PROJETO NUTRIÇÃO. COMENDO MELHOR.DISFAGIA

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PROJETO DE NUTRIÇÃO: COMENDO MELHOR. COMO TRATAR UM PORTADOR DE DISFAGIA. PROJETO ELABORADO POR: ADRIANA MARICOTA. 1

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PROJETO DE NUTRIÇÃO:COMENDO MELHOR.COMO TRATAR UM PORTADOR DE DISFAGIA.

PROJETO ELABORADO POR:

ADRIANA MARICOTA.

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INTRODUÇÃO:

Problemas no sistema digestivo atrapalham o prazer de comer de algumas pessoas.Esse problema normalmente associa-se a ocorrências de vômitos, após a refeição, acarretados por distúrbios de deglutição. Ou seja, desde que o processo enzimático ocorre, na boca, a digestão começa. O ácido estomacal começa agir pra digerir os alimentos. Alguma coisa ocorre nesse processo, no durante e no depois, por problemas funcionais, em que ocorre o chamado REFLUXO. Esse problema pode ser mecânico.Algumas pessoas já nascem com esse problema, e em crianças melhora a partir de um ano de vida, que é quando o estomago já está preparado pra refeições mais sólidas de fato.

A partir do momento dessas ocorrências um médico deve ser procurado. Mais exatamente um gastroenterologista, que é especialista nessa área. Junto com o acompanhamento criterioso de um Nutricionista. Devido aos episódios constantes de refluxo, pode acontecer a perda de peso. A alimentação deve ser orientada. E a função do Gastro é monitorar todo o conjunto que envolve a parte do aparelho digestivo. Junto com a orientação, acontece o tratamento por medicação, própria para controle dessa disfagia. Já em alguns casos, é necessário intervir cirurgicamente. Alguns exames são periodicamente feitos, como endoscopia e um exame de degluto grama (monitoramento como uma espécie de filmagem,radiológica de como o líquido juntamente com o Bário (contraste) dado ao paciente, percorre desde a boca até sua chegada no estômago, e quando esse refluxo acontece e o porquê dele).Esse com certeza é um exame mais eficaz, sendo mais preciso, além do auxílio terapêutico, o videodeglutograma contribui para o diagnóstico das patologias atendidas no serviço e, principalmente, proporciona o estabelecimento de condutas adequadas ao caso e indicação de vias alternativas de alimentação.

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De acordo com Santini (2001), clinicamente, as disfagias orofaríngeas podem manifestar-se por meio de uma série de sintomas como: desordem na mastigação, dificuldade em iniciar a deglutição, regurgitação nasal, controle de saliva diminuído ou e/ou engasgos durante as refeições. O paciente também pode estar com desidratação, desnutrição, pneumonia aspirativa ou com quaisquer outros problemas pulmonares, que podem estar ligados a uma disfagia sem sintomas aparentes.

Há vários anos, a videofluoroscopia vem sendo considerada o exame de escolha para a avaliação dos distúrbios da deglutição. O Fonoaudiólogo tem assumido um papel fundamental na realização e na análise das avaliações clínica e videofluoroscópica dos pacientes portadores de disfagia e isto ocorreu por ser ele o profissional responsável pela reabilitação funcional desses pacientes (Gonçalves e Vidigal, 2001).

Segundo Costa et al (1998), a videofluoroscopia é um método radiológico pelo qual as estruturas podem ser observadas em sua dinâmica e gravadas em fita de vídeo. Liden & Siebens (1983), Robins et al (1986) e Liden (1989) apud Filho et al (2000) valorizam o uso da videofluoroscopia para o monitoramento, tratamento e indicação de causas de aspiração.

Este estudo tem como objetivo demonstrar que, além do auxílio terapêutico, o videodeglutograma contribui para o diagnóstico das patologias atendidas no serviço e principalmente para o estabelecimento de condutas adequadas ao caso e indicação de vias alternativas de alimentação.

Algumas descobertas médicas foram feitas em relação a esse tema no que se refere a alimentação desses pacientes.O desconforto e a dor devido a isso é a maior preocupação, além de outros agravamentos, como corrosão do esôfago. Além de o ácido estomacal prejudicar o esmalte dos dentes, ferir a garganta.

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Alimentos ácidos provocam maior desconforto. Aquela sensação de queimação. Só que essa sensação é presente o tempo todo em pacientes com Refluxo.

DEFINIÇÕES TÉCNICAS:

A disfagia é definida como uma dificuldade em deglutir ou uma sensação de comida "presa" na garganta ou no esôfago. As causas incluem a obstrução mecânica e os distúrbios na motilidade dos músculos da cavidade oral, da faringe ou esôfago. É útil distinguir a disfagia causada por doenças que afetam a orofaringe daquela que é devida a distúrbios esofágicos.

A disfagia orofaríngea pode ser causada por uma obstrução

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mecânica, mas geralmente resulta de motilidade no comportamento de origem neuromuscular.

Os pacientes podem apresentar uma regurgitação nasal e tosse durante a deglutição, como resultado de uma anormalidade na transferência do bolo alimentar da cavidade oral para o esôfago. Freqüentemente, existe evidência de um distúrbio neurológico generalizado, sendo a disfagia um deles e, possivelmente, a única manifestação.

A disfagia esofágica é mais freqüentemente devida a uma obstrução mecânica. Em muitos pacientes, é possível distinguir uma causa mecânica de uma anormalidade na motilidade através da obtenção de uma história cuidadosa.

Tipicamente, a obstrução mecânica é caracterizada inicialmente pela disfagia a sólidos e líquidos. A sua rápida progressão sugere fortemente um processo neoplásico.

Em contraste com a disfagia devida à obstrução mecânica, os distúrbios da motilidade esofágica estão geralmente associados a disfagia a líquidos e sólidos desde o seu estabelecimento.

Os pacientes com comportamento da motilidade esofágica podem apresentar dor torácica e descobrir manobras, como deglutir repetidamente e a valsava, que alivia a disfagia.

A progressão rápida não é um aspecto proeminente da disfagia devida a uma motilidade anormal. Pirose, perda de peso, regurgitação da comida, tosse e chiado ocorrem tipicamente com a obstrução esofágica, mas podem estar associados a uma motilidade anormal.

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Fonte: Geriatria Prática - 2ª Ed. - 1997.

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Mais mitos em nutrição - Refluxo

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Muitas pessoas abusam do consumo de antiácidos quando sentem qualquer desconforto gástrico. Porém para a maioria, uma dieta adequada é a melhor solução para o tratamento da "queimação" relatada após o consumo de alimentos.

Mitos:

Leite:

é muito comum que pessoas com estes desconfortos tomem leite antes de dormir para aliviar o problema. Porém o leite contém muita proteína o que estimula uma maior produção de ácido clorídrico ou seja existe um rebote ácido após o consumo do leite o que piora a sensação de queimação após o consumo do mesmo. O melhor a fazer é se alimentar várias vezes ao dia e em pequenas quantidades, principalmente à noite. Não se deite logo após o jantar e antes de dormir, se ainda estiver com fome, coma uma fruta ou alguns cream-crackers.

Café, frutas ácidas e pimenta:

É também bastante comum que pessoas com os sintomas relatados evitem-nos com medo de agravar o refluxo ácido. Porém pesquisa recente tem demonstrado que os mesmos não pioram a situação. Mas como você é um indivíduo único teste sua tolerância não só a estes, mas a vários outros alimentos e observe quais deles provocam menos desconforto.

A dieta ideal:

Primeiramente, tente se alimentar várias vezes ao dia

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consumindo pequenas quantidades. Quantidades menores irão sobrecarregar seu estômago minimamente, diminuindo o desconforto.

Consuma mais fibras. Pães, macarrão e arroz integral, em pequenas quantidades, "aprisionam" o excesso de ácido.

Evite alimentos ricos em gordura pois estas permanecem mais tempo no estômago.

Evite ou limite o consumo de álcool.

Eleve a cabeceira de sua cama a fim de evitar o refluxo.

Pirâmide Alimentar:

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Dietoterapia para Disfagia (fonte: marcosfono.blogspot.com)

O tratamento dietoterápico para a disfagia tem alguns objetivos:- Prevenir que o paciente aspire, sufoque-se ou engasgue-se com o alimento ou líquido;- Facilitar a deglutição, deixando-a segura e independente, diminuindo, assim o risco de aspiração

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(entrada de líquido nos pulmões);- Fornecer nutrientes necessários, manter e recuperar o estado nutricional do paciente, evitando e corrigindo a desnutrição.

Dieta oral: Ao serem oferecidos ao paciente, os alimentos devem ser analisados quanto à sua textura, consistência, viscosidade, adesividade, firmeza e densidade. É importante que a alimentação oral se inicie utilizando líquidos espessados (com o auxílio de substâncias espessantes) para evitar os refluxos (o alimento volta do estômago através do esôfago provocando vômitos). Os líquidos, devido à sua baixa viscosidade, não devem ser administrados durante a reintrodução da alimentação oral, pois favorecem o risco de aspiração.Faz-se necessário o ajuste da textura dos alimentos pastosos e líquidos de acordo com as condições do paciente. A consistência mais adequada dependerá da avaliação clínica do paciente e uma análise detalhada do grau de disfagia. Isso dará subsídios para o nutricionista e o fonoaudiólogo indicarem a melhor consistência da alimentação oral.Alimentos que devem ser evitados:- Água pura, refrescos muito líquidos, leite puro, café e chás, devido ao risco de aspiração;- Alimentos que esfarelam como bolo, torrada e biscoito, também devido ao risco de aspiração;- Alimentos como biscoitos secos, arroz seco, flocos de cereais secos, pães crocantes e miolo de pão;- Queijos secos ou derretidos;- Ovos muito cozidos;- Carnes sem molhos e em grandes pedaços, e peixes com espinhas;- Frutas cruas (exceto banana);- Frutas secas como banana passa, uva passa e damasco;- Frutas muito fibrosas como abacaxi e manga;- Hortaliças cruas (folhosos, cenoura ralada), em pedaços grandes (beterraba), com muita fibra (couve, espiga de milho, ervilha);- Sopas muito líquidas ou com pedaços de hortaliças;- Massas e tortas secas, sobremesas com frutas secas, caramelos duros e chocolates.

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OBERVAÇÕES DA MÃE.

A DISFAGIA ATINGE CRIANÇAS MAS TAMBÉM ADULTOS E CRIANÇAS.É MUITO IMPORTANTE UM ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR, DE FONOAUDIÓLOGO, NUTRICIONISTA, DENTISTA E GASTRO.

O HOSPITAL DAS CLÍNICAS É UM DOS LUGARES QUE DISPONIBILIZAM ATENDIMENTO, TRATAMENTO COM EXAMES PERIÓDICOS ALÉM DE TODO O AMPARO NESSA ÁREA E ORIENTAÇÕES.

É INTERESSANTE UMA PARCERIA COM ESSES PROFISSIONAIS, EMPENHO DA FAMÍLIA, E AOS POUCOS IR ENGROSSANDO, AUMENTANDO PEDAÇOS. COM ISSO A MATURIDADE ALIMENTAR VAI SENDO ADQUIRIDA, HAVENDO PROGRESSOS E QUALIDADE DE VIDA.

TESTAR ALIMENTOS. FAZER A PESSOA COMER DE TUDO DE FORMA QUE CONSIGA, PRA QUE SE ACOSTUME COM O SABOR DOS ALIMENTOS, E DISPONHA DE UMA INFINIDADE DE CORES E VITAMINAS EM SEU CARDÁPIO.

SUCOS CIENTRIFUGADOS, MINGAUS, VITAMINAS. COZINHAR UM ALIMENTO COM O OUTRO PRA QUE NÃO SE PERCA AS VITAMINAS. ISSO FORTALECE, A PARTE IMUNOLÓGICA

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MELHORA E É VISÍVEL A QUALIDADE DE VIDA. OBERVAR QUAIS ALIMENTOS DESENCADEIAM PROCESSOS DE FLATULÊNCIA, OU VÔMITOS E DIÁRRÉIA.

INFORMAR AOS QUE CUIDAM DE TODOS OS DADOS.

MONTAR UM CARDÁPIO, COM AUXÍLIO DA NUTRICIONISTA.

CONTROLANDO O REFLUXO, VOLTA O PRAZER DE COMER, E APROVEITE ESSA FASE DE CONTROLE, PRA SOLICITAR COLABORAÇÃO, OU SEJA JÁ QUE ELE(A) ESTÁ COM FOME, VAI MASTIGAR , PORQUE É PRAZEROSO, E SENTE FOME.

QUANDO A PESSOA TEM REFLUXO O INCOMÔDO É TÃO GRANDE QUE POR MAIS QUE TENHA FOME, ELE ACABA DESISTINDO: PELO PROCESSO DO SUCO GÁSTRICO QUE DÁ AQUELA SENSAÇÃO HORRÍVEL DE QUEIMAÇÃO, PELA DOR ABDOMINAL .

O IMPORTANTE É NÃO BRIGAR, NÃO FORÇAR PARA QUE A HORA DA ALIMENTAÇÃO NÃO SEJA A HORA DA TORTURA.

UM PRATO COLORIDO E A OFERTA DE DIVERSOS TIPOS DE ALIMENTO, E MUITO IMPORTANTE: A CRIANÇA VER O QUE ESTÁ SENDO FEITO E PARTICIPAR TENDO REFLUXO OU NÃO A INCENTIVA COMER.

O IMPORTANTE NÃO É SÓ COMER, E SIM ENTENDER O QUE É O DETERMINADO ALIMENTO, SUAS FUNÇÕES , POR COR, VITAMINAS E ISSO COMEÇA NO MERCADO, FEIRA, QUITANDA, E INCLUSIVE HÁBITOS COMO LEVAR A CRIANÇA JUNTO É O PRIMEIRO PASSO DESSA EDUCAÇÃO ALIMENTAR. E O MAIS IMPORTANTE: O EXEMPLO VEM DE CASA, OU SEJA: PAIS QUE COMEM O QUE FALAM QUE OS FILHOS DEVEM COMER.

ANTIGAMENTE, AS PESSOAS COMIAM DIREITO, NÃO HAVIA TANTAS DOENÇAS RELACIONADAS A ALIMENTAÇÃO ERRADA.

TODOS OS GRUPOS DE ALIMENTOS SÃO IMPORTANTES PARA QUALQUER PESSOA.

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NOTÍCIAS:

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Centrinho lança manual para alimentação de portador de disfagiaPor Antonio Carlos Quinto - [email protected] em 5/abril/2007 | Editoria : Saúde |  Imprimir |

O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) da USP de Bauru, mais conhecido como Centrinho, deverá lançar em junho próximo um manual com receitas destinadas a pacientes portadores de disfagia. A nutricionista Suely Prieto de Barros Almeida Peres, uma das autoras do manual, explica que a disfagia "é uma alteração no processo da deglutição ou uma potencial desabilidade em deglutir, com prejuízos na segurança, eficiência e na qualidade de ingerir alimentos.

"Pacientes que têm esse distúrbios podem estar sujeitos à desidratação e à desnutrição pela alimentação inadequada", explica Suely. O manual, que é o primeiro a ser lançado no País, objetiva oferecer uma alimentação palatável, balanceada e adequada às necessidades nutricionais e à consistência indicada.

A nutricionista explica que a disfagia pode ser causada por prematuridade; anomalias no trato aerodigestivo; defeitos congênitos da cavidade oral, laringe, traquéia e esôfago; defeitos anatômicos adquiridos; desordens no desenvolvimento neuromotor, dentre outros. "A doença também pode ser resultado de tipos de cânceres na região oral e do pescoço", diz. Esses pacientes necessitam de alimentação com consistências diferenciadas que devem ser recomendadas por profissionais de medicina e fonoaudiologia. "Por isso, o manual será destinado aos profissionais e instituições especializados nos cuidados com essas pessoas", define.

Quase 80 receitasAs consistências das receitas são baseadas na proposta da ADA 2002, Associação Americana de Disfagia. "A maioria dos portadores de disfagia não pode ingerir alimentos como feijão ou arroz, por exemplo. Em alguns casos, até mesmo líquidos podem ser prejudiciais", alerta Suely.

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A entidade norte-americana possui uma tabela padronizada em centipoises (cP), medida baseada na viscosidade dos líquidos. O manual baseia-se nas três medidas da ADA: Néctar, que possui de 51 a 350 centipoises (cP); Mel, de 350 a 1.750 cP; e Pudim, acima de 1.750 cP. "Ao todo, são quase 80 receitas distribuídas nas três classificações e todas preparadas com quatro diferentes espessantes industriais, todos encontrados facilmente no Brasil", ressalta Suely.

Exemplos de receitas  preparadas na consistência do Mel, seguindo as especificações da ADA 2002. São receitas simples e de fácil preparo

Segundo a nutricionista as receitas são simples, de fácil preparo e com valor nutricional equilibrado. "Além disso, o manual contém dicas interessantes", lembra Suely. Ela explica ainda que, após a indicação da consistência, geralmente feita por médicos e fonoaudiólogos, qualquer pessoa que cuide de um portador de disfagia poderá preparar as receitas sem maiores problemas. Entre os diversos pratos, constam receitas de iogurtes, leites vitaminados, sucos e sobremesas, além de sopas e, até mesmo sorvetes, todos adaptados para portadores de disfagia.

"Acreditamos que o manual possa ser uma excelente ferramenta aos profissionais que cuidam destes esses pacientes", acredita Suely. Ela antecipa que, após o lançamento, que acontecerá durante as comemorações dos 40 anos do Centrinho, o manual será disponibilizado também na internet. Além disso, outra nutricionista da equipe do Centrinho, Maria Ines do Val Maringoni Marques, também chefe de cozinha, já trabalha num segundo manual que tratará especificamente de receitas associando a gastronomia à disfagia.

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Durante dois anos de pesquisas e testes, Suely contou com uma equipe de estudantes e professores, inclusive de outras universidades e com verbas da USP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Participaram da elaboração do manual Flávia Munhoz Manzano (na época, aluna de graduação da Universidade do Sagrado Coração -USC, de Bauru), Ilza Lazarini Marques (USP), além de Luciano Bruno de Carvalho, doutorando da Unicamp e da professora Rute Mendonça de Moura, da USC.

Imagens cedidas pela pesquisadora

Mais informações: (0XX14) 3235-8177, com a professora Suely Prieto de Barros Almeida; e-mail: [email protected]

FONTE: http://www.usp.br/agen/?p=6121

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 Doença do Refluxo Gastroesofágico – DRGEFONTE: GASTRO e CIRURGIA.med.br Medicina EspecializadaQuando falamos em refluxo gastroesofágico, queremos dizer que parte do conteúdo gástrico reflui para o esôfago. Isto acontece em todas as pessoas, particularmente após as refeições e é chamado de refluxo fisiológico, não caracterizando nenhuma doença. O refluxo gastroesofágico fisiológico não causa problemas, pois sua freqüência e duração são curtas e porque a saliva que deglutimos “lava” o esôfago constantemente.

A camada de revestimento interno do esôfago é chamada de mucosa e não está acostumada e adaptada a receber refluxos constantes e de grande intensidade. Quando isto acontece e acaba trazendo sintomas ao paciente temos a DRGE. Chamamos de esofagite a inflamação da mucosa do esôfago causada pelo refluxo. Os sintomas da DRGE não advêm apenas da inflamação do esôfago, podendo ocorrer quando o refluxo atinge a laringe, as cordas vocais, a faringe, a árvore traqueobrônquica e os pulmões.

A DRGE é freqüente, acomete igualmente ambos os sexos e não faz distinção de raças. É mais comum após os 40 anos, mas acontece em todas as idades.

 Para se entender porque acontece o refluxo devemos fazer algumas considerações:

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Na transição gastroesofágica, ou seja, no final do esôfago, existe uma estrutura muscular semelhante ao ânus chamada de esfíncter esofágico inferior (EEI). Quando deglutimos o alimento, o EEI se abre dando passagem ao bolo alimentar. Na ausência da deglutição o EEI permanece fechado e tem um tônus (pressão) que impede o refluxo dos alimentos do estômago para o esôfago. A transição esofagogástrica deve se situar no abdome para que a crura diafragmática participe externamente deste mecanismo funcionando como uma válvula.

Quando há problemas funcionais ou mecânicos no EEI temos o refluxo gastroesofágico. Certos alimentos (café, álcool, chocolates), medicações (nitratos, bloqueadores dos canais de cálcio e beta-bloqueadores) e hormônios (progesterona) diminuem a pressão do EEI. A obesidade e a gestação também contribuem para o refluxo, pois aumentam a pressão intra-abdominal.

 Hérnia de Hiato

O tórax e o mediastino são separados do abdome por uma estrutura fibromuscular chamada de diafragma. O hiato diafragmático é o orifício ou abertura do diafragma por onde passa o esôfago. A transição esofagogástrica normalmente se situa imediatamente abaixo do diafragma e, quando esta está posicionada acima dele, estamos diante da hérnia de hiato:

 

 Importante: A existência da hérnia de hiato favorece o aparecimento do refluxo, mas não é imprescindível a sua presença para termos a doença do refluxo gastroesofágico.

 O que sente o paciente com DRGE?

Os sintomas da doença do refluxo gastroesofágico são divididos em sintomas típicos (causados pelo acometimento do esôfago) e sintomas atípicos (causados quando o refluxo atinge a laringe, faringe, árvore traqueobrônquica e pulmões). Alguns pacientes não apresentam sintomas ou só apresentam no início da doença e com o passar do tempo apresentam apenas algum desconforto com que aprendem a conviver.

Sintomas típicos: é freqüente a queixa de pirose (azia), que é a queimação epigástrica (“na boca do estômago”) e retroesternal (no meio do tórax), eructações (arrotos), disfagia (desconforto para deglutir) e regurgitação (sensação de refluxo de alimentos).

Sintomas atípicos: tosse, rouquidão, dor no tórax que pode parecer infarto, pigarro e sensação de irritação freqüente na garganta. Menos comumente pode ocorrer asma e pneumonias.

 Como se faz o diagnóstico?

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O médico inicialmente questionará o paciente sobre os sintomas descritos acima. O exame físico não contribui muito com o diagnóstico. Exames de laboratório também não são úteis.

A endoscopia digestiva alta (EDA) identifica a presença e a severidade da esofagite e se existe esôfago de Barrett, além de possibilitar a realização de biópsias.

O refluxo contínuo e por longos períodos pode provocar mudança do epitélio escamoso do esôfago que é substituído pelo epitélio colunar intestinal (mais resistente). Esta alteração no epitélio (camadas de células da mucosa esofágica) é chamada de Esôfago de Barrett. Esta é uma das complicações mais sérias da DRGE, porque pode evoluir para adenocarcinoma de esôfago (câncer). O paciente que tem esôfago de Barrett tem chance 30 a 40 vezes maior de ter câncer de esôfago do que a população normal.

Esofagograma ou Raio X contrastado do esôfago deve ser feito quando o paciente apresenta disfagia para fazer o diagnóstico diferencial com outras causas e pode mostrar a existência e a localização de estreitamentos e de hérnias de hiato.

Monitorização do pH esofágico ou pH metria esofágica de 24 horas. Neste exame um cateter é colocado pelo nariz até o final do esôfago. Registra a ocorrência do refluxo, quantifica-o e o médico pode avaliar sua correlação com os sintomas do paciente. É o melhor exame para se definir a DRGE, mas não precisa ser feito quando a EDA define o diagnóstico do refluxo revelando esofagite. Tem ótima indicação quando a EDA não mostra esofagite e o paciente apresenta sintomas atípicos.

Manometria esofágica é um exame que mede a pressão em vários pontos do esôfago. Assim, se de define a função do EEI e do corpo esofágico. É importante no diagnóstico diferencial com outras patologias do esôfago. Pode ser usada para posicionar o cateter da pH metria e deve ser feita antes de uma eventual cirurgia.

 

Tratamento

O tratamento clínico da DRGE é baseado na mudança do estilo e hábitos de vida, no controle da secreção de ácido pelo estômago e acelerando o esvaziamento gástrico.

O paciente deve então perder peso (se estiver acima de seu peso ideal), evitar a ingestão de álcool, chocolates, sucos cítricos e molhos vermelhos. Deve evitar fazer refeições copiosas (grandes volumes), comendo várias vezes durante o dia em pequenas quantidades de cada vez. Não se deitar pelo menos três horas depois das refeições e levantar a cabeceira da cama cerca de 15 cm.

Os medicamentos ideais são os chamados inibidores de bomba protônica (omeprazol, lanzoprazol, rabeprazol), que diminuem muito a secreção de ácido pelo estômago e os pró-cinéticos (bromoprida, domperidona), que promovem o esvaziamento gástrico mais rápido.

O tratamento cirúrgico geralmente é realizado por videolaparoscopia e consiste em se confeccionar uma válvula utilizando o fundo gástrico que é costurado em volta do esôfago. Pode-se corrigir a hérnia de hiato (quando esta estiver presente) colocando o estômago na sua posição normal e diminuindo o hiato esofágico através da crurorrafia, que é a aproximação dos músculos do pilar diafragmático.

Quase 95% dos pacientes ficam livres dos sintomas e de medicamentos com a cirurgia.

A cirurgia para a DRGE tem indicação quando o paciente não se adapta às medidas comportamentais e aos medicamentos ou quando não se obtém o desaparecimento dos sintomas. Se o paciente é muito jovem, com longa expectativa de vida pela frente ou quando este não consegue arcar com os custos do tratamento, a cirurgia deve ser considerada.

O tratamento cirúrgico deve ser individualizado caso a caso e é quase consenso diante do esôfago de Barrett.

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