Protestos & Pretextos

58

description

 

Transcript of Protestos & Pretextos

Page 1: Protestos & Pretextos
Page 2: Protestos & Pretextos
Page 3: Protestos & Pretextos

P asseio por entre pastas infestadas de textos, restos, trechos. Não sei ao certo se são protestos, pretextos, caprichos, relaxos, se têm destaque ou são desleixo.

Talvez sejam manifestos incompletos que não confirmem nem contestem ou somente testes em anexo, que não prestam, sem contexto. Remexo em prosas presas, confinadas em listas de repasse. Um esgoto eletrônico de trecos e trastes... de fósseis que não fosse a fossa informática, da minha vida não fariam parte. Pois no tempo que tenho pra fazer o que gosto, estou limpando a caixa, dando baixa num monte de lixo e, por isso, cada vez mais longe da minha arte.

Portanto, reforço sempre que tenho chance, meu desgosto frente ao desgaste dos laços que se criam a partir dos falsos conceitos e medidas advindas desta cibernáutica avalanche (maremoto)... da síntese, da aglutinação das ferramentas catalisadoras do capital num “ENTER”, num instante (remoto).

Velocidade não é pressa, crédito não é confiança, finanças não pagam a liberdade, valores não têm preço, informação nem sempre é conhecimento, tempo não é prazo e tamanho não é documento. E o invento, onde de fato cresço, se mostra cada vez mais consumido, copiado, capitalizado e corrompido... escasso de idéias mas de cifrões espesso.

O excesso tende a nos esgotar. As novas tecnologias não

conduzem ao avanço, ao contrário, trazem a sensação de

Page 4: Protestos & Pretextos

estarmos eternamente aquém. A falta não caracteriza-se a partir daquilo que não temos, mas sim da necessidade de obtermos sempre mais do mesmo. Uma falsa evolução se formata à medida em que nos tornamos cada vez mais dependentes de um futuro em concordata.

Meu protesto não propõe o desapego aos avançados

mecanismos de comunicação e conhecimento e suas diversas possibilidades, mas destaca a forma desigual, exagerada e caótica como estas se apresentam dentro da nova realidade.

Na fronteira cibernética entre reais falsários e falsos mitos, superficiais relações nos trancafiam em digitais vitrines e virtuais apoteóticos ritos.

Face este fosso de farsas, frente ao sucesso das cifras e ao fracasso da grande massa, acho uma brecha em meio ao cansaço e racho meu frasco de frases no espaço. Esboço minha revolta e volto ao escopo. Incho meu prefácio, encho um copo de rimas sem culpa e, em cima da poesia fluente, arremesso aqui minha catapulta de ingredientes:

Este livro contém litros de letras e palavras livres. Não

contém glúten, apenas conservantes, que se propõem a reter o eterno prazer pela escrita, o amor a leitura e, acima de tudo, de um jeito franco, a conservação do artista e seu papel: amassado, rasgado mas nunca, jamais em branco.

Page 5: Protestos & Pretextos

Dedico este livro a minha filha Luiza, que neste colo de pai leigo, de modo meigo, aterrissa.

Page 6: Protestos & Pretextos

RAP DO DESC INTOPE (MC BILL & MC GATES)

LINKS BUNERS E CHATS DE MONTÃO REDE DE COMPUTADORES OU UM IMENSO ARRASTÃO? NAVEGANDO, NAVEGANDO UM DIA DÁ PRA PESCAR QUE O ANZOL DO TIO WINDOWS TÁ DOIDO PRA TE FISGAR TE FISGAR TE FISGAR TE FISGAR A SOLIDÃO ESTÁ EXTINTA? A IMPRESSÃO É VIRTUAL! PARA QUE PAPEL? EX – CARTA PRA QUE BIC? EX – TINTA SE O CORREIO é NO ATO SE O CORREIO é DIGITAL SE UM E – MAIL SEMPRE PINTA USA - JAPÃO – NEPAL DO NEPAL DO NEPAL

Page 7: Protestos & Pretextos

... 1200 PIXELS VALEM MAIS QUE 1 PINCEéL? NÃO SEI TALVEZ PERGUNTA PRO PICASSO LÁ DA BOCA DA INTEL DA INTEL DA INTEL O SEXO? QUE SACANAGEM! O RALA SE TRANSFORMOU SEM MORDIDA NEM ARRANHÃO é A UMA TELA E DUAS MÃOS PRA TRANSAR PELA TOMADA PRA GOZAR MASTURBAÇÃO

TURBAÇÃO TURBAÇÃO ...

Page 8: Protestos & Pretextos

TUDO OUT, TUDO OUT O MEU PROVEDOR NUM ACESSA O BLACKOUT SE INSTALOU PACIÊNCIA, VÔ SEM PRESSA SE A RUA É PERIGOSA O DATENA TE MOSTROU SEM HORROR, SAPIÊNCIA VAI PRO BAILE E NÃO STRESSA

EXTERNETE, EXTERNETE O FUTURO TE ATRASOU O PRESENTE TE ACESSA E O PASSADO JÁ FICOU

JÁ FICOU JÁ FICOU

Page 9: Protestos & Pretextos

UM

PiXeL

PiNTa

+

q

UM

PiNCéL

?

Page 10: Protestos & Pretextos

robôs aterrisSam em marte bolsaS decolaM CÉDULAS

Cientistas embolsam alto

foguetes projetam doleiros

Pincéis desenham o espaço Pintores SORRIEM NAS TELAS

“Computadores fazem arte

artistas fazem dinheiro”

Page 11: Protestos & Pretextos

Pirateando vidas in vitro

aos litros aos montes

Vitrine de clones

de réplicas de mídias de fontes

Recorte de idéias

são plágios reverbes e samples

Forasteiros outistas em offertas online

se consomem

Os humanos se copiam em meio às máquinas As máquinas se procriam em meio aos homens

Page 12: Protestos & Pretextos

Aparelhos as orelhas me aporrinham sirenes – apitos – campainhas Ruídos que alertam mas não alentam a inquietude da Idade Mídia da medíocre idade do excesso – do sucesso fácil

Algo toca em meu bolso e me lembra que o êxito só existe

se o revestimento eletrônico me contempla com a mescla de silício e saliência

com o misto de distância e onipresença

ONTEM ÓCIO___HOJE VÍCIO___AMANHÃ FÓSSIL

É assim: sem procurar conheço

Na mesma velocidade que descubro, esqueço... de mim

...TRIM ...TRIM ...TRIM !

Page 13: Protestos & Pretextos

COMBINA ASSIM sem bina é melhor

pois sem dor posso desmarcar

ao invés de sem dó

o seu tel reconhecer e o meu cel desligar

Page 14: Protestos & Pretextos

T E L E - A M A R

(tã nã) - (tã nã nã) - (tã nã nã) . . . chamada a cobrar . . .

Alô! Bem? Preciso dizer, o tempo passou, a ficha me c a i u

Amor inda tem, cartão cabô! Por isso, ouça bem: Eu te a . . . (tu) - (tu) - (tu) - (tu) . . . mô?

Page 15: Protestos & Pretextos

A

ERÓTICA

Está POR UM FIO

. . .

pelA

fechadura eletrônica

agora espio

Page 16: Protestos & Pretextos

O PIOR EGO É AQUELE QUE SÓ SE VÊ O MUNDO É VOYEUR O AMOR É CEGO E VOCÊ?

Page 17: Protestos & Pretextos

ORIGEN

OMA

GENÉTICA ESP

HERANÇA

C L O N A G E M IMÃ GEN OU SEMEN LHANÇA

Page 18: Protestos & Pretextos
Page 19: Protestos & Pretextos

TORRESGEMEMM

AASS

AS

Page 20: Protestos & Pretextos

C H E C K !

FORCA, 7 LETRAS: HUSSEIN

DO BURACO PRAS ALTURAS... HOSANA!

C A B U M !

AFEGANISTÃO... POR ONDE ANDARÁ

VOVÔ OSAMA?

M A Y D A Y !

ABORTEMOS A MISSÃO! GEORGE BUSH NÃO USAMA!

C R A S H !

A BOLSA ESTOUROU. TIO SAM AVISA:

NASCEU BARACK OBAMA!

C O M E O N ! NÃO PERCA A NOVA TEMPORADA DE:

MINHA POBRE FAMÍLIA AMERICANA 2009 - 2017

Page 21: Protestos & Pretextos

- ACREDITAS EM AMOR À PRIMEIRA VISTA?

Indaga o vice-presidente

- CREIO EM SEGUNDAS INTENÇÕES!

Engasga a primeira-ministra

Page 22: Protestos & Pretextos

na dúvida v ide bula

na dív ida negue gula

na dádiva div ida não minta cumpra

nem sempre compre

não suma nunca

tão só me sinto

sem dó me tranco com pó me tr inco

sejamos francos estamos fracos

ou

mais famintos?

Page 23: Protestos & Pretextos

o mundo consome às cegas pra depois morrer de fome

quem tem nega

quem num tem some

se correr o bicho pega se ficar o rico come

Page 24: Protestos & Pretextos

figas não me afagam

pés de coelho mancam

ferraduras pesam

as cruzes me matam

amuleto é a muleta do covarde

da coragem é a meta

talismã não é imã pra sorte

os trevos só me trazem trevas

e crucifixos, no alto ou no peito,

não me livram do efeito da morte

Page 25: Protestos & Pretextos

AANNTTEESS QQUUEE EELLEE MMOORRRRAA

EENNFFAADDOONNHHOO

NNÃÃOO CCOORRRRAA AATTRRÁÁSS

MMAASS SSIIMM ÀÀ FFRREENNTTEE

DDOO SSEEUU SSOONNHHOO

Page 26: Protestos & Pretextos

a premissa de uma vida depressa

causa depressão à beça

nem a sublime sensação do sono nem a benção da missa

consolam a síndrome da pressa

que na preguiça se disfarça no enguiço se esconde

e só na morte cessa

Page 27: Protestos & Pretextos
Page 28: Protestos & Pretextos

E sta obra não trata apenas do dilema tecnológico e da individualização do homem capitalista, dito “moderno”, mas também de tudo de belo que se vê lá fora. Fora botões e atalhos, fora tantos

“offices”, fora gravatas e ternos. Fora as campainhas assanhadas que clamam por companhias... tão apressadas pra confabular sobre as angústias de se trabalhar tanto tempo que o passatempo passa e já é hora de voltar.

“Time is money”. Eis que vivemos, como disse Leminski: “entre a pressa e a preguiça”. Quem tem pressa fatura e o preguiçoso enguiça. Entre um ferrugem aqui, outro ali, minhas engrenagens se lubrificam a tempo de retornar. Só que agora sem pressa. Quero curtir à beça o sabor da preguiça e das novas crias que no meu colo aterrissam.

De volta ao verdadeiro ofício, inberno acordado, fugido do

rebuliço, celular desligado. Poemas de artifícios explodem no derradeiro instante em que a bolsa estoura. Não a de valores, mas sim a bolsa onde guardo meus amores. Chegou a hora! De voltar a versar, de rimar, de remar noutro oceano. Rumar de volta ao bom e velho ramo, de escrever... tudo que sinto, penso e tenho a dizer. Aquilo que crio, naquilo que creio. Dosando o freio dessa vida veloz e pro-criando idéias na velocidade da luz.

Nos loucomotivos que me inspiram ou nas desculpas que te esperam, este é meu recreio, meu retiro,

minha varanda e meu capuz.

Eis os meus pretextos. Nem tão sucintos, talvez distintos, porém sinceros.

Page 29: Protestos & Pretextos

Não tenho a cura, por isso fujo sem sair do lugar. Não me entrego. Cego quando bem quero e enxergo o que bem rimar (mirar). Foco o que convém e o que com defeito vem, troco. No concreto, quebro a cabeça e construo uma nova. No conserto, cada caco é uma prova de que estou vivo e sobrevivo, sobretudo, das vigas, dos versos, das rimas, no prumo da prosa.

Page 30: Protestos & Pretextos

meus poemas planam como plumas

pegue algumas e transforme em penas !

cole pelo corpo e alce um longo vôo !

trace uma outra rota e rume a um novo tema !

Page 31: Protestos & Pretextos

O poeta às margens borda A poesia beira O poeta projeta barragens A poesia transborda

Page 32: Protestos & Pretextos

ELE SAIU – O SOL SUBIU.

NA DECIDA, LADEIRA, SORRIU.

O CÉU ENTÃO SE DESCOBRIU...

NA INDECISA NUVEM PASSAGEIRA DE ABRIL.

ANIS NO CÉU DA BOCA

E SOBRE A TÔCA, ABA DO BONÉ, UM VÉU ANIL.

A LESTE, TUDO AZUL!

ACIMA, UM VELUDO CELESTE SE ABRIU.

DE RÉ O TEMPO PASSA

E NA RAMPA, AINDA A PÉ, BENTO ASSOBIA UM GIL.

TEM VENTO NA VISTA E

NA CRISTA, COM GEL, UM TOPETE EM FORMA DE TIL.

SEU LENTO CAMINHAR

SOBRE O TAPETE DE ASFALTO, DESPISTA.

PARECE EVITAR O SOPÉ MAS, ENFIM, SE RENDE

À PISTA.

RENTE AOS CARROS, BENTO AGORA CORRE.

A PREGUIÇA PERDEU PRA PRESSA

E AQUELE CÉU, ENORME, EMBAÇA.

BRISA VIROU FUMAÇA E NÃO DEMORA, SUA SOMBRA CESSA.

É POR ESSAS E OUTRAS QUE

QUANDO DESCE, BENTO PENSA:

─ QUE MAIS VALE A “ALVORADA LÁ NO MORRO, QUE BELEZA”...

DO QUE A TRISTEZA CINZA

DA CIDADE EM BRASA... TENSA.

Page 33: Protestos & Pretextos

Urbanos

Na rua, no asfalto, Interatividade social, Intenso contato: Visual, corporal, intelectual. Um barato, pra muitos, essencial. Perambulando com aparatos, Cidadãos e seus destinos tribais. Em si, reconstituindo fatos, Há também os solitários em trajetos individuais, Constituindo a urbana nata de relatos. Encontros habituais ou casuais E a geração de polêmicos boatos. Fazendo entrelaçarem-se sábios e boçais, Populares e chatos, conservadores, anarquistas, radicais. Sexta à noite, um cheio prato. Bate-papos envolventes são tradicionais. A saideira! Pedem os satisfeitos num ultimato. Inquestionável pedido, sempre tem muito mais, A maioria pede bis, ninguém se dá por farto. Bares e esquinas, os mais populares locais E suas incríveis situações que nos deixam gratos. Gloriosas ocasiões, rotineiras e acidentais. Suspiros, amores, sustos e infartos. Euforia e melancolia, velórios e carnavais.

Page 34: Protestos & Pretextos

As famosas rodas e os chamados “ratos”. Veteranas reuniões, diárias, semanais. Sempre bem-vindos, surgem viris os novatos, Introduzidos a rotina dos boêmios imortais. Contrastando-se em discussões, flertes e tratos. Viagens rotineiras conduzem-nos pelos sinais, Outdoors, propagandas e retratos. Imponentes ônibus e linhas regionais Levando sonhos pros quatro cantos, Transportando vidas e idéias geniais. A cultura urbana revelando encantos. Transeuntes mesclam-se em estilos plurais. Os chamativos com diversos artefatos, Unidos aos modestos, com meros aventais, Geram a eclética união dos eternos pedestres

... inatos.

Page 35: Protestos & Pretextos

platônico

placenta invisível entre o tato e o intocável

tônico desafino entre o ditongo e o hiato

distância incontável entre a ânsia e o inalcançável

a fantasia e o fato, a prova e o improvável

Page 36: Protestos & Pretextos

O PRANTO PODE SAIR DE BATE-PRONTO COMO PODE O PRANTO CAIR TODO PARA DENTRO

VIR SOZINHO NUM CANTO CALMO, QUIETO E VAZIO OU CHEIO, EM MEIO AO CENTRO NERVOSO DO RIO

O PRANTO APRESSADO SOLUÇA O PREGUIÇOSO BOCEJA PODE SER CONTIDO COM UM COPO D’ÁGUA OU DESABAR COM UNS DEZ DE CERVEJA

O PRANTO PODE IR DO BRANCO PRO VERMELHO PODE SER PRETO DE SOMBRA NO OLHO

SER A PRAZO SE MUITO PRESO E LONGO QUANDO DE FATO SOLTO

O PRANTO PODE VIR DE TANTO RIR COMO TAMBÉM PODE VIR DE UM INSULTO PODE SER LIMPO SE MUITO ESCORRER ASSIM COMO SECO PELO TEMPO...

O PRANTO PODE SER

Page 37: Protestos & Pretextos

Ariscos haikais arriscam dizer que nem todo rabisco é poesia

nem toda rima é rica e que você, pobre poeta,

acha que versa mas desconversa quando tenta

convencer

Page 38: Protestos & Pretextos

A poesia concreta é a fotografia histérica das palavras

Page 39: Protestos & Pretextos

a palavra

que não dança me cansa

de tanto que fala se não mexe

não alcança

parada não me toca imóvel

não balança

palavras sapateiam

o homem...

descansa

Page 40: Protestos & Pretextos

q u e é, o q u e é ?

h a i k a i

e m

p é

e e s c o r r e d i t a d o . . .

Page 41: Protestos & Pretextos

O REVÉS DO INVÉS É ELE MESMO OU É O INVERSO DO VERSO DE SI ?

. . .

O QUE SOBRA SOBRE A METADE DO

DOBRO DA DOBRA ?

Page 42: Protestos & Pretextos

AROMÁTICO CÁLIDO CORADO VÍVIDO HISTÉRICO FALANTE PORTÁTIL VERSÁTIL MÓBIL ITINERANTE MUTANTE HÁBIL VIVO

FÉTIDOGÉLIDOPÁLIDO

MÓRBIDOAPÁTICOCALADO

ESTÁTICOESTÉREOPARADO

INERTEIMPOTENTE

TRAVADO

MORTO

CARNE

CERNE

C O R P O

- - - - - - - - - - - -

SEMI

Page 43: Protestos & Pretextos

COM OLHOS DE RAIO – X IN VEJO O OUT ISTA

QUEM DERA TIVESSE UM MUNDO SÓ MEU

ONDE ENTRASSE SÓ QUEM EU QUISESSE

E QUE EU SAÍSSE QUANDO BEM ENTENDESSE

Page 44: Protestos & Pretextos

desnudádiva penetrafega umedecedaí orgasmipega

o sexonosso

alimentolado na bocarnuda

da mulhereção

homembro querendorfina

aguentarado como phode

gozaranzando

porraí gemidolatro

seu corpotente

agarrobustos seiostentam

peitorneados sodomamilos

salivagueio

na lambuceta sussurrasgando

cocharmosas

beijorrante que ejaculateja na linguardada

labiosfera

semenfim exaustomado em seu dorsonífero durmortal

Page 45: Protestos & Pretextos

UM RUBRO ENVOLVE MEU OLHOS,

CHORO.

PINGO COLÍRIO NAS BORDAS,

DESCOLORE.

DESCUBRO NO ALVO

QUE O MOLHO VERMELHO AINDA E

S

C

O

R

R

E

POR DENTRO

NO CANTO DO PEITO.

Page 46: Protestos & Pretextos

S

O

R

R

I

R

É

A

M

E

L

H

O

R

V

I

A

U M A V A I A P R A F Ú I A

U M A V A I A P R A R A

U M A V A I A P R A A I V A

Page 47: Protestos & Pretextos

O elOgiO é a Orgia nO egO

Page 48: Protestos & Pretextos

F U G I D E U M T E T O

M A S M A N T E N H O O T I C O - T I C O

B R I G U E I C O M C E R T O S C A S O S

M A S P R O P O N H O U N S N A M O R I C O S

C A B E I D E M E E X T R E P A R

M A S P R O V O C O A S S I R I R I C A S

P A R E I D E V E Z D E A M A R

M A S S U S T E N T O O A M O R D E P I C A

Page 49: Protestos & Pretextos

faz chamego nu meu ego faz cafuné ni mim

carinho na cara e no restinho do rosto festinha na face e na boca beijin

senta perto e consola faz cosca, dá colo

me canta cantigas novas me nina, me deixa com sono

deito feito feto e adoto a falta da fala deixo que toque tudo que quiser

sem um pio, sacio tua ânsia, sua tara arrepio do primeiro fio do cabelo até a pontinha do pé

no fim, me acorda e pede abraço desfere um beijo que eu desfaço o laço

prova meu gosto num gesto que provoque uma descarga de 1000 volts, um ELETROCHOQUE !

Page 50: Protestos & Pretextos

Quando perto é forte porém curto

Quando corta é quase um surto

Quando voltas não sei se ficas

E quando foges apenas luto

Contra o furto que me leva a sorte

De por um instante te ter de volta junto

Page 51: Protestos & Pretextos

CARNAVALHA

velha festa Da carne exposta do corte que Deixa tudo à mostra que avacalha a pista que libera a crosta que Desata o corDão do crachá

o nó Da gravata que Deixa nua a patota e veste a rua De bravata que vale à pena caDa pluma caDa cena de ciúme catapulta De

performances e perfumes

.. .

Page 52: Protestos & Pretextos

caDa santa caDa puta caDa vagabunDo e caDa vaga-lume canta um samba de breque a mil ou De marcha ré De pileque no palanque no pique a pé caDáveres vivos Desejam-lhe boas-vinDas Da sexta-feira festeira à DerraDeira quarta De cinzas

Page 53: Protestos & Pretextos

o coco sem água

é oco

é oca a oca

sem pagé

sem canto

é oco o som do cuco

já o eco

sem o oco não dá pé

Page 54: Protestos & Pretextos

UM SOM DOIS SÃO AUDIÇÃO PERCUSSÃO SE BEETHO - VEN SEM TOM UM SURDÃO BACH TERIA TAMBOR TIMBAU POR TRÁS DOS PIANOS UM SAM BASSIM QUEM OUVIRIA? UM SAM BATU QU’EM SINFONIA!

Page 55: Protestos & Pretextos

ASSIM COMO UM TOM AO REDOR DE JOBIM

ASSIM

COMO O SOM DOS DEDOS DE BADEN

ASSIM COMO UM SACO é A FALTA DO TIM

...

ASSIM

COMO O DOM DE QUANTOS FOREM OS ZéS

ENTRE TANTOS OUTROS TONS

ENTRE O ACÚMULO DE DÓS

ENTRE O TÚMULO DOS RéS

NOVES FORA, VAI UM, AQUI “JAZZ”

...

ENTRE OS DEFEITOS DE FABRICAÇÃO E

OS EFEITOS COLATERAIS DE TORQUATO E DE TOM

ENTRE O PROFUNDO RELES DO POP E

O “MODOS OPERANDIS” DE KASSIN

SOBRE OS BONS MODOS DOS BISNETOS DA BOSSA E

A FOSSA DO LOBÃO SOB AS VAIAS DO ROCK “IN”

ENTRE A VéIA CABELEIRA DE ROB E DE VON E

OS “DREADS” DE GUSTAVO RIBEIRO E B. NEGÃO

...

Page 56: Protestos & Pretextos

AQUI WALY ACOLÁ O REI SALOMÃO NA VOZ DE MACALé RECITA UM BAIÃO RECEITA UM AXé RESSUSCITA ASSUNPÇÃO, EVOé! ... ÀS MARGENS DA BAHIA A CIÊNCIA DO RE-CIFE RE-INVENTA VELHOS GILBERTOS NOVOS BAIANOS GONZAGAS JOÃOS JORGES CAETANOS VELOZES VEIAS ABERTAS ESCORREM RUMO AO RIO SALVADOR LUANDA POIS NA TERRA DO SAMBA – MEU SENHOR O TAMBOR é QUE MANDA!

...

FEITO UM MUTANTE – TROPICAL – CONCRETO - LITERAL

ASSIM COMO E VOMITO

EIS A REGURGITOFAGIA SONORA DE MAIS UM AMERICANO – CANIBALL – AFREECANO – ERUDITO

Page 57: Protestos & Pretextos

o presente a gente faz

o futuro a gente inventa o passado a gente traz

o hoje se agüenta

o amanhã a gente espera e do ontem a gente cai

no agora a gente sente no depois a gente tenta

e do antes se desfaz

e no sempre a gente espera que isso nunca se acabe

pois a vida pede +

Page 58: Protestos & Pretextos