Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire...

24
GRATUIT Fr FRANCE Edition O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa Lusa / Paulo Novais Presidente da República e Primeiro Ministro em Paris 19 Anthony Lopes, o guarda-redes do Olympique de Lyon, foi convocado para a Seleção e diz-se orgulhoso por ser Português. Empresas. Realizou-se em Sainte Ma- xime, no sul da França, a Gala de Verão da Câmara de comércio e indústria franco-portuguesa. 13 Desenho. A artista portuguesa Sara Teixeira vai inaugurar uma exposição de desenho digital, “Printemps” no Consu- lado de Portugal. 14 Manifestação. No passado dia 10 de junho, os emigrantes lesados do BES voltaram a manifestar em frente da Embaixada de Portugal. 09 Futebol. Dois anos depois de voltar aos relvados, a equipa do Sporting FC de Albi fez uma época regular e foi finalista da Taça do Tarn. 22 Edition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares de Portugueses estiveram em Créteil 17 Portugal reconcilia-se com a emigração PUB PUB

Transcript of Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire...

Page 1: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

G R A T U I T

FrF R A N C EEdition

O jornal das Comunidades lusófonas de França, editado por CCIFP Editions, da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa

Lusa / Paulo Novais

Presidente da República e Primeiro Ministro em Paris

19Anthony Lopes, o guarda-redes doOlympique de Lyon, foi convocadopara a Seleção e diz-se orgulhosopor ser Português.

Empresas. Realizou-se em Sainte Ma-xime, no sul da França, a Gala de Verãoda Câmara de comércio e indústriafranco-portuguesa.

13

Desenho. A artista portuguesa SaraTeixeira vai inaugurar uma exposição dedesenho digital, “Printemps” no Consu-lado de Portugal.

14

Manifestação. No passado dia 10de junho, os emigrantes lesados doBES voltaram a manifestar em frenteda Embaixada de Portugal.

09

Futebol. Dois anos depois de voltar aosrelvados, a equipa do Sporting FC de Albifez uma época regular e foi finalista da Taçado Tarn.

22

Edition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais

03

Mau tempo estragoua festa da Rádio AlfaMesmo assim, milhares de Portugueses estiveram em Créteil 17

Portugal reconcilia-secom a emigração

PUB

PUB

Page 2: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

02 Opinião

LusoJornal. Le seul hebdomadaire franco-portugais d’information | Édité par: CCIFP Editions SAS, une société d’édition de la Chambre de commerce et d’industrie franco-portugaise. N°siret: 52538833600014 | Represéntée par: Carlos Vinhas Pereira | Directeur: Carlos Pereira | Collaboration: Alfredo Cadete, Angélique David-Quinton, AntónioMarrucho, Clara Teixeira, Cindy Peixoto (Strasbourg), Conceição Martins, Cristina Branco, Dominique Stoenesco, Eric Mendes, Gracianne Bancon, Henri de Carvalho, Inês Vaz(Nantes), Jean-Luc Gonneau (Fado), Joaquim Pereira, Jorge Campos (Lyon), José Manuel dos Santos, José Paiva (Orléans), Manuel André (Albi) , Manuel Martins, Manuel doNascimento, Marco Martins, Maria Fernanda Pinto, Mário Cantarinha, Nathalie de Oliveira, Nuno Gomes Garcia, Padre Carlos Caetano, Patricia Valette Bas, Ricardo Vieira, RuiRibeiro Barata (Strasbourg), Susana Alexandre | Les auteurs d’articles d’opinion prennent la responsabilité de leurs écrits | Agence de presse: Lusa | Photos: António Borga, LuísGonçalves, Mário Cantarinha, Tony Inácio | Design graphique: Jorge Vilela Design | Impression: Corelio Printing (Belgique) | LusoJornal. 7 avenue de la porte de Vanves, 75014Paris. Tel.: 01.79.35.10.10. | Distribution gratuite | 10.000 exemplaires | Dépôt légal: juin 2016 | ISSN 2109-0173 | [email protected] | lusojornal.com

le 15 juin 2016

A propósito das comemorações do 10 de junho junto das Comunidades Portuguesas no estrangeiro

José Luís CarneiroSecretário de Estado das Comunidades Portuguesas

[email protected]

Mensagem

O Dia de Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas é um mo-mento de comunhão de 15 milhões depessoas ligados pelo amor à pátria. Es-tima-se em mais de 5 milhões o nú-mero de Portugueses e de Lusodescen-dentes residentes no estrangeiro. A li-gação com todas as Comunidades éuma das linhas de força da nossa polí-tica externa. A distância não pode serdesculpa para qualquer tipo de exclu-são.As Comunidades portuguesas são umaprova de que é possível combinar a in-tegração bem-sucedida nas sociedadesde acolhimento e a preservação deuma identidade própria e de ligaçõesprofundas com a sociedade de origem.Numa Europa tão dilacerada pela in-capacidade de responder positiva-mente à crise das migrações, esta liçãoda emigração portuguesa deve ser va-

lorizada.A ligação de Portugal com as Comuni-dades portuguesas no estrangeiro faz-se em vários planos. No plano político,através da participação eleitoral e daatividade dos eleitos, com destaquepara os Deputados à Assembleia daRepública que representam os círculosda emigração. No plano consular, dis-pomos de uma rede consular com 127postos, distribuída por sete dezenas depaíses, em todos os continentes, ecomplementada por um conjunto de230 Consulados honorários ativos. Noplano educativo, a ação do InstitutoCamões abrange hoje duas redes deensino português no estrangeiro, a redeoficial e a rede apoiada; no seu con-junto, elas estão implantadas em 17países, envolvendo 815 professores ecerca de 68.000 alunos. No plano doapoio ao associativismo, o Estado sub-

sidia as atividades e projetos de muitasassociações, com destaque para as ini-ciativas de natureza cultural e social;e relaciona-se com todas as associa-ções e redes que, na sua diversi-dade, representam o dinamismo dasComunidades. Finalmente, no planoinstitucional, deve fazer-se especialmenção ao Conselho das Comunida-des Portuguesas e ao seu insubsti-tuível papel de representação econsulta.No cumprimento dos objetivos do XXIGoverno Constitucional, na políticapara as Comunidades residentes no es-trangeiro, temos apostado na promo-ção da participação eleitoral dosemigrantes, através de um trabalhoque visa garantir a melhoria dos pro-cessos de recenseamento e das condi-ções de exercício do direito de voto.Outra das preocupações políticas é a

reparação gradual das insuficiênciasmais críticas, designadamente em re-cursos humanos, da rede consular. Onovo Sistema de Gestão Consular(eSGC) vai permitir uma maior simpli-ficação e modernização dos serviçosprestados aos cidadãos portugueses re-sidentes no estrangeiro que permitiráum melhor e mais eficiente funciona-mento da rede diplomática e consular.Sempre presente na nossa ação polí-tica é o desenvolvimento do EnsinoPortuguês no Estrangeiro, nomeada-mente através do incremento dos acor-dos de introdução da língua portuguesacomo opção curricular dos sistemas deensino de países com presença expres-siva de lusodescendentes.Estamos a implementar a generaliza-ção por todo o território nacional dosGabinetes de Apoio ao Emigrante e doGabinete de Apoio ao Investidor na

Diáspora, que resultam da colaboraçãoentre a Secretaria de Estado das Co-munidades Portuguesas e as Câmarasmunicipais.Neste Dia de Portugal, de Camões edas Comunidades Portuguesas temosconsciência que os novos tempos exi-gem o reforço dos mecanismos desolidariedade e apoio às famíliasmais carenciadas dos Portuguesesresidentes no estrangeiro. Em simul-tâneo é fundamental incentivar à mo-bilização e integração das novasgerações de migrantes no mundo as-sociativo português no estrangeiro,tendo também em atenção o papeldos jovens e das mulheres na nossaDiáspora.O 10 de junho - Dia de Portugal, deCamões e das Comunidades Portugue-sas - é, o dia dos 15 milhões de Portu-gueses espalhados pelo mundo.

O Dia de Portugal, a Emigração e o que somosPaulo PiscoDeputado (PS) pelo círculoeleitoral da Europa

[email protected]

Crónica de opinião

As comemorações do Dia de Portugalem Paris junto da Comunidade portu-guesa com a presença do Presidenteda República, Marcelo Rebelo deSousa e do Primeiro Ministro, AntónioCosta, são um gesto com um profundosignificado na relação de Portugal como seu povo espalhado pelo mundo. É,de algum modo, um gesto de reconci-liação do país com os Portugueses queemigraram e que nunca se sentiramcompreendidos nem reconhecidosadequadamente.Mas este é apenas um passo na cami-nhada que é ainda preciso fazer paraPortugal conseguir olhar para a suaemigração sem o estigma que lhe dei-xou a ditadura e para ultrapassar ochoque que se sente ao verem-se asimagens sobre a vida nos bidonvillesnos arredores de Paris. Esta realidadenão é apenas um acontecimento mar-cante da emigração portuguesa nosanos 60 e 70; faz parte daquilo quesomos e condiciona a forma comosomos vistos. De nada adianta es-condê-la. Ela está gravada no espíritode todos os Portugueses residentes emFrança, da atual e da anterior geração,onde quer que estejam, e vai mesmopara além destas fronteiras.E é isso mesmo que nos recordam asimpressionantes fotos desse grandehumanista que é o fotógrafo GéraldBloncourt, um amigo dos Portugueses,que admirou desde jovem quandoouviu falar dos navegadores e que de-pois veio a conhecer como um povo de

emigrantes oprimido e pobre, que che-gou mesmo a seguir corajosamentenas travessias perigosas pelos Pire-néus, mas sem nunca deixar de ver adignidade de quem não desiste delutar. Fê-lo também como um gestopolítico de denúncia de uma ditadurainíqua, que amesquinhou um povo.E faz sentido que as celebraçõessejam em Paris, não apenas por causada dimensão da Comunidade portu-guesa, mas porque é ali que a ferida émais funda e o desejo de a sarar maisforte. É mesmo um imperativo moralque ajuda a compreender melhoraquilo que foi a emigração portuguesaem todas as épocas e para todos osdestinos e o extraordinário percurso deafirmação económica e social que fi-zeram milhares de compatriotas.Muitos Portugueses que viveram a mi-séria dos bidonvilles são hoje grandes

empresários ou estão bem integradosna sociedade francesa, com um bomestatuto. Mas não esquecem o que aliviveram, em barracas e na lama, semágua nem luz, sem quaisquer condi-ções. E isto apesar de durante muitotempo quem lá viveu ter querido es-conder essa vida, por vergonha, por in-capacidade de assumir esse passado.E é por isso que Portugal enquantonação não pode fechar os olhos a estepedaço da nossa história e falhará nasua missão de unir todos os Portugue-ses se não reconhecer sem complexosesta dura realidade que faz parte inte-grante do que somos como povo.Já é altura de desfazer os preconceitosem relação aos emigrantes. É dever dopaís valorizá-los, reconhecê-los e com-preendê-los. Devíamos mesmo evitarutilizar a palavra emigrantes, de talforma é pesado o sentido negativo e

pejorativo que foi ganhando ao longode décadas, usada com sobranceriapor uns e de forma ingénua por outros,mas sempre como se fosse a marca deum ferrete. É por isso que o extraordi-nário trabalho de Gérald Bloncourt,que fotografou a dureza da emigraçãoportuguesa e agora será condecoradopelo seu trabalho com a Ordem do In-fante D. Henrique pelo Presidente daRepública, é importante para saber-mos o que já fomos e como somos vis-tos. Portugal tem ainda uma dívida asaldar com todos estes Portuguesesque se sentirão sempre abandonadosenquanto não forem devidamenteconsiderados, reconhecidos e valori-zados. É de Portugal, mais do que dequalquer país de acolhimento, quetodos esperam um sinal.Hoje são, além do mais, uma impor-tante força económica, política e di-

plomática. Basta ver a forma comoestão enraizados os Portugueses e osseus descendentes na sociedade fran-cesa, à qual devemos também prestarhomenagem pela generosa hospitali-dade que ao longo de décadas lhesforam proporcionando, integrando damelhor maneira sucessivas gerações.Portugal precisa de fazer a reconcilia-ção com a sua história, que passa porir muito para além de lembrar trimes-tralmente o valor das remessas, pre-cisamente um dos objetivos econó-micos do salazarismo na sua relaçãomesquinha e castradora com os emi-grantes.E devemos fazê-lo ensinando nas es-colas o que foi a emigração para queela seja conhecida, respeitada e dig-nificada, para que se compreenda ovalor humano das migrações portu-guesas em todas as suas dimensões.Pedagogia que deve ser complemen-tada com a criação de um Museu na-cional das migrações que honre amemória dos que partiram e o extraor-dinário contributo que deram para aconstrução de culturas e nações.Só com um gesto continuado de reco-nhecimento, com ações concretas, es-taremos a ultrapassar um diferendoantigo que temos com a nossa Histó-ria, da qual devemos deixar de teruma leitura dúplice. Para o bem epara o mal, as migrações fazem parteestruturante da nossa identidade. E éisso que devemos compreender beme dar a conhecer… com orgulho.

LusoJornal / Mário Cantarinha

Page 3: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

03Destaque

lusojornal.com

Dia de Portugal foi oficialmente comemorado em Paris

O Presidente da República, MarceloRebelo de Sousa veio comemorar umaparte do Dia de Portugal com a Comu-nidade portuguesa da região de Paris.No dia 10, concentrou durante amanhã todas as atividades comemo-rativas em Lisboa e depois viajou paraParis onde foi organizada uma receçãono Hôtel de Ville.François Hollande juntou-se a MarceloRebelo de Sousa, ao Primeiro MinistroAntónio Costa e à Maire de Paris AnneHidalgo, que foi aliás a primeira a dis-cursar, ao lado de Hermano SanchesRuivo, Conselheiro de Paris com a de-legação dos assuntos europeus.“No ano passado, quando vim à Festada Rádio Alfa, tinha prometido que sefosse Primeiro Ministro viria passar o10 de Junho com as Comunidadesportuguesas” disse o Primeiro MinistroAntónio Costa no seu discurso. “Naprimeira reunião de trabalho que tivecom o senhor professor Marcelo Re-belo de Sousa enquanto Presidenteeleito, ele disse-me: vou fazer umaproposta, vamos festejar este ano o Diade Portugal junto da Comunidade por-tuguesa em Paris”. Estavam pois emsintonia. E agradeceu publicamenteao Presidente da República.“Esta também é uma das capitais dePortugal” disse Marcelo Rebelo deSousa elogiando a Comunidade portu-guesa aqui residente e o acolhimentoque a França lhe reservou.Por seu lado, o Presidente FrançoisHollande, num tom bastante descon-traido, apesar de estar a apenas algunsminutos do início do Europeu de fute-bol, lembrou que “em França, istoseria impossível”. “Imaginem se oPresidente francês se ausentasse daFrança no dia 14 de Julho... e paramais, se estivessemos em coabita-ção...”. Mas por seu lado, AntónioCosta também elogiou o acolhimentoque as autoridades francesas reserva-ram a esta iniciativa. “Só um país queé um grande amigo de Portugal, quetem uma identidade forte e que temum forte reconhecimento pelo contri-buto da Comunidade portuguesa emFrança para o seu país, poderia permi-tir que estrangeiros viessem aqui fes-tejar o seu Dia Nacional. Muitoobrigado senhor Presidente, muito ob-rigado”, disse, dirigindo-se para Fran-çois Hollande.Na sala estavam cerca de 800 convi-dados, representantes da Comunidadeportuguesa nos seus mais variados se-

tores de atividade, desde dirigentes as-sociativos, artistas, empresários, líde-res políticos, autarcas, professores,... Anne Hidalgo falou de Paris e dos Por-tugueses que se destacam em Paris,lembrando que o Diretor do Théâtre dela Ville é Emmanuel Demarcy-Mota,que o Diretor do Cenquatre é José Ma-nuel Gonçalves, que a codiretora doThéâtre Sylvia Monfort é Laurence deMagalhães e que o Conselheiro deParis, Hermano Sanches Ruivo é um“verdadeiro Embaixador de Portugal”.“Vocês engrandecem a cultura destacidade”.Mas, depois de lembrar as ditadurasportuguesa e espanhosa e de evocarMário Soares, fez também um dis-curso bastante político, aproveitandopara defender a binacionalidade, numcontexto em que estas questões sãopostas em causa em França. “Os Por-tugueses, mesmo se se consideramParisienses, não esqueceram as suasraízes, a sua cultura” e acrescentouque “nós só nos construimos positiva-mente quando conseguimos afirmar asnossas origens. A nossa dupla nacio-nalidade é uma chance. Tenho muitorespeito e compreendo aqueles quetêm duas culturas e duas línguas.Vocês são autênticos europeus”.Ainda teve tempo para lembrar PedroPauleta, assim como as 78 associa-ções relacionadas com Portugal queexistem na capital francesa.“Esta é gente que sabe construir o fu-turo” disse António Costa. “Agradeçoàqueles que vieram para França nosanos 50, para o Bidonville de Cham-pigny e que hoje estão no Hôtel deVille de Paris”.Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu aAnne Hidalgo e a François Hollande eexplicou porque razão escolheu Parispara passar uma parte do Dia de Por-

tugal. Depois disse que se orgulhavaque os Portugueses de França se ca-raterizavam pela partilha dos valoresrepublicanos. Foi a primeira ovação danoite.“França tem uma grande Comunidadeportuguesa. Paris é como uma se-gunda capital de Portugal. Temos umavisão europeia sobre estado social,crescimento, emprego e refugiados etambém temos a mesma visão sobre opapel da Europa. Portugal conta como apoio da França para ajudar Portugalnas questões económicas”, afirmouMarcelo Rebelo de Sousa.Quando discursou em português, tra-tou-nos de “Queridas Portuguesas,Queridos Portugueses”. Lembrou comemoção que também tem uma partesignificativa da sua família a morar noestrangeiro. “Com emoção porquehoje penso neles, não no passado, masno presente e no futuro”.Virando-se para a sala, disse: “aquelesque aqui estão são dos melhores detodos nós”, recordando os inúmerosPortugueses que “saíram, faz agora 50anos, numa situação de pobreza, dedificuldade, de penosidade, para partirpara longe, para recomeçar a vida, so-zinhos”.“As famílias chegaram depois, epouco a pouco foram refazendo a suavida, com trabalhos duros, muitoduros, no começo daqueles anos 60,e durante os anos 60, e nos anos 70.A França não esquece, mas Portugalainda esquece menos. A vossa cora-gem, a coragem dos vossos avós, dosvossos pais, que se transmita para osvossos filhos e os vossos netos. Vóssois dos melhores de todos nós. OPresidente da República Portuguesa,em nome de todas as portuguesas ede todos os portugueses, vos agra-dece o vosso exemplo. Bem hajam”,

concluiu.François Hollande já estava atrasado.O Stade de France já estava cheio deadeptos à espera do primeiro jogo daSeleção francesa. Os assessores doPresidente estavam preocupadosquando Holande começa a falar. “Por-tugal honra a França” ao comemoraro Dia de Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas em Paris eao distinguir “quatro Portugueses quederam provas de grande coragem nanoite de 13 de novembro”.O Chefe de Estado francês lembrouque Paris tem uma “Avenida dos Por-tugueses” em memória dos “sacrifí-cios dos soldados lusos que vieramajudar a França” na Primeira GuerraMundial e recordou o papel de Aristi-des de Sousa Mendes, o Cônsul por-tuguês que “salvou a vida de judeus”durante a Segunda Guerra Mundial.Mas François Hollande disse tambémque a França “é um amigo no Conse-lho Europeu e não apenas um par-ceiro”, destacando que “França ePortugal devem mostrar que a Europanão é apenas regras económicas, mastambém um projeto de civilização ecultura. Partilhamos o mesmo projetoeuropeu. Quando um país se interrogasobre o futuro da União, mesmo quepensemos que o Reino Unido devaficar na Europa, nós temos uma res-ponsabilidade suplementar. (...) Numaaltura em que muitos se interrogam oque é a Europa, a vossa presença aqui,mostra que somos em primeiro lugareuropeus”, afirmou.Hollande disse depois que “em Parismoram cerca de 100 mil Portugue-ses... declarados”. A sala esfriou.“Declarados?” perguntou alguém nãomuito longe do espaço onde se con-centravam os jornalistas. Mas Hol-lande continuou o discurso, desta-

cando que a Grândola Vila Morena, “ohino da Revolução dos Cravos” foigravada em Paris. “Vocês estão nabase da construção em França” dissea sorrir, lembrando que não era ape-nas porque há muitos Portugueses atrabalhar no setor da construção, mas“porque contribuíram para construir aFrança e é bem legítimo que hoje oPresidente da República Francesa ex-prima o seu reconhecimento”.Um dos momentos fortes da noite foiquando François Hollande se compro-meteu a desenvolver o ensino do por-tuguês em França. Foi imediatamenteinterrompido por uma verdadeira ova-ção. “Não apenas pela relação exce-cional entre França e Portugal, mastambém porque a Comunidade lusó-fona são 250 milhões de falantes nomundo” explicou o Presidente.François Hollande sublinhou aindaque não esquece “o que a culturaportuguesa ofereceu à cultura fran-cesa”, enumerando o pintor Amadeode Souza Cardoso e Amália Rodri-gues, e mencionou várias outras áreasem que se destacam Portugueses emFrança, como o Presidente da Peu-geot, Carlos Tavares, os futebolis-tas Pedro Pauleta e Robert Pirès oua equipa franco-portuguesa do Cré-teil/Lusitanos.No final do discurso, François Hol-lande anunciou que vai a Portugal emjulho deste ano com uma comitiva demuitos Portugueses e franco-portu-gueses. “Não irei no dia 14 de julho,claro” disse a sorrir.Apesar do olhar insistente dos asses-sores e depois de ter percebido queestava a comprometer o início do Euro2016, com centenas de outros con-vidados à espera, François Hollandenão resistiu a uma última piada: “Nofutebol, não quero que a França en-contre Portugal a não ser na final! Ese isto acontecer, o Presidente da Re-pública e o Primeiro Ministro vão serobrigados a voltar. Desde já os con-vido e seremos felizes nessa noite”.A cerimónia poderia ter acabadopor aqui, não fosse o verdadeirobanho de multidão que, de repente“atacou” o Presidente Português.Visivelmente contente, MarceloRebelo de Sousa abraçou, beijou,tirou fotografias, gracejou, comtoda a gente. Foi ficando na sala efestejou “como deve ser” estavinda a Paris. Quando deixou oHôtel de Ville, já o primeiro jogo doEuropeu de futebol estava prestesa terminar.

Na presença dos dois Presidentes da República

Por Carlos Pereira

le 15 juin 2016

Marcelo Rebelo de Sousa e François Hollande reuniram no EliseuA candidatura de António Guterresa secretário-geral da ONU, a segu-rança e o terrorismo, o futuro dazona euro e as relações bilaterais emPortugal e França foram os temasdiscutidos numa reunião que duroucerca de 30 minutos. Na comitivaportuguesa estava também o Minis-tro da Defesa, José Alberto AzeredoLopes, o Secretário de Estados dasComunidades, José Luís Carneiro, eo Embaixador francês em Paris, JoséFilipe Moraes Cabral.

Marcelo Rebelo de Sousa disse quePortugal e França convergem “navisão sobre questões como a parteorçamental, como os refugiados,como as migrações”. Interrogado seessa convergência inclui a questãodas sanções da União Europeia pordéfice excessivo, declarou: “Quandose fala da parte orçamental, natural-mente fala-se também nisso”.Em declarações aos jornalistas, oPresidente da República qualificoude “espetacular” o contacto com as

pessoas nesta chegada a Paris: “Iapassando o carro e a certa altura iacom o senhor Primeiro Ministro nocaminho para o Eliseu e as pessoasnos cruzamentos viam a bandeiraportuguesa e diziam adeus. Oueram Portugueses, ou eram pessoasque conviviam com Portugueses. Éfácil de imaginar, com uma Comu-nidade destas, que há muitos, mui-tos Franceses para quem umPortuguês faz parte da sua vida”,comentou.

LusoJornal / Mário Cantarinha

Lusa / Miguel A. Lopes

Page 4: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

04 Destaque

lusojornal.com

Rotunda Armando Lopes inaugurada em Créteil

A rotunda Armando Lopes foi inaugu-rada no sábado passado de manhã,em Créteil perante uma centena deconvidados, entre os quais o Presi-dente da República Portuguesa e oPrimeiro Ministro português, em visitaa França no âmbito das comemora-ções do 10 de junho, o Maire de Cré-teil Laurent Cathala, Thierry Leleu,Deputado do Val de Marne, o SenadorChristian Favier, também Presidentedo Conselho Departemental do Val deMarne, os Deputados pelo círculo daEuropa Paulo Pisco e Carlos Gonçal-ves, o Secretário de Estado das Comu-nidades, José Luís Carneiro, oEmbaixador de Portugal em França eo Cônsul de Portugal em Paris. O fa-dista Carlos do Carmo associou-se aoevento, assim como várias outras per-sonalidades amigas do homenageado.

Bastante emocionado, o empresário eComendador Armando Lopes agrade-ceu a vinda de todos e a presença dosGovernantes portugueses. “Estou aviver um momento extraordinário, aminha rotunda vai estar rodeada dedois navegadores, Vasco da Gama eFernão de Magelhães. É com umaimensa felicidade que estou aqui hojecom vocês todos”.Armando Lopes evocou o inquéritofeito pelo Maire de Créteil se podiamdar em vida o nome a uma rotunda,sabendo que só há dois Franceses quepuderam testemunhar em vida. “Souo primeiro português a quem issoacontece ainda vivo. A autorizaçãochegou há poucos meses e decidimosfazê-lo agora”, confiou.Por seu lado, o Maire de Créteil de-monstrou o seu orgulho em homena-gear Armando Lopes. “Ele está muitoimplicado na vida local, é um ator

económico, cultural, e desportivonesta cidade. É uma pessoa simpá-tica, agradável e generosa e atravésdesta homenagem está obviamentetoda a Comunidade portuguesa asso-

ciada, o que traduz também um laçoforte entre Portugal e a França”.Também o Presidente de Repúblicaelogiou, em português e em francês,o percurso e o trabalho de Armando

Lopes. “Foi um homem que trabalhoumuito, tanto com os Portuguesescomo com os Franceses. É um exem-plo das relações de amizade, de fra-ternidade e de solidariedade entre osdois povos e com a sua esposa são umexemplo de um empresário que sem-pre pensou na Comunidade Portu-guesa”.Marcelo Rebelo de Sousa terminouainda referindo que se tratava de umahomenagem muito justa, e apontoupara o “otimismo português é funda-mental para enfrentarmos em con-junto um futuro melhor para as nossasgentes”.A rotunda Armando Lopes situa-se apoucos metros da Rádio Alfa e estádioDominique Duvauchelle, onde joga oCréteil/Lusitanos, equipa presididapor Armando Lopes. Com um lago nointerior. As oliveiras adornam a parteexterior da rotunda.

Na presença do Presidente da República portuguesa

Por Clara Teixeira

Emigrantes dizem que a celebração já devia ter sidoem Paris há mais tempo

Cerca de 800 convidados vestiram-se a rigor para o Dia de Portugal,de Camões e das ComunidadesPortuguesas no salão de festas do“Hôtel de Ville” de Paris e muitosdeles disseram à Lusa que o 10 deJunho já devia ter sido celebradojunto das Comunidades há maistempo.Na sala de festas com castiçaismonumentais, frescos de estilo re-nascentista e arcadas neoclássicasdouradas com espelhos criados àimagem da galeria dos espelhos doPalácio de Versalhes, reuniram-seinúmeras personalidades portugue-sas de França das mais variadasáreas, desde as artes, passandopelos negócios, política ou des-porto.Todas acompanharam os discursosdos Presidentes português e fran-cês, da Maire de Paris e do Pri-meiro Ministro português, assimcomo a imposição de insígnias dedama/cavaleiro aos Portuguesesque ajudaram as vítimas dos aten-tados de 13 de novembro em Paris,Margarida de Santos Sousa, Ma-nuela Gonçalves, José Gonçalves eNatália Teixeira Syed.O historiador Victor Pereira disseque “até é estranho que esta ceri-mónia não tenha acontecido antesem Paris”, sublinhando que “é oDia de Portugal no seu conjunto ePortugal são todos os Portugueses,mesmo os que vivem fora”.Para João Heitor, o Diretor do cafécultural Lusofolie’s, “só há um de-feito: a cerimónia devia ter sidofeita num estádio para ser maisaberta à Comunidade”.“A portugalidade é a identidade deum povo errante, são os FernãosMendes Pinto que andam pelomundo. O Presidente da Repúblicavir cá é um ato bastante simbólicomas há muita gente que ficou tristepor não poder ser recebida peloPresidente”, afirmou o antigo li-

vreiro e editor.Emmanuel Demarcy-Mota, Diretordo Théâtre de la Ville de Paris,considerou que “esta é a demons-tração que as relações entre os doispaíses são fortes” e mostra a “pro-jeção internacional de Portugal quejá tem vindo a ser construídaaqui”, nomeadamente no festivalanual de teatro Chantiers d’Europe.José Lopes, Presidente do Sporting

Clube de Paris, Campeão francêsde futsal, sublinhou que “Paris é asegunda cidade no mundo commais Portugueses” e que “se a ce-rimónia se realiza em Lisboa, porque é que não se deveria realizarem Paris?”Também Cristophe Fonseca, reali-zador do documentário “Amadeode Souza Cardoso - O Último Se-gredo da Arte Moderna”, disse à

Lusa que “a cerimónia é simboli-camente um momento muito im-portante para todos os Portuguesesfora do país mas também para aterceira geração, os filhos dos imi-grantes”.Valérie do Carmo, Presidente daAcademia de Fado que conta com50 alunos, considerou que “comtodos os acontecimentos emFrança nos últimos tempos, com oterrorismo, é importante estar-seunido nesta ocasião”.O empresário Filipe Alves, gestordo quarto maior grupo de táxis emFrança, Taxyz, afirmou que “não ésó o Dia de Portugal, é o dia dasComunidades e a maior Comuni-dade portuguesa fora de Portugal éa de França”.O antigo Ministro da Economia, Ál-varo Santos Pereira, atualmente Di-retor do departamento dos estudoseconómicos da Organização para aCooperação e DesenvolvimentoEconómico, considerou “muito im-

portante que os mais altos dignitá-rios da Nação venham falar com asComunidades portuguesas no es-trangeiro” porque “os Portuguesesestão em todos os cantos domundo e é importante que o Go-verno e o Presidente da Repúblicalhes venham dar carinho e reco-nhecimento”.Lá fora, sem convite para a cerimó-nia e face às apertadas medidas desegurança, ficou Manuel da Cunha,um emigrante que trouxe um livroque escreveu para entregar “aoprofessor Marcelo”.“Como o nosso Presidente gostamuito de ler, trouxe-lhe este livroque fala da minha vida em França.Ele é muito popular e está a fazero que nenhum Presidente fez. Vircá é um elogio para os emigrantesque vieram ganhar a vida aqui mastambém mandam dinheiro paraPortugal”, disse à Lusa o Portu-guês de Barcelos, de 71 anos e há52 em França.

Por Carina Branco, Lusa

PUBPUB

Lusa / Paulo Novais

LusoJornal / Mário Cantarinha

le 15 juin 2016

Page 5: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

05Destaque

Marcelo inaugurou monumento de homenagem a Louis Talamoni em Champigny

A chuva quase impedia que um sonhose tornasse realidade. A associaçãoLes Amis du Plateau, Presidida porValdemar Francisco e com o suporteindispensável de Lionel Marques,inaugurou no sábado passado o monu-mento de homenagem ao antigo Mairede Champigny, Louis Talamoni.O monumento da autoria do escultorLouis Molinari fica no parque départe-mental du plateau, na zona onde nosidos anos 60 se situou o maior bairrode lata da Europa, o Bidonville deChampigny, plataforma de passagemde muitos Portugueses que chegarama França nessa altura.A chuva decidiu deixar acabar a obra.Em três dias fez-se quase tudo. Umbatalhão de empresas da Comunidadeportuguesa, homens, quase todos vo-luntários, juntaram-se para descarre-gar material, colocar os pavimentos, arelva à volta das 12 oliveiras, os livrosgigantes que representam as históriasdos Portugueses que vieram paraFrança, o livro aberto em cima, comoque para lembrar que esta históriaainda está por escrever, as esferas ar-milares com os braços à volta do equa-dor, para dizer que há Portugueses depaz em todas as partes do mundo.Que pena não ter havido tempo paraexplicar o valor altamente simbólico domonumento.O atual Maire de Champigny, Domini-que Adenot, lembrou a figura ímpar doMaire Louis Talamoni, “um homemque lutava para que o sol nasça paratodos, um homem que alugava auto-carros para levar os Portugueses atéaos banhos públicos, um homem debem”. Num discurso muito políticolembrou a ligação de Louis Talamoniao Partido Comunista Francês. Algu-mas cadeiras atrás, no palco, estavaRosa Rabiais, membro do Comité Cen-tral do PCP que veio de Lisboa paraassistir à inauguração.Também lá estava uma representaçãode Alpiarça, localidade geminada comChampigny, assim como os dois Depu-

tados eleitos pelo círculo eleitoral daEuropa, Carlos Gonçalves e PauloPisco.Valdemar Francisco discursou de im-proviso. Anunciou que a rotunda vaipassar a chamar-se “Espace du sou-venir et de l’espoir”. Estava demasiadoemocionado para alinhar um discursoformal, por isso apenas agradeceu àFrança pela forma como foi acolhido,ele e os demais Portugueses que aquivivem. Muitos deles assinaram os tijo-los das oito torres que compõem o mo-numento. Gente conhecida, mastambém gente anónima que deu umacontribuição financeira para a constru-ção do monumento e que deixa onome gravado para a posteridade.No seu discurso, o Primeiro Ministrosentiu-se “orgulhoso” e agradeceu àFrança “pelo acolhimento que deu aosPortugueses”.António Costa lembrou que Portugalteve vários heróis, os Navegadores, os

Decobridores e os Emigrantes. “Não émenos extraordinária, menos brilhantenem requereu menos coragem”. Osdois primeiros são admirados e respei-tados, mas os Emigrantes ainda nãoreceberam a homenagem que lhes édevida por parte de Portugal. “Os Na-vegadores têm o reconhecimento dePortugal. Os Emigrantes nem sempreo tiveram. Há um misto de amor e deamargura, de saudade e de tristesa emquem mora no estrangeiro”. E depoisconcluiu: “Portugal tem de reconheceraos seus emigrantes o lugar maisalto”. Foi aplaudido. Calha bem por-que no ano passado, quando veio aParis, na altura enquanto candidato,chegou a ser vaiado. Desta vez o dis-curso agradou. Quando se referiu aocaso dos lesados do BES, houvemesmo uma voz que disse “É assimmesmo que se fala, Costa”.Marcelo Rebelo de Sousa custou a co-meçar a captar a atenção do público.

Começou por agradecer, à França, aospolíticos franceses, aos Emigrantes,...lembrou a vida do “progressista e hu-manista” Louis Talamoni. Falou da Di-tadura portuguesa e da procuraincessante de Democracia. “A Demo-cracia mais próxima estava aqui emFrança” disse. E depois foi pouco apouco falando de Odisseia, certa-mente inspirado por Eduardo Lou-renço. “A Ditadura ignorava osemigrantes, mas sabia receber as suasremessas. Tinha esta atitude dupla”.Começou a ser aplaudido.O Presidente da República defendeuum reforço da participação política dosemigrantes, sem especificar em quetermos, e afirmou que a celebração do10 de Junho fora de Portugal é pararepetir e “deve ficar institucional”.Falando em seu nome e do Governo,Marcelo Rebelo de Sousa declarou:“Nós estamos atentos ao reforço daparticipação política dos nossos com-

patriotas espalhados pelo mundo napolítica portuguesa. E faremos tudopara que esse reforço se dê maisvezes, mais intensamente”.“É bom que os Portugueses que vivemno território físico de Portugal se habi-tuem a admirar e a homenagear osque vivem fora desse território, porqueesses são tão ou mais importantes doque eles. É bom que se habituem, por-que isto não é uma vez sem repetição,é o começo de uma prática, que deveficar institucional”, disse. Voltou a seraplaudido. Ovacionado.“Sendo a França um grande país, por-que é um grande país, verdadeira-mente grande país só há um: éPortugal. Os melhores somos nós. AFrança é excecional, mas nós somosmuito melhores, mas muito melhores”,afirmou o Chefe de Estado, perantecentenas de emigrantes portugueses elusodescendentes e perante uma pla-teia de convidados onde se via, porexemplo, o antigo Embaixador AntónioMonteiro, mas também Linda de Suza.O Presidente da República defendeuque os Portugueses devem ter noçãodas suas qualidades. “Às vezes temosum ego um bocadinho pequenino, nãotemos um amor próprio suficiente, nãotemos a autoestima que é necessária.Eu sou um otimista, o senhor PrimeiroMinistro então esse é hiperoptimista”,considerou.Nesta parte final da sua intervenção,Marcelo Rebelo de Sousa citou umdiscurso do Imperador francês Napo-leão, em que este expressa contenta-mento com os seus soldados. “Euestou orgulhoso dos meus concida-dãos, o que é muito mais do que estarcontente. Eu tenho orgulho em serportuguês”, acrescentou.Depois disto, foi oficialmente inaugu-rado o monumento e Marcelo Rebelode Sousa deixou-se levar pela multi-dão que o queria cumprimentar, abra-çar, beijar, felicitar, tirar fotografias,...“É um homem como nós, mais sim-pático do que nós” dizia uma senhoradepois de ter tirado uma fotografiacom o Presidente da República.

Uma iniciativa da Associação Les Amis du Plateau

lusojornal.com

Por Carlos Pereira

Marcelo Rebelo de Sousa foi à Missa em Paris

Num programa particular, que não foidivulgado à imprensa, o Presidente daRepública foi assistir à Eucaristia do-minical no Santuário de Nossa Se-nhora de Fátima de Paris, presididapelo Reitor Nuno Aurélio. No entanto,acompanharam-no o Secretário de Es-tado das Comunidades Portuguesas, oEmbaixador de Portugal e o Chefe doEstado Maior das Forças Armadas. OPrimeiro Ministro e o Ministro da De-fesa não foram à missa.Também lá estava o Cônsul Geral dePortugal em Paris, o Chanceler domesmo posto consular, os dois Depu-tados eleitos pelo círculo eleitoral daEmigração, Carlos Gonçalves e PauloPisco, assim como o Presidente da Câ-mara de comércio e indústria franco-portuguesa, Carlos Vinhas Pereira.Entretanto, um andor com um milhãode pétalas de flores, típico da festa de

Santa Cruz, em Alvarães, Viana doCastelo veio propositadamente paraFrança, para as comemorações do Dia

de Portugal neste Santuário.A Junta de Freguesia de Alvarães ex-plicou que “o andor retrata uma cara-

vela quinhentista e foi confecionadopor cerca de duas dezenas de pes-soas”. Disse ainda que mede 2,65

metros de altura e pesa 400 quilogra-mas.“É uma tradição com sete décadas”sustentou aquela autarquia da mar-gem esquerda do rio Lima. O andorflorido confecionado pela Junta deFreguesia contou com o apoio da Câ-mara de Viana do Castelo e de um em-presário emigrante, natural doconcelho, responsável pelo “desafiolançado à população de Alvarães”.Manda a tradição, que remonta a1946, que as pétalas das flores utili-zadas na confeção dos andores sejamcolhidas nos montes de Viana do Cas-telo e coladas uma cola feita à base defarinha que garante a humidade ne-cessária para que as pétalas se aguen-tem vários dias “viçosas e coloridas”.As centenas de católicos que foram àmissa cumprimentaram o Presidenteda República que permaneceu nolocal bastante tempo, antes de ir paraa Festa da Rádio Alfa.

Por Carlos Pereira

LusoJornal / Mário Cantarinha

Photo Lima

le 15 juin 2016

Page 6: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

06 Destaque

emsíntese

Familiar de soldados daGrande Guerrapede a AntónioCosta intervençãono Cemitério Militar Português

Álvaro Rodrigues tem dois primos en-terrados no Cemitério Militar Portu-guês de Richebourg e pediu aoPrimeiro Ministro para ajudar a repa-rar as lápides.De galochas calçadas, visto que o ce-mitério ainda estava ligeiramente ala-gado, António Costa seguiu oportuguês pelas filas de lápides eouviu-o atentamente. “Voilá! Precisa-mos de dinheiro. É preciso uma ajudamuito grande da parte do Governo.As condições em que estas pedrasestão... Algumas estão mais oumenos... Veja aquela, os nomesestão perdidos”, disse o Portuguêsao Chefe de Governo.Álvaro Rodrigues insistiu que “é a Co-munidade portuguesa que está apedir”, ao que António Costa disse“sim, sim” em sinal de compreensãodo pedido, mas sem avançar se vaiou não tratar do assunto. “Senhor Pri-meiro Ministro, eu tenho aqui duaspessoas da minha família. Uma de-baixo daquela árvore e outra ali quemorreram neste campo. É por issoque lhe estou a pedir”, explicou oemigrante, visivelmente emocionado.Álvaro Rodrigues, que tem uma cole-ção de mais de quatro mil objetos li-gados à Primeira Guerra Mundial,vive em Vierzon, no centro de França,e percorreu 500 quilómetros parapedir ajuda ao Governo português.Vive há 52 anos em França e tem nocemitério dois primos do pai, mas oavô também se bateu na Batalha deLa Lys, a 9 de abril de 1918 e sobre-viveu.Naquele que é o único cemitério mi-litar português em França, o Presi-dente e o Primeiro Ministro passaramjuntos o portão de ferro forjado bor-dado de símbolos portugueses e en-cimado pela inscrição “CemitérioMilitar Português”, tendo visitado asfilas de centenas de lápides em gra-nito com nomes de soldados, muitasjá apagadas, e recolheram-se diantedo memorial e da bandeira portu-guesa.

Carina Branco

Por Carina Branco, Lusa

lusojornal.com

Champigny: après l’inauguration… la fête

Samedi dernier après l’inaugurationdu monument en hommage à LouisTalamoni qui a aidé les Portugais quivivaient dans les bidonvilles dans lesannées 60 et 70, c’est un peu plusbas dans le parc que les Amis du Pla-teau ont poursuivi la fête avec diversartistes portugais et français pour ungrand spectacle jusqu’à 20h00.L’affiche était plutôt alléchante, avecLes Forbans, Hervé Vilard, Dan Inger,Sónia Lisboa, Lio, Tony do Porto, DuoCharme Latino, Raffi, Philippe Mar-tins, Linda de Suza, José Cruz etJean-Luc Lahaye. Mais le Présidentde l’association Les Amis du Plateau,Valdemar Francisco, est lui aussimonté sur la scène, pour chanter untitre en français «Histoire d’une vie»,une petite surprise qui a ravi tout lemonde.Malgré la pluie, les gens se sont réu-nis sur la pelouse et ont dansé devantla scène. «Tout s’est bien déroulé,cela a commencé par une belle céré-monie ce matin et l’après-midi touts’est enchaîné. Cela faisait plus d’unan que nous travaillions sur cette jour-née, il a fallu beaucoup de travail

mais nous sommes très heureux durésultat».Heureuse elle aussi de retrouver laCommunauté portugaise, la chan-teuse connue pour «Bananasplit» etles «Brunes», Lio, a aussitôt acceptél’invitation pour partager cette scène.«J’étais étonnée et heureuse de voirque le Président Portugais et le Pre-mier Ministre Portugais étaient pré-sents et que par conséquent ilsreconnaissaient cette Communautéde plus d’un million en France. Et je

suis très sensible à cela, j’étais trèscontente de leurs discours ce matin».Lio a donc chanté quelques titres bienconnus de tous et a aussi chanté unduo en portugais avec son ami DanInger. Très attachée au Portugal oùelle s’y rend souvent, «ce sont mes ra-cines, c’est de là que je viens, j’aimemon pays, c’est un peuple généreux».Originaire de Champigny-sur-Marne,Dan Inger a lui aussi fait part de sonémotion de pouvoir chanter dans saville natale pour cet événement.

«C’est très symbolique, car cette villereprésente beaucoup pour moi etpouvoir partager cette scène avec desartistes pareils, c’est un cadeau de lavie. Quand j’ai rencontré l’association,j’ai immédiatement compris leurs at-tentes et me voici aujourd’hui».Venu de plus loin, Tony do Porto quitravaille actuellement sur un nouvelalbum, a voulu chanter sur place destitres joyeux et a expliqué lui aussiêtre fier de pouvoir participer à cetévénement. «La venue des gouver-neurs portugais et ce monument fa-buleux qui représente le passage denos ancêtres qui restera à jamais pournos enfants et nos petits-enfants esttrès important pour notre Commu-nauté et même si je n’ai pas vécu ici,je suis fier de notre Communauté etde son évolution».Finalement, Bebert du groupe LesForbans, originaire aussi de Champi-gny et qui a participé à la logistiquede l’événement a clôturé le spectacleen régalant les présents. «Je connaisl’association, ils sont devenus mesamis et du coup je fais aussi partie duvoyage. J’ai eu le plaisir d’aller au Por-tugal l’an dernier, j’ai été ravi par monvoyage et je compte bien y retourner».

Lio, Hervé Vilar, Les Forbans, Dan Inger et beaucoup d’autres...

Por Clara Teixeira

Presidente e Primeiro Ministro foram prestarhomenagem aos Soldados portugueses quecombateram na I Guerra Mundial em França

O Presidente da República, MarceloRebelo de Sousa, e a comitiva que oacompanhou, foi a La Couture reco-lher-se diante do Monumento aos Sol-dados portugueses que participaramna I Guerra Mundial, onde elogiou acoragem dos militares que morreramhá um século e que, “sem saberem,estavam a trabalhar pela Europa dasnovas gerações”.Enquanto comandante supremo dasForças Armadas, Marcelo Rebelo deSousa declarou que “é importanteque o Portugal democrático, desde oinício, tenha agradecido às Forças Ar-madas o passo essencial que foi dadopela liberdade e pela democracia” eque depois nunca tenha deixado “dereconhecer o seu papel no presente epara o futuro, dentro de todo o territó-rio nacional e em missões internacio-nais”.“Aqui viemos no quadro do Dia dePortugal para dizer que mesmo na-quilo que foi aparentemente uma der-

rota portuguesa, nós estivemos aconstruir as bases de uma grande vi-tória portuguesa e europeia, porquefoi o sacrifício destes homens que per-mitiu que, pouco tempo depois, des-filassem as forças vencedoras notermo de uma guerra sangrenta e quecomeçassem um longo percurso quepassaria por uma outra guerra masque levaria à Europa de paz que hojeestamos a construir, e sem saberemestavam a trabalhar pela Europa das

novas gerações”, afirmou.Diante da escultura de pedra e debronze de António Teixeira Lopes,inaugurada em 1928, o Chefe de Es-tado falou ainda nos “heróis” enterra-dos no Cemitério Militar Portuguêsque “estão longe da pátria mas é umadistância meramente física”.O Presidente discursou perante umacentena de pessoas, entre civis e an-tigos combatentes franceses e portu-gueses, com destaque para a

presença de Felícia d'Assunção Pail-leux, filha de um soldado portuguêsque combateu na Grande Guerra eporta-estandarte da Liga dos Comba-tentes da Grande Guerra, que foi viva-mente cumprimentada por MarceloRebelo de Sousa.Para além dos Maires de La Couturee de Richebourg, o Presidente portu-guês também foi recebido pela Secre-tária de Estado francesa para aBiodiversidade, Barbara Pompili.No cemitério, onde estão enterrados1.831 soldados, não houve cerimóniaoficial, até porque o sitio estava enla-meado. Marcelo Rebelo de Sousa vi-sitou as campas, o memorial,recolheu explicações, e preencheu olivro de outro do monumento.Notou-se a ausência do comendadorMarques, homem que tem coorde-nado as comemorações da Batalha deLa Lys, e o facto de não ter sido asso-ciado a este evento o Cônsul Honorá-rio de Portugal em Lille, BrunoCavaco, cuja presença passou desper-cebida.

Por Carlos Pereira, com Lusa

E Camões?

Em Paris, junto aos jardins do Tro-cadero, no fundo das escadas daavenida Camões, está uma estátuade Luís Vaz de Camões. Habitual-mente, a Embaixada de Portugalcostumava fazer um ato simbólicode deposição de um ramo de floresno dia 10 de Junho. Era assim com

os Embaixadores António Monteiro,Rosa Lã e Francisco Seixas daCosta.Era um ato simbólico ao qual osEmbaixadores associavam os diplo-matas e os funcionários da Embai-xada, assim como a comunicaçãosocial portuguesa em França.Este ano em que o Presidente daRepública e o Primeiro Ministro

decidiram que o Dia de Portugalseria verdadeiramente comemo-rado junto das Comunidades portu-guesas, foi pena que a comitivanão tivesse passado depôr umasimples coroa de flores em frenteda estátua do poeta em Paris.Afinal de contas, este era mesmo oDia de Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas.

Por Carlos Pereira

LusoJornal / Mário Cantarinha

LusoJornal / Mário Cantarinha

le 15 juin 2016

Arquivo

Page 7: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

PUB

Page 8: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

08 Comunidade

emsíntese

Missão Empresarial deBiscarrosse emPombal para visitade trabalho

Potenciar as relações económicas,comerciais e turísticas entre Pombale Biscarrosse, localidades geminadasdesde 1984, foi o grande objetivo daMissão Empresarial que esteve re-centemente no Município de Pombal.Esta Missão tinha três fases: Apresen-tação das empresas, produtos e ser-viços de Pombal aos autarcas deBiscarrose; Definição, seleção e con-vite a empresários franceses para vi-sitarem Pombal e conhecerem asempresas, produtos e serviços; Visitados empresários a Pombal.A comitiva foi recebida no SalãoNobre dos Paços do Concelho, enca-beçada pelo Maire de Biscarrosse econtou com alguns membros doConselho Municipal e elementos daPays Landes Nature Cote d’Argent(PLNCA), uma entidade intermunici-pal de desenvolvimento regional queengloba vários Municípios da CostaSudoeste de França.Esta iniciativa - a primeira que se rea-lizou no âmbito da geminação entrePombal e Biscarrosse -, permitirá di-namizar sinergias ao nível da ativi-dade económica e turística e,também, estabelecer relações co-merciais entre empresas.Do programa preparado conjunta-mente com a Associação de AmizadePombal-Biscarrosse, constaram visi-tas a 22 empresas do concelho, queabrangem vários setores de atividade.Para além das reuniões de trabalhohouve ainda espaço para conhecer oque se produz no concelho e tam-bém o seu potencial turístico, visi-tando locais como o Castelo, MuseuMunicipal, mata Nacional do Urso eOsso da Baleia, entre outros. À comi-tiva de Biscarrosse foram mostradosos investimentos que estão a ser rea-lizados pelo Município, por forma apotenciar também o negócio na áreado turismo.Após esta visita de trabalho a Pombal,os autarcas de Biscarrosse irão iden-tificar e convidar empresários france-ses que tenham interessescomerciais nos produtos e serviçosque as empresas do concelho produ-zem, a visitar o Município em setem-bro.

Bragança e Pavillons-sous-Bois comemoraram 20 anos de geminaçãoPouco antes das comemorações ofi-ciais do Dia de Portugal, em França,a poucos quilómetros de Paris, ouvi-ram-se os hinos dos dois países nascomemorações da geminação deduas cidades que sugerem à Europao seu exemplo para unir os povos.Nas comemorações oficiais dos 20anos da geminação de Bragança ePavillons-sous-Bois (93), que se pro-longaram até domingo na cidadefrancesa, os autarcas de ambas as ci-dades concordaram que este modelopode ser um passo para uma Europaem crise começar a olhar para os pro-blemas dos seus cidadãos.“A situação atual da Europa, infeliz-mente não é boa. Há 20 anos, omuro de Berlim caiu, esperávamospela construção de uma Europatranquila, que apelasse à solidarie-dade de todos, com pleno emprego,e constatamos que as coisas estãomuito degradadas”, observou oMaire de Pavillons-sous-Bois, Phi-lippe Dallier.O autarca francês aponta as respon-sabilidades políticas de Bruxelas nasdificuldades económicas e na atual si-tuação de crise europeia e defendeuque a solução “não depende apenasdo nível político”. Tão importante,apontou é “a relação dos povos da Eu-ropa para que se conheçam melhor,para se compreenderem melhor”como acontece com este exemplo de

Portugal e França, “ao contrário deoutros povos europeus, o que não per-mite avançar na boa direção”.“Infelizmente ainda há muito a fazerpara conseguir construir uma Europaao serviço de todos os seus habitan-tes. As geminações são uma forma decolocar essa pedra no edifício”, argu-mentou.Da mesma opinião partilha o Presi-dente da Câmara de Bragança, Her-nâni Dias, para quem “o ideal seriaque esta cooperação, que é feita aonível mais baixo, que é o das cidadesdos variadíssimos países europeus,fosse estabelecida ao nível mais altodos próprios países”.“Dessa forma, provavelmente não

aconteceria tudo aquilo que acontecehoje na Europa. Falamos todos muitoda Europa, efetivamente, falamos dosvalores europeus, todos somos cida-dão europeus, mas verdadeiramentea Europa unida que se pretende unacom pessoas com níveis de desenvol-vimento mais ou menos idênticos,não acontece porque verdadeira-mente não há este bom relaciona-mento entre os povos”, constatou.Uma comitiva de Bragança compostapor autarcas e entidades que estive-ram na origem da geminação, alémde jornalistas, encontra-se, em Pavil-lons-sous-Bois, a comemorar os 20anos de geminação das duas cidades.A colaboração tem-se materializado

em intercâmbios culturais e outros e,segundo o autarca de Bragança, aocontrário do que “pode pensar-se,que estas geminações não passam deuma visita”, elas “traduzem-se efeti-vamente em muito mais do que isso”.“O relacionamento entre as pessoas,a descoberta dos próprios territórios éuma forma de aproximação”, afir-mou, indicando que o relacionamentotem produzido resultados, nomeada-mente ao nível da procura turísticapara o território de Bragança emesmo para Portugal.As duas cidades têm atualmente umnúmero equivalente de habitantes,perto de 23 mil, e a Comunidade por-tuguesa ultrapassará os 600 habitan-tes em Pavillons-sous-Bois, segundoo fundador desta geminação, EduardoLapa, que há 47 anos deixou a aldeiade Montesinho, em Bragança, paraemigrar. Criou a Associação Franco-Portuguesas Casa de Trás-os-Montese poucos anos depois juntou as enti-dades dos dois países na assinaturada geminação.Este emigrante reformado, de 70anos, assegurou que “cada vez maisPortugueses emigrados em Françaestão a mudar-se para esta zona”, a13 quilómetros de Paris, por ser “umacidade calma”. Não há portugueseseleitos nos órgãos autárquicos, mas“sentem-se bem integrados”, segundoainda o interlocutor.

E aproveitaram para comemorar o Dia de Portugal

Presidente da Câmara Municipal de Mogadouro esteve em Groslay

O Presidente da Câmara Municipal deMogadouro, Francisco AlbuquerqueGuimarães, deslocou-se a Groslay(95) no fim de semana passado, paraassistir às festas organizadas naquelalocalidade pela associação Mogadourono Coração.Mogadouro e Groslay prevêm assinarum protocolo de geminação e esta foiuma oportunidade para os dois autar-cas combinarem os próximos passosa dar.O LusoJornal entrevistou o Presidenteda Câmara Municipal de Mogadouro.

Em que ponto está a futura gemina-ção entre Groslay e Mogadouro?Por enquanto assinámos um Pacto deamizade. Mas estamos a fazer o ne-cessário para a assinatura de gemina-ção. Estamos quase na fase final.

Já há alguma data pregista?Ainda não. Quero que o Governoportuguês se envolva nesta questão.Ainda não tive a oportunidade deestar com o Secretário de Estadodas Comunidades. O mais impor-tante é de facto sentir por partedesta Mairie o acolhimento que tempelos Portugueses.

Como é que vê a Geminação?Mogadouro está geminado com umacidade na Bretanha, Ploumagoar, masonde de facto temos uma Comuni-

dade grande é aqui, e é aqui que nóssentimos o acolhimento que a muni-cipalidade tem pelos Portugueses.Não olhamos só para o aspeto culturalou associativo, mas o aspeto humano.E hoje são muitos os lusodescenden-tes transmontanos e do norte quevivem aqui nesta zona.

Mas uma geminação é mais do que aComunidade portuguesa...Já tivemos uma exposição em Groslayrecentemente, fizemos intercâmbiosculturais e também no sentido econó-mico. Estamos agora a agendar umafeira cultural para promover o produtoúnico. Os produtos transmontanos,como o azeite, a amêndoa, o mel, en-chidos, tudo isso está associado àeconomia duma região que é impor-tante levar para fora do país.

Para si uma geminação funciona me-lhor se tiver uma forte Comunidadeque seja motora dessa geminação?Claro que sim, porque são eles o elode ligação entre os dois países. Se nóstivermos um país onde os nossos emi-grantes façam chegar os produtosonde foram acolhidos, será esse o elode ligação entre os dois países.

Têm um Gabinete de apoio ao emi-grante?Não, mas está previsto. Vamos assinaro novo Protocolo em breve.

Têm uma listagem de emigrantes doconcelho. Sabem onde estão?Não. Sabemos que estão mais con-centrados no 77. Em Fontainebleau,nomeadamente, há muitos emigran-

tes do Mogadouro. Este novo Secre-tário de Estado das Comunidadesespero que nos possa ajudar. MuitosConsulados infelizmente foram ex-tintos. Acho que não se teve emconta a quantidade de Portuguesesque vivem nessas regiões e que têmdificuldades em deslocar-se ao Con-sulado. A Comunidade portuguesanão merece essa desconsideração.

Que tipo de preocupações tem apre-sentado ao Maire de Groslay sobre aComunidade portuguesa desta ci-dade?Olhe, o Maire acaba de me anunciarque a partir de setembro Groslaypassa a ter na escola primária o en-sino da língua portuguesa. Aí está ademonstração de que é a nossapreocupação e para o município afi-nal os Portugueses também se em-penham e se interessam por essaquestão. Visitei a escola primária eo que mais me impressionou, foique em cada turma havia 3 ou 4alunos Portugueses e eu tenho umgrande orgulho porque em Portugalsomos tão poucos, mas somos tãograndes em tudo.

Francisco Albuquerque Guimarãesparticipou na Festa do Churrasco daassociação Mogadouro no Coração,coletividade presidida por OlímpiaGarnacho. A festa foi fortemente pe-nalizada pelas condições meteoroló-gicas adversas.

Por Carlos Pereira

le 15 juin 2016

PUB

Page 9: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

09Comunidadele 15 juin 2016

Lesados do BES manifestaram no Dia de Portugal

Na sexta-feira passada, dia 10 dejunho e também Dia de Portugal, oslesados do BES marcaram encontrofrente à Embaixada de Portugal emParis para protestar e reclamar assuas poupanças. Apesar da hora damanifestação ter sido alterada duasvezes pela Polícia, não impediu quemais de uma centena de pessoas, daAssociação Movimento dos Emigran-tes Lesados Portugueses (AMELP) sereunisse durante um dia de trabalhopara partilhar bem alto a sua revoltae o seu desespero junto do Governoportuguês.Um dos manifestantes José Fernan-des Fonseca, de Boissy-le-Sec, come-çou por declarar com muita emoçãoque se sentia revoltado com o que seestava a passar. “São ladrões. Se eufizer uma asneira sou logo punido e obanco enganou tanta gente e nada sepassa! Há 13 anos que tinha lá as mi-nhas contas. Comecei a trabalhar emLisboa aos 11 anos para mandar o di-nheiro para a minha família, passeimuita miséria aqui em França. Foi opróprio gerente do Banco que me ga-rantiu que era uma conta a prazo eque não ia haver risco algum. E entãoonde está o meu dinheiro?”Mais à frente, Maria da Silva Alves,ex-funcionária do Consulado de Por-tugal em Paris também se mostrouindignada com o banco. “Há 53 anosque estou em França, todas as mi-nhas economias estavam depositadasno BES e chamo a atenção aos nos-sos governantes, porque fomos rou-bados e não podemos continuarassim. Era cliente há 12 anos, sem-pre tive confiança, e até hoje nin-guém resolveu o nosso problema.Portugal tem que considerar os emi-grantes, não somos Portugueses desegunda”, acrescentou quase a cho-rar.Ao seu lado, outra lesada, Ana MariaFernandes, explicou que tinha duascontas no BES desde 2005 e a se-gunda foi um ano depois dos proble-mas começarem. “Nunca em ladonenhum estava escrito ‘ações’, atéque um dia num extrato bancário es-tava escrito em letrinhas muito pe-

queninas ‘ações preferenciais’ tive ocuidado de ligar para Portugal, na al-tura a gestora estava em Lisboa, e ga-rantiram-me que era apenas umcódigo bancário que de qualquer dasformas o dinheiro não ficava paradoque estava sempre a circular mas quenão havia qualquer problema”. Se-gundo a manifestante, o problema éque todos confiamos nas instituiçõesbancárias, “e muita gente pensa ter odinheiro em contas a prazo e não é ocaso, muitas vezes são offshores eações diversas”.Também a dirigente do Bloco de Es-querda, Cristina Semblano sublinhoua importância da manifestação no Diade Portugal e das Comunidades.“Esta ação é importante já que o Pre-sidente da República está de visita aParis. Precisamos de mais do queuma simples visita”! De acordo comCristina Semblano, os emigrantes têmsido sistematicamente esquecidosdesde décadas e que a sua presençaali demonstra o seu apoio com osemigrantes lesados e que a soluçãoque deve ser encontrada é pura esimplesmente política. “Se não hásolução é porque os governantes nãoquerem. São poupanças de todauma vida e de sacrifício e é justoque eles as possam reaver. Foram

enganados uma primeira vez peloBES uma segunda vez pelo NovoBanco e agora não querem ser en-ganados pelo Governo. Temos demodificar as políticas de emigra-ção, a nível dos serviços públicos,ao nível do apoio ao centro associa-tivo e ao nível da democracia, ehoje é o dia de nos manifestarmostodos juntos”. A responsável peloBE acrescentou ainda que o maiorsinal de interesse pelos emigran-tes, é as novas políticas de emigra-ção e resolver esta situação doslesados “porque nós emigrantessomos os esquecidos de sempre”,concluiu.Quanto a Manuel Lopes Pereira, deGeneviève-des-Bois, contou ao Lu-soJornal que na altura não tinhaconta no BES mas com medo que ooutro banco português onde eracliente fosse à falência deixou-seconvencer pelo responsável do BES.“Afirmaram-me que o capital era ga-rantido e que a Poupança Plus nãocorria problema algum, ora desdemeados de 2013 não tenho acesso àminha conta. Agora não confio emnenhum banco português, nem von-tade tenho de ir passar férias a Por-tugal, é vergonhoso e uma tristezaprofunda, porque somos muitos nesta

situação e não sei quando haveráuma solução”.No final do dia, foi no Hôtel de Villeque a Vice-Presidente da AMELP, He-lena Esteves se encontrou com o Pre-sidente da República, que reiterou oapoio e disse que o caso tinha de serresolvido. Também falou com o Pri-meiro Ministro que “tentou explicarporque as coisas ainda não tinhamavançado, mas não se comprometeucom nada”.No dia seguinte os lesados do BEStambém puderam exprimir-se emChampigny aquando da inauguraçãodo monumento ao antigo autarcaLouis Talamoni que ajudou os Portu-gueses que viviam nos bairros de latanos anos 60 e 70. “A nossa manifes-tação não foi uma mancha negra nes-tes dias de festividades, pois amancha já existe há 2 anos. A soluçãoapresentada há um ano, era indigna enão aceitámos e agora queremos queo Novo Banco venha à mesa das ne-gociações”. Segundo Helena Esteveshá uma linha aberta com o atualpoder. Mas achamos que após 3reuniões que não havia factos con-cretos para continuarmos assim, de-cidimos suspendê-las e queremosque nos devolvam as nossas econo-mias, que não se refugie atrás de

um banco de transição”.A Vice-Presidente continua confiantemas apela às 8.000 famílias lesadasa não mandarem dinheiro para Portu-gal ou que retirem as suas econo-mias. “Não queríamos agir assim masé a única arma que temos é esta esentimo-nos abandonados e nósvamos continuar a reclamar o nossodinheiro”, concluiu.Entretanto, em Champigny, o Pri-meiro Ministro António Costa de-fendeu a criação de mecanismosde arbitragem para que se faça jus-tiça aos emigrantes lesados doBES. A meio do discurso, o Chefedo executivo do PS afirmou: “Per-mitam-me uma palavra particularàqueles que eu sei que neste mo-mento se têm de bater na justiça con-tra uma grande injustiça que foicometida. Não compete ao Governonem ao Presidente da Repúblicasubstituírem-se à justiça, mas sei queo Presidente da República acompa-nha o Governo na preocupação decriar os mecanismos de diálogo, osmecanismos de negociação, os me-canismos de arbitragem que permi-tam a todos aqueles que foramlesados verem os seus direitos tãosatisfeitos quanto possível”, acres-centou.António Costa referiu-se ao BEScomo “um banco que faliu mas que,antes de ter falido, enganou milharese milhares daqueles que, com todo osuor da sua vida, tinham amealhadoalgumas poupanças. Não podemostambém virar a cara, e tem de sefazer justiça à justiça que aindatambém lhes é devida”, defendeu.O Presidente da República, Mar-celo Rebelo de Sousa, discursouem seguida e também falou breve-mente na situação destes emigran-tes, de forma indireta. “Estaremosatentos aos problemas financeiros,económicos daqueles que aposta-ram em instituições financeirasportuguesas e que vivem hoje pro-blemas que para muitos são pro-blemas graves de economias per-didas, de poupanças que de re-pente desapareceram, de angústia,de preocupação relativamente aofuturo”.

Primeiro Ministro diz que “foram enganados” pelo banco

Por Clara Teixeira

PUB

LusoJornal / Clara Teixeira

Page 10: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

10 Comunidade le 15 juin 2016

emsíntese

PS condena campanha deapoio à Seleçãoque ignora cincomilhões de emigrantes

O Deputado do PS Paulo Pisco alertouque a campanha de apoio à Seleçãonacional de futebol lançada pela Fede-ração Portuguesa de Futebol ignora oscinco milhões de Portugueses emi-grantes, o que disse ver “com umacerta irritação”.Em causa está a campanha de apoioà Seleção portuguesa, com o lema“Não somos 11, Somos 11 milhões”,durante o Campeonato europeu de fu-tebol (Euro2016), que o Deputado so-cialista, eleito pelo círculo da emigraçãona Europa, considera “uma desconsi-deração” para com os cinco milhõesde emigrantes portugueses. “Torna-sequase uma desconsideração esquecerque a nação portuguesa não é apenascomposta pelos 10 milhões que habi-tam dentro das nossas fronteiras, émuito mais vasta e inclui os cinco mi-lhões que estão espalhados pelomundo, sem contar com aquelas quesão as segundas e terceiras gerações,que fazem muito mais apoiantes daSeleção portuguesa”, disse o socialistaà Lusa.“Precisamos do apoio de todos, semnenhum tipo de exclusão, e devere-mos estar unidos. Seria importante quefossem considerados os 15 milhões dePortugueses e não apenas os 11 mi-lhões de que a Federação Portuguesade Futebol fala”, afirmou Paulo Pisco,que espera que aquele organismoainda corrija a sua campanha.Paulo Pisco lembrou que este é “umerro que volta a ser cometido” e que jáem 2008, quando o Campeonato eu-ropeu de futebol decorreu na Suíça ena Áustria, “uma marca, muito conhe-cida, disse que havia 10 milhões dePortugueses a apoiar a Seleção”.Na altura, “isso provocou reações nasnossas Comunidades, porque houvecinco milhões de Portugueses que, naaltura, se sentiram excluídos” e “nãofaz sentido que tenha voltado a havereste esquecimento”, lamentou o De-putado do PS.Paulo Pisco salientou que na Europa,os “grandes apoios que a Seleção na-cional tem nos jogos são dos Portugue-ses que residem nesses países”.O Deputado socialista alertou o Ministrodos Negócios Estrangeiros, AugustoSantos Silva, para esta questão.

Primeiro Ministro volta a Paris para inaugurar o primeiro “Espaço do cidadão”O Primeiro Ministro e o Secretário deEstado das Comunidades Portugue-sas, José Luís Carneiro, regressam aParis este sábado, dia 18 de junho,para inaugurar o primeiro “Espaço docidadão” em Paris, onde os Portu-gueses poderão tratar de 60 serviços,desde a Carta da condução ao Re-gisto criminal.“No próximo dia 18, eu e o Secretá-rio de Estado das Comunidades Por-tuguesas teremos a oportunidade deinaugurar aqui em Paris o primeiroespaço do cidadão, onde será possí-vel tratar diretamente com mais deoito entidades diferentes em Portu-gal”, declarou, recebendo palmas daassistência. António Costa acrescen-tou que nesse espaço os cidadãosportugueses poderão tratar de “maisde 60 serviços diferentes, sem teremde ir a Portugal, desde a carta decondução ao registo criminal, paraque seja cada vez menos difícil serportuguês fora de Portugal”.O Secretário de Estado das Comuni-dades, José Luís Carneiro acrescen-tou ao LusoJornal os serviços deSegurança social, Autoridade tributá-ria, Registo criminal para os cidadãose para a empresas,... “São serviçosgratuitos de 8 Departamentos da ad-ministração pública portuguesa o

que aproxima mais os Portuguesesresidentes no estrangeiro de Portu-gal” disse ao LusoJornal.Por enquanto trata-se de uma expe-riência piloto que vai iniciar emParis, mas “o objetivo é de desenvol-ver este serviço noutros postos con-

sulares, nomeadamente naquelescom maior afluxo, mas por enquantoainda é cedo para anunciar publica-mente as próximas etapas do pro-jeto”.José Luís Carneiro disse ao LusoJor-nal que este é o resultado de trabalho

desenvolvido pelo Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros, com a Moderni-zação Administrativa.No dia 18, o Primeiro Ministro, An-tónio Costa, desloca-se a Paris paraassistir ao jogo de Portugal contra aÁustria.

Já no próximo sábado

A Rosa tem 75 anos e emigrou paraFrança há vinte e cinco. Antes daFrança, passou quatro anos nos Esta-dos Unidos. A Rosa é doente. Além deuma operação que fez à tiróide, temgraves deficiências cardio-respirató-rias, tendo sido submetida a várias ou-tras cirurgias. Não fôra beneficiar daCMU (Cobertura Médica Universal)concedida em França aos que não dis-põem de cobertura médica, a Rosanão poderia sequer pagar a pesadamedicação a que está sujeita. Os seusparcos rendimentos não lhe permitiamcontrair um seguro complementar desaúde, razão que levou a que lhe fosseatribuída a CMU.A Rosa tem, em tudo, 600 euros pormês: 200 de uma reforma de quatroanos de actividade declarada em Por-tugal sobre os trinta anos que traba-lhou no nosso país e 400 de umareforma da França onde exerceu comomulher a dias. A atividade nos EstadosUnidos não foi declarada, sendo quea Rosa nunca conseguiu obter a ‘greencard’, devendo, por vezes, esconder-senos lugares públicos para escapar aocontrôlo da polícia. Com o dinheiroganho nos Estados Unidos onde traba-lhou “como uma escrava” sucessiva-mente em várias famílias, a Rosacomprou um pequeno apartamento noNorte de Portugal que já depois de ca-sada vendeu para comprar outro naorla marítima nortenha. É por causadesse apartamento objeto de um pro-cesso de partilha de bens no âmbitodo divórcio em curso há doze anos,

que a França não lhe atribuiu o com-plemento social para idosos.Mas a Rosa escusava de estar a vivera situação extrema em que se encon-tra, 600 euros por mês num país emque o limiar da pobreza se situa nos987, se o Banco Espírito Santo, aquem confiou as suas economias, na-quilo que julgava ser um depósito aprazo, não a tivesse enganado e se oNovo Banco para onde transitaram nãoteimasse em não lhas devolver. São,em tudo, 23.000 euros, provindo, porum lado, da indemnização de um aci-dente rodoviário de que foi vítima emFrança e, por outro, de pequenas pou-panças que foi pondo de lado ao longodos anos. Foi pela televisão que a Rosasoube dos problemas do banco, mas agestora em Portugal assegurou-lhe queas suas poupanças estavam no Bancobom e que seriam acautelados os seusinteresses no caso de venda do banco.Todavia, a Rosa recebia com frequên-cia telefonemas de um outro departa-mento do banco, informando-a quelhe iriam enviar documentos para as-sinar e, mesmo, que um funcionáriodo NB viria pessoalmente encontrar-secom ela em França.Afirmando não querer assinar nadamas desconfiada com tanta insistên-cia, a Rosa telefonou ao Consuladoque a pôs em contacto com um le-sado. Nessa altura, já os emigranteslesados tinham criado o seu movi-mento e começado a constituir dos-siers para os advogados intentaremações judiciais. Lutadora como sem-

pre foi, a Rosa seguiu o mesmo cami-nho. Não, não assinaria nada como jáo tinha dito repetidas vezes aos fun-cionários do banco que lhe telefona-vam, e a quem invocava o seu fracograu de literacia, um 9° ano adquiridojá na casa dos quarenta quando deci-diu ir estudar à noite depois do traba-lho. Não, a Rosa não assinaria nada, enada a demoveria de tal resoluçãocomo não a demoveu a intimidação dofuncionário do banco que substituiu asua gestora de contas que entretantose havia reformado: “se a Senhora as-sinar poderá reaver alguma coisa, senão assinar vai gastar dinheiro a pagaros advogados e não vai reaver nada”.Do alto dos seus 75 anos, e abaixo demais de 40% do limiar da pobreza, aRosa resiste: mau grado a solidão e asenfermidades. Mas como? E atéquando? “Ele deve haver alguém láem Portugal que possa fazer qualquercoisa, para que me seja dada a pensãodos vinte e seis anos que trabalhei semser declarada: o Secretário de Estadodas Comunidades, por exemplo”, dizela.Para poder comer com 600 euros pormês, depois de pagar uma renda de130 euros (1) que lhe resta após osubsídio de alojamento num bairro so-cial, os honorários dos advogados quese ocupam da partilha dos bens e daação judicial contra o Novo Banco, etc,a Rosa aluga uma parcela de quintal aalguns quilómetros de casa, que paga30 euros por ano e onde vai - apesarda sua situação física - com um pe-

queno carrito que adquiriu em se-gunda mão, cultivar alguns legumes.No seu congelador não há carne, nempeixe. A Rosa só come legumes comgrão-de-bico. Um dia sentiu umagrande necessidade de comer baca-lhau. Comprou uma posta, por quatroeuros e meio que dividiu em três. “Pa-rece que voltei para trás ao tempo deSalazar”, diz ela. “Em casa dos meuspais uma sardinha tinha de dar paradois”.Sim, mas não estamos no tempo deSalazar e a Rosa tinha depositados noBanco Espírito Santo vinte e três mileuros de economias.Como a Rosa, milhares de emigrantesperderam as poupanças de vidas intei-ras de trabalho e sacrifício, não sendopoucos os que se encontram hoje aviver abaixo do limiar da pobreza. Eisporque urge que o representante no-meado pelo Governo para mediar umasolução para os emigrantes lesadosnão tarde a sentar à mesa das nego-ciações, o Banco de Portugal e o NovoBanco. Seria inadmissível que, enga-nados pelo BES num primeiro tempo,e pelo Novo Banco num segundo, osemigrantes fossem enganados umaterceira vez pelo Governo de Portugal.

(1) A qual passou agora para 358euros, na sequência da supressão dosubsídio que lhe era atribuído

Nota: A autora esclarece que não é le-sada do BES e que não é nem nuncafoi cliente desta instituição.

Rosa : pobre, emigrante e lesada do BESCristina SemblanoEconomista, lecciona na Sor-bonne, autarca na região deParis e dirigente do BE

[email protected]

Crónica de opinião

António Costa e José Luís CarneiroLusoJornal / Mário Cantarinha

PUB

Page 11: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

PUB

Page 12: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

12 Retratos

lusojornal.com

Daniel Ribeiro: Sou um humanista e nada nacionalista,mas sou português

Natural de Carregal do Sal, distrito deViseu, e radicado em Paris desde1980, Daniel Ribeiro é umas dasmaiores referências do jornalismo por-tuguês no estrangeiro. É correspon-dente do Expresso em Paris e desdehá bem pouco tempo volta a ser Dire-tor da Rádio Alfa.

Como começou a paixão pelo jorna-lismo?Começou na adolescência. Era bomaluno em português, no liceu, gostavade escrever redações. Um dia, aindamuito jovem, li um livro de GrahamGreene, acho que se chamava ‘Os co-mediantes’, onde o narrador era umjornalista, correspondente em Beirute.Pensei: gostava de ser isso, correspon-dente no estrangeiro. E consegui, masum pouco por acaso.

Como define o ser português?O português é um ser humano, comoos outros. Tem a particularidade de teruma língua própria e de se ter lançadonas Descobertas e isso distingue-obem dos outros. É um povo lutador,como o provou designadamente naemigração.

O Daniel deixou Portugal há muitosanos. Considera-se ainda um portu-guês autêntico?Sim. Considero-me português e cida-dão do mundo. Gosto de viajar, con-tactar com outros povos, sou aberto aoutras culturas. Podemos aprendercom toda a gente, podemos até tor-nar-nos mais humanos no contactocom outros povos, mas sou português,sem dúvida.

A que se deve tão elevado desejo deemigração por parte dos Portugueses?Está relacionado com as más condi-ções de vida ou com períodos menosfelizes da nossa história, como notempo do salazarismo e da guerra co-lonial.

Durante estes anos Portugal olhou

para os emigrantes? Os diferentes Go-vernos? A comunicação social?Portugal vive uma certa esquizofrenia.Devido ao seu passado, nalguns as-pectos glorioso, e à educação salaza-rista, meteu na cabeça que osPortugueses eram “a raça” que tinhadescoberto o mundo. Muitos Portu-gueses foram, ou ainda são, “racistas”com os emigrantes porque aindavivem nessa quimera e recusam estafaceta de Portugal: a da pobreza e doanalfabetismo, que está na origem dasaída do país de boa parte dos seusjovens, nos anos 1960/70. No fundo,esses Portugueses envergonham-sepor Portugal ser visto no mundo como

um país de emigração e até acho queos governantes e diplomatas tambémse envergonham. Portugal, de certomodo, recusa ver-se ao espelho, oumelhor: vê-se ao espelho mas não sevê de forma completa.

Entre os anos 40 e 60 como chega-vam, e como viviam os Portuguesesem França?Não assisti a essa situação, mas estu-dei e falei com muita gente dessaépoca. Viviam em bairros da lata, nofundo tal como hoje muitos outrosemigrantes da Síria, do Afeganistão,do Iraque ou de África vivem.

O que ficou por resolver após o 25 deAbril?Ficou por resolver a igualdade. Temosa liberdade e a democracia, falta aigualdade. Portugal é um país muitodesigual, onde as castas dominam emtodos os setores da vida. Por exemplo:o que se vê aqui em França, os muitosPortugueses que subiram a pulso navida, seria impossível de acontecer emPortugal. No nosso país se se nascepobre é muito difícil deixar de sê-lo.A França dá mais oportunidades àspessoas, sem dúvida alguma.

Denota na primeira geração da emi-gração portuguesa úlceras no caracter,resultantes do fascismo?O que eu noto e fiz uma extensa re-portagem sobre isso é que grandeparte dos Portugueses de França abra-çou a xenofobia e por vezes até é maisradical no seu discurso anti-emigran-tes ou anti-muçulmanos que os mili-tantes da Frente Nacional, de Marinele Pen.

Os Portugueses emigrados em Françatêm consciência política?Interessa-lhes pouco a política, inte-ressa-lhes mais o seu sucesso pessoal,o que de certa forma se compreendeporque conheceram a pobreza ex-trema, e o que não querem sobretudoé regressar outra vez a essa pobreza.Recorde-se que os Portugueses queemigraram há 50/60 anos eram anal-fabetos, nem sabiam o que era umacasa de banho. Mas, por vezes pen-sam que não estão a fazer políticaquando falam contra os árabes - masestão a fazer e de que maneira!

Porque razão o número de votos ésempre diminuto?Não acreditam nos políticos nem naseleições. Tem a ver com razões histó-ricas, ligadas ao seu passado e à rea-lidade política em que nasceram ecresceram em Portugal. Sobre os po-líticos têm aquele discurso redutorque é o do “são todos iguais, só que-rem é tacho”. Por vezes até podemter razão… mas é errado não lutarem

para mudar as coisas.

Em que medida a emigração portu-guesa poderá desenvolver um papeldeterminante para Portugal?Ajuda Portugal com as remessas.Mas eu acho que a emigração, em-bora positiva frequentemente em ter-mos individuais para as pessoas, noaspeto da realização financeira, é ne-gativa para Portugal. Basta ir às al-deias do interior do país paraconstatar - apenas vivem lá pessoasidosas, é a desertificação total. De-vido à emigração e também à fracanatalidade, Portugal só está vivo naorla litoral.

Um Português, emigrado durante vá-rias décadas, continua a sentir-se es-trangeiro em França?Sim, talvez. Embora a França aceitea integração como poucos outros paí-ses - até tem um Primeiro Ministronaturalizado! Os Portugueses chega-ram a França com a ideia do regressona cabeça. E mantêm-na até ao fimda vida, em boa parte dos casos. Éum equívoco: fizeram filhos cá, temcá netos e mesmo bisnetos… nuncaregressarão da forma que pensaram.Fizeram casarões lá que apenas ser-vem na maioria das vezes para ummês de férias…

Uma medida urgente a ser tomadapara a emigração?Não sei. Penso que Portugal deveriaera debruçar-se sobre esta questãode fundo: por que razão mesmo ademocracia conquistada em 1974não estancou as vagas migratórias?Como parar a desertificação do in-terior? Entretanto, poderia tomaruma medida simples como esta:Portugal deveria sempre nomearpara Embaixadas como a de França,onde vivem centenas de milharesde portugueses, diplomatas e adi-dos com um perfil especial, maissocial e menos sobranceiro do queinfelizmente acontece. Os diploma-tas portugueses vivem fora domundo real.

Retrato

Por Ricardo Vieira

le 15 juin 2016

Le couple Pacheco: de Toulouse à l’Algarve

Dans la perspective de la Semaineculturelle prévue fin septembre àOloron Ste Marie, avec entre autresune exposition de photographies surles cheminées de l’Algarve priseslors de mes différents séjours dansla région, Elsa Godfrin, la Présidentede l’Association France-Portugal,suggérait d’obtenir sur place des in-formations relatives à ces chemi-nées si particulières.Rendez-vous fut pris avec Noélia Pa-checo, ancien Vice-Consul du Portu-gal à Toulouse, et son mari CarlosPacheco, toujours en relation étroiteavec Elsa et Christian Godfrin, entreles deux marchés si pittoresquesd’Olhão, à deux pas du Caìque duBom Sucesso.Actuellement en retraite dans la ré-

gion d’Algarve, Noélia et Carlos Pa-checo, se sont prêtés gentiment aujeu des questions/réponses relativesà ces cheminées.Avec quelques lieux à découvrir en-core, comme Alte, au nord de Faro,des lectures à faire, des recherchesà poursuivre en bibliothèque ou descontacts à établir auprès des étu-diants de l’école d’architecture deLisboa. Bref, l’esprit consulaire seperpétue au-delà de la mise en dis-ponibilité, comme on dit pour ceuxqui partent en retraite. Pour notresatisfaction, mais aussi sûrement laleur, prouvant ainsi leur attache-ment à leurs anciennes fonctions.Cette rencontre instructive et agréa-ble s’est faite au petit snack-bar ap-pelé, Zé Francês, en terrasse d’unedouzaine de tables et trois parasolsde forme carrée, tenu par Aurélia,

son fils José Manuel et son compa-gnon Joaquim. A proximité immé-diate des quais du charmant port depêche et de plaisance, face aux îlesde la Ria Formosa.Aurélia, née à Madère, était ser-veuse pendant des années en régionparisienne à Corbeil. A 45 ans, uneenvie de changer de vie la pousse às’établir à Olhão, et ouvrir de 6h00du matin à 6h00 du soir, 7 jours sur7, cette affaire qui tourne ronde-ment et sous d’autres cieux plus clé-ments que ceux de la capitalefrançaise.Placée depuis 13 ans entre les en-trées principales des deux marchéscouverts de briques rouges, 12heures d’affilée debout à servir lesclients, Aurélia poursuit sa tâcheavec un sourire dont elle ne se sé-pare jamais.

Par Gracianne Bancon

Luís Filipe Catarino

Noélia e Carlos Pacheco, en AlgarveLusoJornal / Gracianne Bancon

Page 13: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

13

lusojornal.com

Empresas

Gala de Verão da CCIFP em Sainte Maxime

A terceira edição da Gala de Verãoda Câmara de Comércio e IndústriaFranco-Portuguesa (CCIFP) realizou-se no fim de semana do 3 e 4 dejunho, em Sainte Maxime, cidadeonde está implantada a delegaçãoregional Provence Alpes Côtesd’Azur desta instituição empresarial.Na sexta, dia 3 de junho, a receçãoaos empresários teve lugar no res-taurante El Latino. No sábado, foiorganizado um almoço descontraídono restaurante à beira mar, MarioPlage. À noite, o jantar de gala de-correu no restaurante les Gorges dePennafort, com um serviço gatronó-

mico apresentado pela mão do Chefdetentor de duas estrelas Michelin,Philippe da Silva, também ele luso-descendente.Da Câmara Municipal de Faro, capi-tal do Algarve, esteve o PresidenteRogério Bacalhau, o seu Chefe deGabinete, Henrique Gomes, e tam-bém Melissa Simplício, uma fadistade Faro, atual revelação em Portugale que o autarca fez questão de trazeraté Sainte Maxime para abrilhantara Gala da CCIFP. Igualmente vindosde Faro, os guitaristas João Cuña ePedro Mendes, que acompanharama fadista e tocaram alguns temasinstrumentais.A Mairie de Sainte Maxime esteve

representada pelo seu PresidenteVincent Morisse, a Maire AdjointeJeanne-Marie Cagnol e os Conse-lheiros Municipais Patrice Amado eAlexis Ellul. Pela Mairie de Nice,marcou presença o Maire Adjoint lu-sodescendente Lauriano Azinheirei-nha.O protocolo de colaboração assinadoem setembro de 2014 entre aCCIFP e a Câmara Municipal deFaro, trilha já um caminho de apro-ximação entre as Mairies de SainteMaxime e de Nice.De referir que Joaquim Pires, o De-legado regional da CCIFP tomouposse recentemente, como aliás foiamplamente divulgado pelo Luso-

Jornal, enquanto Cônsul Honoráriode Portugal em Nice.Uma vez mais, perto de 120 pes-soas acederam ao convite da Dele-gação para o encontro estival anual,empresas francesas e portuguesas.Carlos Vinhas Pereira, o Presidenteda CCIFP deslocou-se de Paris paraparticipar neste evento, tal como fi-zeram outros membros do Conselhode Administração desta instituiçãonacional e empresas membros.Com o intuito de favorecer contactoscomerciais e a aproximação entremembros, a Gala de Verão terá novaedição marcada para o ano, em2017, e Joaquim Pires promete“sempre novidades”!

Organizada pela Delegação PACA da CCIFP

Por Cristina Silva

Nova loja de produtos portugueses em NayA loja de produtos portugueses “Es-cale au Portugal” foi inaugurada nopassado dia 10 de junho, data simbó-lica, em Nay, na região do Bearn, si-tuada a aproximadamente meiocaminho entre Pau e Lourdes, ondeexiste uma forte concentração de Por-tugueses.Este novo ponto de encontro dos Por-tugueses, mas também dos Francesesda região, que apreciam os produtosportugueses, está situado no centro dacidade de Nay. O local foi totalmenterepensado e adaptado à circulação depessoas deficientes motoras. O res-tauro foi pensado e realizado pela em-presa Bati 64 que concilia um estilomoderno com a tradição.As animadoras da loja, a senhoras Ro-drigues e Esteves, têm “muito orgu-

lho” em propor uma variedade de pro-dutos tradicionais portugueses de qua-lidade tais como o tradicionalbacalhau, azeite, enchidos, congela-dos, etc… assim como uma variadaproposta de vinhos de norte a sul dePortugal.A loja encontra-se aberta ao público deterça a domingo de manhã.A inauguração contou com a presençade vários clientes e com a participaçãoda Caixa Geral de Depósitos, presenteem Pau há mais de 40 anos, queacompanhou as dirigentes neste novoempreendimento.

Escale au Portugal7 rue Georges Clémenceau64800 NayInfos: 05.59.06.95.71

Mais uma rota entre Paris-Lisboa nos 70 anos da Aigle AzurNo âmbito do seu programa de voospara o verão de 2016, a companhiaaérea Aigle Azur lançou uma nova li-gação entre Lyon e Porto no dia 27 demarço, que opera 3 vezes por semana,à quinta e sexta-feira, e ao domingo eadiciona agora uma frequência adicio-nal à terça-feira entre Paris-Orly e Lis-boa, para um total de 13 voossemanais.Outra novidade com partida de Lyon,a Aigle Azur também alarga a sua rede

africana com o lançamento de umanova ligação com destino a Dakardesde o dia 28 de março, que operatodas as segundas e sábados. Estasrotas vêm juntar-se aos voos já lança-dos pela Aigle Azur entre Marseille eDakar com 2 frequências semanais.No entanto, depois da Argélia, Portu-gal é o maior destino da Aigle Azur.Aliás, a Aigle Azur celebra atualmenteo seu 70º aniversário. A mais antigadas companhias aéreas privadas fran-

cesas, nasceu na primavera de 1946,logo após a II Guerra Mundial. Nesseano, o empresário Sylvain Floirat iniciaa exploração comercial da “SociétéCoopérative Aérienne de TransportsMéditerranéens”, “L’Aigle Bleu”; reba-tizada depois “Aigle Azur” no dia 19de junho de 1946.70 anos depois, a Aigle Azur insere-sena história como uma companhia daépoca emblemática do desenvolvi-mento da aviação comercial francesa.

“Década após década, continuou a in-terligar pessoas, continentes e cultu-ras, mostrando os seus valores dehospitalidade, partilha e convívio” dizuma nota da empresa.Para comemorar estes 70 anos, acompanhia vai criar um logótipo espe-cífico e criar um mini-site dedicado àefeméride. www.aigleazur-70ans.com.Mas lança também um concurso «70anos, 70 prendas» disponível no siteda companhia.

Quais são os requisitos parao abono de família?

Resposta:

O abono de família é atribuído a crian-ças e jovens residentes em Portugalaté aos 16 anos, podendo prolongar-se até aos 24 anos caso frequentemo ensino superior, e desde que nãotrabalhem e sejam estudantes. Os jo-vens portadores de deficiência têm di-reito ao abono de família até aos 24anos e, caso estudem no ensino su-perior ou equivalente continuam a re-ceber este apoio até terminarem o seucurso ou fazerem 27 anos.O acesso a este apoio social dependeessencialmente do rendimento anualilíquido do agregado familiar, bemcomo do património mobiliário da fa-mília (depósitos bancários, ações,obrigações, certificados de aforro, tí-tulos de participação ou outros ativosfinanceiros não podem exceder os100.612,80 euros).Para ser determinado o escalão a quese pertence devem considerar-se osrendimentos de todas as pessoas doagregado familiar, designadamente orendimento mensal do trabalho de-pendente ou independente, as pen-sões, as prestações sociais (exceto asprestações por encargos familiares,por deficiência e por dependência),os subsídios de renda de casa ou ou-tros apoios públicos à habitação, osrendimentos de capitais e os rendi-mentos prediais.Após se ter determinado este valor, omesmo é dividido pelo número decrianças e jovens do agregado quetêm direito ao abono, mais um.O abono de família pode ser requeridodesde o nascimento da criança ou atéantes e o pedido é feito pelos pais, re-presentantes legais, outros adultosque vivam com a criança ou jovem ouentidade que tenha a criança oujovem à sua guarda. Quando o jovemcompleta 18 anos de idade pode re-querer por si o abono de família.

Rita RibeiroJuristaRua Principal, nº 150Granja2425-013 Monte RealInfos: +351.926.300.365Infos: +33 (0)6.12.601.427

Rubrica jurídica

CCIFP Paca CCIFP Paca

le 15 juin 2016

Page 14: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

14 Cultura

lusojornal.com

Exposição de Sara Teixeira no Consulado de ParisVai ser inaugurada nesta quinta-feira,dia 16 de junho, pelas 18h30, noConsulado Geral de Portugal em Paris,a Exposição “Printemps” da autoriade Sara Teixeira. Trata-se de umacompilação que engloba as obrasmais significativas da ilustradora,como a imagem que a muitos tocou,o “J’aime Paris”, e dá também a co-nhecer uma seleção de trabalhos re-centes e inéditos, que usam, comotécnica de criação gráfica, o desenhodigital.Com um imaginário que remete so-bretudo para uma temática divididaentre Paris e Lisboa, esta coleção fazuma saudação à chegada da Prima-vera, pela vivacidade, pelo colorido epela leveza que comporta. Manifestae estimula sensações agradáveis,tendo por grande ambição, fazer sor-rir.A exposição conta ainda com umamostra de artigos, onde a autora

aplica as suas ilustrações e onde gostade ver a sua obra veiculada.“Printemps” está patente ao públicoaté ao dia 30 de junho, nas salas doConsulado de Portugal, com acessogratuito.

Sara Teixeira nasceu em 6 de marçode 1982, na cidade da Guarda, edesde muito cedo percebeu o seu in-teresse pela atividade de desenhar.Apaixonada pela cor, pelas formas, esobretudo pela transmissão de ideias,

segue sempre uma vertente artísticana sua formação, pelo que ingressa,no ano de 2000, no curso de Arquite-tura, lecionado no Porto e em Coim-bra.Concluída esta etapa, e por entre pro-jetos de arquitetura, consegue, final-mente, tempo para se dedicar à suapaixão, a ilustração digital, comple-mentando o seu conhecimento atra-vés de formações na área.Atualmente elabora diversos projetospara a imprensa, publicidade, multi-média e turismo, que concilia em pa-ralelo à arquitetura. Vê o seu trabalhoreconhecido e diversas vezes pre-miado na área da ilustração, dando-sea título de exemplo o 1º lugar obtidopela Ilustração Contemporânea Portu-guesa, com o tema “PortugueseWaves”, que lhe vale o contacto comGarrret Mcnamara, documentado pelatelevisão portuguesa.

Desenho digital

Balanço positivo para o festival Parfumsde Lisbonne

Pelo 10° ano consecutivo, o festivalPerfumes de Lisboa dedicado a pro-mover e divulgar a língua e a culturaportuguesa, arrancou no passado 21de maio em Paris e encerrará em Lis-boa no próximo 19 de julho. Em váriossítios da capital francesa, o Teatro, aDança, a Poesia, a Pintura e o Cinemaque têm Portugal como referência de-correm num espírito de “urbanidadescruzadas entre Lisboa e Paris”.A Diretora da Companhia de Teatro Cáe Lá, que organiza o Festival, Graçados Santos começou por fazer um ba-lanço positivo deste edição em curso.«Todas as nossas manifestações tive-ram muito público. Um público misto,jovem e menos jovem e de vários hori-zontes. Notámos que houve uma ener-gia muito grande pela parte dos atorese das pessoas que nos viram». Se-gundo Graça dos Santos o objetivo do

Festival é promover a criatividade dosartistas e de proporcionar momentosartísticos de qualidade mas também«de perturbar um pouco e de interro-gar o público». Consciente de queParis é uma cidade multicultural eque desde sempre propôs atividadesartísticas enriquecedoras, Graça dosSantos não quer cair na rotina e in-

terroga-se constantemente da funçãode um evento como este em Paris.«Este evento só pode ter sentido sefor interrogado por dentro. Houveuma escolha da nossa parte em que-rer fazer um trabalho não comercialmas sim num espaço em que o diá-logo é possível», explica ao LusoJor-nal. A responsável evocou ainda o

problema de Portugal e dos Portu-gueses em geral quererem servir-sede montra perante os outros, «atual-mente Portugal está na moda em vá-rios níveis, é preciso sabermosdesarrumar um pouco a casa e ter-mos um olhar crítico sobre aquiloque vemos».O Festival Perfumes de Lisboa viveujá estes últimos dias momentos for-tes, sábado, “Olhares sobre o cinemalusófono” com a projeção de “Visitaou Memórias e Confissões” de Ma-noel de Oliveira, seguida de umaconferência. No domingo à tarde,“Comme à Lisbonne” acolhe diálo-gos e poemas na esplanada. Depoisdia 5 de julho Diálogos bilingues como tetaro de Miguel Torga antes de ter-minar na casa Fernando Pessoa emLisboa no 19 de julho , «onde retor-maremos as Variações a partir dapoesia e da peça ‘Amizade’ de Máriode Sá Carneiro ‘Eu+ o outro= Nós’».

Por Clara Teixeira

115 professionnels du tourisme au PortugalLa 17ème édition du Forum desPionniers s’est tenue du 25 au 27mai à Evora, région qui allie gastro-nomie, vignobles, patrimoine etpaysages, et qui a su séduire lesparticipants du Forum.Organisé par l’ESCAET, le Forumdes Pionniers a ressemblé cetteannée 115 professionnels du tou-risme, venant de tous horizons:producteurs, éditeurs de solutionstechnologiques, agences de marke-ting digital, bloggeurs, distributeursloisirs online et offline, agences devoyages d’affaires, start-ups, compa-gnies maritimes, chaînes hôtelières,associations professionnelles,... C’estcette mixité des profils qui fait duForum des Pionniers un événement

à part dans l’industrie du Travel.Pendant trois jours, les Pionniersont pu échanger autour de la thé-matique «L’onde de choc des digi-tal natives dans le tourisme». Lorsde son introduction de la théma-tique, Marie Allantaz, Directrice del’ESCAET, a défini le cadre deséchanges à venir en cassant lesidées reçues sur les différentes gé-nérations: «Nous avons tendance à penserque les phénomènes remarqués neconcernent qu’une génération, ornous nous rendons compte quec’est un véritable phénomène desociété, une onde de choc tantdans notre vie professionnelle quepersonnelle».

Forum des Pionniers

le 15 juin 2016

“La Princesse desbaraques”, deMaria Bayard

Ne pasgommerle passé,«libérer lap e t i t eprincessedes ba-raques»,telle étaitl’ambitionde MariaB a y a r den écri-

vant ce récit autobiographiqueconsacré au temps qu’elle a vécudans le fameux bidonville desFrancs-Moisins, à Saint-Denis, oùelle est arrivée avec ses parents aumilieu des années 60. L’histoirecommence comme dans un albumde photos de famille, où l’on voit lapetite fille de 4 ans, dans son villagede Cerdeira, au nord-est du Portu-gal, trimballée entre ses marraines etses grand-mères, puisque sa mèretravaillait dans les champs et sonpère était déjà parti «a salto» pour laFrance.Puis, à 7 ans, on la voit arriver à Aus-terlitz, avec sa mère, avant de se di-riger vers les Francs-Moisins, «cemonde d’en bas, fait de planches etde tôles, plantées dans la boue». Lanarratrice a alors cette réflexion bienà propos: «Sans le vouloir, nos pa-rents ont fait en sorte que le petitpays abandonné devienne le payscoloré de nos rêves». Viennent leslongues «années de boue» au coursdesquelles, à travers des événe-ments tantôt émouvants, tantôt co-miques, ou dramatiques, noussuivons la petite fille depuis son en-trée à l’école, où elle deviendra la«petite princesse de sa classe»,jusqu’en 1972, avec la démolitiondu bidonville et l’espoir de connaîtrele «monde d’en haut»: la Cité detransit à Villemomble, le Collège, lescolonies de vacances, les lettresd’amour à JJ, etc. On apprécieraégalement dans ce livre le contextepolitique et social que l’auteure nemanque pas de rappeler: mai 68, laguerre coloniale, le 25 avril, le di-lemme du retour au pays natal, ouencore les conflits de génération.On regrettera que les 200 pages decet ouvrage nous soient livrées sansune organisation en chapitres, queles phrases et les mots cités en por-tugais contiennent un bon nombrede fautes d’orthographe, et la confu-sion «immigré / émigré». Car «LaPrincesse des baraques» (St. Ho-noré éditions, 2016) est simultané-ment une belle histoire individuelleet une riche contribution pour la mé-moire collective de l’immigration por-tugaise en France.

Um livro por semana

DominiqueStoenesco

Un livre par semaine

Page 15: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

Cultura

lusojornal.com

A Associação Cultural Portuguesa de Neuilly-sur-Seineesteve em festa

A Associação Cultural Portuguesa deNeuilly-sur-Seine esteve em festa nopassado sábado, dia 11 de junho.Reunindo sob a mesma bandeira acelebração do Dia de Portugal, o fimdo ano letivo e o 19º Concurso de Poe-sia Portuguesa, dedicado, este ano, aotema “A Paixão”, a Associação Cultu-ral Portuguesa abriu as portas da salade teatro da cidade de Neuilly a todosaqueles que quiseram associar-se aosfestejos e passar uns momentos bemagradáveis.Foi o caso do Maire de Neuilly, Jean-Christophe Fromantin, da Coordena-dora-Geral do Ensino de Portuguêsem França, Adelaide Cristóvão, daConselheira municipal Françoise Des-cheemaeker, uma “habituée” egrande apreciadora da Comunidade

portuguesa daquela cidade e, em par-ticular, de todas as maniferstações daACPN, e de tantas outras pessoas.Antes das declamações dos poemaspelos participantes no 19º Concursode Poesia Portuguesa, houve anima-ção musical e merece destaque aatuação de Hélder e Dylan, à concer-tina, com interpretação magistral demúsicas tradicionais portuguesas.Muitos dos presentes não resistiram esubiram ao palco para dar o seu pezi-nho de dança. E que bem que dança-ram!...Houve, depois, animações por partedos alunos, com particular destaquepara uma representação teatral, reve-lando os equívocos que podem surgirda pronúncia menos correta das lín-guas francesa e portuguesa, e as van-tagens que podem advir do estudo dalíngua portuguesa, sem menosprezar,

naturalmente, as outras prestações.Para terminar, foram distribuídos pré-mios aos vencedores do Concurso dePoesia e aos melhores alunos.

Os premiados do concurso de poesiaforam: 1º grupo: Lídia Lopes, MiguelGama e Sarah Lopes; 2º grupo: DianaCanedo, Ricardo Pereira e Licínia dos

Santos; 3º grupo: Olga Diegues, Pie-dade Soares LY e Carlos Monteiro.Os alunos premiados foram: Do 6ºano: Laetitia Fernandes Leite, LídiaLopes e Júlia Marc; do 7º ano: HugoCanedo, Andreia do Nascimento eSarah Sousa Soares; do 8º ano: Davidda Silva Noronha, Sandra do Nasci-mento e Romain Parreira Gonçalves;do 9º ano: Karine Fernandes, LicíniaFerreira dos Santos e Ricardo dosAnjos Pereira; do 10º ano: AndreiaSerrão, Diana Canedo e Fabrice Lobo;do 11º ano: Cláudia Francisco, Cláu-dia Antono Duarte e Véronique Griloda Conceição; do Bac 2015: CerenelaAlves Ribeiro, Carla Filipe e Frédéricda Costa.A festa terminou com um beberete,com a devida moderação, onde todospuderam conviver em boa harmonia ealegria.

Entrega de prémios do Concurso de Poesia Portuguesa

Por Carlos Monteiro

Jovens portugueses na Cinemateca francesaDezasseis jovens portugueses, entre os8 e os 18 anos, apresentaram na salaHenri Langlois da Cinemateca Fran-cesa, nos dias 8, 9 e 10 de junho, osfilmes-ensaio que resultaram do traba-lho de iniciação ao cinema em que par-ticiparam este ano.Em representação de todos os que par-ticiparam no programa pedagógico “Ci-nema, cem anos de juventude”, emescolas de Lisboa, Moita e Serpa, estesjovens partilharam com centenas deoutros participantes de várias regiões de

França, Espanha, Itália, Bélgica, ReinoUnido, Alemanha, Bulgária, Lituânia,Finlândia, Brasil, México e Repúblicade Cuba, a sua experiência e processode trabalho na realização dos seus fil-mes e assistiram à projeção e apresen-tação dos filmes dos outros partici-pantes neste programa.Os cineastas e professores que orienta-ram este dispositivo ao longo do anotambém estiveram presentes e partici-param no balanço anual deste pro-grama pedagógico e na preparação do

próximo ano letivo.Mais de duas mil crianças e adolescen-tes dos países envolvidos neste dispo-sitivo, realizaram pequenos filmes apartir das mesmas regras do jogo sobrea questão de cinema do ano em curso:o clima e a meteorologia no cinema.São cerca de 40 filmes coletivos, entreos mais de cem filmes-ensaio realiza-dos no âmbito deste projeto, que foramvistos ao longo de três dias na Cinema-teca Francesa.Este dispositivo pedagógico, que tem

vindo a ser desenvolvido em Portugalpela mão da Associação Cultural Os Fi-lhos de Lumière desde 2006, é reali-zado em parceria com a CinematecaFrancesa (coordenadora do programageral), com a Cinemateca Portuguesa eintegra “O Mundo à Nossa Volta” como apoio do Programa Partis da Funda-ção Calouste Gulbenkian, das CâmarasMunicipais de Serpa, Lisboa e Moita,do ICA, dos Ministérios da Cultura e daEducação de França, e ainda do Insti-tuto Camões e Embaixada de Portugal

em França, das escolas e diversas enti-dades locais que participam no apoioás viagens dos participantes a Paris.“Passeio no Campo”, filme-ensaio do3ºB da Escola EB1 do Vale da Amo-reira foi apresentado no dia 8 dejunho; “A Gota de Água” do Clube deCinema de Serpa (Escola Secundáriade Serpa e Escola Abade Correia daSerra), passou no dia 9, e “AmareloPreto Preto” do Clube da Cinema daEscola Secundária Camões foi apre-sentado no dia 10 de junho.

Projeto “O mundo à nossa volta”

L’ADEPBA a écrit à la Ministre de l'Education nationaleNajat Vallaud-BelkacemChristophe Gonzalez, Président del’Association pour le Développementdes Études Portugaises, Brésiliennes,d’Afrique et d’Asie lusophones(ADEPBA) vient d’écrire une lettre àla Ministre de l’Education nationale,de l’Enseignement Supérieur et de laRecherche, Najat Vallaud-Belkacem,que nous transcrivons dans son inté-gralité:

«Madame la Ministre,L’ADEPBA souhaite attirer votre at-tention sur les conséquences néfastesde la circulaire du 20 octobre 2015qui nous semble de nature à porterun préjudice certain à l’enseignementdu Portugais en France.On remarque en effet que cette cir-culaire fait une très large priorité àl’enseignement de l’allemand, citésept fois, alors qu’il n’est question duportugais qu’une seule fois.En outre, lorsqu’il est question de dé-velopper un enseignement de LV1 oude LV2, le portugais n’est pas men-tionné. Ceci ne peut signifier qu’unechose pour les autorités académiqueschargées d’appliquer cette circulaire:l’enseignement du portugais n’estplus soutenu.

Les conséquences les plus néfastesde cette circulaire concernent l’ensei-gnement de l’option LV3. En effet,vous recommandez explicitementl’enseignement de l’arabe (10.446élèves), du chinois (33.455 élèves) etdu russe (12.264 élèves). Ici encore,il n’est pas question du portugais quiest pourtant étudié par 16.221 élèves(22% d’entre eux suivent l’optionLV3).Ces trois langues sont désignées prio-ritairement comme devant être pro-posées à l’enseignement en LV3: ceciest tout à fait préjudiciable au portu-gais dont la LV3 représente près duquart des effectifs. On sait en effetque le nombre d’options de LV3 pro-posées dans un lycée ne peut êtreque limité. Ne pas indiquer le portu-gais dans cette liste condamne cetteoption à n’être pas enseignée.Les motifs de cette priorité faite auchinois, au russe et à l’arabe ne sontpas explicites et donc difficilementcompréhensibles. En effet, ceslangues n’ont guère de difficultés àintéresser les élèves: ceux qui étu-dient le chinois sont deux fois plusnombreux que ceux qui étudient leportugais; le russe ne semble guère

en déshérence avec un nombred’élèves conséquent (12.264) parmilesquels 4.189 sont en sections lin-guistiques (SI et SE), une option quine concerne que 1.553 élèves enportugais. Pour l’arabe, cette prioritéparaît en effet justifiée, compte tenude ses effectifs peu importants et dupotentiel d’élèves intéressés.Nous souhaiterions comprendre pourquelles raisons, du point de vue devotre Ministère il n’est pas nécessairede développer l’enseignement du por-tugais en LV3.Le message délivré par cette circu-laire aux autorités académiques estextrêmement clair: il convient de neplus développer l’enseignement duportugais afin de faire une place àd’autres langues qui se trouvent surle même créneau: l’arabe et le russeexplicitement désignés. Le chinoisétant par ailleurs très présent en LV2,l’avenir de cette langue est assuré,sans qu’il soit besoin de «faire unsort» au portugais.Contrairement à toutes les intentionsmanifestées à l’occasion des rencon-tres internationales auprès de nospartenaires étrangers portugais et bré-siliens, et des accords de coopération

éducative signés en 2006 avec cesdeux pays, le Ministère français del’éducation nationale enterre le por-tugais LV3 qui est pourtant suivi parune majorité d’élèves n’ayant aucuneascendance lusophone, élèves débu-tants francophones. Cette suppres-sion nous paraît en outre êtrecontraire à l’intérêt de système édu-catif, ainsi qu’à l’avenir professionnelde nos élèves dans les pays luso-phones où les entreprises françaisessont très présentes (Portugal, Brésil,Angola, Mozambique pour ne citerque ceux-là) l’influence de la Francedans les grands pays lusophones (leportugais est la cinquième langueparlée dans le monde).Ajoutons encore que l’option portu-gais LV3 est celle qui, choisie en en-seignement d’exploration en classede seconde, permet ensuite à tous lesélèves de lycée d’en poursuivrel’étude en option complémentaire fa-cultative, ce qui ouvre leur intérêtpour des poursuites d’études en BTS,voire à l’université. L’option LV3 estune porte d’entrée importante dansles études lusophones pour les jeunesnon lusophones.En revanche, nous approuvons la pos-

sibilité ouverte aux élèves ayant suivil’apprentissage du portugais en ensei-gnement de langue et de cultured’origine (ELCO) d’en poursuivrel’étude en sixième bilangue dès lorsqu’ils pourront attester le niveau A1à la fin de la scolarité élémentaire.Cette possibilité donnera des pers-pectives salutaires aux élèves issus dupremier degré (ELCO ou ELVE) et dé-sireux de poursuivre l’étude du portu-gais au collège.Cependant, pour une mesure favora-ble à l’enseignement du portugaisdans le premier degré, qui se trouveêtre majoritairement fréquenté pardes élèves «d’origine portugaise»,nous ne pouvons accepter sans pro-tester la suppression du soutien àl’enseignement du portugais au lycée,car ce sera la conséquence inélucta-ble de votre politique concernant lesLV3. Le risque existe alors que le por-tugais se trouve réduit à l’état d’une«langue communautaire», un statutque vous avez vivement condamné, àjuste titre, à propos de l’arabe.Dans l’attente d’une réparation decette injustice, veuillez recevoir, Ma-dame la Ministre, l’expression denotre considération respectueuse».

15le 15 juin 2016

Page 16: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

16 Cultura

lusojornal.com

emsíntese

Misses RepúblicaPortuguesa paraapoiar acção solidária

A Associação Minhotos de Clichy or-ganizou no passado 9 de junho umjantar de cariz solidário, no Palácio,em Ivry-sur-Seine (94). O eventocontou com duas convidadas es-peciais: Miss República Portu-guesa de 2014, Zita Oliveira, e a de2015, Rafaela Pardete, ali presen-tes para a promoção do próximoconsurso.Vários empresários e membros daassociação reuniram-se para parti-cipar nesta ação caritativa. Com 20mesas e cerca de 200 pessoas,Miguel Pires, Presidente da asso-ciação, espera poder reverter cercade 3.000 euros à associação dos‘Não videntes do distrito de Braga’.Conhecido pela sua generosidadee querer sempre ajudar os maiscarenciados, Miguel Pires explicouao LusoJornal no dia seguinte quefoi o Presidente da associação por-tuguesa que lhe veio pedir ajuda.“Foi noutro evento de solidarie-dade que conheci esta associaçãocuja sede é na Póvoa do Lanhosoe que conta com mais de 800 de-ficientes visuais. Achei importantedar-lhes uma pequena ajuda masainda não contabilizámos todas asdespesas”.Servido pela empresa PrimLandque também deu o seu contributopara esta ação solidária, “os pre-sentes deliciaram-se com o baca-lhau no forno, medalhão de vitela,queijos e sobremesas”.Quanto à responsável do concursoMiss República Portugal emFrança, Lídia Sales declarou ter sidouma “boa ideia associar as Missvencedoras a este evento”. “No âm-bito das comemorações do 10 deJunho, elas vieram a França parauma ação de charme e juntou-se oútil ao agradável”.As próximas eleições do concursoterão lugar no dia 26 de novembro nasala Vasco da Gama, em Valenton.Zita Oliveira e Rafaela Pardete tam-bém aproveitaram a vinda a Parispara anunciar as próximas candida-tas ao título, na discoteca Lua Vista,no sábado à noite e na festa daRádio Alfa no domingo passado.

LJ / Mário Cantarinha

Por Clara Teixeira

“A última carta” de Sandra Helena já saiu

O primeiro título do próximo álbum deSandra Helena, “A última carta” jáestá à venda desde início do mês dejunho, e o vídeo clip já está disponívelna internet. Um título romântico noqual a artista se exprime em português.Gravado num estúdio parisiense, San-dra Helena colaborou com o talentodos autores-compositores brasileiros:Junior Gallinari e Odair Zonta.Sandra Helena já é bem conhecida daComunidade portuguesa em França,mas estes últimos anos fez uma pausapara se dedicar à família. Contudo re-conhece que quando fez a primeiraparte de Luís Filipe Reis no Olympia,em janeiro passado, ficou com sauda-des do palco. “Foi uma boa experiên-cia para mim regressar ao palco,sobretudo numa sala tão prestigiosa. Obichinho pela música voltou e estou

neste momento a preparar a saída domeu próximo álbum”. Porém a artistaestá consiente que a melhor promoçãodos artistas atualmente é a saída deum single, um após o outro, “e não

propriamente de editar um álbum logode uma vez”.Um dos projetos já em preparação “éum futuro espetáculo com algunstemas inéditos, faço isto por prazer

mas procuro propor algo com quali-dade”, adianta.Também o seu manager, Denis dosSantos tem-se empenhado no desen-volver da sua carreira artística. “Mesmose esta não é a altura propícia para estetipo de temas, achámos que tudo es-tava a correr da melhor maneira, entãodecidimos avançar”, explicou ao Luso-Jornal.Sandra Helena tem uma relação fortecom Portugal que se nota nas suasmúsicas. Originária de Alcanedas,sempre viveu em Paris. Muito cedo oseu amor pela música e pelas suas raí-zes manifestaram-se e integrou umconjunto de baile “Irmãos dos Santos”com o qual percorreu vários países eteve muito sucesso com vários títulos,como por exemplo “Olhos de gato”,“Não há como o homem português”,ou ainda “Made in Portugal”. “A úl-tima carta” promete já ser um sucesso.

Primeiro título do próximo álbum da artista

Por Clara Teixeira

ILCP de Lyon apoia associação solidária

Na sexta feira dia 3 de junho, a asso-ciação Partenaires, a empresa “UnAmour de Café” e o Instituto de Lín-gua e Cultura Portuguesa (ILCP) orga-nizaram um serão musical, tambémcom demonstrações de danças brasi-leiras da escola de José da Silva, as-sociação “Baila comigo” e decapoeira com o contra-mestre Boy eos seus alunos da associação “OxaláBrasil”. Philipe Pastour levou o nume-roso público presente, num grandepasseio musical através do Brasil edas suas musicalidades. O cenáriodeste serão decorreu no Salon Citoyencedido pela Mairie do oitavo barro deLyon.A finalidade deste evento foi de anga-riar fundos para a finalização de umprojeto de escola em Myanmar (ex-Bi-rmânia) pela associação Partenaires.“Nós financiamos este projeto queestá em fase final, mas necessitamosainda de uma soma importante paraque as obras se terminem e que ascrianças possam integrar a sua escolaque terá então condições dignasdesse nome. Além disso, temos tam-

bém já em construção tanques de re-serva para água potável que podem tercapacidades para uma duração deconsumo de três a seis meses. Estaregião sofre muito da seca e por vezessó chove três dias no ano” explicaChristian Raymond, Presidente funda-dor da associação Partenaires.“Dentro dos nossos projetos que já se

concretizaram na Ásia, na América doSul e na África, privilegiamos sempreo facto de trabalharmos em parceriacom as autoridades locais e empre-sas, e também os voluntários que for-mamos para que as nossas ações seperenizem” explicou o Presidente.“Também é sempre com voluntáriose com os donativos de particulares e

de empresas que os nossos projetos,após a sua apresentação e avaliação,são viabilizados com as estruturas hu-manitárias e governamentais. Temospoucos salariados e os nossos meiossão o mínimo possível para podermosinvestir o máximo dos valores dos do-nativos”.Atualmente a associação desenvolveintervenções no Equador e no Bagla-deche onde montou uma casa para ascrianças das ruas, onde acolhe cercade trezentos meninos de todas as ida-des. “A escolarização e a aprendiza-gem da vida como a higiène etambém uma profissão, são as nossasprioridades nesses países, mas sem-pre trabalhando com as autoridadeslocais e as empresas” concluiu para oLusoJornal Christian Raymond.Esta associação tem permanências econtatos em Lyon, em Paris e noutrascidades de França. Recebeu já váriosprémios, nomeadamente, por seisvezes, o prémio do “Forum nationalde l’humanitaire”.

Les artisans de l’humanitéwww.partenaires-associationn.orgInfos: 08.11.03.68.06

Por Jorge Campos

le 15 juin 2016

LusoJornal / Jorge Campos

Page 17: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

17

lusojornal.com

Cultura

??

emsíntese

Festiv’été Populaire, le samedi 25 juin

La Coordination des Collectivités Por-tugaises de France (CCPF) est unefédération nationale, avec plus de 30ans d’histoire, qui regroupe des asso-ciations portugaises et lusophones duterritoire français. Elle accorde unegrande importance à la diffusion de lalangue et de la culture portugaise surle territoire français.Cette année, la CCPF organise, enpartenariat avec d’autres associationsdont l’association Cap Magellan, ladeuxième édition de l’événementFestiv’été Populaire qui aura lieu lesamedi 25 juin, au stade Élisabeth,dans le 14ème arrondissement deParis, à partir de 14h00.Il s’agit d’une journée culturelle durantlaquelle les dirigeants associatifs etceux qui participeront fêteront et par-tageront les traditions populaires deLisboa à Paris. En effet, juin est unmois festif au Portugal, durant lequeldes fêtes populaires sont célébréesaux quatre coins du pays. Afin defaire découvrir et partager une partiede la culture portugaise avec les Pa-risiens ainsi qu’avec les lusodescen-dants, la CCPF s’est particulièrementinspirée de la Fête de «Santo Antó-nio» pour réaliser cet événement.«Cette journée sera accompagnéepar les éléments incontournables desfestivités portugaises, autrement dit,les sardines grillées, des animationsmusicales incluant un concours de‘Marchas Populares’ où différentesassociations se disputeront la pre-mière place avec pour armes leursdanses, leurs costumes et leurschants.«Nous sommes heureux de vous in-viter à partager avec nous cette jour-née si particulière à laquelle sejoindront à nous des officiels françaiset portugais bien comme la presseportugaise de France, mais aussi lapresse française» dit une note de laCCPF.

Infos: [email protected]

Dulce Rodriguesem Oloron SainteMarie

A escritora Dulce Rodrigues partici-pou no fim de semana passado noSalão do Livro de Oloron Sainte Marie,uma iniciativa da associação LivresSans Frontières que festeja este anoa sua 10ª edição. A autora portuguesaparticipou numa conferência-debatesobre o tema «Le Livre en Europe de-puis 10 ans» e deu uma mini-confe-rência - a meia-hora europeia - sobre«La littérature enfantine en France eten Europe».

A chuva estragou a 28ª Festa da Rádio Alfa

No domingo passado a Rádio Alfa fes-tejou mais uma edição dos Santos Po-pulares, na Base de Loisirs de Créteil,nos arredores de Paris. Como é cos-tume as cores portuguesas invadiramo recinto, e foram milhares de compa-triotas a juntarem-se para partilharmais um dia de convívio. Muitosmoram perto e muitos outros fazemcentenas de quilómetros para não per-der a oportunidade de passar um bommomento ouvindo um ou vários artis-tas preferidos.Com um elenco artístico bastante atra-tivo e que contou com a animação doapresentador da SIC, José Figueiras, opúblico deleitou-se com Miguel Ga-meiro & Pólo Norte; Viviane com Ma-falda Arnauth, Susana Felix e Luanda

Cozetti; Luís Filipe Reis, Nelson Frei-tas, Yuri da Cunha, La Harissa eJohnny.Mas apesar da chuva que perturbouum pouco o ambiente festivo, o mo-mento forte este ano foi sem dúvida,a visita do Presidente da RepúblicaPortuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa,e do Primeiro Ministro António Costa,sem esquecer a Presidente do Conse-lho Regional d’Ile de France, ValériePécresse que vieram ali almoçar e en-contrar a Comunidade portuguesa.Antes de subir ao palco Marcelo eCosta percorreram parte das barraqui-nhas de comes e bebes da festa,transformando-se assim num verda-deiro festival de beijinhos, selfies, afa-gos e afetos inesperados de MarceloRebelo de Sousa, esmagado entrepovo, seguranças, jornalistas e entida-

des oficiais. Foi no início da tarde queo Presidente da República discursouà chuva no palco e retomou a mensa-gem de elogio ao povo, afirmando“que o melhor que nós temos é opovo. Melhor do que os políticos, nãoé que os políticos também não sejambons”. Ao seu lado António Costa se-gurava num guarda chuva, e Marceloevocou então a “colaboração entre osdois poderes, e a solidariedade”, reve-lando plena sintonia entre os dois go-vernantes.Marcelo Rebelo de Sousa lembrou quea família também tinha emigrado.“Vou contar-vos uma coisa” dissequando se aproximou do limite dopalco, em língua portuguesa. “O meuavô emigrou, os meus tios emigraram,o meu pai emigrou, os meus irmãosemigraram, os meus filhos emigraram,

os meus netos nasceram fora de Por-tugal... é por isso que vos com-preendo”. Nessa altura o recinto daBase de Loisirs de Créteil estava bemcomposto e o público apludiu.“Esta festa é uma missão que nóstemos para com a Comunidade portu-guesa de França” disse ao LusoJornalo Comendador Armando Lopes, Presi-dente da Rádio Alfa. “Enquanto eupuder, vamos fazer esta festa equando eu não puder, tenho a certezaque a juventude vai continuar comeste evento”.Este ano mais do que nunca, a im-prensa portuguesa marcou presença.Todos os canais de televisão de Por-tugal responderam presente ao con-vite da Rádio Alfa e sobretudoacompanharam a deslocação dosdois governantes.

Presidente da República e Primeiro Ministro vieram à festa

Por Clara Teixeira

“Portugais de France” dois documentários de Patrick Séraudie sobre a imigraçãoportuguesa em França

Acaba de ser editado pela “Les Filmsdu Paradoxe”, um DVD intitulado“Portugais de France” com dois filmesdo realizador francês Patrick Séraudie.“Lissac” data de 1998 e tem 57 mi-nutos, foi coproduzido com a TV10Angers e com a France 3 Limousin-Poitou-Charentes. “Le choix impossi-ble” é bem mais recente, data de2016 e tem 52 minutos. Foi coprodu-zido com a France Télévisions e RedDesert, desta feita com a participaçãotambém da RTP2.Os dois filmes documentários foramrealizados em francês, legendados emportuguês.Durante cerca de 20 anos, Patrick Sé-raudie filmou a Comunidade portu-guesa da região de Brive. Falou comos primeiros Portugueses que chega-ram à região, falou da sua integraçãoe das condições de vida naquela al-tura. “Estes trabalhadores voluntaris-tas deram uma imagem de umaComunidade sem problemas, perfei-tamente integrada na nossa socie-dade” diz o realizador. “No entanto, seolharmos de perto os percursos indivi-duais, as histórias no singular, per-cebe-se que o forte desenraizamentodeixa marcas, por vezes feridas pro-

fundas, mas também nota-se quedesta dupla cultura resulta uma ri-queza infinita”.Patrick Séraudie seguiu algumas des-tas famílias. Daquelas que chegarama Lissac nos anos 60. Mostraram-lheonde viviam, como viviam e como serelacionavam entre elas e com a socie-dade francesa. Dois testemunhos deduas mulheres francesas nos anos 60transpõem-nos para a atualidade. Elasconsideram que os Portugueses sãoporcos, que não têm educação e que

devem regressar a Portugal.Mas todos os entrevistados conside-ram que foram discursos raros. Ouentão preferiram não os ouvir!O realizador encontrou as mesmas fa-mílias alguns anos mais tarde, acom-panhou-os a Portugal (no segundofilme) quando um grupo coral foi can-tar a Guimarães, refletiu com uma dassenhoras sobre o seu pedido de nacio-nalidade francesa. “De uma certaforma, sinto que ao pedir a nacionali-dade francesa, estou a perder um

pouco da minha nacionalidade portu-guesa” confessa.Em “Le choix impossible”, Patrick Sé-raudie descodifica a complexidade doato de emigrar e do estatuto de emi-grante. Falou com uma família quechegou a França há pouco tempo ecom outra que decidiu partir definiti-vamente para Portugal. Um casal dejovens da segunda geração, que nas-ceram e viveram em França e que de-pois, foram para os arredores deLisboa, deixando os pais em França.Os dois filmes estão pois diretamenterelacionados, podem ser vistos na se-quência ou em momentos diferentes.Numa altura em que o debate sobreidentidade, dupla cultura e bi-nacio-nalidade volta a ser tema de atuali-dade, este filme traz-nos uma reflexãointeressante sobre a noção de “per-tença a um território”, a um espaço, auma cultura.“Portugais de France” tem tambémum Bónus de 10 minutos intitulado“Musée de l’Emigration de Fafe”.Trata-se da visita de uma das persona-gens do filme ao Museu da emigração,em Fafe. Uma visita guiada pela ex-Diretora daquela instituição.Um disco para ver várias vezes, oraemotivo, ora engraçado, mas sobre-tudo profundo.

Acaba de sair em DVD

Por Carlos Pereira

le 15 juin 2016

Esta foto vai ficar na história da festaLusa / Paulo Novais

Fernando Lopes e José FigueirasLusoJornal / Mário Cantarinha

Page 18: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

18 Associações

lusojornal.com

Sétimo bairro de Lyon apoia a Seleção portuguesa

Na quarta-feira da semana passada,dia 7 de junho, a Mairie do 7° bairrode Lyon organizou uma tarde defesta no Espace Blandan onde a cul-tura de rua, musical e gastronómicatambém tiveram como tema Portu-gal, no quadro do apoio à Seleção defutebol que participa no Euro 2016.“O Serviço dos desportos da Mairiede Lyon pediu aos bairros desta ci-dade, que escolhessem um país queparticipasse no Euro16, para oapoiarem durante as competições. Ea nossa escolha, muito natural-mente, decidida numa reunião daMairie, foi para Portugal, pois a Co-munidade portuguesa no nossobairro participa muito na vida econó-mica, por serem comerciantes, etambém existe uma forte populaçãoportuguesa no nosso bairro, sendo aprimeira Comunidade estrangeira,participa ativamente na vida dobairro”, explicou a Maire Myriam

Picot. “Então dentro do quadro destaanimação, que foi também a nossafesta de verão, foi proposto ao pú-blico que por aqui passou, váriasanimações e restauração, onde oFado com grupo ‘Um Tangido Mais’

esteve em palco, e também múlti-plas especialidades portuguesas emrestauração”.“Portugal representa um muito sérioconcorrente para a Equipa de França,e também apreciamos muito Cristiano

Ronaldo, estamos pois muito conten-tes de organizarmos e darmos o nossoapoio à equipa de Portugal” concluiupara o LusoJornal a Maire MyriamPicot.Neste evento esteve também pre-

sente a Cônsul geral de Portugal emLyon, Maria de Fátima Mendes, queagradeceu a Myriam Picot e a toda asua equipa municipal, esta iniciativaem favor de Portugal.Durante este mês de competições doEuro’16, outras manifestações como tema Portugal, terão lugar nestebairro sob a organização do MaireAdjoint para a cultura e eventos, Ro-main Blachier. Paulo da Costa, sextoMaire Adjoint, responsável pelo en-sino, de origens em Angola e na Ilhada Reunião, mas apaixonado pelacultura portuguesa. Num portuguêsperfeito, declarou não perder a oca-sião para se exprimir em português,estar em contacto com a Comuni-dade, e visitar a família que tem emPortugal, na região de Espinho.Um artista de artes de ruas criou ummural onde um touro faz referênciaà nossa cultura portuguesa tauromá-tica. Este dia de Festa do Verão con-cluiu-se com um concerto de regaeepelo grupo Broussaie.

Uma iniciativa da Mairie de Lyon

Por Jorge Campos

Festa de Camões em HericourtDecorreu no passado dia 12 de junho,a Festa de Camões da Associação Por-tuguesa de Hericourt (70). Estiverampresentes neste evento cerca de 300pessoas.Esta coletividade organiza por normaduas grandes festas no ano. A ementado dia foi frango assado, sardinha as-sada, entre outros grelhados “típicos”portugueses. Não podia faltar a mú-sica tradicional portuguesa, e nestatarde para animar a Comunidade local,esteve presente o grupo Raízes Lusi-tanas, com 10 elementos em palco.A Associação Portuguesa de Hericourtfoi fundada a 3 abril de 1982, e contacom 270 sócios. Atualmente o Presi-dente da coletividade é Vital Pereira,natural da Mealhada. A sala da asso-ciação, está aberta à sexta-feira aofim da tarde, ao sábado e ao do-mingo. O espaço tem disponíveis ma-traquilhos, bilhar e serviço de bar.

Esta associação conta também comum rancho folclórico e anima um pro-

grama numa rádio local.Em relação ao rancho “Os Ibéricos de

Hericourt” que já soma 30 anos deexistência, é composto por 52 ele-

mentos. Mais de metade são jovens jánascidos em França. A atual ensaia-dora é Maria Lúcia Simões, natural deAmarante. Ao contrário da maioria dosranchos, as danças que este divulga eensaia, abrangem todas as zonas dopaís. Os elementos são fundamental-mente das zonas da Mealhada, Ama-rante, Marco de Canaveses, Covilhã eFundão.No que se refere ao programa de radio- “Tempo para tudo” - é difundidotodas as terças-feiras, das 19h00 às21h00, com fado, folclore e discos pe-didos pelos próprios ouvintes, e ao do-mingo, das 10h00 às 13h00, commúsica tradicional e informações cul-turais e associativas.Há 26 anos que existem estes progra-mas na frequência 99,20 FM, anima-dos por Vital Pereira e Tó Simões. Sãomais de duas décadas a unir e a divul-gar a nossa cultura e tradição paratoda a Comunidade portuguesa no de-partamento 70.

Por Miguel Santos

Benfica venceu o Torneio U11 da AC AjaccioA equipa do Benfica U11 venceu asegunda edição do Torneio internatio-nal do AC Ajaccio, na Córsega, quedecorreu no fim de semana passado,dias 11 e 12 de junho, e bateu o Bar-celona na final por 3-1. O Barça ficouno segundo lugar, seguindo-se o EAGuingamp e a AC Ajaccio. De realçaro facto que o Barcelona foi o vence-dor da primeira edição deste Torneio.O Benfica começou por empatar coma Juventus (0-0), mas passar nos pé-naltis por 3-2. Depois venceu o EAGuingamp (4-0) e finalmente, depoisde um novo empate contra o Barce-lona (0-0) teve também de ir a gran-des penalidades, tendo vencido por(3-1).Quando terminou a final, não apenasos jogadores e o staff soltaram gritosde contentamente, mas também osmuitos apoiantes que estavam a vero jogo no estádio François-Coty. A

Casa Portuguesa de Ajaccio, em Mez-zavia, fez passar a mensagem juntodos seus membros e equipa de diri-

gentes, tendo levado um forte apoioportuguês ao estádio.Os organizadores do torneio desta-

cam sobretudo o prodígio dos joga-dores portugueses para transforma-ram os lances de bola parada. O

pontapé de saída do jogo da final doTorneio foi dado por Kevin Roustand,um jovem apoiante da equipa prin-cipal da AC Ajaccio.Léon Luciani, o Presidente do clubeorganizador (ACA) entregou o Troféuà equipa vencedora. Nicolas Bonnal,antigo jogador profissional da ACA eda ASM, que jogou na Champion’sLeague, agora ao serviço do desportona Mairie de Ajaccio e verdadeiroimpulcionador deste Torneio, disseque “o nível das equipas deste anofoi muito maior do que no ano pas-sado” e felicitou o Benfica porquedisse que “mereceu ganhar a com-petição”.Dilan e Ivan Mela, jogadores do Ben-fica, ganharam também os Troféus demelhor Guarda-redes.O Torneio está a tornar-se uma refe-rência, tendo acolhido 32 equipas detoda a Europa e também da Córsega.

LusoJornal / Jorge Campos

le 15 juin 2016

Page 19: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

19Desporto

Anthony Lopes: “Nasci em França mas o meu país foi sempre Portugal”

O guarda-redes lusodescendente Ant-hony Lopes foi o primeiro jogador afalar à imprensa quando a Seleçãoportuguesa chegou a França naquinta-feira 9 de junho. O LusoJornalesteve presente para falar com oguarda-redes de 25 anos que repre-senta o Lyon no Campeonato francês.

É um sentimento especial jogar umEuropeu aqui em França, no paísonde nasceu?Claro que é um sentimento muito es-pecial para mim, porque eu nasci emFrança e estou a jogar com a camisolade Portugal. Para mim estar aqui temum sabor muito especial porque estouquase em casa, mas estou aqui paradefender a Seleção de Portugal.

Como foi vista a receção da Seleçãoportuguesa pelos emigrantes?Aqui há muitos emigrantes portugue-ses, claro que o apoio vai ser muito es-pecial, muito importante. Eu pensoque vamos ser a segunda nação commais adeptos nos estádios e acho quepara nós é uma vantagem. Temos queaproveitar essa vantagem.

Sentem alguma pressão de ter de re-presentar todos os Portugueses? Aliás

o lema da Seleção é «Não somos 11,Somos 11 milhões»…Vamos tentar fazer o nosso melhorpossível para tentar ganhar o Europeu.Claro que sabemos que há muitosPortugueses que nos vão apoiar.Vamos jogar para um país, para umagrande nação. Espero que vai corrertudo bem.

Quais são as suas ligações com Por-tugal?Comecei a jogar por Portugal a partirdas Seleções de Sub-17. Para mimfoi uma decisão fácil porque queriajogar pelo meu país. Nasci em França,mas o meu país foi sempre Portugal.Foi uma decisão que tomei sozinho efoi uma decisão ditada pelo coração.Estou feliz por estar aqui em Françapara disputar o Europeu.

Muitos adeptos acreditam que podemvencer o Europeu…Acreditamos em nós. Precisamosapenas é de estar bem preparadospara cada jogo. Temos a possibili-dade de ganhar o Europeu mas noentanto temos primeiro de passar afase de grupos que não vai ser fácil.Há muita gente que pensa que Por-tugal vai passar facilmente a fase degrupos mas a realidade é que ogrupo é complicado. Quando passar-

mos a fase de grupos, vamos ver oque podemos fazer.

Vai ter de esperar alguns anos para sertitular na Seleção Portuguesa…Ficar atrás do Rui Patrício não éum problema. É a decisão do Sele-cionador. Eu vou continuar a ajudara equipa nos treinos e ajudar o Ruidurante o aquecimento antes dosjogos.

Como está a viver o grupo?O grupo está a viver muito bem. Os23 jogadores são todos fantásticos eestamos a treinar muito bem. Émais fácil jogar bem quando o grupoestá unido.

Como se sentem em Marcoussis?O centro de estágio é espetacular, dápara trabalhar com excelentes condi-ções. Há excelentes instalações.

Qual é a opinião dos jogadores doLyon sobre a Seleção portuguesa?Eles dizem que a Seleção Nacionalé muito forte. Temos o melhor jo-gador do mundo e claro eles falammuito do Cristiano Ronaldo.

No Lyon é titular, na Seleção é su-plente, como vive esta situação?Jogar num clube e jogar numa Se-leção são coisas totalmente dife-rentes. Por enquanto estou atrás do RuiPatrício, aceito a situação e aceitoa decisão do Selecionador. Voucontinuar a trabalhar da Seleção edo meu clube para progredir e umdia poder ser titular. Por enquantonão há nenhum problema quanto aessa situação.

Se Portugal não vencer o Europeue a França conquistar o título, vaificar chateado?Não vou ficar chateado mas vouficar triste se Portugal não vencero Europeu. Vamos tentar tudo paravencer a prova.

Anthony Lopes nasceu em Givorsperto de Lyon, onde vai decorrer oúltimo jogo de Portugal na primeirafase da prova, no dia 22 de junho,frente à Hungria.

Futebol

Por Marco Martins

PUB

Guarda-redes lusodescendente Anthony LopesLusa / Miguel A. Lopes

le 15 juin 2016

Page 20: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

20 Desporto

emsíntese

Presidente da República e Primeiro Ministrovisitaram a Seleção

O Presidente da República e o Pri-meiro Ministro visitaram a Seleção na-cional de futebol e Marcelo Rebelo deSousa diz que está a fazer “vibrar ocoração de todos” os Portugueses e‘brincou’ com o “otimismo” de Antó-nio Costa e a “preocupação” de Fer-nando Santos. “Se eu pudesse hojedefinir o país, num extremo está o se-nhor Primeiro Ministro com otimismo,híper-otimismo, do outro está Fer-nando Santos, que mesmo a ganhar20-0 fica preocupado e acha quepodia ser 22-0. No meio estou eu atentar equilibrar emocionalmente opaís”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.“Estamos todos em sintonia com aSeleção durante estes longos dias atéà final. Na nossa Seleção, estão osmelhores de todos nós”, acrescentou.António Costa afirmou que “não épreciso ser hiperotimista” para terconfiança na campanha que a Sele-ção portuguesa de futebol vai realizarno Euro2016 e considerou que o paístem “bons motivos” para estar entu-siasmado.

Ciclismo:Portugueses estiveram noDauphiné

O britânico Chris Froome (Sky) ven-ceu pela terceira vez a prova do Daup-hiné. Um bom presságio uma vez queapós os seus dois anteriores triunfosnesta prova acabou por conquistarigualmente a Volta a França.Na classificação geral, Chris Froometerminou o Dauphiné com 12 segun-dos de avanço sobre o francês Ro-main Bardet (AG2R) e com 19segundos sobre o irlandês DanielMartin (Etixx-QuickStep).De referir ainda que dois ciclistas por-tugueses terminaram a prova, AndréCardoso (Cannondale) terminou acorrida na 27ª posição, a 19 minutose 27 segundos de Chris Froome, en-quanto Nelson Oliveira (Movistar) foi41º, a 37 minutos e 05 segundos.Quanto ao terceiro português, SérgioPaulinho (Tinkoff) não terminou aprova.

Lusa / Miguel A. Lopes

Por Marco Martins

lusojornal.com

Portugal acredita num vitória no Europeu

A Seleção portuguesa chegou na pas-sada quinta-feira a Paris num am-biente de festa no Aeroporto de Orly.Os adeptos portugueses apresenta-ram-se na chegada da Seleção aoaeroporto mas igualmente à chegadaao quartel general da equipa no Cen-tro Nacional de Râguebi de Marcous-sis.Aliás no dia da chegada decorreu umtreino aberto ao público que contoucom centenas de adeptos. O apoio foitotal durante todo o treino que durousensivelmente uma hora. De notarque o atleta com mais popularidadefoi Cristiano Ronaldo, a estrela da Se-leção das Quinas, mas notou-se tam-bém uma certa simpatia pelos doisjogadores lusodescendentes, AnthonyLopes e Raphaël Guerreiro, queatuam no Campeonato francês.Todos os dias decorrem conferênciasde imprensa onde os jogadores nuncaesqueciam de dar uma palavra deagradecimento ao público pelo apoiodemonstrado. Portugal tem vindo aconfirmar que é a segunda Seleçãomais apoiada no Campeonato da Eu-ropa de futebol que decorre emFrança até dia 10 de julho.De notar ainda que tanto o Seleciona-dor nacional, Fernando Santos, comoos jogadores, passam a mesma men-sagem: o objetivo de Portugal é vencereste Europeu.O LusoJornal esteve presente em Mar-coussis para recolher as declaraçõesdos jogadores que estiveram em con-ferência de imprensa.Cédric Soares, lateral-direito que atuano Southampton da Inglaterra, afir-mou ser uma motivação extra o apoiodos emigrantes e admitiu que o espí-rito de grupo pode levar Portugal àconquista do título. “Toda a Seleçãoestá muito feliz por este apoio de tan-tos emigrantes portugueses. É defacto fantástico virmos a França e pa-recer que estamos em Portugal. Achoque isso vai ser importante ao longo

de todo o Europeu, aquela motivaçãoextra”, reconheceu o lateral portu-guês.“Penso que, como o Selecionadortambém ao longo destes tempos temvindo a dizer, temos que acreditar.Temos que acreditar para podermosatingir esse sonho, esse objetivo, queé estar na final e ganhar este Euro2016, sabendo que é muito difícil, éuma tarefa muito difícil e para issotemos de estar completamente foca-dos e com todas as nossas forças fo-cadas nisso mesmo”, afirmou ojogador de 24 anos.“Estou muito feliz por estar aqui, per-tencer a este lote tão especial dos 23.Acho que todos os jogadores vão serimportantes. É uma prova muito com-petitiva em que o mais importante éestarmos todos focados e virados parao mesmo lado e para o mesmo obje-tivo. Acho que fiz uma época positivae estou completamente motivado, éum orgulho, para mim, pertencer aeste lote tão especial e o espírito degrupo tem sido fantástico e acho queisso vai ser a chave”, afirmou Cédric

Soares.Éder, avançado de 28 anos que atuano Lille, em França, respondeu às crí-ticas que lhe foram feitas pela im-prensa e também pelos adeptos quejá o assobiaram, e lembrou que não éfácil ser ponta-de-lança. “Trabalho damelhor forma para ultrapassar essasadversidades. Desde criança que ul-trapasso algumas adversidades e issotem sido muito importante, para mim,ultrapassar essas adversidades e con-tinuar a trabalhar da melhor formapara poder ajudar a Seleção. Claroque não é fácil, mas tenho trabalhadoda melhor forma com o apoio dosmeus colegas. Estive totalmente con-centrado na Seleção e em tudo o quepodia fazer, procurando soluções. Temsido uma experiência muito grande,para mim, evoluir com essas ques-tões. Neste momento sinto-me muitoconfiante e com vontade de ajudarPortugal a atingir os seus objetivos”,declarou o avançado luso.“É sempre difícil ser ponta-de-lançaporque é uma posição que exigemuito e temos de estar bem em todos

os aspetos tanto mentalmente comofisicamente ou tecnicamente parapoder marcar muitos golos. É dessaforma que tenho trabalhado, muitomais até nos últimos tempos, e achoque isso tem-se evidenciado tanto noLille e agora dando continuidade naSeleção”, concluiu Éder.Vieirinha, lateral-direito de 30 anosque atua no Wolfsburgo, na Alema-nha, elogiou o Selecionador FernandoSantos e afirmou que Portugal temqualidade para ir longe na prova. “Éuma excelente pessoa. Ajuda os joga-dores em tudo o que precisam. Estásempre ao lado dos jogadores, inde-pendentemente dos resultados. É umTreinador e uma pessoa que admiromuito”, afirmou o lateral português.“Penso que o Raphaël Guerreiro temqualidade para jogar na Bundesliga,no Borussia Dortmund, e penso quese continuar assim tem todas as pos-sibilidades de vir a ser consideradoum dos melhores laterais”, admitiu ojogador de 30 anos, abordando asaída do lateral português RaphaëlGuerreiro para o Borussia Dortmund.“As autoridades francesas têm vindoa trabalhar e a fazer o seu melhor paraque os incidentes que vimos não serepitam. É algo que não ajuda a ima-gem do futebol”, frisou o jogador lusosobre os incidentes que decorreramem várias cidades. “Temos sempreresponsabilidades numa competiçãocomo esta. Aceitamos o favoritismo nogrupo, sabemos que temos qualidade,mas também sabemos as dificuldadesque vamos encontrar no nosso grupo.Temos uma equipa com qualidade eexperiência. Toda a gente sabe que onosso objetivo é ganhar o Europeumas temos, no entanto, que pensarpasso a passo, primeiro a fase de gru-pos. Se queremos chegar à final,temos de olhar para os adversárioscom muito respeito, sabendo das nos-sas qualidades”, concluiu Vieirinha.Lembramos que a Seleção portuguesajoga no sábado frente à Áustria noParque dos Príncipes em Paris.

Futebol

Por Marco Martins

Rancho Tradições do Alto Minho Saint Michel-sur-Orge em MarcoussisAo terceiro dia em Marcoussis, a Se-leção portuguesa de futebol teve umabanda sonora diferente, graças a umrancho minhoto composto apenas poremigrantes e lusodescendentes, queresolveu dar uma pequena atuaçãojunto ao Centro Nacional de Râguebi.Enquanto Portugal realizava o seu ter-ceiro treino em terras gaulesas, subi-tamente um som bem tradicionalportuguês começou a surgir e, com opassar dos minutos, foi-se aproxi-mando do recinto. O responsável foi oRancho Tradições do Alto Minho SaintMichel-sur-Orge.Com o característico som dos acor-deões, os cerca de 45 membros per-correram dois quilómetros a pé até àporta do local onde a Seleção nacio-nal está instalada, tudo para demons-trar aos jogadores o que é a tradiçãoportuguesa, mas também para “cum-prir um sonho”.“Viemos dar uma amostra da nossatradição e ver se conseguíamos ao

menos um minutinho ver os jogado-res. É um sonho de todos nós”, disseà Lusa Rosa Maria da Silva, uma dasresponsáveis pelo rancho.O Rancho Tradições do Alto MinhoSaint Michel-sur-Orge foi criado há 10

anos e é composto apenas por emi-grantes e lusodescendentes, com ida-des entre os oito e os 80. “Moramosaqui pertinho e é com grande gostoque estamos aqui. É um orgulho tercá a Seleção e vamos apoiar até ao

fim”, referiu Rosa Maria da Silva.O sonho de ver ao vivo os jogadoresacabou por não se realizar, mas oVice-Presidente da Federação Portu-guesa de Futebol (FPF) HumbertoCoelho e o Diretor João Vieira Pinto fi-zeram questão de agradecer o apoiodo rancho e até distribuíram algunscachecóis. “Vieram hoje dar-nos aindamais alegria ao nosso dia e o futebolé isto mesmo. São estas coisas. Nóssó podemos prometer que vamos dartudo, vamos dar o nosso melhor”,disse Humberto Coelho.Durante todo o torneio, a comitivalusa está instalada no Centro Nacionalde Râguebi, em Domaine de Belle-jame, em Marcoussis, a cerca de 30quilómetros de Paris.Portugal estreou-se ontem, terça-feira, já depois do fecho desta ediçãodo LusoJornal, frente à Islândia, emSaint Étienne, na primeira jornada doGrupo F, que inclui ainda Áustria eHungria.

Lusa / Miguel A. Lopes

Lusa / Miguel A. Lopes

le 15 juin 2016

Page 21: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

O que significa ser adepto de fute-bol em Portugal? Como é que setornam adeptos e o que os leva aoestádio? O que motiva as claques?Quais são as formas de exprimir asua paixão pagã? Quais as identi-dades coletivas que defendem osdiferentes grupos de adeptos?Quais são as concepções de adesãocoexistentes e quais são as concor-rentes? Por que é que se investem“corpo e alma” atrás de umaequipa de futebol? Qual tem sido opapel dos Oficiais de Ligação comos Adeptos (OLA), que tem por fun-ções estabelecer pontes entre osadeptos e os clubes, a construçãode relações entre os adeptos e osagentes de segurança e a sensibi-lização para um comportamento deacordo com as diretivas de segu-rança?Nos últimos anos, vários estudos im-portantes têm sido realizados em

Portugal sobre o futebol, os seus as-petos culturais, económicos, políti-cos e securitários (Salomé, 1992;Salomé et al., 2015; Pereira, 2013;Gomes, 2013; Seabra, 2012; Car-reto, 2011). Outros aspetos aindaestão por estudar, como é o caso dofluxo migratório dos futebolistas dosul, sobretudo africanos e sul-ame-ricanos, em Portugal e na Europa(Tshimanga Bakadiababu, 2001).Os resultados realçam uma pluridi-mensionalidade de situações e deproblemas, com repercussões nosclubes e nos atores sociais. Tendoem conta os atuais conhecimentossociológicos, a insegurança, porexemplo, é uma das causas da dimi-nuição de espetadores nos estádios,quer em Portugal, quer noutros paí-ses. No entanto, o envolvimento dopúblico é necessário para o sucessodo espetáculo, da ação dos jogado-res, dos atores oficiais, que apelam

à reação das bancadas e tribunas.Mesmo se essa participação possaassumir formas extremamente varia-das: aplausos, cantos, bandeirolas,insultos, assobios, fanfarra, movi-mentos de multidões, exibição dascores das equipas, etc.O ambiente que reina nos estádiosde futebol suscita reações contras-tadas. Uns celebram a importânciadas multidões que assistem aosjogos, outros denunciam a agressi-vidade e a violência dos adeptos, ou-tros ainda exaltam a força emocionaldos cantos e clamores que aí res-soam (Gastaut e Mourlane, 2006).Seja fator de atração ou de aversão,o futebol, como espetáculo, rara-mente deixa indiferente os atoressociais. Entre a glorificação entu-siasta - e o entusiasmo é tal que setornou a “bagatela mais séria domundo”, segundo Bromberger(1998) - e a condenação definitiva,

entre a fascinação devota ou a re-pulsão, o leque de atitudes e de opi-niões são particularmente amplas.As bancadas e as tribunas compõemum mosaico de micro-territórios,mais ou menos visíveis e delimita-dos, mais ou menos efémeros e ins-táveis, mais ou menos estruturadose organizados. São o local onde sepropagam as emoções mais profun-das; basta olhar para os rostos paranos apercebermos da multitude deexpressões que animam e revelam apanóplia de sentimentos vividos: an-gústia, alegria, cólera, desespero, in-justiça, etc.O agrupamento para o espetáculodesportivo parece uma cerimónia re-ligiosa. É preciso compreender assubtilidades das crenças e dos dog-mas, penetrar no mistério da fé e deadesão, encontrar os oficiais e osfiéis, o mais envolvidos e os mais in-conscientes, identificar os ritos e osobjetos sagrados, analisar as ativida-des de proselitismo, decifrar os sím-bolos de pertença aos grupos e aossubgrupos (Salomé et al., 2015).Ser adepto de um clube de futebolé estar envolvido numa dose de mis-tério ou de segredo. É um “negócio”de iniciação ou de comunhão. Ele éexercido em territórios especializa-dos, inscritos nos recintos fechadossobre eles mesmos. Implica uma ca-pacidade de descodificar e de inter-pretar o espetáculo que se desenrolano relvado. E, sobretudo, ele apoia-se em códigos e de rituais herméti-cos para o profano, que regula oscomportamentos dos adeptos e fa-vorece as identidades coletivas.Mas, ao mesmo tempo, os adeptosnão formam um mundo à parte,uma sociedade secreta. O seu envol-vimento e a sua expressão coletivasão indissociáveis de espaços públi-cos banalizados. Eles desfilam (so-noramente) no coração das cidadese arvoram os emblemas distintivos e

os seus sinais de pertença, eles semanifestam nos locais de sociabili-dade mais populares, como os cafés(e os cafés dos “desportos”) e astascas, eles prolongam e se unemnas redes sociais independentes dofutebol. Fora dos jogos, a fraterni-dade e o espírito “clubístico” sãoligados por múltiplas iniciativas(almoços e jantares, jornais, con-cursos de prognósticos, etc.).A paixão do futebol não é um lugarcomum do corpo social; ela se di-funde e se distribui em todos os gru-pos sociais (Faure, 1987). Mesmo sede forma tímida, o futebol seduz asmulheres. Mas o seu grau de eferves-cência flutua e é em momentos e emlocais circunscritos que as emoçõescoletivas se precipitam (Elias e Dun-ning, 1994).A parte mais visível do “suportei-rismo” não é um momento de li-bertação das pulsões reprimidas ede efeitos atenuados do processode civilização. Ele é o prolonga-mento de atividades mais imper-ceptíveis, que se desenvolvem“entre-dois” (jogos): preparativosda encenação de apoio à equipa,troca de notícias e de comentáriossobre a época (desportiva), sonhosinteriores e esperanças partilhadas,em resumo, tudo o que faz os indi-víduos e os grupos são presentesno dia do jogo. O futebol tornou-seum vector de expressão de identi-dades locais, que se afrontam demaneira ritualizada, durante otempo dos jogos, e se reforça entreos momentos de competição (Rou-mestan, 1998). O futebol é tam-bém o reflexo do seu tempo: osinteresses económicos e comer-ciais, políticos e ideológicos, secu-ritários e regulamentares, e pene-tram e operam na construção dasidentidades coletivas (Tsoukala,2009; Carreto, 2011; Pereira,2013).

lusojornal.com

21Desporto

PUB

Casa Benfica Paris Futsal termine sur le podiumLe club de la Casa do Benfica de Paris78, basé à Saint Germain-en-Laye(78), qui participe au ChampionnatExcellence Futsal du département desYvelines, termine sa saison 2015/16à la 3ème place pour son équipe A et8ème pour son équipe B.Après deux saisons difficiles d’ap-prentissage dans ce Championnat, leclub filial officiel du SL Benfica a dé-cidé cette saison, sous l’impulsion deson Président Manuel dos Santos etson Vice Président responsable de lasection futsal, Jorge Alexandre, dedonner un nouvel élan avec plus de ri-gueur à ce projet.Pour cela, début septembre 2015 aeu lieu une réorganisation du stafftechnique, avec l’arrivé d’un nouvelentraîneur, Filipe Cerqueira, qui vaimposer «plus de sérieux» auxjoueurs. Il va également essayer decréer un groupe entre anciens et nou-veaux joueurs et leur inculquer une

mentalité de «vencedores» à l’image«do Glorioso» qu’ils représentent.Avec la mise en place d’entraîne-ments rigoureux, les résultats sont là

et les adversaires craignent les «rougeet blanc» qui maintiennent le clubtout au long de la saison dans le triode tête du classement (20 victoires, 4

nuls, 4 défaites) titillant le 1er auclassement et ne lâchant la 2èmeplace qu’à la dernière journée. Fait re-marquable, l’expérimenté Champion

Houdan qui n’aura perdu que 3 foiscette saison, sera battu que par unclub, a Casa do Benfica de Paris (vic-toire à domicile et extérieur pourl’équipe 1 et victoire à l’extérieur pourl’équipe 2)!Dans un Championnat des Yvelinesqui a été cette saison très disputéavec de belles équipes et un niveaufutsal qui monte, la saison aura été unsuccès pour les «Benfiquistas» avecun bilan plus que positif et terminantavec la meilleure défense du Cham-pionnat.Le club change de nom et devient«Aigles Benfica Futsal», et pour pré-parer la prochaine saison et essayer dese renforcer, le club cherche de nou-veaux talents en organisant des Jour-nées de détection tous les lundis dumois de juin, ainsi que le 4 juillet, auGymnase Cosec, 16 boulevard de laPaix, à Saint Germain-en-Laye (78).Infos: 06.11.42.23.71

Futsal: Championnat Excellence des Yvelines (78)

Corpo e alma pelo seu clube de futebol: o caso dos adeptos em Portugal

Crónica de opinião

Vítor RosaUniversidade Paris-OuestNanterre La Défense

[email protected]

le 15 juin 2016

Page 22: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

22 Desporto

lusojornal.com

Quem é Ele para ti?

No próximo domingo, dia 19, mi-lhões de cristãos em todo o mundojuntar-se-ão para escutar a Palavra ecelebrar, fiéis aos ensinamentos doSalvador, a ceia que O torna presenteno pão e vinho consagrados. Nessedia, todos nós escutaremos duasquestões que Jesus propôs (propõe!)aos seus discípulos: «Quem dizemas multidões que Eu sou? (…) E vós,quem dizeis que Eu sou?»O que os outros pensam ou dizemde Jesus, interessa-nos relativa-mente, mas à segunda pergunta nãonos devemos (não nos podemos) es-quivar: quem é Jesus para mim?Não bastam respostas aprendidasde cor na catequese ou opiniõesdadas por outros e que arriscamosparafrasear. Olhos nos olhos, desar-mados de preconceitos, Jesus per-gunta-nos: quem sou Eu para ti?Amigo? Inimigo? Mestre? Charla-tão?… Deus?No Evangelho, Pedro responde comforça e decisão: «És o Messias».Jesus não o desmente, mas sabeque surpreenderá todos os seus dis-cípulos: Ele é o Esperado, aquele quefoi anunciado pelos profetas e querevelará o verdadeiro rosto de Deus.Mas o Pai de Jesus não é quem osjudeus imaginavam: não é um Deus“musculoso”, que podemos corrom-per com ritos e oferendas e que sedeixa convencer a destruir os adver-sários de Israel… O Pai de Jesus éamor e misericórdia. Um Deus dis-creto (quase tímido) que não impõea Sua vontade e dá ao mundo ummandamento novo: Amai-vos unsaos outros!O caminho messiânico de Jesus nãoé portanto um caminho de triunfoshumanos, mas sim um caminho deamor e de cruz. “Conhecer Jesus”significa segui-l’O nesse caminho deentrega e de doação… Mas tu,amigo leitor, és realmente Seu discí-pulo? Conheces Jesus? Quem é Elepara ti?

P. Carlos Caetanopadrecarloscaetano.blogspot.com

Sugestão de missa em português:

Relais Paroissial La Roseraie Saint-Éloi2bis rue Pérotin77500 Chelles1° Domingo do mês às 8h30

boanotícia

Sporting FC de Albi dois anos de relvadose uma final de Taça com garra

Dois anos depois de ter regressadoaos relvados do District du Tarn aequipa da Associação Desportiva eCultural dos Portugueses de Albi fezum Campeonato regular conseguindoo quinto lugar do grupo A no Cam-peonato da segunda divisão do dis-trito. 9 vitorias, 4 empates e 6derrotas, com o mesmo número degolos marcados que o primeiro clas-sificado e uma das defesas menosbatidas, um saldo francamente posi-tivo para os homens do presidenteAntónio Pereira, que no início daépoca esperava um pouco mais, ameta fixada era a subida de divisão.No entanto para confirmar a quali-dade da sua formação, os jogadoresconseguiram levar o Sporting Foot-ball Club de Albi até à final de uma

das três taças da região, a Taça Chal-lenge Pierre Trouche.O estádio Municipal de Lavaur, cidadeconhecida pelos os seus laboratóriosde dermatologia e cosmetologia, aco-lheu o embate entre as duas forma-ções, que jogaram no mesmo escalãoesta época, embora o Olympique Lau-trec, incluído no grupo C, tenha con-seguido ascender à divisão superior.Lautrec, pequeno burgo com apenas1.800 habitantes, mas terra famosadevido ao Ail Rose, Label Rouge desde1966.Os Leões de Albi queriam mostrar ao

Presidente que mereciam mais queo quinto lugar no Campeonato, masos Lautrécois, que evidenciavamuma maior frescura física, geriam oencontro, impedindo os albigeois dese aproximar da sua baliza, concreti-zando a sua supremacia da primeiraparte com um golo apontado aos 39minutos por Jeremy Gonzalez.O intervalo foi benéfico aos jogado-res sportinguistas que se lançaramao ataque, estabelecendo a igual-dade através da marcação de umagrande penalidade transformada porPatrice Chane-Fat, iam decorridos

77 minutos.Tudo indicava que o jogo ia para oprolongamento, quando num lancefortuito o Lautrec marcou o seu se-gundo golo, praticamente em cimado tempo regulamentar. O Sportingainda tentou reagir, mas o esforçonão foi compensado, Mathieu Baylesaltou do banco e fechou o marcadorem tempo de compensação. O Olym-pique levou a Taça para a terra dosalhos cor-de-rosa, o Sporting foi umdigno vencido numa partida equili-brada, bem disputada, em ambientede festa.

Challenge Trouche/Sport 2000 G

Par Manuel André

O Sporting joga em Lyon a 23 de julhoO Sporting anunciou na semanapassada que o jogo de apresentaçãoda equipa de futebol aos sócios seráa 23 de julho, frente aos francesesdo Lyon, disputando, sete dias de-pois, o troféu Cinco Violinos diantedos alemães do Wolfsburgo.Numa conferência de imprensa rea-lizada no Auditório Artur Agostinho,no Estádio José Alvalade, o Presi-dente dos “verde e brancos” salien-tou que está ansioso para que “abola comece a rolar”.“Estaremos de volta com mais força.O futebol que praticámos, a formacomo nos envolvemos e fomos en-volvidos pelos sportinguistas, de-monstra que estamos muito perto

dos nossos objetivos. Estamos an-siosos para que a bola comece arolar. Apresentamos hoje dois jogos,com os quais contamos com a pre-sença massiva dos sportinguistas,aqueles que são a razão de estarmosaqui. Temos de caminhar todos jun-tos e unidos”, afirmou.Bruno de Carvalho, explicou que aquinta edição do torneio Cinco Vio-linos é importante para “respeitar ehomenagear” a história dos ‘leões’.“No dia 23 de julho, vamos fazerapresentação frente ao Lyon, a 30 adisputa do querido troféu Cinco Vio-linos. É bom que consigamos respei-tar e homenagear aqueles quefazem parte de uma bela história do

Sporting. Os cinco violinos marca-ram a história do Sporting, umaequipa de eleição, que ficou conhe-cida por todo o mundo, na qualjogou o pai do nosso treinador JorgeJesus”, relembrou.Antes dos encontros, Bruno de Car-valho adiantou que o plantel doSporting vai ser apresentado a 1 dejulho, no dia de aniversário doclube. “Dia 1 de julho estamos devolta a Lisboa, é um dia importante,comemoramos 110 anos e estare-mos reunidos na Gala do Sporting,mas antes iremos fazer a apresen-tação do plantel da nova época eiremos entregar os galardões dos50 e 75 anos aos nossos associa-

dos”, vincou.Com a presença do treinador JorgeJesus, o presidente do Sporting re-forçou a confiança na equipa epediu o apoio dos adeptos. “Queroreforçar que mais uma vez estareidesde o primeiro momento a cami-nhar lado a lado com a estrutura. Édesta união e ambição que iremosviver mais uma época desportiva,temos a certeza absoluta de que ossportinguistas vão demonstrar quesão os melhores adeptos domundo, o 12º jogador. Peço quemesmo antes do apito inicial este-jamos unidos e digamos a uma sóvoz, viva o Sporting Clube de Por-tugal”, concluiu.

Euro 2016: Les supporters illumineront la Tour EiffelLa Ville de Paris s’associe à Orangepour mettre en place, pendant l’Euro2016, le premier dispositif participatifd’illuminations de la Tour Eiffel.Chaque soir de la compétition, les sup-porters habilleront le monument des

couleurs de leur pays, en publiant desmessages de soutien sur les réseaux so-ciaux.Pour participer, les supporters n’ontqu’une chose à faire: soutenir son payssur les réseaux sociaux en utilisant le

hashtag de leur pays favorite (�#�FRApour la France, �#�POR pour le Portu-gal, �#�BEL pour la Belgique, �#�ENGpour l’Angleterre, etc). Orange compta-bilisera en temps réel les conversationssur les réseaux sociaux et permettra aux

supporters du pays qui aura ainsi reçule plus d’encouragements de voir sescouleurs projetées sur la Tour Eiffel, lesoir-même 10 minutes après le coup desifflet final du dernier match du jour etjusqu’à minuit.

Olympique Lautrec 3-1 Sporting FC Albi

Lautrec: Gabriel Rigoni, Florian Sais-sac, Gael Jeanjean, Brice Haujard,Fabien Le Calvez, Alexis Sikorski, Pa-trice Tailly, Paul Rigom, Florian Ollier,Nicolas Viguiere et Jeremy Gonzalez.Suplentes: Mathieu Bayle, Remy Al-bouy et Nicolas Albert. Treinador: Mi-chel CarayonSporting: Romain Cavaille, IdirYahiaoui, Clément Enjalran, Rit-chie Axilibona, Thomas Janis,Mohamed Benkassou, JacquesGidimba, André de Melo, PatriceChane-Fat, Sofiane Hamdaoui etNasser Belhachemi. Suplentes:Radouan Ben Moussi et PierreAlain Alengagne. Treinador: Mustapha Dakhlaoui.

A equipa do Sporting FC Albi, finalista da Taça em LavaurLusoJornal / Manuel André

le 15 juin 2016

Page 23: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

23Tempo livre

Jusqu’au 25 juin Exposition de Sérgio Remondes «Hom-mage à Marc Chagall et à la ville deParis», présentant les dernières œuvres(2015-2016). Lusofolie’s, 57 avenueDaumesnil, à Paris 12.

Jusqu’au 26 juin «Tirelire», exposition personnelle d’AnaJotta. Au Credac, La Manufacture desŒillets, 25-29 rue Raspail, à Ivry-sur-Seine (94).

Jusqu’au 30 juin Exposition de peinture d’Isabel Pavão«Dix impressions de rose et de mer» endialogue avec les poèmes homonymesde Nuno Júdice. Maison du PortugalAndré de Gouveia, Cité Universitaire In-ternationale, 7P boulevard Jourdan, àParis 14.

Jusqu’au 30 juin Exposition «Printemps» de SaraTeixeira au Consulat Général du Portu-gal, 6 rue Georges Borger, à Paris 17.

Jusqu’au 18 juillet Exposition d’Amadeo de Souza-Car-doso, une co-organisation de la Fonda-tion Calouste Gulbenkian et de laRéunion des musées nationaux, auGrand Palais - Galeries nationales, 3avenue du Général Eisenhower, à Paris8.

Jusqu’au 28 août Exposition «Shifting Boundaries» comArianna Arcara, Pierfrancesco Celada,Marthe Aune Eriksen, Jakob, Gansl-meier, Margarida Gouveia, Marie Hald,Dominic Hawgood, Robin Hinsch, Ei-vind H. Natvig, Ildikó Péter, Marie Som-mer et Christina Werner. FondationCalouste Gulbenkian, Délégation enFrance, 39 boulevard de la Tour Mau-bourg, à Paris 7.

Jusqu’au 29 août «Les universalistes: 50 ans d’architecture portugaise», une

co-organisation de la Fondation Ca-louste Gulbenkian et de la Cité de l'ar-chitecture et du patrimoine, à la Citéde l’architecture et du patrimoine, 1place du Trocadéro et du 11 Novembre,à Paris 16.

Le dimanche 19 juin, 15h00 Donner de la voix en terrasse! Dialogueset poèmes aussi, autour des saveursdes sons, dans le cadre du festival Par-fums de Lisbonne. «Comme à Lisbonne» rue du Roi de Si-cile, à Paris.

Le mardi 21 juin, 19h00 Café littéraire: Miguel Miranda présentera son dernierroman policier «La disparition du cœurdes symboles». Et Pierre Michel Pran-ville (Editions de l’Aube) présentera le3ème roman de Luís Miguel Rocha «Lemensonge sacré». Au Lusofolie’s, 57 avenue Daumesnil,à Paris 12.

Le samedi 25 juin, 15h00 Promenade urbaine sur les pas d’Ama-deo de Souza-Cardoso à Montparnasse,avec l’historien Georges Viaud. Départde La Coupole, 102 boulevard duMontparnasse, à Paris 14.

Le jeudi 23 juin, 19h30 Récital de poésie et guitare «Dérives oules visages du Réel» dédié à Sophia deMello Breyner. Récital de textes de Camilo Pessanha,Fernando Pessoa, Nuno Júdice, Sophiade Mello Breyner. Maison du PortugalAndré de Gouveia, 7 P boulevard Jour-dan, à Paris 14.

Du 7 au 30 juillet, 17h00 «Voyage dans les mémoires d’un fou»,de et avec Lionel Cecílio, au ThéâtrePixel, à Avignon (84). Dans le cadre duFestival d’Avignon 2016.

Le samedi 18 juin, 11h00 «La Visite ou Mémoires et confessions»(1982) de Manoel de Oliveira, suivied’une conférence-débat animée parJacques Lemière dans le cadre du fes-tival Parfums de Lisbonne. Au MK2Beaubourg, à Paris.

Le jeudi 30 juin, 20h00 Projection du court-métrage «Campo deVíboras» de Cristèle Alves Meira, tournécet hiver dans la région de Trás-os-Montes et sélectionné à Cannes cetteannée. Au cinéma MK2 Quai de Loire,14 quai de la Seine, à Paris 19. La pro-jection sera suivie d’un petit verre. En-trée Libre.

Le mardi 5 juillet, 18h00 Dialogues bilingues - Le théâtre de Mi-guel Torga et ses réverbérations. Pré-sentation pluridisciplinaire du théâtrede Miguel Torga, en version bilinguefrançais-portugais, par la compagnie Cáe Lá et les étudiants de l’atelier bi-lingue de Graça dos Santos / Universitéde Nanterre Paris Ouest La Défense,accompagnés à la guitare classique parGonçalo Cordeiro. Siège CIC Iberbanco,8 rue d’Anjou, à Paris 8.

Le vendredi 17 juin, 20h00 Apéro-live «Sud Express, pour unvoyage raconté en Fado» avec Mónicada Cunha accompagnée par Filipe deSousa, Nuno Estevens e Philippe Mal-lard. La Chapelle des Lombards, 19 ruede Lappe, à Paris 11.

Le jeudi 7 juillet Concert de Mísia, dans le cadre de l’Es-tival de la Batie, à Saint Étienne-le-Mo-lard (42).

Le samedi 9 juillet, 19h00 Concert de Gisela João, dans le cadredu Festival Vitrolles Sun Festival. Salledu Roucas, Domaine de Fontblanche, àVitrolles (13).

Le mercredi 15 juin, 20h30 Concert de la brésilienne Alé Kali, pré-sentation de son nouvel album. Studio de l’Hermitage, 8 rue de l’Ermi-tage, à Paris 20.

Le samedi 18 juin, 19h00 Concert du jeune pianiste João CostaFerreira avec des oeuvres de Vianna daMotta. Dans le cadre du Festival Par-fums de Lisbonne. Maison du Portugal André de Gouveia,7 P boulevard Jourdan, à Paris 14.

Le dimanche 19 juin, 15h00 Concert «16 Ans de Brésil Sertão etMer» avec Heitor de Pedra Azul(voix/guitare).Dans le cadre de la Fête de l’été, orga-nisée par le Pôle Culture et Manifesta-tions de la Maison de l’Animation et dela Culture de Pont Sainte Marie, à l’Es-planade MAC, 10 avenue Michel Ber-ger, à Pont Sainte Marie (10). Info: 03.25.82.81.29.

Le vendredi 24 juin, 20h00 Concert de jazz avec le Paris Jazz Quar-tet, avec Quitó de Sousa Antunes, Sé-bastien Lechanoine, Thomas Baron etMarc Salvatore. Lusofolie’s, 57 avenueDaumesnil, à Paris 12.

Le dimanche 26 juin, 16h00 Récital de chant et piano d’Anne Kaasa(piano) et Natasa Sibalic (soprano). Enpartenariat avec le Festival Parfums deLisbonne. Maison du Portugal André de Gouveia,7 P boulevard Jourdan, à Paris 14.

Le jeudi 30 juin, 19h00 Concert de la pianiste Marta Menezes,avec des œuvres de Beethoven, Chopinet Fragoso. Dans le cadre du Festival Parfums deLisbonne. Maison du Portugal André de Gouveia,7 P boulevard Jourdan, à Paris 14.

Le dimanche 19 juin, 10h00 Spectacle avec Ana Ritta et Sónia, avecles groupes folkloriques Províncias de Por-tugal de Fresnes, Tradições do AltoMinho, Hirondelles du Portugal, Jeunesseportugaise de Paris 7 et Saudades danossa terra, organisé par l’AssociationMusicale franco-portugaise d’Ile-de-France au Parking Gambetta, avenueGambetta, quartier Charentoneau, àMaisons Alfort (94).

Le dimanche 19 juin, 15h00 Festival international de folklore avec lesgroupes ADFI de Montfermeil, Roda doAlto Paiva de Orsay, As Gaivotas de Per-reux, Rose des Vents de Aulnay-sous-Boise Alegria dos Emigrantes de Montfermeil.Piquenique à partir de 12h00. GymnaseColette Besson, 3 boulevard de l’Europe,à Montfermeil (93). Infos: 04.43.51.84.83.

Le dimanche 26 juin, 11h00 Fête des Saints Populaires, avec lesgroupes de folklore Cantares de Santiagode Noisy-le-Grand, Les Originaires du Por-tugal de Bezons-Sartrouville, Barco à Velade Paris 11, Alegria de Villiers-sur-Marne,Lezírias do Ribatejo de Vincennes et AsPeixeiras de Vieira, du Portugal. Dj EPA.Une organisation du groupe Cantares deNoisy-le-Grand. Ferme du Clos Saint Vin-cent, 105 rue du Docteur Sureau, àNoisy-le-Grand (93). Infos: 06.73.89.89.45.

Le samedi, 18 juin, 14h00 Conto-Contigo.fr présente, en partenariatavec l’Association Luso Balneolaise, unesession de contes pour enfants sur lethème: «Ballon - Allez, tape dans le bal-lon!». Salle des Bas Longchamps, Face àla Mairie annexe de Bas Longchamps, àBagneux (92).

Le dimanche 19 juin, 15h «Guitarradas e Fado» avec les élèves del’Académie de Fado, au Théâtre GeorgesPompidou, 142 rue de Fontenay, à Vin-cennes (94). Infos: 01.43.28.14.61.

Le samedi 25 juin, 14h00 Festiv’été Populaire, organisé par la Coor-dination des Collectivités Portugaises deFrance (CCPF), en partenariat avec d’au-tres associations dont l’association CapMagellan, avec sardines grillées, des ani-mations musicales incluant un concoursde «Marchas Populares» où différentesassociations se disputeront la premièreplace avec pour armes leurs danses, leurscostumes et leurs chants. Au Stade Élisa-beth, à Paris 14.

Les 25 et 26 juin Fête de la Saint Jean, organisée par l’as-sociation Os Camponeses Minhotos et laMairie de Clermont Ferrand, avec folklore,une comédie musicale, des défilés dansles rues de la ville, spectacle, orchestre,variétés portugaises, feu d’artifice. Placedu 1er Mai, à Clermont Ferrand (63).

Le dimanche 26 juin, 11h00 Fête des traditions populaires (18èmeédition) avec Papa Landon, Nelson Costa,Danças e Cantares de Agrelo, Rosa dosVentos, Dj Bruno et l’orchestre Fantasia,organisé par l’Association portugaiseRosa dos Ventos. La Ferme du VieuxPays, à Aulnay-sous-Bois (93).

SORTEZ DE CHEZ VOUS

CINEMA

FADO

FOLKLORE

SPECTACLES

DIVERS

CONCERTS

ABONNEMENT

Mon nom et adresse complète (j’écris bien lisible)

Prénom + Nom

Adresse

Code Postal Ville

Tel.

Ma date de naissance

J’envoie ce coupon-réponse avec un chèque à l’ordre de LusoJornal, àl’adresse suivante :LusoJornal:7 avenue de la Porte de Vanves75014 Paris

o Oui, je veux recevoir chez moi,

20 numéros de LusoJornal (30 euros)50 numéros de LusoJornal (75 euros).

!

Participation aux frais

PUB

lusojornal.comLJ 269-II

PUB

EXPOSITIONS

CONFÉRENCES

POÉSIE

THÉÂTRE

le 15 juin 2016

Page 24: Portugal reconcilia-se com a emigraçãoEdition nº 269 | Série II, du 15 juin 2016 Hebdomadaire Franco-Portugais 03 Mau tempo estragou a festa da Rádio Alfa Mesmo assim, milhares

PUB