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PRODUZIDO POR TALITA AMARO DE OLIVEIRA

TAINA MAIARA FARIAS

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Você deve estar com muitas dúvidas,

este manual tem como objetivo te auxiliar nesse projeto que resultará na abertura de mais um cursinho popular no Brasil. O Curso Popular MAFALDA quer contribuir com a propagação do movimento social de cursinhos populares no Brasil. Muitos adolescentes todos os anos saem do Ensino Médio sem conseguir ingressar no ensino superior, as razões são muitas, desde a falta de formação adequada para enfrentar o vestibular, desmotivação, dificuldades financeiras, até a principal: no Brasil não há vagas para todos(as) os(as) jovens ingressarem no Ensino Superior. Esse problema torna-se mais venal para os(as) estudantes da rede pública de educação, que ficam longe dos bancos universitários, tendo de se submeterem ao mercado de trabalho sem qualificação profissional, servindo para perpetuar o ciclo de pobreza das famílias em vulnerabilidade socioeconômica. Os cursinhos populares tem um papel essencial na mudança dessa realidade.

Ficamos felizes em te ajudar a dar o primeiro passo.

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1º PASSO | Equipe Quantas pessoas são necessárias para começar? Trabalhar em equipe é essencial, mas nem sempre é fácil reunir todo o grupo necessário de início. Uma pessoa é o mínimo para iniciar esta empreitada, que funcionará como multiplicadora da ideia. CAPTAÇÃO DE VOLUNTÁRIOS(AS) NAS UNIVERSIDADES Buscar voluntários(as) para as diferentes disciplinas é uma das etapas iniciais para construir o corpo docente. Universidades são um excelente polo para divulgar vagas para o cursinho, pois reúne muitas pessoas, de diferentes áreas, que terão motivações diferentes para querer colaborar.

MÃOS À OBRA! Produzir um cartaz, que pode ser simples, mas deve ter um endereço de e-mail criado especificamente para este fim. É importante explicar brevemente o projeto, marcando uma

data e hora para as pessoas interessadas se encontrarem. O famoso boca-a-boca também é útil no início, principalmente porque as pessoas escolhidas tem um perfil mais próximo do grupo que está sendo constituído, e os laços de amizade colaboram para a permanência no projeto. Escolher um nome para o cursinho é importante. Verifique sempre na internet se não há um cursinho com o mesmo nome. A pesquisa é fácil: “cursinho + nome escolhido”, se tiver um cursinho com o mesmo nome, certamente ele aparecerá na primeira página das pesquisas.

O bacana de ter um cursinho com nome exclusivo é que isso auxilia a busca de outras pessoas pelo cursinho, e também o torna referência em buscas nas redes sociais.

2º PASSO | Local Onde serão as aulas? Universidades e escolas públicas são locais tradicionais de implantação. A universidade dará uma visão melhor ao público atendido, que poderá desfrutar de ambientes – em geral – elitizados e pouco convidativos para estudantes de baixa renda. Além disso é mais fácil selecionar equipe que trabalhe no mesmo local em que estuda, afinal, a pessoa “já está lá”.

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É bom verificar a possibilidade da instalação do cursinho com a Pró-reitoria de Extensão, presente em todas as universidades; é deste órgão a responsabilidade do diálogo população-universidade. Há casos em que os(as) universitários(as) recebem auxílio financeiro pelas horas dedicadas ao projeto, como uma Bolsa de Iniciação Científica ou Iniciação à Docência. Uma possibilidade maior é a pró-reitoria garantir certificação para quem está lecionando no cursinho, o que auxilia em horas de atividades complementares são benéficos para o currículo acadêmico. Escolas públicas também são muito interessantes, pois amplia as possibilidades de estudantes aderirem ao cursinho. Inclusive as pessoas que nunca pensaram em fazer um cursinho podem ser estimuladas pela existência de um cursinho na escola em que estudam. A divulgação para escolas da região também amplia a abrangência do cursinho. Em algumas cidades a grande referência pode ser uma igreja ou um centro cultural comunitário, que possuam espaço de sala de aula, que pode ser apenas: cadeiras\cadeiras e mesas + lousa. https://pixabay.com/en/classroom-school-education-learning-2093744/ Para qualquer um dos casos é essencial a criação de um projeto por escrito, que será discutido ao final desse manual.

MÃOS À OBRA! Quanto mais gente estiver envolvida na criação desse cursinho, maior a rede de contatos e possibilidades. É hora de dividir as funções para que cada pessoa busque um local

que acolha o projeto. A apresentação do Projeto às instituições deve ser feita com um projeto por escrito, que contenha todos os itens que descreveremos ao longo desse Manual.

Um projeto básico deve conter: - Capa com título do projeto e pessoas envolvidas - Introdução: o que embasa a criação desse projeto, quais são as motivações do grupo, porquê é essencial que esse projeto nasça já? Esse item pode ser conjunto à Justificativa, que pode utilizar dados como (a) número de estudantes no terceiro ano do ensino médio na rede pública de sua cidade; (b) número de vagas nas universidades, sobretudo públicas; (c) relação de estudantes da rede pública nas universidades públicas. - Público estimado: vagas e os requisitos mínimos. - Período: dias e horários do cursinho, além de duração. - Atribuições da equipe responsável pelo projeto - Atribuições da instituição acolhedora ... E o que mais for necessário, sempre adaptando as questões para o contexto em que está envolvido.

3º PASSO | Público-alvo Cursinho popular para quem? Em geral os cursinhos populares têm como foco estudantes da rede pública. Outra possibilidade de público que pode ser incorporado são estudantes da rede particular bolsistas integrais, uma vez que diversas escolas particulares oferecem vagas de bolsa integral para filhos dos seus funcionários.

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O nível de escolaridade também é um fator importante de se definir: qual será o corte prioritário? Entendemos que deve se focar em estudantes que estão no terceiro ano do ensino médio ou já finalizaram seus estudos. Embora alguns estudantes do segundo ou do primeiro ano insistam em ser parte do cursinho, esses terão a oportunidade de cursarem as aulas quando estiverem efetivamente no terceiro ano; enquanto estudantes no último ano ou que já terminaram, estão focando suas forças e seu empenho no ano que pode ser decisivo na continuidade dos estudos. O fator econômico é algo que pode ser levado em conta numa análise multifatorial. O crivo utilizado pelo governo federal para concessão de bolsas de estudos na modalidade de cotas sociais é o de 1,5 salário mínimo por membro do grupo familiar. Ou seja, soma-se os rendimentos brutos de todas as pessoas que moram na mesma residência e divide-se entre todos que moram na casa. O resultado deve ser de até um salário mínimo nacional vigente.

A análise pode ser um pouco conturbada e levar tempo. Muitas pessoas devem estar envolvidas no auxílio desse processo, uma vez que são necessários documentos: RG, comprovante de residência e comprovante de rendimentos (Carteira de Trabalho + 3 últimos holerites) de todos que moram na mesma casa. Cotas raciais são encaradas como pilar de uma educação inclusiva, afinal, se a educação não for plural, não poderá nunca ser democrática. Logo, indica-se que os cursinhos planejem reserva de cotas para estudantes pretos(as), pardos(as) e indígenas. A quantidade pode ser relativa à porcentagem dessas populações em seu estado, para que se possa adaptar as diferenças étnico-raciais de cada região. Outros tipos de cotas também podem ser implementadas de acordo com a necessidade do contexto na qual o cursinho está inserido. Exemplos são: cotas para pessoas transexuais e travestis, cotas para mulheres, cotas para imigrantes e refugiados(as) que tenham conhecimento em língua portuguesa.

4º PASSO | Ingresso

Definir o modo de ingresso é essencial no processo de constituição, assim como número de vagas ofertadas. Indicamos a criação de pelo menos 2 turmas, uma vez que um dos maiores problemas enfrentados pelos cursinhos é a desistência. Com duas turmas constituídas, ao longo do ano, conforme houver desistência, pode-se fundir ambas as turmas em uma só, para finalizar o ano com a turma não esvaziada.

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O número de pessoas por turma é variável, de acordo com o tamanho da sala que você tem. Salas muito cheias tendem a se dispersarem com mais facilidade. O número de pessoas varia de 30 a 80 por turma. Criar um formulário público no GoogleForms é uma excelente ideia para estimar público em qualquer um dos métodos (grande vantagem da criação de e-mail no Gmail!). ANÁLISE DE BOLETIM O uso do boletim como ferramenta de análise pode ser eficiente, a depender do público que você deseja atrair. A análise de boletim do ano anterior permite uma visão global da vida escolar de cada indivíduo, mas esbarra em algumas problemáticas, como: adequação em caso de menções numéricas e alfabéticas, ou seja, há escolas com notas de 1 a 10, outras que usam A, B, C, D e E, outras ainda que usam I, R, B, MB. Embora seja um método interessante, acaba esbarrando nessas dificuldades técnicas para nivelar a análise mais profunda. Algumas pessoas podem levantar a problemática da análise escolar ser enviesada, composta de fatores subjetivos tanto quanto objetivos; além da diferença entre avaliações de diferentes professores da mesma disciplina.

ENTREVISTA A entrevista avalia a motivação do(a) estudante, além de seu engajamento com os estudos. Pode ser uma das melhores análises qualitativas, uma vez que se dá atenção individualizada para cada estudante. Sua execução, entretanto, dependerá de uma equipe empenhada e com critérios coesos, para evitar análises dúbias. Você pode usá-la como segunda fase numa seleção. A conversa pode ser feita com o(a) estudante e um familiar, caso seja a intenção do cursinho se aproximar da realidade local de forma mais profunda. Envolver a família traz mais responsabilidade para o processo de aprendizagem, pois a família sente-se parte da conquista. O tempo destinado a cada entrevista varia do tamanho do público a ser submetido a essa análise e os fatores que se pretende avaliar. Há a possibilidade de fazer entrevista com pequenos grupos, com 5 estudantes, o que levaria cerca de 30 minutos. A intenção é que os(as) candidatos(as) falem, possam se posicionar sobre as questões de modo livre. SORTEIO Muitos cursinhos consideram processos seletivos mais um mecanismo de exclusão, mas essa questão se impõe sempre que o número de pessoas interessadas é superior ao número de vagas ofertadas. Alguns cursinhos, por essa razão, utilizam como método o sorteio. O sorteio é feito em dia e local agendado, com todas as pessoas interessadas presentes. Cria-se mecanismo simples de escritura do nome em um papel e uma urna, que pode ser uma caixa de papelão.

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Em caso de irmãos(ãs) gemelares ou não, que concorrem ao cursinho juntos(as), indica-se que quando um(a) for sorteado(a), o outro ganhe automaticamente a vaga. É um método simples e que envolve poucos custos. Assim que a pessoa for sorteada será possível proceder à matrícula. ORDEM DE CHEGADA Outra possibilidade para ingresso não-meritocrático é a matrícula por ordem de chegada. Agenda-se dia e hora do processo e faz-se ampla divulgação. No dia e horário estabelecido as pessoas que estiverem na fila ganham uma senha, que se esgota ao final das vagas disponíveis. PROVA No caso da aplicação da tradicional prova de seleção é importante escolher bem as questões. Em geral uso de questões fáceis ou médias são eficazes em selecionar as pessoas com melhores resultados.

Prova múltipla-escolha é preferível, uma vez que sua correção é fácil. O número de questões varia bastante, mas uma média de 50 perguntas – que compreenda os conteúdos básicos do ensino médio – costuma ser o suficiente para essa análise. Você pode inserir uma redação curta, que garanta uma visão ampliada desses estudantes em relação ao conhecimento escolar deles. Além de fornecer a primeira amostra para análise da equipe de redação. Para todos esses métodos é possível criar uma lista de espera, com estudantes que serão chamados(as) ao longo do ano, conforme o cursinho tiver desistência.

5º PASSO | Estrutura Quais serão os dias e horários do curso? Essa é uma questão importante, uma vez que você só poderá montar a estrutura do curso baseado no número de horas-aula. As disciplinas que compõem o currículo obrigatório são: Matemática, Literatura, Gramática, Redação, História, Geografia, Química, Física, Sociologia e Filosofia. Pensando em ordem de prioridade nos conteúdos: português e matemática recebem mais carga horária, pois compõem a maior parte das questões dos vestibulares. Sociologia e Filosofia, por serem conteúdos que são cobrados em menor quantidade podem ser divididas semestralmente, a depender da carga horária da grade. Alguns cursinhos

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fundem essas duas disciplinas em uma, com nomes como Atualidades ou Cidadania. A regularidade das aulas deve ser estabelecida de acordo com o grupo. Pode ser um cursinho de segunda a sexta, aos sábados e domingos, apenas aos sábados, ou alguns dias na semana, como por exemplo segunda, quarta e sexta-feira. Em geral, pela dificuldade de se conseguir voluntários, muitos cursinhos optam por aulas aos sábados em período integral, com uma hora de almoço ao longo do dia, que garante uma carga horária de 8 aulas de 50min por semana. É importante verificar o melhor horário para se implementar o cursinho, a depender da região, cursos noturnos podem ser desaconselhados, devido às dificuldades no transporte ou segurança dos(as) estudantes, uma vez que a maior parte desses estudantes costuma ser menor de idade. MATERIAL A partir da organização estrutural, é hora de avaliar qual material será utilizado. Alguns cursinhos, sobretudo os vinculados às universidades, conseguem doação de materiais didáticos de escolas ou de cursinhos particulares. Isso contribui com o desenvolvimento das aulas, pois esses materiais costumam ser de alta qualidade e completos. Infelizmente essa doação de grandes redes costuma ser pequena, uma vez que os mesmos tem interesses econômicos na captação de estudantes. Há, atualmente, algumas possibilidades de materiais didáticos de cursinhos disponíveis gratuitamente na internet. Construídos aos poucos, com ajuda de muitas pessoas que encontravam o mesmo

problema: não conseguir fazer compra de material didático pago, que, em geral, são caros. Os materiais hoje disponíveis são: UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora http://www.ufjf.br/cursinho/apostilas/apostilas-2014 UNESP – Universidade Estadual de São Paulo http://www.unesp.br/portal#!/servico_ses/materiais-didaticos/ UFSC – Universidade de Santa Catarina http://www.ebah.com.br/content/ABAAABBikAC/apostila-preparatoria-vestibular UFU – Universidade Federal de Uberlândia http://www.joseferreira.com.br/blogs/biologia/apostilas-intensivos/apostilas-ufu-2016/ Descomplica (Química) https://mega.nz/#F!IfAHQJ7T!3D31JaHsMsGYuBmB0ylDEA!VaATiIIZ Diversas apostilas: http://www.comissaovestibulandos.com/2015/05/download-apostilas.html MAFALDA – Curso Popular Mafalda Planejado para curso aos sábados em período integral, nas disciplinas: Redação, Gramática e Texto, Matemática A e B, Química A e B, Biologia A e B, Física A e B, História A e B, Geografia A e B e Atualidades.

Disponível para cursinhos apoiados.

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Os materiais podem ser disponibilizados e solicitado que os(as) estudantes imprimam para leva-los às aulas. Parceria com uma copiadora ou gráfica também pode auxiliar a baratear os custos da impressão, pois quanto maior a quantidade de apostilas solicitadas, mais barato fica.

6º PASSO | Regimento e PPP

O óbvio precisa ser dito, já dizia Paulo Freire Um documento básico que transcreva direitos e deveres de todas as pessoas envolvidas no projeto torna os processos mais claros.

Desde a forma como será feita a seleção, os critérios adotados, o que pode e o que não pode ser feito, deve ser organizado em um documento de livre acesso e ampla divulgação. As funções são definidas de acordo com a estrutura administrativa do curso: teremos coordenações? Comissões financeira, de comunicação e pedagógica? O que é função de cada pessoa? Isso contribui para a organização do dia-a-dia e garante que o curso exista, independente de quem está nele hoje, pois um conjunto de práticas descritas podem ser aplicadas por qualquer grupo. O Projeto Político Pedagógico é como uma carta de princípios, com análise do território e planejamento de ação ao longo de um determinado período. Este documento é fundamental para explicitar a ideologia do cursinho e de seus participantes. Indicamos que esse documento só seja produzido após o estabelecimento total do cursinho, pois o PPP deve garantir participação ampla de toda a comunidade envolvida, incluindo equipe do cursinho (docentes e demais colaboradores) discentes, familiares e comunidade interessada. Ele será a matriz daquilo que será desenvolvido como projeto e é fruto do amadurecimento e compromisso do grupo, sendo assim, seu acesso deve fácil e livre.

MÃOS À OBRA! Procure em sites de pesquisa “Regimento interno” de escolas, com eles em mãos você poderá adaptar o que faz parte da ação de vocês. Evite documentos muito longos,

pois acabam não sendo lidos.

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7º PASSO | Recursos financeiros Projetos sociais quase sempre enfrentam um problema quando se trata de recursos financeiros. Para conseguir apoio de empresas ou do poder público é necessário ser terceiro setor, ou seja, ONG (Organização Não-Governamental). A fundação de uma Associação inclui custos altos com documentação, advogado(a) e contador(a). Por isso a fundação de uma ONG deve ser pensada com muita cautela e ser planejada. Para apoio de órgãos públicos também se faz necessário constituição jurídica como ONG. Alguns cursinhos cobram uma taxa de matrícula, valor estipulado para gastos básicos, como transporte e alimentação do corpo docente ou para cópias, papel higiênico, entre outros custos. Todos os valores recolhidos devem ser registrados, e se possível gerenciado por mais de uma pessoa, fornecendo relatórios financeiros a cada período – mensal ou trimestral, por exemplo. Em geral a vaquinha coletiva costuma dar certo nesse início, comerciantes locais também podem auxiliar em dinheiro ou recursos para lanches, materiais de escritório, entre outras coisas.

MÃOS À OBRA! Faça o mapeamento da área de ação, localizando potenciais apoiadores(as). Toda ajuda é bem-vinda!

8º PASSO | Divulgação Quais ferramentas precisamos ter? A maior rede social do Brasil é o Facebook.

A criação de uma página com o nome do cursinho será o primeiro passo para que a divulgação seja ampla. Muitas escolas tem grupos, onde você poderá fazer divulgação das vagas e da existência do cursinho. Servirá também para as universidades, em relação à captação de docentes. A criação de cartazes ajuda a

viralizar as publicações, que pode ser acompanhada do apelo “Compartilhe”. Aquele e-mail do cursinho já foi criado? Se não foi, faça isso o quanto antes! Escolha um e-mail simples e curto, isso ajuda as pessoas a não confundirem o endereço de e-mail e acabarem não recebendo contatos importantes. Exemplos: cpnome@... Qual a melhor plataforma para criar esse e-mail? Indicamos o Gmail, pois ele dará possibilidade da criação de planilhas de compartilhamento e formulários (para inscrições), que facilitará muito os processos burocráticos do cursinho.

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Conseguem imprimir cartazes e panfletos? Se sim: mapear os locais de potencial divulgação, tanto para estudantes como para educadores(as). Também é bacana ter um grupo de Facebook ou WhatsApp que possa reunir estudantes, e outro que possa reunir docentes, para discussões de pontos específicos do trabalho em conjunto. Lembrando que o bom senso deve reinar em grupos de celular, para que não se torne incomodo participar de um grupo com centenas de mensagens nem sempre relativas ao projeto.

MÃOS À OBRA! Divulgar os cartazes e panfletos: Vale qualquer local de grande fluxo do público do projeto, desde escolas e universidades até clubes, bibliotecas, padarias...

Quem ficará responsável pela criação das artes de divulgação? É importante uma comissão ou uma pessoa exclusivamente para essa área. Não precisa ser design! Indicamos um site para uso de imagens livres (ou seja, sem direitos autorais): http://www.pixabay.com – use à vontade para criar suas publicações!

9º PASSO | Aula inaugural É muito importante que estudantes e familiares entendam a função e possibilidades do cursinho. Muitos estudantes vêm de famílias que não adentraram o Ensino Superior,

por isso uma conversa inicial consegue dar um panorama sobre o vestibular, a universidade e seus auxílios (moradia, alimentação e transporte), a concorrência entre estudantes da rede pública e da rede privada, entre outras questões. Um dos principais objetivos nessa Aula Inaugural é, além de passar as informações burocráticas do funcionamento – horários, regras com uniforme, intervalos, postura e zelo pelo espaço público comum – fazer com que os(as) estudantes compreendam que a batalha é árdua e que não há vagas para todo mundo, uma vez que o Ensino Superior não é universalizado em nosso país.

A chance de ficar “de fora” é muito maior do que a de ingressar. O exemplo clássico é o ENEM, que tem cerca de 6-8 milhões de candidatos(as) para cerca de 250 mil vagas em universidades públicas. Convidar alguém para essa aula também é importante, pode ser: ex-alunos(as) da rede pública que ingressaram no ensino Superior; algum(a) pesquisador(a) ou professor(a) acadêmico(a) que apoie a causa; dentre outras ideias... O importante é que os estudantes se vejam representados(as) nas falas, por isso é de bom tom que a mesa tenha paridade de gênero e étnico-racial.

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MÃOS À OBRA! Preparar uma apresentação de slides é bacana e ajuda a seguir uma linha de raciocínio durante a Aula Inaugural. Faça um apanhado daquilo que consideram mais importante

e tracem um caminho que aborde todos os tópicos.

10º PASSO | Nivelamento E se os(as) estudantes chegarem sem saber regra de 3? Bem, essa situação é mais comum do que parece. Por várias razões: o(a) estudante pode não ter tido aula desses conteúdos, ter esquecido ou não aprendido bem quando teve essa matéria na escola. E agora? O que o cursinho faz? Uma solução excelente é montar um curso de nivelamento, que é um curso básico, com conteúdos de nível fundamental, mas que são a base do pensamento em nível médio. Esse curso básico pode trabalhar apenas conteúdos de língua portuguesa e matemática. Já que essas são disciplinas-base para a compreensão das demais, mas também pode-se abordar diversos outros conteúdos essenciais de acordo com a realidade local e as necessidades apontadas por vocês. Em alguns casos e de interesse comunitário a realização de um curso de Cidadania que aborda temáticas sobre a

estrutura e a dinâmica social relacionando temas de filosofia, sociologia e política.

MÃOS À OBRA! O site da OBMEP – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas tem banco de questões com conteúdos de nível fundamental e médio que podem ajudar a construir

uma lista de exercícios a serem trabalhados em aula, confira: http://www.obmep.org.br/banco.htm O site Só Português também traz listas de exercícios separados por tema, que podem auxiliar na construção de aulas básicas da área: http://www.soportugues.com.br/secoes/exercicios.php

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