Protestos por direitos e mudanças param o...

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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 22 – N o 84 – julho de 2013 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical Os delegados vão deliberar sobre formas de luta para emplacar a Pauta Trabalhista, sugerir mudanças na economia e propor mais investimentos na saúde e educação Protestos por direitos e mudanças param o Brasil As manifestações unitárias de 11 de julho, organizadas pelas Centrais Sindicais por direitos e reforma econômica, mostraram ao governo federal que acabou a paciência dos trabalhadores. Sem negociação, será deflagrada uma paralisação nacional no dia 30 de agosto Jaélcio Santana Manter e ampliar direitos, mais empregos e cidadania Págs. 3 a 7 Iugo Koyama Págs. 8 a 11 No 6 o Congresso o foco foi o Trabalho Decente

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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 22 – No 84 – julho de 2013 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

Os delegados vão deliberar sobreformas de luta para emplacar a Pauta Trabalhista, sugerirmudanças na economia e propor mais investimentos na saúde e educação

Protestos por direitos e mudanças param o BrasilAs manifestações unitárias de 11 de julho, organizadas pelas Centrais Sindicais por direitose reforma econômica, mostraram ao governo federal que acabou a paciência dos trabalhadores.Sem negociação, será deflagrada uma paralisação nacional no dia 30 de agosto

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www.fsindical.org.brdia nacional de lutaeditorial

Julho, mês de lutas

Protestos das Centrais param o País

DIRETORIA EXECUTIVA:

Melquíades Araújo, Miguel Eduardo Torres, Antonio de S. Ramalho,

Eunice Cabral, Almir Munhóz, João B. Inocentini, Paulo Ferrari,

Levi Fernandes Pinto, Abraão Lincoln, Luiz Carlos Pedreira,

Wilmar G. Santos, Terezinho Martins, Ivandro Moreira,

Maria Augusta S. Marques, Sérgio Luis Leite (Serginho),

Valclécia Trindade, Edson Geraldo Garcia, Francisco Sales,

Miguel Padilha, Minervino Ferreira, Herbert Passos,

Nilton S. Silva (Neco), Antonio Vítor, Mônica O. Lourenço Veloso,

Geraldino S. Silva, Oscar Gonçalves, Carlos R. Malaquias,

Antonio Farias, Luciano M. Lourenço, Nelson Silva de Souza,

Ari Alano, Cícero Firmino (Martinha), Cídia Fabiane C. Santos,

José Pereira, Arnaldo Gonçalves, Elvira Berwian Graebin,

Paulo Zanetti, João Peres Fuentes, Cláudio Magrão,

Maria Auxiliadora, Maria Susicléia, Jeferson Tiego,

Francisca Lea, Gleides Sodré Almazan, Vilma Pardinho,

Adalberto Galvão, Maria Rosângela Lopes, Ruth Coelho,

Raimundo Nonato, Severino Augusto da Silva, José Lião,

Lourival F. Melo, Mara Valéria Giangiullio, Neusa Barbosa,

Evandro Vargas dos Santos, Reinaldo Rosa, Antonio Silvan,

Defendente F. Thomazoni, Valdir Lucas Pereira, Carlos Lacerda,

Antonio Johann, Ezequiel Nascimento, Elmo Silvério Lescio,

Leodegário da Cruz Filho, Daniel Vicente, Manoel Xavier,

Walzenir Oliveira Falcão, Valdir Pereira, Mauro Cava,

Milton Batista (Cavalo), Núncio Mannala,

Luis Carlos Silva Barbosa, Moacyr Firmino dos Santos

AssEssORIA POlíTICA:

Antonio Rogério Magri, Hugo Perez,

João Guilherme Vargas, Marcos Perioto

DIRETOR RESPONSáVEL: João C. Gonçalves (Juruna)

JORNALISTA RESPONSáVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Jonas de lima

REDAçãO: Dalva Ueharo e Val Gomes

REVISãO: Edson Baptista Colete

ASSISTENTES: Fábio Casseb e Rodrigo lico

expediente

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS(pRESIDENTES)

AC – Luiz Anute dos Santos; Al – Albegemar Casimiro Costa;AM – Vicente de Lima Filizzola; AP – Moisés Rivaldo Pereira;

BA – Nair Goulart; CE – Raimundo Nonato Gomes; DF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos);

Es – Alexandro Martins Costa; GO – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão);

MG – Luis Carlos de Miranda Faria;Ms – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza;

PA – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton A. de Araújo;PE – Aldo Amaral de Araújo; PI – Vanderley C. Bento;

PR – Nelson Silva Souza; RJ – Francisco Dal Prá;RN – José Antonio de Souza;

RO – Francisco de Assis Pinto Rodrigues; RR – José Nilton Pereira da Silva;

Rs – Cláudio Renato Guimarães Silva (Janta); sP – Danilo Pereira da Silva; sC – Osvaldo Olavo

Mafra; sE – Willian Roberto Cardoso Arditti; TO – Carlos Augusto Melo de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL Em BRASÍLIA:

SCS (Setor Comercial Sul) – Quadra 02 – Ed. Jamel Cecílio3o andar – Sala 303 – ASA Sul – 70302-905

Fax: (61) 3037-4349 – Telefone: (61) 3202-0074

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORçA SINDICAL

Rua Rocha Pombo, 94 – liberdade – CEP 01525-010Fone: (11) 3348-9000 – s. Paulo/sP – Brasil

FUNDADOR: Luiz Antonio de Medeiros

PREsIDENTE: Paulo Pereira da Silva (Paulinho)

sECRETÁRIO-GERAl: João Carlos Gonçalves (Juruna)

TEsOUREIRO: Luiz Carlos Motta

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O mês de julho tem sido generoso para a luta dos trabalhadores. A Força

Sindical, as demais Centrais Sindicais, os movimentos po-pulares e estudantis acabam de promover o ‘Dia Nacional de Luta’, que envolveu milhões de trabalhadores nos 26 Estados do País e no Distrito Federal.

O nosso objetivo foi pressio-nar o governo federal a receber o movimento sindical para ne-gociar a Pauta Trabalhista, prin-cipalmente o fim do Fator Previ-denciário, a redução da jornada de trabalho, sem redução sala-rial, e a extinção do projeto de lei que amplia a terceirização.

Cobramos do governo federal, também, o combate sistemáti-co à inflação, e que promova a redução dos juros. Dos depu-tados e senadores, queremos que aprovem os projetos que tratam dos direitos trabalhistas.

Exercer pressão para avançar

O dia 11 de julho marcou uma das maiores mobilizações da história do Brasil. Greves e passeatas foram realizadas, houve inúmeras e massivas manifestações de protesto nas capitais e grandes cidades. Rodovias federais e estradas estaduais sofreram bloqueios. Por isto, entendemos que o dia de protesto superou as nossas expectativas, porque foi uni-tário, teve amplitude nacional e angariou a simpatia dos tra-

balhadores e da população. Demos um prazo ao governo: se continuar nos enrolando, va-mos fazer paralisação nacional no dia 30 de agosto.

Congresso

De 24 a 26 de julho, a Central vai passar por um dos momen-tos mais importantes de sua atuação na cena política nacio-nal. Trata-se do 7º Congresso Nacional da Força Sindical, que será realizado na Praia Grande, na Baixada Santista.

Os cerca de 3.500 delega-dos, que estarão presentes ao evento, vão defender a promo-ção de um desenvolvimento nacional, com soberania e va-lorização do trabalho. Vão tirar resoluções e definir formas de luta para garantir e ampliar di-reitos, gerar empregos e pro-mover a cidadania.

paulo pereira da Silva (paulinho)

Presidente da Força Sindical

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As mulheres vão fazer intenso barulho no 7o Congres-so Nacional da Força Sindical caso os dirigentes

façam pouco caso de nossas reivindicações. Exigimos o cumprimento do estatuto que determina que, do total de dirigentes da instância nacional, 30% das vagas têm de ser destinados às mulheres. Do total da cota para as mulheres, 50% deverão ser de cargos titulares. Não queremos mais ser subs.

Como nos Congressos Estaduais esta cota não foi obedecida, vamos exigir que, nos próximos quatro anos, as instâncias nos Estados cumpram o estatuto. Outro objetivo: queremos que a Central apro-ve uma resolução determinando dotação orçamentária para a Secretaria Nacional da Mulher. O objetivo é que ela tenha re-cursos financeiros, técnicos e de pessoal para organizar as mulheres nos Estados.

Em paralelo com o recorte de gênero, defendemos que todos, homens e mulheres, têm de brigar pelos pleitos como a licença-maternidade de 180 dias nas empresas privadas, o projeto de lei sobre a igualdade de gênero e a batalha para acabar com a violência doméstica.

Vejam: nas manifestações do dia 11 de julho não havia nenhuma reivindicação referente à questão de

gênero na pauta de reivindicações. É um absurdo, é um exemplo claro de descaso, de machismo e de falta de compromisso com esta luta, que é de todos.

Na prática, este cenário é uma vergo-nha para nós, da Força Sindical. Ainda não entendemos a importância da participação da mulher na luta política e sindical. Por isto, as companheiras têm de pressionar o movimento sindical para que assuma como suas as nossas bandeiras de lutas.

Maria Auxiliadora dos Santos, secretária Nac. de Políticas para a Mulher

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O 11 de julho ultrapassou as expectativasdas Centrais Sindicais, porque asmanifestações foram unitárias e atingiramos 26 Estados do País e o Distrito Federal.O governo foi o principal alvo dos protestos por se recusar a negociar aPauta Trabalhista. Se mantiver a postura,paralisação nacional será deflagrada dia 30 de agosto.

O dia de lutas mobilizou milhões de trabalhadores no País, que pararam trechos de cerca de 50 rodovias estaduais e federais. Na avenida Paulista, Paulinho da Força disse que houve paralisações em indústrias, portos, e os ônibus de algumas cidades não circularam.Fo

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Organizado pela Força Sin-dical e demais Centrais Sindicais, o 11 de julho

foi marcado por greves, mani-festações e passeatas em 26 Estados do País e no Distrito Federal. Foi um momento histó-rico na luta dos trabalhadores. A unidade do movimento sindical mobilizou milhões de pessoas em torno da Pauta Trabalhista. Entre outras reivindicações, o documento unitário inclui rei-vindicações como a redução da jornada de trabalho, sem o cor-te nos salários, a revogação do Fator Previdenciário e a rejeição do Projeto de Lei 4330, que am-plia as terceirizações.

Balanço dos dirigentes da For- ça Sindical, CTB, CUT, Nova Cen-tral, UGT, CGTB, CSB e Conlutas mostra que o ‘Dia Nacional de Luta’, com greves e mobilizações, teve a participação de metalúr-gicos, químicos, têxteis, costu-reiras, motoboys, comerciários, servidores públicos, frentistas, brinquedos, padeiros, vigilan-tes, estivadores, portuários, tra-balhadores da alimentação e da construção civil, aposentados, bancários e motoristas de ôni-bus, entre outras categorias.

GrevesAs manifestações começaram no dia 10,

com a greve dos estivadores de Santos. Engrossaram ainda o movimento os por-tuários de Porto Alegre e Imbituba (RS), Paranaguá (PR) e São Francisco do Sul (SC). Já na madrugada do dia 11 houve

paralisações nas indústrias, no comércio, passeatas e bloqueios de rodovias. No Es-tado de São Paulo, sindicalistas ligados à Força Sindical e às outras Centrais para-ram indústrias localizadas nas regiões Sul, Norte, Oeste e Leste da Capital, e também empresas do interior.

Houve 35 atos em grandes avenidas,

pAUTA TrAbAlhiSTA• Fim do Fator previdenciário;

• Jornada de 40 horas semanais, sem redução salarial;

• Fim do projeto de Lei 4330, que amplia a terceirização;

• Reajuste digno para os aposentados;

• mais investimentos em saúde, educação e segurança;

• Transporte público de qualidade;

• Reforma Agrária;

• Fim dos leilões do petróleo;

• Igualdade de oportunidades entre homens e mulheres.

como Radial Leste e Salim Fa-rah Maluf e nas rodovias Presi-dente Dutra, Anchieta, Ayrton Senna e Cônego Domênico Rangone, na Baixada Santista. As marginais Tietê e Pinheiros, na Capital, foram bloquedas. Apesar de o transporte públi-co ter funcionado na Capital paulista, a cidade viveu um dia de feriado.

rodovias Cerca de 50 rodovias esta-

duais e federais de 18 Estados foram bloqueadas pelos mani-festantes. Pararam a BR 101 (es-pecialmente na Bahia, Paraíba, Sergipe e Santa Catarina) e Ré-gis Bittencourt (BR 116). Mili-tantes do Movimento Passe Livre e dos Trabalhadores Sem Teto também participaram dos bloqueios de rodovias. O MST promoveu atos no interior do Brasil. Em alguns municípios, como Porto Alegre, o transpor-te público parou e as ruas prin-cipais da cidade ficaram vazias.

Segundo o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, o movimento pretende ser recebido pelo go-verno federal para negociar a

Pauta Trabalhista. “Não vamos mais tolerar protelações sobre a Agenda da Classe Tra-balhadora, em especial em relação à Pauta Trabalhista”, ameaçou Paulinho. “Os protes-tos mostraram que é urgente e inadiável a implementação da Pauta Trabalhista”, com-pletou o secretário-geral da Força-Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.

Um dia depois das ma-nifestações do dia 11,

as Centrais Sindicais re-velaram que vão realizar o ‘Dia Nacional de Parali-sação em todo o País’, no dia 30 de agosto, caso o governo federal mante-

Trabalhadores prometem greve para 30 de agostonha a posição de se recusar a negociar a Pauta Trabalhista com o movimento sindical.

“Vamos dar um prazo para o governo cumprir a pauta de reivindicações ou abrir negociações efetivas. Com os atos do dia 11 de julho,

ganhamos mais condições de negociar com o governo”, declarou Paulo Pereira da Sil-va, o Paulinho, presidente da Força Sindical.

Também ficou decidido que, em 6 de agosto, as Cen-trais farão atos em frente as

sedes de entidades em-presariais nos 26 Estados do País, e em Brasília, contra o Projeto de Lei 4330, que amplia a ter-ceirização. O projeto está em tramitação no Con-gresso Nacional.

Interior de São Paulo adereà LuTA NACIONALNo interior do Estado de São Paulo, os

trabalhadores aderiram ao ‘Dia Na-cional de Luta’ com greves, manifes-

tações e passeatas. Em Campinas, cerca de 1.500 pessoas se concentraram no cen-tro da cidade, realizaram ato e saíram em passeata. Segundo o coordenador da For-ça Sindical Estadual na região, Paulo Ritz, foi a primeira vez na cidade que as Centrais organizaram ato unificado.

Em Sorocaba, Carlos Alberto dos San-tos, o Carlão, diretor da Força Sindical da região, foi o responsável pela coordenação do ato, em parceria com o presidente do Sindicato dos Comerciários da cidade, Rui Queiroz de Amorim.

A Força Regional de Barretos e o Sindica-to das Indústrias de Alimentação do Municí-pio promoveram greves e paralisações. Em Piracicaba, os ônibus não circularam.

Fânio Luis Gomes, diretor da Regional da Força-Piracicaba, observou que os trabalha-dores deram um recado ao Congresso Na-cional e ao governo federal: “Queremos ser atendidos pelo governo”.

Em Tupã, a manifestação das Centrais foi realizada no centro da cidade, e teve a ade-são dos Sindicatos dos Comerciários, dos Bancários, dos Metalúrgicos, da Alimenta-ção, dos Rurais, da Saúde, dos Movimenta-dores de Mercadorias, da Construção Civil, dos Transportes, dos Ferroviários e do Sindi-cato Nacional dos Aposentados da Central.

Amauri Mortágua, presidente do Sinco-merciários, disse que ali estavam repre-sentadas as esperanças de toda a classe trabalhadora da região. Em Marília, o ato foi coordenado pelo diretor regional da Central, Irton Siqueira Torres, com o apoio das de-mais Centrais e a participação de Maurílio Pereira Alvin, diretor da Força Estadual.

Em São José do Rio Preto, a passeata foi na avenida Alberto Andaló, e o ato final de concentração foi em frente ao prédio da Prefeitura, disse o diretor da Regional da Força, Eurides da Silva.

As manifestações em Botucatu levaram ao fechamento do comércio e das empresas da construção civil à tarde, revelou o presi-dente do Sincomerciários do município, Car-los Negrisoli. Em Rio Claro, trabalhadores da Tigre e aposentados fizeram manifestações no distrito industrial do município.

Também houve protestos nas cidades de Bauru, Guaratinguetá, Itatiba, Jundiaí, Lore-na, Pindamonhangaba, Salto, São Carlos, São João da Boa Vista e Ribeirão Preto.

A manifestação em Tupã foi realizada no centro da cidade O Dia Nacional de Luta em Ribeirão Preto parou indústrias

Metalúrgicos de Santo André reforçaram a luta por direitos

Trabalhadores pararam a Usina Energética São José, em Barretos

Em Piracicaba, trabalhadores fizeram greve e passeata

Na manifestação em Guaíra, enfermeiros pediram 30 horas já

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Protestos sacodem Sul e SudesteO ‘Dia Nacional de Luta’ pela Pauta

Trabalhista teve grande adesão nas cinco regiões do País, conforme

avaliação das instâncias estaduais da For-ça Sindical e das demais Centrais. Milha-res de trabalhadores cruzaram os braços, promoveram manifestações de protesto, saíram em passeata e rodovias federais e estaduais que cortam os Estados fo-ram bloqueadas. Porém, o 11 de julho foi tranquilo.

No Rio de Janeiro, cerca de 100 mil pessoas tomaram a avenida Rio Branco, da Candelária à Cinelândia, no centro da cidade. “Foi a maior manifestação unitária em apoio à Pauta Trabalhista no Estado do Rio de Janeiro”, informou o presidente da Força Sindical-RJ, Fran-cisco Dal Prá. Além da Central, o ato teve a participação da CUT, UGT, NCST,

CTB, CGTB e Conlutas. Muitas agências bancárias não abriram as portas.

Minas GeraisO metrô de Belo Horizonte parou e as

escolas públicas, agências bancárias e hospitais tiveram os serviços comprometi-dos na Capital e no interior. Os aeroviários

fecharam a LMG-800, perto da entrada do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH.

Avenidas, como a Afonso Pena, foram bloqueadas, e a Assembleia Legislativa foi ocupada por cerca de mil pessoas.

região SulNo Rio Grande do Sul, Santa Cataria

e Paraná trechos das rodovias federais que cortam a região (como as BRs 101 e 116), além das estradas estaduais, fo-ram bloqueados pelos manifestantes. A Região Metropolitana de Porto Alegre amanheceu sem transporte coletivo, e mais de um milhão de passageiros dei-xaram de ser transportados.

A Capital teve um dia de feriado. O Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí organizou um acampamento em frente

a garagem da Sogil, informou o diretor da entidade, Valcir Ascari, o Quebra-Molas.

Santa CatarinaEm Florianópolis, servidores públicos

municipais ocuparam de manhã uma pis-ta da ponte Pedro Ivo Campos. Foram in-terrompidas, total ou parcialmente, as au-

las nas escolas municipais e estaduais, além dos serviços nos hospitais, postos de saúde e bancos. Também houve gre-ves e manifestações em Joinville, Itajaí, Blumenau, Chapecó. Imbituba e Laguna. Integrantes do Via Campesina e do Movi-mento dos Trabalhadores Rurais interdi-taram trechos de rodovias.

paranáO dia de greves e mobilizações tam-

bém parou o Paraná, mobilizando 20 mil trabalhadores da Volvo, Renault, Volkswa-gen, Jtekt, CNH e Bosch, entre outras. Os metalúrgicos da Volkswagen, PIC e Brose, Jtekt, em São José dos Pinhais, interdita-ram a BR-376. Os trabalhadores da Volvo fecharam as duas pistas e as duas margi-nais do Contorno Sul. Os empregados da Renault bloquearam a BR-277.

M ilhares de trabalhadores baianos, de diversas categorias, e representantes de diversos movi-

mentos sociais, participaram, no dia 11, em Salvador e no interior do Estado, do ‘Dia Nacional de Luta’. Eles reivindicaram a redução da jornada de trabalho, sem o corte nos salários, a revogação do Fator Previdenciário e extinção do projeto de lei que amplia a terceirização, contou a presidenta da Força Sindical-BA, Nair Goulart.

As Centrais Sindicais bloquearam o porto de Sua-pe, em Recife-PE, onde trabalham 75 mil pessoas, re-velou o presidente da Força Sindical-PE, Aldo Amaral. Os trabalhadores de Sergipe também foram às ruas,

Atos pressionam pela pauta Trabalhista indignados com a situação de abandono vivenciada pelo trabalhador brasileiro, afirmou o vice-presidente da Central-SE, Alexandre Delmond.

De acordo com a secretária de Assuntos Sindicais da Fetivest-CE (vestuário, têxteis, couro e calçados), Alvina Nobre, o governo não pode mais fazer pouco caso das reivindicações dos trabalhadores.

Goiás/Mato Grosso do SulA Força Sindical-GO promoveu manifestação em

Catalão com 10 mil trabalhadores, no que foi classifi-cado como o maior ato público do Estado. Os traba-

lhadores ocuparam a BR 050, observou o presidente da Central, Rodrigo Alves Carvelo, o Rodrigão.

Mais de 20 mil trabalhadores promoveram mani-festação e passeata em Campo Grande, atendendo ao chamado das Centrais Sindicais. “Agora só nos resta esperar que os governantes atendam às nos-sas reivindicações”, afirmou o presidente da Central--MS, Idelmar da Mota Lima. Também fizeram parali-sações e passeatas os trabalhadores do Amazonas, Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Brasília: serviços públicos gratuitos e de qualidade

As Centrais bloquearam o Porto de Suape, em Recife

Mobilização em Belo Horizonte parou escolas, bancos e avenidas

Janta: a capital teve um dia de feriado

Os trabalhadores de Florianópolis interditaram uma pista da ponte Pedro Ivo Campos Diretoria da Força Sindical comandou os protestos em SalvadorEm Catalão, 10 mil trabalhadores participaram dos protestos

Metalúrgicos da Volks, Brose, Jtket e Audi marcham na BR 376

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Garantir direitos, empregoe cidadania são prioridadesOs cerca de 3.500 dele-

gados, que estarão pre-sentes no 7º Congresso

Nacional da Força Sindical, vão eleger a nova diretoria para os próximos quatro anos e deba-ter a ‘Agenda da Classe Traba-lhadora’. O documento aponta para um desenvolvimento na-cional com soberania e valori-zação do trabalho. De 24 a 26 de julho deste ano, na Praia Grande, Baixada Santista, eles vão elaborar resoluções e defi-nir formas de lutas para garan-tir e ampliar direitos, gerar em-pregos e promover a cidadania.

“Vamos brigar muito para manter os direitos já conquista-dos”, promete o vice-presidente da Força, Miguel Torres. Outro

objetivo do 7º Congresso será propor mudanças na política econômica, de forma a fazer o Estado operar como o indutor do desenvolvimento do País.

Na prática, busca-se uma política econômica capaz de priorizar o investimento produ-tivo, de destinar mais recursos para a saúde, educação, segu-rança pública, saneamento, habitação popular e mobilida-de urbana, entre outros te-mas. A nova economia preci-sará ainda ampliar o mercado interno, aumentar salários e melhorar substancialmente a distribuição de renda. Outras reivindicações fundamentais: derrubar o Projeto de Lei 4330, que trata da terceirização, re-

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A Força Sindical defende o desenvolvimento nacional com soberania, valorização do trabalho e distribuição de renda

vogar o Fator Previdenciário, aprovar a jornada de 40 horas, com a manutenção do salário, e fazer a reforma agrária.

Balanço organizativo

Desde o 6o Congresso, de 2009, a Força Sindical cres-ceu substancialmente, saltan-do de 1.109 sindicatos filiados para 1.696, total verificado em janeiro de 2013, o que corres-ponde a um aumento de 53%. Motivos: participação ativa nas lutas dos trabalhadores e nas negociações com o governo e patrões, defesa da estrutura sindical, promoção da unidade na luta, atuação marcante do presidente da Central, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,

como deputado federal no Con-gresso Nacional, e a afirmação da Força como uma entidade democrática e pluripartidária.

Mas há espaço para cres-cer, até porque a Força Sindical constitui-se numa Central cujo poder de organização concentra--se no Sudeste do País, além do que 30% dos sindicatos de trabalhadores no País não são filiados a nenhuma entidade. A Central precisa ainda ampliar a democracia interna, planejar e controlar as atividades dos dife-rentes níveis de direção, reforçar a organização vertical da Central, as Estaduais e os Secretariados por ramo econômico e promo-ver a formação sindical, entre outras ações urgentes.

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Miguel: “Medidas do governo não trouxeram os resultados esperados”

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Para a diretoria executiva da Força Sindical, os tra-balhadores precisam lu-

tar para fazer o Estado voltar a investir no desenvolvimento do País, com valorização do trabalho, e aplicar mais recur-sos no setor produtivo, para superar os gargalos de infra-estrutura. O modelo permitirá ainda ampliar o mercado inter-no e intensificar a produção de recursos naturais e agrícolas, caminho adequado para con-ferir autonomia e dinamismo à economia brasileira.

Com isto, busca-se intensifi-

Entre as muitas tarefas ina- diáveis para os trabalhado-res, destaca-se a mudança

do atual modelo econômico por um outro que priorize o desen-volvimento do País, em detri-mento dos interesses do sis-tema financeiro e do rentismo, com defensores importantes na sociedade, no governo e na sua base aliada.

A disputa sobre a orientação da política econômica pode ge-rar muita luta, porém o modelo proposto pelos representantes

Estado deve ser o indutor do desenvolvimento

Mudar o modelo econômico para o País crescer

car a geração de emprego, me-lhorar a distribuição de renda e aumentar a oferta de serviços públicos de qualidade, como segurança, mobilidade social, saúde, educação, saneamento, habitação popular e urbaniza-ção, entre outros. “O objetivo é superar a negligência históri-ca no trato com estes temas, assim como dar mais efetivi-dade às políticas sociais — por exemplo, assistência social e renda mínima”, avalia o secretá-rio de Relações Internacionais, Nilton Souza da Silva, o Neco. ”Precisamos, também, alavan-

A negociação coletiva é um instrumento essencial da ação sindical na luta por aumento salarial,

melhores condições de trabalho e mais emprego. Por isto, as Centrais Sindicais e o Dieese iniciaram a VIII Jornada Nacional de Debates em 10 Estados e no Distrito Federal.

Resultado do receituário neoliberal, em que as fun-ções do Estado são mínimas diante de um mercado que tudo pode em relação à economia, a crise econô-mica e social nas economias centrais não dá sinais de arrefecimento.

Demonstra o fracasso das reformas neoliberais, espe-cialmente a desestatização, privatizações, liberdade de movimentação de capitais, flexibilização da legislação trabalhista e a precarização das relações de trabalho.

Os países que adotaram o ‘Estado mínimo’ ainda apresentam baixas taxas de crescimento, aumento da vulnerabilidade externa, maior concentração de renda e riqueza e centralização dos capitais em be-nefício do setor financeiro.

Ao contrário, os países que abandonaram o re-ceituário neoliberal foram aqueles que alcançaram o maior êxito nas suas estratégias de desenvolvi-mento econômico e social. Um exemplo clássico é o Brasil, que, apesar dos problemas, ainda mantém taxa positiva de crescimento econômico, do empre-go e uma leve elevação da renda.

persiste a crise nas economias centrais

dos trabalhadores tende a esti-mular o investimento do setor produtivo privado, sem o qual a recuperação econômica vai con-tinuar patinando e o emprego não vai decolar. “E a renda da população ficará estagnada”, afir-ma o diretor financeiro da Força Sindical e presidente da Feco-merciários, Luiz Carlos Motta.

Segundo ele, a conjuntura colabora com a manutenção do processo de corte na taxa básica de juros (Selic), a fim de buscar convergência com as taxas inter-

nacionais e promover a desvalo-rização competitiva do câmbio. Para tanto, é vital desmobilizar o circuito da especulação financei-ra, incentivar a poupança inter-na e reduzir as provisões para o

pagamento da dívida pública, o que implica reduzir as metas de superávit primário.

Além disso, o governo preci-sa atuar subordinando as políti-cas fiscal e monetária ao pleno emprego, aceitar os represen-tantes das Centrais Sindicais no Conselho Monetário Nacio-nal (CMN) e no Comitê de Po-lítica Monetária, e pôr o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) a serviço do investimento produtivo. Ou-tras providências: intensificar a integração regional via Mer-cosul e fazer a reforma tributá-ria, reduzindo o imposto sobre o consumo e aumentando sua incidência sobre a propriedade, lucros, grande capital, grandes fortunas e heranças.

car o processo de inovação tecnológica, vital para a com-petitividade do produto nacio-nal”, completa.

Na prática, o movimento sindical passou a interferir no debate estratégico sobre os rumos do desenvolvimento brasileiro como resposta às crises econômica, política e ambiental. Foi então que as Centrais Sindicais organiza-ram a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, (Con-clat), no Estádio do Pacaem-bu, em junho de 2010. Ao final do encontro, os cerca de 40 mil trabalhadores aprovaram a ‘Agenda da Classe Trabalhado-ra’, um amplo documento que propõe um projeto nacional de desenvolvimento para o País, com soberania e valorização do trabalho.

SocialAs conquistas obtidas ao

longo dos últimos anos mos-tram que é necessário com-binar crescimento econômico com desenvolvimento social, como contraponto à atual po-lítica econômica, atrelada aos interesses do sistema finan-ceiro e dos rentistas.

Para se ter uma ideia da di-mensão do problema, o gover-

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Neco: dar mais efetividade às políticas sociais

Motta: sem investimento produtivo, o emprego não vai decolar

Seguro-Desemprego + Abono Salarial, Taxa de Desemprego

Região metropolitana – (janeiro a julho de 1997 a 2011)

no federal gastou, em 2012, R$ 155 bilhões com o paga-mento de juros da dívida in-terna, o que corresponde a 3,2% do Produto Interno Bru-to (PIB) do mesmo ano. Este valor corresponde ao dobro do gasto com a saúde pública e ao triplo dos recursos desti-nados à educação. “O triste é que, nem mesmo as vitórias de Lula em duas eleições, e da atual presidenta, Dilma Rousseff, foram capazes de criar um projeto de desenvol-vimento econômico voltado para os interesses dos traba-lhadores e da população em geral”, reclama o dirigente.

Deve-se levar em conside-ração que a manutenção da taxa básica de juros eleva-dos prejudicou o crescimento econômico, porque restringiu o crédito, elevou a dívida pú-blica e pressionou o câmbio, que permanece valorizado, prejudicando as empresas e o mercado de trabalho. Neco re-lembra a gritaria produzida pe-los bancos, rentistas e certos setores empresariais do setor industrial diante da redução da taxa Selic. A economia vai ser consumida pela inflação, e as famílias vão sofrer com o endi-vidamento e a inadimplência.

Capitaneada pela Confede-ração Nacional da Indústria (CNI), o sistema financeiro e os empresários da indústria e comércio passaram a inten-sificar a atuação política para reformar a legislação traba-lhista, e, assim, cortar direitos dos empregados sob o falso argumento de que os direitos sociais e os reajustes salariais acima da inflação reduzem a competitividade internacional da indústria brasileira.Fo

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A Força Sindical aponta para a necessidade de os re-presentantes dos traba-

lhadores participarem das ins-tâncias de decisão do governo, de forma a interferir decisiva-mente na elaboração das polí-ticas públicas como forma de-mocrática de gestão. Apesar de existir, hoje, fóruns, conselhos e comissões criados para tratar dos assuntos de interesse dos trabalhadores e da sociedade, praticamente todos não dei-xam espaço para a participação efetiva dos dirigentes sindicais.

Na visão do secretário de Re-lações Sindicais da Força Sindi-cal, Geraldino dos Santos Silva, mudanças importantes ocorre-ram nas condições econômicas

Quando o movimento sin- dical elaborou de forma unitária a Pauta Traba-

lhista, já previa que a luta não seria fácil, e que as conquistas só viriam com muita pressão popular, exercida pelos empre-gados e suas entidades sindi-cais. Um resumo da ‘Agenda da Classe Trabalhadora’, a Pau-ta inclui as principais bandeiras unitárias do sindicalismo por um projeto de desenvolvimen-to democrático para o Brasil.

Entre outras, destacam-se a redução da jornada de traba-lho, sem o corte nos salários; o fim do Fator Previdenciário; a valorização permanente das

Participar das decisões sobre políticas públicas

Exercer pressão para emplacar aPauta Trabalhista

e sociais do País nos últimos anos, porém há muito o que avançar. O governo promoveu, é claro, redução do desempre-go, houve melhora dos salários, aumentou a formalização da mão de obra e a extensão da assistência social do Estado às camadas mais pobres do povo.

aposentadorias e pensões; a correção da tabela do Impos-to de Renda retido na fonte; a ratificação da Convenção 158 (que trata da demissão imoti-vada) e da Convenção 151 (que garante a negociação coletiva

Mas foi a luta dos trabalha-dores, com os seus Sindicatos e Centrais Sindicais, que alcan-çou a política de recuperação do poder de compra do salário mínimo. Nas campanhas sala-riais, os Sindicatos garantiram aumentos reais de salários e a ampliação de benefícios es-tabelecidos em acordos e con-venções coletivas.

Nos dois mandatos do pre-sidente Lula, trabalhadores e governo ampliaram e intensifi-caram o diálogo social no âm-bito das relações de trabalho. As Centrais Sindicais foram regulamentadas e instalou-se amplas negociações demo-cráticas entre trabalhadores e governo, que culminou com a

dos servidores públicos); a regulamentação da terceiri-zação; contra a discriminação das mulheres, negros e jovens no mercado de trabalho; refor-ma agrária e fortalecimento da agricultura familiar.

Na opinião da presidenta do Sindicato das Costureiras de São Paulo, Eunice Cabral, o movimento sindical precisa atuar no Parlamento e nas ne-gociações com as empresas e sindicatos patronais. Quanto aos políticos, os trabalhadores devem pressioná-los para que aprovem leis que garantam os direitos pleiteados. Em outra frente de luta, o movimento sindical tem de encaminhar as reivindicações junto às empre-sas e as suas entidades para

elaboração da Pauta Trabalhista. Já a presidenta Dilma Roussef, infelizmente, não deu passos significativos para ampliar o diá- logo com os representantes dos trabalhadores. “Ela prefere receber as entidades empresa-riais do que as Centrais Sindi-cais”, observa Geraldino.

Mesmo com os avanços al-cançados no governo Lula, é importante destacar que pou-co se avançou no campo de novas conquistas dos trabalha-dores. À exceção das recentes alterações verificadas na legis-lação específica do trabalho do-méstico, nenhuma medida de ampliação de direitos e garan-tias aos trabalhadores foi incor-porada à CLT nos 10 anos de governo Lula e Dilma.

“Isto mostra que o governo e o Congresso Nacional têm se mostrado refratários às deman-das trabalhistas, e que só va-mos avançar com organização e muita luta”, diz o secretário.

conquistar direitos a serem ga-rantidos nos acordos e conven-ções coletivas de trabalho. “A luta pela Pauta Trabalhista deu à Força Sindical um protago-nismo importante, pois soube-mos articular a luta de massas com a pressão exercida sobre o governo e o Congresso Na-cional”, lembra a dirigente.

Segundo Eunice, qualquer projeto de desenvolvimento democrático deve incorporar as reivindicações trabalhistas e sindicais. Por isto a Força Sindical, e as demais Cen-trais Sindicais, elaboraram a ‘Agenda da Classe Trabalha-dora’, que propõe um projeto nacional de desenvolvimento para o País, com soberania e valorização do trabalho.

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Geraldino: houve mudanças, mas há muito o que avançar

Eunice: atuar no parlamento e negociar com empresas e sindicatos patronais

Cabe aos trabalhadores e a seus representantes sindi-cais pressionar o governo

a adotar medidas capazes de estancar o processo de desin-dustrialização do Brasil, como a redução dos juros, a adoção de uma taxa de câmbio que aumente a competitividade do produto nacional e a ampliação da oferta de crédito.

Na verdade, a redução da taxa de juros atendeu parcialmente às reivindi-cações dos empregados e dos empresá-rios. Caiu de 12,25% para 7,25%, mas já subiu para 8% em maio.

Desde 2011, com o ‘Seminário Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego’, a Força Sindical, a CUT e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) têm apresentado propostas consensuais em torno do desenvolvimento e da políti-ca industrial. Como resultado, foram reali-zados grandes atos públicos, por meio da ação de unidade entre as Centrais Sindi-cais reconhecidas e organizações dos em-

Estancar o processo de desindustrialização

presários, como a Abimaq e as federações de indústrias de outros Estados. “Porém, até o momento, as medidas adotadas pelo governo não trouxeram os resultados es-perados”, reclama o 1º secretário da For-ça Sindical, Sérgio Luís Leite, o Serginho.

“Para muitos analistas as propostas têm o objetivo de apenas evitar o desaquecimen-to mais acentuado da economia”, comple-ta. Tanto que, em 2012, a produção indus-trial caiu 2,7%, e nada indica que haverá uma reação substancial.

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A Central fez manifestações

defendendo juros baixos,

taxa de câmbio equilibrada e mais crédito

para aquecer a indústria

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Nair: unidade determinou o protagonismo dos trabalhadores

Avançar na unidade dos trabalhadoresUm dos elementos positi-

vos no atual cenário sin-dical brasileiro é a unidade

conquistada pelos trabalhado-res, que têm se manifestado em ações de massa conjuntas das Centrais Sindicais. Como resultado, houve um grande avanço nas lutas trabalhistas, que, talvez, não encontra exem-plo similar no mundo. Mas de-bilidades precisam ser supe-radas, especialmente quando o movimento sindical tenta coordenar ações unitárias nas regiões, nos Estados e entre categorias profissionais.

A presidenta da Força Sindi-cal-BA, Nair Goulart, acredita que os trabalhadores podem

avançar nas lutas unitárias, principalmente na organização das campanhas salariais, na realização de atos unificados do 1º de Maio e na solidarieda-de dos trabalhadores em luta, como na recente greve nacio-nal dos portuários.

A seu ver, a experiência da unidade das Centrais brasi-leiras foi fundamental para afirmar o protagonismo dos trabalhadores na atual conjun-tura, seja formulando propos-tas para a superação da crise econômica, no final de 2008, seja na deflagração das lutas e na conquista de reivindicações.

Com a participação das Cen-trais Sindicais, os trabalhado-

res promoveram as marchas para Brasília. A 7ª Marcha, realizada em março passado, demonstrou uma forte unida-de popular. Em junho de 2010, as entidades nacionais reali-zaram a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Con-

clat), que aprovou a ‘Agenda da Classe Trabalhadora”, docu-mento que propõe um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho.

As Centrais também tive-ram participação destacada na Conferência Nacional do Emprego e Trabalho Decente, em 2012, nas negociações da Mesa Nacional da Constru-ção, no estabelecimento do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Indústria da Cons-trução e na participação em diversos conselhos, grupos de trabalho e órgãos de repre-sentação tripartite.

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Serginho: “Vamos brigar muito para manter os direitos já conquistados”

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Decisão da assembleia deve ser soberanaA Força Sindical, Confede-

rações, Federações e Sindicatos filiados pre-

cisam atuar firme e permanen-temente em defesa das fontes de financiamentos da estrutura sindical. Assim, a direção na-cional da Central propõe que a assembleia que vai deliberar sobre contribuições tem de ser representativa e precedida de ampla divulgação.

Além disto, tem de ser aber-ta aos sócios. O valor da contri-buição deve ser definido com base na razoabilidade; precisa garantir ao trabalhador o direi-

to à oposição ao desconto da contribuição.

Segundo o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçal-ves, o Juruna, a solução pode ser por meio da regulamenta-ção da Contribuição Confede-rativa (prevista na Constitui-ção) ou de uma lei que institua a Contribuição Negocial em substituição às atuais taxas.

Confederativa “Nestes anos, a Central vem

atuando com o objetivo de con-seguir a revogação da Súmula 666 e do Precedente Normativo

119. Defendemos que as assem-bleias dos Sindicatos devem ser soberanas, e que todos os traba-lhadores devem contribuir para a manutenção da sua entidade,

porque os direitos e garantias consagrados nas convenções coletivas de trabalho são exten-sivos aos sócios e não-sócios”, declara Juruna.

Para o secretário-geral, o mo-vimento sindical convive com inúmeros obstáculos impos-tos ao pleno exercício da liber-dade e autonomia sindicais, previstas na Constituição de 2008. A principal ameaça à or-ganização dos trabalhadores é a interferência de setores do Ministério Público e do Judi-ciário nas eleições sindicais e contra o direito de greve, o Interdito Proibitório e a resis-tência patronal à representa-ção sindical – com garantia de estabilidade no emprego – nos locais de trabalho. “É crescen-te a judicialização dos conflitos trabalhistas, observa Juruna.

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Juruna: o trabalhador deve contribuir para manter seu Sindicato

Recuperar o PROTAGONISMOdo Ministério do TrabalhoA Força Sindical exige do

governo federal o for-talecimento do Minis-

tério do Trabalho e Emprego (MTE), para desempenhar me-lhor suas funções administra-tivas e de fiscalização nas con-dições de trabalho. “O MTE precisa de recursos financei-ros para as funções de fisca-lização nos locais de trabalho e de mediador entre capital e trabalho”, sugere o vice-presi-dente da Central, Melquíades de Araújo.

“Defendemos a realização de concursos públicos para ampliação dos cargos de audi-tor fiscal”, acrescenta. Segundo Araújo, com o sucateamento do Ministério tem ocorrido uma

“canibalização” das relações de trabalho nas empresas, com a ocorrência de precariza-ção, informalidade e aumento dos acidentes de trabalho, es-pecialmente nos setores sem cobertura sindical.

O Ministério perdeu prer-rogativas importantes nos

últimos anos. No governo Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, a Casa perdeu o poder de determinar seu orça-mento, passando a submetê-lo ao Ministério do Planeja-mento. Por causa disto, com o tempo, houve seguidos cortes no orçamento, promovidos pelos governos Lula e Dilma, nas áreas de intermediação de mão de obra e qualificação profissional, atualmente redu-zidas a parcela ínfima do que já foram no passado.

A Fundacentro precisa vol-tar a ser relevante na área de saúde e segurança do trabalho, e o Conselho do FAT deve de-terminar seu orçamento, hoje submetido ao Ministério do

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Araújo: o Ministério precisa de dinheiro para fiscalizar

Planejamento, para garantir mais investimento em inter-mediação de mão de obra e qualificação profissional.

O MTE e o movimento sin-dical tiveram pouca participa-ção no Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), que está alocado no Ministério da Edu-cação. Não foi o MTE, mas as Centrais Sindicais, que frustra-ram a tentativa de transferên-cia do registro sindical do setor público, assim como a regula-mentação da Convenção 151 (direito à negociação coletiva dos funcionários públicos) para o Ministério do Planeja-mento. Na Mesa Nacional da Construção, as negociações tipicamente trabalhistas foram negociadas pela Secretaria--Geral da Presidência da Repú-blica, e não pelo MTE.

Matérias produzidas tendo como referência o caderno ‘Temas para o Debate’, documento-base para o 7º Congresso, elaborado pela diretoria da Força Sindical.

Investimento produtivo gerapostos de trabalhoEntre outras tarefas, os delega-

dos presentes ao 7º Congres-so da Força Sindical terão de

debater e aprovar resoluções para nortear as ações da Central nas negociações sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a geração de emprego.

Os dados mais recentes so-bre a evolução da economia e da criação de postos de trabalho já são preocupantes, na opinião do presidente do Sindicato dos Tra-balhadores da Construção Civil de São Paulo, Antônio Ramalho. “Com o fraco crescimento da economia do País nos últimos meses, a indústria chega ao ní-vel mais baixo desde o período da crise financeira mundial, que começou no fim de 2008”, frisa o sindicalista.

Citando dados do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ramalho disse que o em-prego na indústria brasileira caiu 0,5% em comparação com abril, o que corresponde ao recuo mais intenso desde dezembro de 2009.

Para a Força Sindical, o País vai crescer se o governo priorizar o in-vestimento produtivo em detrimen-to da especulação financeira. O presidente do Sindicato entende que o governo precisa, além dis-so, baixar a inflação, reduzir juros e melhorar a renda e as aposenta-dorias no País, a fim de aumentar o consumo popular.

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Ramalho: investir na produção em detrimento à especulação financeira

Pôr em prática o acordo firmadocom a OIT

Ainda de acordo com o IBGE, na comparação com o mesmo pe-ríodo do ano passado, o total de pessoas ocupadas na indústria re-cuou 0,7%. No índice acumulado para os cinco primeiros meses do ano, o total do pessoal ocupado na indústria recuou 0,8%.

SetoresDos 18 setores pesquisados,

nove apresentaram redução da atividade em maio, se comparada a abril.

Destaques negativos: calça-dos e couro (-6,5%); máquinas e equipamentos (-3,3%); outros pro-dutos da indústria de transforma-ção (-4,4%); máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunica-ções (-3,5%); vestuário (-2,5%) e minerais não-metálicos (-2,2%).

Os setores que cresceram fo-ram: alimentos e bebidas (2,4%); borracha e plástico (2,7%); meios de transporte (0,7%); e produtos químicos (1,1%).

Cabe ao movimento sindical pressionar o go-verno para promover o encaminhamento da Agenda do Trabalho Decente, de acordo com

o compromisso firmado, em 2003, entre Luiz Iná-cio Lula da Silva, na época presidente do Brasil, e o então diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia.

O País se comprometeu a atuar firmemente na geração de emprego de qualidade, nas microfinan-ças e na empregabilidade dos jovens, na extensão do sistema de seguridade social para todos, no for-talecimento do tripartismo e do diálogo social, e no combate ao trabalho infantil, à exploração sexual de crianças e adolescentes, ao trabalho forçado e à discriminação no emprego.

Segundo a secretária de Direitos Humanos da For-ça Sindical, Ruth Coelho Monteiro, o desenvolvimen-to de ações relativas à Agenda do Trabalho Decente foi lançado há mais de uma década, porém suas premissas ainda são atuais porque o Brasil precisa investir na geração de empregos de qualidade, na extensão da proteção social e no respeito aos princí-pios e direitos fundamentais do trabalho – liberdade de organização sindical, reco-nhecimento da negociação coletiva, eliminação do tra-balho forçado e obrigatório, abolição efetiva do trabalho infantil e eliminação da dis-criminação no emprego e ocupação.

“O combate à pobreza e às desigualdades sociais deve ser resultado da geração de empregos de qualidade conforme o conceito do trabalho decente da OIT”, frisa Ruth, ao acrescentar que ainda há restrições ao diálogo social no Brasil.

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Ruth: pressionar o governo pelo Trabalho Decente

16 jornal da força sindical — no 84

memória sindical

O objetivo é desatar os nós de atraso, arraigados na política nacional, como o

Fator Previdenciário e a históri-ca luta pela redução da jornada de trabalho.

Fundada em seu 1º Congres-so Nacional, em março de 1991, em São Paulo, a Força Sindical surgiu como uma instituição de-mocrática e pluralista, defensora da livre negociação e da liberda-de e autonomia sindicais. Nesse Congresso, o metalúrgico Luiz Antônio de Medeiros foi eleito o presidente da Central, sendo re-eleito no segundo e no terceiro Congressos, em 1993 e 1997.

Durante todo o tempo em que foi presidente, Medeiros, com sua diretoria, enfrentou sérios desafios referentes à fra-gilização das relações de traba-lho e emprego.

Os planos econômicos Collor I (março de 1990) e Collor II (ja-neiro de 1991) aprofundaram a recessão e elevaram o desem-prego a taxas altíssimas, levando o movimento sindical a assumir

uma postura de resistência ao fe-chamento de milhares de postos de trabalho e à perda de direitos.

Para lidar com isto, a Força Sindical comandou movimentos pela correção da tabela do Im-posto de Renda da pessoa física e pela criação da Lei que instituiu a Participação nos Lucros ou Re-sultados (PLR). E, durante o go-verno Itamar Franco, encampou uma batalha contra as perdas de valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), cau-sadas pelo Plano Collor.

Em 1999 Medeiros se licen-ciou da Presidência da Força Sindical, antes do fim de sua terceira gestão, para trilhar seu caminho como deputado fede-ral. O novo presidente da Cen-tral traria novos ares para todo o sindicalismo brasileiro. Inicial-mente substituto de Medeiros, o metalúrgico Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, tornou-se pre-sidente eleito da Central em seu 4º Congresso, em 2001.

O mote daquele Congresso tinha tudo a ver com o perfil ar-

*Carolina Maria Ruy é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

O debate sobre a liberdade e autonomia sindicais, desenvolvimento, justiça social e trabalho decente

pautaram os seis congressos já realizados pela Força Sindical. Como desdobramento destes temas, o 7º Congresso da Central apresenta um programa que reconhece o crescimento vivido pelo país, mas

enfatiza a necessidade de avançar mais

rojado, dinâmico e comprome-tido com a classe trabalhadora de Paulinho: “Um novo projeto para o Brasil – desenvolvimento econômico com distribuição de renda e justiça social”.

Intrinsecamente ligados ao momento que o País vivia, os temas do desenvolvimento e da justiça social sintetizavam uma agenda que pautou a Força Sindical no 4º e também no 5º Congresso, realizado em 2005 com o mote “Distribuir renda é fortalecer o Brasil”.

Em julho de 2009, o 6º Con-gresso Nacional da Força Sindi-cal contou com a participação de 2.528 delegados, elegeu uma direção amplamente repre-sentativa, tendo à frente o pre-sidente Paulo Pereira da Silva, e aprovou o documento “Toda Força Pelo Trabalho Decente”.

Em um contexto de reações à crise financeira internacio-nal de 2008, o documento atualizou o ideário da Central sobre temas como emprego, desenvolvimento sustentável e democracia participativa, e ressaltou os riscos do progra-ma neoliberal, apresentando propostas como o reforço da unidade de ação entre as Cen-trais Sindicais.

Segundo pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioe-conômicos), em relação ao 1º Congresso, em 1991, o 6º Con-gresso apresentou um cresci-mento de 41% no número de congressistas e de 17% no nú-mero de entidades.

Desenvolvimento, justiça social e trabalho decente

por: Carolina maria Ruy*

Diretoria eleita no 1º Congresso Nacional da Força Sindical, realizado em São Paulo, no dia 8 de março de 1991