procuram, como fica claro com a frase dita pelo atual presidente da rede: “A

gente acolhe as pessoas na medida em que elas nos procuram”. 

3.3 Trabalhos e Ações Ofertadas

Os trabalhos desenvolvidos pela Rede Apolo, são feitos, entre outros,

através de algumas ações. Entre ela podemos citar um trabalho desenvolvido no

presídio, na Máxima, de Campo Grande  – MS. Lá, juntamente com a Associaçãodas Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul (ATMS), eles conseguiram um

acordo por escrito com o diretor do local para que os gays e as “trans” possam ficam

em celas separadas, se assim preferirem. Antes da ação, eles fizeram uma

Campanha do Agasalho, divulgada no site da rede, nas redes sociais e pelos

próprios associados, para conseguir doações de roupas, tanto femininas quanto

masculinas, para os presos. Entre as doações também conseguiram um cobertor

para cada um deles, comidas - como panetone, já que era época de natal- e itensbásicos de higiene pessoal. Esses últimos foram o mais gratificantes, pois através

de informação do diretor da Máxima, essa população é que única onde quase 100%

não recebe visita de familiares, devido à vergonha pela orientação sexual e pelos

atos à margem da lei que os colocaram lá. Portanto, esses itens, que geralmente

são levados pelas famílias, essa população em específico não possui.

Outro exemplo de trabalho desenvolvido é a organização de um grupo de

homens gays ou bissexuais para correrem na Volta das Nações; grupo estedestinado a promover a inclusão.

Existem parcerias da rede com outros locais, como por exemplo, a

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) com projeto de grupos de

estudo e pesquisa sobre violência e sexualidade e projeto de extensão sobre

conscientização da população sobre as questões de igualdade de gênero

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4. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

 A partir da revisão da literatura e dos conceitos de Baremblitt, podemos

pensar a respeito da prática do psicólogo junto às instituições que tratem de

questões a respeito de coletivos excluídos da sociedade, nesse caso,

especificamente da Rede Apolo para Homens Gays e Bissexuais de Mato Grosso do

Sul. A caracterização dessa rede foi fundamental para montar a proposta de

intervenção que julgamos ser necessária para acolher as demandas colocadas sem

segundo plano, ou até mesmo não percebidas, inconscientes.

 A partir dos dados levantados, duas coisas se fizeram presentes de modo

evidente. A primeira é que existe uma carência à respeito da divulgação da Apolo.

Essa carência reflete nos poucos associados da Rede, - 80 membros, contando com

a diretoria - isso comparando à quantidade de seguidores que ela possui nas redes

sociais, passando de mil pessoas. A outra evidência é a respeito dos vínculos

formados por essa instituição. A Apolo vêm oferecendo seus serviços há pouco mais

de dois anos de existência. Esses serviços, como já foi dito, são em sua maioria de

questões políticas e jurídicas. Quando a ação é prestada e a rede orienta ou até

mesmo encaminha para outras redes após o auxílio, como a Dedo de Moça,instituição que acolhe lésbicas aqui no Estado, ou a ATMS, não existe uma

continuidade de contato e esse vinculo que foi iniciado ao se prestar o serviço, é

quebrado e a rede continua com seus afazeres, sem tentar uma restituição.

Pensando nesse contexto, fomos à fundo procurar junto ao diretor, um

público específico dentro das pessoas que, de alguma forma, passaram pela rede.

Essa pesquisa nos mostrou dois subgrupos: os de transgêneros e transexuais.

Dentro deles, separamos os “trans” e as “trans”. As “trans” sendo pessoas do sexomasculino e de gênero feminino. E os “trans”, aqueles de sexo feminino e de gênero

masculino. O nosso público alvo irá se limitar a essa segunda categoria.

Essa escolha se deve a dois motivos. O primeiro é o fato de existir pouco

trabalho específico para essa subcategoria, devido ao fato dos números se

apresentarem menores para a rede, em relação à outra. Isso, no entanto, não

invalida a necessidade de voltar o olhar para essas pessoas. O segundo motivo é

que elas se encaixam nos critérios de associados da instituição. Atualmente o

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Estatuto ainda não possui um artigo onde diz ser permitido que “Trans” possam se

associar, mas de acordo com o presidente, na prática já existe a permissão.

 A ATMS  – Associação de Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul,

acolhe essa população. No entanto, levamos em consideração a partir do que é

percebido pelos próprios membros da população LGBT, que essas pessoas

possuem o desejo de se encaixarem de forma ainda mais específica nesse meio.

Infelizmente, constatamos que esses auxílios prestados não são

documentados, de forma que não podemos trabalhar com números certos e, o único

contato com essas pessoas é através de números de celular, que podem não ser

mais os mesmos hoje em dia, e talvez, através das outras instituições para onde

foram encaminhados em busca de outras possibilidades. Devido à essa realidade,fizemos um levantamento informal da quantidade, e junto com o presidente da

 Apolo, chegamos à conclusão que em dois anos de existência da rede, ela auxiliou

“Trans” de modo geral, e dessas “Trans”, cerca de 30% foram pessoas do sexo

feminino e de gênero masculino.

 A partir desses dados, delineamos o público alvo e a proposta de

intervenção. Essa será realizada durante 8 meses. O primeiro mês foi destino à

análise da instituição e caracterização da mesma, através de quatro visitas eencontros com o presidente e alguns associados, a fim de coletar todas as

informações possíveis que serão pertinentes para a elaboração do projeto.

O segundo mês será utilizado para procurar e entrar em contato,

pessoalmente, com esses “Trans” que já foram auxiliados pela Apolo para fazer uma

restituição de vínculos. Esse processo irá ser feito durante todo o mês, exceto aos

finais de semana e realizado pelas estagiárias de psicologia.

No contato com esses indivíduos, será apresentada a finalidade da procurae a proposta de reaproximação. Essas pessoas terão a oportunidade de restituir

vínculo com a instituição e serem beneficiadas com isso.

Os contatos terminarão quando conseguirmos reunir 15 membros para

participarem. Os outros serão contatados posteriormente mediante os resultados

desse período de intervenção.

 Após a reunião de todos, e a partir do terceiro mês até o sétimo, irá

acontecer a proposta terapêutica do projeto, que é a formação de um Grupo

Operativo, com categoria de grupo Temático. Os grupos Operativos são grupos de

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ensino-aprendizagem, através da técnica de “Grupos de Reflexão”. Eles são

indicados para Instituições e Ações Comunitárias.

 A técnica dos grupos operativos começou a ser sistematizada porPichon-Rivière, médico psiquiatra, a partir de uma experiência nohospital de Las Mercedes, em Buenos Aires, por ocasião de umagreve de enfermeiras. Esta greve inviabilizaria o atendimento aospacientes portadores de doenças mentais no que diz respeito àmedicação e aos cuidados de uma maneira geral. Diante da falta dopessoal de enfermagem, Pichon- Rivière propõe, para os pacientes“menos comprometidos”, uma assistência para com os “maiscomprometidos”.  A experiência foi muito produtiva para ambos ospacientes, os cuidadores e os cuidados, na medida em que houveuma maior identificação entre eles e pôde-se estabelecer uma

parceria de trabalho, uma troca de posições e lugares, trazendocomo resultado uma melhor integração (BASTOS, 2010).

Essa técnica se configura a partir de um trabalho com grupos. Esses grupos

têm como objetivo promover algum tipo de aprendizagem para os seus membros.

Bastos (2010), afirma ainda que “ Aprender em grupo significa uma leitura crítica da

realidade, uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as novas

inquietações”.

Esses encontros acontecerão duas vezes ao mês, isso devido ao poucotempo dos membros da diretoria de conseguirem se reunir. Essa pouca disposição

de tempo se deve ao fato da rede ser formada apenas por voluntários, e estes terem

empregos externos e outros afazeres. Essas datas serão decididas mediante uma

reunião com toda a presidência e Comissões, para estabelecer o melhor para todos.

É necessário que estejam presentes pelo menos um membro de cada Comissão e o

presidente, para comporem o grupo.

O primeiro encontro se destinará a estabelecer vínculo, o contrato grupal, edefinir o tema das sessões que será “O processo transexualizador ”. De início, os

membros serão convidados a contarem sua história como pertencentes a esse

segmento da sociedade e depois será aberto à discussões a respeito de tudo o que

envolve ser Transexual em nossa sociedade. Aqueles associados da rede que

estarão compondo o grupo, poderão contribuir mesmo não obedecendo aos critérios

da população escolha para restituir o vínculo. Eles servirão como mediadores.

No último mês, o primeiro encontro será destinado ao encerramento do grupoe discussão dos resultados e da apropriação dos membros sobre os conteúdos

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referentes ao Processo Transexualizador. Nesse encontro, os membros presentes

da diretoria poderão pensar a respeito de uma possível renovação do contrato com

as estagiárias, dando continuidade ao trabalho. Será papel da diretoria, discutir com

os outros associados a respeito da visão pessoal deles sobre todo o processo.

Nesse encerramento, terá um Coffee Breake, para confraternização de todos os

participantes.

O último encontro será apenas com os associados da rede para fazer a

devolutiva do relatório referente a todo o processo e discussão dos mesmos.

Durante todos os encontros serão distribuídos panfletos de divulgação da

Rede Apolo e do trabalho de Grupo oferecido.

O objetivo dessa proposta de intervenção é, além de divulgar a rede e restituirvínculos, - abrindo para novas possibilidades – acolhendo outras pessoas através de

práticas diferenciadas, é utilizar o grupo como ferramenta de transformação da

realidade, fazendo, deste modo, com que as pessoas envolvidas estabeleçam

relações grupais que irão se configurar na medida em que começarem a

compartilhar objetivos comuns e participar no grupo de forma crítica e criativa.

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5. ORÇAMENTO

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REFERÊNCIAS

BAREMBLIT, Gregorio F. (2002.) Compêndio de análise institucional e outrascorrentes: teoria e prática, 5ed, Belo Horizonte, MG: Instituto Felix Guattari (CAP1,2 e 6).

Bastos ABBI. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e HenriWallon. PsicólogoinFormação. 2010 Jan-Dez; 14(14):160-9.

BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Riode Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

CAMPANINI, K.S.M., SOARES, A.F.B, KARLUZE, A.C.M. O papel do Psicólogo junto ao movimento LGBTTT. Londrina, 2010. 

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