PSICOLOGIA AMBIENTAL: ALGUMAS …. GOntiJer e R. J A. Rozestraten sociais informais em funyEIOde...

16
PSICOLOGIA AMBIENTAL: ALGUMAS CONSIDERAC;OES SOBRE SUA AREA DE PESQUISA E ENSINO 1 Hartmut GOnther2 Universidade de Brasflia Reinier J. A. Rozestraten 3 Universidade de Sao Paulo, Ribeirao Preto RESUMO - Este trabalho discute aspectos conceituais da psicologia ambiental e faz um rapido sumario de sua hist6ria, Conclui-se 0 trabalho com algumas sugest6es quanto ao ensino e pesquisa na area, usando acidade ,de Brasilia como objeto protot [pica. Palavras-chave: Psicologia. ambiental, origem da psicologia ambiental, difusao da psicologia ambiental. ENVIRONMENTAL PSYCHOLOGY: SOME CONSIDERATIONS ABOUT FIELDS OF RESEARCH AND TEACHING ABSTRACT - This paper discusses some conceptual issues of environmental psychology and presents a brief history of the field. 1. Este trabalho tem por base os textos preparados pelos auto res para 0 IV Simp6sio da Assicia9ao Nacional de Pesquisa e P6s-Gradua9ao em Psicologia (ANPEPP), Brasflia, DF, 7 a 9 de maio de 1992; grupo de trabalho: Mapeamento da Pesquisa em Psicologia e Areas em Descoberto. 2. Endere90: Laborat6rio de Psicologia Ambiental, Instituto de Psicologia, UnB, Caixa Postal 04648, 70919-970 Brasflia DF. 3. Departamento de Psicologia e Educa9ao, Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras, Universidade Sao Paulo, 14040-901 Ribeirao Preto SP. Psic.: Tear. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N21, pp.107-122 107

Transcript of PSICOLOGIA AMBIENTAL: ALGUMAS …. GOntiJer e R. J A. Rozestraten sociais informais em funyEIOde...

PSICOLOGIA AMBIENTAL: ALGUMASCONSIDERAC;OES SOBRE SUA AREA DE

PESQUISA E ENSINO 1

Hartmut GOnther2Universidade de Brasflia

Reinier J. A. Rozestraten3

Universidade de Sao Paulo, Ribeirao Preto

RESUMO - Este trabalho discute aspectos conceituais dapsicologia ambiental e faz um rapido sumario de sua hist6ria,Conclui-se 0 trabalho com algumas sugest6es quanto ao ensino epesquisa na area, usando a cidade ,de Brasilia como objetoprotot [pica.

Palavras-chave: Psicologia. ambiental, origem da psicologiaambiental, difusao da psicologia ambiental.

ENVIRONMENTAL PSYCHOLOGY: SOMECONSIDERATIONS ABOUT FIELDS OF

RESEARCH AND TEACHING

ABSTRACT - This paper discusses some conceptual issues ofenvironmental psychology and presents a brief history of the field.

1. Este trabalho tem por base os textos preparados pelos auto res para 0 IV Simp6sio daAssicia9ao Nacional de Pesquisa e P6s-Gradua9ao em Psicologia (ANPEPP), Brasflia,DF, 7 a 9 de maio de 1992; grupo de trabalho: Mapeamento da Pesquisa em Psicologiae Areas em Descoberto.

2. Endere90: Laborat6rio de Psicologia Ambiental, Instituto de Psicologia, UnB, Caixa Postal04648, 70919-970 Brasflia DF.

3. Departamento de Psicologia e Educa9ao, Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras,Universidade Sao Paulo, 14040-901 Ribeirao Preto SP.

Psic.: Tear. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N21, pp.107-122 107

H. GUn/her e R. J. A. Razes/ra/en

Finally, suggestions for teaching and research, using Brasilia as anexample, are offered.

Key-words: Environmental psychology, origins of environmentalpsychology, diffusion of environmental psychology.

o objetivo do presente trabalho e 0 de apresentar algumas consid-erac;:6essobre pesquisa e ensino na area da psicologia ambiental. Para estefim,far-se-a uma breve caracterizayao desta area, em seguida um rapidosumario de sua historia, e por fim mostrar-se-a como a cidade de Brasilia podeser utilizada como objeto prototfpico no ensino e na pesquisa da area.

CARACTERIZACAo DA PSICOLOGIA AMBIENTAL

A psicologia ambiental pode ser definida como 0 estudo do inter-relacio-namento entre comportamento e ambiente fisico, tanto 0 construfdo quanto 0

natural (Fisher, Bell & Baum, 1984). Esta definic;:ao nao deixa de ser umavariayao da definic;:ao de ecologia - "0 estudo do inter-relacionamento dosorganismos com seu ambiente e entre si" (Sll:'ith, 1978, p. 197). Considerandoque todo comportamento humano acontece em intera<;ao com 0 ambiente,convem analisar algumas caracterfsticas da Psicologia Ambiental, na tentati-va de delimitar a area.

Fisher, Bell, & Baum (1984) sublinham seis aspectos como caracterfsti-cos da psicologia ambiental:

Gestalt. Um primeiro elemento que caracteriza a psicologia ambiental esua abordagem "holfstica". 0 efeito do ambiente no organismo nao e anali-sado isolado do seu contexto, nem de maneira unidirecional.

Inter-relar;ao. Uma consequencia da noc;:aode estudar os fen6menosdentro do seu contexto, e estudar a inter-relar;ao, a relac;:ao recfproca. Tantoo ambiente influencia 0 comportamento, como 0 comportamento influencia 0

ambiente.Psicologia social. Uma terceira caracterfstica da psicologia ambiental e

que muitos dos seus profissionais sao treinados como psicologos sociais. Emparte, este fen6meno deve-se ao fato de que uma serie de temas da psicologiaambiental, tais como espayo pessoal, superpopulayao, bem como procedi-mentos metodol6gicos serem da psicologia social.

Interdisciplinaridade. Por suas caracterfsticas particulares 0 psicologoambiental mantem uma interface com outros profissionais que por sua vezestudam 0 'mundo real' dos seus respectivos pontos de vista. Estudar ainter-relac;:ao entre ambiente e indivfduo, exige um trabalho colaborativo com

108 Psic.: Tear. e Pesq., Brasflia, 1993, Vol. 9, N21, pp.107-122

PSicologia ambiental

os especialistas das demais areas de conhecimento. Dependendo do tema,pode-se trabalhar conjuntamente com engenheiros, arquitetos, bi6logos,planejadores urbanos, paisagistas, juristas, climat610gos, medicos etc.

Multi-metodoI6gico. Considerando tanto 0 fato de ser interdisciplinar,quanto de ser ampla nos assuntos que trata, a psicologia ambiental nao utilizauma abordagem metodol6gica (mica. Sem duvida, por tratar de problemas do"mundo real" utiliza menos a situayao do laborat6rio, mas nao a exclui. 0 quedetermina a escolha da metodologia (e, implicitamente, a escolha do local dapesquisa como campo ou laborat6rio) e 0 problema, e muitos deles sebeneficiam com a utilizayao de uma pluralidade de metodos, podendo-seagregar metodos observacionais, experimentais e/ou de entrevista, entreoutros. Entretanto, ha uma tendencia no sentido da pesquisa ambientalprocurar primeiro estudar 0 mundo real e somente ir ao laborat6rio quandonecessario (Stokols, 1978; Sommer, 1983).

Pesquisa-a9ao. Um ultimo elemento que caracteriza a psicologia ambi-ental e 0 seu posicionamento a respeito do suposto conflito entre pesquisabasica e aplicada. Enquanto se afirma que 0 objetivo da pesquisa basica e 0de explicar 0 comportamento genericamente, a pesquisa aplicada se defrontacom um problema concreto, no que diz respeito a predizer e/ou controlarcomportamentos especificos. No contexte da psicologia ambiental, estadistin<;:aofaz ainda menos sentido do que em outras areas da psicologia, poisquase toda pesquisa se orienta para um problema ou visa ajudar na resolu<;:aode algo pratico. E neste contexte que se contribui para a teoria da psicologiaambiental. 0 modele que e utilizado freqOentemente e 0 de pesquisa-a9ao,postura esta na qual 0 pesquisador tenta contribuir, ao mesmo tempo, parateoria e pratica da sua area (Sommer, 1977, 1987).

Resumindo, as seis caracterfsticas da psicologia ambiental de acordocom Fisher et al. (1984) sao gestaltista, ecol6gica, social, interdisciplinar,multi-metodol6gica e de pesquisa-ayao. Tanto no primeiro, como no segundoe no ultimo ftem mostra-se a influencia das ideias de Kurt Lewin, como umdos pioneiros da psicologia da Gestalt, ja chamando aten9ao para a inter-re-layao pessoa-ambiente e visava tambem a aplicabilidade na pesquisa-a9ao(Lewin, 1948, 1965).

A apresenta9ao de Fischer et al. sobre as caracterfsticas da psicologiaambiental nao pretende, em absoluto, dogmatizar este ponto de vista. Ascaracterfsticas que um psic610go ambiental aceita como essenciais depen-dem em parte de sua posi9ao geral frente a psicologia considerando-a umaciencia natural ou uma ciencia humana. Caracterfsticas como transacional,teleol6gica, organfsmica, explicativa entre outras, sao mencionadas na bus(;ude uma caractereriza9ao desta relativamente W"3 area da psicologia, sene "tambem amplamente discutidas por Wapner (1987),

Psic,: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N~ 1, pp. 107-122 109

H. GOnrher e R. J. A. RozesrTaren

Uma sub-area de qualquer ciencia, neste caso da psicologia, nao secaracteriza por apenas seus pontos particulares de vista e preferenciasmetodol6gicas mas tambem, e ate essencialmente, pelos assuntos e temasque estuda ou pretende estudar. Quanto aos temas abordados pela psicologiaambiental, uma leitura de recentes revisoes na area (Craik, 1973; Holahan,1986; Russell & Ward, 1982; Saegert & Winkel, 1990; Stokols, 1978) ou 0fndice do Handbook of Environmental Psychology (Stokols & Altman, 1987),most ram sua grande diversidade: desde a percepyao e cogniyao do ambiente;efeito do ambiente no comportamento; ambientes diferenciados para cri-anyas, jovens, adultos, trabalhadores; ambientes especfficos como cidades;construyao de ambientes para obter determinados efeitos sobre 0 compor-tamento; mudanyas de atitudes, percepyoes e comportamento frente aoambiente; mudanyas e planejamento do ambiente e preservay30 do meioambiente.

Diante da grande diversidade de temas na area ha quem afirme que"psicologia ambiental nao e uma subdisciplina integrada dentro da disciplinada psicologia. [Talvez) possa ser mais util pensar em psicologia ambientalcomo uma federayao de varias areas de pesquisa ativa" (Darley & Gil-bert, 1985, p. 949). Stokols e Altman (1987) rejeitam, a nosso ver com razao,esta caracterizayao da area como a:te6rica"ja que justificam a publicayao doHandbook of Environmental Psychology pela "crescente enfase em inte-grayao te6rica e coerencia" (p. 2). Por outr~ lado, e apesar da grandediversidade de temas, verifica-se nos livros textos da area (Altman, 1975;Fisher, Bell, & Baum, 1984; Gifford, 1987; Heimstra & McFarling, 1978; Lee,1977) que um canon mfnimo de temas para a disciplina psicologia ambientaltem se desenvolvido. Gifford (1987) os organiza em processos individuais(percepyao e avaliayao do ambiente, personalidade e ambiente), processossociais (espayo pessoal, territorialidade, aglomerayao, privacidade) e proces-sos societais (comunidade, ambientes especfficos como trabalho, viagem,lazer, planejamento de ambientes apropriados, e promoyao ambien-tal/ecol6gica) .

Diante da repetida afirmayao de que a pSicologia ambiental tem suasrafzes nao apenas na psicologia tradicional, mas em muitas outras areas, taiscomo ergonomia, arquitetura, urbanismo, paisagismo, geografia social, soci-alogia urbana, biologia e climatologia, e importante salientar um dos aspectosque distingue a psicologia ambiental das suas rafzes, e que constitui um doselos entre suas vertentes: a atenyao ao lugar, i.e., a localizayao do indivfduodiante dos elementos do seu ambiente.

Considerando lugar como uma variavel antecedente central, aabordagem ambiental contesta a possibilidade de estudar os fen6menos

110 Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N21, pp. 107-122

Psicologia ambiental

psicol6gicos de maneira abstrata numa visao etie4, isto e fora do seu eontexto.

Tal visao etie, de acordo com Brislin (1980), contrap6e-se a pesquisa ernie, aqual descreve comportamento em contextos culturais especificos. Gergen(1973) fez esta critica explicitamente, quando argumentou que a psicologia(social) nao poderia ser entendida fora do seu contexto hist6rico, i.e., falandoda variavel contextual tempo. Eckensberger e Krewer (1990) chegam aargumentar que a psicologia transcultural, embora lide com a variavel lugar,nao foi suficientemente incisiva na explora/fao desta variavel, cabendo apsicologia ambiental 0 estudo da rela<;ao individuo-ambiente.

Resta colocar que 0 surgimento da psicologia ambiental na decada de1970 e comumente atribuida a um aumento de problemas ambientais e aincapacidade patente da psicologia tradicional em lidar com os mesmos.Assim, desde sua origem, ela contem uma critica impHcita a abordagem etie,ou descontextualizada do comportamento. Segundo Proshansky, Ittelson eRivlin (1970), a psicologia ambiental se diferencia das demais ciencias, devidoa prioriza/fao de uma analise da interrela/fao ativa entre 0 individuo e 0

ambiente, nao se limitando ao estudo de esHmulos e respostas (S-R). asautores apontam, ainda, quatro aspectos que dao razao a existencia dapsicologia ambiental: estuda 0 ambiente ordenado e definido pelo individuo;seus problemas cientificos estao relacionados com problemas sociais emer-gentes; e de natureza multidisciplinar; e estuda 0 individuo como parteintegrada de toda situaQao problematica.

BREVE HISTORIA DA PSICOLOGIA AMBIENTAL

A afirmaQao de Ebbinghaus (citado em Boring, 1929, p. vii), segundo aqual a 'psicologia tem um longo passado, mas apenas uma breve hist6ria'aplica-se igualmente a psicologia ambiental. Existe, entretanto, uma impor-tante variante: as raizes da psicologia ambiental sao nao apenas longas,temporalmente, mas tambem amplas, no que diz respeito a sua extensao emoutras areas do conhecimento.

Moore (1987, p. 1363) afirma que as raizes da psicologia ambiental nosEUA se localizam em mead os do seculo XIX; cita, entretanto, um estudo deFestinger, Schachter e Bach de 1950 sobre 0 desenvolvimento de grupos

4. as termos etic e emic foram introduzidos pela psicologia transcultural a partir dos termosphonetics (fonetica) e phonemics (fonemica). Enquanto a fonetica estuda os sons, semlevar em conta a pertinencia dos mesmos a uma determinada Irngua, 0 estudo dos sonsde uma Ifngua especffica resulta na identifica930 dos segmentos mfnimos distingufveisnesta, i.e., dos fonemas.

Psic.: Tear. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N"1, pp. 107-122 111

H. GOntiJer e R. J A. Rozestraten

sociais informais em funyEIOde aspectos ambientais como 0 ponto de partidaisolada da area. A psicologia ambiental comeyou a se afirmar como areadistinta de estudo a partir da decada de 1970 em varios lugares nos EUA. 0primeiro destes mencionados por Levy-Leboyer (1980) e Nova Yorque ondeIttelson e Proshansky comeyaram a estudar, desde 1958, a influencia daarquitetura hospitalar sobre a comportamento de doentes mentais. Outro lugarnos EUA citado por Levy-Leboyer e 0 Massachusetts Institute of Technology,onde Lynch e sua equipe estudaram a percepyao do espayo urbano, resul-tando na ediyao do ja classico livro The image of the city(1960/1988). No nrvelformal a psicologia ambiental surgiu nos EUA em 1967 com a criayao doprograma de doutorado na area na City University of New York sob a lideranyade Proshansky (1990). Entretanto, Altman e Christensen afirmam que "estadisciplina. focalizada em problemas, surgiu, parcial mente por intenyao, par-cialmente por acaso. nas decadas de 1960 e 1970 .... De fato, 0 primeiro Oiada Terra na primavera de 1970 galvanizou a atitude publica em volta depreocupayoes ambientais" (1990, p. 1).

Conforme Levy-Leboyer (1980), a area adquiriu status cientffico at ravesde tres publicayoes: (1) um numero especial do Journal of Social Issues (Kates& Wohlwill, 1966), (2) 0 artigo The emerging discipline of environmentalpsychology (Wohlwill, 1970) e (3) a primeira das revisoes de literatura da areano Annual Review of Psychology (Craik. '1973). Alguns dos autores doscapftulos do Handbook of environmental psychology (Stokols & Altman, 1987)que tratam da area em diversos parses, apontam, entretanto, estudos indi-viduais ainda mais antigos, ou salientam a importante contribuiyao de areasafins.

o primeiro a estudar fenomenos geo-psicol6gicos na Alemanha fa!Hellpach (citado por Kruse & Graumann. 1987) que em 19,24 introduziu 0

termo Psychologie der Umwelt (ambiente). Este autordiferenciou entre efeitosambientais de cunho geo-psicol6gico (Iuz, clima. montanhas), socio-psi-col6gico (oriundos de outros seres humanos) e cultural (instituiyoes, leis,costumes) Posteriormente. distinguiu ainda 0 ambiente tecto-psicol6gico(espayo. rn6veis. casa, rua. verculos) (citado por Kruse & Graumann, 1987:Kruse. Graumann & Lantermann, 1990).

Hagino, Mochizuki e Yamamoto (1987) salientam a longa tradiyao emse preocupar com 0 relacionamento entre ambiente e estilo de vida no Japao,citando 0 caso de desastres naturais (terremotos) e a estrutura da casajaronesa. Conforme estes autores, a relayao entre clima e indivfduo e temade um livro Watsuji em 1935, e nas decadas de 1950 e 1960 observa-se 0

Illicio de uma serie de estudos sobre ambiente e personalidade. 0 primeirolivro da area foi publicado em 1961 por Kobayashi: intitulado Introdur;ao apSicologia arquitetonica.

112 Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N21, pp. 107-122

Psicologia ambiental

Jodelet (1987) relata que os primeiros estudos da area de psicologiaambiental na Franc;:acomec;:aram a ser desenvolvidos no fim da decada de1950, "mas foram realizados principalmente pelas ciencias vizinhas a psicolo-gia" (p. 1172).

Canter e Donald (1987) semelhantemente a Jodelet, apontam estudosem areas vizinhas, como sociologia urbana, geografia comportamental, eplanejamento ambiental na decada de 1960, como insumo importante para 0

crescimento da psicologia ambiental na Gra-Bretanha.KOller (1987) fala em estudos pioneiros na decada de 1940 na Suecia.

Stringer & Kremer (1987) afirmam que, na Holanda, a area teve infcio em1962, enquanto que na Australia os primeiros estudos apareceram no infcioda decada de 1970 (Thorne & Hall, 1987).

o capftulo sobre psicologia ambiental na antiga Uniao Sovietica relataprincipalmente trabalhos realizados na Republica da Estonia, ou por profis-sionais de origem estoniana (Niit, Heidmets & Kruusvall, 1987). Esta area,como tal, comec;:ou a se estabelecer na decada de 1970 na entao URSS.

Sanchez, Wiesenfeld e Cronick (1987) apresentam uma perspectivalatino-americana da psicologia ambiental, relatando pesquisas realizadas naArgentina, Brasil, Colombia, Mexico, Republica Dominicana e Venezuela. Emtermos gerais, ela comec;:a na decada d~ 1970, sendo mais avanc;:ada noMexico e na Venezuela.

Quanto a situac;:ao da psicologia ambiental no Brasil, Sanchez et al.(1987) baseiam suas observac;:6es em entrevistas com pesquisadores do Riode Janeiro e Sao Paulo, sendo que as pesquisas assim relatadas se concen-tram em estudos sobre ambientes habitacionais. Os autores deste trabalhoestao cientes de trabalhos e/ou pesquisadores na PUC-RS, UFSC, USP-SP,USP-RP, PUC-SP, UFMG, UnB, UFPe, UFPb e UFRN, tanto·em departamen-tos de psicologia, quanto de arquitetura / urbanismo e engenharia de trans-porte. Um mapeamento confiavel, entretanto, torna-se diffcil uma vez que ostrabalhos e teses se escondem nas mais diversas areas da psicologia bemcomo outras areas tais como arquitetura, urbanismo, comunica<;ao, artes,relac;:6es publicas, propaganda e turismo. Atualmente, um levantamentodestes trabalhos esta sendo realizado, esperando-se uma resenha em futuroproximo.

CONSIDERACOES PROGRAMATICAS

Sendo a psicologia ambiental um ramo relativamente novo da psicolo-gia, e, sem duvida, uma area em descoberto no Brasil, com pouca pesquisae poucos cursos onde a disciplina figura no elenco das disciplinas, e facil

Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, NQ1, pp. 107-122 113

· H. GOnther e R. J. A. Razeslralen

afirmar que nao falta ambiente que mereya ser estudado. Assim, pretende-sefazer algumas sugestoes para a difusao da psicologia ambiental at raves doensino bern como de pesquisa na area. Vale ressaltar desde 0 infcio que,embora ensino e pesquisa sejam tratados separadamente, qualquer avan<;:ona difusao da area requer uma a<;:aocoordenada.

Constatamos que a area da psicologia ambiental e muito extensa,preocupada, especialmente, com problemas locais e especfficos. Alem domais, a preocupa<;:ao ecol6gica surgiu nos pafses do primeiro mundo, que jaatingiram urn nfvel de desenvolvimento tal, que permite 0 aparente luxe deatentar mais a preserva<;:ao do que a explora<;:iio indevida e degrada<;:iio domeio ambiente. Qual, entao, 0 rumo que a psicologia ambiental pode tomarno Brasil?

Apresentamos inicialmente algumas considera<;:oes sabre ensino cen-trado num objeto prototlpico, utilizando, a tftulo de exemplo, a cidade deBrasflia como objeto de estudo numa disciplina da psicologia ambiental. Aseguir, resumimos algumas ideias de Sommer (1990; Sommer & Wicker,1991) sobre pesquisa local e 0 uso das ciencias naturais como modele depesquisa para a psicologia ambiental.

Ensino Centrado nurn Objeto Prototfpico

Em urn artigo intitulado The mushroom curriculum: Using natural historyto teach psychology, Sommer (1989) relata uma experiencia de ensinocentrado num objeto prototfpico. Partindo"t:le comportamentos como coleta,classifica<;:ao, e uso de cogumelos, bern como percep<;:oes, estere6tipos eatitudes ace rca dos mesmos, ofereceu urn seminario introdut6rio a psicologiageral. Comenta que "0 seminario ofereceu a oportunidade de passar deexperiencia concreta para princfpios gerais de percep<;:ao, aprendizagem,psicologia social e psicologia clfnica" (p. 84). Aplicada a psicologia geral, estaabordagem tern 0 potencial de unificar uma vasta gama de informa<;:iio. Tratardos diversos temas da psicologia geral como aspectos de uma mesmarealidade permite mostrar a maneira em que os diferentes ramos da psicologiasao interrelacionados. Tal compreensao das inter-rela<;:oes muitas vezesdesaparece, quase que por necessidade, no ensino isolado das disciplinasindividuais. Desta mesma maneira, vemos a possibilidade de apresentardidaticamente a extensa variedade dos temas da psicologia ambiental,aproveitando-se duas de suas caracterfsticas: enfase no contexte e inter-re-lacionamento entre ambiente e comportamento. Num segundo passo, 0

114 Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N21, pp. 107-122

Psicologia ambiental

material aprendido pode ser generalizado para outras realidades, tarefa estaque e essencial em qualquer esfon;:o de ensino.

Como ja foi constatado, a psicologia ambiental trata de um grande lequede temas, recorrendo as mais diversas teorias e metodos. Por outro lado, hade se salientar 0 embasamento da psicologia ambiental na teoria da Gestalt,bem como sua postura ecologica, i.e., a enfase no inter-relacionamento. Eesta a dimensao da psicologia ambiental, na qual vemos a possibilidade deapresentar didaticamente a variedade de temas da area.

Temas da Psicologia Ambiental e a Cidade de Brasilia

A titulo de exemplo, utilizaremos a cidade de Brasilia como objetoprototlpico para 0 ensino de psicologia ambiental, visto que um dos autoresesta trabalhando atualmente nesta cidade: nada mais natural do queaproveitar 0 proprio ambiente.

Como outras cidades planejadas, Brasilia provoca reac;oes extremas.Goerdeler (1988) conta que Niemeyer falou "eu espero que Brasilia seja umacidade de pessoas felizes" (p. 64), mas concluiu que esta "utopia decretada"nao deu certo. No planejamento da cidade, os elementos do desenho urbanoracional (habitac;ao, trabalho, recreac;ao e cjrculac;ao) foram levados em conta,no entanto, Ficher e Acayaba afirmam que "valorizando as solur;;oes originaise criterios formais, nao foram exigidos estudos economicos, geograficos ousociologicos" (1982, p. 36). E notavel que planejadores e arquitetos, bemcomo criticos nao tenham perguntado 0 que aqueles que eventualmente iriamviver nesta cidade teriam a dizer sobre estes aspectos da qualidade de vidaem Brasilia. Assim, nao ha duvida de que a cidade oferece grande potencialpara estudos dos temas do canon da psicologia ambiental. Para este exemplo,seguimos a organizac;ao de Gifford (1987), embora os temas mencionadosconstituam apenas uma amostra.

Quanto aos processos individuais, como percepc;ao e avaliac;ao doambiente, Brasilia permite estudos prototlpicos desde percepc;ao visual eestetica (Kohlsdorf, 1985), mapeamento cognitivo e orientar;;ao na cidade, aavaliac;ao da qualidade de vida (Gunther, 1991). 0 tema personalidade eambiente inclui questoes sabre as caracteristicas do candango e do brasil-iense, mudanc;as de comportamento decorrentes de variac;oes sazonais, ouestrategias para lidar com um ambiente setorizado e estruturado para resolveras afazeres.

Para a estudo dos processos sociais (i.e., espar;;o pessoal, territoriali-dade, aglomerac;ao, privacidade) existem inumeras possibilidades de estudono Distrito Federal: a propria divisao do espac;o no DF (Ferreira, 1985),colocando atividades e grupos sociais em setores diferentes; a questao doespac;o publico, seja nos blocos das superquadras, seja n~s areas comerciais;

Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N0l, pp. 107-122 115

H. GOnther e R. J. A. Rozestraten

a questao da territorialidade nas brigas de grupos de jovens ("galeras")morando em quadras diferentes; ou 0 senso de privacidade entre moradoresdos chamados setores habitacionais individuais, habitacionais individuaisgeminados, ou de habitac;8.o conjugada.

Quanto aos temas agrupados na categoria processos societais (i.e.,comunidade, ambientes especificos como trabalho, viagem, lazer, planeja-mento de ambientes apropriados, e promoyao ambiental/ecologica), a cidadeigualmente oferece muitas oportunidades para ensino, pesquisa, e ate exten-sao. Relembrando os elementos do desenho urbano racional (habitayao,trabalho, recreayao e transporte) sugerem-se estudos sobre assuntos taiscomo: senso de comunidade nas superquadras, adequayao da habitayaopara diferentes faixas etarias (crianyas, jovens ou idosos), avaliayoes doacesso a determinados locais, bem como dos ambientes dos mesmos (e.g.locais de trabalho ou de prestayao de serviyos a populayao) e, ainda,avaliayao das oportunidades de lazer. A localizayao geografica e climatica dacidade implica numa serie de desafios ecologicos e oportunidades de estudoscomportamentais: por exemplo, os longos perfodos sem chuva com a suanecessidade de conservayao de agua e do verde, ou 0 consumo e conser-vayao de energia. 0 proprio planejamento urbano com muito espayo e areasverdes implica em desafios no que diz respeito a transporte ou manutenyao.Concluindo esta parte do trabalho, resta apenas reiterar que a lista de temasaserem pesquisados, e que podem servir como exemplos para 0 ensino depsicologia ambiental, e muito extenso.

Alguns destes temas estao sendo explorados em trabalhos praticos dadisciplina 'Psicologia Ambiental' oferecida na UnB. Outros servem comotemas de teses de mestrado (Gouveia, 1991; Nunes, 1991; Solorzano, 1991),outros sao temas de pesquisa ora em andamento sobre superquadras comovizinhanyas (Gunther, Pfeiffer & Silva, 1992) ou bicicletas como modo detransporte alternativo em Brasilia.

Quanto a possibilidade de generalizar este exemplo, acreditamos queoutras cidades, ou ate ambientes mais restritos tais como bairros, ou ate locaismais circunscritos como um campus universitario, um hospital, um shoppingpodem servir como objetos prototipicos para 0 ensino da psicologia ambiental.Entretanto, quanto mais complexo 0 ambiente prototipico, mais desafios paraatividades de ensino e pesquisa.

Non scho/ae, sed vitae discimos (aprendemos nao para a escola maspara a vida) afirmaram os romanos; criar a possibilidade de generalizar e atarefa essencial de qualquer ensino. Utilizando 0 proprio ambiente como

116 Psic.: Tear. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N°1, pp. 107-122

Psicologia ambiental

objeto prototlpico certamente encurta a distancia entre a sala de aula e arealidade extra-c1asse a ser defrontada no futuro. Mais importante, entretanto,e que a mensagem essencial da psicologia ambiental, i.e., a perspectivaecologica, seja transmit ida de maneira inequivoca, mostrando a relayaoreciproca entre individuo e meio ambiente.

Pesquisa Local

Ja afirmamos que a psicologia ambiental, ao enfatizar a variavel lugar,questiona a possibilidade de uma psicologia etie, nao contextualizada. Atentativa de desenvolver uma psicologia etie do ser humane implica numaconcentrayao em processos e fenomenos universais na especie homo sapi-ens. A abordagem emie, contextualizada, por outro lado, aceita a possibilidadede que haja variayao, pelo menos transcultural, de processos e fenomenospsicologicos. Uma das conseqOencias deste questionamento, e a de estudarvariayoes locais de um fenomeno psicologico de maneira proposital, se-melhantemente a como a biologia estuda variayoes locais da fauna ou flora.Assim, a sugestao de Sommer (1990) de seguir 0 modele da pesquisa dasciencias naturais, especificamente da biologia, se fundamenta na observayaode que historicamente, a psicologia pas$ou da fase filosofica quase quediretamente para 0 laboratorio, sem ter demorado nos estudos observacionaisde campo. 0 estudo de uma variayao local de algum fenomeno psicologiconao somente leva em conta 0 lugar como variavel importante, mas todas ascircunstancias do local e sua influencia sobre 0 fenomeno. Ao contrario deestudos no laboratorio, nos quais as variaveis ambientais sao tratadas como'contaminantes' e precisam ser 'controladas', recomenda-se especial atenyaoa estas variaveis contextuais. Isto nao quer dizer que, uma Vez isolado algumfenomeno, este nao possa ou nao deva ser estudado tambem sob ascondiyoes que so um laboratorio permite, mas simplesmente reafirma aimportancia (a) da variyao local, e (b) 0 interrelacionamento entre 0 fenomenode interesse e 0 seu contexto.

Barker (1968) usou 0 termo "behavior setting" (cenario comportamental)para descrever 0 contexte ambiental que co-determina as carateristicas deum comportamento. Da mesma maneira como Barker estudou intensivamentepequenas comunidades, Sommer (1990) sugere que a partir de estudoslocais, pode-se chegar, eventualmente, a uma generalizayao. Sub-sequentemente, Sommer & Wicker (1991) levam esta noyao do cenariocomportamental e da pesquisa local um passo a frente, quando sugerem umataxonomia para cenarios comportamentais. Usando 0 exemplo de urn postode gasolina, apresentam a seguinte classificayao: (1) Familia: posto deserviyo; (2) Genotipo: posto de gasolina; (3) SUb-genotipo: auto-serviyo; (4)

Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N21, pp. 107-122 117

H. GOnther e R. J. A. Rozestraten

Cenario comportamental: AI's Posto Chevron na esquina das ruas 6 e Chest-nut; (5) Sub-cenario: caixa registradora, bomba de gasolina (p. 135).

Desta otica, a qualidade de um determinado comportamento naosomente muda de um cenario comportamental para 0 outro, como sugereBarker, mas dentro de um determinado cenario comportamental seria possfveldeterminar variac;oes locais, que por sua vez influenciam de maneira diferen-ciada 0 comportamento do indivfduo. Esta taxonomia dos cenarios compor-tamentais permite uma melhor analise de como os elementos do ambienteinfluenciam um determinado comportamento. Verifica-se, nesta ponte, umaligac;ao para a analise de comportamento: a titulo de exemplo, lembramos,neste contexto, no nfvel teorico, 0 trabalho de Reese & Woolfenden (1973),enquanto no nfvel pratico os de Geller (1987).

As implicac;oes praticas desta abordagem para a pesquisa na area dapsicologia ambiental no Brasil resumem-se no lema ecologo agir localmentee pensar globalmente. No caso, significa realizar pesquisas sobre problemaslocais que ten ham 0 potencial de impacto benefico sobre 0 ambiente, semperder a vista de que maneira trabalhos locais se interrelacionam, tanto entresi, quanto com os de outros lugares.

REFERENCIAS

Altman, I. (1975). The environment and social behavior. Monterey, CA:Brooks Cole.

Altman, I., & Christensen, K. (Orgs.). (1990). Environment and behaviorstudies: Emergence of intellectual traditions. New York: Plenum.

Barker, R. G. (1968). Ecological psychology: Concepts and methods forstudying the environment of human behavior. Stanford, CA: Stanford UPress.

Boring, E. G. (1929). A history of experimental psychology. New York:Appleton-Century.

Brislin, R. W. (1980). Translation and content analysis of oral and writtenmaterial. Em H. C. Triandis & J. W. Berry (Eds.), Handbook ofcross-cultural psychology: Vol 2. Methodology (pp. 389-444). Boston:Allyn & Bacon.

Canter, D., & Donald, I. (1987). Environmental psychology in the UnitedKingdom. Em D. Stokols & I. Altman (Orgs.), Handbook of environmentalpsychology, Vol 2 (pp. 1281-1310). New York: Wiley.

118 Pslc.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N21, pp. 107-122

Psicologia ambiental

Craik, K. H. (1973). Environmental psychology. Annual Review of Psychology,24, 403-422.

Darley, J. M. & Gilbert, D. T. (1985). Social psychological aspects ofenvironmental psychology. Em G. Lindzey & E. Aronson (Orgs.),Handbook of social psychology, 3rd edition, Vol. 2 (pp. 949-991). NewYork: Random House.

Eckensberger, L. H., & Krewer, B. (1990). Kulturvergleich und Okopsychologie[Comparayao cultural e eco-psicologia]. Em L. Kruse, C.-F. Graumann,& E.-D. Lantermann (Orgs.). Okologische Psychologie: Ein Handbuch inSchlOsselbegriffen, (pp. 66-75). Munchen: Psychologie Verlags Union.

Ferreira, I.C.B. (1985). 0 processo de urbanizayao e a produyao do espayometropolitano de Brasilia. Em A Paviani (org.), Brasflia: ideologia erealidade. Sao Paulo: Projeto Editores Assoc.

Festinger, L., Schachter, S., & Bach, K. W. (1950). Social pressures in informalgroups. Stanford, CA: Stanford U Press.

Ficher, S., & Acayaba, M.M. (1982). Arquitetura moderna brasileira. SaoPaulo: Projeto Editores Assoc., Ltda.. \

Fisher, J. D., Bell, P. A, & Baum, A (1984). Environmental psychology, 2i! ed.New York: Holt, Rinehart and Winston.

Geller, E. S. (1987). Applied behavior analysis and environmental psychology:From strange bedfellows to a productive marriage. Em D. Stokols & I.Altman (Orgs.), Handbook of environmental psychology, Vol 1 (pp.361-388). New York: Wiley.

Gergen, K. (1973). Social psychology as history. Journal of Personality andSocial Psychology, 26, 309-320.

Gifford, R. (1987). Environmental psychology: Principals and practice. Boston:Allyn & Bacon.

Goerdeler, C. D. (1988, fev). Die verordnete Utopie [A utopia decretada].Geo-Special: Brasilien, 46-47.

Gouveia, V. V. (1991). Survey pelo correio sobre percep9ao de barulhoambiental: variaveis de tecnica e de contetJdo. Tese de Mestradonao-publicada, Universidade de Brasilia.

Gunther, H. (1991). Viver em Brasflia: um estudo empfrico. Trabalhoapresentado no 4Qseminario sobre Desenho Urbano no Brasil (SEDUR),Brasilia, UnB, abril.

Pslc.: Tear. e Pesq., Brasflia, 1993, Vol. 9, N21, pp. 107-122119

H. GOn/her e R. J. A. Razes/ra/en

GOnther, H., Pfeiffer, E. F., & Silva, A. V. (1992, out). Sensa de Comunidadeentre Moradores das Superquadras do Plano Pilato de Brasilia. Trabalhoapresentado na XXII Reuniao Anual da Sociedade Brasileira dePsicologia, Ribeirao Preto.

Hagino, G., Mochizuki, M., & Yamamoto, T. (1987). Environmental psychologyin Japan. Em D. Stokols & I. Altman (Orgs.), Handbook of environmentalpsychology, Vol2 (pp. 1155-1170). New York: Wiley.

Heimstra, N. W., & McFarling, L. H. (1978). Psicologia ambiental. Sao Paulo:EPU/EDUSP (Trabalho originalmente publicado em 1974).

Holahan, C. J. (1986). Environmental psychology. Annual Review ofPsychology, 37,381-407.

Jodelet, D. (1987). The study of people-environment relations in France. EmD. Stokols & I. Altman (Orgs.), Handbook of environmental psychology,Vol2 (pp. 1181-1193). New York: Wiley.

Kates, R. w., & Wohlwill, J F. (Eds.). (1966). Man's response to the physicalenvironment [numero especial]. The Journal of Social Issues, 22(4).

Kobayashi, S (1961). An introduction to architectural psychology. Tokio:Shokokusha.

Kohlsdorf, M.E. (1985). As imagens de Brasflia. Em A. Paviani, (Org). Brasilia:ideologia e rea lidade. Sao Paulo Projeto Editores Assoc.

Kruse, L., & Graumann. C-F. (1987). Environmental psychology in Germany.Em D. Stokols & I. Altman (Orgs.), Handbook of environmentalpsychology, Vol2 (pp. 1195-1225). New York: Wiley.

Kruse, L, Graumann, C.-F., & Lantermann, E.-D. (1990). OkologischePsychologie: Zur EinfOhrung [Psicologia ecol6gica: Uma introdu<;:ao]. EmL. Kruse, C.-F. Graumann, & E.-D. Lantermann (Orgs.). OkologischePsychologie. Ein Handbuch in SchltJsselbegriffen (pp. 1-13). MOnchen:Psychologie Verlags Union.

KOller, R. (1987). Environmental psychology from a Schwed ish perspective.Em D. Stokols & I. Altman (Orgs.), Handbook of environmentalpsychology, Vol 2 (pp 1243-1279) New York: Wiley.

Lee, T. (1977). Psicologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Zahar (trabalhooriginalmente publicado em 1976).

Levy-Leboyer, C. (1980). Psych%gle et Environnement. Paris: PressesUniversitaires de France.

120 Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N°l, pp. 107-122

Psic%gia nmbiental

Lewin, K. (1948). Action research and minority problems. Em K.Lewin,Resolving social conflicts, (G.Lewin, Org.). New York: Harper & Row.

Lewin, K. (1965). Teoria de campo em ciencias sociais. Sao Paulo: LivrariaPioneira Editora. (Trabalho originalmente publicado em 1951)

Lynch, K. (1988). A imagem da cidade. Sao Paulo, SP: Martins Fontes.(original publicado em 1960)

Moore, G. T. (1987). Environment and behavior research in North America:History, developments, and unresolved isses. Em D. Stokols & I. Altman(Orgs.), Handbook of environmental psychology, Vol 2 (pp. 1359-1410).New York: Wiley.

Niit, 1.. Heidmets, M., & Kruusvall, J. (1987). Environmental psychology in theSoviet Union. Em D. Stokols & I. Altman (Orgs.), Handbook ofenvironmental psychology, Vol 2 (pp. 1311-1335). New York: Wiley.

Nunes, M. (1991). Interferencia de variaveis ambientais na percep9ao ecomportamento do pedestre em sua OP9ao de percurso. Tese deMestrado nao-publicada, Universidade de Brasilia.

Proshansky, H. M. (1990). The pwrsuit of understanding. Em I. Altman & K.Christensen (Orgs.). Environment and behavior studies: Emergence ofintellectual traditions (pp. 9-30). New York: Plenum.

Proshansky, H. M., Ittelson, W. H., & Rivlin, L G. (1970). Environmentalpsychology: Man and his physical setting. New York Holt, Rinehart andWinston.

Reese, D. G., & Woolfenden, R. M. (1973). Behavioral analysis of everydaylife: a program for the generalization of behavioral concepts. Kalamazoo,MI: Behaviordelia.

Russel, J. A., & Ward, L. M. (1982). Environmental psychology. Annual Reviewof Psychology, 33, 651-688.

Saegert, S., & Winkel, G H. (1990). Environmental psychology. AnnualReview of Psychology, 41, 441-477.

Sanchez, E., Wiesenfeld, L & Cronick, K. (1987). Environmental psychologyfrom a Latin American perspective. Em D. Stokols & I. Altman (Orgs.),Handbook of environmental psychology, Vol 2 (pp. 1337-1357). NewYork: Wiley.

Smith, R. L. (1978). Ecology. Encyclopcedia Britannica: Macropcedia, vol 6.

Psic.: Teor. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, NQ1, pp.107-122 121

H. Gunther e R. J. A. Rozestraten

Solorzano, I. M. (1991): Padr6es de resposta e taxas de participar;ao emlevantamento de campo: aplicar;ao ao problema de rufdo urbano. Tesede Mestrado nao publicada, Universidade de Brasilia.

Sommer, R. (1977). Action research. Em D. Stokols (Org.), Perspectives onenvironment and behavior: Theory, research and application (pp.195-203). New York: Plenum.

Sommer, R. (1983). Social design: Creating buildings with people in mind.Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall.

Sommer, R. (1987). An experimental investigation of the action researchapproach. Journal of Applied Beha vioral Science, 23(2), 185-199.

Sommer, R. (1989). The mushroom curriculum: Using natural history to teachpsychology. Teaching of Psychology, 16,84-85.

Sommer, R. (1990). Local research. Journal of Social Issues, 46, 203-214.

Sommer, R., & Wicker, A. W. (1991). Gas station psychology: The case forspecialization in ecological psychology. Environment and Behavior, 23,131-149.

Stokols, D. (1978). Environment psychology. Annual Review of Psychology,29, 253-295.

Stokols, D., & Altman, I. (eds.). (1987). Handbook of environmentalpsychology, 2 vols. New York: Wiley.

Stringer, P., & Kremer, A. (1987). Environmental psychology in theNetherlands. Em D Stokols & I. Altman (Orgs.), Handbook ofenvironmental psychology, Vol2 (pp. 1227-1241). New York: Wiley.

Thorne, R., & Hall, R. (1987). Environmental psychology in Australia. Em D.Stokols & I. Altman (eds.), Handbook of environmental psychology, Vol2(pp. 1137-1153). New York: Wiley.

Wapner, S. (1987). A holistic, developmental, systems-oriented environmentalpsychology. Em D. Stokols & Altman (Eds.), Handbook of environmentalpsychology, Vol 2 (pp. 1433-1465). New York: Wiley.

Wohlwill, J. F (1970). The emerging discipline of environmental psychology.American Psychologist, 25, 303-312.

Recebido em 30.06.92Aceito em 27.11.92

122 Psic.: Tear. e Pesq., Brasilia, 1993, Vol. 9, N°1, pp. 107-122