Procedimentos de avaliação em leitura e escrita ... · Baixa auto-estima Motivação reduzida...
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Dr. Fábio Henrique Pinheiro
Curso:
Neurologia Infantil, Ensino e Inclusão – A interface com a educação.
“
Botucatu
2016
Procedimentos de avaliação em leitura e escrita
Elaboração de Relatórios
Diagnóstico de dificuldade de aprendizagem é inexistente nas categorias de deficiências oficialmente utilizadas no sistema de ensino público, na maioria dos Estados.
Categorias: deficiência auditiva, deficiência mental, deficiência física, deficiência visual e deficiência múltipla.
Brasil
- Leitura
- Escrita
- Ortografia
- Aritmética
- Linguagem (compreensão e expressão).
Problemas de Aprendizagem
Habilidades Acadêmicas
Básicas
Fracasso escolar
Déficits Estratégicos
Baixa auto-estima
Motivação reduzida
Dificuldades em leitura, escrita, audição e fala
Falhas em habilidades
básicas
- Crescente número de crianças com problemas de aprendizagem;
- Levantamento do risco genético;
- Responsividade a identificação e intervenção precoce – diagnóstico fonoaudiológico de dislexia e transtorno de aprendizagem;
- Elaboração de programas de remediação.
Importantes Questões
Porque avaliar?
Uso de medidas, relacionada à validade de
construto e a seleção de itens. Problema: ortografia e fonologia são
confundidas no processo da L/E tornando difícil medir:
Processos ortográficos independentemente de processos fonológicos e vice-versa.
Importantes Questões
Como avaliar?
Provas baseadas em processos visuais,
auditivos e integrativos: avaliar a velocidade de acesso ao léxico mental e o acesso ao uso da rota lexical e fonológica
Provas baseadas em critérios de desenvolvimento: tempo de palavras lidas por minuto isoladamente, em frases e em texto, compreensão do material lido.
Processo Diagnóstico
• A criança tem consciência da estrutura interna das
representações fonológicas ? consciência fonológica
• As representações fonológicas são precisas ?
identificação
• A criança discrimina palavras reais ? discriminação
• A criança discrimina sons de fala sem referência à
representações lexicais ? discriminação de
pseudopalavras
E
N
T
R
A
D
A
• A criança pode acessar corretamente os programas
motores para produção de fala ? nomeação
• A criança consegue manipular explicitamente as
unidades fonológicas ? produção de rima
• A criança é capaz de manter uma sequência fonológica
para repetição ? memória fonológica
• A criança possui habilidades motoras de produção de
sons de fala adequadas ? motricidade oral
S
A
Í
D
A
Stackhouse & Wells (1997)
Habilidades Acesso
Leitura
Escrita
Consciência Fonológica
Leitura de palavras isoladas (palavras e
não-palavras)
Escrever palavras isoladas (palavras e
não-palavras)
Identificar Rima e Aliteração
Habilidades Acesso
Processamento Auditivo
Discriminação de sons
Memória de dígitos Memória sequencial
auditiva
Nomeação rápida de figuras, números e de
cores
Processamento Visual
Velocidade de Processamento
Cópia de formas
Memória sequencial visual
Composto por duas versões:
coletiva e individual.
A versão coletiva é composta pelas habilidades de escrita, aritmética, processamento auditivo e processamento visual.
A versão individual é composta pelas habilidades de leitura, metalinguística, processamento auditivo, processamento visual e velocidade de processamento.
Capellini, Smythe, Silva, 2012
Protocolo de avaliação de habilidades cognitivo - linguísticas
Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo-linguístico
(Capellini, Smythe, 2008)
HABILIDADES ACESSO
LEITURA -Conhecimento do alfabeto -Leitura de palavras e pseudopalavras
ESCRITA -Escrita sob ditado de palavras e pseudopalavras
HABILIDADES METALINGUISTICAS
-Identificação de rima -Aliteração -Segmentação silábica
PROCESSAMENTO AUDITIVO -Discriminação de sons -Ritmo -Repetição de palavras e pseudopalavras -Memória direta e indireta para dígitos
PROCESSAMENTO VISUAL - Cópia de formas - Memória visual
VELOCIDADE DE PROCESSAMENTO
-Nomeação automática rápida de figuras -Nomeação automática rápida de números
RACIOCÍNIO LÓGICO - Cálculo matemático
Objetivo: verificar se a criança é capaz de codificar (escrever) as letras que compõem o alfabeto.
Versão coletiva
1. Escrita do alfabeto em sequência
Objetivo: verificar a coordenação motora e a capacidade da criança em armazenar e reproduzir
2. Cópia de formas
Objetivo: verificar a capacidade da criança em solucionar equações matemáticas.
3. Cálculo Matemático
Objetivo: verificar a codificação (escrita) de palavras de alta frequência e de pseudopalavras, assim como o acesso ao léxico e a rota fonológica.
4. Escrita sob ditado
Objetivo: verificar o desempenho em memória imediata com ordem direta.
5. Repetição de números em ordem aleatória
Objetivo: verificar a decodificação (leitura) de palavras. O examinador deve se certificar que a criança identifica o tipo de letra apresentada e os diferentes tipos de sílabas (CV, VC, CVC, CVV e CCV). Lembrando que, a velocidade de leitura tende a aumentar com a seriação.
Versão Individual
1. Leitura de palavras
Objetivo: verificar a decodificação (leitura) de palavras que não fazem parte do léxico (uso da rota fonológica).
2. Leitura de não palavras
Objetivo: verificar a discriminação e categorização de palavras que comecem com o mesmo som.
3. Aliteração
Objetivo: verificar a discriminação e categorização de palavras que tenham a mesma terminação sonora.
4. Rima
Objetivo: verificar memória e o processamento auditivo para palavras de alta frequência.
5. Repetição de palavras
Objetivo: verificar o processamento auditivo para não palavras. Memória.
6. Repetição de não palavras
Objetivo: verificar a consciência de sílaba e de quantidade de sílabas para formar uma palavra.
8. Segmentação Silábica
Objetivo: verificar o acesso ao léxico para estímulos sucessivos, analisando o desempenho na habilidade de velocidade de processamento.
9. Nomeação Rápida de Figuras
Objetivo: verificar o acesso ao léxico para estímulos sucessivos, analisando o desempenho na habilidade de velocidade de processamento. Essa atividade deve ser realizada em dois momentos para verificar se ocorre sobre carga de memória.
10. Nomeação Rápida de Dígitos
Objetivo: verificar o desempenho em relação à memória visual, analisando o sequenciamento das figuras e a retenção de detalhes.
11. Memória Visual para Formas
Objetivo: verificar o desempenho na habilidade de processamento auditivo.
12. Discriminação dos Sons
Objetivo: verificar o desempenho na habilidade de processamento auditivo envolvendo a memória imediata com ordem indireta.
13. Repetição de números em ordem inversa
Devem ser utilizados textos que verifiquem a decodificação de diferentes palavras (estruturação, frequência, regularidade, extensão), de acordo com seriação da criança. Podem ser utilizados os textos da Coleção Estrelinha. São vários textos divididos em 3 níveis.
Textos Seriados - Leitura
Tomada de leitura com texto seriado
Objetivo: decodificação; velocidade de leitura; fluência; acesso ao léxico.
Deve ser marcado o tempo de leitura.
1ª e 2ª tomada de leitura
Objetivo: decodificação; velocidade de leitura; fluência; acesso ao léxico.
Textos Seriados - Leitura
Saraiva, Moojen e Munarski (2008)
Casa do Psicólogo
Aspectos relacionados a análise:
1. Antes da leitura
2. Durante a leitura silenciosa
3. Durante a leitura oral
4. Depois da leitura
Protocolo para Avaliação da Compreensão Leitora de Textos Expositivos
Textos expositivos de acordo com a seriação
2º ano ao Ensino médio
Adultos
Organização do texto e esquema de ideias globais
Questões para compreensão
Protocolo para Avaliação da Compreensão Leitora de Textos Expositivos
Objetivo: Avaliar os diferentes processos e subprocessos que interferem na leitura, para identificar os casos de dificuldades em sua aprendizagem e quais os processos que são responsáveis por essas dificuldades.
As provas se agrupam em quatro blocos correspondentes aos quatros processos que intervêm na compreensão do material escrito.
PROLEC – Provas de Avaliação dos Processos de Leitura
I. Processo de identificação de letras
1. Nome ou som das letras
Objetivo: averiguar se a criança conhece todas as letras ou se apresenta algum problema com algumas delas. Foram eleitas as 20 letras mais representativas.
I. Processo de identificação de letras
2. Igual e diferente em palavras e pseudopalavras
Objetivo: comprovar se a criança é capaz de segmentar as palavras com suas respectivas letras, utilizando pares de estímulos que somente se diferenciam em uma letra.
Para avaliar o processo léxico foram incluídas listas com palavras isoladas, pertencentes a diferentes categorias, nas quais os sujeitos tem que ler em voz alta ou decidir se são palavras reais ou inventadas, com a finalidade de comprovar o funcionamento das duas rotas de reconhecimento de palavras e de seus subprocessos.
II. Processo Léxico
Objetivo: medir o nível de representações ortográficas que a criança possui com o objetivo de comprovar se o sujeito é capaz de reconhecer as palavras, independente de ser capaz ou não de lê-las.
II. Processo Léxico
3. Decisão Léxical
Objetivo: Comparar o desenvolvimento das rotas de reconhecimento de palavras. 30 palavras formadas por sílabas de diferentes complexidades, seis de cada uma dessas estruturas: CCV, VC, CVC, CVV, CCVC e CVVC.
II. Processo Léxico
4. Leitura de palavras
Objetivo: Comparar o desenvolvimento das rotas de reconhecimento de palavras.
II. Processo Léxico
5. Leitura de pseudopalavras
Objetivo: Analisar o grau de desenvolvimento que a criança alcançou com as rotas de leitura. São utilizadas palavras e pseudopalavras mescladas e pertencentes a seis categorias: palavras frequentes curtas; palavras frequentes longas; palavras não frequentes curtas, palavras não frequentes longas; pseudopalavras curtas e pseudopalavras longas
II. Processo Léxico 6. Leitura de palavras e
pseudopalavras
Para a avaliação do processo sintático, são utilizadas duas provas, uma destinada para a avaliação da capacidade de processar diferentes tipos de estruturas gramaticais e a outra o uso de sinais de pontuação.
III. Processo Sintático
Objetivo: Avaliar a capacidade de processar diferentes tipos de estruturas gramaticais e verificar a dificuldade que se pode produzir ao utilizar distintas estruturas sintáticas, sendo explorados três tipos: voz ativa, voz passiva e complemento focado.
III. Processo Sintático
7. Estruturas Gramaticais
Objetivo: Avaliar se a criança é capaz de realizar as pausas e entonações que indicam os sinais de pontuação. Trata-se de um processo fundamental para conseguir uma leitura compreensiva.
III. Processo Sintático
8. Sinais de pontuação
Para a avaliação do processo semântico, são utilizadas duas provas: uma destinada ao processo de extração do significado e a outra aos processos de integração na memória e de elaboração das inferências.
IV. Processo Semântico
Objetivo: avaliar se a criança é capaz de extrair o significado de simples orações. Não requer a intervenção da memória e nem dos esquemas mentais.
IV. Processo Semântico
9. Compreensão de orações
Quando a criança finalizar o exercício, você deve dizer: “Agora você vai ver uma frase e três desenhos. Preste atenção porque somente um dos desenhos corresponde exatamente ao que está escrito na frase. Leia a frase, olhe os desenhos e aponte qual o desenho correto”.
IV. Processo Semântico
Objetivo: investigar se a criança é capaz de extrair o significado e integrá-lo em seus conhecimentos.
A prova é formada por 4 pequenos textos, sendo 2 expositivos e 2 narrativos.
IV. Processo Semântico
10. Compreensão de textos
Escrita temática
Objetivo: estruturação textual, codificação, encadeamento de ideias a partir de um tema, disgrafia e disortografia.
Escrita Espontânea
Objetivo: estruturação textual, codificação, encadeamento de ideias a partir de um tema,
disgrafia e disortografia.
Procedimentos para avaliação da Escrita
Aspectos da avaliação
Amostra de Escrita
Níveis
Palavras Isoladas Escrita temática
Pseudopalavras Palavras Reais
Palavras Inventadas
Coesão Coerência
Macroestrutura textual
Permite a verificação da utilização durante a escrita de duas vias de processamento:
Palavras Isoladas
Rota Lexical: Sem mediação fônica
Rota Fonológica: Com mediação fônica
Reais Pseudopalavras
Escrita sob ditado
Palavras Reais
Pseudopalavras
Duas, Fala, Chuva, Festa, Gato, Boxe...
Puas, Zala, Isda, Tila, Chuda, Vesta, Nalha, Gavo...
Solicitação da escrita de uma frase ou texto, mediante o delineamento de um tema para sua realização.
Material a partir do qual serão analisados os parâmetros relacionados a constituição da escrita e o seu uso.
Seu uso permitirá a análise dos seguintes aspectos:
Escrita Temática
Diz respeito ao modo como os constituintes textuais se encontram explicitamente interligados. Entre eles destacam-se:
Coesão
1º Sequenciadores típicos da oralidade (comum em séries iniciais)
2º Abundância de repetições
3º Referência Ambígua
É o modo com os elementos expressos na superfície textual e aqueles que se encontram implícitos permitem ao usuário do texto a construção de um sentido, devido a uma série de fatores de ordem cognitiva, sociocultural, situacional e interacional.
Coerência
Coerência Temática
Coerência Sintática
Coerência Semântica
Coerência Temporal
Coerência Supestrutural
Hierarquia com relação a um tema especifico.
Uso das categorias gramaticais corretamente.
Encadeamento de ideias com sentido e sem contradições.
Uso dos tempos verbais.
Todas as coerências (temática, sintática, semântica e temporal)
Objetivo: análise do texto com retenção de informações (memória).
Deve ser solicitado a compreensão do texto como um todo, ou seja, reconto.
Devem ser realizadas perguntas direcionadas por partes do texto.
Objetivo: análise do texto com retenção de informações (memória), processamento auditivo da informação.
Compreensão textual
Compreensão auditiva
Deve ser apresentado ao P. uma folha com um círculo contento uma palavra que dê possibilidade de formação de novas palavras, pode ser formulado por categorias ou classes semânticas (frutas, animais, lugares, entre outros...)
Brainstorm
Síntese da técnica de Brainstorm
Tema: (Escola, Férias, Futebol, Datas
comemorativas...)
Geração de uma lista de palavras baseadas no tema.
Categorização de um grande número de palavras, estabelecimento de sentido. Palavras
com sentido contrario: não sentir medo, heróico, bravo...
Escala de desenvolvimento das habilidade (Butterworth, 2005)
4 anos: pode usar dedos para ajudar a contar;
5 anos: pode somar pequenos números sem estar hábil para somar em voz alta;
5,5 anos: Compreende comutatividade de adição e conta a partir do maior. Pode contar corretamente até 40;
6 anos: Conserva números. Pode contar corretamente até 80.
7 anos: lembra alguns fatos de memória.
Possibilita avaliar as crianças mais precocemente.
Provas Operatórias Piagetianas
Avaliação qualitativa, com base nos níveis de operatoriedade propostos por Piaget, sensório-motor, pré-operacional, operatório concreto e lógico-formal.
Possibilita avaliar as crianças mais precocemente.
Teste de Desempenho Escolar – TDE (Stein, 1994)
Faixa Etária: 1ª a 6ª séries do primeiro grau ainda que possa ser utilizado com algumas reservas para a 7ª e 8ª séries.
Aplicação: Individual
Tempo de Aplicação: 20 a 30 minutos
Material: 3 subtestes: escrita, aritmética e leitura
Teste de Desempenho Escolar – TDE (Stein, 1994)
Escrita Escrita do nome próprio, palavras isoladas (ditado)
Aritmética Solução oral de problemas, cálculos (escrito)
Leitura Leitura de palavras isoladas
Interpretação Escore Bruto (EB) – por testes Escore Bruto Total Classificação em relação à seriação e idade
AVALIAÇÃO X RELATÓRIO
• A avaliação é entendida como o processo científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos sejam psicológicos, fonoaudiológicos, educacionais, sociais e etc, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias – métodos, técnicas e instrumentos.
• Os resultados das avaliações devem identificar os condicionantes biológicos, sociais e afetivos e seus efeitos, com a finalidade de serem instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes.
AVALIAÇÃO X RELATÓRIO
•O Relatório fornece uma série de informações sobre o perfil do escolar avaliado. •Deve ser realizados com base em testes, entrevistas e análises, adequadamente conduzidos por profissionais, com enfoque apropriado para cada uma das necessidades e situações propostas. •O relatório deve ser conciso e descritivo, evitando a expressão de opiniões pessoais e o uso de termos caracterizados como pejorativos.
DISLEXIA
Adaptação curricular
Modificação em ambientes educacionais
PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA ELABORAÇÃO DE LAUDO/RELATÓRIO
• Princípios técnicos da Linguagem Escrita
Redação estruturada, bem redigida e definida; O emprego de expressões ou termos deve ser compatível com as expressões próprias da linguagem profissional, garantindo a precisão da comunicação e evitando a diversidade de significações da linguagem popular. • Princípios éticos e técnicos Observância aos princípios e dispositivos do Código de Ética, Considerar a natureza dinâmica e não definitiva e cristalizada do seu objeto de estudo