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GRATUIT Fr FRANCE Edition O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa Entrevista exclusiva a Isaías Afonso Edition nº 293 | Série II, du 18 janvier 2017 Hebdomadaire Franco-Portugais 04 BPI encerra 7 agências e despede 60 colaboradores Sucursal de França concentra a operação numa agência 09 “Não quero voltar a ser candidato do CDS-PP pelas Comunidades” LusoJornal / Carlos Pereira Jornalista Rui Neumann edita o livro “Raptos políticos e tomada de reféns” 07 Rui Neumann PUB Bancos. O Banque BCP abriu uma nova agência em Nice e vai inaugurá-la em fevereiro 10 Dança. Lídia Martinez apresenta uma exposição sobre Inês de Castro na Casa de Portugal André de Gouveia 12 Livros. O júri do concurso Augustina Bessa Luís retira o prémio a Carla Pais, escritora radicada em Paris 14 16 Música. Concerto de Dan Inger dos Santos e Joseph César no Belvedère de Champigny PUB

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    O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa

    Entrevista exclusiva a Isaías Afonso

    Edition nº 293 | Série II, du 18 janvier 2017 Hebdomadaire Franco-Portugais

    04

    BPI encerra 7 agênciase despede 60 colaboradoresSucursal de França concentra a operação numa agência 09

    “Não quero voltar a sercandidato do CDS-PPpelas Comunidades”LusoJo

    rnal / Carlos Pereira

    Jornalista Rui Neumann editao livro “Raptos políticos etomada de reféns” 07

    Rui Neumann

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    Bancos. O Banque BCP abriuuma nova agência emNice e vai inaugurá-laem fevereiro

    10

    Dança.Lídia Martinez apresenta uma exposição sobre Inêsde Castro na Casa dePortugal André deGouveia

    12

    Livros. O júri do concursoAugustina Bessa Luísretira o prémio a CarlaPais, escritora radicada em Paris

    14

    16 Música.Concerto de DanInger dos Santos e Joseph César no Belvedère de Champigny

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  • 02 OPINIÃO

    Antes de tudo, Mário Soares foi umoponente antifascista incansável.Sofreu a prisão, por 13 vezes e foideportado para S. Tomé e Príncipepor ordem de Salazar e forçado aoexílio por Caetano. Desde 1964, li-derou a luta para a liberdade quandofundou a Ação Socialista Portu-guesa, junto de Tito de Morais e deRamos da Costa. A ASP, reunida emCongresso, tornar-se-ia o Partido So-calista, em 19 de abril de 1973, nacidade de Bad Münstereifel, na Ale-manha, reconhecida pela Internacio-nal Socialista.Um homem de vontade, um homemde palavra e um homem de ação.Mário Soares fez a Revolução dosCravos, o nosso 25 de Abril, com ou-tros camaradas do exílio, como Ál-varo Cunhal, comunista. Emvésperas da eleição presidencial, a

    de 26 de janeiro de 1986 quando assondagens lhe prestavam 5% de in-tenções de voto, Mário Soares decla-rou “Se eu me atirar daquela janelaabaixo e decidir que não morro, eunão morro!”. Vence a eleição. Pen-sou e trabalhou sempre no sentidode uma união da esquerda muitoantes da Revolução dos Cravos paraacabar de vivê-la recentemente comAntónio Costa, em novembro de2015, uma esquerda unida contraos cortes da foiça da austeridade.Um homem que gostava de estar nomeio dos outros, junto deles. Gos-tava de literatura e de pintura. Gos-tava de ter sido escritor, aliás, elepróprio tinha sido autor de ensaiospolíticos, publicados ao longo dasua vida, desde 1950 até 2011. Segostava de conviver com quempensa e com quem escreve, tam-

    bém gostava de provocar conversasna rua e com o povo, o povo do qualtanto quiz a liberdade e com quemgostava de “conspirar”, sem parar.Um homem visionário. Para Portu-gal, o caminho certo não era o ca-minho de um regime revolucionáriopopular apaixonado mas sim o ca-minho de uma democracia forte,forte das suas instituições, consa-grada pela Constituição e seu Artigo1°: “Portugal é uma República so-berana, baseada na dignidade dapessoa humana e na vontade popu-lar e empenhada na construção deuma sociedade livre, justa e solidá-ria”. Jamais separou a conquista dademocracia da autodeterminaçãodos povos et da sua independência.À Democratização, a Descoloniza-ção foi um corolário imprescindínvelpara abrir, até que enfim, o cami-

    nho do Desenvolvimento: os famo-sos 3D, os 3 dados rolaram paraselar o destino de Portugal ao daEuropa. Foi obra do Mário Soares ea obra é bela.Mário Soares não gostava de tomardecisões sozinho mas sim de co-de-cidir. O seu volontarismo, a suaforça de convicção, a sua capaci-dade de agir, conseguiram reunir ocontributo de numeroras personali-dades importantes, no PS, ao longodos séculos XX e XXI. Se soube,muitas vezes, bater do punho namesa, também sempre soube le-vantá-lo, o seu punho esquerdo, acada ameaça de regressões, emnome da liberdade.Talvez as novas gerações pouco co-nhecem, ou desconhecem os com-bates nobres de Mário Soares, querem Portugal quer pela Europa fora.

    Porém, todos os filhos de Abrildevem-lhe a sua liberdade e a de-mocracia na qual moram. Cuidado,os combates de Mário Soares conti-nuam e pertencem-nos porque, lá,os cravos foram calcados, e cá, asrosas estão ameaçadas do mesmo.Mário Soares foi um homem de umvalor inestimável, o homem doscombates impossíveis. “Há homenscapazes de uma flor onde as floresnão nascem”, escreveu Manuel Ale-gre (1), um dos camaradas da pri-meira madrugada da resistência.Mário Soares era daqueles homens,daqueles que vencem combates im-possíveis.Viva Mário Soares! Viva o PS! Vivaa Liberdade!

    (1) Poema “O livreiro da espe-rança”, de Manuel Alegre

    Mário Soares (1924-2017): Em nome da LiberdadeOpinião de Nathalie de Oliveira, autarca em Metz e Comissária nacional do PS

    L’homme fut un sage, comme peud’hommes savent l’être en poli-tique. Aristote parlerait de sagacitéou de prudence, dans les affairespubliques. Et sans doute Bossueteût-il vu en lui un modèle de vertu.Comme La Bruyère, Mário Soaresaurait pu s’écrier: «Je suis peu-ple»!Mário Soares est mort, après unelongue vie de combats démocra-tiques, en vue de la République etpour une société plus juste. Il auratoujours été attentif au sort desplus pauvres et à la Liberté. Aussiprêchait-il un socialisme porté parl’État-providence et non pas unemolle social-démocratie soumiseau marché et au Capital, qui acca-ble les plus faibles.Le souvenir public gardera de luil’image fixe d’un grand émancipa-teur du grand peuple portugais.Avec les audacieux officiers mili-taires qui mirent fin à la guerre co-loniale, il restera dans l’histoirecomme l’un des pères fondateurs

    de la Deuxième République portu-gaise.«L’attention est la pointe de l’âme»dit une formule. Mário Soares auratoujours été attentif au sort despeuples africains. Et cet aspect deson âme le distingue radicalementde maints dirigeants européens etsurtout français.Et pour mettre en exergue cettequalité éthique de Mário Soares,qu’il me soit permis de rappeler sacritique morale de nombreux chefsd’État africains.François Mitterrand et MárioSoares adulaient Amilcar Cabral,dont ils vanteront constamment lesqualités morales, l’énergie poli-tique, la culture personnelle et l’in-telligence. C’est leur point dedépart critique des dirigeants afri-cains.Mário Soares se sentira quelquepeu comptable de l’héritage de Ca-bral. Aussi consacrera-t-il une par-tie de ses activités à recueillir et àfaire numériser tous les écrits dis-

    ponibles de Cabral, les préservantainsi de la destruction et de la né-gligence. Dans la même veined’idées, il n’est pas étonnant qu’ilait choisi le Symposium internatio-nal Amilcar Cabral, pour fustiger lecomportement irresponsable decertains chefs d’État africains quienfoncent délibérément leur peu-ple dans la misère. Son proposvaut comme son testament poli-tique et une attention marquée àl’endroit de l’Afrique des peuples.Ainsi, en 2004, à Praia, capitalede Cabo Verde, lors de sa commu-nication intitulée Amilcar Cabral:une pensée actuelle, il déclaraitsans fioritures: «Quarante ansaprès le grand mouvement éman-cipateur des décolonisations,l’Afrique, libérée du colonialismetraditionnel et de l’apartheid, tota-lement indépendante, en termesformels, apparaît comme un Conti-nent à la dérive. C’est une réalitéque les dirigeants africains ne doi-vent ni ne peuvent ignorer et qui a

    plusieurs explications».Et sans ménagement ou hypocrisiepolitique, Mário Soares invitera lesdirigeants africains à ouvrir grandsleurs yeux sur les accablantes réa-lités africaines: un continent à ladérive et des dirigeants inconsé-quents dans une Afrique dont ildresse l’affligeant tableau.S’inspirant ouvertement de l’exem-ple de Cabral, Mário Soares inviteles dirigeants africains à une éva-luation critique de leur activité. Et,après avoir rappelé le fameux motd’ordre de Cabral sur l’autonomiede la pensée des combattants de laliberté, «penser par nos proprestêtes et partir de ses propres expé-riences», il ajoute: «Quatre dé-cades après le grand mouvementde décolonisation, les dirigeantsafricains doivent faire une réflexioncritique sur le chemin parcouru de-puis le point de départ, en trouvantdes formes adéquates pour qu’ilsrésistent, avec succès, aux formesnouvelles d’exploitation coloniale,

    dont ils continuent à être vic-times».Mieux encore, cet appel n’est pasallé sans le rappel des grands défisauxquels l’Afrique postcolonialeest confrontée: «Le continent afri-cain a été particulièrement atteintpar la globalisation. Au-delà desconflits ethniques, de l’expansiondes fondamentalismes religieux -spécialement islamique mais aussile christianisme évangélique - despandémies, comme le sida, et dela corruption des dirigeants qui ontperdu le sentiment du service pu-blic et la sensibilité [fibre] sociale,en relation à la misère des autres,la globalisation a contribué à l’aug-mentation de l’exploitation del’Afrique - de ses richesses - par lesgrandes multinationales…»Avec la mort de Mario Soares, lespeuples d’Afrique perdent un deses grands défenseurs. Puisse lePortugal ne pas l’oublier etl’Afrique garder mémoire fidèle, sielle ne peut tenir le Souvenir.

    Mário Soares: un ami des peuples d’Afrique

    Le 18 janvier 2017

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    LusoJornal. Le seul hebdomadaire franco-portugais d’information | Édité par: CCIFP Editions SAS, une société d’édition de la Chambre de commerce et d’industrie franco-portugaise. N°siret:52538833600014 | Represéntée par: Carlos Vinhas Pereira | Directeur: Carlos Pereira | Collaboration: Alfredo Cadete, Angélique David-Quinton, António Marrucho, Céline Pires, Clara Teixeira, CindyPeixoto (Strasbourg), Conceição Martins, Cristina Branco, Dominique Stoenesco, Eric Mendes, Gracianne Bancon, Henri de Carvalho, Inês Vaz (Nantes), Jean-Luc Gonneau (Fado), Joaquim Pereira,Jorge Campos (Lyon), José Paiva (Orléans), Manuel André (Albi) , Manuel Martins, Manuel do Nascimento, Marco Martins, Maria Fernanda Pinto, Mário Cantarinha, Mickaël Fernandes, Nathalie deOliveira, Nuno Gomes Garcia, Padre Carlos Caetano, Ricardo Vieira, Rui Ribeiro Barata (Strasbourg), Susana Alexandre | Les auteurs d’articles d’opinion prennent la responsabilité de leurs écrits |Agence de presse: Lusa | Photos: António Borga, Luís Gonçalves, Mário Cantarinha, Tony Inácio | Design graphique: Jorge Vilela Design | Impression: Corelio Printing (Belgique) | LusoJornal. 7 avenuede la porte de Vanves, 75014 Paris. Tel.: 01.79.35.10.10. | Distribution gratuite | 10.000 exemplaires | Dépôt légal: janvier 2017 | ISSN 2109-0173 | [email protected] | lusojornal.com

    Opinion de Pierre Franklin Tavares, Ex-Candidat à la Présidence de la République Française

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    OPINIÃO 03Le 18 janvier 2017

    A Mário Soares devemos quase tudo.Devemos, acima de tudo, o exemplo.O exemplo de uma vida que não secansou de lutar, que teve um amor in-finito à liberdade. Portugal deve-lhemuitas das opções que tornaram opaís moderno e aberto, o que não épouco. O país saía de um tempo fe-chado e provinciano, pobre e iletrado,complexado e com medo de se afirmarno mundo, de fazer o seu caminho emliberdade. Portugal deve-lhe a criaçãodo PS, um dos Partidos fundadores danossa democracia, na emigração, emBad Munstereifel.Por estes dias o país parou para prestarhomenagem a Mário Soares. O paísemocionou-se e aplaudiu-o com lágri-mas nos olhos. E mostrou gratidãopelo seu legado rico e intenso. Choroupor aquele que dedicou a sua vidapara que Portugal se libertasse dasmordaças que amarfanhavam umanação antiga que não merecia o atrasoem que a ditadura o mergulhou.Nas cerimónias fúnebres no Mosteirodos Jerónimos e no Cemitério dos Pra-zeres, ficou evidente que entre oimenso legado de Mário Soares, é aopção europeia e a sua vida comocombatente antifascista pela liberdadeque sobressaem. Nos Jerónimos, a vozgravada do próprio Mário Soares subli-nhou a importância da opção europeiae da assinatura do tratado de adesãoà CEE em 1986, que amarrou Portu-gal definitivamente à democracia e aodesenvolvimento. E o salto foi gigan-tesco.Quem compara o Portugal de 1986 e

    o país 30 anos depois percebe clara-mente que tudo mudou, da educaçãoà mortalidade infantil, das infraestru-turas ao dinamismo económico, dasmentalidades ao lugar de Portugal nomundo. E, no entanto, são conhecidosos episódios das consultas que entãoMário Soares fez para saber o que pen-savam iminentes figuras sobre a ade-são à CEE. Uma boa maioria eracontra. Mas a fibra do estadista e a in-tuição rara levaram-no a decidir pelaadesão, que viria a revelar-se como oúnico caminho para Portugal.Mas a dimensão de anti-fascista, dehomem corajoso e determinado, quenão temia a PIDE nem a prisão, foi aque mais acabou por sobressair dagrande maioria das declarações, a co-meçar pelas belas e comoventes inter-venções dos seus filhos João e Isabelque, emocionados, recordaram ostempos de prisão do pai, as visitas quelhe faziam separados pela grade doparlatório, com as lágrimas a quereremrebentar e o pai Soares a dizer quenunca se chora diante dos esbirros daPIDE.Pela liberdade de todos nós foi preso13 vezes e viveu o degredo em S.Tomé e Príncipe. O regime de Salazartemia-o e tentou vergá-lo, mas Soaresnunca quebrou nem desistiu. “Só éderrotado quem desiste de lutar”, cos-tumava dizer. Mário Soares viveu sem-pre com alegria e otimismo e nunca sedeixou abater pelas adversidades.Já no Cemitério dos Prazeres, maisuma vez se ouviu a voz gravada deMário Soares, a falar da sua visão do

    Portugal pobre e amordaçado, dagente com fome no Alentejo e noMinho, da vida dura de camponeses eoperários e da luta que era precisofazer para acabar com essa misériaque mantinha o país atrasado e pro-penso à emigração, também ela vistacomo uma ameaça para o regime.Mário Soares foi um homem admirávelcom um percurso admirável. Homemde imensa cultura, grande conhecedorda História de Portugal, muito bem re-lacionados com os grandes estadistasdo seu tempo, adepto convicto do ecu-menismo, um grande humanista. An-ticolonialista e impulsionador dadescolonização. Obreiro da liberdadesindical. Forjou uma relação forte comFrança e, no seu exílio, ensinou nasuniversidades de Nanterre e de Ren-nes, onde ainda hoje é recordado comboa memória. Utilizou muito a im-prensa francesa para criticar o regime

    e fazer oposição.Já no pós-25 de Abril é à sua visão po-lítica que se deve a combate para im-pedir uma nova deriva autoritária,desta vez de cunho comunista, com ogigantesco comício na Fonte Lumi-nosa a marcar uma viragem no pro-cesso democrático português. Pairavaentão o espectro de Portugal se tornara “Cuba da Europa”, como então sedizia.Nunca desistiu de lutar nem receavaperder um combate. Perante a insis-tência de que deveria desistir de secandidatar à Presidência da Repúblicapor ser certa a derrota disse a uma jor-nalista: “Vocês são todos uns grandesdemocratas, mas não conseguem en-tender que, em democracia, alguémtem de perder”.Foi Deputado, Primeiro-Ministro, Pre-sidente da República e Deputado aoParlamento Europeu e desempenhou

    tantas mais funções. Tenho a honra eo privilégio de ter trabalhado com eleem 1999, quando, contra as regras derotatividade que vigoravam entre famí-lias políticas, Soares decidiu que que-ria disputar com Nicole Fontaine aPresidência do Parlamento Europeu,que então cabia ao PPE. E eu tive aenorme satisfação de o ter ajudado nacomunicação. Um elo que nunca maisse perdeu e de que muito me orgulho.Sempre que o quis ver nunca recusouo encontro.Mário Soares tinha o sentido da histó-ria como ninguém. Comprova-o o factode ter deixado dezenas de escritos, delivros, entrevistas e tantos documentose de, através da sua Fundação, teruma atividade frenética de edição depublicações sobre o período anterior àRevolução, sobre o pós-25 de Abril de1974 e sobre a história mais recuada,particularmente da I República.Mário Soares deixa-nos o exemplo. Oexemplo maior de que vale a penalutar pela democracia e pela liber-dade, tão atual nos dias de hoje emque os populismos ameaçam precisa-mente os valores mais preciosos dademocracia, da solidariedade e dosdireitos e liberdades fundamentais.Mário Soares é um vulto maior da His-tória de Portugal e, agora que partiu,é fundamental que na escola os livrosfaçam justiça à grandeza da sua vidaem prol de todas as gerações vindou-ras.Mário Soares partiu, mas o seu legadofica. Tem de ficar. Pela liberdade. Portodos nós.

    Mário Soares: o exemploOpinião de Paulo Pisco, Deputado (PS) pelo círculo eleitoral da Europa

    Aquando da morte de Mário Soares foiusual chamar-lhe, entre outros títulos,“pai da democracia” portuguesa.Imediatamente veio-me ao pensa-mento a afirmação de Jesus: “Quantoa vós, não vos deixeis tratar por ‘mes-tres’, pois um só é o vosso Mestre, evós sois todos irmãos. E, na terra, aninguém chameis ‘Pai’, porque um sóé o vosso ‘Pai’: aquele que está noCéu. Nem permitais que vos tratempor ‘doutores’, porque um só é o vosso‘Doutor’: Cristo” (Mt 23, 8-10).Para um mundo, e sobretudo para umpovo como o nosso, que valoriza tantoos títulos académicos, estas palavraspodem desiludir e chocar. Sobretudono que diz respeito ao nome de ‘Pai’.Se de facto, podemos viver muito bemsem chamar “sô doutor” ou “sor’en-genheiro” aos políticos e a outras figu-ras socialmente importantes, já noscustará deixar de chamar pai (ou mãe)àqueles que nos geraram e educaram.Como poderemos chamar-lhes outronome?Mas, de facto, não é isso que Jesuspretende. O que Ele quer dizer é quesó Deus pode ser a origem absoluta dequem somos. Que não podemos seguiracriticamente ou cegamente um qual-quer ideólogo, pensador, guru ou se-melhante, depositando totalmente anossa vida nas suas mãos, porque aúnica Verdade oferecida aos homensé Jesus Cristo. Evidentemente, que

    isto só faz pleno sentido para quemaceite Jesus como Salvador e, por isso,Mestre e Doutor. E reconheça que ape-nas n’Ele a palavra e a ação, o pensa-mento, ensinamento e exemplo devida coincidem perfeitamente, comosabemos. Jesus foi tudo o que disse eo que fez até à morte de Cruz e infini-tamente mais do que isso: Ele parti-lhou connosco a vida divina para quen’Ele sejamos e vivamos como Deus.A democracia poderá ter um pai? Nãocreio. A democracia subsiste numanação. Um regime pode ter um funda-dor, mas a democracia não tem pater-nidade individual, sem correr o riscode ser controlada. Porque um ‘pai’ nãoé apenas a origem, é também uma fi-gura tutelar. Podem, por isso, umanação e uma democracia ter alguémassim? Nas ditaduras, isso é claro: oditador - mais ou menos, pior ou me-lhor - apresenta-se como o provedor, oeducador, o protetor, o guia único e ex-clusivo de toda a nação! Identificado,depois, com o Estado e todo o apare-lho de funcionários que o servem, eletorna-se “Pai” de tudo e de todos, semexceção, o proprietário não só do re-gime, mas da vida e do destino decada um.Ora, Mário Soares, não foi isso. Elemuito contribuiu (mas não foi oúnico!) para a liberdade de podermosser nós mesmos, diferentes e até opo-sitores de outros. Não sendo crente, ao

    tempo da revolução, compreendeuque a Igreja Católica devia ser um par-ceiro na transição pacífica para a de-mocracia e não hesitou em estar aoseu lado para a defender (como se viu,por exemplo, no episódio do cerco aoPatriarcado de Lisboa, realizado pelosque pretendiam um regime totalita-rista para Portugal).O jornal oficial da Santa Sé, “L’Osser-vatore Romano”, noticiou: “protago-nista durante 40 anos da vida públicado seu país, Soares foi um dos líderesda transição portuguesa para a demo-cracia, depois da chamada ‘revoluçãodos cravos’, que em 1974 pôs termoà ditadura salazarista”. Depois de dizerque a oposição ao Estado Novo lhecustou o exílio e a prisão, o artigo sa-lienta que Soares “foi chefe do Go-verno português nos anos a seguir àditadura, entre 1976 e 1978, e depoisentre 1983 e 1985, Ministro dos Ne-gócios Estrangeiros e, por fim, chefede Estado”. O jornal assinala queSoares foi um “europeísta convicto”e lembra que com ele começou a ne-gociação que levaria Portugal a fazerparte da Comunidade Europeia, ade-são que ele assinou no Mosteiro dosJerónimos, em 1985. O jornal do Va-ticano cita ainda António Guterres,também ele católico praticante eatual Secretário-geral das NaçõesUnidas: “O seu valor fundamental foia liberdade… Devemos-lhe a demo-

    cracia, a liberdade e o respeito dos di-reitos fundamentais de que todos osportugueses beneficiaram nas últi-mas décadas”.Também o Cardeal-Patriarca de Lis-boa e presidente da Conferência dosBispos portugueses, destacou o seu“contributo notável e irrecusável”,considerando que este é um tempo“para agradecer e enaltecer” o seupapel para o “estabelecimento dademocracia em Portugal”. Para D.Manuel Clemente, as instituiçõesdemocráticas em Portugal, como“felizmente existem hoje, devemmuito” a Mário Soares, “sobretudonos anos de implementação da de-mocracia nos anos 70” do séculoXX. “Já antes no seu percurso pes-soal, mas para nós todos a partir dosanos 70 e em diante”.Aquele que combateu pela liberdadeem vida é agora plenamente livre pelamorte. Sendo a missa um ato público,não vou revelar um segredo. MárioSoares terá sido visto, há algumtempo, a comungar na missa. Interpe-lado por alguém que duvidava ser ele,confirmou e assumiu a sua conversão,dizendo apenas: “Sim, sou eu. Acon-teceu”.Sim, é verdade: Deus acontece nanossa vida, cedo ou tarde, quandodesejamos e ousamos uma liberdademaior. Embora por ocasião da suamorte se tenha continuado a fazer

    memória do seu agnosticismo - eleque sempre se apresentou como“laico, republicano e socialista”,apesar de viver inquieto acerca deDeus e da eternidade - e no funeralde Estado nada da fé cristã tenhatransparecido, o que importa é esteencontro de cada ser humano com oseu Criador e Pai, eternamente amá-vel e amante dos homens.Liberto, agora, de todos os constran-gimentos sociais e políticos, tambémo Mário pode dizer como Agostinhode Hipona, esse homem genial egrande filósofo, que foi santo depoisde ter sido um grande pecador:“Tarde Vos amei, ó Beleza tão antigae tão nova, tarde Vos amei! Eis quehabitáveis dentro de mim, e eu láfora a procurar-Vos! Disforme, lan-çava-me sobre estas formusuras quecriastes. Estáveis comigo, e eu nãoestava conVosco! Retinha-me longede Vós aquilo que não existiria senão existisse em Vós. Porém cha-mastes-me com uma voz tão forteque rompestes a minha surdez! Bri-lhastes, cintilastes, e logo afugentas-tes a minha cegueira! Exalastesperfume: respirei-o suspirando porVós. Saboreei-Vos, e agora tenhofome e sede de Vós. Tocastes-me eardi no desejo da Vossa paz” (Sto.Agostinho, Confissões).“Requiecast in pace”, Dr. Mário Soa-res: descanse em paz!

    A democracia precisa de um Pai?Opinião de Padre Nuno Aurélio, Reitor do Santuário de Nossa Senhora de Fátima de Paris

    Lusa / Mário Cruz

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    04 DESTAQUE

    Isaías Afonso diz que Paulo Portas não o deixou serCoordenador do ensino de português em França

    Numa entrevista exclusiva ao Luso-Jornal, Isaías Afonso diz que nãoquer voltar a ser Candidato peloCDS-PP às eleições legislativas, peloCírculo eleitoral da Europa. O Con-selheiro Nacional do Partido para asquestões relacionadas com a emigra-ção, diz que Paulo Freitas do Ama-ral, primo do fundador do CDS - eque já foi Assessor do Secretário deEstado das Comunidades Portugue-sas, o socialista António Costa - é a“proposta natural” para ocupar estasfunções no Partido.“A Assunção Cristas tem no seu or-ganigrama uma rubrica que sechama ‘Portugal no mundo’. O PauloFreitas do Amaral apresentou umamoção estratégica sobre esta matériano Congresso. Devemos dar lugar àjuventude”.Isaías Afonso aderiu ao CDS em1978. Já era professor de portuguêsem França. “Tenho o cartão número 1do CDS na emigração. E lembro-menessa altura de andar por Agen a fazercampanha eleitoral”.Desde 1991 que é candidato pelo cír-culo eleitoral da Europa, mas nuncafoi eleito. Foi candidato 5 vezes.“Desta vez ganhámos” diz a sorrir.Concorreu na lista da coligaçãoPSD/CDS-PP liderada por Carlos Gon-çalves. “Mas era o quarto da lista enunca foi posta a hipótese de eu irpara o Parlamento” confirmou. “Con-corri por aor à camisola”.“As campanhas têm de ser pagas pormim. Por exemplo, para esta campa-nha pagaram-se 126 euros de despe-sas. Fui uma vez a Bruxelas e outra a

    Nantes. Eu até disse no Conselho Na-cional que parece que eu ando apé...” Este é também um argumentoque evoca para deixar de ser candi-dato.“Fico sempre em terceiro lugar, de-pois do PS e do PSD. Apesar de nãoter estruturas de apoio, ganho sempreao Partido Comunista e ao Bloco deEsquerda, enquanto eles têm estrutu-ras de apoio em França. Pelo menoso PCP está estruturado e o Bloco temaqui aquela senhora da Caixa” refe-rindo-se à economista Cristina Sem-blano.O CDS nunca conseguiu estruturaruma representação no estrangeiro.Quando chegou a França, o jovemprofessor Isaías Afonso ainda criouum núcleo em Lyon, mas quando saiude lá, o núcleo acabou. Já não existe.“O CDS-PP delegou toda a problema-tica das Comunidades no PSD. Nósreconhecemos que o PSD tem sempretido 3 candidatos e por isso temos se-guido as propostas deles”.

    “Sofro de stresspós traumático dedescolonização”Isaías Afonso passou por diversos Pre-sidentes do Partido, desde Freitas doAmaral, o fundador, que entretanto foiMinistro dos Negócios Estrangeiros deJosé Sócrates, até Paulo Portas eagora Assunção Cristas, “tive desen-tendimentos com alguns destes”, no-meadamente com Manuel Monteiro ecom Paulo Portas. “Nem sempreaderi às diretrizes de Paulo Portas”

    confessa.Mas confessa também que o ex-líderdo CDS-PP, Paulo Portas, “fez algu-mas coisas boas, como por exemplo adiplomacia económica. O Web Sum-mit em Portugal é um evento patroci-nado pelo Paulo Portas e a imprensaquase que não o reconhecia. Fez umbom trabalho nesta área”.Paulo Portas também parece não gos-tar de Isaías Afonso.“Eu fui convidado para ser Coordena-dor do ensino de português emFrança, depois da Isabel Barreno.José Cesário e Carlos Gonçalves con-cordavam. Telefonei ao Embaixadorde Portugal na OCDE, Basílio Horta[ndr: então do CDS, mas agora Presi-dente da Câmara Municipal de Sintranuma lista socialista]. Pedi-lhe que te-lefonasse à Secretária de Estado queera nossa”. Estávamos no Governo deDurão Barroso. O Ministro David Jus-tino tinha em cima da mesa uns arti-gos que Isaías Afonso escreveu adescolonização. “Mariana Cascais,que era a Secretária de Estado [ndr:Secretário de Estado para a Adminis-tração Escolar] telefonou ao PauloPortas a dizer-lhe que o Ministro nãome queria nomear por causa dos arti-gos. A resposta do Paulo Portas foi‘deixe-o cair’”!A descolonização continua a ser umproblema para Isaías Afonso. “É umtema que me está atravessado na gar-ganta. Não sou contra a descoloniza-ção, mas contra o processo dedescolonização” diz ao LusoJornal.“Não sofro de stress pós traumáticode guerra, mas sofro de stress póstraumático de descolonização” con-fessa ao LusoJornal.

    “Eu tinha todas as condições para serCoordenador de ensino: fui professorprimário, professor do ensino secun-dário, licenciado em português-fran-cês, licenciado em história, curso deciências pedagógicas, curso do magis-tério primário, tinha todas as condi-ções para poder fazer um trabalhocom conhecimento, como fez MariaHelena Neves” argumentou.Maria Helena Neves foi Coordenadorado ensino de português em França.“Eu não esqueço a Maria HelenaNeves. Ela foi abandonada completa-mente, nunca lhe foi reconhecido otrabalho de expansão do ensino, nemfoi condecorada, nem louvada. Nada.E ela merecia. Aquela mulher mereciaque se fizesse alguma coisa por ela.Esqueceram-na”.Ribeiro é Castro é o líder do Partidoque mais tem apreciado. “O CDS temtrês tendências: liberais, conservado-res e democratas cristãos. A compo-nente democrata-cristã ficou bastantediminuida com o afastamento de Ri-beiro e Castro. Ele incarnava essa sen-sibilidade. Hoje está mais ligado àscausas, como a do 1° de Dezembro, ade Olivença, até a questão da Língua,e a relação com Cabo Verde”.Para Isaías Afonso, Ribeiro e Castroseria um bom candidato à CâmaraMunicipal de Lisboa, em vez de As-sunção Cristas. “Eu até fiz esta pro-posta no Conselho Nacional. Só queele é democrata-cristão, não é liberal,nem conservador” sorri. “Por isso, aproposta não teve ecos favoráveis.A política local também tem sido umaprioridade para Isaías Afonso. Mesmose mora em Paris, é autarca... naAmadora, em Portugal. É membro da

    Assembleia Municipal. “Tenho duplaresidência” diz a sorrir. “Quando estoucá, vou lá para as reuniões. Fica-memais caro do que os 70 euros que re-cebo para participar nas reuniões”.Mas foi em Paris que o encontrámos.Há quase 13 anos que o LusoJornalexiste e nunca tínhamos feito uma“entrevista de fundo” com o represen-tante de um dos Partidos do “arco dagovernação”. Está corrigida a lacuna!

    Uma homenagema Maria HelenaNevesIsaías Afonso veio para França em1977. Tinha chegado em 1975 deAngola, passou por Lisboa onde con-cluiu uma licenciatura em História naFaculdade de Letras, enquanto davaaulas no Seixal. Depois do estágio,“meti requerimento” e veio paraFrança. Primeiro para Lyon e depoispara a região parisiense.Pelo caminho teve um Processo dis-ciplinar levantado pelo então Ministroda Educação Roberto Carneiro, porcausa de um artigo publicado no jor-nal Tempo. Aproveitou para tirar umalicenciatura de Português-Francês eregressou a França em 1993, depoisde ter recorrido nos tribunais. “Ganheiem Tribunal, claro”. E foi reintegradono sistema de ensino português emFrança.Esteve 6 anos a trabalhar na Coorde-nação de ensino. “Tenho imensa sau-dade desse período. Foi o período daexpansão, da descentralização dosexames,...” Por isso sente-se “mais

    Grande entrevista

    Por Carlos Pereira

    LusoJornal / Carlos Pereira

    Le 18 janvier 2017

  • DESTAQUE 05

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    sensibilizado” com as questões de en-sino.Quando Paulo Portas era Ministro dosNegócios Estrangeiros e suprimiu, nomeio do ano escolar, 40 professoresde Português, 20 dos quais emFrança, Isaías Afonso foi ao ConselhoNacional interrogar o Presidente doPartido. “A resposta de Paulo Portasfoi: encontras-me 3 milhões de eurospara pagar salários e volto a pô-los lá.Não está cabimentada esta despesa.Perguntei-lhe porque não os mandousair logo no princípio do ano escolar eporque o fez em dezembro. Disse-lheque isso passou mal nas Comunida-des e achei que não foi a melhorforma”. Mas Paulo Portas já tinha adecisão tomada, os professores ti-nham regressado a Portugal e muitosalunos ficaram sem cursos de portu-guês.Na entrevista ao LusoJornal IsaíasAfonso disse que Portugal já teve 462professores de português em França,enquanto agora tem apenas 88.“Agora temos 14.000 alunos e tive-mos 55.000 alunos, que representa-vam 50% dos alunos portuguesesescolarizados no ensino francês. Tive-mos 2.600 cursos e realizávamoscerca de 4.000 exames por ano”. Dizque esteve no processo de “oficializa-ção” das escolas associativas de Fe-nelon e Boissières, em Paris. E queestava a preparar-se para oficializar oILCP em Lyon. “Tenho saudades des-tes tempos” suspira.Entretanto o ensino de português noestrangeiro deixou de estar sob tutelado Ministério da Educação para estarsob tutela do Ministério dos NegóciosEstrangeiros. “Penso que foi uma boadecisão” diz ao LusoJornal.E diz também compreender o desin-vestimento nesta área. “Temos de vera austeridade que tivemos pelo meio.Após uma banca rota do país, tem dehaver cortes. Para mim, era inevitável,mas agora tem de haver recuperação.Mas não me parece ser este o cami-nho que o atual Governo está atomar”.Pelo meio houve também erros estra-tégicos. “Nós estivemos a apostar nasnegociações as Comissões mistaspara que o português fosse LínguaViva 1. Lembro-me que uma vez fui auma reunião com a Maria HelenaNeves e eu dizia-lhe: não aposte na

    Língua Viva 1 porque é o espaço doinglês, nós não temos essa possibili-dade. E ela dizia-me: não diga isso,nós somos 200 milhões de falantes.Os espanhóis disputaram o espaço deLíngua Viva 2 e ganharam”.

    Queria ser Adjuntode José CesárioIsaías Afonso podia ter sido, também,Adjunto do Secretário de Estado dasComunidades Portuguesas. E chegoua levar o assunto ao Ministro PauloPortas. “Critiquei o facto do José Ce-sário ter escolhido como Adjuntaaquela que o defrontou pelo círculoeleitoral do resto do mundo” refe-rindo-se a Carolina Almeida, uma fun-cionária consular que tinha sidocandidata socialista às eleições pelomesmo círculo de José Cesário e quedepois acabou por integrar o Gabinetedo secretário de Estado. “Isto chocou-me. Perguntei ao Paulo Portas porquenão tinha sido eu? Eu ganhei as elei-ções e ela perdeu-as”.Paulo Portas nem lhe respondeu.O democrata-cristão diz que “os ajus-tamentos da rede consular foram fei-tos com base numa leitura do númerode atos consulares”. Confrontado como encerramento de alguns postos con-sulares que causaram polémica emFrança, diz que foi a Nantes durantea campanha eleitoral e que foi lá con-frontado com essa situação. “Eu tam-bém sofri redução da minha pensão.Eu compreendo a necessidade quehouve de reduzir enormemente asdespesas de um Estado que quasechegou à bancarrota. Todos temos defazer sacrifícios para que o país nãoseja considerado, cá fora, como umcaloteiro”.Mas depois contra-ataca: “Se o Go-verno da Gerigonça acha que foi er-rado, porque não corrige agora oserros?” pergunta. “A população por-tuguesa no seu todo fez sacrifícios. Ea população portuguesa reconheceuno final que tinha alguma razão paraque o prestigio de Portugal não fosseabalado. Não deram maioria absoluta,mas deram maioria relativa ao Go-verno da Direita”.Só que “como o Primeiro Ministro nãoé escolhido pelo resultado das elei-ções, mas sim por via parlamentar,

    houve desvios que me ficam atraves-sados na garganta” diz ao LusoJornal.“Mas não me parece que haja ilegali-dade. Ainda que não constasse doprograma do PS uma aliança contra-natura com o PCP e o BE, duas peçasde museu”.Isaías Afonso afirma-se anti-comu-nista. “Os Partidos Comunistas desa-pareceram completamente. Eu jánem sei quem é o Secretário geral doPartido Comunista em França. Lem-bro-me do Georges Marché e do Ro-bert Hue, a seguir ao ‘Livre noir ducommunisme’ do Stéphane Courtois,não sei nada. Ora em Portugal, aquelePartido que ainda hoje continua achamar-se Partido Comunista, nãotem moral. Era mais natural que hou-vesse um Partido Comunista francês,que fez parte da Resistência, do queem Portugal, onde fizeram parte dacontestação contra o autoritarismo doSalazar, mas para implementar o quê?O mesmo sistema que havia noutrospaíses, nomeadamente na União So-viética! São erros na consequência,mesmo se podemos concordar com ascausas. Hoje isso tem de ser posto emcausa”.Isaías Afonso vai mais longe. Inter-roga-se sobre o princípio ideológico daExtrema Esquerda. “São ideologiasfundamentadas no terrorismo: as Bri-gadas Vermelhas, o IRA, o ETA,... oque é que mudou? O vocabulário:dizem-se defensores dos trabalhado-res, e abaixo o patronato. Isto já nãoexiste na Europa e nós sabemos queo patronado tem de ser acarinhadopara criar postos de trabalho”.Porque se elegem então DeputadosComunistas, perguntamos nós?“Ainda há muita ignorância da partedos eleitores portugueses” afirma oprofessor aposentado.

    Hollande foi bomna política externaIsaías Afonso interessa-se cada vezmais de questões relacionadas com oislamismo. “Vou proximamente daruma aula na Universidade de Évorasobre ‘Porque falhou o multicultura-lismo na Europa’. Interessa-me estetema”.Considera que François Hollande, emmatéria de política interna, “foi um

    desastre”. Mas, no que diz respeito àpolítica externa, “tenho um granderespeito por este senhor. Sofreu osataques, esteve na manifestação emTunes, esteve no Mali, em 24 horas asForças Armadas Francesas foram parao Mali, porque com a queda da Líbiado Kadafi, deixaram arsenais a céuaberto. Quem foi lá recuperar asarmas sofisticadas? Os Tuaregues, atribu do Kadafi. Mas eles cederamestas armas ao grupo terrorista AQMI(Al Qaeda no Magrebe Islâmico), sãoesses que estavam em deslocaçãopara o Mali, para a queda do Governodo Mali, só que o Hollande foi lá...”explicou. “O Islamismo deixou de seruma religião para ser uma atividadeextremamente perigosa. O Islão é umareligião, mas o Islamismo é uma prá-tica terrorista para instaurar o IslãoSalafista, sem qualquer outra discus-são”.Mas Isaías Afonso diz-se “com medo”da Estrema Direita francesa. “MarineLe Pen não seria uma boa Presidentepara a França. Mas há um perigo. Elaestá a jogar a cartada dos jovens. A es-perança dos jovens está em baixo, odesemprego, os cursos que depoisnão são compatíveis com empregos,tudo isto cria psicologicamente desi-quilibrios generacionais” explica.Felicitando-se pelo aumento de turis-tas franceses em Portugal, IsaíasAfonso só espera que “não haja açõesterroristas no nosso espaço”. E depoisexplica: “Temos lá 66 mil muçulma-nos, essencialmente das ex-colónias,de Moçambique e da Guiné Bissau.Mas salvo alguns casos mais perigo-sos, é uma comunidade pacífica”.Por isso, tem ideias concretas sobreesta questão. “Sou autarca na Ama-dora e tenho-me batido para que naCova da Moura haja feiras e merca-dos. Já lá realizam feiras inspiradasnas ‘Broncantes’ francesas. E pres-siono atualmente para a criação deuma escola inspirada no modelo daSecção Internacional, para Africanos.Não se pode estar a dizer a um Afri-cano que é descendente dos Lusita-nos. Hoje há uma história de África euma literatura africana de expressãoportuguesa que pode servir para fazerum 12° ano com opção internacional”explica.

    Partidos tradicio-nais não estão adar respostaA cidadania foi o último assunto abor-dado nesta entrevista exclusiva ao “re-ferente” do CDS-PP para as questõesde emigração. “O processo de voto porcorrespondência não é bom” começapor explicar. Por outro lado “os Parti-dos prometem mas não cumprem” esobretudo “tudo em Portugal é lento.Muito lento”.Mas Isaías Afonso considera que “aquestão da cidadania é muito impor-tante”.“Aqui há pessoas que se interessam,mas a maioria está alheada da situa-ção em Portugal. Até em Portugal, aabstenção ganha as eleições. Porqueos Partidos tradicionais não estão adar resposta. É por isso que apareceum Trump nos Estados Unidos, umaFrente Nacional em França e na Hol-landa, e é provavel que venha a apa-recer na Alemanha porque o ‘MeinKampf’ já é o livro mais lido atual-mente naquele país”.Isaías Afonso acredita nos jovens, dizque o CDS já teve no seu programa ovoto eletrónico e defente até o votopara estrangeiros que morem há vá-rios anos no país.É fácil isto acontecer porque “o pro-grama do CDS em matéria de Comu-nidades, é o meu programa. Sou euque o faço”.Deixa no entanto algumas críticaspara o Presidente Marcelo Rebelo deSousa. “Aceita os votos da Direita,porque estão certos, vai visitar a Festado Avante e vai fazer campanha elei-toral à Voz do Operário. Mesmo se elediz que tem de se suprimir este climade crispação que existe em Portugal,não se pode enganar assim uma par-cela forte do eleitorado da Direita quelhe deu o voto”.E porque razão ignora o Presidenteesta parcela? Isaías Afonso diz queMarcelo Rebelo de Sousa “deve de-nunciar o que não está bem. Comuma dívida pública a aumentar, eledeve dizer ao Governo que não deve irpor ali. Estamos a chegar novamentea lixo” deixa o alerta.Seguro de si, Isaías Afonso continuaa utilizar uma linguagem bem parti-cular, sobretudo quando se refere à“Esquerdalha”, à “Sinistra” quandose refere a uma Ministra socialista...Volta sistematicamente ao ensino,mesmo quando interrogado sobre ou-tras questões relativas à emigração enão perde uma oportunidade para“bater” no Governo de António Costa.Há quem o considere à Direita da Di-reita, sobretudo depois das opiniõesque tem sobre o Comunismo e dasposições que toma sobre a descoloni-zação das ex-Colónias portuguesas,mas diz que Marine Le Pen seria uma“má Presidente” para a França. ADescolonização é assunto de revolta,nota-se. Por vezes é provocador, masé inflexível nas posições de toma.Será que vai mesmo deixar de seguiras questões relacionadas com as Co-munidades no seio do CDS-PP? Seráque vai ajudar Paulo Freitas do Ama-ral a organizar o Partido no estran-geiro? Ou será que já não encontralugar no CDS-PP atual? São perguntasque só terão resposta com o tempo.

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    Le 18 janvier 2017

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    Réactiond’Anne Hidalgo audécès de l’ancien Président duPortugal MárioSoares«J’ai appris ce week-end avec beau-coup d’émotion la disparition deMário Soares. C’est une personnalitéeuropéenne majeure qui disparaît.Je tiens à saluer son combat pour ladémocratie au Portugal, pour l’inté-gration de son pays à l’Union euro-péenne puis pour l’élargissement del’UE. Figure du socialisme portugais,Mário Soares était un grand hommed’Etat, porteur d’une certaine visionde l’humanité.Il a toujours eu à cœur de saisir lesévolutions rapides de son temps et deles orienter dans le sens du progrès.Il a également consacré sa vie à pro-mouvoir les droits de l’homme etl’égalité entre les peuples.Mário Soares était très attaché à Paris,où il a vécu de 1970 à 1974. Il avaitété distingué de la Médaille GrandVermeil de la Ville de Paris en novem-bre 2013, des mains de Bertrand De-lanoë, en ma présence et en celle deLionel Jospin.J’adresse à sa famille, à ses procheset à l’ensemble du Peuple portugais,mes plus sincères condoléances».

    França restringesaída de menores do paísO Governo francês recuou numapolítica que permitia a saída demenores do país sem a autoriza-ção dos pais, depois de anos dequeixas de famílias de adolescen-tes radicalizados que partirampara se juntarem a grupos extre-mistas.A nova lei que impõe a autorizaçãoparental para a saída de menoresdo país entrou em vigor no domingopassado - cinco anos depois de estamesma restrição ter sido levantadapelo Governo francês -, sem grandealarido e justificada apenas comouma contingência relacionada coma facilitação da burocracia.A França tem sido a maior fontede recrutamento do grupo radicalEstado Islâmico na Europa desdeo início da guerra na Síria, em2011.As famílias francesas têm desdeentão reiterado publicamentequeixas de serem ignoradas porum Estado que permitia que osseus filhos e filhas adolescentesatravessassem as respetivas fron-teiras e mesmo as fronteiras exte-riores da União Europeia emdireção à Turquia, sem que qual-quer controlo ou pergunta lhesfosse feita.

    06 COMUNIDADE

    Conselheiro das Comunidades deu apoio a vítimas do acidente de autocarro em Moulins

    O Conselheiro das Comunidades Por-tuguesas em Lyon, Manuel CardiaLima deu acompanhamento às vítimasdo acidente que envolveu um auto-carro com emigrantes portugueses re-sidentes na Suíça e que fez 4 mortosno início da semana passada. CardiaLima afirmou que tanto do lado fran-cês como do lado português todo oprocesso de socorro e acompanha-mento foi ativado rapidamente.A tragédia que ocorreu no passado 8de janeiro, em França, na estrada Na-cional 79, em direção a Mâcons-Mou-lins tirou a vida a 4 pessoas: um casale duas senhoras. “Segundo a políciafrancesa, não levavam cinto de segu-rança”, começou por declarar ManuelCardia Lima. Todos emigrantes naSuíça, 3 pessoas encontraram-se emestado grave, dos quais um menino e25 feridos ligeiros e foram todos eva-cuados para diferentes hospitais da re-gião: Paray-le-Monial, Mâcon eRoanne.“Quando acordei na manhã de do-mingo e vi que tinha muitas chamadasnão atendidas, desconfiei que algotinha ocorrido. De imediato fiquei asaber pela televisão do acidente e en-trei em contacto com a Cônsul de Por-tugal em Lyon, que nesse momentonão se encontrava presente mas quemostrou sempre disponível por tele-fone”. Foi já no início de sábado queo Conselheiro das Comunidades sepôde deslocar à Mairie de Charollesonde conversou com a Adjunta doMaire. “Segui para o hospital Paray-le-Monial visitar algumas das vítimas.Muitos em estado de choque, confir-maram que a velocidade não era acausa do acidente, mas que o piso es-tava escorregadio e que certamenteteria sido a causa do desastre”. Con-tudo as autoridades francesas não qui-seram avançar com esta pista já queainda era prematuro saber se a veloci-dade era ou não adaptada a estas con-dições de circulação.Os socorros franceses intervieram ra-pidamente, mas foram ainda precisoscerca de 20 minutos para chegar ao

    local do acidente. Os feridos mais li-geiros apesar das condições climatéri-cas e do solo escorregadio foram-seajudando uns aos outros, enquanto osprimeiros socorros não chegavam. “20minutos é uma média normal para in-tervirem em caso de acidente da es-trada. De modo que tanto da parte dasurgências como da parte das autorida-des locais, foram bastante proativos.Eu próprio na ida quando passei nolocal do acidente não me apercebi quehavia sido ali o acidente, tudo estavalimpo e operacional”.Aquele troço da RCEA (Estrada CentroEuropa e Atlântico), conhecido por seruma estrada perigosa, provocou tam-bém durante a madrugada outro aci-dente a poucos metros dali erecordemos que já havia sido palco doterrível acidente que vitimou 12 Por-tugueses em março de 2016, cujo veí-culo tinha sido posto em causa. “Foiuma noite trágica, porque também noprimeiro acidente eram uns Portugue-ses que iam no carro e que se encon-traram com as outras vítimas nohospital, horas mais tarde”, explicou

    Manuel Cardia Lima ao LusoJornal.Quanto ao Secretário de Estado dasComunidades, José Luís Carneiro, des-locou-se a França no domingo à tardee regressou no dia seguinte a Portugal.Ambos visitaram durante os dois dias,as vítimas nos hospitais e puderamfalar com os familiares presentes queentretanto chegavam da Suíça para ospoderem levar para casa. Segundo oConselheiro das Comunidades, tanto oSecretário de Estado como o Vice Côn-sul de Portugal em Lyon, Sabino Pe-reira, mostraram-se muito presentesapós o acontecimento para prestarapoio às vítimas e famílias assim comoacelerar todo o processo de transferên-cias dos corpos para Portugal. “Tam-bém contámos com o apoio doCônsul-adjunto de Paris, João de MeloAlvim que se deslocou propositada-mente”.José Luís Carneiro contou que os pas-sageiros do autocarro que visitou“estão muito conscientes do que sepassou. Transmitiram-me que o auto-carro numa curva pouco acentuadacomeçou a derrapar no gelo e que de-

    pois foram projetados - a maior partedeles - e foi nessa projeção pelos vi-dros que houve até o atropelamento dealguns. Estão muito conscientes e pro-fundamente tristes com o que se pas-sou, mas ao mesmo tempo comvontade de voltar às suas terras de ori-gem e à Suíça onde têm as suas vidasestruturadas”, indicou na altura.O Secretário de Estado adiantou terestado reunido com o Perfeito Mâcon,a quem manifestou as condolênciaspor parte do Primeiro-Ministro, Antó-nio Costa, e Ministro dos Negócios Es-trangeiros, Augusto Santos Silva.Os corpos de três das quatro vítimasmortais chegaramm a Vila Nova de FozCôa na quinta-feira (o casal e uma se-nhora), cujos funerais tiveram lugar nasexta feira passada em Muxagata eFreixo de Numão.O funeral da mulher de Lousada, com33 anos, que também morreu no aci-dente realizou-se também na sexta-feira, na localidade de Nevogilde.O marido da vítima, que ficou feridono acidente, foi transferido para umhospital na Suíça, acompanhado poruma irmã. Já o filho mais novo, de trêsanos, continuava internado numa uni-dade hospitalar pediátrica em França,acompanhado da avó materna quetambém viajou de Portugal. O filhomais velho, de 13 anos, teve logo alta.Os pais da vítima mortal, tinham se-guido para a França após o acidenteem viagens feitas de avião, suportadaspela Câmara Municipal de Lousada,que também disponibilizou apoio psi-cológico aos familiares da vítima emPortugal.Manuel Cardia Lima concluiu quetanto os Franceses como os Portugue-ses ficaram em estado de choque epede para que no futuro os automobis-tas tenham ainda mais cautela ao pas-sar por aquela estrada. “É uma estradamuito perigosa e frequentemente du-rante o inverno torna-se quase impra-ticável. Não obstante haver sinais dealerta para reduzir a velocidade, não éo suficiente e de acordo com a ‘Prefei-tura’, só em 2025, haverá orçamentopara poder melhorar a estrada e sepa-rar as faixas.

    Manuel Cardia Lima eleito em Lyon

    Por Clara Teixeira

    Jovem português desaparecido em Parisfoi hospitalizado para avaliaçãoO jovem português que estava desa-parecido em França desde 26 dedezembro foi internado no serviçode psiquiatria do Centro hospitalarRobert-Ballanger, nos arredores deParis, depois de ter estado alojadoduas semanas em casa de um des-conhecido.O internamento de Sérgio FilipeLopes Machado, de 26 anos, foi con-firmado à Lusa pelo próprio hospital,depois de um próximo da família dojovem ter dado conta do mesmo.A fonte ligada à família, RomeuBraga, disse à Lusa em Paris que ojovem “se encontra internado no hos-pital, desde hoje à tarde, com lesõestraumáticas, ainda sem se conhecerverdadeiramente o que as causou”.Por outro lado, em declarações à

    Lusa, a Polícia francesa esclareceuque Sérgio Machado esteve alojadoduas semanas em casa de uma pes-soa que “não o conhecia inicial-mente”, uma versão diferente da quefoi divulgada anteriormente pelo Ga-binete do Secretário de Estado dasComunidades. “Ele não o conheciainicialmente, mas é um senhor quepensou que se tratava de um refu-giado sírio ou uma pessoa com ne-cessidades e acolheu-o em casa dele.É um jovem bipolar, que não é capazde se desenrascar sozinho. O senhoralojou-o durante as duas semanas, otempo em que esteve desaparecido.Quando foi a um bar com o rapaz,uma das pessoas que estava lá e quetinha ouvido falar de um desapareci-mento preocupante, assinalou-o à

    Polícia”, explicou fonte da Polícia deMassy, no sul de Paris.O Gabinete do Secretário de Estadodas Comunidades tinha dito à Lusana quinta-feira que Sérgio Machado“terá estado em casa de um amigo”.Romeu Braga acrescentou que Sér-gio Machado e o seu irmão decidiramentretanto apresentar queixa contrao “desconhecido” que albergou ojovem. “Sérgio, na companhia doirmão, foi ontem de manhã [quinta-feira] ao Comissariado da Polícia deMassy, onde prestou depoimento, efoi apresentada queixa contra um ci-dadão francês, desconhecido do Sér-gio ou de qualquer pessoa queconvive com ele (…) Este senhordesconhecido manteve o Sérgio duassemanas com ele, sem se consegui-

    rem compreender, porque um nãofala francês e o outro não fala portu-guês”, indicou Romeu Braga.A Polícia confirmou que vai interro-gar a pessoa que alojou o português“na próxima semana”, ressalvandoporém que “quando o jovem foi en-contrado, não apresentava proble-mas” e sublinhando que se trata deum “rapaz bipolar”.Na semana passada, a Polícia tinhaindicado, também, que o jovem “sófala português, sofre de distúrbiospsiquiátricos (bipolaridade) e não écapaz de andar nos transportes pú-blicos”, sublinhando que “ele é in-capaz de se desenrascar sozinho semo irmão” e que “não tem consigo bi-lhete de identidade nem formas depagamento”.

    Le 18 janvier 2017

  • Cônsul Honorário deOrléans naapresentaçãode votos domunicípio deIngré

    O Cônsul Honorário de Portugal emOrléans, José de Paiva, assistiu no dia9 de janeiro à cerimónia de apresen-tação de votos para o novo ano namunicipalidade de Ingré (45), res-pondendo ao convite do Maire Chris-tian Dumas, na presença da maioriados membros do Conselho municipale em que estiveram presentes váriaspersonalidades da vida pública locale departamental locais.Este acontecimento foi para o Mairea oportunidade de se exprimir e tecerum balanço sobre a atividade do anoprecedente e de se projectar para2017. Christian Dumas referiu-seainda aos dramas e atentados vividosnos últimos tempos, rendendo home-nagem às vítimas e numa perspetivalocal salientou a importância da coe-xistência pacífica das populações edo “saber viver juntos”.Ingré conta mais de 8.000 habitantesdos quais cerca de 10% são de ori-gem portuguesa, uma populaçãoativa, bem integrada e trabalhadoraexercendo em profissões ligadas àconstrução civil, agricultura, limpeza,serviços, etc.

    COMUNIDADE 07

    Rui Neumann edita livro sobre “Raptos Políticos”

    O jornalista português Rui Meumann,radicado em Paris, acaba de editar olivro “Raptos políticos e tomada de re-féns - Consensos e contradições deuma ameaça crescente” na ChiadoEditora. O livro foi apresentado emPortugal no último trimestre de 2016e aguarda apresentação em Paris.Rui Neumann, que trabalhou algunsanos no jornal “Encontro” e fundou ojornal “Opinião”, em Paris, nos anos90, é licenciado em Ciências políticase relações internacionais no Porto, ci-dade onde aliás nasceu em 1965, e éMestre em Direito e Segurança, pelaFacudade de Direito da UniversidadeNova de Lisboa. O livro agora editadoé, no fundo, a publicação da tese demestrado “adaptada para o grandepúblico, aliviada de alguma matériade investigação académica, mas com-pletada com um trabalho jornalisticoe com observação pessoal” disse aoLusoJornal.Rui Meumann acompanhou no terrenoalguns dos principais acontecimentospolíticos na República Democrática doCongo, na República do Congo, emAngola, Guiné-Bissau, Timor Leste,Venezuela, Argélia, Sara Ocidental,Gabão, entre vários outros, enquantoespecialista de geopolítica africana,com principal incidência para os paí-ses de expressão lusófona, para aagência de notícias PNN (PortugueseNews Network), agora E-Global Notí-cias. Colabora também com a rádioVoice of America (Washington), RadioFrance Internationale (RFI), Rádio Ca-pital FM (Bissau) assim como várioscanais de televisão.A tomada de reféns não é uma práticanova, mas tende a aumentar, sobre-tudo em vários países do mundo.“Nem todas as tomadas de reféns têmos mesmos objetivos” esclarece RuiNeumann. “Umas podem servir depressão política e outras para recupe-rar dinheiro”. Mas também nem todosos reféns têm a mesma importância.“Há reféns de primeira e de segundacategoria. Há uns que valem mais doque outros”.

    O autor estrutura os conceitos, basea-dos em legislação e em convençõesinternacionais, de refém, rapto, se-questro, resgates,... “Para os raptores,independentemente de se tratarem degrupos terroristas ou organizações cri-minosas, um refém é uma ‘mercado-ria’ que pode ter mais ou menos‘valor’, que pode ser ‘negociada’ devárias formas” explica Rui Neumann.O autor evoca vários “casos de es-cola”, “casos que contribuiram parafazer legislação e para que fossem as-sinados acordos internacionais”mas... cada caso é único!O pagamento dos resgates é assunto“tabu” para todos os países e os dis-cursos estão cheios de “hipocrisias”.À primeira vista há países que dizemque nunca pagam resgates de reféns.“Mas é evidente que estão nas nego-ciações e há muitas formas de pagarresgates” explica Rui Neumann. Li-bertando prisioneiros, por exemplo,reconhecendo uma ou outra eleição

    mais controversa, favorecendo a im-plantação de uma empresa, “e atépermitir que os filhos dos raptores es-tudem em Portugal, como aconteceupara raptores de Cabinda” afirma oespecialista.Cabinda foi aliás, durante algumtempo “a capital do rapto português”.Vários casos são estudados no livroagora publicado, com documentoscomprovativos. Na Venezuela é o paísonde têm morrido mais Portuguesessequestrados, “não por serem Portu-gueses, mas porque o rapto criminosose banalizou no país”.Mas podemos ir buscar exemplosmais antigos à história de Portugal.Por exemplo, o Infante D. Fernando,irmão do rei D. Duarte, foi capturadoe ficou refém em Tanger, em Marro-cos. As Cortes portuguesas não se de-cidiram pela forma de resgate e oInfante foi martirizado durante 6 anose acabou por morrer em Fez, em1443. Rui Neumann recorda também

    o ataque ao navio Santa Maria e “amais espetacular tomada de refénsque envolveu Portugal”. A “OperaçãoDulcineia” dirigida por Henrique Gal-vão fez reféns os 600 passageiros e300 tripulantes do navio, como formade protesto “para abalar os regimes deOliveira Salazar e de Franco”.No caso da França, há um luso-fran-cês raptado no Mali pelo Mujao, obraço armado da Al Queda para o Ma-grebe Islâmico, quando estava numamissão humanitária. “Este é umexemplo de um refém de segundaclasse” explica Rui Neumann. “Não éjornalista, é um simples reformado, daprovíncia, sem impacto mediático,que estava numa missão humanitária,e por isso o Estado francês não tevecom ele a mesma atitude que tevecom jornalistas, por exempo”. Nestemomento, duvida-se ainda se está emvida. “Ouve um vídeo, com um pedidode resgate, François Hollande e, na al-tura, em 2013, Laurent Fabius, dis-seram que nunca pagariam resgate.Desde então houve a intervenção mi-litar francesa no Mali e o Gilberto Ro-drigues continua desaparecido”.Com esta obra, Rui Meumann mostraque é especialista e investigador sobrea geopolítica dos movimentos rebel-des, organizações políticas radicais,terrorismo e movimentos insurreccio-nais, em que os raptos e a tomada dereféns sempre foram armas.Por isso, é um livro de atualidade!

    Por Carlos Pereira

    Especialista de geopolítica de organizações terroristas

    Le 18 janvier 2017

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  • lusojornal.com

    Ex-Embaixadorem França,Seixas daCosta distinguidocom o maisalto galardãode Viana doCastelo

    O Embaixador Seixas da Costa, quefoi Embaixador de Portugal emFrança, vai receber, no dia 20, o títulode cidadão de honra de Viana doCastelo pelos “notáveis serviços pres-tados na divulgação do concelho anível nacional e internacional”, anun-ciou a Câmara Municipal.A atribuição deste título honorífico aFrancisco Seixas da Costa e a maisseis personalidades foi anunciada,em comunicado, no âmbito das co-memorações do 169º aniversário deelevação de Viana do Castelo a ci-dade, a 20 de janeiro.Já em agosto de 2016 o ex-diplo-mata, natural de Vila Real, foi a per-sonalidade escolhida pelo Presidenteda Câmara Municipal de Viana doCastelo, José Maria Costa, para pre-sidir à Comissão de honra da Roma-ria d’Agonia. “É uma figura grande danossa diplomacia. Foi Embaixadornos EUA, no Brasil, em França. Foisempre uma pessoa que acompa-nhou muito de perto as nossas festas.É uma presença assídua em Viana doCastelo”, sublinhou, na altura, o au-tarca socialista.Para o antigo diplomata, que tambémdesempenhou as funções de Secre-tário de Estado dos Assuntos Euro-peus dos Governos de AntónioGuterres (PS), a festa da capital doAlto Minho “é Embaixadora de Portu-gal no mundo e fator de união dosPortugueses que vivem no exterior eque mantêm a relação com Viana”.“O meu pai é natural de Viana. Eupassei 18 anos da minha vida a fazerférias em Viana e continuo a vir comregularidade, em particular às festas.Sinto-me muito honrado e prestigiadocom o convite que me foi feito esteano”, disse na altura, destacando aprocissão ao mar e festa do traje comos números que mais aprecia.No total, entre nomes propostos pelamaioria socialista, pelo PSD e pelaCDU, a Câmara de Municipal deViana do Castelo vai atribuir 26 títuloshonoríficos a personalidades ligadasà cultura e ao ensino, empresas e ins-tituições locais de várias áreas.

    08 COMUNIDADE

    Acabou o programa “Nova Onda” em Feyzin

    Após cinco anos de existência, o pro-grama de rádio “Nova Onda”, ani-mado por Delphina, Luís e José daRocha no início, aos quais maistarde se juntou Álvaro Rito, extin-guiu-se no domingo, dia 18 de de-zembro. O programa teve início nodia 11 de novembro 2011, comduas horas semanais em que os ani-madores levavam para o ar váriostemas culturais e musicais, assimcomo a agenda das atividades dasassociações na região do grandeLyon.“Este programa era patrocinado pelaAssociação Cultural dos Portuguesesde Feyzin (ACPF) que suportava oscustos financeiros das horas de an-

    tena. Nós privilegiámos sempre a co-municação da vida associativa da as-sociação ACPF informando os nossosaderentes e amigos. No início tínha-mos só 1h15, depois passamos a ter1h30 e no final tínhamos 2 horas deprograma” confia Delphina daRocha, a Presidente da associação etambém animadora com as suas ru-bricas culturais e de informação.“Mas como todos os projetos, tinhaque haver um fim, e várias são as cir-cunstâncias que fizeram com que adecisão fosse unânime em terminar-mos agora os programas. Foi uma to-mada de decisão da equipa deanimadores” concluiu Delphina daRocha ao LusoJornal.Na região de Lyon, o programa“Nova Onda” era um dos que tinha

    mais escuta, dado ser transmitidoaos domingos, entre as 12h00 e as14h00. Mas também pelo seu con-teúdo, que também era visivelmentede agrado dos ouvintes, pois o seuespaço informativo sobre a vida as-sociativa na região de Lyon era muitoapreciado e útil.“Gostei muito de participar nestesprogramas. Eu sentia que era degrande utilidade para a Comunidadeportuguesa, e então sempre fiz porestar presente no meu espaço de an-tena com as minhas informações”declarou Álvaro Rito ao LusoJornal.“No início fui convidado pelo ex-Pre-sidente José da Rocha para fazerparte da equipa e tendo em conta aminha experiência radiofónica aonível da técnica. Aceitei e hoje estou

    muito contente desta minha partici-pação durante estes cinco anoscheios de boas recordações, ondeacolhemos para entrevista várias per-sonalidades políticas, dirigentes as-sociativos, artistas e várias vezes aCônsul Geral de Portugal em Lyon,Maria de Fátima Mendes” disse aoLusoJornal o animador Luis.A ACPF continua a sua participaçãoem vários projetos culturais na regiãoRhône/Isère, como por exemplo umaparceira no festival “Resonance”, oterceiro festival intercultural com otema Portugal, onde a cultura portu-guesa estará em destaque, com ini-ciação à língua, com a cultura emgeral, a culinária e o folclore portu-guês. Este evento vai ter lugar no dia28 de janeiro, no Atrium Seyssuel.

    Na rádio Plurielle, em 91,5 FM

    Por Jorge Campos

    Polícia desmantela grupo que levava imigrantes ilegais entre França e PortugalUma pequena empresa familiarsuspeita de ter feito transitar cercade 500 imigrantes, principalmentede França para Portugal, foi des-mantelada pela polícia francesa.No fim de semana passado, quatropessoas foram detidas na regiãoparisiense por “ajudar a entrada, acirculação e a permanência irregu-lar de um estrangeiro em França”.

    A polícia tinha informações, obtidasem maio de 2016, que mais de 20pessoas de origem indiana ou pa-quistanesa em situação irregularforam levadas a bordo de uma ca-mioneta, conduzida por uma fran-cesa de origem portuguesa, de LaCourneuve (Seine-Saint-Denis, nosarredores de Paris) para Portugal.A investigação revelou a “existência

    de uma estrutura familiar que faziatransitar” imigrantes da França paraoutros países do espaço Schengen,essencialmente Espanha e sobre-tudo Portugal.A organizadora desta estruturatinha como ajudantes o seu com-panheiro e o filho daquele parafazer as viagens. Os três foram in-diciados e presos, de acordo com a

    polícia.As forças de segurança, segundo asinformações obtidas, acreditam quesó entre janeiro e junho de 2016,foram feitas 26 viagens entre aFrança e Portugal. No ano passado,estimam que teriam sido aproxima-damente 60 viagens no total, com530 imigrantes, para ganhar cercade 132 mil euros.

    Lusodescendente detido por cortar ligaçõesentre torres de controlo da Madeira e LisboaUm homem foi detido por interromperpor uma hora e meia as comunicaçõesentre as torres de controlo aéreo daMadeira e Lisboa, ao cortar cabos deum sistema instalado no Porto Santo,anunciou a Polícia Judiciária.Em comunicado, a PJ indicou que ocrime remonta a setembro de 2016,quando o homem, de 32 anos, subiua vedação que delimita as infraestru-turas do radar da empresa Navegação

    Aérea de Portugal instaladas na ilhade Porto Santo e, munido de umaserra, cortou vários cabos do sistemade comunicações daquela empresa.“Em resultado, verificou-se uma falhacompleta de comunicações entre astorres de controlo da Madeira e doCentro de Controlo de Tráfico Aéreo deLisboa, com implicações nas comuni-cações com as aeronaves que, na al-tura, sobrevoavam a zona da Região

    Autónoma da Madeira”, lê-se no co-municado.Após o crime, o suspeito colocou-se“imediatamente em fuga”, inicial-mente para Lisboa e depois paraFrança, de onde apenas regressou re-centemente.A PJ esclarece que o corte de comu-nicações teve a duração aproximadade cerca de uma hora e trinta minu-tos.

    O detido, acusado do crime de aten-tado à segurança de transporte por ar,foi presente às autoridades judiciaisna segunda-feira, 09 de janeiro,tendo-lhe sido aplicada a medida decoação de prisão preventiva.A Polícia Judiciária informou aindaque atuou em colaboração com Polí-cia de Segurança Pública (PSP) e nocumprimento de mandados de deten-ção emitidos pelo Ministério Público.

    Le 18 janvier 2017

    LusoJornal / Jorge Campos

  • Emigrantesforam os quemais utilizaram abookingdrive.comno Natal e noAno Novo

    A plataforma bookingdrive.com dealuguer de carros está totalmentedisponível e em funcionamento.Segundo a empresa, no períodode Natal e de Ano Novo, a maioriados pedidos de aluguer (37%)foram feitos por Portugueses queestão emigrados no estrangeiro,nomeadamente em França, Ale-manha, Luxemburgo e Bélgica.Estes resultados superam os 27%de pedidos feitos pelos Portugue-ses que vivem em Portugal e os16% de reservas de turistas es-trangeiros. Os restantes 20% sãode outras categorias de utilizado-res da plataforma.Este modelo de negócio, assentena economia da partilha, já existehá vários anos na Europa, tendo oseu epicentro em França ondecoabitam várias empresas destanova era de serviços.Para Jorge Forte, CEO da booking-drive.com, estes indicadores sãomuito positivos, mas não são umasurpresa: “Estas plataformas jáexistem no estrangeiro há imensotempo e muitos dos nossos emi-grantes já estão familiarizados comestes serviços de carsharing e pre-dispostos para a economia da par-tilha. Em Portugal, estes modelosde negócio têm vindo a crescer ea sedimentar-se. É o futuro pró-ximo”.Esta nova plataforma de aluguer epartilha de carros (carsharing),inovadora e pioneira em Portugal,foi integralmente desenvolvida nopaís e conta com um seguro da Fi-delidade, a maior empresa segu-radora do país, durante todo oprocesso de aluguer e com umaampla cobertura, nomeadamentede assistência em viagem e dedanos próprios.“Na bookingdrive.com é possívelencontrar inúmeros modelos decarros, de várias marcas e diferen-tes segmentos, opções que seadaptam à necessidade de cadacondutor. A aplicação é simples,prática e segura, disponibilizandoviaturas para aluguer num períodomínimo de 2 horas e máximo de 7dias, renováveis”. A inscrição noserviço é gratuita e isenta de taxas.“O bookingdrive.com é a soluçãoideal para dar uso aos carros queestão parados na garagem e paratodos os proprietários que passamlongos períodos fora de casa oufora do país”.www.bookingdrive.com

    EMPRESAS 09

    lusojornal.com

    Surcursal do BPI em França concentra toda a sua operação numa só agência em Paris

    A sucursal do Banco BPI em Françatem em curso um grande plano derestruturação que implica o encerra-mento, já no dia 28 de janeiro, das7 agências que tem na região pari-siense e o despedimento de 60 co-laboradores, concentrando toda aoperação da sucursal na agência-sede, na rue Richelieu, em Paris.“Não vamos sair de França. Nãovamos abandonar os nossos clien-tes” disse ao LusoJornal JoaquimPinheiro, Diretor Geral da Sucursal.“Continuamos muito empenhadosem apoiar os nossos compatriotasque residem em França, em todasas aplicações e poupança que têmconnosco em Portugal. O BPI podeorgulhar-se que sabe que o seudever principal é o de defender aspoupanças de quem trabalhou todaa vida. Temos o máximo respeitopelos nossos clientes e nunca puse-mos as suas economias em risco. OBPI sabe qual é a sua missão”.A sucursal do BPI em França datade 1974. Primeiro era um Escritóriode Representação do Banco Borges& Irmão, transformado em sucursalno ano seguinte.Interrogado pelo LusoJornal sobrealguma proposta de compra da Su-cursal por agum banco concorrente,o Diretor Geral não confirmou, limi-tando-se a dizer, no entanto, que “osnegócios só se concretizam quandosão bons para as duas partes...”Também em Portugal o BPI já en-cerrou um terço das agências.“Trata-se de reajustar o banco, eadaptar-se mais à realidade de hoje,em que cada vez há menos clientesa virem às agências e a tratarem dassuas contas via internet” explicaJoaquim Pinheiro. “Continuamos or-gulhosamente a ser o banco com orácio de crédito em risco mais baixoda Península Ibérica e aquele quetem a maior taxa de cobertura deimparidades face ao crédito emrisco. Por isso, estamos numa situa-ção tranquila, as poupaças dos nos-sos clientes estão tranquilas eguardadas”.Em França o banco já tinha encer-

    rado 3 agências - “as mais peque-nas” - e tinha atualmente 96 cola-boradores. Alguns foram saindo emcomum acordo, “uns para a concor-rência, outros mudaram de atividadeprofissional ou tinham projetos pes-soais” explicou Alberto Torres, Dire-tor Comercial da Sucursal.O Plano social implicou o despedi-mento de 60 colaboradores. “Foi as-sinado por unanimidade pelas insti-tuições representativas dos trabalha-dores e foi feito em ambiente socialmuito tranquilo, validado pela Directem muito pouco tempo” explicaJoaquim Pinheiro. Ficaram 13 fun-cionários.O Banco tem um Escritório de Re-presentação em Lyon, que vai guar-dar “para poder dinamizar maistarde, se tudo correr bem em Paris,como estamos a prever” explica Al-berto Torres. E tem um Núcleo decolaboradores “isolados” que traba-lham essencialmente na provínciafrancesa. “Vamos refletir, mas emprincípio não há alteração nesse nú-cleo” diz Joaquim Pinheiro. “As es-truturas mantêm-se inalteradas,podendo haver ajustamentos” com-pleta Alberto Torres.Recentemente, o Sindicato CGTtinha anunciado, por intermédio deJosé Roussado, sindicalista do setorbancário, em representação dos co-laboradores da Sucursal de Françada Caixa Geral de Depósitos, que iriaapresentar queixa pelo facto do“BPI ter colaboradores destacadosem França há mais de dois anos, oque é ilegal”.Joaquim Pinheiro desmente catego-ricamente haver anomalias dessetipo. Confirma que tem colaborado-res destacados há mais de doisanos, “mas a legislação permite-o apartir do momento em que são de-clarados à Segurança Social fran-cesa. Ainda há alguns mesestivemos um controle e tínhamospago cotizações a mais que a Segu-rança Social francesa nos devolveu.Está tudo validado por uma estru-tura chamada CLEISS”.Tendo em conta que o Plano socialestá validado, entra em execusãonestas duas semanas todo o pro-

    cesso de encerramento das agên-cias. Os clientes são informados porcarta que passam a tratar os seusassuntos na agência da rue Riche-lieu, junto à Comédie Française. As7 agências encerram físicamente nosábado, dia 28.“Em março vamos alterar o horárioda agência, que vai passar a ser desegunda a sexta-feira, das 9h00 às17h00, com uma zona automáticaque funciona das 8h00 às 20h00”explica Alberto Torres.A curto prazo, também os serviçosda sede, na avenue de l’Opéra, vãoser transferidos para a agência. “Vaificar tudo concentrado” confirma Al-berto Torres. “Fruto do mercado,temos de melhorar a rentabilidade.É o que fazem os nossos clientes.Todas as empresas fazem isso”.Mas foi importante manter uma Su-cursal em França. “Um Escritório deRepresentação não permite fazeroperações, não pode enviar remes-sas, não pode fazer um cartão. Sa-bemos perfeitamente o que nãopodemos fazer num Escritório deRepresentação. Trata-se apenas deir às festas... de representar” ga-rante o Diretor Geral da Sucursal.“Queremos continuar numa dimen-são ajustada e fazer aquilo que fa-zíamos e por isso a solução écontinuarmos a ser uma Sucursal”.Esta é a única Sucursal do BPI noestrangeiro. O banco encerrou 5 Es-critórios de Representação em váriospaíses: Luxemburgo, Londres, Ham-burgo, Fall River e Toronto. “Os cus-tos eram importantes, e não podiamfazer nada. Mas o impacto destesencerramentos foi praticamentenulo”.Esta era uma operação demasiadopequena para suportar as despesasde 7 agências. “A decisão de con-centração impunha-se” garante Joa-quim Pinheiro. “Com a nossadimensão dificilmente seríamos oúnico e primeiro banco dos nossosclientes. A dimensão necessáriapara que a operação fosse compatí-vel, exigiria um investimento queestá fora de hipóteses atualmente”.Continuando a ser uma Sucursal, oBPI vai continuar a propôr aos clien-

    tes exatamente os mesmos produtosque comercializava até aqui. “Nadamuda” garante Alberto Torres. “Parao cliente apenas muda a agência.Mais nada”. O banco já começou atestar esta mudança. Identificou umgrupo de clientes e “transfriu-os”para a agência-sede. “Tudo correunormalmente, sem qualquer pro-blema”.E é na relação com Portugal que obanco quer apostar. “Não temos aambição de concorrer com os gran-des bancos franceses. Mas quere-mos ser os melhores nesta relaçãoentre a França e Portugal. Esta é anossa especialidade. Temos umaequipa preparada e com experiêncianesta área” garante Alberto Torres.“Queremos acompanhar as empre-sas que vêm de Portugal paraFrança, e continuar a apoiar os em-presários portugueses que já têm in-vestimentos em Portugal. Nisto,francamente somos bons e podemosainda melhorar”.“Temos uma rede de 39 Centros deinvestimento em Portugal, que fun-cionam muito bem. Não são protóti-pos, é uma realidade. Os nossosbalcões têm muita eficiência. Vamoscontinuar a servir bem os nossosclientes, porque essa é a nossa prio-ridade” garante por seu lado Joa-quim Pinheiro.Outra fórmula já testada é a vinda aFrança de colaboradores das agên-cias das regiões com forte emigra-ção. Vêm a França encontrar-se comos clientes e Joaquim Pinheiro quermanter esta estratégica. “Guardarsempre uma proximidade com osclientes e responder mais eficaz-mente às suas preocupações”.“Não vamos abandonar a França,contrariamente ao que se diz, nãovamos vender a operação, vamospotenciar muito a relação entrePortugal e a França, respondendoao enquadramento bancário dehoje. Apenas concentramos toda anossa operação numa só agência”concluiu Joaquim Pinheiro. “Equeremos guardar todos os nossosclientes nesta perspetiva de umaequipa especializada para melhoros servir”.

    Por Carlos Pereira

    Encerramento de 7 agências e despedimento de 60 colaboradores

    Le 18 janvier 2017

    Joaquim Pinheiro (à direita) com Alberto TorresDR

  • lusojornal.com

    10 EMPRESAS

    Banque BCP abre nova agência em Nice

    O Banque BCP abriu uma nova agên-cia em Nice, na mesma avenida ondeabriu recentemente também um Con-sulado Honorário de Portugal. A inau-guração oficial só vai ter lugar no dia24 de fevereiro, com um concerto dafadista Cuca Roseta.“Não estávamos presentes na regiãoPACA. A agência mais perto é a deNîmes, e o que temos vindo a consta-tar, no âmbito de um trabalho quetemos feito há alguns anos, é que aComunidade portuguesa já não estáonde estava antes, foi mudando, foi-se instalando, evoluiu, e nós achámosque chegou a altura de ajustarmos anossa presença à presença da nossaComunidade” explica ao LusoJornalVítor Martins, Diretor da distribuiçãoe da animação comercial do BanqueBCP. “Temos vindo a mudar algumasagências de sítio e decidimos abriruma nova agência em Nice”.As inscrições consulares na região re-presentam mais de 20.000 Portugue-ses. “Também existe uma antena daCâmara de Comércio ali perto e abriuagora um Consulado honorário emNice, de modo que se começaram aconjugar fatores que faz sentido paranós estarmos presentes”. A novaagência do Banque BCP abriu a cerca

    de 300 metros do Consulado Honorá-rio, no 50 boulevard Victor Hugo.A agência de Nîmes continua aberta,mas sofreu ajustamento recente.“Apenas deslocámos a agência deNîmes de 600 metros no final do ano,para novas instalações, com novo con-ceito de agência” garante Vítor Mar-tins.Antes de se instalar em Nice, o Ban-que BCP já tem clientes na região.“Porque ao termos lançado a agên-cia em linha há algum tempo, ao ter-mos um posicionamento muitovirado para o investimento em Por-tugal e também para alguns France-ses, fomos criando lentamente jáuma carteira de clientes na região eisso já nos permitiu anunciar a essesclientes que a partir de agora vão teruma agência de proximidade. Elesnão são obrigados a mudarem-separa lá, mas têm essa possibilidade”diz Vítor Martins ao LusoJornal. “De-pois diria que no nosso mercado istofunciona muito por recomendação.Os clientes que já servimos e queestão satisfeitos connosco, acabampor nos trazer outros clientes”.O Millenium também informou osclientes que tem na região, que oBanque BCP abriu uma agência emNice. “Aquilo que temos sentido éque há uma aceitação e sobretudo

    uma satisfação muito grande das pes-soas de terem um banco português naregião”.A agência tem 3 colaboradores e ins-creve-se no quadro do “novo conceitode agências” daquele banco. “Intro-duz uma série de elementos tecnoló-gicos, mas também num conjunto desinais que refletem a nossa alma eque representamos claramente com ocoração de Viana. É uma agência quetem nesses elementos de portugali-dade a calçada portuguesa, oferecidapela empresa VMP Pavage de Ste Ma-xime, cujo gerente é português”.Para além de se dedicar a clientesparticulares e empresas, a agênciatem uma organização particular. “Amanhã serve para recebermos todosos clientes, para qualquer tipo de ope-rações, e a parte de tarde está reser-vada para receber os clientes pormarcação ou ir ver os clientes ondeeles estiverem” explica Vítor Martins.O Diretor da distribuição e da anima-ção comercial explica que nesta fasede implantação, os colaboradores de-dicam mais tempo aos clientes.“Temos presente que Ste Maximedista de 80 km de Nice e há lá umaenorme Comunidade portuguesa, porisso vamos proceder visitas regularesa Ste Maxime para podermos acom-panhar os clientes”.

    O Banque BCP assume-se como umbanco francês, pertencente ao se-gundo maior grupo financeiro francês,o grupo Banque Populaire-Caissed’Epargne, mas com “fortes afinida-des” portuguesas, até porque é de-tido, em 20%, pelo Millennium bcp.“Eu diria que somos um exemploclaro da emigração: éramos um bancoportuguês e com o passar das gera-ções, temos agora uma nacionalidadefrancesa, com a alma portuguesa” re-sume Vítor Martins.Aliás Vítor Martins costuma dizer queo Banque BCP “não é um banco co-munitário. É um banco afinitário”.Por isso, a agência de Nice tambémpode captar clientes franceses. “Atéporque estamos num bairro de Nicebastante agradável, cuja avenidatem uma presença enorme de pro-fissões liberais: advogados, médicose esse mercado interessa-nos clara-mente, e depois temos a noção queNice tem uma média de idade napopulação francesa elevada, muitagente na idade de reforma ou emproximidade de a atingir, e Portugalhoje é um destino de eleição para osreformados...”O que encontram no Banque BCPe não encontram nos bancos fran-ceses? “Um tratamento humano,mais próximo, porque temos uma

    política que diz que cada clientetem um interlocutor dedicado,temos carteiras de clientes queestão dimensionadas de uma formamais reduzida daquilo que se encon-tra na globalidade dos bancos france-ses, o que permite um contacto maisregular do que no banco francês, e aspessoas saem valorizadas e deixam deser um número para voltarem a seruma pessoa. Esta é a vantagem dosbancos da nossa dimensão” diz aoLusoJornal.Vítor Martins disse que o banco teveuma “boa ajuda” do Cônsul Geral dePortugal em Marseille, Pedro Mari-nho, do Cônsul Honorário de Portu-gal em Nice, Joaquim Pires, quetambém é Presidente da DelegaçãoPACA da Câmara de comércio e in-dústria franco-portuguesa. “Identifi-cámos muitas empresas na região eo facto de haver uma antena da Câ-mara de Comércio mostra duas coi-sas: que há uma quantidade deempresas consequente e que há umdinamismo por parte delas”.O concerto de Cuca Roseta no dia 24de fevereiro vai ter lugar no anfiteatrodo Conservatório da cidade. “O con-certo é totalmente gratuito, mas aspessoas têm de recuperar os convitesna nossa agência. Esta é uma formade nos fazermos conhecer”.

    Agência com novo conceito vai ter inauguração oficial a 24 de fevereiro

    Por Carlos Pereira

    Le 18 janvier 2017

    Multinacional francesa aposta em Paços de Ferreirapara criar novos produtosA multinacional francesa PrugentDiam anunciou na semana passadaque vai instalar em Paços de Ferreiraum centro de desenvolvimento e expo-sição de produtos de luxo para traba-lhar em articulação com empresaslocais de mobiliário.Um representante do grupo empresa-rial explicou, em conferência de im-prensa realizada naquela cidade, quea nova unidade estará vocacionadapara “um trabalho muito especiali-zado”, como a realização de protótiposde produtos de luxo, recorrendo-se atecnologia de última geração e equi-pamento especializado, que serão pos-teriormente produzidos nas unidadesindustriais do concelho parceiras daPrugent Diam.O administrador Yann Chaudet expli-

    cou aos jornalistas que a maioria dosfornecedores de mobiliário são dePaços de Ferreira, o que motivou ogrupo francês a investir naquele con-celho, para potenciar a proximidadecom os seus parceiros.A empresa, explicou, trabalha paranomes internacionais como a Clini-que, Dior, Loreal, Lancôme, Cartiere Louis Vuitton, entre outras, for-necendo mobiliário e acessóriospara os espaços de venda e expo-sição de alta-costura, joias e cos-méticos.Além do centro de desenvolvi-mento de produtos, o investimentoagora anunciado prevê a criação deum ‘showroom’ permanente queserá visitado pelos representantesdas grandes marcas internacionais.

    Yann Chaudet agradeceu a colora-ção da autarquia local e previu quea unidade possa começar a traba-lhar no final de março, num dospavilhões da Associação Empresa-rial de Paços de Ferreira, com aqual foi celebrado um contrato dearrendamento pelo período de 10anos.O processo de recrutamento de re-cursos humanos qualificados emPaços de Ferreira, de vários tipos,já foi iniciado, prevendo-se que,até ao final do ano, sejam criados60 postos de trabalho.O grupo francês, com um volumede negócios anual de 210 milhõesde euros, tem 28 unidades fabris,em 23 países, e dá emprego a2.100 pessoas.

    A conferência de imprensa reali-zou-se nos Paços do Concelho e con-tou com a presença do Presidente daCâmara Municipal, Humberto Brito,e do Presidente da Associação Em-presarial de Paços de Ferreira, RuiCarneiro.O autarca sublinhou a importânciado investimento, recordando que ogrupo francês trabalha para algumasdas principais marcas mundiais, deprodutos de grande qualidade, o queacrescentará prestígio e notoriedadea Paços de Ferreira.Para Humberto Brito, a instalaçãoda Prugent Diam traduz a qualidadedo tecido empresarial do concelho eo bom momento que tem eviden-ciado nos últimos anos, com cresci-mento na exportação.

    Frisou, por outro lado, o facto de oinvestimento ajudar a AssociaçãoEmpresarial local a rentabilizar oseu parque de exposições.Rui Carneiro, Presidente da AEPF,corroborou a posição do autarca, ex-plicando que a empresa francesaocupará a mais pequena das trêsnaves do parque de exposições,numa área de pouco mais de 2.000metros quadrados.Segundo o dirigente, não está emcausa a realização das duas exposi-ções anuais de mobiliário, conhecidascomo “Capital do Móvel”, porque, as-segurou, as áreas das duas navesmaiores, cerca de 8.000 metros qua-drados, será suficiente para o evento,com a introdução de algumas altera-ções na disposição dos expositores.

    Vítor Martins

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    Filmoteca daCatalunha dedica ciclo a Maria de MedeirosA Filmoteca da Catalunha, emBarcelona, exibe 15 filmes da atrize realizadora portuguesa residenteem Paris, Maria de Medeiros.Na apresentação do ciclo, Mariade Medeiros criticou os atos demachismo com que muitas vezesteve de lidar, e recordou que a suaexperiência mais marcante nessecampo viveu-a com o filme “Capi-tães de Abril”, um filme sobre o 25de Abril de 1974, para cuja prepa-ração teve de entrevistar militaresem quartéis. “Curiosamente, ne-nhum militar pôs em causa a legi-timidade do trabalho de umamiúda de 21 anos, mas quandocomecei a trabalhar foi quando medeparei com as reações mais ma-chistas no mesmo mundo do ci-nema, na imprensa e no mundopolítico”, contou.A atriz, que também entrou em“Pulp Fiction”, de Quentin Taran-tino, e “Henry and June”, de PhilipKaufman, apelou à recuperaçãoda “experiência coletiva” de verum filme, em sala, algo que está aperder-se, porque “cada vez maisse vê um filme num pequeno ecrãou computador”.Prestes a estrear uma peça de tea-tro em França, uma adaptação de“Um amor impossível”, de Chris-tine Angot, que deverá ficar emcena, em Paris, a partir do final defevereiro, Maria de Medeiros irá di-rigir um novo projeto, a versão de“Aos nossos filhos”, obra teatralque fez durante três anos no Bra-sil.

    “Silêncio” é “elogio à diáspora portuguesa”O Presidente da República, Mar-celo Rebelo de Sousa, disse na se-mana passada que o filme“Silêncio”, de Martin Scorsese, éum “elogio à diáspora portu-guesa”.“O tema é um tema forte da nossahistória e da nossa presença ecu-ménica e nesse sentido e indepen-dentemente dos juízos que sepossam formular é um elogio àdiáspora portuguesa, à nossa vo-cação ecuménica de estar emtodo o mundo de formas diver-sas”, afirmou Marcelo Rebelo deSousa, que falava aos jornalistasno Centro Cultural de Belém, ondefoi assistir à antestreia do filme dorealizador norte-americano.O novo filme do norte-americanoMartin Scorsese “Silêncio”, que orealizador esperou quase 20 anospara concretizar, acompanha ospadres jesuítas portugueses perse-guidos durante a missão no Japão,no século XVII.

    12 CULTURA

    Lídia Martinez ‘revisita’ Inês de CastroUma exposição intitulada “Archéolo-gie(s) d’Inez de Castro” com obras daartista plástica e coreógrafa Lídia Mar-tinez, à volta da personagem de Inêsde Castro, está patente ao público, até26 de fevereiro, na Casa de PortugalAndré de Gouveia, na Cité Universi-taire Internationale de Paris.“Arquelologias” é uma ideia de recria-ção do espólio da Inês de Castro. “Jánão sei muito bem se ela quer conti-nuar que eu a vá buscar à eternidadeou não, penso que já deve estar umpouco farta de reviver o drama da suamorte, e tenho textos que dizem istomesmo: ‘pára de me vir buscar que euquero ficar tranquila’” explica LídiaMartinez ao LusoJornal.No passado dia