Rainer m. Guasti

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RAINER MANTOVANI GUASTI SOLUÇÃO WIRELESS PARA REDES DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO Ouro Preto, 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO CECAU

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RAINER MANTOVANI GUASTI

SOLUÇÃO WIRELESS PARA REDES DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE

CONTROLE E AUTOMAÇÃO

Ouro Preto, 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS

COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO – CECAU

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RAINER MANTOVANI GUASTI

SOLUÇÃO WIRELESS PARA REDES DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Monografia apresentada ao

Curso de Engenharia de

Controle e Automação da

Universidade Federal de Ouro

Preto como parte dos requisitos

para a obtenção do Grau de

Engenheiro de Controle e

Automação.

Orientador: Prof. Dra. Karla

Boaventura Pimenta Palmieri

Ouro Preto

Escola de Minas – UFOP

Abril/2012

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EPÍGRAFE

“Tudo o que um sonho precisa para ser

realizado é alguém que acredite que ele

possa ser realizado.”

Roberto Shinyashiki

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que me

apoiaram nesta etapa da minha vida, em

especial, aos meus pais e ao meu irmão pelo

grande apoio, à minha família, amigos e mestres

pelo incentivo proporcionado.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, por me dar sabedoria e confiança na busca de novas conquistas que façam

parte da minha história.

Aos meus pais, Marcos e Elizabeth, por serem a minha referência de vida, sempre me

proporcionando todo o apoio e incentivo que necessito em cada caminhada.

Ao meu irmão Renner, que sempre depositou toda sua confiança na minha pessoa e sempre

me incentivou, por ser o meu grande amigo e um grande contribuinte na conquista deste

sonho.

A todos os meus amigos, em especial amigos de Ouro Preto e amigos da Automação, que

sempre estiveram do meu lado e contribuíram bastante para a minha formação acadêmica.

A Samarco Mineração S.A., em especial aos funcionários da GEPA, pelos ensinamentos e

apoio para a realização deste trabalho e pela grande oportunidade que me proporcionaram.

A todos os professores e funcionários da grandiosa Escola de Minas, em especial a professora

Karla, que contribuíram de alguma forma para minha conquista.

E, por fim, a minha eterna e grandiosa casa, REPÚBLICA FORMIGUEIRO, todos os

Formigas e Ex-alunos, que são uma minha família para mim, por todos os ensinamentos e

onde vivi os melhores anos da minha vida.

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RESUMO

Atualmente, as redes de comunicação industrial são parte fundamental nos processos

industriais. O grande desenvolvimento das indústrias se deve ao fato de haver comunicação

em tempo real entre os equipamentos e salas de controle, podendo ser resolvidos problemas

que venham acontecer sem grande perda de tempo, potencializando a produção. As redes

wireless apresentam-se como uma grande evolução da comunicação, antes usadas para fins

pessoais, estão sendo empregadas nas indústrias, com o principal objetivo de aprimorar a

comunicação e proporcionar o desenvolvimento. Através do amplo estudo das redes

industriais e, principalmente, das redes sem fio, é apresentado a diversidade das redes de

comunicação, as características e os benefícios de uma solução wireless no meio industrial, os

requisitos para implantação destas redes nas indústrias. Além disso, há um estudo de caso no

qual se mostra o emprego de uma rede wireless em uma empresa mineradora de minério de

ferro, apresentando todas as premissas para implantação dessa rede, evidenciando as

vantagens das redes wireless em relação às redes cabeadas na comunicação dos equipamentos

de uma mina a céu aberto.

Palavras-Chave: Comunicação industrial; rede sem fio; wireless.

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ABSTRACT

Currently, industrial communication networks are a fundamental part in industrial

processes. The great development of industry is due to the fact that there are real-time

communication between devices and control rooms, which can be solved problems that

may occur without great loss of time, increasing production. Wireless networks present

themselves as a great evolution of communication, once used for personal purposes, are

being employed in industries with the primary goal of improving communication

and providing development. Through the extensive study of industrial networks and

especially wireless networks, is presented the diversity of communication networks, the

features and benefits of a wireless solution in the industrial environment, the requirements for

deployment of these networks in the industry. Moreover, there is a case study in

which shows the use of a wireless network in a company mining iron ore, with all the

premises for implementation of this network, showing the advantages of wireless

networks compared to wired networks in the communication of equipment for an open pit

mine.

Keywords: Industrial communication; wireless network; wireless.

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Lista de Figuras

Figura 2.1 - Níveis da pirâmide de automação e as redes industriais. .................................... 19

Figura 2.2 - Topologia de uma rede AS-i.............................................................................. 20

Figura 2.3 - Os protocolos MODBUS. ................................................................................. 22

Figura 2.4 - Configuração da rede Fieldbus. ......................................................................... 24

Figura 2.5 - Exemplo de rede DeviceNet. ............................................................................. 26

Figura 2.6 - Topologia típica de uma rede Interbus. .............................................................. 29

Figura 2.7 - Sobreposição do sinal digital ao sinal 4-20mA através do protocolo HART. ..... 30

Figura 2.8 - Exemplo de uma rede PROFIBUS com as variantes PROFIBUS DP e PA. ....... 33

Figura 2.9 - Interligação entre o chão de fábrica e redes corporativas através da Ethernet

Industrial. ............................................................................................................................. 36

Figura 3.1 – Classificação das redes wireless e seus principais componentes ........................ 40

Figura 3.2 - Antenas utilizadas em ambientes industriais. ..................................................... 42

Figura 3.3 - Topologia ponto a ponto. .................................................................................. 43

Figura 3.4 - Topologia estrela............................................................................................... 44

Figura 3.5 - Topologia árvore. .............................................................................................. 44

Figura 3.6 - Topologia mesh ................................................................................................. 45

Figura 3.7 - Topologia de rede híbrida.................................................................................. 46

Figura 4.1 - Topologias existentes para redes WirelessHART. ............................................. 58

Figura 5.1 - Mapa topográfico da mina de Alegria 6. ............................................................ 65

Figura 5.2 – Distribuição dos pontos na área da mina. .......................................................... 66

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Figura 5.3 - Efeito Multipath. ............................................................................................... 68

Figura 5.4 - Solução com padrão 802.11a. ............................................................................ 70

Figura 5.5 - Solução com padrão 802.16d. ........................................................................... 71

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Características da rede ControlNet. ................................................................... 27

Tabela 3.1 - Classificação dos protocolos de comunicação wireless...................................... 49

Tabela 4.1 – Propriedades do protocolo WirelessHART. ...................................................... 57

Tabela 4.2 - Propriedades da tecnologia ISA SP 100.11a. ..................................................... 60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 15

1.1 Objetivos .................................................................................................................. 16

1.2 Metodologia ............................................................................................................. 16

1.3 Estrutura do Trabalho ............................................................................................ 17

2 REDES DE COMUNICAÇÃO INDUSTRIAL ......................................................... 18

2.1 AS-i – Actuator Sensor Interface ............................................................................ 19

2.2 Modbus .................................................................................................................... 21

2.3 Foundation Fieldbus ................................................................................................ 23

2.4 DeviceNet ................................................................................................................. 25

2.5 ControlNet ............................................................................................................... 26

2.6 Interbus .................................................................................................................... 28

2.7 HART – Highway Adressable Remote Transducer .................................................. 29

2.8 PROFIBUS .............................................................................................................. 31

2.9 Ethernet Industrial .................................................................................................. 34

3 A TECNOLOGIA WIRELESS ................................................................................... 37

3.1 Classificação das Redes Wireless ............................................................................. 38

3.1.1 Wireless Personal Area Network (WPAN) ........................................................... 38

3.1.2 Wireless Local Area Network (WLAN) ................................................................ 38

3.1.3 Wireless Metropolitan Area Network (WMAN) ................................................... 39

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3.1.4 Wireless Wide Area Network (WWAN) ................................................................ 39

3.2 Estrutura de uma Rede Wireless ............................................................................. 40

3.2.1 Antenas ................................................................................................................. 41

3.2.2 Topologias das Redes Wireless............................................................................. 42

3.3 Tecnologia de Transmissão de Sinais Wireless ....................................................... 46

3.4 Os Padrões de Comunicação ................................................................................... 48

3.4.1 Padrão IEEE 802.11 ............................................................................................. 49

3.4.2 Padrão IEEE 802.15 ............................................................................................. 50

3.4.3 Padrão IEEE 802.16 ............................................................................................. 51

4 O WIRELESS NAS INDÚSTRIAS ............................................................................. 53

4.1 Vantagens da Comunicação Wireless...................................................................... 54

4.2 Padronização das Redes Wireless Industriais ......................................................... 55

4.2.1 WirelessHART ..................................................................................................... 56

4.2.2 Norma ISA SP 100.11a ........................................................................................ 58

4.3 Segurança das Redes Wireless Industriais .............................................................. 61

5 ESTUDO DE CASO: IMPLANTAÇÃO DE UMA REDE WIRELESS NO

SISTEMA DE AUTOMAÇÃO DE UMA MINERADORA ............................................. 63

5.1 Considerações Iniciais ............................................................................................. 63

5.2 Objetivo do Projeto ................................................................................................. 64

5.3 Atividades para Implantação da Rede Wireless ..................................................... 64

5.3.1 Determinação do Local de Instalação dos Equipamentos .................................. 64

5.3.2 O Ambiente e os Equipamentos........................................................................... 66

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5.4 A Escolha da Tecnologia ......................................................................................... 67

5.5 Conclusão sobre o Projeto ....................................................................................... 71

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 74

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1 INTRODUÇÃO

As redes industriais passaram a ter fundamental importância no sistema produtivo a partir do

momento em que o avanço da tecnologia acarretou na necessidade de integração entre

máquinas e sistemas de controle. Para que se possa ter eficiência na produção, é necessário

que haja constantes trocas de informações, de maneira rápida e segura, entre os componentes

do processo produtivo. Desta forma, é possível supervisionar e controlar determinado

processo com maior facilidade e agilidade.

A tecnologia de redes wireless, ou seja, redes que não dispõem de cabos para se

comunicarem, conhecidas como redes sem fio, já é bastante aceita nas indústrias. Ela é uma

alternativa às redes convencionais ou cabeadas, por fornecerem as mesmas funcionalidades,

porém, de maneira flexível e de fácil implantação em áreas industriais e prediais.

Nas indústrias, os sistemas wireless eram utilizados somente para aquisição de dados. Porém,

com o desenvolvimento de novos padrões de redes sem fio, a comunicação industrial via

wireless adquiriu novas aplicações, como o controle de plantas industriais. Ao se escolher

uma tecnologia wireless, as indústrias buscam, de maneira geral, o melhor equilíbrio de

desempenho entre consumo energético dos transmissores, velocidade de transmissão de dados

e confiabilidade, sempre associados às necessidades específicas e inerentes de cada aplicação.

Segundo Tres e Becker (2009), o uso de redes sem fio em automação industrial não é

motivada apenas pela retirada dos cabos (fonte constante de manutenção no chão de fábrica),

mas também pelas próprias aplicações, como no caso dos Automated Guided Vehicles

(Veículos Autônomos de Transporte - AGVs), nas manutenções à distância em ambientes

hostis, onde se torna imprescindível a comunicação sem fio. Além disso, a ausência de

cabeamento facilita consideravelmente à reordenação de equipamentos em chão de fábrica.

No entanto, estas consideráveis facilidades adquiridas pela implantação das redes sem fio

também podem proporcionar algumas desvantagens. Devido à facilidade de instalação e

configuração dos equipamentos dessas redes, a segurança muitas vezes é afetada e passível de

verificação, deixando as redes sem fio vulneráveis a ataques de pessoas mal intencionadas.

Geralmente, isto acarreta uma grande resistência por parte dos usuários, principalmente nos

setores industriais. Porém, este problema não significa que as redes sem fio sejam inseguras.

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Como as informações que transitam pelas redes nas indústrias são de fundamental

importância e muitas vezes sigilosas, se faz necessário que se dê grande atenção à segurança

das redes. Sendo assim, torna-se necessário o uso de mecanismos de segurança mais eficientes

para fazer uma monitoração mais eficaz da rede, minimizando as vulnerabilidades da

tecnologia wireless.

1.1 Objetivos

O objetivo deste trabalho é estudar a tecnologia wireless e suas aplicações no campo das redes

industriais, conhecendo suas características e tendências, a fim de comparar esta tecnologia

com algumas redes de comunicação mais comuns aos sistemas de automação industrial,

destacando os seus benefícios.

1.2 Metodologia

Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizado um amplo estudo acerca dos tipos de

redes de comunicação mais utilizados nas indústrias, com o propósito de comparar estas às

redes sem fio e demonstrar os benefícios da solução wireless nos sistemas de automação

industrial.

Foram feitas pesquisas bibliográficas sobre as redes wireless e suas aplicações industriais,

demonstrando os aspectos a serem considerados para um melhor planejamento e implantação

deste tipo de redes nos sistemas de automação industrial, tais como a geografia, os padrões e

as arquiteturas de redes.

Será apresentado um exemplo de aplicação das redes wireless, em que se destaca a solução de

uma conexão wireless na área de controle e automação de processos em uma indústria de

mineração.

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Por fim, apresentar-se-ão as conclusões sobre a evolução das soluções wireless na automação

industrial.

1.3 Estrutura do Trabalho

Este trabalho é estruturado da seguinte forma:

No capítulo dois são abordados alguns tipos de redes de comunicação industrial com o intuito

de se fazer uma comparação destas tecnologias com as redes wireless.

No capítulo três são apresentados os conceitos sobre as redes wireless, os padrões e as

arquiteturas das redes sem fio, assim como outros aspectos a serem considerados nos

planejamentos de implantação de redes.

No capítulo quatro são abordados assuntos sobre as redes wireless industriais, tais como as

vantagens, os padrões industriais e a segurança dessas redes.

No capítulo cinco apresenta-se um estudo de caso de sistemas de automação industrial

controlados por redes sem fio para controle e supervisão de equipamentos em uma mina a céu

aberto de uma mineradora de minério de ferro.

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2 REDES DE COMUNICAÇÃO INDUSTRIAL

De todas as tecnologias associadas ao controle industrial, as redes de comunicação é a que

sofreu maiores evoluções na última década, seguindo, aliás, a tendência global de evolução

das comunicações que se tem evidenciado, praticamente em todos os ramos de atividade,

desde as telecomunicações móveis, à Internet, à comunicação sem fios (wireless), entre outras

(BORGES, 2007).

A utilização de redes de comunicação é de suma importância, pois estas garantem a rapidez

na comunicação e na transmissão de dados, bem como o uso de mecanismos padronizados,

características que são a base para o desenvolvimento de uma indústria, no que se diz respeito

à eficiência do processo produtivo, buscando sempre a excelência operacional.

Quanto mais informação, melhor uma planta pode ser operada e sendo assim, mais produtos

pode gerar e mais lucrativa pode ser. A informação digital e os sistemas verdadeiramente

abertos permitem que se coletem informações dos mais diversos tipos e finalidades de uma

planta, de uma forma interoperável e como ninguém jamais imaginou. Neste sentido, com a

tecnologia Fieldbus (Foundation Fieldbus, Profibus, HART, DeviceNet, Asi, etc.) pode-se

transformar preciosos bits e bytes em um relacionamento lucrativo e obter também um ganho

qualitativo do sistema como um todo. Não basta apenas pensar em barramento de campo,

deve-se estar atento aos benefícios gerais que um sistema de automação e controle possa

proporcionar (CASSIOLATO, 2011).

As redes industriais possuem a função de interligar diferentes níveis hierárquicos dos sistemas

de automação, sendo utilizadas nos níveis de campo, planta e controle. O nível de campo

equivale aos sensores e atuadores, os quais possuem as características de aquisição das

variáveis e atuação sobre os equipamentos do chão de fábrica. O nível da planta é onde se

realiza a supervisão e o gerenciamento de todo o processo produtivo, através dos sistemas de

supervisão, possuindo estes as funções de supervisionar, planejar, comandar e armazenar

todos os dados do processo produtivo. Já no nível de controle é possível obter a autonomia

sobre as ações do nível de campo, dependente dos comandos aplicados pelo nível da planta.

Sendo assim, pode-se ter o controle em tempo real, oferecendo uma maior segurança e uma

maior capacidade de decisão ao sistema industrial.

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A interligação entre os níveis hierárquicos da automação dos processos industriais é realizada

utilizando várias tecnologias diferentes de redes (Figura 2.1). Algumas destas tecnologias

estão descritas a seguir.

Figura 2.1 - Níveis da pirâmide de automação e as redes industriais.

Fonte: CASSIOLATO, 2011.

2.1 AS-i – Actuator Sensor Interface

Segundo Stemmer (2001) e Cassiolato (2011), o sistema AS-i foi desenvolvido por um

consórcio de 11 empresas bem sucedidas na Alemanha em 1990 e introduzido no mercado em

1993. Consiste em um sistema de barramento para redes de sensores e atuadores,

denominado Actuator Sensor Interface, tais como chaves de fim-de-curso, sensores de

proximidade indutivos e capacitivos, relés, válvulas, entre outros elementos periféricos. Esse

sistema surgiu para atender a alguns requisitos definidos a partir da experiência de seus

membros fundadores e para suprir o mercado cujo nível hierárquico é orientado a bit. Desta

forma, a rede AS-i foi concebida para complementar os demais sistemas e tornar mais simples

e rápida as conexões entre sensores e atuadores com os seus respectivos controladores.

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Este sistema é considerado um dos mais viáveis para a comunicação entre os elementos de

campo, devido a sua economicidade e compatibilidade. A rede AS-i é caracterizada pela sua

simplicidade, pois se trata da utilização de um cabo comum, no qual são conectados os

elementos periféricos de entrada e saída. O seu desempenho é exemplar quanto à eficiência, a

confiabilidade e a rapidez de comunicação.

A rede AS-i suporta qualquer topologia de cabeamento: estrela, barramento, árvore, anelar ou

qualquer outra configuração com até 100 metros de cabo. Ou, então, com a adição de

repetidores é possível expandir o sistema até 300 metros. A rede AS-i é de fácil instalação,

pois não há necessidade de terminadores nos pontos finais (CASSIOLATO, 2011).

O sistema AS-i é baseado no sistema mestre/escravo e utiliza apenas um mestre por rede para

controlar a troca de dados, como pode ser observado na Figura 2.2. Cada escravo é acessado

pelo mestre sequencialmente e este aguarda pela sua resposta. Este sistema permite uma

configuração máxima de 62 escravos que são acessados pelo mestre, possuindo tempo de

resposta igual a 10 milissegundos no caso de todos os escravos estarem conectados.

Figura 2.2 - Topologia de uma rede AS-i.

Fonte: BORGES, 2007.

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2.2 Modbus

O protocolo Modbus foi desenvolvido pela Modicon Industrial Automation Systems, hoje

Schneider Electric, para comunicar um dispositivo mestre com outros dispositivos escravos.

Embora seja utilizado normalmente sobre conexões seriais padrão RS-232, ele também pode

ser usado como um protocolo da camada de aplicação de redes industriais tais como TCP/IP

sobre Ethernet e MAP (Manufacturing Automation Protocol). Este é talvez o protocolo de

mais larga utilização em automação industrial, pela sua simplicidade e facilidade de

implementação (SEIXAS FILHO, 2002).

Os dispositivos Modbus comunicam utilizando a técnica mestre-escravo no qual permite que

somente um dispositivo, o mestre, possa iniciar as transações, que são chamadas de queries.

Os outros dispositivos conhecidos como escravos, respondem de acordo com o pedido do

mestre, ou de acordo com a tarefa em questão. Um dispositivo periférico escravo (válvula,

drive de rede ou outro dispositivo de medição) processa a informação e envia o dado para o

mestre (SOUZA, 2009).

Dois modos de transmissão são utilizados pelo protocolo Modbus para ser realizada a

comunicação entre o mestre e os escravos. Estes modos de transmissão definem tanto como a

mensagem transmitida será empacotada e descompactada quanto o conteúdo de bit relativo a

esta mensagem. Neste caso, o padrão Modbus é composto pelos modos de transmissão ASCII

(American Standart Code for Informastion Interchange) e RTU (Remote Terminal Unit). A

diferença de transmissão entre esses dois modos é que no modo ASCII a comunicação é

realizada através da transmissão de cada byte de caracter em uma mensagem, na qual é

enviado dois caracteres sem geração de erros. Já no modo RTU, que é o modo mais utilizado

em automação industrial, cada byte de mensagem (mensagem de oito bits) é transmitido como

sendo dois caracteres hexadecimais de quatro bits cada.

Segundo Melo (2005a), existem três tipos de protocolos Modbus, os quais estão citados

abaixo e demonstrados na Figura 2.3:

O MODBUS TCP/IP, que é usado para comunicação entre sistemas de supervisão e

controladores lógicos programáveis. O protocolo Modbus é encapsulado no protocolo TCP/IP

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e transmitido através de redes padrão ethernet com controle de acesso ao meio por

CSMA/CD.

O MODBUS PLUS, que é usado para comunicação entre si de controladores lógicos

programáveis, módulos de E/S, chaves de partida eletrônica de motores, interfaces homem

máquina etc. O meio físico é o RS-485 com taxas de transmissão de 1 Mbps, controle de

acesso ao meio por HDLC (High Level Data Link Control).

O MODBUS PADRÃO, que é usado para comunicação dos controladores lógicos

programáveis (CLPs) com os dispositivos de entrada e saída de dados, instrumentos

eletrônicos inteligentes (IEDs) como relés de proteção, controladores de processo, atuadores

de válvulas, transdutores de energia, etc. O meio físico é o RS-232 ou RS-485 em conjunto

com o protocolo mestre-escravo.

Figura 2.3 - Os protocolos MODBUS.

Fonte: MELO, 2005a.

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2.3 Foundation Fieldbus

O Foundation Fieldbus é um sistema da comunicação totalmente digital, em série e

bidirecional que conecta equipamentos “Fieldbus” tais como sensores, atuadores e

controladores. O fieldbus é uma rede local (LAN) para automação e instrumentação de

controle de processos, com capacidade de distribuir o controle no campo (SMAR, 2011a).

A padronização da rede Foundation Fieldbus (FF) levou mais de dez anos para ser concluída.

Existem duas redes FF: uma de baixa velocidade concebida para interligação de instrumentos,

chamada de H1, cujo meio físico é implementado pelo padrão IEC61158-2, que atinge a

velocidade de 31,25 kbps e outra de alta velocidade utilizada para integração das demais redes

e para a ligação de dispositivos de alta velocidade como CLPs, conhecida como HSE, com

velocidade de 100 Mbps para transferência de dados e meio físico implementado pelo padrão

Ethernet (SEIXAS FILHO, 2003a).

A tecnologia é controlada pela Fieldbus Foundation uma organização não lucrativa que

consiste em mais de 100 dos principais fornecedores e usuários de controle e instrumentação

do mundo. O Foundation Fieldbus mantém muitas das características operacionais do sistema

analógico 4-20 mA, tais como uma interface física padronizada da fiação, os dispositivos

alimentados por um único par de fios e as opções de segurança intrínseca, mas oferece uma

série de benefícios adicionais aos usuários (SMAR, 2011a).

Segundo Nascimento Neto (2003) e Smar (2011a), a implementação de um sistema Fieldbus

proporciona uma série de vantagens desde a instalação até a manutenção. Sendo que a mais

atrativa para o usuário é a redução dos custos, qual pode se dar sob as mais variadas formas,

tais como:

Planejamento e instalação: o Fieldbus permite que muitos dispositivos possam se

conectar em um mesmo par de fios, o que significa menos circuitos, ou seja, menor

gasto de fios;

Operação: a aplicação de um sistema Fieldbus apresenta-se muito vantajoso,

permitindo múltiplas variáveis de cada dispositivo para monitoramento, permite

análise de gráficos de tendências e análise de histórico de variáveis. As características

Page 24: Rainer m. Guasti

24

digitais do sistema proporcionam enumeras vantagens, tal como o baixo nível de

degradação do sinal, o que se traduz em melhor desempenho, menos perdas e melhor

controle;

Manutenção: o sistema Fieldbus elenca também vantagens quanto à manutenção. A

capacidade de auto testes e de comunicação dos dispositivos ajudam a enxugar o plano

de manutenção;

Melhor segurança da planta: A tecnologia Fieldbus ajuda as plantas a manter as

exigências de segurança, cada vez mais restritas. Fornecendo operadores com

notificação e aviso antecipados de circunstâncias perigosas pendentes e atuais, o

Fieldbus permite a ação corretiva antes de uma parada não planejada. As

potencialidades de diagnóstico ampliadas da planta reduzem também a necessidade do

acesso frequente às áreas perigosas, minimizando assim os riscos do pessoal no

campo;

Interoperabilidade: Com a interoperabilidade, um dispositivo Fieldbus pode ser

substituído por um dispositivo similar com maior funcionalidade de um outro

fornecedor na mesma rede do Fieldbus, mantendo as características originais.

Na Figura 2.4 pode-se analisar a configuração de uma rede Fieldbus.

Figura 2.4 - Configuração da rede Fieldbus.

Fonte: CASSIOLATO, 2011.

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2.4 DeviceNet

A rede DeviceNet é uma rede de baixo nível que proporciona comunicações utilizando o

mesmo meio físico entre equipamentos, desde os mais simples (como sensores e atuadores),

até os mais complexos, como controladores lógicos programáveis (CLP) e

microcomputadores. A rede DeviceNet possui o protocolo aberto, tendo um número

expressivo de fornecedores de equipamentos que adotaram o protocolo. A Open DeviceNet

Vendor Association (ODVA), é uma organização independente com objetivo de divulgar,

padronizar e difundir a rede DeviceNet visando seu crescimento mundial (ROSSIT, 2009).

A rede DeviceNet é baseada no protocolo CAN (Controller Area Network), que foi

desenvolvido pela Bosh nos anos 80 originalmente para aplicação automobilística, mais

especificamente para a Mercedes, pois devido ao grande número de sensores utilizados

tornava-se inviável o encaminhamento dos fios. Posteriormente, a tecnologia foi aplicada nas

indústrias, devido ao excelente desempenho alcançado, pois em um automóvel encontram-se

todas as características críticas das instalações industriais, com destaque para: altas

temperaturas, umidade, ruídos eletromagnéticos (PADOVAN; ROSSIT, 2005).

As principais características das redes DeviceNet estão de acordo com o nível de rede

chamado devicebus, os quais são: possuir alto poder de diagnosticar os dispositivos das redes,

atingir altas velocidades e possuir comunicação com equipamentos discretos e analógicos a

nível de bytes.

Uma rede DeviceNet pode conter até 64 dispositivos onde cada dispositivo ocupa um nó na

rede, endereçados de 0 a 63. Qualquer um destes pode ser utilizado. Não há qualquer

restrição, embora se deva evitar o dispositivo 63, pois este costuma ser utilizado para fins de

comissionamento (CASSIOLATO, 2011).

O método de comunicação é baseado no conceito de produtor – consumidor, no qual um

elemento “produz” a informação no barramento e os elementos que necessitam desta

informação a “consomem”, diferentemente da maioria dos protocolos em que a comunicação

é única e exclusivamente entre dois elementos (PADOVAN; ROSSIT, 2005). Um exemplo

desta rede pode ser observado na Figura 2.5.

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Figura 2.5 - Exemplo de rede DeviceNet.

Fonte: SMAR, 2011b.

2.5 ControlNet

A tecnologia da ControlNet foi originalmente desenvolvida em 1995 pela Allen-Bradley,

empresa pertencente ao grupo Rockwell Automation . Um ano depois, a tecnologia passou a

ser gerenciada pela ControlNet International, se tornando um protocolo aberto de

comunicação.

A necessidade de uma rede de controle que permitisse uma previsão confiável de quando os

dados seriam entregues e assegurasse que os tempos de transmissão fossem constantes e não

imunes à conexão e desconexão de dispositivos na rede, levaram ao desenvolvimento da

ControlNet (MELO, 2005b).

O protocolo de comunicação ControlNet trata-se de uma rede com características únicas para

módulos de entrada e saída (E/S); e de comunicação e programação (upload/download) de

CLP. É caracterizada por utilizar o modelo produtor/consumidor, o qual permite que

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múltiplos controladores acessem e controlem entradas e saídas em uma mesma rede. Possui

repetibilidade e determinismo, características que asseguram um desempenho em tempo real,

além de taxa de transmissão de 5 Mbit/s e capacidade para 99 nós. Algumas dessas

informações e outras características estão contidas na Tabela 2.1 a seguir.

Tabela 2.1 - Características da rede ControlNet.

Fonte: NOGUEIRA (2009).

Concebida para aplicações industriais visando o uso industrial, a ControlNet procurou usar os

meios físicos mais confiáveis, ou seja, cabo coaxial RG6/U 75W com conector Baioneta

Neill-Concelman (BNC) e fibra ótica, porém ao mesmo tempo com ampla disponibilidade no

mercado. É recomendado o cabo coaxial tipo RG-6 com quatro malhas de proteção utilizadas

em instalações de televisão a cabo. A redundância de cabeamento é opcional, devendo ser

usada quando a disponibilidade do sistema seja essencial ao permitir que a rede continue

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28

funcionando na presença de uma eventual falha em um cabo. A alimentação elétrica dos

dispositivos deve ser feita por cabeamento em separado (MORAES; CASTRUCCI, 2007).

2.6 Interbus

O sistema Interbus, desenvolvido pela Phoenix Contact, foi apresentado ao mundo na feira de

Hanover de 1987, sendo continuamente aprimorado com novos recursos, sem perder os

princípios aos quais foi idealizado: facilidade de engenharia e manutenção. Com mais de 10

milhões de nós instalados e cerca de 600 fabricantes de componentes, facilmente integrados a

rede de comunicação. O Interbus tem conquistado espaço de destaque também em pequenos

projetos e fora da indústria automobilística, onde possui uma plataforma já consolidada, pois

os diversos recursos inerentes no protocolo o tornam uma ótima opção para projetos

distribuídos (VAZ, 2008).

O Interbus é um protocolo mestre/escravo, baseado no princípio da troca de um buffer entre

um mestre e todos os escravos. A troca é conseguida usando uma trama com um protocolo

simples para todos os escravos na rede. O buffer de saída do mestre é transferido para os

escravos e o conteúdo dos buffers dos escravos é transferido no mesmo tempo que o buffer de

entrada do mestre. No fim do ciclo, os dados são as saídas da aplicação e novos dados são

fornecidos. Devido a esta simples troca de buffers, os equipamentos em Interbus não

necessitam de ser endereçados fisicamente ou por software: Um sistema Interbus configura-se

automaticamente sendo por isso considerado plug and play (BORGES, 2007).

Características como arquitetura mestre-escravo e método de comunicação de uma única

mensagem, conhecido com “one total frame”, são características do Interbus que o tornam um

protocolo eficiente. A sequência física de conexão é uma característica também presente no

Interbus (Figura 2.6). Através dela o primeiro integrante a ser ligado fisicamente é o número

um e, os demais, seguem a contagem de identificação, mas isso não impede que sejam

atribuídos nomes lógicos aos integrantes da rede (VAZ, 2008).

Page 29: Rainer m. Guasti

29

Figura 2.6 - Topologia típica de uma rede Interbus.

Fonte: BORGES, 2007.

2.7 HART – Highway Adressable Remote Transducer

O protocolo HART foi introduzido pela Fisher Rosemount em 1980. HART é um acrônimo

de “Highway Addressable Remote Transducer”. Em 1990 o protocolo foi aberto à

comunidade e um grupo de usuários foi fundado (SEIXAS FILHO, 2003b).

Há tempos, a comunicação de campo padrão usada pelos equipamentos de controle de

processos tem sido o sinal analógico de corrente. Esse sinal geralmente varia dentro da faixa

de 4-20mA proporcionalmente à variável de processo apresentada. O protocolo HART possui

a vantagem de utilizar instrumentos inteligentes comunicando através dos cabos tradicionais

4-20mA. Através de dispositivos conhecidos como smart, há a comunicação híbrida,

utilizando os mesmos cabos que geralmente são usados em instrumentação. Tudo isso é

possibilitado devido à velocidade baixa de comunicação.

O protocolo HART possibilita a comunicação digital bidirecional em instrumentos de campo

inteligentes sem interferir no sinal analógico 4-20mA. Tanto o sinal analógico 4-20mA como

o digital de comunicação HART, podem ser transmitidos simultaneamente na mesma fiação

(Figura 2.7). Por exemplo, a variável primária e a informação do sinal de controle podem ser

transmitidas ao mesmo tempo em que as medições adicionais, calibração, configuração do

instrumento e outras informações necessárias na mesma fiação (FONSECA, 2009).

Page 30: Rainer m. Guasti

30

O Protocolo HART usa o padrão Bell 202, de chaveamento por deslocamentos de frequência

(FSK) para sobrepor os sinais de comunicação digital ao de 4-20mA. Por ser o sinal digital

FSK simétrico em relação ao zero, não existe nível DC associado ao sinal e, portanto, ele não

interfere no sinal de 4-20mA. A lógica “1” é representada por uma frequência de 1200 Hz e a

lógica “0” é representada por uma frequência de 2200 Hz. O sinal HART FSK possibilita a

comunicação digital em duas vias, o que torna possível a transmissão e recepção de

informações adicionais, além da normal que é a variável de processo em instrumentos de

campo inteligentes. O protocolo HART se propaga a uma taxa de 1200 bits por segundo sem

interromper o sinal 4-20mA e permite uma aplicação tipo “mestre” possibilitando duas ou

mais atualizações por segundo vindas de um único instrumento de campo (SMAR, 2011c).

Figura 2.7 - Sobreposição do sinal digital ao sinal 4-20mA através do protocolo HART.

Fonte: SMAR, 2011c.

A topologia pode ser ponto a ponto ou multiponto. O protocolo permite o uso de até dois

mestres. O mestre primário é um computador ou CLP ou multiplexador. O mestre secundário

é geralmente representado por terminais hand-held (terminais portáteis) de configuração e

calibração (SEIXAS FILHO, 2003b).

A comunicação HART é realizada de diversas formas. Porém, a mais simples é a

comunicação mestre-escravo, a qual suporta até quinze equipamentos no campo (topologia

Page 31: Rainer m. Guasti

31

multiponto). O tempo gasto para leitura de cada dispositivo é de meio segundo, o que é

considerado lento para diversas aplicações.

O protocolo HART consegue obter um alcance máximo percorrido pelo sinal de 3000 metros

utilizando cabo com um par trançado blindado e 1500 metros fazendo a utilização de cabo

múltiplo com blindagem.

O protocolo HART permite aos seus usuários o melhor caminho de migração para usufruir os

benefícios da comunicação digital para a instrumentação inteligente. Nenhuma outra

tecnologia de comunicação pode igualar a estrutura de suporte ou a grande variedade de

instrumentos disponíveis com tecnologia HART hoje. A tecnologia permite o uso fácil dos

produtos compatíveis com HART que estão disponíveis no mercado pela maioria dos

fornecedores de instrumentação e que atendem virtualmente todas as medições de processo ou

aplicações de controle (SMAR, 2011c).

2.8 PROFIBUS

A história do PROFIBUS começa na aventura de um projeto da associação apoiado por

autoridades públicas, que iniciou em 1987 na Alemanha. Dentro do contexto desta aventura,

21 companhias e institutos uniram forças e criaram um projeto estratégico em fieldbus. O

objetivo era a realização e estabilização de um barramento de campo bitserial, sendo o

requisito básico a padronização da interface de dispositivo de campo. Por esta razão, os

membros relevantes das companhias da Associação Central da Indústria Elétrica - ZVEI

concordaram em apoiar um conceito técnico mútuo para manufatura e automação de

processos (CASSIOLATO, 2011).

O PROFIBUS é um padrão de rede de campo aberto e independente de fornecedores, onde a

interface entre eles permite uma ampla aplicação em processos, manufatura e automação

predial. Esse padrão é garantido segundo as normas EN 50170 e EN 50254. Desde janeiro de

2000, o PROFIBUS foi firmemente estabelecido com a IEC 61158, ao lado de mais sete

outros fieldbuses (SMAR, 2004).

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De acordo com a arquitetura, o PROFIBUS está dividido em algumas derivações, as quais as

três principais são (Figura 2.8):

PROFIBUS DP (Distributed Peripherals): é a solução de alta velocidade (high-speed)

do PROFIBUS. Seu desenvolvimento foi otimizado especialmente para comunicações

entre os sistemas de automação e equipamentos descentralizados. Voltada para

sistemas de controle, onde se destaca o acesso aos dispositivos de I/O distribuídos. É

utilizada em substituição aos sistemas convencionais 4 a 20mA, HART ou em

transmissão com 24 Volts. Utiliza-se do meio físico RS-485 ou fibra ótica. Requer

menos de 2 ms para a transmissão de 1 kbyte de entrada e saída e é amplamente

utilizada em controles com tempo crítico (CASSIOLATO, 2011);

PROFIBUS FMS (Fieldbus Message Specification): é uma rede de grande capacidade

para comunicação de dispositivos inteligentes, tais como computadores, CLPs ou

outros sistemas inteligentes que impõem alta demanda de transmissão de dados. FMS

vem perdendo espaço para a rede Ethernet TCP/IP (SEIXAS FILHO, 2004);

PROFIBUS PA (Process Automation): O PROFIBUS PA é a solução PROFIBUS que

atende os requisitos da automação de processos, onde se tem a conexão de sistemas de

automação e sistemas de controle de processo com equipamentos de campo, tais

como: transmissores de pressão, temperatura, conversores, posicionadores, etc.. Pode

ser usada em substituição ao padrão 4 a 20mA (CASSIOLATO, 2011).

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Figura 2.8 - Exemplo de uma rede PROFIBUS com as variantes PROFIBUS DP e PA.

Fonte: CASSIOLATO, 2011.

A camada física do protocolo PROFIBUS é caracterizada por utilizar usualmente cabos do

tipo RS485 e fibras óticas como meios de transmissão de dados. O RS485 é do tipo par

trançado, de simples instalação, sendo possível a inserção e remoção de estações sem inferir

na rede e utiliza taxas de transmissão de 9,6 kbps a 12 Mbps. Aceita no máximo 32 estações

por segmento sem repetidor (com repetidor pode atingir até 126 estações). A taxa de

transmissão varia de acordo com o comprimento do cabo, sendo de 1200 metros o

comprimento máximo por segmento para a menor taxa de transmissão.

A transmissão por fibra ótica é feita através de fibra de vidro multimodo ou monomodo,

possui a mesma taxa de transmissão da RS485 e um número de 126 estações por rede.

O protocolo PROFIBUS utiliza tecnologia de comunicação mestre-escravo, podendo ser

mono ou multimestre. Caso seja utilizada a tecnologia multimestre, o acesso ao barramento é

feito através da técnica de token entre os mestres. A comunicação entre os mestres e os

Page 34: Rainer m. Guasti

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escravos é feita através do processo de varredura. Versões mais avançadas permitem a

comunicação acíclica entre mestres e escravos, além da possibilidade de comunicação entre os

escravos, o que diminui o tempo de resposta na comunicação (MORAIS; CASTRUCCI,

2007).

2.9 Ethernet Industrial

Ethernet é a maior tecnologia de redes locais em uso na atualidade e é utilizada por

aproximadamente 85% dos PCs e estações de trabalho conectados à rede no mundo. Ethernet

refere-se à família de produtos de rede cobertos pelo padrão IEEE 802.3, que podem ser

utilizados tanto em cabeamento de fibra ótica como em par trançado. Com o passar dos anos,

a Ethernet tem evoluído para dar mais desempenho e inteligência de rede. Esta evolução

contínua fez da Ethernet uma excelente solução para aplicações industriais (CARVALHO;

KEMIL, 2005).

O protocolo Ethernet é um dos protocolos que fazem parte da arquitetura TCP/IP e foi criado

por Robert M. Metcalfe, na década de 70. Esta arquitetura surgiu no meio industrial há mais

de uma década, porém, tornou-se comercializável um pouco depois. Uma das suas principais

utilidades se deve à necessidade de interligar todos os níveis da Cadeia de Suprimentos

(Supply Chain) envolvendo um único e exclusivo padrão de rede, o TCP/IP. Assim, o nível de

gerência ou vendas teria acesso ao chão de fábrica (sensor ou atuador) em tempo real, dando

uma grande agilidade na produção e aumentando-a, efetivamente. Porém, na arquitetura

tradicional isso não é possível devido aos diferentes tipos de padrões de protocolos existentes

no mercado (LUGLI, 2007).

A rede Ethernet passou por uma longa evolução nos últimos anos se constituindo na rede de

melhor faixa e desempenho para uma variada gama de aplicações industriais. A Ethernet foi

inicialmente concebida para ser uma rede de barramento multiponto (100Base-5) com

conectores do tipo vampiro (piercing), mas este sistema mostrou-se de baixa praticidade. A

evolução se deu na direção de uma topologia estrela com par trançado. As velocidades da rede

cresceram de 10 Mbps para 100 Mbps e agora alcançam 1 Gbps (IEEE802.3z ou Gigabit

Ethernet). A Gigabit Ethernet disputa com a tecnologia Assynchronous Transfer Mode - ATM

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o direito de ser a espinha dorsal (backbone) das redes na empresa. A outra evolução se dá no

uso de hubs inteligentes com capacidade de comutação de mensagens e no uso de cabos full

duplex (onde se dobra a taxa de transmissão, pois ocorre comunicação simultânea nos dois

sentidos, recepção e transmissão simultaneamente) em substituição aos cabos half duplex

mais comumente utilizados. Isto faz com que a rede se torne determinística e reduzem a

probabilidade de colisão de dados (SEIXAS FILHO, 2003c).

Algumas das vantagens da rede Ethernet Industrial são: os custos reduzidos, uma vez que esta

rede é utilizada por diversas empresas e fabricantes, o que gera um amplo número de

possibilidades de comercialização, acarretando em um menor custo na implantação e serviços

de ampliação ou troca de equipamentos; maior banda e funcionalidade geral, que permite uma

boa comunicação entre os equipamentos das empresas, devido à alta taxa de transferência de

dados que estas redes atingem; estrutura de rede simplificada.

A grande desvantagem deste padrão na área industrial, no início, foi à questão da

comunicação e alimentação dos módulos. Havia a necessidade de se ter dois cabos separados

para um elemento da rede (comunicação de dados e alimentação). Hoje, há vários estudos e

implementações utilizando um padrão chamado de Power over Ethernet (Poe). Nesse tipo de

comunicação, o canal transmissor e o receptor podem trafegar dados simultaneamente no

meio de transmissão, utilizando o conceito de modulação em amplitude sobreposto ao nível

contínuo de alimentação dos módulos de campo. Assim, o sinal de comunicação sofreria uma

modulação para ser transmitido ou recebido por um elemento da rede. A norma IEEE

8002.3af regulamenta todo este conceito de PoE (LUGLI, 2007).

Uma rede Ethernet Industrial bem implementada pode fazer muito mais que simplesmente

emular as funções de uma rede industrial tradicional. Através dela, as empresas podem

conectar suas redes corporativas de dados ao chão de fábrica para fazer a operação geral mais

eficiente, permitindo aos fabricantes inovar e manter as compatibilidades com as redes

Ethernet existentes (Figura 2.9). Assim, torna-se possível criar uma grande variedade de

aplicações para suportar as necessidades de negócio hoje e no futuro (CARVALHO; KEMIL,

2005).

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Figura 2.9 - Interligação entre o chão de fábrica e redes corporativas através da Ethernet Industrial.

Fonte: CARVALHO; KEMIL, 2005.

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37

3 A TECNOLOGIA WIRELESS

Os primeiros resquícios do surgimento da tecnologia wireless foram identificados em 1941,

quando a atriz Hedy Lamarr e o compositor George Antheil desenvolveram uma ideia para

um sistema de comunicação que ficou conhecido como “Sistema de Comunicações Secretas”,

utilizado na Segunda Guerra Mundial (BRITO; NUNES, 2002). Este sistema de comunicação

consistia em guiar torpedos através de ondas de rádio utilizando 88 frequências diferentes,

sendo quase impossível a invasão ou tentativa de espionagem. Esta tecnologia passou a ser

uma peça importante para o uso militar. Chamada posteriormente de “Espectro Espalhado”,

foi sendo desenvolvida e aperfeiçoada, Em 1981, 40 anos após sua criação, esta tecnologia

passou a ser liberada em domínio público. Em meados dos anos 90, a tecnologia começou a

ser mais divulgada, sendo usada nos celulares com tecnologia digital da época, substituindo

os antigos celulares de sinais analógicos.

As redes wireless locais, Wireless Local Area Networks (WLAN), começaram a aparecer no

final dos anos 90 e passaram a ser utilizadas em diversos ambientes, sejam estes industriais,

caseiros, governamentais, entre outros. Como a tradução do próprio nome se evidencia,

wireless significa sem fio em português, esta tecnologia surgiu com o propósito de ser uma

alternativa às redes convencionais, conhecidas como redes cabeadas, por ser de fácil

implantação e fornecerem as mesmas funcionalidades.

Toda a comunicação sem fio é baseada no seguinte princípio: quando os elétrons se movem,

criam ondas eletromagnéticas que podem se propagar através do espaço livre. O número de

oscilações por segundo de uma onda eletromagnética é chamado de frequência que é medida

em Hz (Hertz). Quando se instala uma antena com o tamanho apropriado, as ondas

eletromagnéticas podem ser transmitidas e recebidas com eficiência por

receptores/transmissores localizados a uma distância que depende de vários fatores, como por

exemplo: frequência, potência do transmissor, etc. (TANENBAUM, 1997).

Dependendo da aplicação a que é submetida uma rede wireless, esta pode realizar a

comunicação entre os seus equipamentos através de diferentes tipos de transmissão de sinais.

Os sinais podem ser transmitidos por infravermelho, laser, radiofrequência e micro-ondas,

cada um com suas vantagens e limitações.

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3.1 Classificação das Redes Wireless

As redes wireless podem ser classificadas de acordo com as áreas de abrangência. Elas podem

ser dos tipos WPAN, WLAN, WMAN e WWAN. Estes tipos de rede serão especificados a

seguir e na Figura 3.1.

3.1.1 Wireless Personal Area Network (WPAN)

A WPAN é um tipo de rede sem fio utilizada para trabalhar com curtas distâncias. Como

possui pouco alcance, caracteriza-se por ser uma rede sem fio de áreas pessoais.

O principal padrão utilizado por esta tecnologia é o padrão IEEE 802.15.1, conhecido por ser

a tecnologia Bluetooth. Porém, existem outros dois padrões que fazem parte das WPAN, que

são o IEEE 802.15.3, denominado Ultra Wide Band (UWB) e o IEEE 802.15.4, mais

conhecido como ZigBee.

Nos dias atuais a tecnologia Bluetooth é facilmente encontrada, sendo usada constantemente

em aparelhos celulares, microfones, impressoras e outros diversos equipamentos que

necessitam de uma transmissão sem fio de curto alcance.

3.1.2 Wireless Local Area Network (WLAN)

As WLANs são as chamadas redes sem fio locais, sendo consideradas uma extensão ou

alternativa às tradicionais redes cabeadas, por oferecerem as mesmas funcionalidades,

apresentando uma maior facilidade de instalação e conectividade em áreas prediais ou

campus, flexibilidade e rapidez de comunicação. Através de transmissores, receptores e um

ponto de acesso onde há a modulação dos dados que transitam por esta rede através do ar, é

possível obter a comunicação entre os equipamentos das WLANs.

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Estas redes wireless locais utilizam o padrão IEEE 802.11.X para se comunicarem e são

frequentemente encontradas nas residências, empresas, instituições de ensino, aeroportos,

restaurantes, entre outros locais onde é requerido a mobilidade de usuários.

O alcance das WLANs depende muito dos equipamentos utilizados, da geografia da área em

que tal rede está instalada, dentre outros fatores. Porém esta limitação quanto ao alcance pode

ser resolvida muitas vezes introduzindo sistemas de distribuição interconectados via rede

cabeada nas redes sem fio, obtendo uma maior área de abrangência.

3.1.3 Wireless Metropolitan Area Network (WMAN)

As WMANs são as redes sem fio metropolitanas. Estas redes possuem um alcance muito

grande, no raio de dezenas de quilômetros e seu principal componente é o World

Interoperability for Microwave Access - WiMAX, que tende a possuir uma boa tolerância a

reflexões, ter maior capacidade de penetração em obstáculos e permitir um maior número de

conexões se comparadas as WLANs convencionais.

As redes sem fio de área metropolitana são constituídas pelo padrão IEEE 802.16 e podem ser

chamadas redes sem fio de banda larga. Este tipo de rede é a concorrente principal da fibra

óptica, tendo como características possuir maior mobilidade e disponibilidade se comparada

ao meio Digital Subscriber Line – DSL (linha numérica de assinante), que agrupa o conjunto

das tecnologias instaladas para um transporte numérico da informação em uma simples linha

de conexão telefônica.

3.1.4 Wireless Wide Area Network (WWAN)

As WWANs são redes geograficamente distribuídas, que podem abranger um país ou até uma

grande região, como um continente. Estas redes são caracterizadas por serem redes wireless

de longa distância, as quais estão submetidas os sistemas de telecomunicações, como os

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usados pelas empresas de telefonia móvel, onde há a utilização dos serviços de transferência

de dados e de voz.

Figura 3.1 – Classificação das redes wireless e seus principais componentes.

Fonte: WIRELESS..., 2009.

3.2 Estrutura de uma Rede Wireless

Para implantação de uma rede de comunicação wireless, se faz necessária a análise de

diversos componentes que interferem no funcionamento deste tipo de rede. Além do local de

implantação, da análise da tecnologia a ser utilizada, do estudo sobre a segurança, dentre

outros empecilhos que afetam a integridade das redes sem fio, há também a escolha correta

dos equipamentos a serem utilizados para transmitir e receber os sinais dos dados que

trafegarão pela rede, como os captadores de dados, as antenas e os adaptadores.

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3.2.1 Antenas

A antena é um dos principais equipamentos utilizados para a comunicação das redes sem fio.

Elas são utilizadas para captar e irradiar ondas eletromagnéticas, ou seja, se comparadas às

redes cabeadas, as antenas são como os cabos de conexão de tais redes. Se não houver a

instalação de uma antena em um projeto de rede wireless, os dispositivos sem fio geram sinais

de radiofrequência com amplitude muito baixa, sendo impossível transmitir tais sinais.

Para decidir qual antena é apropriada para uma rede sem fio a ser implantada, devem-se

analisar diversos fatores, como: área de cobertura, distância máxima em que se pode instalar

determinada antena, localização da antena relativamente aos outros equipamentos da rede

wireless. Estes fatores influenciam muito na escolha da antena. No caso da distância a ser

coberta pela antena sempre se faz necessário que se escolha uma antena com capacidade

maior que a necessária, para que esta não trabalhe com sua capacidade máxima, o que

acarretará em perda de sinais.

Para as aplicações wireless há, basicamente, dois tipos de antenas: a omnidirecional e a

direcional.

As antenas omnidirecionais são bastante aceitas para trabalharem em áreas amplas e em

aplicações multiponto. Elas possuem alcance de 360 graus no plano horizontal e geralmente

são usadas nas estações base, disponibilizando a instalação de estações remotas ao seu redor.

As antenas direcionais possuem a particularidade de concentrar o sinal em uma única direção.

Normalmente utilizadas nas estações remotas, realizando a comunicação entre elas e uma ou

mais estações base. Possuem seus sinais caracterizados por um alcance curto e amplo ou

longo e estreito, devido à dependência entre estes dois fatores.

Portanto, o tipo de antena a ser utilizada deverá ser definido de acordo com a arquitetura de

rede utilizada e sua função dentro dela. Em topologias como árvore e estrela é possível

utilizar antenas omnidirecionais no gateway e antenas direcionais nos dispositivos, garantindo

uma arquitetura com um menor consumo de energia e maior segurança (Figura 3.2) (RIEGO;

GARCIA, 2009).

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Figura 3.2 - Antenas utilizadas em ambientes industriais.

Fonte: ALMEIDA, 2009.

3.2.2 Topologias das Redes Wireless

Conforme as topologias há uma variedade na distribuição dos equipamentos que fazem parte

das redes wireless, definindo as arquiteturas das redes. Estes equipamentos pertencentes à

rede são os devices e os gateways. Estes últimos são os chamados pontos de acessos que

possuem as funções de gerenciar o tráfego de rede e sua segurança, além de estabelecer o

acesso dos devices à rede, os quais são dispositivos com funções de sensores-transdutores,

que possuem uma unidade de processamento digital e capacidade de transmissão de sinais.

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Vale-se lembrar de que as topologias das redes wireless não são definidas pela estrutura física

de conexão dos equipamentos, mas sim pela conexão lógica aos quais são submetidos. Neste

caso, as topologias podem ser divididas por:

a) Ponto a ponto: é caracterizada pela conexão direta entre dispositivos individuais.

Todas as outras topologias se baseiam na ponto a ponto, sendo ramificações e

ampliações desta topologia (Figura 3.3).

Figura 3.3 - Topologia ponto a ponto.

Fonte: RIEGO, 2009.

b) Estrela: se caracteriza por ser uma topologia de conexão multiponto, na qual os

dispositivos se conectam somente com o sistema de controle. Possui certas vantagens

por ser uma topologia de fácil manutenção, implementação e configuração, além de

suportar a não comunicação de certo dispositivo com o provedor de acesso, fazendo

com que o sistema não interrompa o seu funcionamento. Porém, um dos pontos

negativos é que se o provedor de acesso parar de comunicar haverá a perda de toda a

rede e outro ponto questionável é que essa topologia não suporta uma grande

quantidade de equipamentos conectados (Figura 3.4).

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Figura 3.4 - Topologia estrela.

Fonte: RIEGO, 2009.

c) Árvore: possui a mesma forma de comunicação da topologia estrela. Porém se

caracteriza por possuir uma maior cobertura e não ter problemas de perda da rede

inteira caso ocorra perda de um ponto de acesso. Mesmo assim, suas desvantagens

são: custo elevado caso haja uma expansão da rede e diminuição da taxa de

transferência entre os equipamentos da rede caso haja um aumento no número de

ramificações (Figura 3.5).

Figura 3.5 - Topologia árvore.

Fonte: RIEGO, 2009.

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d) Mesh: as redes mesh são caracterizadas pelos seus dispositivos possuírem a capacidade

de se comunicar diretamente com os dispositivos adjacentes, sem a necessidade a

intervenção dos comandos dados pelo ponto de acesso. Esta topologia de rede possui

algumas vantagens como a redução do custo de instalação, já que este custo se

baseará, praticamente, apenas no valor do novo dispositivo a ser acrescentado na rede

e, por possuir a função de auto roteamento, ou seja, ser um sistema redundante, esta

rede é de alta confiabilidade. Seus pontos negativos são: devido à função de auto

roteamento, há um aumento do consumo de energia e do tráfego de rede e, também,

pode ocorrer o aumento do tempo de latência proporcionado pelo caminho encontrado

para o novo roteamento (Figura 3.6).

Figura 3.6 - Topologia mesh.

Fonte: RIEGO, 2009.

e) Híbridas: As redes híbridas combinam instalações de redes sem fio com redes

cabeadas. Elas utilizam qualquer uma das topologias descritas acima, sempre

buscando utilizar as vantagens que cada uma pode proporcionar para um bom

ambiente de rede. A topologia híbrida é a mais usada no ambiente industrial, devido

ao fato da já haver a instalação de redes cabeadas nestes ambientes e, com isso, se ter a

instalação parcial das redes wireless (Figura 3.7).

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Figura 3.7 - Topologia de rede híbrida.

Fonte: RIEGO, 2009.

3.3 Tecnologia de Transmissão de Sinais Wireless

A tecnologia wireless utiliza sinais de radiofrequência para a transmissão de dados entre seus

equipamentos. Este tipo de transmissão é pouco sensível a interferências do meio e possui

uma grande largura de banda passante, o que o caracteriza como o tipo de transmissão ideal

para as redes sem fio.

Algumas técnicas de radiofrequência não são utilizadas pelos equipamentos wireless, devido

ao fato de não serem adequados para a transmissão de dados ou possuir limitação bastante

significativa no seu alcance por não conseguir atravessar objetos opacos, como a narrow band

(sistema de rádio de banda estreita) e o infravermelho, respectivamente.

Neste contexto, a comunicação wireless se baseia em três tipos de tecnologia de transmissão

de dados que são o Espalhamento Espectral por Salto de Frequências, do inglês Frequency

Hopping Spread Spectrum – FHSS; o Espalhamento Espectral com Sequenciamento Direto,

do inglês Direct Sequence Spread Spectrum – DSSS; e a Multiplexação por Divisão de

Frequência Ortogonal, do inglês Ortogonal Frequency Division Multipexing - OFDM. As

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duas primeiras se baseiam na tecnologia de espalhamento de espectro. Já a última se baseia na

utilização da largura de banda de um canal de frequência, dividindo-a em vários sub-canais

para realizar a transmissão dos dados.

Na Frequency Hopping Spread Spectrum - FHSS, através de um padrão conhecido pelo

transmissor e pelo receptor, há a utilização de uma portadora de banda estreita que realiza a

alteração da frequência, ou seja, baseia-se no salto de uma frequência para outra rapidamente.

Assim, o transmissor e o receptor mantém um único canal lógico quando estão sincronizados

adequadamente. Mudando a frequência de maneira rápida, na ordem de 400 milissegundos

para se saltar de uma frequência para outra, esta tecnologia se torna mais segura contra

invasores, que encontram dificuldades para identificar o canal de transmissão dos dados. A

transmissão de dados através dessa tecnologia é enxergada como um ruído de curta duração

por receptores que não conseguem obter a sua codificação. Porém, a FHSS utiliza a banda de

forma ineficaz, pois por utilizar toda a banda para realizar o espalhamento espectral, acaba

por perder velocidade de transmissão.

Segundo Riego (2009), o Direct Sequence Spread Spectrum - DSSS consiste em espalhar a

informação ao longo da faixa de frequência. Para tanto, realiza uma função XOR (função

lógica que tem como resultado zero, se as entradas forem iguais e um, se forem diferentes) do

sinal de entrada com uma função código, chamada chipping code. Esse novo sinal é então

transmitido e deve ser decodificado na recepção, utilizando a mesma função código utilizada

em sua criação.

As vantagens da tecnologia DSSS é que esta suporta taxa de dados variadas, são resistentes à

multi-rotas e à interferência. Contudo, como desvantagens, apresenta-se fraca a sinais de ruído

e possui um número limitado de acessos a um mesmo canal.

Já a tecnologia Ortogonal Frequency Division Multiplexing - OFDM, consiste na divisão do

canal em diversas sub portadoras, realizando a transmissão destas sub portadoras

paralelamente umas com as outras, sendo que cada uma possui um trecho da informação. Ela

utiliza largura de banda maior que as outras tecnologias. Sendo assim, ela utiliza a técnica de

transmissão de dados por multiplexação por divisão de frequência, que consiste na passagem

por diversas frequências dos sinais que são enviados. Como vantagens, apresenta elevada

eficiência espectral, imunidade contra multi-rotas e filtragem de ruído simples. Já suas

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48

desvantagens são a dificuldade de sincronismo das portadoras e a sensibilidade aos desvios de

frequência.

3.4 Os Padrões de Comunicação

É de grande necessidade a padronização dos protocolos de comunicação em redes, pois só

assim se torna possível a comunicação entre os equipamentos de diferentes fabricantes,

facilitando o uso das redes, a sua manutenção e expansão.

Ao se escolher qual padrão de comunicação de rede wireless pode ser usado por determinada

aplicação, deve-se sempre estar atento no que será exigido desta rede, como por exemplo, o

alcance da rede, a velocidade que será necessária para o tráfego dos dados, os tipos de dados a

serem transmitidos, a questão os ruídos e interferências e os níveis de segurança desejados.

Esses itens todos também são vinculados ao custo-benefício desta rede sem fio.

Conforme foi definida pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers - IEEE, que é

uma associação profissional técnica formada por milhares de membros que desenvolvem os

padrões técnicos que envolvem a engenharia elétrica e eletrônica, a norma IEEE 802 é a que

se refere aos padrões de comunicação das redes wireless. Esta norma é utilizada para

padronizar as camadas física e enlace do modelo Open Systems Interconnection - OSI,

conhecidas como camadas 1 e 2, referentes a redes locais e redes de longa distância. Portanto,

diversos padrões de redes sem fio são definidos baseados nesta norma, que são classificados

de acordo com a distância de transmissão de dados que conseguem atingir. A tabela 3.1 a

seguir mostra a divisão desses grupos de padrões:

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49

Tabela 3.1 - Classificação dos protocolos de comunicação wireless.

Fonte: TRES; BECKER, 2009.

Os sub-comitês IEEE apresentados na tabela acima serão analisados a seguir, onde poderá ser

evidenciado que, além da distância alcançada por cada um, eles possuem outras diferenças no

que diz respeito aos fatores que são exigidos por cada rede wireless conforme a sua aplicação.

3.4.1 Padrão IEEE 802.11

O IEEE 802.11 é caracterizado por ser uma família de protocolos de comunicação de redes

wireless que foram e continuam sendo aperfeiçoados e aprovados com o intuito de se obter a

comunicação entre os dispositivos sem fio de diversos fabricantes, não havendo mais

problemas de compatibilidade entre estes equipamentos. Esta família de protocolos é dividida

em vários sub-padrões, os quais os mais utilizados atualmente são o IEEE 802.11a, IEEE

802.11b e IEEE 802.11g que serão caracterizados a seguir.

O padrão 802.11b foi o primeiro dos sub-padrões da família IEEE 802.11 a ser aprovado.

Também conhecido como Wireless Fidelity (Wi-Fi), este padrão utiliza a técnica de

espalhamento espectral DSSS para realizar a comunicação entre os dispositivos e opera na

faixa de frequência da banda de 2,4 GHz. Utiliza quatro velocidades diferentes para a

transmissão e recepção de dados, sendo elas de um, dois, 5,5 e 11 Mbps e, possibilita um

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50

número máximo de 32 clientes conectados. Teoricamente o seu alcance é de 400 metros e 50

metros em lugares abertos e fechados, respectivamente.

O padrão IEEE 802.11a foi regulamentado em 1999 e possui como características trabalhar na

banda de frequência de 5 GHz, sendo menos exposto a interferências do que o 802.11b. Sua

velocidade de transmissão pode chegar a até 54 Mbps, porém, geralmente trabalha com a

velocidade entre 24 e 27 Mbps. Utiliza a OFDM como técnica para a comunicação entre os

dispositivos e suporta no máximo 64 clientes conectados. Contudo, não é um padrão muito

utilizado, devido a sua incompatibilidade com o padrão 802.11b e se comparado a este, é mais

veloz na transmissão de dados, mas deixa a desejar no alcance, já que o padrão 802.11b pode

ter um alcance sete vezes maior do que o 802.11a.

Segundo Tanenbaum (2003), uma versão aperfeiçoada do 802.11b, o 802.11g, foi aprovada

pelo IEEE em novembro de 2001, depois de muitas disputas políticas sobre qual tecnologia

patenteada seria usada. Ele utiliza o método de modulação OFDM do 802.11a, mas opera na

banda ISM estreita de 2,4 GHz, juntamente com o 802.11b. Em tese, ele pode operar em até

54 Mbps. Sua principal vantagem é ser compatível com o padrão 802.11b. Este padrão

também é chamado de Wi-Fi.

Em setembro de 2009, foi aprovada a versão final do protocolo IEEE 802.11n. Este padrão

possui taxa de transferência de dados entre 65 Mbps e 600 Mbps, utiliza o método de

transmissão MIMO (Multiple Input Multiple Output) – OFDM, ou seja, possui a capacidade

de entradas e saídas múltiplas e pode trabalhar em duas bandas de frequência, de 2,4 GHz e de

5 GHz. Com esta tecnologia, consegue-se atingir velocidades maiores de transmissão, além de

se ter um maior alcance e mais segurança nas redes wireless.

3.4.2 Padrão IEEE 802.15

O padrão IEEE 802.15 se referem às redes sem fio de curto alcance. Este padrão pertence às

WPANs e suas tecnologias mais conhecidas são o Bluetooth e o Zigbee.

O Bluetooth é a tecnologia geralmente utilizada nos dispositivos portáteis e móveis, como

telefones celulares, computadores pessoais e outros dispositivos, devido ao seu baixo

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51

consumo de energia. Utiliza o padrão IEEE 802.15.1 para a comunicação, operando em uma

faixa de 2,4 GHz, porém, possui velocidades inferiores ao Wi-Fi. Devido a isto, é menos

sujeito a interferências. Por ser um padrão de dispositivos de curto alcance, não é muito

utilizado no meio industrial por equipamentos que necessitam de distâncias maiores para a

comunicação.

De acordo com Mata (2006), o padrão IEEE 802.15.4, conhecido pelos dispositivos Zigbee,

foi desenvolvido originalmente para aplicações em aquecimento, ventilação e

condicionadores de ar como uma alternativa ao uso do Bluetooth. Esse padrão preza pelo

baixo consumo, o que confere maior autonomia para equipamentos alimentados por baterias.

Além disso, foi desenvolvido para ser embarcado diretamente nos sensores e atuadores. Sua

camada física possui também melhores características para operação em temperaturas

extremas. Opera em taxas mais baixas, sendo bem mais robusto contra interferências no sinal

que o Wi-Fi e o Bluetooth. Contudo, devido à baixa potência empregada pelos seus

transmissores, a distância também é limitada a pouco mais de 100 m.

3.4.3 Padrão IEEE 802.16

Este padrão de comunicação das redes wireless, pertencente às WMANs, foi desenvolvido

com o intuito de alcançar longas distâncias para a transmissão de radiofrequência. Conhecido

por WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access Forum), pode transmitir

sinais para grandes áreas, chegando a um raio de 50 km quando não se têm obstáculos.

Como a utilização de cabos para se construir uma infraestrutura de rede de longa distância

possui custo muito elevado, o WiMAX passou a ter bastante aceitação no mercado, sendo

uma tecnologia que visa um menor custo de implementação.

Por trabalhar com um número maior de usuários do que o 802.11, o que implica em maior

necessidade de largura de banda, opera na faixa de frequências de 10 a 66 GHz. Suas ondas

são milimétricas, portanto o tratamento de erros nesse padrão merece mais cuidados do que no

802.11, já que esse tipo de onda é fortemente absorvido pela água (TANENBAUM, 2003).

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52

Para fins industriais, o padrão IEEE 802.16 é uma boa alternativa para o acesso a dados que se

situam em locais de difícil acesso e longes das centrais de controle, onde se torna inviável o

uso de cabos para a infraestrutura da rede.

Page 53: Rainer m. Guasti

53

4 O WIRELESS NAS INDÚSTRIAS

A tecnologia wireless está entrando em vigor nos vários ramos industriais atualmente. Ela está

sendo utilizada em transmissões de sinais de sensores e informações de controle,

considerando até os sinais críticos em um processo industrial. Esta comunicação industrial é

realizada através de um sistema de rádio altamente confiável chamado espectro espalhado.

Sua confiabilidade se deve ao fato de não possuir rádios se comunicando na mesma

frequência, considerando o mesmo período de tempo. No entanto, alguns obstáculos quanto

ao uso da tecnologia wireless em ambientes industriais ainda têm de ser considerados e

solucionados. Um desses obstáculos é a padronização dessas redes sem fio, processo que

ainda está em andamento e dificulta um maior avanço desta tecnologia.

A segurança continua sendo uma preocupação crítica no uso de redes sem fio em sistemas

industriais. Estas redes transmitem dados através de sinais de rádio, o que os torna vulneráveis

a acessos não autorizados. Em outras palavras, qualquer pessoa com equipamento adequado e

localizado dentro da área de cobertura pode vir a se conectar. Redes sem fio possuem diversas

ameaças relacionadas com a integridade dos dados, fazendo-se necessário assegurar a rede

contra invasores e ataques do tipo denial-of-service (tentativa de tornar os recursos de um

sistema indisponíveis para seus utilizadores). Vem daí a necessidade de seguir um padrão bem

definido e com isso atingir os padrões de segurança e confiabilidade exigidos pelos órgãos

reguladores (TRES; BECKER, 2009).

As empresas sempre buscam uma maior disponibilidade e flexibilidade das redes de campo.

Estas duas características podem ser disponibilizadas pelas redes wireless, já que estas não

possuem cabos para serem trocados caso estejam defeituosos, o que causa uma maior

disponibilidade e caso houver uma mudança na estrutura física da rede, esta não necessitará

de uma mudança na estrutura dos cabos, oferecendo maior flexibilidade à rede.

Algumas das principais vantagens do uso de redes sem fio em ambientes industriais são

proporcionadas por uma série de características que estes tipos de rede tem se comparado às

redes cabeadas. Algumas dessas características são: menor custo de instalação e manutenção;

maior flexibilidade, desempenho, confiabilidade e produtividade; acesso a locais de difícil

acesso; entre outras que serão apresentadas a seguir.

Page 54: Rainer m. Guasti

54

4.1 Vantagens da Comunicação Wireless

As redes wireless possuem inúmeras vantagens, as quais se podem citar:

Mobilidade: as redes wireless oferecem aos usuários acesso dos mais diversos pontos,

mesmo que estes estejam em movimento, sempre levando em conta o alcance das

antenas e frequências de rádio às quais estão dispostas;

Alcance: esta é uma grande vantagem em relação às redes cabeadas, já que as redes

sem fio conseguem fazer a transmissão de sinais em locais impróprios, onde seria

inviável a passagem de cabos para redes cabeadas;

Flexibilidade: a flexibilidade é uma enorme vantagem das redes wireless, pois estas

podem ser implantadas junto com outros tipos de redes existentes, oferecem também

um maior dinamismo aos equipamentos do chão de fábrica, além de serem facilmente

reconfiguradas e aptas a expansões;

Confiabilidade: um dos maiores valores da indústria é a confiabilidade da transmissão

de dados nos seus processos. As redes sem fio possuem essa característica que

também é encontrada nas redes cabeadas. No entanto, para este tipo de rede devem ser

analisados três fatores que influenciam a confiabilidade, que são a perda de

direcionamento do sinal, as interferências de radiofrequência e a energia transmitida.

Este tipo de serviço de análise necessita de mão de obra qualificada, o que gera um

grande custo, que vem a ser suprido com a diminuição aguda de falhas no sistema;

Economias na instalação e de escalabilidade: as redes sem fio possuem estas duas

grandes vantagens econômicas. Desde o momento em que são instaladas, as redes

wireless são economicamente viáveis, pois não contam com gastos com fiação e mão

de obra para a passagem dos cabos. Além disso, a rapidez com que a instalação é

realizada já torna uma economia no tempo dos projetos da empresa, uma vantagem já

que geralmente se trabalha com grande eficiência para que não haja perdas na

produção. Quanto à economia de escala, é muito mais fácil ampliar uma rede wireless

do que uma rede cabeada, devido ao fato das redes sem fio poderem ser ampliadas

apenas instalando novos escravos na rede que passarão a utilizar um mestre comum;

Page 55: Rainer m. Guasti

55

Menor custo de manutenção: o custo de manutenção é menor em relação às redes

cabeadas, dado o fato de que não há troca de cabos danificados e, portanto, ao se

realizar a manutenção de uma rede wireless, o custo com a mão de obra se torna

menor, pois o serviço demanda um menor tempo;

Maior imunidade a ruído: considerando o local da passagem dos cabos de uma rede

cabeada, geralmente a imunidade a ruído de uma rede sem fio é muito maior que uma

rede de cabos;

Monitoração do diagnóstico da confiabilidade do sinal: este tipo de monitoração do

sinal de rádio pode ser realizado por um software, que irá informar qualquer

anormalidade do sistema. Portanto, é preciso somente especificar os alarmes para que

o sistema possa funcionar com êxito.

4.2 Padronização das Redes Wireless Industriais

A padronização das redes wireless industriais apresenta-se como uma grande vantagem para

as indústrias. Através da padronização se consegue uma maior longevidade dos produtos e do

mercado, aumenta a concorrência de fornecedores que oferecem o mesmo produto, o que

implica em uma melhora do preço, possibilitando um aumento da credibilidade do mercado.

As redes wireless industriais possuem alguns padrões para a comunicação. Dentre os

principais estão o Zigbee (padrão IEEE 802.15.4), que foi citado anteriormente, o

WirelessHART e o padrão SP 100.11a, da International Society of Automation - ISA. Estes

dois últimos são novos padrões que estão em desenvolvimento e que estão cada vez mais

sendo utilizados nas indústrias de processo.

Vários são os pré-requisitos adotados na escolha de um protocolo de comunicação.

Geralmente são consideradas todas as necessidades dos usuários, as quais incluem: tipo dos

dados que serão transferidos, velocidade e alcance necessários na comunicação, o nível de

segurança desejado, preocupações com ruídos e interferências, compatibilidade e custo.

Page 56: Rainer m. Guasti

56

A principal característica que um protocolo de comunicação deve ter para ser aceito no meio

industrial é a capacidade de se comunicar com os protocolos usados nas áreas de Tecnologia

de Informação (TI) das indústrias. Os padrões dessas áreas geralmente são os IEEE e,

portanto, para que haja comunicação e interligação entre o chão de fábrica e a área de TI de

uma empresa, se faz necessário que os protocolos industriais tenham total poder de

comunicação com os protocolos IEEE.

4.2.1 WirelessHART

O WirelessHART™ é uma tecnologia que permite a comunicação sem fio em plantas de

automação de processos. Ela é construída através do conhecido e aprovado protocolo HART e

combina esta tecnologia com mecanismos para aumentar a confiabilidade e a aplicabilidade

da comunicação sem fio (MARQUES, 2010).

Segundo Riego (2009), os principais objetivos deste protocolo de comunicação são:

Garantir que as redes implementadas tenham baixo tempo de latência;

Definir aplicações e requisitos de gerenciamento de rede que sejam funcionais e que

permitam o aumento de escala;

Garantir robustez nas comunicações com presenças de interferências encontradas em

ambientes industriais;

Garantir a coexistência com outros protocolos de rede no mercado, assim como o

protocolo cabeado HART;

Garantir a interoperabilidade entre os dispositivos, para que dispositivos de diversos

fabricantes operem na mesma rede.

O WirelessHART adota uma arquitetura utilizando uma rede mesh ou estrela (Figura 4.1)

baseado no IEEE 802.15.4 (o mesmo utilizado pelo Zigbee) operando na faixa de 2,4 GHz. Os

rádios utilizam o método de DSSS ou salto de canais FHSS para uma comunicação segura e

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57

confiável assim como comunicação sincronizada entre os dispositivos da rede utilizando Time

Division Multiple Acess – TDMA (Tabela 4.1) (ALMEIDA, 2009).

Tabela 4.1 – Propriedades do protocolo WirelessHART.

Taxa de Transferência 250 kbps

Alcance Indeterminado1

Frequência ISM (2,4 GHz)

Modo de Transmissão FHSS

Controle de Tráfego Síncrono (TDMA)

Topologia Estrela/Mesh

Complexidade de Implementação Média

Número Máximo de Nós Não definido

Tempo Latente < 150 ms2

Bateria (consumo de energia) Baixo consumo2

Fonte: RIEGO, 2009.

1 Ponto a ponto até uns 200 m, alcance total da topologia indeterminado. 2 Depende do tipo de aplicação e da função do dispositivo.

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58

Figura 4.1 - Topologias existentes para redes WirelessHART

Fonte: BONIFÁCIO; PANTONI; BRANDÃO, 2009.

4.2.2 Norma ISA SP 100.11a

De acordo com o comitê da ISA responsável pela norma SP100, há algumas classificações

para o wireless e uma dessas classificações está dividida em cinco classes, as quais

correspondem:

Classe 5: Monitoramento sem consequências imediatas para a operação;

Classe 4: Monitoramento com consequências de curto prazo para a operação;

Classe 3: Controle de loop aberto;

Classe 2: Loop fechado, controle supervisório;

Classe 1: Loop fechado, controle regulatório;

Classe 0: Ação de emergência.

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59

Neste contexto, a norma ISA SP 100.11a foi desenvolvida, a qual possui diversos objetivos,

que serão apresentados.

De acordo com Riego (2009), os objetivos desta norma são:

Garantir que os dispositivos tenham um baixo consumo de energia;

Garantir que as redes implementadas tenham restrições ao tempo de latência;

Definir infraestrutura e interfaces, aplicações, segurança e requisitos de gerenciamento

de rede que sejam funcionais e que permitam aumento de escala, em todas as classes

de operação (1 a 5) definidas na norma;

Garantir robustez nas comunicações com presenças de interferências encontradas em

ambientes industriais;

Garantir a coexistência com outros protocolos de rede no mercado, como o

WirelessHART, o 802.11x entre outros protocolos cabeados ou não cabeados;

Garantir a interoperabilidade entre os dispositivos, para que dispositivos de diversos

fabricantes operem na mesma rede.

O protocolo ISA SP 100.11a possui diversas funções semelhantes com o protocolo

WirelessHART, no que se diz respeito ao gerenciamento do sistema, monitoramento da rede e

de seus dispositivos, configurações de comunicação, entre outros. No entanto, a principal

mudança com relação a este outro protocolo se trata da segurança, no qual o gerenciador de

segurança é inerente ao protocolo, diferente do WirelessHART, no qual o gerenciador de

segurança existe somente como políticas de seguranças contidas nas camadas de ligação,

transporte e de aplicação.

A arquitetura é proposta para intercomunicação dos dispositivos, onde está definido um

gateway responsável pelo gerenciamento dos dispositivos que se comunicam na rede sem fio.

Este gateway é responsável pelo acesso dos dispositivos aos sistemas de controle, podendo

interligar todos os dispositivos compatíveis com a norma ISA SP 100.11a. Os dispositivos

que comunicam-se através de Modbus, FOUNDATION Fieldbus, HART e Profibus serão

compatíveis com a norma da ISA SP 100.11a, como proposto pela definição inicial do ISA SP

100 (ALMEIDA, 2009).

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60

Na tabela 4.2 estão listadas algumas características do protocolo ISA SP 100.11a.

Tabela 4.2 - Propriedades da tecnologia ISA SP 100.11a.

Taxa de Transferência 250 kbps

Alcance Indeterminado3

Frequência ISM (2,4 GHz)

Modo de Transmissão DSSS

Controle de Tráfego Síncrono (TDMA) / Assíncrono

(CSMA-CA)

Topologia Todas

Complexidade de Implementação Alta

Número Máximo de Nós Não definido

Tempo Latente 100 ms (máximo)4

Bateria (consumo de energia) Baixo consumo4

Fonte: RIEGO, 2009.

3 Ponto a ponto até uns 300 m, alcance total da topologia indeterminado. 4 Dependente do tipo de aplicação e da função do dispositivo.

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61

4.3 Segurança das Redes Wireless Industriais

Segundo Tres e Becker (2009), assegurar e proteger a infraestrutura de TI e as redes de

comunicação são fundamentais em qualquer ramo de atividade nos dias de hoje. Esta

preocupação é ainda mais crítica em se tratando de automação industrial e suas redes de

controle.

A segurança de redes industriais é um ramo em expansão, o qual se preocupa em desenvolver

e aplicar técnicas capazes de tornar uma rede segura e, por consequência, assegurar também a

integridade de pessoas, processos e equipamentos. Ao se declarar segura, entende-se que a

rede está livre de danos, eminentes ou potenciais, que venham a ser causados na rede física ou

nos dispositivos (reais ou virtuais) a ela acoplados.

Projetar redes industriais seguras quando o uso de wireless é necessário é uma tarefa árdua,

uma vez que existem diversas restrições ao uso dos controles de segurança que são inerentes

ao ambiente de Tecnologia da Automação (TA) (AGUIAR; SOARES, 2010).

Apesar de serem recentes as discussões ao redor do tema de segurança das redes wireless em

ambiente industrial, na prática, muitas organizações já convivem com redes sem fio

suportando o processo em algum nível sem proteção eficiente. Em geral, a conexão de

segmentos de rede sem fio acrescenta novos riscos à segurança da informação do ambiente

como um todo, razão pela qual se torna necessária a concepção de mecanismos que garantam

que os segmentos sem fio, que são intrinsecamente inseguros, possam conviver com

segmentos seguros como as redes de controle cabeadas (AGUIAR; SOARES, 2010).

Com as necessidades atuais do mercado corporativo, exige-se das grandes organizações um

sistema mais seguro e estável e com menos acessos indevidos, sobretudo para se evitar

espionagem empresarial. Enquanto isso, muitos dispositivos ainda utilizam protocolos de

segurança fracos como o WEP (Wired Equivalent Privacy), que pode comprometer a

integridade e confiabilidade no tráfego das informações. Mas para tudo tem uma solução, ou,

pelo menos, uma proteção necessária para implementar controles aos equipamentos externos.

Implementar uma configuração adequada, por exemplo, criptografias de acesso maiores e

estáveis, monitoração dos acessos da rede sem fio entre outras formas, pode possibilitar às

organizações um ambiente mais seguro e estável nas redes sem fio (BOF, 2010).

Page 62: Rainer m. Guasti

62

Existem dois tipos distintos de segurança encontrados em uma indústria no que se diz respeito

a equipamentos e redes industriais: a segurança física e a segurança eletrônica. A primeira

entende-se como sendo a segurança dos equipamentos e instrumentos mecânicos. A segunda

trata-se da segurança da rede industrial.

De acordo com a segurança da rede industrial, existem três aspectos que devem ser

considerados: confidencialidade, integridade e disponibilidade. A confidencialidade resume-

se em garantir a segurança da informação, fazendo com que esta não seja disponibilizada para

usuários não autorizados. A integridade garante o poder de modificação da informação apenas

para usuários autorizados, sendo assim, usuários não autorizados não conseguem modificar a

informação que está na rede. A disponibilidade oferece aos usuários autorizados, a liberdade

de sempre terem acessos às informações.

De acordo com Aguiar e Soares (2010), o projeto de redes wireless dentro do ambiente de

automação deve ser realizado por meio de princípios que envolvam melhores práticas de

segurança para o ambiente industrial. Zonas e conduítes são mecanismos interessantes para a

promoção da segurança em redes de automação, servindo como uma solução adequada para

promover a segmentação de forma a tratar os seguimentos wireless de maneira apropriada. O

uso de um Firewall como mecanismo de segregação das redes de TA é apenas o início de uma

estratégia de segmentação segura, já que estas são redes que agregam elementos com

características substancialmente diferentes, como as redes cabeadas e sem fio, e que

justificam o investimento em um projeto mais abrangente e bem planejado. Ao permitir a

definição de diferentes níveis de segurança, o conceito possibilita a convivência de segmentos

wireless com segmentos seguros de maneira controlada e fornece, portanto, uma alternativa

viável e robusta para promover a segurança da automação, não apenas em relação às ameaças

que podem vir do mundo externo com a internet, mas de ameaças que podem surgir dentro da

própria TA.

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63

5 ESTUDO DE CASO: IMPLANTAÇÃO DE UMA REDE WIRELESS NO SISTEMA

DE AUTOMAÇÃO DE UMA MINERADORA

5.1 Considerações Iniciais

As reservas minerais da empresa Samarco Mineração S.A. situam-se no chamado Complexo

Alegria, localizado na Região Leste do Quadrilátero Ferrífero, Estado de Minas Gerais.

A lavra por correias transportadoras representa atualmente cerca de 70% da movimentação

total de minério de ferro. Seu custo operacional é menor do que o custo de lavra

convencional, já que esse método dispensa a utilização de caminhões, envolvendo assim uma

menor quantidade de equipamentos e permitindo que o consumo de diesel por tonelada de

minério movimentada diminua em relação à lavra convencional. Estas correias são instaladas

ao longo da mina e, dependendo da disponibilidade de minério para extração na mina, há a

mudança de localização destas correias transportadoras, para que estas atendam às novas

frentes de exploração.

Wireless em banda larga é a melhor solução para prover a comunicação em operações em

minas a céu aberto. Transferências de dados seguras e rápidas, voz sobre IP e vigilância por

tráfego de imagens são plenamente suportadas por uma simples plataforma de comunicação

wireless em ambientes agressivos (SANTOS JÚNIOR, 2008).

Além disso, as redes wireless são uma ótima opção para o caso de transporte de minério por

correias. Para que haja comunicação entre a rede de automação e estas correias

transportadoras faz-se necessário o uso de redes wireless, pois, conforme citado acima, as

correias transportadoras mudam sua localidade conforme as frentes de extração de minério.

Com isso, tem-se que mudar toda a estrutura de uma rede no caso de ela ser cabeada. Porém,

com a estrutura de rede wireless, não é necessário toda esta mudança, o que acarreta uma

continuidade na produção, sem perda de tempo e sem muitos gastos adicionais por troca de

cabos, entre outros fatores.

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64

5.2 Objetivo do Projeto

Implantar uma rede wireless que realize a comunicação entre os CLPs e câmeras IP instalados

nas correias transportadoras e carregadores de minério da mina de Alegria com a rede de

automação da empresa.

5.3 Atividades para Implantação da Rede Wireless

Para todo projeto de redes wireless, é necessário que haja um estudo de alguns parâmetros do

projeto, para que se possa fazer a escolha correta dos equipamentos e serviços,

proporcionando a garantia do desempenho desejado. Sendo assim, é feito o que se chama de

site survey, que é uma atividade que procura simular uma situação real, onde serão feitos

levantamentos de dados, cálculos, medidas e testes. Para as redes wireless, esta atividade

equivale a definir toda a topologia de rede, como o número de access points, tipo e

comprimento dos cabos, a escolha da antena que mais equivale ao projeto e a configuração

total do sistema.

5.3.1 Determinação do Local de Instalação dos Equipamentos

Para a realização desta atividade, foi preciso realizar uma visita à mina de Alegria, onde com

a ajuda de um GPS, foi possível registrar a disposição atual de cada um dos dez

equipamentos. A partir disto, foi feito um mapa topográfico da mina, onde se puderam

encontrar os equipamentos (os dez pontos em vermelho que estão destacados na parte de cima

da figura 5.1).

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65

Figura 5.1 - Mapa topográfico da mina de Alegria 6.

Por ser o ponto mais alto da mina, visível por quase toda a área e o único ponto fixo do

sistema, o ponto “Sotreq” foi escolhido como o ponto de referência, onde se instalará uma

antena base. A partir dos dados levantados, foi constatado que o ponto mais distante do ponto

Sotreq está a cerca de 780 m de distância (Figura 5.2).

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66

Figura 5.2 – Distribuição dos pontos na área da mina.

Fonte: SANTOS JÚNIOR, 2008.

Com o objetivo de auditar e planejar os resultados operacionais de transmissão e recepção de

sinais foi realizado uma análise espectral, onde se pôde detectar muitos sinais na frequência

de 900 MHz e 2,4 GHz e um sinal com frequência central de 5,745 GHz.

5.3.2 O Ambiente e os Equipamentos

Nos projetos de implantação de redes wireless, faz-se necessário realizar um estudo citando

algumas considerações sobre o ambiente em que a rede será implantada e também sobre os

equipamentos necessários para que haja uma excelente comunicação nesta rede. Neste caso,

foram considerados alguns tópicos que são importantes para o desenvolvimento do projeto,

que estão citados abaixo:

Geralmente há muita neblina envolta da área da mina, por esta estar localizada a uma

altitude por volta dos 1200 m, sendo que a altitude máxima é de 1300 m e a mínima de

900 m;

A temperatura média anual fica na faixa de 22ºC;

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67

A distância entre o local e a área residencial mais próxima ultrapassa os 30 km;

Os equipamentos devem possuir uma grande durabilidade, devido à mina ser a céu

aberto, o que sujeita estes equipamentos a muita poeira, calor, umidade, entre outros

aspectos naturais;

A área apresenta grande incidência de descarga atmosférica e também um enorme

índice pluviométrico;

De acordo com o que foi citado anteriormente, o sistema de rede sem fio deverá dar

cobertura à conexão para qualquer localização dos equipamentos, mesmo que não haja

linha de visada direta com a estação base. Isto se dá pelo fato de esses equipamentos

mudarem de posição com frequência, dependendo da frente da mina a ser explorada;

A distância entre um equipamento e o rádio central pode chegar a 2 km;

Os locais onde serão instalados os rádios centralizadores serão chamados de estações

bases (BS) e os demais locais onde estarão os outros equipamentos serão estações

assinantes (SS);

Cada equipamento conterá uma câmera IP e um CLP modelo SLC 5.05 da Rockwell

Automation com suporte à comunicação Ethernet de padrão 802.3.

5.4 A Escolha da Tecnologia

Um dos desafios de uma aplicação wireless é proporcionar a conexão em situações com linha

de visada (LOS – Line-Of-Sight), com linha de visada obstruída (OLOS – Obstructed Line-

Of-Sight) ou mesmo sem linha de visada (NLOS – Non-Line-Of-Sight). Em operação em

minas a céu aberto, todas essas situações podem ocorrer ao mesmo tempo, uma vez que a

topologia do terreno muda com frequência (SANTOS JÚNIOR, 2008).

Como os dados que irão trafegar nesta rede wireless são considerados dados críticos, por

serem dados trocados entre o sistema supervisório e os CLPs, é imprescindível que não haja

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68

falhas de comunicação, já que este problema poderá acarretar na parada dos equipamentos e

consequentemente no atraso da produção.

Neste projeto, houve a escolha de um ponto para instalação da estação base (BS) acarretando

que a maioria das estações assinantes (SS) tenham visada direta para ela. Porém, como os

equipamentos sofrem mudanças constantes de localização, nem sempre se pode contar com

essa característica. Neste caso, quando há um obstáculo entre a BS e algumas SS, ocorre o

fenômeno chamado Multipath, que são reflexões de sinais por múltiplos caminhos (Figura

5.3). Sendo assim, o sinal sofre inúmeras reflexões, difrações e espalhamento, o que faz com

que causem muitos ecos do mesmo sinal que chegam aos receptores defasados no tempo.

Figura 5.3 - Efeito Multipath

Fonte: SANTOS JÚNIOR, 2008.

Como a tecnologia OFDM (Orthogonal Frequency Division Muitiplexing) consegue

solucionar o problema descrito acima, ela será utilizada neste projeto. Esta tecnologia é

suportada pelos padrões 802.11a e 802.11g (WiFi) e pelo padrão 802.16d (WiMAX).

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69

Em ambientes com muitas reflexões de sinal, o foco de uma antena age como um filtro

espacial, o qual isola várias das potenciais reflexões. Neste caso, os sistemas em 5 GHz são

mais favoráveis do que os sistemas em frequências mais baixas, já que a largura de foco do

equipamento é menor (SANTOS JÚNIOR, 2008). Considerando o que foi descrito acima e a

análise espectral das frequências realizada no começo do projeto, foi escolhida a faixa de

frequência de 5 GHz para compor o projeto em questão.

Por esta frequência ser livre e disponível para WiMAX e para o padrão 802.11a (WiFi), se

pode utilizar estes dois tipos de padrões neste projeto. Neste caso, será feito um estudo pra ver

a viabilidade de cada um e, assim, saber qual é mais eficaz para tal projeto.

O throughput (taxa de transferência) total entre o sistema de automação, o CLP e a câmera IP

é de 2,5 Mbps (500 kbps de throughput da comunicação entre o CLP e o sistema de

automação e 2 Mbps da câmera IP). Com o intuito de garantir a efetividade da rede, será

adotado o throughput sinalizado de 6 Mbps para as estações assinantes, tendo o objetivo de

alcançar uma taxa de transmissão real de 4,6 Mbps superando a taxa especificada de 2,5

Mbps. No caso das estações base, o throughput mínimo deverá ser de 54 Mbps.

Ao se analisar as soluções de rede wireless com o padrão 802.16d e 802.11a, fica-se evidente

que o padrão WiMAX é superior ao padrão WiFi, O padrão 802.16d oferece alcance com

linha de visada (LOS) em 5.8 GHz entre 7 e 8 Km e sem linha de visada (NLOS) entre 3 e 4

Km. Já o padrão 802.11a tem como característica a distância máxima de alcance de 100

metros e não garante a conexão NLOS com toda a eficiência do padrão concorrente. Porém, o

projeto especifica uma distância de 2 Km. Neste caso, para realizar o projeto com o padrão

WiFi, seria necessário aumentar a potência irradiada e o ganho das antenas.

Sendo assim, no projeto WiFi faz-se necessário a instalação de mais uma estação base, que

ficaria na CV52 (ponto que se encontra mais centralizado na área da mina e com visada para o

ponto Sotreq), que faria comunicação ponto-multiponto com todas as SS da mina. Na CV52

seriam instalados dois rádios, o primeiro que serviria de estação base e outro fazendo

comunicação ponto-a-ponto com o rádio da Sotreq, com capacidade para operar a 54 Mbps,

por ser o backbone do sistema (rede principal pela qual os dados de todos os clientes passam).

As estações SS do sistema deveriam ser equipadas com antenas direcionais e ter capacidade

de transmissão de 3 Mbps. Em toda mudança de local das SS’s, teria que ser feito um estudo

para que houvesse a comunicação sem fio em todos os locais da mina, ou seja, teria que ser

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escolhido um novo ponto central e testar sua conectividade com os demais locais. A

comunicação entre o sistema e a rede da automação seria feita com a instalação de outro rádio

na CV18, onde haveria a conexão com a rede central da empresa por meio de fibra ótica. Na

figura 5.4 se pode analisar a solução com o padrão 802.11a.

Figura 5.4 - Solução com padrão 802.11a.

Fonte: VALADARES, 2009.

Já no projeto WiMAX, não haveria problemas quanto a mudança de local das estações

remotas, já que este tipo de rede possui um ótimo alcance. Neste caso, a solução seria manter

uma BS com antena setorial instalada no ponto Sotreq e SS’s equipadas com antenas setoriais

direcionais com capacidade de transmissão mínima de 3 Mbps. Cada estação remota do

sistema deveria se conectar com a única BS do sistema. Mesmo sendo uma solução bem mais

simples que a solução WiFi, a solução WiMAX acarretaria um maior investimento, devido ao

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preço dos equipamentos serem bem mais elevados do que os da solução WiFi. Na figura 5.5 é

possível fazer análise do projeto com a solução com padrão 802.16d.

Figura 5.5 - Solução com padrão 802.16d.

Fonte: VALADARES, 2009.

5.5 Conclusão sobre o Projeto

Embora a solução WiMAX seja uma solução que demanda um maior investimento e ainda ser

um padrão novo utilizado pelas empresas, neste caso onde é necessário a comunicação entre

as correias transportadoras de minério, as câmeras IP e o sistema de automação da indústria

em questão, ele se mostra mais eficaz do que a solução WiFi. O principal motivo de o padrão

WiMAX ser mais equivalente a este processo é que, devido às estações remotas possuírem o

caráter nomádico (mudam suas posições com frequência), as vezes haveria dificuldades ao

tentar comunicar todas estas estações, levando a se fazer um rearranjo da rede wireless WiFi,

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o que acarretaria em uma perda de tempo e, consequentemente, uma perda da produção.

Devido a isto, a solução WiMAX é a apropriada para este sistema.

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73

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a elaboração deste trabalho, foi possível perceber o grande avanço das redes wireless nas

indústrias. As aplicações destas redes estão em constante evolução e o uso de solução wireless

nos processos industriais já não é somente uma tendência. Com o grande desenvolvimento da

tecnologia e a facilidade de realização de estudos e testes, as redes wireless passaram a ter

enorme capacidade de ser a solução para inúmeras aplicações industriais.

Na automação de processos industriais, o emprego de redes sem fio acarreta uma maior

facilidade na continuidade dos processos, visto que suas principais características

proporcionam um grande desenvolvimento da produção, como a comodidade para mudanças

no ambiente de rede sem trazer prejuízos para o cronograma da empresa. Os padrões

industriais ainda estão em processo de desenvolvimento e vêm sendo aperfeiçoados a cada

momento. A segurança das redes wireless é um dos tópicos mais críticos a serem discutidos

na implantação de uma rede, devido à importância das informações que trafegam por esta. No

entanto, a dúvida de que as redes wireless não são seguras já é uma questão ultrapassada, já

que existem várias técnicas de segurança de redes sem fio desenvolvidas e estudos em

andamento para melhor servir as indústrias.

Com o estudo de caso realizado, foi possível evidenciar que a rede wireless é uma excelente

solução para empresas mineradoras. Mesmo que ainda não possuam preço acessível

dependendo do padrão utilizado na implantação da rede, o custo-benefício desta é sempre

superior às redes comuns, o que se torna um grande investimento a curto, médio e longo

prazo.

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74

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