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Jornal DE LEIRIA Semanário Regional Director de Mérito José Ribeiro Vieira Director João Nazário Ano XXXII Edição 1703 Quinta-feira, 2 de Março de 2017 1,00 www.jornaldeleiria.pt PUBLICIDADE PUBLICIDADE Exportações da indústria de moldes cresceram 92% desde 2010 Histórico Em 2016, o sector dos moldes atingiu o valor mais alto de sempre das suas exportações, tendo ultrapassado, pela primeira vez, a barreira dos 600 milhões de euros Pág. 18 RICARDO GRAÇA Crime foi há 30 anos Primeiro mass killer português ou o ‘Mata-Sete’ do Osso da Baleia Pág. 13 Suinicultura ETES já devia estar concluída mas obras ainda nem começaram Última Região De hostels a lar para refugiados, a nova vida das antigas escolas primárias Págs. 10/11 Leiria Câmara quer colocar startups no mercado municipal Págs. 12 Chegar aos 100 anos “banalizou-se” Págs. 4/6 LUSA

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JornalDE LEIRIA

Semanário RegionalDirector de Mérito José Ribeiro VieiraDirector João NazárioAno XXXIIEdição 1703Quinta-feira, 2 de Março de 2017€ 1,00

www.jornaldeleiria.pt

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Exportações da indústria de moldescresceram 92% desde 2010Histórico Em 2016, o sector dos moldes atingiu o valor mais alto de sempre das suas exportações,tendo ultrapassado, pela primeira vez, a barreira dos 600 milhões de euros Pág. 18

RICARDO GRAÇA

Crime foi há 30 anos

Primeiro masskiller português ou o ‘Mata-Sete’ do Osso da BaleiaPág. 13

Suinicultura

ETES já deviaestar concluídamas obras aindanem começaram Última

Região

De hostels a lar pararefugiados, a novavida das antigasescolas primáriasPágs. 10/11

Leiria

Câmara quercolocar startupsno mercadomunicipal Págs. 12

Chegar aos 100 anos“banalizou-se”Págs. 4/6

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2 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Radar

Imagem Viagem Tiago Baptista

Estamos a voltar ao tempo daclaustrofobia democráticaLuís Montenegro, líder parlamentardo PSD, Público

Tenho pena que a troika tenhaido emboraFerraz da Costa, presidente doFórum para a Competitividade, ECO

Olho clínicoJoão FaustinoA indústria portuguesa demoldes, representada pela

Cefamol, presidida por JoãoFaustino, tem apresentado umadinâmica notável, aumentandoconsistentemente o valor dasexportações, que no ano passadoatingiram os 626 milhões deeuros. Um montante querepresenta um crescimento de92% face a 2010.

Pedro Neves O cineasta nascido emLeiria vai levar, em

competição, o seu mais recentedocumentário, Tarrafal, aofestival dinamarquês CPH:DOX,em Copenhaga. O filme foiseleccionado para aquele que éconsiderado o terceiro maiorcertame deste tipo decinematografia do mundo.

David NevesO contrato definanciamento previa

que, nesta data, a construção daEstação de Tratamento deEfluentes Suinícolas (ETES) jáestivesse em fase de conclusão.Mas, a empreitada ainda não foiadjudicada. Agora, a Recilis,entidade detentora de 100% daValoragudo (promotora da obra),presidida por David Neves, pediuum prorrogação do prazo para oinício dos trabalhos. Mais umadiamento, num projectoaguardado há anos pela região.

Impressões

Moisés EspíritoSanto

Carnaval e Quaresma

Quaresma significa, em latim(‘quadragesima’), «quarenta» (dias)antes da Páscoa, a partir da terça-feiragorda. No entanto, são sete semanas

antes da Páscoa. A referência era a Páscoa. Estafoi a festa da «primeira lua-cheia depois doequinócio da Primavera» (de que falaremos aseu tempo neste espaço), sendo a Lua a deusamáxima, parceira do Sol, nas culturas do antigoMédio-Oriente e do Mediterrâneo.O número 7, prestigiado ou sagrado, remetepara o calendário lunar que é o mais antigoque se conhece e que todos podem controlar;fixa-se em 28 dias durante os quais sedesenrolam as quatro fases da lua (7x4). Aactual semana de sete dias, conhecida desde ostempos mais remotos, tem essa origem lunar,enquanto muitos povos também seguem o anolunar.Falemos do Carnaval. Teve um nomealternativo, Entrudo (do latim ‘introitus’,«entrada», da Quaresma) caído em desuso. Oactual termo Carnaval é do léxico das línguasdo sul da Europa, tal como os festejos ligados aele, com especial atenção para a Itália.O Carnaval (do actual calendário) já erafestejado na antiga Pérsia, que tinha por capitalBabilónia, com máscaras e facécias grotescas,no século IVº a.C., como sendo o início das taissete semanas antes da primeira lua-cheiadepois do equinócio da Primavera, festa daLua. O nome Carnaval provém da língua dessaregião: ‘qarr nabal’ que significa «festa dosloucos». O termo devia ter sido difundido naBacia Mediterrânica pelos povos vindos dessasregiões e que se chamaram fenícios ecartagineses.Segundo o Livro bíblico de Ester, os judeusdeportados em Babilónia foram libertados,nessa época, graças a Ester. Esta era uma

rapariga do harém do imperador, judia-secreta; tendo sido escolhida pelo imperadorcomo esposa, ela exigiu, como condição, alibertação dos compatriotas perseguidos. Econseguiu, com o enforcamento do ministroperseguidor. Para celebrar este evento, os judeusinstituíram um dia de jejum («jejum de Ester»)preparativo duma festa chamada‘Purim’(«sorteios»). Esta caracterizava-se pordistribuição de esmolas aos pobres, porfacécias em que se simulava a morte dosopressores e por comezainas em que cada umdevia beber «pelo menos» um copo de vinho,um apelo à desregulação festiva.Portanto, já são velhos e revelhos os nossoscostumes carnavalescos, de origem médio-oriental e, hoje, latinos.A Quaresma católica notabilizava-se pelaabstenção de comer carne; tal como todas assextas-feiras; só peixe. Trata-se de umpreceito estranho tanto mais que, no passado,o peixe era uma dieta rara, e mesmoimpossível para muitos povos, enquantotodos tinham acesso a carne de animaisdomésticos; depois, o peixe era comprado aospescadores enquanto a carne era de produçãoprópria. A abstenção de carne saía cara aoscristãos. Há quem veja nesta prescrição antigauma proposta sanitária, no sentido depromover uma «alimentação equilibrada»como dizemos hoje. Dieta modernista. Fosseou não uma prescrição racional e científica, ocerto é que o resultado devia ser sensível, útile, portanto, digna de ser respeitada.Aqui temos alguns exemplos de continuidadecultural: o calendário, o Carnaval, o tipo defestejos e a abstenção de carne.

Sociólogo

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 3

Não gosto da ideia de que temosde ser supermulheresCatarina Marcelino, secretário deEstado para a Cidadania e Igualdade,Expresso diário

Não fui treinado para procurar anotoriedadeLuís Filipe Castro Mendes,diplomata, poeta, E

A fé salva-nos da ganânciaMiguel Guilherme, actor, E

As empresas da energia são umlóbi poderosoVítor Santos, presidente da ERSE,Expresso

Fórumdasemana Editorial

Para os mais optimistas, crentes e,até, ingénuos, o mês de Dezembrode 2014 foi de festa redobrada, comAssunção Cristas, na altura ministra

da Agricultura, a trazer a boa nova daresolução de um problema tão antigoquanto nefasto, que há décadasenvergonha esta região.Qual Pai Natal ou Rei Mago, Cristaspresidiu à cerimónia de assinatura docontrato de financiamento das obras daEstação de Tratamento de EfluentesSuinícolas (ETES), o presente pelo qualesta região há muito ansiava naexpectativa de ver resolvido um problemaambiental pouco próprio de um País que sediz evoluído. No entanto, chegado o tempo definidopara a obra estar concluída, a Recilis,entidade responsável pela mesma,solicitou a prorrogação do prazo para a...iniciar, sendo que ainda nem foiadjudicada!!!Sim, é isso mesmo... passados três anossobre a assinatura do contrato, mais umavez, nada foi feito, como se o que está emcausa fosse uma coisa menor e não tivesseas consequências que tem na qualidade devida de milhares de pessoas, nos negóciosdo turismo e na fauna e flora da baciahidrográfica do rio Lis. Dizem agora os responsáveis que énecessário perceber melhor a “viabilidade”e “sustentabilidade” económica doprojecto para se poder avançar com aadjudicação da obra, ficando a população atentar encontrar uma justificação para sóagora, quando a mesma devia serinaugurada, se estar a pensar no assunto. Então, isso não seria matéria para se terestudado antes da assinatura do contratode financiamento? Por falta de tempo nãoterá sido, pois este problema arrasta-se hámais de três décadas, período em que jáforam feitos estudos e mais estudos egastos muitos milhares de euros.O que não parece haver é muita vontadepara resolver o problema, fazendo-se deconta que se está a tratar do assuntoenquanto se vai adiando o que tem de serfeito para um futuro incerto, futuro esseque, se o projecto perder o financiamentopúblico, será com certeza longínquo. O interessante era perceber se todos ossectores de actividade económica selembrassem de dizer que não sãosustentáveis economicamente com asobrigações ambientais a que estão sujeitose, de repente, despejassem para oambiente os seus resíduos, as águas nãotratadas e os fumos não filtrados. Nadaque não aconteça noutros países, ondeparece estar sempre nevoeiro denso sobreas cidades, onde as máscaras fazem parteda indumentária do dia-a-dia e onde aesperança de vida é menor 10 a 15 anos queem Portugal.Mais do que sustentabilidade económica, oque parece faltar ao sector suinícola évergonha e respeito pelas pessoas,esquecendo-se que, muitos dos quehostilizam com as suas práticas, são seusclientes e que um dia, se pensarem bem,poderão deixar de o ser.

João Nazário

Depois de uma década de “crescimentovertiginoso”, como o classifica o Financial Times,os trabalhadores chineses, como um todo,ganham mais à hora do que a maior parte dostrabalhadores da América Latina (com excepçãodo Chile). Neste momento, os salários chineseschegam a 70% dos salários dos países de menoresrendimentos da Europa, como a Grécia e Portugal,de acordo com os dados divulgados peloEuromonitor International, um grupo de pesquisafocado nos mercados internacionais, e citado pelo

Quecomentárioslhe mereceeste assunto?

Público. Os salários médios por hora na Chinatriplicaram entre 2005 e 2016, e subiram para 3,60dólares por hora (aproximadamente 3,41 euros),de acordo com o Euromonitor. Em Portugal, noano passado, os salários médios desceram de 6,30dólares por hora para 4,50 dólares (4,25 euros).Alguns especialistas esperam novos aumentos dossalários na China durante os próximos anos eacreditam que muitas das empresas quedeslocalizaram investimentos para este paíspossam regressar à Europa.

Era inevitável o aumento dos salários na China etudo indica que continuarão a subir se o nível decrescimento da economia chinesa não for afectadopela nova política americana. Naturalmente, ofacto de aumentar o custo salarial na China podefazer com que empresas que para ali sedeslocaram possam voltar a investir na Europa.Admito porém ser mais provável que estasempresas continuem a procurar países com custossalariais mais baixos do que os da Europa.Relativamente a Portugal, reconhecendo que oscustos salariais baixos podem ser um factorpositivo na competitividade, a economiaportuguesa não se afirmará nos mercadosinternacionais por ter ainda uma das mais baixasmédias salariais da Europa. Só se afirmará pelaqualidade dos serviços e produtos que fabricar,serviços e produtos inovadores que sejamatractivos no mercado global.

A competitividade não se medeúnica e exclusivamente sobre ossalários em termos absolutos,mas também pela produtividadedos trabalhadores. Se o aumentode salário for maisrecompensado pelo aumento daprodutividade, em termoscompetitivos a China continua aser bastante competitiva. O facto de os salários desceremterá também impacto na descidada produtividade, portanto adescida de salário de formasimples não implica que aprodutividade aumente.

AuroraTeixeira,investigadorana área dotrabalho

Durante muito tempo, esse foi umfactor que desequilibrou um poucoa competitividade das empresasportuguesas, comparando com asasiáticas. Existem grandesempresas chinesas que investemmuito na tecnologia, o que faz comque o valor da mão-de-obra já nãotenha o peso que antigamentetinha. Se estivermos todos nummundo global mais equilibrado, emtermos concorrenciais, podemosser mais competitivos. Na Europa, épreciso continuar a investir emodernizar para podermos sercompetitivos e manter o espaçoque temos no mercado.

Amaro Reis,gestor

Telmo Ferraz,empresário

Acredito que sim. Nós temos fábricas na China. EmAbril de 2008 os salários estavam na faixa dos 250euros por mês e em Abril do ano passado tinhamsubido para 1.000 euros mensais. Os salários naChina estão a crescer na ordem dos 15 a 20% aoano. Ou mais. As encomendas de moldes estão avoltar para Portugal, Estados Unidos, Alemanha, euma das razões é o aumento dos custos de trabalhona China. Já não é tão interessante fazer moldes naChina porque já não é tão barato, além das questõesrelacionadas com o know-how e a distância. Asempresas procuram outros fornecedores.

José Dantas,administradorda Yudo naEuropa

No mercado em que a Bainha Aberta se insere, ovalor do salário médio é um indicador que não sedeve utilizar, mas sim o salário mínimo. Esteaumentou 15% desde o ano de 2014 (de 485 para557 euros). Outro factor a ter em conta quandoanalisamos a deslocação de trabalho é o facto de aEuropa não ter só Portugal a trabalhar na nossaárea. Outros países no Leste Europeu, como aHungria ou a Roménia, oferecem o mesmo valoracrescentado do que Portugal (que é superior àChina). Em conclusão, na nossa área de trabalhonão vamos sentir um aumento substancial naquantidade de trabalho, até porque no nossoprincipal fornecedor aquilo que é valorizado é ovalor acrescentado. Somos procurados pelaqualidade mais flexibilidade, logo a nossaconcorrência já é europeia e não asiática.

AntónioFranco,gestor

Novela sem fim à vistaAumento dos salários na China pode ser umaoportunidade para Portugal?

A China já não é o que era.Porém, não é a tentar imitar aChina do passado que vamosconseguir mais mercado nofuturo. Centrar a discussão noscustos da mão-de-obra é redutor.O investimento na tecnologia, noconhecimento, na experiência eno planeamento são as chavespara nos conseguirmos imporcom produtos e serviçosdiferenciados e que nos fazemcrescer. Porque temos recursoshumanos e materiais deexcelência, capacidade deresposta, qualidade, cumprimosprazos, estamos próximos edisponíveis na hora.

Hugo Ferreira,empresário

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4 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Abertura

A vida depois dos 100Centenários Só no Lar Emanuel, em Leiria, moramseis pessoas com mais de 100 anos, a maioria lúcidas,sem qualquer demência. Uma delas chegou 15 anosdepois do filho.

Paula Sofia [email protected]

� Maria de Jesus caminha semajuda, desempoeirada, de mala atiracolo sobre uma blusa azul decambraia, calças de sarja e umlenço colorido. Gesticula muitoenquanto fala, quando se afasta dogrupo que ainda agora ali estavareunido para a fotografia: João,António, Romana, Emília, Luís,todos com mais de cem anos, qua-se todos lúcidos, companheirosde casa, no Lar Emanuel, em Lei-ria. É aqui que se concentram seiscentenários, num caso raro para aregião e para o país. “Juntos fazem622 anos”, como gosta de conta-bilizar David Martins, antigo dire-tor do Lar que actualmente é “umaespécie de consultor”, responsávelpela organização de eventos. Vai látodos os dias, joga snooker comJoão Grilo, 102 anos feitos em Ja-neiro. E ao fim de poucos minutos

de conversa com Maria de Jesus,percebemos o que quer dizer Davidcom a expressão “banalizou-se”[chegar aos 100 anos]. Para co-nhecer a história da mais recenteinquilina deste grupo (só chegou aoLar há três meses) é preciso recuaraté 4 de Novembro de 1913, quan-do nasceu, numa aldeia da Caran-guejeira. Viveu lá a vida toda, des-de a infância e juventude passadano cultivo da terra e mais tardesentada à máquina de costura. Eraesse o ofício de que mais gostava,mas ser mãe de dez filhos obrigou-a a tomar mais conta da lida da casado que das bainhas na roupa deou-tros. Quando aponta as limitaçõesque a idade lhe trouxe, sai-lhe umlamento: “hoje nem sou capaz deenfiar uma agulha”. Completouneste outono 104 anos, feitos deuma independência que impres-sionou o pessoal do Lar, quando alichegou, pouco antes da data. Afi-nal, Maria de Jesus ainda vivia so-

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 5

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RICARDO GRAÇA

DR

zinha em sua casa, cozinhava etudo. “Os meus filhos iam lá dar-me um jeito na limpeza e na rou-pa. Mas chegou uma altura emque eu já não estava em condiçõesde morar sozinha”, conta ao Jornalde Leiria a mulher que agora divi-de o mesmo espaço com um dos fi-lhos: Joaquim Gameiro, o maisvelho, residente no Lar há 15 anos.Era taxista, mas um acidente vas-cular cerebral debilitou-o cedo.“Ele entretém-se muito no com-putador e nessas brincadeiras queelas fazem aqui no Lar”, contaMaria de Jesus, para quem a surdezé agora “uma chatice”. Nada que aimpeça, porém, de dançar, comoainda gosta. Há outros prazeresque não dispensa, como saborearuma boa refeição e beber o seucafé. “Nunca tive muitos cuidadoscom a comida, sempre comi detudo, lá na terra plantava-se o quese comia, das batatas às couves.Mas aqui há 30 anos ninguém me

Os mais activos

Ir à bola e gerir as contas, passear com a família fora do Lar� “Os únicos problemas dele sãoa visão, e a dificuldade em andar.Mas de cabeça está óptimo”. Ma-ria Lopes ainda recupera da emo-ção de ver o pai chegar aos 100anos. Foi a 18 de janeiro passado,houve festa rija no Lar, e maisuma vez António Lopes desfiouaos presentes as suas aventuras edesventuras em África, do tempoem que cuidava das granjas daDiamang – Companhia de Dia-mantes de Angola; de como(de)esperou vários dias pela che-gada do navio onde viajavam amulher e os filhos, nos anos 50,da infância no Cercal, concelho deOurém, até aos dias no Vale Sepal,antes de ficar viúvo e passar a bar-reira dos 90. A filha mais nova(que também já é avó) acreditaque esta longevidade se deve “àforma como ele e os outros sãotratados no Lar”, onde os fami-liares vão, amiúde, almoçar ouconviver, sem horas de visitamarcadas. Dos três filhos, Antó-nio recebeu sete netos e e 10 bis-netos. Por esta altura continua aser “dono e senhor” das suas fi-nanças: é ele quem controla aconta bancária e faz os paga-mentos ao Lar. “É preciso dizerque, em 2009, quando se mudoupara lá, o meu pai ainda foi aconduzir”. No mesmo grupo estáJoão Grilo, 102 anos, um alente-jano de Portalegre radicado emLeiria, que sai com frequênciaao domingo para ir até ao campodo GRAP, nos Pousos, ver o bis-neto jogar futebol. Já foi capa dejornais, até pela antiguidade en-quanto sócio da União Desporti-

va de Leiria, e recebe com fre-quência (no lar) ainda a visita doúltimo patrão, dos quatro queteve, numa vida de trabalho quedurou até passar dos 80. A lon-gevidade está nos genes da famí-lia, pois que a irmã mais velhamorreu com 97 anos, a mais nova

julgava vida”, revela Maria de Je-sus, que desde então vive apenascom metade do estômago. É paracontrolar “esse problema” quetoma um comprimido todos osdias, mais aquele para controlar atensão arterial. Ao contrário damaioria dos idosos, não tem dia-betes nem outras maleitas. Tem,isso sim, o carinho de 18 netos e 12bisnetos, mais a atenção dos oitofilhos ainda vivos.

O poder dos fármacosTalvez seja o amor (à vida, sobre-tudo), talvez a sorte de ir seguindoem frente, ou apenas a ordem na-tural das coisas, do mundo quepula e avança no que respeita aosfármacos, que prolongam a vida.Certezas, só duas: chegar aos 100anos e mudar de século “banali-zou-se”, considera David Martins,boa parte da vida dedicada a acom-panhar a terceira idade. Foi a par-tir de meados dos anos 90 quecomeçou a disparar o fenómeno.Lembra-se bem de como era antes.“Quando algum deles chegava aos100 fazia-se uma festa com direi-to a banda filarmónica e tudo. Eraum acontecimento! Actualmente,continuamos a fazer festas mas équase tão comum como fazer 90.Aliás, além destes seis com 100anos ou mais, no Lar temos váriospré-centenários, que este ano ouno próximo vão fazer um século devida”. David Martins não tem dú-vidas de que a longevidade fica adever-se “ao poder dos fármacos”.“A medicação que tomam vai-lhesprolongando a vida. Mas há aquiuma coisa muito importante: aforma como as pessoas hoje são se-guidas, acompanhadas por médi-cos e enfermeiros, pelas auxiliaresdos lares, quando estes são fontesde vida e não depósitos. Antiga-mente as pessoas morriam emcasa, sem assistência e sem fár-macos. O que mudou foi isso. Enão tenho dúvidas de que vão du-rar cada vez mais”.

Talvez a alimentação faça partedo mito para chegar aos 100 anos,até porque muitos deles come-ram gorduras e beberam álcool(sobretudo vinho) durante boaparte da vida. No ano passado, oconhecido Chef inglês Jamie Oli-vier viajou pelo mundo em buscade ingredientes “heroicos” queaumentam a longevidade. Depoisde uma campanha para melhoraras refeições das crianças nas es-colas, Jamie passou a dar dicas decomo viver mais tempo através deuma alimentação saudável. O chefreuniu 14 alimentos que, no seuentender, podem ajudar a chegarao centenário. Dessa lista fazemparte alimentos como os ovos,leite de cabra, peixe, batata-doce,verduras e especiarias, tofu, nozes,fejão preto, fruta fresca, algas ma-rinhas, arroz, alho, camarões epimenta. Todos eles são bastanteutilizados pelas populações daCosta Rica, Okinawa (Japão) e nal-gumas ilhas gregas onde a longe-vidade se fixa, frequentemente,nos 100 anos.

Num Lar de AlcobaçaBenvinda, a mais velha do distrito

Tem agora 111 anos D. BenvindaMatias, a mulher mais velha dodistrito e, provavelmente, do país.Nasceu a 15 de Fevereiro de 1906,no concelho de Arganil, mas é noLar da Misericórdia de Alfeizerão(Alcobaça) que mora, desde há 10anos, Só teve um filho (já falecido),restam-lhe os netos e os bisnetos.“Ainda responde a tudo o que lheperguntamos”, disse ao Jornal deLeiria Cátia Camacho, técnica doLar onde Benvinda é a únicacentenária, seguida de perto poralguns idosos com 97 e 98 anos.Benvinda Matias bem poderá ser amulher mais velha de Portugal,apesar de não existirem dadosoficiais que permitam chegar a essaconclusão, uma vez que o InstitutoNacional de Estatística apenascontabiliza o número de pessoas

que ultrapassaram os 100 anos. É comum nos tempos que corremencontrar centenários na maioriados Lares de Idosos dos 16concelhos do distrito de Leiria. EmPombal, Janeiro ficou marcadopela festa de aniversário da“menina Adelina”, como eracarinhosamente tratada AdelinaAlves Pacheco, no Lar Rainha SantaIsabel, da Santa Casa da

Misericórdia de Pombal. Noentanto, aquela que era a maisidosa do concelho, com 105 anos,faleceu poucos dias depois dafesta, numa altura em que já seencontrava bastante debilitada. Aperda de visão e de audição são ossinais mais notados na maioria dosidosos centenários, em contrastecom a lucidez, que se mantémmuitas vezes até ao fim.

Da esquerdapara a direita:LuísGordalina(103), JoãoGrilo (102),Maria deJesus (104),Romana (108)e AntónioLopes (100).João jogasnooker todosos dias,Antónioainda gere odinheiro.

com 84. “Acho que tive a sorte dechegar a esta idade, assim. Nãome dói nada, felizmente. É ver-dade que nunca fumei, semprefiz uma vida regrada, e aindahoje só bebo meio copo de vinhopelo Natal”, conta ao Jornal deLeiria. Gosta de viver, na verda-de. Tal como o amigo Luís Gor-dalina, um ano mais velho. Des-te grupo ainda fazem parte Emí-lia Baptista, que em Maio há-decompletar 104 anos, a mais de-bilitada dos centenários. Parafechar o leque, D. Romana, 108anos, impecável no porte, não ra-ras vezes entrevistada nos últi-mos anos, desde que dobrou os100. “É preciso que se note que,dos seis, só três é que têm de-mência. Por isso é muito agra-dável ainda conversar com eles”,sublinha Nádia Antunes, 24anos, em estágio profissional háum ano, enquanto técnica deserviço social. Neste contactopróximo com a terceira idade,percebeu que uma das causaspara tamanha longevidade seprende com a resposta que exis-te, socialmente, ao invés de“uma velhice escondida”, comodantes. A equipa do Lar Emanueltem a seu cargo 84 idosos no edi-fício-sede, inaugurado em 2011,e mais 36 no outro, nos Marrazes.A lista de inscrições é vasta. Coma crescente proliferação de cen-tenários, qual sinal dos tempos,acabou-se a benesse que duran-te anos era regra da casa: quan-do um idoso chegava aos 100anos, deixava de pagar mensali-dade.

É muitoimportante aforma como aspessoas hoje sãoseguidas,acompanhadaspor médicos eenfermeiros, pelasauxiliares doslares, quandoestes são fontes devida e nãodepósitos DavidMartins

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6 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Abertura

Paula Sofia [email protected]

� “Teoriza-se e critica-se muito.Mas se não fosse isso, o idoso nãochegaria a idades mais tardias”.Isabel Pinto Gonçalves, médicade clínica geral e familiar no Cen-tro de Saúde de Pombal (que che-gou a dirigir) é peremptória no quetoca ao famoso “saco dos medi-camentos” que se torna parte davida da maioria dos idosos. No en-tanto, isso não quer dizer que sejao que defende para a vida dosque conhece tão bem, não só àconta de quase três décadas comomédica de família, mas tambémpela contacto com as demênciasna delegação centro da AssociaçãoAlzheimer Portugal, a que preside.“A aposta tem de ser menos me-dicalização e mais qualidade devida, com hábitos de vida saudá-veis, isso é que tem ser mexido nasociedade portuguesa. Estamos afalar de uma mente activa, e de di-minuir a pressão”, considera Isa-bel Gonçalves, sublinhando que“os medicamentos são muito im-portantes para minorar os efeitosdepressivos, nomeadamente nosidosos, mas também temos deminorar os efeitos secundáriosatravés de acções externas: Apren-der meditação, aprender a sorrir(risoterapia), musicoterapia, iogae dança, por exemplo”. A médicaacredita que todas essas activida-des têm o poder de substituir al-guns fármacos: “os ansiolíticos,nalguns casos, são responsáveis aolongo do tempo por maior núme-ro de doentes com Alzheimer e ou-tras demências. Por outro lado, aprática dessas actividades substi-tui os antidepressivos, nalgunscasos os fármacos anti colesterol,pois a mobilidade melhora os ní-veis, seja em natação, caminhar,correr, enfim, qualquer actividadefísic. Mas tudo isto tem de ser en-sinado, a maior parte dos idososestão isolados, sozinhos em casae não têm quem os leve nem façaactividades com eles”, recorda.

Viver nos lares –- o contraditório Todos os centenários desta repor-tagem vivem em lares, o que con-traria a ideia generalizada na so-ciedade de que são, muitas vezes,uma antecâmara da morte. IsabelGonçalves aponta o que conside-ra ser “uma contradição muitogrande nos estudos feitos sobre osmedicamentos, a sua aplicabili-dade nos idosos e ao mesmo tem-po a prática real do dia a adia”. “Oque vejo, através da minha práti-

DR

ca clínica e do que observo nos la-res, as pessoas apoiadas medica-mente têm mais tempo de vida”.Mas essa certeza remete-a para ou-tra questão: vale a pena ter maistempo de vida ou melhor quali-dade? “Por isso é que cada pessoatem de ser avaliada de per si”.Pelo que observa, metade das pes-soas que actualmente chegam aos100 anos, “são pessoas mental-mente activas, impecáveis, as ou-tras terão Alzheimer ou outrasdemências”. E no futuro? “De-pende do que fizermos agora. Aspessoas com 50 e 60 anos têm decomeçar a preocupar-se com osseus hábitos de vida, que nãopode ser só trabalhar, dormir, co-mer, gerir as emoções com culpa.É fundamental aprender a gerirsem culpa, a conhecer-se a si pró-pria. A maior parte das vezes sãoas preocupações e uma má gestãodas situações do dia a dia, que nosleva a alterações graves, a de-pressões profundas, e que são acausa nº 1 despoletante e repen-tina de uma demência”.

Isabel Roque, a directora ténicado Lar Emanuel, que ali trabalhahá 17 anos, alinha nessa mesmaideia de estabilidade dos servi-ços médicos e de enfermagem

como causa maior da longevida-de. “Tenho pensado muito nisso,ultimamente. Julgo que os exa-mes de rotina e prevenção que seinstituíram nos últimos anos tra-zem essa consequência”. Já NádiaAntunes é menos optimista emrelação ao futuro: “estas pessoasque agora têm 100 anos fizeramuma alimentação completamen-te diferente da que fazemos ac-tualmente, e depois têm agoraacesso a todos estes cuidados”. JáDavid Martins acredita que a “hi-giene é tão importante para essavida longa, com saúde, como aalimentação. Nos lares a roupa decama é mudada todos os dias, eisso nem nas nossas casas faze-mos”, sustenta.

A função “proactiva” dos médicos“Há uma maior longevidade efec-tiva. E os médicos têm tido umafunção muito proactiva na ma-nutenção da vida”, acrescentaIsabel Gonçalves. “Nós [médi-cos] fizemos todos um juramen-to de Hipócrates, em que prome-temos tratar o melhor possível donosso doente e manter a vida. Averdade é que ‘resultou muitobem’, ao longo do tempo, esta

Esperança média de vida poderá ultrapassar os 90 anos em 2030

O “saco dos medicamentos” que prolonga a vida

4.287 No final de 2015, era este onúmero de portugueses commais de 100 anos contabilizadopelo Instituto Nacional deEstatística. Os dados mostramum aumento de 107% nosúltimos quatro anos

50% Metade dos idosos que chegamaos 100 não apresenta qualquerdemência. A médica IsabelGonçalves, responsável peladelegação do Centro daAlzheimer Portugal, em Pombal,lembra que os efeitossecundários de alguns fármacose a estabilidade emocionalconcorrem para os números

O número nossa intervenção no sentido damedicalização do idoso”.

De acordo com um estudo di-vulgado na semana passada, a es-perança média de vida, em Por-tugal, poderá ultrapassar os 90anos em 2030. A conclusão re-sulta de um estudo publicadopela revista científica The Lancet,que cruza os dados estatísticos de35 países. O aumento da esperan-ça média de vida das mulheres dePortugal, Eslovénia e Coreia do Suldeverá aumentar entre quatro asete anos. Também os homensportugueses, de acordo com omesmo estudo, deverão ter umavida mais longa. Se em 2010 ocu-pavam o 22º lugar, em 2030 pers-petiva-se uma subida na tabelapara a 18ª posição. O primeiro lu-gar do ranking masculino da re-vista The Lancet está nas mãos daCoreia do Sul (84,1 anos). Aus-tralianos e suíços (com 84 anos)são os que se seguem nesta tabe-la de longevidade, com 35 paísesdesenvolvidos. Segundo os in-vestigadores, estes números vãoexigir um esforço adicional dospaíses, onde se aconselha maiorinvestimento na saúde e na assis-tência social, assim como a revi-são da idade de reforma.

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8 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Entrevista

“Os fundamentalistas, extremistas e muito conservadores, não pegavam em armas para defender o Islão violento”

Paulo Moura jornalista e autor do livro Depois do Fim foi repórter de guerra e esteve em Leiria parafalar do papel do islamismo, como substituto do comunismo e do modo como esta religião tem sidousada para fins violentos

Jacinto Silva [email protected]

�No seu mais recente livro, Depois doFim - Crónicas dos primeiros 25 anosdepois da guerra de civilizações, fazuma alusão a dois conceitos geopo-líticos no título e subtítulo. O fim deum mundo e o que se lhe segue."Depois do fim" refere-se à Teoria dofim da história, que é referida nos li-vros de Francis Fukuyama e SamuelHuntington. Um fala do fim da histó-riae o outro do conflito de civilizações,e foram publicados na mesma época.Referem a transição que ocorreu apósa Queda do Muro de Berlim. A Teoriado fim da história, que tem raízes emHegel, afirma que a história sofreuma evolução, de tese de antítese e desíntese, até chegar a um final onde nãohaveria mais motivos para conflito eserá o fim de toda a motivação parauma evolução e... a história acaba ouentramos, pelo menos, num períodomais estagnado. Ora, diz-se que, de-pois da Queda do Muro de Berlim e doBloco Soviético, esse momento acon-teceu. Acabou a Guerra Fria, em1989, e, portanto, é o “fim da história”,porque não haverá mais motivo paraguerras. Na época, considerava-seque todos os conflitos que existiam nomundo tinha por detrás os E.U.A. e aU.R.S.S., as duas super-potências,que os alimentavam directa ou indi-rectamente. Mas não foi o que aconteceu.Ao contrário do que se previa, não ini-ciámos um mundo de paz, sem con-flitos. Pelo contrário. Começaram no-vos conflitos e novos protagonistas.No meu livro, identifico, como gran-des motivos, a saída de cena do co-munismo e a entrada do islamismo ra-dical como motivo de instabilidade.Se analisarmos, todos os grandesconflitos que aconteceram desde1989, o islamismo radical e jihadismoestão na sua base. Mesmo eventos quecomeçam sem ter qualquer ligaçãocom isto, acabam por ser manipula-

dos e dominados por essa força fun-damentalista. O subtítulo, Crónicasdos primeiros 25 anos depois da guer-ra de civilizações, deixa entender queisto ainda mal começou. Não há umaGuerra Fria, mas uma "guerra de ci-vilizações". Embora ninguém o digaabertamente, a noção é que estamosno meio de um conflito entre o Oci-dente – judaico-cristão - e o mundomuçulmano. Este livro, é uma narra-tiva dos primeiros 25 anos dessa his-tória e, nele, explico que não acredi-to em guerra alguma de civilizações.Em primeiro lugar, o conceito de ci-vilização é discutível e a civilizaçãoocidental tem muito de cristão, ju-daico, muçulmano e de outras cultu-ras. Mas conflitos têm sido feitos emnome dessa "guerra"...É uma ficção criada, nestes 25 anos,para os justificar. Ou é em nome do Is-lão ou dos valores ocidentais contra o"perigo do Islão". Decidi publicar estelivro, porque, um dia, olhei os meuscaderninhos, onde tomo notas, e,em todos esses apontamentos dos tra-balhos internacionais, constatei quehá uma unidade entre vários destesassuntos. Afeganistão, Iraque... Pri-mavera Árabe, Egipto, depois Líbia...As coisas pareciam não ter uma liga-ção entre si. Pareciam aleatórias e caó-ticas e só, a posteriori, vi a ligação en-tre elas. Era uma espécie de cadeia deacontecimentos que desembocamno que temos hoje. Explicam o nos-so mundo actual e os grandes fenó-menos da política mundial: o EstadoIslâmico, a guerra na Síria, o proble-ma das migrações, o terrorismo na Eu-ropa. Começa, então, o livro na Argélia.Sim. Em 1991, quando comecei a mi-nha carreira de jornalista, na Argélia,onde houve uma grande crise, aindaligada à Queda do Muro de Berlim e aabertura dos regimes socialistas ára-bes. O primeiro sítio onde isto acon-teceu foi, precisamente, na Argélia. Aí,o Governo e o regime de partido úni-

co resolveram que iriam realizar elei-ções livres. Apareceram vários parti-dos e um deles, a FIS - Frente Islâmi-ca de Salvação -, era fundamentalis-ta islâmico e, à primeira volta, venceuo sufrágio, com dois terços dos votos...já nem houve segunda volta nas elei-ções. Acabou logo ali a abertura do re-gime e começou uma guerra civil naArgélia. Muitos desses fundamenta-listas, que se tornaram terroristas, jávinham da guerra do Afeganistão,onde haviam lutado ao lado dos mu-jahedin, e é neste ambiente que sur-ge o embrião daquilo que virá a ser ofundamentalismo islâmico e o terro-rismo. Essa minha aventura acabouquando fui preso e expulso da Argé-lia, ao fim de dois meses lá. Podia pen-sar-se que aquele era o tempo das "va-cas gordas" do jornalismo, mas cadauma destas reportagens, só deus sabeo que custou convencer os editores edirectores, com orçamentos baixi-nhos. E passava fome… O pior nestetrabalho é o desconforto: a fome, a fal-ta de sono, o passar frio. Nem todos osjornalistas querem este tipo de tra-balho ou têm capacidade de o fazerporque uma coisa é viver uma gran-de aventura e outra é passar os diasem grande desconforto, sem condi-ções, sem sono, sem comer... Porque raio é que eu, com um salário bai-xo, hei-de sujeitar-me a isto? Todos es-ses grandes conflitos onde estive es-tavam, de alguma forma, relacionadoscom o Islão radical e repetiam-se si-tuações.Por exemplo?Por exemplo, os jovens que conhecina Argélia encontrei-os, mais tarde,noutros conflitos, com as mesmasmotivações. Os fundamentalistas co-meçaram a aparecer em todo o ladoe em conflitos que nada tinham a vercom o islamismo. A certo momento,na Chechénia, segui para as monta-nhas onde passei dez dias com os re-beldes. Estes, tinham o apoio do povoe faziam comícios em todas as aldeiaspor onde passavam. Eram verdadei-

apoderou do movimento. O Islão é apenas uma desculpa?As lutas são, muitas vezes, em nomedele, mas não quer dizer que seja real-mente isso que motiva o conflito. Cos-tuma-se confundir os terroristas comjihadistas, com fundamentalistas is-lâmicos... mas não é tudo a mesmacoisa. O fundamentalismo não é omesmo que o terrorismo. Os funda-mentalistas, extremistas e muito con-servadores, não pegavam em armaspara defender o Islão violento e a sha-ria. O que aconteceu foi que os jiha-distas, que pertencem a um movi-mento violento armado, que quer umIslão político, foram buscar estes fun-damentalistas e fizeram uma "união".Aproveitaram a Queda do Muro deBerlim, da Cortina de ferro, o fim daMAD e da Guerra Fria?Muitos dos terroristas, nem sequersão muito religiosos. As pessoas queatacaram o WTC, em Nova Iorque, ra-dicalizaram-se rapidamente. Tive-ram umas aulas à pressa com unsimãs e começaram a usar barbas.Após o ataque às Torres Gémeas di-zia-se que tinha acontecido porque aspessoas sentiam que os países ricos,em especial os E.U.A., lhes tinhamroubado o futuro e o bem-estar. Notempo da Guerra Fria, se não gosta-vam do capitalismo, havia a alterna-tiva do comunismo. Quando existiaa União Soviética, o mundo capita-lista, não era tão “capitalista radical”como hoje, porque havia um contra-poder. O capitalismo tinha de sermais social, mas bem comportado,mais regulado. Mas, nos anos 80,com Reagan e Thatcher, o capitalismoficou com rédea solta. A certo mo-mento, a única força capaz de ser umaalternativa a esta sociedade capitalistafoi o fundamentalismo islâmico. Comum estilo de vida diferente e até ar-mas. Isso foi muito atractivo paratodos aqueles que se sentiam injus-tiçados. Muitas pessoas que comba-teram no Estado Islâmico, nem se-quer eram muçulmanos.

Passava fome… O pior nestetrabalho é odesconforto: a fome, a falta desono e passar frio.Nem todos osjornalistasquerem este tipode trabalho

Em destaque

ros independentistas e só queriamisso mesmo: independência da Fe-deração Russa e lutavam por justiçasocial. Nada tinham de fundamenta-listas. Não havia radicais barbudos,com teorias fundamentalistas. Mas,aos poucos, eles apareceram e toma-ram conta da revolução. Na Síria,eram movimentos liderados por jo-vens, que vinham de famílias com po-der económico, que tinham viajado,que tinham contacto com o exteriorque só queriam liberdade de expres-são, acesso a empregos... Muitos es-tavam dispostos a morrer e morreram,tal como também morreram no Egip-to, por estas ideias. Não eram funda-mentalistas, só queriam saber que tipode sociedade construir. Os funda-mentalistas eram um grupinho pe-queno, muito organizado, num can-to, que, com o passar do tempo, se

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 9ENTREVISTA COM O APOIO DE:

RICARDO GRAÇA

Medo é normal

“Temos a ilusão de que vivemos numa bolha onde o mundo não nos afecta!” � Ao longo deste anos de trabalho emcenário de guerra, deve ter temidopela vida. Como se lida com essa si-tuação?É normal ter medo. Temos de noscomportar como seres humanos nor-mais. O problema é quando há jor-nalistas ou outras pessoas que tra-balham nesse tipo de cenários queperderam o medo ou que ainda vi-vem a loucura heróica dos princi-piantes. Ou são demasiado blasés e cí-nicos ou são demasiado idealistas. Neste momento, fala-se, nos mediae nas redes sociais, acima de tudo, deTrump, do Brexit...Fala-se das coisas que as pessoassentem que são importantes para asua vida. Falam do Brexit porquetêm amigos ou familiares em situa-ções complicadas ou porque pensamem emigrar para o Reino Unido. Aspessoas têm interesse, só não têm no-ção do interesse. Muitas das coisasque se passam no mundo, podem teruma influência directa na nossa vida.Temos a ilusão de que vivemos numabolha onde o mundo não nos afecta!

E é isso que faz com que não haja in-teresse. Mas é um mito pensar que,dantes, havia mais interesse nas no-tícias internacionais... porque, naverdade, nunca houve. Esteve nos primeiros dias do jornalPúblico, quando ele foi anunciadocomo sendo "o melhor e maior diá-rio nacional"... Estive 23 anos no quadro e maisquatro como colaborador e agoramandaram-me embora. Na verdade,eu sai por minha vontade. Isto não foium despedimento. Saí na últimagrande vaga de despedimentos noPúblico, há quatro anos. Na ocasião,não fiz parte da lista dos despedidos,mas eu, a Alexandra Lucas Coelho ea Margarida Santos Lopes, é que fo-mos lá dizer que íamos embora.Mantive-me como colaborador, comuma avença fixa e foi isso que agoraa Direcção eliminou.O que se passa com os grandes jor-nais que estão a despedir os grandesnomes do jornalismo?Estão com apertos económicos. Nãotêm dinheiro, não vendem e têm de

fazer cortes. Não enviam os jorna-listas a lado algum e despedem. Porcausa de toda esta crise, o jornalismocomeçou a ser visto como uma pro-fissão pouco especializada. O jorna-lismo já não é uma actividade inte-lectual, do espírito, onde são preci-sas pessoas muito boas, que for-mam e informam. Hoje, pensa-se,que o jornalismo é um trabalho pou-co especializado e mal pago, quequalquer um faz. Quem tem estaatitude, não acredita no jornalismo epensa que ele vai acabar a curto pra-zo e passará a ser executado por"técnicos de comunicação". O jorna-lista, com rigor ético, deontológico,com arte de escrita, com uma visãosuperior e capacidade de interpreta-ção, com cultura e informação, comgrande nível de especialização, estáa desaparecer. Os media empregampessoas jovens a ganhar mal, que,quando quiserem evoluir, arranjamoutra profissão.Como lhe parece que será a Europadaqui a um ano? Estamos a viver um período crucial

da história. Sentiu-se isso, no inícioda I Guerra Mundial e a solução foiavançar para o conflito. E nós esta-mos num momento desses. As coi-sas estão num ponto sem saída. Al-guma coisa drástica tem de aconte-cer para que a vida depois continuenormalmente. A tecnologia e a in-ternet modificaram a vida de talmaneira… A globalização fez comque percebêssemos que, no Oci-dente, estamos a perder poder eco-nómico, empregos e segurança eque a democracia está em crise.Mas, há uns anos, fui à China e per-guntava pela crise e questionavam-me de volta: "mas qual crise?" Sem-pre que se perdeu um emprego nosE.U.A., ganharam-se 500 empregosna China. Os países na Europa e osE.U.A. sentem-se ameaçados, por-que a democracia também está emperigo e a reacção do público é votarem partidos fascistas e populistas.Numa previsão imediata podemosacreditar que iremos ter uma série degovernos fascistas na Europa e aUnião Europeia desmoronar-se-á.

PerfilRepórter de guerraPaulo Moura é natural do Porto,onde nasceu há 57 anos. Escritore repórter freelance foi, durante23 anos, jornalista do Público, nasecção internacional tendorecebido vários prémios dejornalismo. De 1993 a 1995 foicorrespondente permanente nosEstados Unidos, Canadá eMéxico. E chegou a estar naredacção da revista Pública,daquele diário. Repórter deguerra, destacou-se comreportagens no Afeganistão,Argélia, Caxemira, China,Tchetchénia, Haiti, Iraque,Sudão, Egipto, Líbia ou Kosovo,Publicou reportagens em revistascomo a Harper's Magazine, a NewYork Times, o CourrierInternacional, a LettreInternational Deutschland, aLettre Romania, a World Mediaou Néon.

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10 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Sociedade

A nova vida das velhinhas escolas primárias Reconversão Hostel, centros comunitários, habitação ou até alojamento para refugiados e famíliascarenciadas são alguns dos novos usos de muitas das escolas do 1.º ciclo que fecharam na região

Maria Anabela [email protected]

� Foi um acaso e um caso de amor àprimeira vista que ditaram a mudan-ça da editora e livraria O Bichinho doConto do centro de Lisboa para anti-ga escola primária de Casais Brancos,uma aldeia às portas de Óbidos. Já lávão quase dez anos. Cansados daagitação da vida que levavam, Ma-falda Milhões e o marido procuravamum sítio fora de Lisboa para viver e tra-balhar. Como condição impunhamum local “onde se tivesse brincadomuito, de onde se visse o mar, comum castelo à vista” e, se possível, ondehouvesse uma árvore, “com, pelomenos, 28 metros quadrados”, o ta-manho da livraria que tinham em Lis-boa.

À partida, parecia difícil descobrirum espaço que reunisse todos essescritérios. Mas difícil não significa im-possível. Em Óbidos encontraramum local assim: a antiga EB1 de CasaisBrancos, que descobriram, por meroacaso, quando regressavam a Lisboadepois de uma reunião com repre-sentantes da Câmara de Óbidos aquem tinham informado que, afinal,não iam aceitar o espaço que lhes ha-

hoje transformadas em livraria, ateliere galeria de arte. O espaço de recreiovoltou a ter crianças a brincar. Há umbaloiço e, a abraçar o edifício, umagrande árvore. Tal qual como Mafal-da e Pedro tinham imaginado.

De escolas a centros comunitáriosA antiga EB1 de Casais Brancos é umadas centenas de escolas do 1.º cicloque fecharam portas na região, namaior parte dos casos, devido à faltade alunos, mas também para seremsubstituídas por modernos centros es-colares. Hoje, esses edifícios ganharamnova vida. Muitos funcionam comosedes de associações, mas há tambémedifícios ao serviço do turismo outransformados centros comunitários.Neste último caso insere-se a ex-EB 1de Alvados, no concelho de Porto deMós, um projecto que o JORNAL DELEIRIA foi conhecer pela mão de Ben-vinda Januário, que ali foi professoradurante 19 anos e que hoje é presidenteda Junta, e de Sandra Martins, que aí fezos seus primeiros estudos, viu os filhosaprenderem a ler e a escrever e, maistarde, leccionou durante um ano.

A redução do número de alunos di-tou o encerramento do estabeleci-mento de ensino, que fechou em

2014, com a transferência dos alunospara Mira de Aire. Mas, há cerca dedois anos, as portas voltaram-se aabrir, através do projecto Escola Viva,que pretende congregar a comuni-dade local em torno de actividades di-versas, onde se incluem workshopsdeculinária, “as mais concorridas”, au-las de inglês para adultos, acções desensibilização na área da segurança eda saúde ou ciclos de cinema. “Este éhoje um espaço de convívio e decongregação da população”, explicaSandra Martins, que integra a direcçãoda Trilhos do Castelejo, uma das as-sociações que colabora com a Uniãode Freguesias de Alvados e Alcaria nadinamização do espaço.

Foi também como centro comuni-tário que a antiga EB1 de Ourém, quenos últimos anos funcionou como jar-dim de infância, ganhou nova vida. En-cerrado em 2011, com a abertura do Cen-tro Escolar da Caridade, o espaço foi re-cuperado pelos funcionários da Divisãode Educação e Assuntos Sociais da Câ-mara e de uma instituição bancária eposto ao serviço da comunidade.

Numa das salas funciona o Espaçopartilha, dedicado ao comércio sociale que está aberto a famílias acompa-nhadas pelos serviços sociais do mu-

nicípio e ao público em geral. As pri-meiras, podem levar roupa e outrosprodutos gratuitamente, enquantono segundo caso é pedido, em trocados bens, “um donativo que revertepara uma conta solidária”, explicaAna Sofia, técnica da autarquia. Aolado, há uma zona de atelier, fre-quentada por beneficiários do Ren-dimento Social de Inserção e de outrasinstituição do concelho, onde sãofeitos trabalhos manuais. Há aindamais duas salas. Numa delas, funcio-na um banco de ajudas técnicas e adistribuição de alimentos da loja so-cial. A outra, está transformada numespaço multifunções, “com muitascaras”. “Tanto pode servir para works-hops ou exposições, como ser usadopara aulas de karaté ou de ginástica”,refere Ana Sofia. No exterior, mantém--se o parque infantil e foi criada umazona com mesas e matraquilhos quepode ser utilizada pela comunidade.

Hostel e outras unidades de alojamentoNo próximo mês, ficarão concluídasas obras de reconversão e ampliaçãoda EB1 de Portela das Cruzes, em SãoMamede, Batalha, que dará lugar aoHostel Pia do Urso. Trata-se de um in-

CM ALVAIÁZERE

viam indicado no centro da vila. De volta à capital, bateram com os

olhos na placa que indica Casais Bran-cos. “Lemos coisas diferentes. Nabirra, para ver quem tinha razão, vol-támos atrás e subimos ao cimo domonte. Já estava escuro, mas estavalá: a escola e a árvore. Regressámos namanhã seguinte. Tinha tudo o quequeríamos”, recorda Mafalda Mi-lhões. Havia um senão. O edifício es-tava bastante degradado. Puserammãos à obra, com a preocupação de“honrar e respeitar a memória” do lo-cal. As antigas salas de aula estão

238Nos concelhos de Alvaiáreze,Ansião, Batalha, Bombarral,Castanheira de Pera, Figueiródos Vinhos, Marinha Grande,Nazaré, Óbidos, Pombal e Portode Mós há 238 escolas primáriasdesactivadas

O número

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Escolas primárias desactivadas

Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 11

Concelho N.º escolas Principais usos Sem usodesactivadas actuais

Alvaiázare 22 � 4 mini-alojamento; 9� 5 cedidas a associações e JF; � 3 outros usos (biblioteca,

incubadora de empresas e pólo do Politénico de Tomar)

Ansião 21 � 4 turismo local; 1� 3 vendidas; � 11 cedidas a associações e JF

Batalha 19 � 2 centro de acolhimento social; 0� 11 cedidas a associações; � 1 hostel; � 5 outros usos (centro de leitura e

depósito de materiais do município)Bombarral 11 � 8 cedidas a associações 5

e instituições sociaisCast. Pera 8 � 1 vendida; 4

� 3 cedidas para actividadesde cultura e turismo

Fig. Vinhos 18 � 7 vendidas para habitação; 0� 10 cedidas a associações e JF;� 1 ATL

Mar. Grande 2 � 2 cedidas a associações 0Nazaré 6 � 6 cedidas a associações 0

para sedes e projectos como universidade sénior

Óbidos 21 � 6 cedidas a associações e JF; 3� 6 centro de convívio para seniores; � 7 outros usos

(jardim de infância, livraria e espaço multiusos)

Pombal 87 � 57 cedidas a associações, ranchos 20e outras entidades;

� 10 outros usos (biblioteca, cozinha escolar, casa mortuária e sala da catequese

Porto Mós 23 � 18 cedidas a associações e JF; 0� 5 arrendadas

Fonte: Câmaras Municipais

Nota: Até ao fecho de edição, os municípios de Alcobaça, Caldas da Rainha, Leiria, Pedrógão Grande, Ourém e Peniche não enviaram os dados solicitados

vestimento na ordem dos 305 mil eu-ros, promovido pela Câmara e que, se-gundo o presidente da autarquia,pretende responder à necessidade dealojamento naquela zona, sobretudoassociado ao desporto de natureza. “APia do Urso e o centro de BTT são umpólo importante de atraccão turísti-ca, mas há um défice de alojamento.Com este projecto queremos tambémgerar um factor diferenciador, comum hostel temático, que acrescentevalor turístico”, reforça Paulo Batis-ta Santos, revelando que a unidadeserá objecto de uma concessão pú-blica “por 25 anos”.

Também em Ansião, a Câmaraestá a proceder à transformação deantigas escolas em unidade de turis-mo local. Neste momento, estão já aser utilizadas para esses fins três edi-fícios (Aljazede, Casais da Granja eMarquinho), que foram concessio-nados pelo município à Sicó Forma-ção, entidade proprietária da EscolaTecnológica e Profissional de Sicó. Aantiga EB1 de Torre Vale Todos en-contra-se em fase de reconversãopara alojamento.

Em Alvaiázere, as antigas escolas deAriques, Barqueiro, Bofinho e Vendado Preto deram também lugar a mini-unidades de alojamento, sendo quena ex-EB1 de Alvaiáreze deverá nas-cer uma incubadora de empresas, umprojecto já aprovado e que contarácom fundos comunitários.

Em São Mamede, BatalhaNovo lar de uma família iraquianaA antiga EB1 de São Mamede,concelho da Batalha, é hoje o larde uma família iraquiana.Recuperado pela Câmara, oedifício acolhe, há cerca de umano, oito refugiados, ao qual sejuntou, em Janeiro últimoAdam, o primeiro bisneto deTaqia, a matriarca da família,nascido em Portugal. A famíliachegou em Abril do ano passadoe, quando o JORNAL DE LEIRIAa foi conhecer, em Junho, jáestavam a dar um cunho pessoalà casa, com a criação de umahorta nas traseiras, uma fonte enovas plantas no jardim. Ascrianças, então com seis e seteanos, encontravam-se afrequentar uma escola doconcelho, enquanto os trêshomens, Jamal, Hani e Duraed,estavam a trabalhar num fábricade cerâmica, a curta distância

de casa. A par da antiga EB1 deSão Mamede, também o espaçoque, durante anos, serviu decantina aos alunos de Alcanadasfoi transformado pela Câmaraem centro de acolhimentosocial, alojando uma famíliacarenciada do concelho.Segundo o presidente dacâmara, este é um tipo deresposta que o municípiopretende ampliar. Se a antigacantina escolar de Alcanadastem hoje uma vocação social, aex-EB1 da aldeia foireconvertida para fins culturais,acolhendo uma biblioteca, que acâmara pretende ligar à histórialocal, nomeadamente às antigasminas de carvão dasBarroseiras, com adisponibilização de edições quepodem ser utilizadas parainvestigação.

A ex-EB1 de Aljazede, em Ansião,acolhe hoje uma unidade dealojamento local; em SãoMamede, Batalha, há um hostel anascer da reconversão da a antigaescola primária; em Ourém, oantigo edifício escolar serve hojecomo centro comunitário aberto àpopulação

RICARDO GRAÇA/ARUIVO

DR RICARDO GRAÇA

Atlas promove gala para distinguir amigosA Atlas (Associação de Cooperação para oDesenvolvimento) promove, este sábado, uma galaatravés da qual pretende “agradecer, reconhecer e darvisibilidade” ao trabalho de todos os que, de algummodo, colaboram com a associação. A gala realiza-se noTeatro Miguel Franco, em Leiria, pelas 16 horas.

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12 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Sociedade Associações pedem reabertura da pousada da A Federação das Associações Juvenis do Distritode Leiria pede ao Governo e à Movijovem o“máximo empenhamento” para a reabertura“urgente” da pousada da juventude de Leiria,fechada há cinco anos.

Nazaré

Quantas bombasse escondem no mar?

Cláudio [email protected]

� Quantas peças de guerra se es-condem ao largo da costa portu-guesa, como a bomba recolhidapara o Porto da Nazaré pelo arras-tão Mar Salgado, na passada se-gunda-feira, 27? Os homens domar contam histórias semelhantes,de tempos a tempos, mas, ao cer-to, ninguém sabe a resposta. "Nãoé caso isolado. Os mergulhadoresda Marinha são chamados muitasvezes, por populares e pescadores,para engenhos que dão à praia eoutros descobertos no mar", expli-ca o capitão do Porto da Nazaré,Paulo Gomes Agostinho. "Algu-mas vezes confirma-se que são en-genhos da segunda guerra mundiale anteriores, outras vezes são ape-trechos de pesca em ferro".

O território português, emboraneutro, também entrou nas contasdo maior conflito militar do sécu-lo XX, lembra o fotógrafo e ex-di-rector de jornal António Balau, re-sidente na Nazaré. "Há relatos depessoas de idade sobre embarca-ções a dar à costa e aviões que caí-ram", afirma. O caso mais famosoé o do submarino alemão U-963,afundado pela tripulação no Ca-nhão da Nazaré, em 1943.

A bomba recolhida na segunda-feira pelas redes do arrastão MarSalgado pertencia provavelmentea uma aeronave do tipo MK82, deacordo com a Marinha portuguesa.Aparentemente, um engenho dasegunda guerra mundial, com me-tro e meio de comprimento e 200quilos de peso. Continha no interiorexplosivos em quantidade equi-valente a 600 quilos de TNT (trini-trotolueno).

O alerta chegou às autoridadesmarítimas pelas 9:20 horas. "Nósvínhamos na nossa faina, e no úl-timo lanço, quando fomos à rede,vinha este objecto", explicou omestre da embarcação, José Carri-ço. Junto com pescadas e patarro-xas, uma pescaria estranha, que de-terminou o isolamento do Porto daNazaré durante horas. A bombaseria inactivada por mergulhadoresda Marinha, a mil metros da costa,e a 24 metros de profundidade,através de contra-detonação à dis-tância, já passava das 16 horas.

Edifício continuará a acolher a valência de mercado

Contrato entre a Câmara de Leiria e o Bairro dos Anjos termina em Junho

Juntas de Caranguejeira e Maceirairão assumir gestão das piscinasMaria Anabela [email protected]

� A gestão das piscinas de Carangue-jeira e da Maceira, actualmente en-tregue à associação Bairro dos Anjos,deverá ser assumida pelas respectivasJuntas de Freguesia. A mudança foirevelada pelo vereador do Desporto,Gonçalo Lopes, na última Assem-bleia Municipal, onde foi aprovadauma revisão ao plano de actividadesda Câmara com vista a acolher os con-tratos interadministrativos a cele-brar com as duas Juntas para a gestãoe manutenção das piscinas.

Em relação ao complexo de Leiria,o autarca disse que ainda não há de-

Bairro dos AnjosClube interessadoem continuar

RICARDO GRAÇA

MARINHA.PT

Projecto de reconversão do edifício

Startups no mercado de Leiria� Construção de um novo edifíciopara essas funções e reconversãodo espaço actual, que até podia serfeita com a instalação de um mu-seu de cera. Nos últimos anos,várias foram as ideias apresenta-das pela Câmara de Leiria para re-solver o problema do mercadomunicipal de Leiria, um edifícioconstruído há mais de 30 anos eque, segundo reconhece a autar-quia, precisa de uma intervençãode fundo. Agora, há uma novaproposta: a instalação de startupsnum dos pisos.

A ideia foi avançada pelo verea-dor Ricardo Santos, durante a úl-tima sessão de Assembleia Muni-cipal, onde o autarca explicou queo projecto de reconversão do edi-fício contempla ainda a manuten-ção no local das actuais funções demercado. Esta valência ficará norés-do-chão do edifício poente,prevendo-se a criação de “um es-paço coberto para pequenos pro-dutores”. O piso superior, que ac-tualmente “não tem utilização”,servirá para a instalação de star-tups, havendo a possibilidade de

utilizar o túnel que liga os doisblocos do edifício para expandiressa valência à zona nascente(onde funciona o centro associati-vo). O projecto de reconversãoabrangerá ainda a substituição dacobertura e intervenção ao níveldas fachadas.

Os esclarecimentos do vereadorsurgiram em resposta à interven-ção de um munícipe, José Rodri-gues, que defendeu a requalifica-ção do edifício do mercado, man-tendo as valências actuais e acres-centando outras.

cisão tomada. “Temos de fazer umaavaliação para decidir pela continui-dade [da situação actual] ou se as pis-cinas passam a ser geridas de novopela câmara”, referiu o autarca.

Em declarações ao JORNAL DELEIRIA, Gonçalo Lopes adianta que asjuntas estão a analisar as condiçõespropostas, prevendo-se, por exemplo,que assumam as despesas relativasaos recursos humanos e a pequenasmanutenções, enquanto à câmaracaberão os gastos com gás e electri-cidade e as grandes intervenções. “Oacordo ainda não está fechado”, notao vereador, referindo que haverá apossibilidade de as juntas poderem terapoio de “parceiros locais”.

Em paralelo com a mudança domodelo de gestão, a Câmara iráavançar com obras nas duas pis-cinas, a realizar durante o Verão,com uma intervenção ao nível daeficiência energética, com a subs-tituição das caixilharias e a insta-lação de painéis fotovoltaicos epara o aquecimento de águas, e damelhoria dos balneários e do piso.O objectivo é que, após as férias, aspiscinas da Caranguejeira e daMaceira reabram com gestão dasjuntas e requalificadas”, diz Gon-çalo Lopes, que realça ainda o“esforço” desenvolvido pelo Bair-ro dos Anjos, nomeadamente aonível da captação de utentes.

Leiria Aluno da ESALVmorreu em estânciade esqui

Uma hemorragia cerebral terá sidoa causa da morte de um aluno daEscola Secundária Afonso LopesVieira (ESALV), em Leiria, que, nasemana passada, faleceu naestância de esqui Sierra de Béjar-LaCovatilla, em Espanha. RenatoCardoso, de 15 anos, integrava umgrupo de cerca de 40 alunos queparticipavam no Snow Trip, umaactividade organizada há váriosanos pela ESALV, acompanhados dequatro professores de educaçãofísica. O jovem terá sentido “fortesdores de cabeça” quando estavanas pistas. A autópsia “aponta ahemorragia cerebral como causada morte”.

Leiria Leiria Floridavolta a embelezar a cidade

O projecto Leiria Florida regressaesta Primavera para embelezar ocentro histórico da cidade. Omunicípio irá disponibilizar aosmoradores flores e floreiras paravarandas e janelas. Segundo umanota de imprensa da autarquia,sálvias, begónias, sardinheiras epetúnias estarão à disposição dosresidentes. O projecto deveráarrancar em Maio e tem a parceriada União de Freguesias de Leiria,Pousos, Barreira e Cortes. Esteano, as flores dominantes noespaço público são as tulipas,tendo sido efectuada a plantaçãoum pouco por toda a cidade, complantas produzidas no HortoMunicipal.

O Bairro dos Anjos assumiu agestão das piscinas em 2013, comum contrato de quatro anos, quetermina em Junho. A presidente doclube, Ana Sofia Monteiro, diz que“em tempo útil” a instituiçãomanifestou “interesse emcontinuar com a gestão” dos trêsequipamentos, pelo que não dáainda o processo como encerrado.“Aguardamos uma reunião com omunicípio para apresentar umacontraproposta”

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SociedadeJornal de Leiria 2 de Março de 2017 13

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Utentes exigem melhor funcionamento

Situação “caótica" do centro de saúde da MarinhaGrande gera manifestação

� A Comissão de Utentes do Cen-tro de Saúde da Marinha Grandeestá a convocar a população parauma Assembleia na Praça Ste-phens, a realizar amanhã, dia 3,pelas 17:30 horas, para discussãodos problemas existentes na uni-dade e no SAP e tomadas de po-sição. Para o mesmo dia, às 18horas, está a marcada uma ma-nifestação junto ao centro desaúde.

Na convocatória para a As-sembleia, dirigida a toda a po-pulação, sublinha-se que a si-tuação actual é "deplorável" eque se torna “urgente” repor a"qualidade dos serviços de saú-de pública no concelho". Os ci-dadãos queixam-se da falta demédicos, de quase não funcionaro serviço de atendimento de ur-gências e das longas esperas namarcação de consultas.

A situação do centro de saúdeesteve também em debate naúltima Assembleia Municipal,que decorreu na passada sexta-feira, onde, entre as várias lacu-nas apontadas, foi referido que"há diabéticos há mais de um anoà espera de uma consulta quan-do a deveriam ter de três emtrês meses".

Crime do Osso da Baleia foi há 30 anos

O primeiro mass killer portuguêsMaria Anabela [email protected]

� É um destino paradisíaco. Rodeadapela mata, sem construção, a praia doOsso da Baleia, em Pombal, encantapelo seu lado selvagem, característi-ca que, nos últimos anos, a fizeram fi-gurar em roteiros e artigos sobre tu-rismo em alguns importantes órgãosde comunicação, como a famosaCNN. Mas há 30 anos apareceu nas ca-pas dos jornais como palco de um dosmais horrendos crimes cometidosem Portugal.

Na madrugada de 1 para 2 de Mar-ço de 1987, Vítor Jorge, porteiro numaagência bancária, assassinou cincopessoas no areal do Osso da Baleia.Depois, mataria ainda a mulher e a fi-lha mais velha. A mais nova conseguiufugir e o filho seria poupado à chaci-na. Vítor Jorge, que hoje vive emFrança, tornava-se, assim, no “pri-meiro e mais famoso mass killer”português. Trinta anos depois, a cha-cina ainda mexe com quem viveu ocaso de perto.

“De acordo com a taxonomia doFBI, o mass killer é alguém que as-sassina, pelo menos, quatro pessoasnum espaço curto de tempo e numaregião geográfica restrita (…). Vítor Jor-ge pode ser assim classificado”, ex-plica Paulo Sargento. O psicólogo cri-minal nota, no entanto, que “as armasque utilizou – não só de fogo, mastambém de lâmina - e o facto de ter as-sassinado, sem critério e ligação apa-rente, uma amiga, quatro desconhe-cidos e dois familiares directos, tor-nam o seu perfil pouco comum noâmbito das habituais classificações”.

Depois de uma 'guerra' entre psi-quiatras e psicólogos, Vítor Jorge foiconsiderado imputável e condenadoa 20 anos de prisão, a pena máxima naépoca. “A dúvida, que ficará para a his-tória, é se se tratava de um doente psi-cótico, inimputável e perigoso, ou

mente expressava o que se passavanas audiências, o que não me agradou,e falou-me da luta que travou com o'outro' Vítor Jorge, que queria que elematasse a assistente social durante umencontro que tiveram no pátio da pri-são”, recorda o antigo jornalista

Crime marcou freguesiaPedro Silva, actual presidente da Juntado Carriço, era ainda criança quando sedeu o crime. Recorda-se apenas “dasconversas dos adultos” sobre o caso,que, com o passar dos anos, foramsendo menos frequentes. “Hoje, só étema de conversa quando há artigos nosjornais. As pessoas preferem falar dasmaravilhas da praia”, diz o autarca.

Mas, entre os mais velhos, o crimeainda mexe. Aníbal Dias, então com 24anos, continua hoje sem esquecer oscorpos que viu estendidos na praia. Háum ano, em declarações ao JORNALDE LEIRIA, contou que, naquela noi-te, tinha saído para a praia para ir apa-nhar isco. Como conduzia uma Re-nault 4L idêntica à do homicida, foi in-terceptado por “uma pessoa vestida àcivil com uma G3 na mão”. Quandosaiu do carro, viu dois corpos esten-didos no chão. “Foi um aconteci-mento que marcou a freguesia pela ne-gativa. Durante muito tempo haviapessoas com receio de voltar à praia.Na altura, as pessoas nem queriam sairde casa nem ir ao Osso da Baleia. Foium trauma", disse.

“Se hoje, em Portugal, poucos ci-dadãos com menos de 40 anos reagi-rão ao cognome de 'mata sete', estouseguro que não haverá na região quemnão reaja a essa designação e não aidentifique como um símbolo dessamesma região. A saliência mediáticada altura, mas, fundamentalmente, aproximidade territorial e social com ofenómeno e os seus actores, deixou edeixará uma marca indelével sob a for-ma do mito do 'mata sete'”, afirmaPaulo Sargento, psicólogo criminal.

Vítor JorgeVive em FrançaVítor Jorge saiu da prisão emOutubro de 2001. Segundo diáriodigital Observador, refez a vida emFrança, com a ajuda de uma primaque vive em Paris e que o teráacolhido após a prisão. Fixou-sedepois em Bastia, na Córsega, ondenos primeiros anos “fez de tudopara ganhar a vida, desde darserventia a pedreiros a fazerlimpezas no aeroporto local, entreoutros biscates”, relata oObservador. Actualmente com 68anos, está reformado, mas,segundo referiu a prima àquelejornal, “continua a fazer fotografiae reportagens”. Continua a receberacompanhamento psiquiátrico

Legenda da foto que pode terduas linhas a uma coluna

Aires Rodrigues, da Comissãode Utentes, adiantou que só apósa Assembleia ter sido tornadapública, receberam resposta paraserem recebidos na Administra-ção Regional de Saúde do Centro,ontem, dia 1 de Março. O diri-gente adianta que, dada a exis-tência de duas manifestaçõescom os mesmos objectivos a de-correr em locais diferentes, oponto de encontro para as duasserá na Praça Stephens. Depois,a população que assim o enten-der, deslocar-se-á para o protes-to em frente ao Centro de Saúde,pelas 18 horas.

Na nota de imprensa relativa aeste protesto, é referido que dadaa urgência e a gravidade da si-tuação, "as querelas partidáriasdeverão ser postas de lado". Pre-tende-se juntar o maior númerode pessoas possível, para que"em conjunto e sem interessespartidários" seja possível "chamara atenção das entidades respon-sáveis para o problema que exis-te". Os munícipes querem alertaras autoridades com responsabi-lidades nesta matéria para esteproblema que, consideram, setem vindo a agravar.

Vítor Jorge foi condenado a 20 anos de prisão, dos quais cumpriu 14

de um psicopata frio e premeditadoque teve consciência plena de tudo oque fez. A leitura do seu diário e o seucomportamento durante estes anosfaz-me partidário da primeira hipóte-se”, admite Paulo Sargento.

Vítor Jorge cumpriu 14 anos na pe-nitenciária de Coimbra, onde foi aju-dante de biblioteca e sacristão. “Fala-va aos presos para não fazerem mal”,recorda Costa Santos, então redactordo Diário Popular. “Acompanhei todoo processo, desde a identificação dasvítimas até à sua captura em Calvaria[aldeia de Porto de Mós onde Vítor Jor-ge nasceu], sem oferecer qualquerresistência, e ao seu internamentono hospital de Leiria, onde chegoumuito debilitado. Acompanhei o jul-gamento e depois a sua prisão emCoimbra”, conta.

Dos meses de julgamento, CostaSantos recorda a “frieza” do arguido ea sua “postura para dar a ideia de du-pla personalidade” e o dia em que Ví-tor Jorge quis falar consigo. “Disse-me que era o jornalista que mais fiel-

LUSA

Guilherme d' Oliveira Martins dá conferência O património local e a sua relação com o futuro dascomunidades é o tema da conferência, a realizar estasexta-feira, pelas 18 horas, na Casa da Vila da Benedita,Alcobaça. O orador será Guilherme d' Oliveira Martins,administrador da Fundação Calouste Gulbenkian epresidente do Centro Nacional de Cultura.

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14 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Sociedade

Ex-militante diz que não há razões para sair

PSD desafia Narciso Mota adeixar Assembleia Municipal

Batalha

Pia do Urso candidata a AldeiaMaravilha de Portugal

� A aldeia da Pia do Urso, em SãoMamede, Batalha, é uma das can-didatas a Aldeia Maravilha de Por-tugal, concurso no qual já estátambém inscrita a povoação deCasal de S. Simão, em Figueiró dosVinhos. Serão sete as aldeias elei-tas, entre 9 de Julho e 20 de Agos-to, neste evento organizado à es-cala nacional, que visa promover opatrimónio cultural e natural dasaldeias, fomentando a promoçãoturística destes "lugares únicosque cada vez mais despertam acuriosidade dos visitantes". A can-didatura será analisada por espe-cialistas na área do turismo, am-biente e economia e realçará o "no-tável património natural e etno-gráfico existente na aldeia, bemcomo o processo de recuperaçãodas habitações típicas", refere umcomunicado da autarquia. PauloBatista Santos, presidente da Câ-mara, sublinha que esta candida-tura "visa promover o trabalho devalorização e de requalificaçãoefectuado nesta aldeia" e conside-

ra que a eleição da Pia do Ursocomo Aldeia Maravilha de Portugalserá "um desafio quanto ao objec-tivo de novos projectos relaciona-dos com a inclusão e a afirmaçãodos valores ambientais".

� “Não me demito”. Foi desta formaque Narciso Mota reagiu ao desafiolançado por João Coucelo na últimasessão da Assembleia Municipal(AM) de Pombal para que abando-nasse as funções de presidente da-quele órgão.

Falando “em representação dabancada do PSD”, João Coucelodisse que “esperaria que, dentro da-queles que são os princípios éticos”e de “conduta básicos em termospolíticos”, Narciso Mota “renun-ciasse ao cargo para o qual foi co-locado” pelo PSD, “partido que oelegeu e o apoiou e do qual se des-filou” recentemente para assumiruma candidatura como indepen-dente à Câmara.

“Esperar-se-ia que tivesse essaréstia de dignidade política ao re-nunciar ao cargo”, afirmou JoãoCoucelo, independente eleito naslistas do PSD, que evocou ainda oregulamento da AM, nomeada-mente uma das alíneas do artigo24, segundo a qual incorrem emperda de mandato os membros doórgão que “após a eleição se ins-crevem em partido ou grupo de ci-dadãos diverso daquele pelo o qualforam apresentados em sufrágioeleitoral”.

Contudo, aquele artigo referetambém que as decisões de perda

Vice-presidente da Câmara de Ourém irá recorrer da sentença

Ajuda para clube de futebol dácondenação a Nazareno do CarmoMaria Anabela [email protected]

� O pedido de ajuda para o CentroDesportivo de Fátima, feito em2011 e na qualidade de vereador,valeu a Nazareno do Carmo, vice--presidente da Câmara de Ourém,a condenação a um ano e oito me-ses de prisão, com pena suspensapor igual período, e a perda demandato. A sentença, que deter-mina ainda que o arguido entregue2.500 euros ao Centro de Reabili-tação Infantil Ouriense, foi profe-rida, na semana passada, pelo Tri-bunal de Ourém e irá merecer re-curso a apresentar pelo autarca.

Entretanto, na última sessão daAssembleia Municipal elementosdas várias bancadas manifestaramsolidariedade “pessoal” a Nazare-no do Carmo, sublinhando a sua“boa-fé”. Na ocasião, o presidenteda Câmara expressou ainda a suaconvicção de que “ninguém per-derá o mandato em Ourém”, pro-vavelmente referindo-se tambémà sua situação, uma vez que sobrePaulo Fonseca recai também umpedido de perda de mandato in-terposto pelo Ministério Público,num processo desencadeado pelasua insolvência pessoal.

De acordo com um comunicadoda Procuradoria da Comarca de San-tarém, a condenação do vice-presi-dente da Câmara de Ourém deveu--se à “prática de um crime de rece-bimento indevido de vantagem naforma agravada”. Os factos remon-tam a 2011 quando o autarca, entãoresponsável pelo pelouro de Fátima,enviou cartas a várias empresas ins-

Aldeia tem um ecoparquesensorial e centro de BTT

de mandato “são da competênciados tribunais administrativos decírculo”. Isso mesmo foi realçadopor Odete Alves, da bancada doPS. “Quando temos uma disposiçãolegal não devemos ler apenas umaalínea mas o artigo no seu todo”, ad-vertiu a socialista, que saiu em de-fesa de Narciso Mota que, no seu en-tender, “se revelou um excelentepresidente da Assembleia Munici-pal”, pela sua “isenção e imparcia-lidade” e porque “permite que todasas bancadas possam, em igualdadede circunstâncias, usar da palavra edebater as questões”.

Antes da intervenção de OdeteAlves já Narciso Mota tinha subli-nhando que “só o tribunal admi-nistrativo” o pode destituir da fun-ção de deputado. Quanto ao cargode presidente da AM, o autarcaassegurou que não abandonará afunção por sua iniciativa e que,para tal, terá de haver uma sessãoextraordinária para votar uma pro-posta nesse sentido. “Não me de-mito. A vossa vontade é, comosempre foi, soberana. Cada umque assuma as suas responsabili-dades”, disse aos deputados, fri-sando que, após a sua escolha paraliderar a mesa da AM, passou a ser“o presidente de todas as bancadase não apenas a do PSD”.

Nazareno do Carmo foi condenado a 1 ano e oito meses de prisão com pena suspensa

JORNAL DE LEIRIA/ARQUIVO

DR

taladas no concelho a pedir patro-cínios para o Centro Desportivo deFátima, clube que, então, atraves-sava grandes dificuldades. Segun-do aquele comunicado, em julga-mento foi “dado como provadoque, mencionando a qualidade devereador”, o autarca “solicitou a di-versos empresários apoio financei-ro para a referida associação des-portiva”.

“Quem faz isto é um homemde bem. Não é um homem malformado ou sequer que suscitedúvidas a propósito da sua ho-norabilidade", afirmou o presi-dente da Câmara durante a As-sembleia Municipal. Na ocasião,Paulo Fonseca reconheceu queaquele pedido de ajuda para oclube foi feito de “forma que nãoé aceitável, porque envolveu omunicípio”, mas assegurou que“não houve um cêntimo que overeador Nazareno do Carmo te-nha acolhido dessa campanha enão houve um cêntimo que opróprio clube tenha acolhido por-que, a partir do momento emque foi detectada esta distracção,mandou-se parar tudo".

Entretanto, a concelhia de Ou-rém do PS emitiu um comunica-do onde expressa a “confiançapolítica” no vereador Nazarenodo Carmo e sublinha a sua “ho-nestidade” e “honorabilidade”.“O acto em causa consubstanciaum erro administrativo, devido àsua boa-fé e ao desejo de ajudaruma instituição do concelho semqualquer contrapartida ou be-nefício próprio”, pode ler-se na-quele comunicado.

PS de OurémFonseca convidadopara novo mandatoA Comissão Política Concelhiado PS de Ourém deliberou, nopassado dia 25, convidar“formalmente” Paulo Fonsecaa recandidatar-se a um terceiromandato como presidente daCâmara, para “concluir a obrasem curso e para continuar aprojectar o concelho deOurém”. A posição dossocialistas surge nummomento em que sobre oautarca recai um pedido deperda de mandato devido à suainsolvência pessoal. Emcomunicado, a concelhiaexplica que o convite segue asorientações nacionais dopartido, que “reitera a suaaposta em todos os autarcasque não tenham qualquerproblema judicial derivado dagestão pública”, como é o casode Paulo Fonseca, cujoprocesso judicial é “pessoal”.Nessa nota, a concelhiasocialista manifesta aindaconfiança na resolução doprocesso pessoal “no localpróprio” e enaltece o trabalhoque o presidente da Câmara“tem preconizado”, realçandoa redução da dívida municipal“de cerca de 60 milhões, em2009, para 10 milhões em 2017e a construção de “sete centrosescolares”, tendorecentemente lançado acandidatura para mais um.

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Sociedade ComunidadesJornal de Leiria 2 de Março de 2017 15

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LICI

DA

DE

“Considero-me uma mulher de sucesso, mas que lutou para o ter”

MARCELA LUNA CALDERON

Maria Helena Caseiro da Silva cresceu nos Marrazes

De copeira no hospital de Leiria a professora em universidade mexicana

Raquel de Sousa [email protected]

� Chegou ao México há cinco anossem perspectivas de trabalho.Hoje, Maria Helena Caseiro da Sil-va é professora de Português paraEstrangeiros e coordenadora docentro de certificação LAPE More-lia Mich, a funcionar na Universi-dad Latina de America (UNLA), osegundo mais importante daque-le país e, assegura, “o primeiro, eaté agora único”, a garantir a Cer-tificación Nacional de Nivel deIdioma da Secretaría de Educa-ción Pública.

Maria Helena cresceu nos Mar-razes, Leiria. Foi criada com osavós maternos, já que os pais es-tavam separados e a mãe era imi-grante no Japão. “Tive uma infân-cia e juventude muito felizes”, re-corda. O seu primeiro trabalho foiem Leiria, aos 18 anos, como co-peira na cozinha do hospital. Algotemporário, pois na verdade o quequeria mesmo era conhecer omundo. Desde os 13 anos que tinhaa oportunidade de viajar e morarnoutros países, como no Japão.

“Durante algum tempo andei demochila às costas a conhecer ou-tras terras e a estudar outras cul-turas. Vivi um tempo em Espa-nha e tive oportunidade de estudar

a língua. Como bilíngue que sou,pude formar-me no México na áreade perita-tradutora Português/Es-panhol”. Também viveu nos Esta-dos Unidos, no Alaska, mas acaboupor regressar a Portugal em 2006.Ainda trabalhou algum tempocomo auxiliar educativa numa ins-tituição de solidariedade social,onde diz ter “aprendido muito”,mas a vontade de continuar a es-tudar e de crescer profissional-mente levaram-na a procurar novasopções.

Sendo casada com um mexicano,e com dois filhos, a possibilidade deir para o México logo se colocou emcima da mesa. Chegada àquele paíssul-americano, Maria Helena co-meçou por dar aulas de Portuguêsa particulares, tendo percebidoque haveria boas oportunidadesde crescer no âmbito do ensino dalíngua a estrangeiros. Fez algunscursos de formação e começou adar aulas, ao mesmo tempo queprosseguia com a licenciatura emCiências Sociais. Tirou este cursoenquanto dava aulas de Portuguêspara Estrangeiros no Tecnologicode Monterrey, campus Morelia.

Focada em definir metas e “fe-char etapas”, Maria Helena estudouigualmente tradução, através deum programa do Estado de Mi-choacan, após o que se submeteu

a uma “prova de habilidades”. Pas-sou com dez valores, “a nota maisalta na prova de acreditação”.“Considero que foi algo difícil fazereste curso, mas sem dúvida abriu-me as portas a outros desafios nomercado de trabalho”. Hoje, MariaHelena é “a única” perita naqueleEstado, assegura. Ainda faz algu-mas traduções, mas é o LAPE (Lo-cal para Aplicação e Promoção deExames) que lhe absorve a maioriado tempo.

Depois de cinco anos de “lutaconstante”, de persistência comvista a um “futuro melhor”, “con-segui concluir vários projectos quejamais pensei que um dia conse-guiria”, diz Maria Helena. “Consi-dero-me uma mulher de sucesso,mas que lutou para o ter”.

De Leiria, onde não vem desdeque foi para o México, sente faltade tudo. “Tenho saudades dasruas, do castelo, de ir beber umabica a uma esplanada do centrocom a minha mãe, da senhora quevende castanhas na rua, das brisasdo liz, do lugar onde cresci, dasmorcelas de arroz, do cozido àportuguesa, dos carapaus assa-dos com batatas e pimentos, entretantas outras coisas”, admite. Afir-ma-se “orgulhosa de ser leiriensee poder partilhar” a sua cultura noMéxico.

PortuguêsInteresse pela língua a crescerFoi em 2015 que Maria Helenaapresentou ao Centro de Avaliaçãode Português Língua Estrangeirada Faculdade de Letras de Lisboauma proposta para abrir mais umLAPE no México, que acabaria porser aprovada. A necessidade deabrir este centro prendeu-se com onúmero de alunos e possíveiscandidatos às provas dePortuguês, e também pelo facto deo outro centro se situar na Cidadedo México, a cinco horas deMorelia, explica. Na UNLA, MariaHelena tem actualmente 78alunos. Em Janeiro foramentregues os primeiros 13certificados dos exames dePortuguês como LínguaEstrangeira. O interesse pelalíngua de Camões “está a crescerno México em geral, e em especialem Morelia, onde a UNLA registaum “grande aumento do númerode alunos”. A professora contachegar aos 100 alunos este ano. OEstado de Michoacan, onde sesitua Morelia, “tem fama de serlugar de narcotráfico e desequestros”, mas Maria Helenagarante sentir-se segura.

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16 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Leitores A direcção do Jornal de Leiria recebe com agradopara publicação a correspondência dos leitores quetratem de questões do interesse público. Reserva-seo direito de seleccionar os trechos mais importantesdas Cartas ao Director devidamente identificadas,publicadas nesta secção.

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SilêncioEncontro do CPM-Portugalem FátimaNos dias 18 e 19 de Fevereiro de2017 teve lugar, no Centro PastoralPaulo VI, em Fátima, o 47ºEncontro Peregrinação do CPM-Portugal. O encontro que decorreusob o lema “A mensagem deFátima na espiritualidade dafamília” reuniu cerca de 450participantes de 16 dioceses docontinente e ilhas.A mensagem de Fátima foiapresentada pelo Padre CarlosCabecinhas (Reitor do Santuáriode Fátima) sob dois prismasrelacionados com a família: opapel da vivência familiar dosvidentes na sua recetividade àsaparições e os aspetos damensagem de Fátima na missãodas famílias. Desta reflexãoressaltou o papel central da oraçãona vida familiar como meio detransmissão da fé, e como suporteà união da família ao longo dotempo. Isso mesmo foi abordadono painel sobre a Oração na vidada Família. O tema foi abordadoprimeiro na perspetiva da oraçãocomo fundamento da uniãofamiliar e da vivência da fé emfamília (Padre Paulo Jorge,Assistente Nacional do CPM). Deseguida, o testemunho do casalAntónio e Teresa enriqueceu opainel com as suas experiências devida em família incluindo osproblemas encontrados erespetiva superação. Finalmente aIrmã Maria Amélia Costa refletiusobre o testemunho da fé aosJovens, e o papel da oração viva naeficácia desse testemunho. Tudo isto serviu de mote para otrabalho de grupos cujo fruto foidepois partilhado em plenário. Dotrabalho de sábado foi elaboradoum documento síntese que podeser consultado em http://cpm-portugal.pt/WP/wp-content/uploads/Sumário-Sábado.pdf. O diaterminou com a participação noterço e procissão de velas.O domingo iniciou-se com acelebração eucarística na Basílicada Santíssima Trindade presididapor D. José Cordeiro, o qual foi oorador da manhã versando o tema“O papel da família na ação daIgreja e o papel da Igreja na vidadas famílias à luz da exortaçãoapostólica alegria do amor”. Areflexão, partindo do seutestemunho pessoal, enfatizou aimportância das famílias napreparação da ação do Espírito.Ressalvando que a Igreja (Famíliade famílias) só realiza a sua missãoquando cada um (famíliasincluídas) faz tudo e só o que lhecompete. O tom informal daapresentação em muito contribuiupara a elevada adesão naapresentação de questões, apenaslimitada pelo tempo disponível.Foi mais uma oportunidade bemconseguida para unir a Família

CPM em torno da missãoespecífica que compete ao nossomovimento (a preparação denoivos para o sacramento domatrimónio), como parte damissão universal da Igreja que atodos compete.Diná e Joaquim Valente, casalpresidente nacional CPM PortugalTexto escrito de acordo com a novaortografia

EPAMG recebeuniversidadeséniorNa passada sexta-feira dia 17, aEPAMG recebeu nas suasinstalações cerca de 80 seniorespara um almoço e um lanche

convívio, promovido pelaUniversidade Sénior da MarinhaGrande. O almoço foiconfecionado e servido pelosalunos dos cursos Técnico deRestauração, VarianteRestaurante-Bar, e do Curso deEducação e Formação deEmpregado de Restaurante-Bar,sob orientação dos formadoresda área técnica, Márcio

Silêncio é um filme recente do realizador MartinScorsese, baseado no livro com o mesmo nome dojaponês Shusaku Endo. É um drama histórico sobre oinício do cristianismo na terra do sol nascente. Osmissionários portugueses jesuítas, no século XVII,foram em missão para o país que perseguia, matava oscristãos, e bania os europeus daquelas paragens, oJapão. É um filme classificado para maiores de 14 anos. Eudiria (depois de o ter visionado) que é para maiores de18 anos e impróprio para pessoas mais sensíveis e semcapacidade de resiliência e maturidade filosófica eespiritualidade equilibrada. São 161 minutos de filmeduro, de crueldades humanas, de violência física epsicológica. O que está em jogo é a falta de liberdadepessoal e a ausência de liberdade religiosa.A temática é antiga e sempre nova. O ser humanosonha com a liberdade e ela é acorrentada nassociedades e nas diversas comunidades. A liberdadereligiosa não cessa de gerar santos e mártires. Osdéspotas, os tiranos, querem impor as suas leis à força eviolam o santo graal da liberdade. Em nome de umapseudo-liberdade usa-se, muitas vezes, a violênciaextrema, brutal e desumana. Matar em nome daliberdade é agir de forma criminosa e horrenda eperversa.O papa Francisco diz que são mais os mártires da fécristã nos dias de hoje do que os mártires dos temposdo império romano. O cristianismo defende e difunde aDeclaração Universal dos Direitos do Homem.Aperfeiçoa e eleva a um patamar superior deglobalidade e de nova humanidade. A liberdadereligiosa é porção ontológica da liberdade humana.Truncá-la é mutilar e desfigurar a sua beleza. Muitos, aolongo da história, tentaram silenciar a espiritualidade, areligiosidade, os diversos credos de homens e mulheresde carne e osso. Muitos crentes sofreram e morreram

em silêncio. A fé humana e divina considera herói o quedá a vida e não aquele que tira a vida de alguém. Umafé adulta e madura ajuda a acreditar no ser humano e aacreditar e confiar no Ser Divino.O mundo é espaço e lugar e tempo para o crente, para odescrente, para o indiferente, para o religioso e para oirreligioso. Todos nesse mundo estão a caminho e nocaminho. Não é justo proibir, nem caluniar, nemobrigar. Não é justo condenar crédulos ou incrédulos.Todos podem conviver na diversidade. Todos precisamde espírito aberto e ecuménico.Silenciar é impor silêncio. Silenciar a religião, oreligioso, é não respeitar um direito fundamental doindivíduo. Silêncio. Foi terrível impor silêncio. Ébenéfico respeitar o silêncio. É bom fazer silêncio. Osossego, a ausência de ruído, são ambiente propício àreflexão e arte de bem pensar.Os tempos modernos são contrários, e chegam a termedo do silêncio. Há turbilhão de palavras e imagens esons artificiais. Os crentes precisam de fazer e deescutar o silêncio. Também os não crentes precisam defazer e escutar o silêncio.Os missionários portugueses de antanho, aventureirosda fé, não entendiam o silêncio divino perante algunsacontecimentos e realidades, mas não deixaram desonhar, nem de fazer caminho exterior e interior. Osmissionários da modernidade não podem deixar ficarescondido o tesouro do Evangelho. Hoje, na “Igreja emsaída”, diz o papa, “não deixemos que nos roubem aforça missionária”. É necessário “o evangelho da alegriae a alegria do Evangelho ”.Ficar em silêncio diante de injustiças pode ser sinal decobardia e falta de ousadia. É hora de acordar para amissão. Missão humanitária. Missão libertária.Compromisso livre contra silêncios forçados e contramordaças das ditaduras e dos ditadores.Davide Gonçalves

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Madeira, Sónia Silva e VítorRosa. Foram dois dias detrabalho intensivo para todos,entre montagem e preparaçãodo espaço para o evento,confeção das iguarias, serviço earrumação de tudo. O sucessodo almoço ficou espelhado nossorrisos dos seniores que nosvisitaram e na alegria dosalunos durante todo o serviço.Esta atividade permitiu a todosa vivência de uma experiênciareal de trabalho e, sobretudo, ainteriorização de valores comosolidariedade, trabalho emequipa e entreajuda. Deixamoso nosso obrigado a todos peloempenho demonstrado!Andreia MagalhãesTexto escrito de acordo com anova ortografia

Falta depassadeiras na Nova LeiriaMoro na urbanização NovaLeiria. Há uma paragem deautocarro junto da qual nãoexiste nenhuma passadeirapara se passar de um lado parao outro! Mesmo nas travessas,só existe do lado da NovaLeiria. E já agora, qual o motivode estar um sinal de trânsitoproibido só no início da estradavelha? Para ir deixar o meufilho de manhã na paragem,tenho que ir dar a volta junto aorestaurante A Grelha. O quepode dizer quanto a estaquestão a entidadecompetente?Lisete Candeias

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OpiniãoJornal de Leiria 2 de Março de 2017 17

Meu Caro Zé,Escrevo mais cedo que o costume,regressado que sou ao meu gabinete, vindoda primeira parte de uma conferência da

CIP, em que tu, seguramente, terias estado presente.Como não pudeste estar, deixa-me alinhavar, para tuainformação, que, por certo, apreciarás, porque nãogostas de perder “pitada” de informação nestamatéria, umas quantas observações pessoais que meforam suscitadas pelos diversos intervenientes.A tua primeira surpresa será o título da carta! O que éque ele tem a ver com conferência? Mas o título veio-me à cabeça quando comecei a escrever, numaconjugação de síntese mais “simplista” do que ouvi,com os nossos tempos de liceu.Lembrar-te-ás da insistência com que o nossoprofessor de matemática nos enchia os ouvidos com anecessidade de distinguir uma condição necessária deuma suficiente. Pois é! Se tivesse tido tempo epaciência teria de referir aos presentes esta distinção,que vou lembrar: uma condição para algo acontecerdiz-se necessária quando, se ela não ocorrer, esse algonão acontece. Mas, atenção, ela pode ocorrer e essealgo não acontecer. Em contrapartida, uma condiçãopara algo suceder diz-se suficiente quando a suaverificação garante que esse algo também acontece,independentemente de tudo o resto.Dirás tu: o “maluquinho da matemática” ensandeceudefinitivamente. Sem poder garantir que não tenhasrazão, deixa-me, no entanto, explicar esta minhaabordagem. O tema da conferência é Moldar o Futuro -- o Imperativo do Crescimento.O senhor primeiro-ministro esteve na abertura daconferência e exaltou os últimos resultados daeconomia e das finanças públicas, seguindo-se umlargo anúncio de futuros programas e medidas que se

estendiam a praticamente todas as áreas da economia,para não dizer da sociedade. Aqui a condiçãonecessária, mas não suficiente, é o “dinheirinho” paraisto tudo, mas isso foi ponto não abordado.O painel de convidados que se seguiu “torceu” o nariza muitas destas coisas, com interessantes observações,como por exemplo: “O pior que podemos fazer (paramoldar o futuro) é ficar ofuscado por dados pontuais”ou, ainda, “o país não cresce porque a classe políticaestá aprisionada por problemas urgentes econtingentes e não pelos problemas importantes”,“quem cria a riqueza são as empresas, não são osgovernos”, “a sociedade política está bloqueada pelomodelo que quis impor e que não altera”, “só estamosa olhar para o curto prazo”, etc., etc.Mas, depois, cada um fez as suas propostas, àsvezes coincidentes, outras não, para melhorar ofuturo do país. Ao ouvi-los, achei que a maioriadelas era necessária, mas nenhuma delas suficiente.É preciso que várias delas ocorram e sejamcompatíveis e, então, sim, talvez sejam suficientespara se dar o passo em frente. Mas isso exigeconsistência e coordenação de medidas e de pontosde vista e a coragem de defrontar privilégios e“direitos adquiridos”. E, aí, meu caro, acho que vaifalhar.Mas o mais grave é que cada um falava como se o paísnão estivesse na Europa. E será que assumimos isso?Vê lá esta afirmação: “O que é que queremos daEuropa? A Europa vai mesmo ajudar-nos?”.Mas, espera lá, a Europa (se de facto existir) não somostambém nós?A carta já vai longa e tenho de me ficar por aqui.Até sempre

Economista

Quando a direção do CEPAE,da qual faço parte, tomouposse em março de 2016,estava longe de imaginar que

o nosso voluntarismo nos levaria acontatar tantos agentes dedesenvolvimento local, autarquias,instituições de ensino superior eprofissionais de áreas ligadas dealgum modo à salvaguarda dopatrimónio.A defesa e valorização do nossopatrimónio material e imaterialmerece todo o nosso empenho, tudoo que possa ser feito e contribua paraa sua preservação e para o dar aconhecer a um maior número depotenciais “admiradores ecuidadores” deixa-nos felizes, masnão satisfeitos.Será sempre possível fazer mais emelhor! Num núcleo de cinco elementos, quecompõem a direção em regime devoluntariado, nem todos dispomos deatividades profissionais comflexibilidade de horários, que nospossibilitem promover e estarpresentes nas reuniões e sessões detrabalho para as quais o CEPAE éconvocado. Por isso, aos de nós quetêm dado mais de si nesta tarefa de“vestir a camisola” do CEPAE, cabeagradecer por terem levado a nossaassociação a tantos locais distintos: daBatalha à Nazaré, de Ourém às Caldasda Rainha, da Marinha Grande a Portode Mós, de Tomar a Figueiró dosVinhos, de Alcanena a Paris, jápercorremos muitos quilómetros emprol do património da região.Como dizia, é sempre possível fazermelhor e mais!Para isso contamos com os atuaisassociados a quem agradecemosespecialmente o apoio e a confiança,apelando a que outros se nos juntem.Porque entendemos que o futuro daassociação depende da participaçãoativa dos seus associadossubmetemos à Assembleia Geral umaalteração dos estatutos e regulamentogeral, no sentido de reduzirmos ovalor das quotas dos associados emnome individual de 30 euros para 20euros anuais e de criar uma quota devalor simbólico de 10 euros anuaispara jovens até aos 30 anos. Por outrolado no ato da liquidação da quota, ovalor da mesma pode ser convertidoem publicações do CEPAE ao preço devenda tabelado.Estas medidas destinam-se a facilitaro acesso à associação e a assegurarque estes 5 voluntários nãoremunerados continuam o seucaminho em prol do património daregião, bem acompanhados.Já é associado do CEPAE?

Secretária da Direção do Centro dePatrimónio da Estremadura* Esta coluna é da responsabilidade doCentro de Património da Estremadura(CEPAE) . www.cepae.ptTexto escrito de acordo com a novaortografia

J. Amadoda Silva

Crónicasdo Patri-mónio*HelenaGodinho

Condições necessárias mas insuficientes “O desassossego de se ser voluntário”

Caros senhores: cansei-me. Desde os dezoitoanos que não falho uma única votação,lembro que na primeira vez até me comoviquando estendi o cartão de eleitor à

senhora que riscava os nomes. A comoção perdeu-se ao longo do tempo mas continuei a fazer cruzesnos quadradinhos, assinalando as pessoas e asideias com que mais me identificava. E lá fuiacumulando decepções e descrenças, lá fuidisfarçando desânimos. Nunca falhei as votaçõesmas, cada vez com mais frequência, deixei deriscar cruzes nos quadradinhos e fui deixando oespaço em branco. Nunca aconteceu ter votado emalguém que tenha ganho (excepto no referendo doaborto) mas ninguém tem culpa por as minhasideias não coincidirem com as da maioria. Adiferença é que, agora, já não encontro grande ecodessas minhas ideias em nenhum dos carossenhores. Zero identificação, zero cruzinhas. Aindaassim, há que ser optimista, há que acreditar.Pensava eu. Mas já não penso. Cansei. Estamos noinício de Março de 2017 e daqui uns temposninguém vai lembrar o que domina notícias ecomentários por estes dias: a idiotice à volta daCGD. E foi esta idiotice que me fez cansar de vez,apesar de não ser muito diferente de tantasidiotices que ficaram para trás. Caros senhores:julgam que ninguém percebe que se entretêm emjoguinhos a ver quem quilha (queria usar outrapalavra) mais os outros? Julgam que ninguémpercebe como aquilo que vos move é o vossointeresse e ego? Julgam que as pessoas são burras?Pois se julgam isso, julgam bem. As pessoas devemser burras, porque apenas assim se entende quecontinuem a dar confiança (a dar cruzinhas) aos

PauloKeller-man

Burrocaros senhores. Eu, pelo menos, sinto-me burro.Começo a entender os amigos que abanam a cabeçaquando falo em optimismo e em acreditar nabondade dos outros; quando falo em sonhos.“Sempre que um homem sonha o mundo pula eavança”, escreveu o outro. Não, caros senhores: nãopula nem avança. Basta ver os noticiários.Impossível continuar a ser optimista e sonharquando se vêem os noticiários. Vocês, carossenhores, riem de quem sonha. E uma pessoa vaiperdendo a paciência, vai ficando quilhada (paranão dizer outra coisa); desiste das cruzinhas.Desiste de alimentar aqueles sonhos de criançasobre o mundo poder ser um lugar bom para todos.Uma pessoa já nem treme de medo com asdesgraças que espreitam na Europa ou na América.Pode deixar de ver os noticiários mas as desgraçasnão desaparecerão porque há quem coloquecruzinhas em certos sítios e quem – como eu –desista de colocar cruzinhas porque deixou deacreditar e confiar. Já sei o que os caros senhoresvão dizer: as generalizações são injustas, não sepode colocar toda a gente no mesmo saco, blá bláblá. E têm razão. Mas não é o mesmo que fazem oscaros senhores, colocando os eleitores todos nomesmo saco, tratando-os como mero instrumentodos vossos interesses ou dos interesses daorganização que representam? Pois. Vinte e quatroanos de credulidade e puff: desaparece acredulidade. Agora, confesso que não sei bem oque fazer, além de admitir que me sinto burro; e dequerer continuar a sonhar. Será que mais ninguémse sente burro? Será que alguém ainda sonha?

Escritor

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18 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

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Exportações da indústria de moldes atingiram 626 milhões em 2016

Raquel de Sousa [email protected]

� “Dinâmica, na vanguarda da tec-nologia e da excelência, e que dis-ponibiliza soluções inovadoras eintegradas para o mercado global”.É assim a indústria de moldes e fer-ramentas especiais em Portugal, deacordo com a associação sectorial,que na semana passada divulgou al-guns dos últimos dados disponí-veis. Segundo a Cefamol, as expor-tações atingiram em 2016 os 626 mi-lhões de euros, um crescimento naordem dos 6% face ao ano anterior.

Para João Faustino, presidente daAssociação Nacional da Indústria deMoldes, isto “é resultado do esforço”desta entidade e dos empresários. Aactividade tem crescido, estando a in-dústria a receber mais encomendas,e durante o ano passado foram cria-dos novos postos de trabalho.

Por outro lado, a indústria portu-guesa de moldes tem procurado di-versificar mercados – a associaçãotem promovido diversas missõespara procurar oportunidades de ne-gócio – e sectores. A indústria auto-móvel é responsável por mais de70% da produção.

Segundo a associação, o sectordos moldes “tem registado um cres-cimento assinalável nos últimoscinco anos”, o que se tem traduzidono aumento do valor das exporta-ções. Pela quinta vez consecutiva,este indicador atingiu “um valorrecorde”, e em 2016 ultrapassou,“pela primeira vez na sua história, abarreira dos 600 milhões de eu-ros”. Face a 2010, por exemplo, omontante das exportações do anopassado representa um crescimen-to de 92%.

Portugal é actualmente o terceiromaior produtor europeu e o oitavoa nível mundial. “Os empresáriosdesta indústria cedo souberam as-sociar-se e, em conjunto, procurarsoluções para os seus problemas ecarências. A Associação Nacional daIndústria de Moldes tem sido umapeça fundamental nesta estratégiade desenvolvimento, permitindoatravés dela analisar o sector e astendências de evolução, identifi-car desafios e constrangimentos,mas também, em conjunto, definirmetas, criar soluções e alcançaroportunidades”.

Este é há muito “um sector ino-vador”, de “alta intensidade tecno-lógica”. “As empresas portuguesassão fornecedoras de soluções globaise oferecem um serviço totalmente

integrado, composto por uma cadeiade valor alargada que engloba com-petências especializadas: desde odesign, engenharia e desenvolvi-mento de protótipos ao fabrico demoldes (incluindo a especializaçãoem moldes de grande dimensão,precisão e micromoldes), ferra-mentas especiais, injecção e mon-tagem de produtos e componentes”,explica a associação.

“Portugal é internacionalmentereconhecido como um dos principaisprodutores de moldes de precisãopara a indústria de plásticos e temaumentado, cada vez mais, a sua ca-deia de valor, a montante e a jusan-te, com competências especializadasna área do design e engenharia até àprodução de peças finais”.

Em 2016, Espanha foi o principaldestino das exportações de moldesportugueses, destronando a Ale-manha que, no ano anterior, detinhaa primeira posição. Espanha repre-senta agora 22% do total exportado,seguindo-se a Alemanha com 20%e a França com 16%.

Dinâmica A indústria portuguesa de moldes tem registado um “crescimento assinalável”, visível noaumento das exportações, que em 2016 passaram a barreira dos 600 milhões de euros

Fonte: Cefamol

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Produção ExportaçãoValores em milhões de euros

414326

494388

581536 502 538624

560

690591

Produção e exportação de moldes

MIGUEL BIDARRA

Nos últimos seis anosProdução e exportações a crescerOs dados divulgados na semanapassada pela Cefamol nãodisponibilizam ainda o valor daprodução da indústriaportuguesa de moldes em 2016.Contudo, uma análise aosdados referentes aos últimosseis anos revela que aprodução, tal como asexportações, tem vindo acrescer (ver gráfico). Assim, porexemplo, em 2010 o valor totalda produção foi de quase 414milhões de euros e o dasexportações foi de 326 milhões,enquanto em 2015 o total daprodução ascendeu a 690milhões e as exportações a 591milhões. Nesse ano, o sectorexportou mais de 85% daprodução total, para 89 paísesdistintos, “o que demonstra adimensão internacional eglobal desta indústria”.

Espanha e Alemanha têm,alternadamente, ocupado oprimeiro lugar. França é desde2012, sem alterações, o terceirodestino das exportaçõesportuguesas de moldes. Em2015, Reino Unido e República

Checa ocupavam o quarto equinto lugar, respectivamente.Segundo a Cefamol, nos últimosanos o mercado europeu,principalmente comunitário,tem representado, em média,79% do total das exportações.

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EconomiaJornal de Leiria 2 de Março de 2017 19

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Unidade deverá abrir em meados de 2019

DR

Unidade de cinco estrelas em Caldas da Rainha

Investimento de 4,5 milhões em novo hotel Raquel de Sousa [email protected]

� Kawari Beach Resort & SPA. É esteo nome do hotel de cinco estrelas quevai nascer nas margens da Lagoa deÓbidos, na freguesia do Nadadouro,em Caldas da Rainha. Trata-se deuma unidade de cinco estrelas cujoinvestimento total (inclui aquisiçãodo terreno) está estimado em 4,5milhões de euros.

Fonte da Gpessa Engenheiros As-sociados, empresa que está a gerir oprojecto, explica que o hotel surge de-vido ao “encantamento” que os pro-motores, Nahid Kawari e Michel Dut-tenhöfer, proprietários da Dias Atlân-ticos, sentiram em relação à lagoa e àssuas encostas, e ao potencial de Cal-das da Rainha.

Mais do que a mera construção deum hotel, pretendem a “materiali-zação” de um projecto de vida “su-portado nas premissas da sustenta-bilidade, em serviços de elevada

qualidade e um foco muito específi-co sobre técnicas não invasivas desaúde, relaxamento e bem-estar”.Foi esse o desafio lançado à Gpessa:“a materialização de um sonho, sob

forma de um projecto que englobas-se todas as vertentes desse programa,num espaço desafiante, quer pelasua morfologia e condicionamentosnaturais, quer pelas restrições urba-

Empresas

Distrito de Leiriatem 161 PMEExcelência

� São 161 as empresas do distritode Leiria que vão receber o esta-tuto PME Excelência 2016. A lis-tagem das empresas foi divulga-da a semana passada no site doIAPMEI e revela que há ainda 15empresas do concelho de Ourémcom este estatuto. A nível nacio-nal são 1786. As PME Excelênciaforam seleccionadas pelo IAP-MEI e pelo Turismo de Portugal,com base no universo das PME Lí-der à data de 30 de Outubro de2016. As empresas têm de teruma autonomia financeira igualou superior a 37,5%, rendibilida-de líquida do capital próprio igualou superior a 12,5% e um rácioEBITDA/volume de negócios igualou superior a 10%, entre outrosaspectos. No ano passado, no dis-trito, foram 122 as empresas aconseguir o estatuto.

nísticas e administrativas do local”.Tratando-se de uma zona “sensí-

vel” e próxima da Reserva Ecológi-ca, o hotel desenvolve-se “de umaforma harmoniosa e não intrusiva nodeclive natural da encosta, mol-dando-se ao terreno existente”. Ascoberturas ajardinadas “permitemque o edifício se dilua no terreno deforma natural trazendo a harmoniaa todo o espaço envolvente”. O edi-fício desenvolve-se em três pisos:um deles com sete quartos duplos eduas suites, zona de refeições, bar eum salão; o segundo terá dez quar-tos duplos e uma suite e o piso infe-rior, mais próximo da lagoa, acolhe-rá o SPA, a piscina interior aquecida,com serviços de hidroterapia, sauna,banhos turcos, ginásio e outras ac-tividades de carácter terapêutico e debem-estar, que estarão abertos aopúblico em geral.

A unidade deverá abrir em meadosde 2019 e criará 30 postos de trabalhodirectos.

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20 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Economia Gestão e competitividade internacional

RICARDO GRAÇA

Empresa de extracção de caulinos de Leiria

Sorgila e a cadeia de valor global

Márcio [email protected]

� Há milhões de anos, em Leiria, du-rante as eras mesozoica e cenozoica,havia mar. Hoje, há exploração de cau-linos e argilas para atender ao mer-cado global das pastas cerâmicas.

O distrito industrial na região deSassuolo, no noroeste da Itália, é umterritório com uma acentuada con-centração de empresas exportadorasde material cerâmico. É um territórioque proporciona factores externosde competitividade às empresas lo-cais, e que recebe, pela via da cadeiade valor global, caulinos e argilas deLeiria.

O caso Sorgila – cadeia de valorglobal A Sorgila foi fundada em 1969 e as suasprimeiras exportações foram feitaspara a Espanha em 1974/75. A em-presa factura, actualmente, cerca de11 milhões de euros. Tem 110 colabo-radores e extrai, por mês, cerca de 80mil toneladas de areia e 40 mil de ar-gilas. As suas áreas de negócio são:construção civil e obras públicas, in-dústria cerâmica e vidreira. E assumeo negócio da cerâmica como área es-tratégica da internacionalização.

Entre a metade dos anos 70 e até ao

ano de 2010, as exportações da em-presa representavam apenas 3% dovolume de facturação. A partir de2010, com novos investimentos feitos,a empresa tem vindo a aumentar assuas operações internacionais, ab-sorvendo hoje cerca de 10% das ven-das. E o seu mercado-alvo é a Itália.

As empresas que operam numacadeia de valor global (o produto finalé produzido em várias regiões doplaneta) vão em busca de maior van-tagem competitiva potencializadapor recursos (capabilities) locais.

Segundo Luís Carlos Caetano, aindústria mundial da cerâmica tematravessado uma mudança de para-digma da argila vermelha para a argi-la branca. Um dos maiores produto-res mundiais de argila branca é a re-gião de Donestk, na Ucrânia. As argi-las e os caulinos de Leiria, fornecidospela Sorgila, chegam à plataformalogística de Ravena junto com as ar-gilas brancas ucranianas. Saem do na-vio e, logo de seguida, são transpor-tadas por via ferroviária (intermo-dal) até às instalações da fábrica Mi-neraria Sassolese para serem mistu-radas e transformadas em matéria-prima na produção cerâmica paratodo o mundo. Quando as argilas deLeiria chegam a Itália, incorporam umproduto que se torna global.

A argila é um recurso natural fini-to. E fazer parte de uma cadeia de va-lor global exige rigor, qualidade e in-teligência estratégica no uso dos re-cursos. A empresa, que tem como ob-jectivo aumentar as suas activida-des no estrangeiro, deve ter uma ati-tude pró-activa (e não reactiva) no seuprocesso de internacionalização. ASorgila é, inequivocamente, uma em-presa com orientação para o merca-do. Isto é: reúne-se semanalmentecom os seus clientes. Para Luís CarlosCaetano, cada cliente é um amigo, umparceiro, e faz parte do negócio. As in-formações sobre os clientes e os mer-cados são disseminadas com fluidezpelo todo da organização. E, no fim,são tomadas as decisões estratégicas.

A empresa orienta recursos para oprocesso de inovação, e aposta naqualidade da extracção da argila. É, ac-tualmente, um dos principais forne-cedores para o fabrico de telhas téc-nicas feita em molde de gesso (altaqualidade em porosidade e rugosi-dade). Tem feito inovações contí-nuas para alcançar novas formas demisturas das argilas com caulinos, nosentido de aliviar as tensões sobre amatéria-prima argilosa e ultrapassara escassez tendencial dos recursos.

A Sorgila é um case study de comoos recursos locais podem ser alavan-

cados para criar valor, não só para a re-gião de Leiria, mas para a cadeia de va-lor global da indústria italiana extre-mamente competitiva no sector da ce-râmica.

O caso da Sorgila deve servir de es-tímulo para a definição da estratégiacompetitiva dos portos portugueses,sobretudo os portos da Figueira daFoz e de Aveiro – que são a porta desaída da matéria-prima argilosa por-tuguesa até Ravena.

E, sendo a Sorgila um dos agentesna cadeia de valor global da indústriada cerâmica, o que isso pode poten-ciar para a empresa e a região de Lei-ria?

Estando a empresa inserida nessacadeia de valor global, as tensões decompetitividade internacional vãoexigir um maior compromisso de re-cursos e práticas de orientação ex-portadora, bem como o desenvolvi-mento de dyanmic capabilities, isto é,adaptações rápidas e eficazes da em-presa às exigências dos mercados.

Do ponto de vista da região – ondehá uma forte concentração de em-presas de extracção de areias e argi-las – as boas práticas de gestão orga-nizacional podem catapultar Leiriacomo território global para o forneci-mento de matéria-prima de pasta ce-râmica à escala mundial.

11milhões de euros é o valor dafacturação da Sorgila

40mil toneladas de argila sãoextraídas mensalmente

80mil toneladas de areia sãoextraídas mensalmente

Os números

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Economia Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 21

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inCentea emprega actualmente 310 pessoas

DR

Troca de participações entre empresas de Leiria e de Braga

InCentea anuncia integração da MegatrónicaRaquel de Sousa [email protected]

� A inCentea vai integrar a Mega-trónica, empresa de Braga que actuana área das tecnologias da infor-mação, software e produtos infor-máticos. O anúncio foi feito sexta-feiradurante a convenção do grupo deLeiria, ocasião em que António Poçasdisse que, com este passo, a inCenteaserá uma empresa “maior e melhor”.

Ao JORNAL DE LEIRIA o empre-sário explicou que o processo está aser iniciado e que consiste na troca departicipações entre os accionistas deambas as empresas, sendo a Mega-trónica integrada na inCentea. Porquêa empresa de Braga? “A Megatrónicaé muito dinâmica, aspecto que valo-rizamos e queremos estender à in-Centea”, afirmou. Por outro lado, aempresa de Leiria “precisa de umapresença maior no Norte do País,onde estava a crescer devagar”.

Na convenção, Carlos Vaz, CEO da

empresa de Braga, considerou uma“enorme responsabilidade” passar afazer parte da inCentea, a quem re-conheceu “prestígio a nível nacional”.Com 20 anos de actividade, a Mega-trónica emprega 64 pessoas, é repre-sentante do software Primavera, talcomo o grupo de Leiria, e já marca

presença em Angola e Moçambique(tal como a inCentea).

José Dionísio, responsável da Pri-mavera, referiu que aquelas duasempresas têm no total 2000 clientesdeste software e que a fusão entre am-bas “traz a todos muitas respons-abilidades”. Elogiou a “transparência

do processo e o envolvimento” da Pri-mavera, considerando que esta “pre-cisa de parceiros que tenham o arro-jo que estas duas têm”.

Na convenção da inCentea, noTeatro José Lúcio da Silva, foramdados a conhecer alguns dos prin-cipais aspectos da actividade du-rante o ano passado, bem como al-guns indicadores. O grupo de Leiriaemprega 310 pessoas e no ano pas-sado obteve um volume de negó-cios de 17 milhões de euros, mais24% do que em 2015. O EBITDA as-cendeu a 1,2 milhões, um cresci-mento de 32%.

Para este ano, a ambição é atingirum volume de negócios de 20 mil-hões de euros. “Em 2017 temos decontinuar focados, temos de con-tinuar a simplificar a organizaçãoque, por via do crescimento, nemsempre é tão eficiente como de-via”, disse no evento António Poças,que se mostrou optimista relativa-mente à fusão com a Megatrónica.

António Murta“Todos precisamos de trabalho”Na convenção da inCentea, AntónioMurta, managing director daPathena, falou sobre tendências dodigital, defendendo que a tecnologiadeve estar ao serviço dos homens.Lembrou que faltam hoje 1,6 biliõesde empregos no mundo e que,segundo um estudo da Universidadede Oxford, nos próximos dez anos40% dos empregos actuais podemser automatizados. “A automação émuito bonita, mas todos precisamosde trabalho”. Disse que todoscorremos o risco de cair nodesemprego e que só podemosdefender-nos “estudando toda avida”. Porque à medida que omundo se for tornando “ultracompetitivo”, mais valor será dadoao que não é passível de serautomatizado.

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22 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Economia

Formação: essencial para liderar

Um dos principais entraves aodesenvolvimento do país são as baixasqualificações dos empresários egestores portugueses. De salientar que

a maioria dos empresários tem qualificaçõesmais baixas que os seus próprioscolaboradores. De acordo com o INE, menos de20% dos empresários tem o ensino secundárioconcluído, na União Europeia são mais de 70%.A percentagem de empresários com formaçãosuperior é de apenas 9% em Portugal e mais de30% na União Europeia. Os números são claros:temos empresários com baixas qualificações.Sem formação nas áreas da gestão de recursoshumanos, marketing, estratégia e línguasestrangeiras, como o inglês, não é possível àsempresas nacionais serem competitivas nomercado global. Saber liderar num mundo hipercompetitivoexige formação superior, não basta seremtécnicos excecionais, têm de ter a capacidadede interpretar as mudanças e retirar delas omelhor proveito possível para a organizaçãoque lideram. Um líder hoje deve saberdesenvolver a visão, ter pensamentoestratégico, saber comunicar, motivar, terhabilidade para unir pessoas, capacidade deadaptação, disciplina, capacidade de se

OpiniãoJoão CarvalhoSantos

relacionar e de inspirar os seuscolaboradores. Ser líder hoje significadesenvolver competências e estimular otalento dos seus colaboradores e saber dar oexemplo. O líder tem de ser coerente paramanter a sua credibilidade. Não pode dizeruma coisa e fazer outra…Não é possível termos bons líderes semtermos empresários com formação. Um bomlíder é fundamental para o sucesso dasorganizações. Liderar significa influenciar ocomportamento de outros; ter a capacidadede promover uma actuação coordenada paraatingir os objectivos da organização; ter acapacidade de conduzir as pessoas aenvolverem-se com entusiasmo emactividades para a concretização deobjectivos. Um bom líder deve sabertransmitir aos seus colaboradores que, aoatingirem os objectivos da organização, estãoao mesmo tempo a atingir os seus. O lídertem de ser capaz de tomar as decisões nomomento certo e criar uma imagem decredibilidade e respeito junto dos seuscolaboradores.

Professor e InvestigadorTexto escrito de acordo com a nova ortografia

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Leiria Franchisingda Salsa fecha e dá lugar a loja Space

Chama-se Space a nova loja que vaiabrir amanhã para substituir aSalsa, na rua João de Deus, nocentro de Leiria. O proprietário,David Narciso, explica queterminou o contrato de franchisingcom a Salsa e entendeu não orenovar. A marca estará contudo àvenda na nova loja, onde será aindapossível encontrar artigos da PepeJeans, Only e Jack & Jones, “queapresentam uma relaçãoqualidade/preço muitointeressante” e uma vasta ofertapara homem e senhora.

Benedita Policlínicacom novo centro de fisioterapia

Depois da realização de obras deremodelação, a Policlínica daBenedita-Grupo H Saúde apresentourecentemente o seu novo centro defisioterapia. Com este novo espaço, aempresa de Alcobaça garante quecada utente recebe “um tratamentoúnico, onde são privilegiadas asterapias manuais e onde não existem limitações de tempo, espaço ou recursos”.

Leiria AKI investe 350 mil euros para se modernizar

A loja de Leiria da cadeia AKI,especializada em decoração,bricolage e jardim, vai serreinaugurada hoje, depois de tersofrido um investimento de 350mil euros. O objectivo foiactualizar a imagem e “reforçar oseu conceito de proximidade”aos leirienses. O novo espaçoserá apresentado pela directorada loja, Ana Mafalda Silva.

Liderança LeiriaToasmasters festejaquinto aniversário

Focalizada e especializada nodesenvolvimento de competênciasde comunicação e de liderança paraos seus membros, o Toastmasterschegou a Leiria há cinco anos. Oclube da cidade do Lis comemorano próximo sábado o seu quintoaniversário, com um evento noestádio de Leiria, organizada emparceria com a Associação de Ténisde Mesa de Leiria. O Toastmastersde Leiria tem registado um“crescimento equilibrado”, comresultados que levaram ao seureconhecimento como clubePresident's Distinguished.

IPL Indústria distinguem os melhores estudantes

Empresas da região entregam bolsas a alunos do Politécnico� Quase três dezenas de estudantes doInstituto Politécnico de Leiria vão re-ceber hoje bolsas de estudo atribuídaspor 21 empresas da região. A iniciati-va distingue os melhores estudantesque ingressaram em cursos de licen-ciatura do Politécnico de Leiria.

As bolsas de estudo IPL Indústria re-sultam do protocolo estabelecido emJulho de 2013 entre o Politécnico deLeiria, a Associação Empresarial daRegião de Leiria e a Associação Na-cional da Indústria de Moldes, tendocomo como principais objectivos pro-mover a formação em contexto em-presarial, a disseminação do conhe-cimento e da tecnologia, e acções deresponsabilidade social conjuntas,que aproximam a academia da reali-dade industrial, beneficiando estu-dantes, docentes e empresas.

O valor da bolsa de estudo supor-ta os custos da propina anual fixadapelo IPLeiria, e esta é concedida aosestudantes que ingressam com me-lhor média nos cursos seleccionadospelas empresas que integram anual-mente o projecto. Para o ano lectivode 2016/2017, os cursos seleccionadosforam: Engenharia Mecânica, Enge-nharia Informática, Engenharia e Ges-tão Industrial, Engenharia Automóvel,Engenharia Eletrotécnica e de Com-putadores, Contabilidade e Finan-ças, Design Industrial, e Marketing.

Seis novas empresas juntam-se

DR

este ano lectivo à iniciativa: Geocam,Lubrigaz, MD Moldes, Stream Con-sulting, Socem e Grupo LN. Renovamo seu apoio as empresas BollinghausSteel, Bourbon Automotive Plastics,Incentea, Moldes RP, TJ Moldes, Vi-pex, BPN - Comércio de Peças para Ca-miões, Caixa de Crédito de Leiria,GECO, EST - Empresa de Serviços Téc-nicos, La Redoute, Moldoeste, Plani-molde, P.M.M. e Ribermold. Cadaum dos estudantes visitou em Janei-ro a empresa que lhes atribuiu a bol-sa de mérito.

A cerimónia pública de entrega

27é o número de bolsas atribuídaseste ano no âmbito da iniciativaIPL Indústria

O número das bolsas de estudo, hoje a partirdas 17:30 horas, contará com a pre-sença de Nuno Mangas, presiden-te do Politécnico de Leiria, JorgeSantos, presidente da Nerlei, JoãoFaustino, presidente da Cefamol, ePedro Martinho, director da EscolaSuperior de Tecnologia e Gestão doIPLeiria. Estarão ainda presentes osestudantes, os empresários que,numa acção simbólica, atribuirão asbolsas, bem como representantesdos agrupamentos de escolas do en-sino secundário de origem dos es-tudantes.

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Economia EmpregoJornal de Leiria 2 de Março de 2017 23

Empresa de Leiria admite (m/f)

Auxiliar de ProduçãoDescrição da função: - Trabalhos de serralharia; - Maquinação na CNC; - Embalagem do produto; - Gestão de stocks; - Controlo e receção de saídas e entradas de material; - Manutenção e arrumação dos materiais em armazém.

Requisitos: - Conhecimentos de serralharia (obrigatório); - Escolaridade mínima obrigatória; - Disponibilidade imediata.

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Empresa de Leiria admite (m/f)

Descrição da função: - Preparação, planeamento, gestão e acompanhamento de Obra;- Ler, interpretar e executar peças escritas e desenhadas de projectos e pormenorização;

- Apoio ao departamento comercial e de produção.

Requisitos:- Conhecimento de informática (Office, desenho 3D em Solidworks);- Domínio da ferramenta SOLIDWORKS(obrigatório);- Boa capacidade de interpretação de desenhos.

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Engenheiro Civil

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Contratos a prazo

Precariedadeafectajovens equalificados

� A probabilidade de encontrar em-prego em Portugal é maior para quemtem um maior nível de qualificações.No entanto, o mesmo não se pode di-zer em relação à segurança do traba-lho. Os trabalhadores com qualifica-ções médias ou licenciados são maisafectados com contratos a termo doque os que têm baixas qualificações,segundo um relatório divulgado pelaOCDE (Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Económico) e ci-tado pelo Jornal de Negócios. Entre osjovens com menos de 25 anos a per-centagem de contratos a prazo chegaaos 67,5%, e entre os 25 e os 49 anos aos21,7%. Nas pessoas que têm entre 15 e64 anos, que não completaram o en-sino secundário, a percentagem des-tes contratos é de 19,8%, subindo para24,8% nos que completaram o ensinosecundário e para 22,7% nos licencia-dos. O relatório concluiu, assim, que o"elevado nível de segmentação" reduza probabilidade de conseguir um con-trato sem termo, mas "melhores qua-lificações também não reduzem asprobabilidades de trabalhar com con-tratos a termo". "Os contratos a termocerto têm funcionado como uma ra-toeira, em vez de serem um primeiropasso para um emprego mais estável,mesmo para quem possui boas quali-ficações." No entanto, outro gráfico dorelatório revela que estes dados nãosignificam que haja, efectivamente,mais trabalhadores precários licen-ciados do que trabalhadores precárioscom baixas qualificações, porque opeso de cada um dos grupos no totaldo emprego é diferente. O "EstudoEconómico" avança ainda que a taxade desemprego é superior a 14% paraquem não tem uma licenciatura e de9,3% para quem tem.

Programa quer apoiar empregabilidade dos jovens NEET

DR

Candidaturas terminam no dia 6, mas o programa regressa em 2018

Empreende Já apoia jovens sem trabalho com 700 euros mensais� Os últimos dados do Instituto Na-cional de Estatística (INE) mos-traram que, em Portugal, 13 emcada 100 jovens até aos 34 anosnão estudam nem trabalham. Demodo a combater este problema, ogoverno criou o programa Em-preende Já, destinado a jovens quese encontrem nesta situação e quetenham entre 18 e 29 anos, tendojá concluído a escolaridade obri-gatória.

O programa tem uma dotação decinco milhões de euros, apoiadopor fundos europeus, e os jovensseleccionados irão receber umabolsa de 700 euros durante seismeses para desenvolver um pro-jecto que, posteriormente, pode-rá ser apoiado a fundo perdido.

Os objectivos são apoiar a em-pregabilidade dos jovens NEET(Not in Employment, Education orTraining), ou seja, os jovens quenão estudam nem trabalham, pro-mover uma cultura empreende-dora centrada na criatividade e nainovação através do apoio ao de-senvolvimento de projectos que vi-sem a constituição de empresas oude entidades da economia social eapoiar a capacitação destes jovensatravés de formação.

O Empreende Já conta com duasacções distintas. Na primeira ac-ção, os jovens empreendedoresbeneficiam de formação de, nomáximo, 250 horas e de tutoria atéum máximo de 30 horas. Na se-gunda acção, os que forem selec-cionados, beneficiam de dez mileuros por projecto, destinado aoarranque de empresas ou de enti-dades da economia social e à cria-ção dos respectivos postos de tra-

balho. De acordo com Carlos Ma-nuel Pereira, do conselho diretivodo Instituto Português do Despor-to e da Juventude, “na primeira ac-ção, os jovens terão 250 horas deformação na área do empreende-dorismo e aprenderão a realizar umplano de negócios. Na segundaparte, esse plano para negócios decariz económico ou social será ava-liado e serão selecionados 90 paraterem um apoio de dez mil eurospara avançar”.

O responsável adiantou que oscritérios de selecção, avaliados porum júri composto por entidades ex-ternas, estarão relacionados com "opotencial de empregabilidade, arelevância do projecto para a co-munidade local e a própria sus-tentabilidade do projecto".

As inscrições terminam segunda-feira, dia 6, e serão aceites 315 can-didaturas. O programa regressaem 2018 com o mesmo número devagas.

13em cada 100 jovens até aos 34anos não estudam nemtrabalham. De modo a combatereste problema, o governo criou oprograma Empreende Já

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24 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Economia Emprego

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� Escolaridade: 12.º Ano (preferencial)� Experiência em funções similares � Conhecimentos sobre certificação da qualidade (preferencial)� Domínio da língua inglesa (oral e escrito)� Conhecimentos de informática na ótica do utilizador � Conhecimentos de desenho técnico (preferencial)� Conhecimentos de equipamentos de medição (preferencial)� Conhecimentos do software SAP (preferencial) � Facilidade de comunicação e de relacionamento interpessoal� Facilidade de trabalho em equipa� Dinamismo e flexibilidade� Disponibilidade para trabalho por turnos

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nomeadamente na Formação Técnica;

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sector de injecção de plásticos;

� Capacidade de organização, planeamento e autonomia;

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Contacto:Os interessados deverão enviar cv actualizado para o

e-mail: [email protected], com indicação da refª LA-0203.

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 25

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� No Inverno, o frio, o vento, a hu-midade e o ar seco dos lugares fe-chados agridem a pele, diminuin-do as suas defesas naturais. Em si-multâneo, o organismo reage aofrio, irrigando o sangue maiorita-riamente para os órgãos internos,deixando também a pele mais des-protegida. Por isso, é necessário re-forçar os cuidados diários com apele, nomeadamente, do rosto.

“A pele não exige cuidados ape-nas no Verão. Devemos cuidar dapele durante todo o ano. Muda o cli-ma, alteram-se também as suasexigências”, diz Juliana Moreira,farmacêutica especialista em der-macosmética. A técnica frisa que,durante o Inverno “é especialmen-te importante” reforçar a hidrataçãoe a protecção do rosto, sobretudo,nas peles mais sensíveis, que, com

o frio e as mudanças de tempera-tura, “tendem a escamar” e a ficar“com um tom avermelhado”.

A protecção solar é outro dos cui-dados a ter, porque, mesmo noInverno, a pele não está a salvo dosdanos causados pelos raios ultra-violetas. “O uso de protector não é

exclusivo do Verão. Normalmenteeste é um aspecto descurado du-rante esta época do ano, o quepode contribuir para o agrava-mento do acne e das manchas norosto”, adverte Juliana Moreira,técnica na Farmácia Beato Nuno,em Fátima, onde, na semana pas-sada, houve rastreios à pele, comrecurso à tecnologia iOMA Shepe-re, com a medição de factorescomo a hidratação, vermelhidão,actividade bacteriano, manchasde pigmentação e rugas.

Juliana Moreira explica que estesrastreios vêm no seguimento dotrabalho que é feito no espaço nes-ta área, com consultas mensais e apossibilidade diária de avaliaçõescom um aparelho iOMA. “As rosá-ceas e o acne são as problemáticamais frequentes”, revela a técnica.

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26 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

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Concedidos 5790 milhões de euros no ano passado

Esperada subida do crédito à habitação� Em 2016 os bancos disponibili-zaram 5790 milhões de euros emcrédito à habitação, traduzindoum crescimento de 44,28% faceaos 4013 milhões de euros regista-dos em 2015, segundo dados doBanco de Portugal. Mediadorasimobiliárias e bancos acreditamque a tendência de crescimento nocrédito à habitação continuará esteano, mas sem se alcançarem osníveis de anos anteriores.

Entre os principais motivos paraa evolução positiva estão as taxasde juro historicamente baixas, aestabilização/redução da taxa dedesemprego e o aumento do índi-ce de confiança dos consumidores,apontam os bancos, que falamainda em spreads “mais baixos” enum economia “a apresentar si-nais positivos”.

Luís Lima, presidente da Asso-ciação dos Profissionais e Empre-sas de Mediação Imobiliária dePortugal (APEMIP), disse à Lusa

que “o sector financeiro já tem re-velado vontade em apostar maisneste tipo de produto, confirman-do deste modo a existência de um

sector imobiliário pujante, seguroe com perspectivas de crescimen-to”. O dirigente observou ainda afalta de financiamento na cons-

Leiria

IMO360 lançaaplicação paramercadoimobiliário

� A IMO360, marca ligada ao em-preendedor leiriense Bruno Venâncio,lançou uma nova aplicação, exclusi-vamente direccionada para o mer-cado imobiliário, que integra umwebsite e um CRM para a gestão deactividade comercial. De acordo como empresário, a aplicação vem col-matar uma lacuna existente no mer-cado, “não só porque não existemmuitas opções, devido à complexi-dade da actividade, mas tambémporque as que existem não se focam,na perspectiva da marca, no querealmente deve ser importante paraos profissionais do mercado imobi-liário, o foco comercial”. O compro-misso da marca é proporcionar novase inovadoras funcionalidades”, atéporque o mercado imobiliário é “ex-tremamente agressivo”.

trução, “o que poderá levar a umaeventual subida dos preços no imo-biliário português”, por se esta-rem a esgotar as opções, sobretudonos centros das cidades.

No seu balanço de 2016, a redeimobiliária Century 21 referiu queo crédito à habitação, além de im-pulsionar o mercado imobiliário re-sidencial, “permitiu que muitasfamílias portuguesas regressassemao mercado”, especialmente nasperiferias. O administrador, Ricar-do Sousa, disse à Lusa que a redecresceu “55% em volume de cré-dito à habitação, canalizado paraparceiros, face ao volume regista-do em 2015”. Para 2017, o objecti-vo é incrementar em 50% o volumede crédito à habitação verificadoem 2016.

Já a ERA prevê que a concessãode crédito à habitação por parte dosbancos continue a crescer entre25% e 30%, “mas com critérios derisco controlados”.

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 27

Ficha Técnica

Nome | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | || | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Morada | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | || | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | CP | | | | | - | | | | Localidade | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | País | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Telefone | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Profissão | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | Habilitações Literárias | | | | | | | | | | | | | | N.º Elementos agregado familiar | | | NIF | | | | | | | | | | Data de nascimento | | | - | | | - | | | | |E-mail: | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |

Junto envio cheque/vale postal n.º | | | | | | | | | | no valor de 35€ (Portugal), 65€ (Europa), 93€ (outros países do Mundo) emitido à ordem de Jorlis, Lda., para pagamento da minha assinatura anual do Jornal de Leiria (renovável anual-mente, salvo indicações em contrário). Para pagamento por transferência bancária para o NIB 003503930008317863056(anexar comprovativo). Para mais informações contactar pelo Tel. 244 800 400 - E-mail: [email protected]

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JORLIS, LDA.GerênciaMaria Alexandra Vieira, João NazárioDirecção EditorialMaria Alexandra Vieira, Arnaldo SapinhoOrlando CardosoDirectorJoão Nazário ([email protected])Redacção([email protected])Raquel de Sousa Silva (coordenação)([email protected])Claúdio Garcia, Daniela Franco Sousa,Elisabete Cruz, Jacinto Silva Duro, MariaAnabela Silva, Miguel SampaioCopydeskOrlando [email protected] permanentesBruno Gaspar, Joaquim Paulo, JoãoNeves, José Luís Jorge, Lurdes Trindade, Paula Lagoa, Paula Sofia Luz, Sara VieiraDirecção GráficaGabinete Técnico JorlisPaginação e ProduçãoIsil da Trindade (coordenação)([email protected])Rita Carlos ([email protected]) Serviços Administrativos/AssinantesCília Ribeiro ([email protected]) ([email protected]) TesourariaPatrícia Carvalho ([email protected]) Serviços ComerciaisLúcia Alves ([email protected]), Rui Pereira ([email protected]) eSandra Nicolau ([email protected])Área de ProjectosSandra Nicolau ([email protected])Propriedade/EditorJorlis - Edições e Publicações, Lda.Capital Social: €600.000NIF 502010401MOVICORTES - Serviços e Gestão - 90%José Ribeiro Vieira (Herdeiros) - 10%MoradaParque Movicortes 2404-006 Azoia - Leiria Email [email protected]: 244 800 400 Redacção: 244 800 405Fax: 244 800 401 Impressão GrafedisportDistribuição VASPDia de publicação: Quinta-feiraPreço avulso: 1€Assinatura anual: 35€ (Portugal) 65€ (Europa) 93€ (outros países do mundo)Tiragem média por ediçãoMês de Fevereiro: 15 000 exemplaresN.º de registo: 109980Depósito legal n.º 5628/84

O Jornal de Leiria está aberto à partici-pação de todos os cidadãos de acordocom o ponto 5 do Estatuto Editorialdisponível emhttps://www.jornaldeleiria.pt/empresa

Sudoku

Crítico

GRAU DE DIFICULDADE

SOLUÇÃO DA SEMANA ANTERIOR

Palavras Cruzadas

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LICIDA

DE

Institucional/Diversos/Utilidades

Horizontais: : 1 - Comandante da sota-capitânia. Porto da Finlândia. 2.- Relativo àoratória. Cercar com arame. 3.- Risco. 600(rom.).Vencido. 4 - Relativo à Eslováquia.Tranquilidade. 5 - Rénio (s. q.). Símb.químico do protactínio. Doar. Governanta.6.- Dom. Cento e cinquenta e cinco (rom.).Ave palmipede, espécie de pato e que écaça apreciada. 7 - Homem que alcovita. 8.-Prefixo de negação. Cercanias. Símb.químico do amerício. 9.- Cada uma dascélulas onde se aloia um pólipo, nas coló-nias de certos animais aquáticos. Medidagrega de comprimento. Nota musical. 10 -Artigo árabe. Que encerra anagrama. 11 -Voar novamente. Lugar, no circo, ondecombatiam os gladiadores. Símb. químicodo actinio. VERTICAIS: : 1 - Tornar soberano. 2 - Sufixode agente. Existir. Brando. 3.- Unidade depeso que, na China, tem valor monetário.Simb. Químico do tantálio. 4 - Acto ouefeito de atropelar. 5 - Peixe da costa algar-via. Crinolina. 6 Superfície compreendidadentro de certos limites. Cercar-se na partesuperior. 7 - Letra grega. Clareira. 8 - Met-alóide sólido e brilhante, mais ou menosparecido com a plumbagina, com grandespropriedades anti-sépticas. Nome vulgarde uns ofídios cuia mordedura é muito ve-

nenosa 9 - Pesar o invólucro ou o conti-nente de uma mercadoria para descontarno peso bruto. 10 - Em partes iguais. Con-junto de filamentos queassemelha uma cabeleira. 11 - Computar.Abrev. de “idem”. Prefixo de negação. l2.-Árvore cuia casca aromatiza o vinho. Pregofino e pequeno. l3.- Tratado com mimo.Vozi de espanto. 14 - Espécie de formãocomprido. Peça móvel e graduada para reg-ular o alcance do tiro, nas armas de fogo. 15- Planta papilionácea (Bras.). Aprovação.Abrev. de “ondas curtas”.Solução do problema anterior: HORIZONTAIS: 1 – EIRA. ASSASSINIO. 2 –MENDACE. AUE. A. R. 3 – AN. OR. LA. ARI.TA. 4 – NEVRITE. TRINCAL. 5 – C.AMAINAR. AVIR. 6 – INCENSO.EDREDAO. 7 – PO. CONSOLO. T. NP. 8 –ANTE. AEREAMENTE. 9 – COADOR.DADOR. ER. 10 – A. AOD. AEDO. AULA. 11– OS. REMEMORAR. AR. VERTICAIS: 1 – EMANCIPACAO. 2 – IENE.NONO. S. 3 – RN. VAC. TAA. 4 – ADORME-CEDOR. 5 – ARIANO. ODE. 6 – AC. TIS-NAR. M. 7 – SELENOSE. AE. 8 – S. A.ORDEM. 9 – AA. TRELEADO. 10 – SUAR.DOADOR. 11 – SERIAR. MO. A. 12 – I. IN-VETERAR. 13 – NA. CID. N. U. 14 – I.TARANTELA. 15 – ORAL. OPERAR.

Cartório Notarial de Leiria a cango do Notário Pedro Tavares Jornal de Leiria - Edição 1703 - 02.03.2017

Certifico, para fins de publicação, que neste Cartório e no Livro de Notas para Escrituras Diversas n° 278 — A, de folhas cen-to e onze a folhas cento e treze se encontra exarada uma escritura de Justificação Notarial no dia um de Março de 2017.

Outorgada por: Faustino Rodrigues Manso e mulher Virgínia de Oliveira, casados em comunhão geral de bens, naturais deSanta Catarina da Serra, Leiria, residentes na Rua da Costa n° 34, Pinheiria, Santa Catarina da Serra, Leiria, nif 114 268 240 e108 314 219.

na qual disseram:Que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores dos seguintes imóveis: -Um: prédio rústico composto por terra de culturas arvenses com a área de mil e cinquenta e um metros quadrados sito na

Rua da Costa, Santa Catarina da Serra, na União de Freguesias de Santa Catarina da Serra e Chainça do concelho de Leiria, aconfrontar do norte com Fernando de Oliveira Rodrigues Manso e Francisco Oliveira, do sul com Rua da Costa e Fernando deOliveira Rodrigues Manso, nascente com Francisco da Silva Ribeiro e poente com Fernando de Oliveira Rodrigues Manso eJosé Carlos Oliveira, não descrito no Registo Predial, inscrito na matriz rústica sob o artigo 10822 com o valor patrimonial tri-butário de 430,00€, a que atribuem igual valor;

Dois: prédio rústico composto por terra de culturas arvenses com a área de mil e cinquenta e cinco metros quadrados sitona Rua da Costa, Santa Catarina da Serra, na União de Freguesias de Santa Catarina da Serra e Chainça do concelho de Leiria,a confrontar do norte com Rua da Costa, do sul com herdeiros de António Oliveira, nascente com Diana Rita Manso Simões epoente com Francisco do Carmo Oliveira, não descrito no Registo Predial, inscrito na matriz rústica sob o artigo 10823 com ovalor patrimonial tributário de 430,00€, a que atribuem igual valor;

Que os referidos prédios vieram á posse deles, por volta de mil novecentos e oitenta e sete por compra meramente verbala Francisco Marques e mulher Florinda Marques, residentes que foram em Póvoa de Santa Iria, Vila Franco de Xira.

Que, assim, vêm possuindo esses prédios como seus, há mais de vinte anos, como proprietários e na convicção de o serem,cultivando-os e colhendo os seus frutos, cumprindo as respectivas obrigações fiscais, posse que vêm exercendo ininterruptae ostensivamente, com conhecimento de toda a gente e sem oposição de quem quer que seja, assim de modo pacífico, contí-nuo, público e de boa-fé, pelo que adquiriram por usucapião a propriedade sobre os referidos prédios.

Que dada a forma de aquisição originária não têm documentos que a comprovem.Que para suprir tal título vêm pela presente escritura prestar esta declarações de justificação com o fim de obterem no regis-

to predial a primeira inscrição de aquisição dos prédios.Vai conforme ao original na parte fotocopiada não havendo na parte omitida nada que amplie restrinja, modifique ou con-

dicione a parte fotocopiada. Maria Leonor de Almeida Pereira, funcionária do Cartório em epígrafe, no uso de competência cuja autorização

pelo Notário respectivo foi publicado nos termos da Lei sob o número 128/6 a 23/01/2014, em Leiria, um de Março dedois mil e dezassete.

A Funcionária, (assinatura ilegível) Conta registada sob o n° 903,de que foi emitido recibo

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28 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Desporto

Miguel [email protected]

� Disse que os motivos da demissãoeram pessoais. O documento quepedia a sua destituição, entregue aopresidente da Mesa da AssembleiaGeral por um grupo de associados,nada teve que ver com esta de-cisão?É um facto que vinha a lutar contratudo e contra todos, apesar do meuamor à União de Leiria. Esse grupode sócios, ligado à Direcção anterior,lutou contra a minha gestão, masconsegui sempre superar os pro-blemas, porque quem anda de bemcom a vida nada teme. Os motivosque levaram à minha decisão sãomesmo pessoais. A petição, assina-da inclusivamente por um vereadorda Câmara Municipal de Leiria, aca-bou por ser o transbordar do copo.Deixei de ter tempo para apoiar a mi-nha família quando ela mais preci-sava para andar a apoiar gente quecospe no prato de onde come a sopa. Admite recandidatar-se à Uniãode Leiria?Não ponho essa hipótese. Entendoque devo dar espaço a quem subs-creveu a petição para a minha des-tituição. É porque sabem mais etêm melhores condições do que eu.Vou deixá-los a governar e a lutarsozinhos. Mas uma coisa garanto:só vão ter possibilidades de gover-nar a União de Leiria com o cum-primento do acordado por parte daSAD. Se a SAD não cumpriu atéagora, e estamos a falar de 60 mileuros, pode ser que cumpra comeles. Vamos ver.O sufoco provocado por esse in-cumprimento da SAD de que falaacabou por ser decisivo para otransbordar do copo?Não foi. Estou preparado para as di-ficuldades. Tenho mais de três dé-cadas como dirigente da União de

Leiria. Ninguém melhor do queeu sabe o que é isto. O Paulo Sarraipa foi o único can-didato às eleições de há oitomeses. Não apareceu maisninguém, mas a contestação nun-ca abrandou. Porquê?Nunca me deram descanso. Só fuicandidato porque não apareceraminteressados. Não teria sido sehouvesse outro e apoiaria a Di-recção que fosse. Não houve, avan-cei e ganhei. Criaram-me proble-mas desde o início e fizeram da mi-nha eleição um referendo. Brinca-ram comigo. Porquê? Eles conhe-cem-me, sabem que não tenho te-lhados de vida. É tão difícil perce-ber esta gente…Sentiu que houve ataques pes-soais?É inveja do meu sucesso. Quandoentrei na União de Leiria encontreiquatro paredes, uma academia daqual ainda se deve dinheiro, dívi-das e 900 euros na conta. Tivelogo de pôr dinheiro do meu bolso. Daqueles seis pontos do pedido dedestituição há algum que aceitecomo válido?Nenhum. Falam nas procurações,que existem, mas os membros elei-tos foram todos às reunião, comocomprovam as actas.Há alguma coisa de que se ar-rependa?Nada.A academia de Pinheiros que nuncachegou a existir foi um tiro no pé?Sou sério, não comprei votos. Foiuma derrota da presidente da jun-ta de freguesia, Isabel Afonso, foiuma derrota minha e foi uma vitó-ria na honestidade, porque o presi-dente da Mesa da Assembleia Geralfaz parte Assembleia de Freguesia enão votou, por conflito de interes-ses, nem se fez substituir.A academia de Regueira de Pontes,que também é contestada no pedi-

“Não vejoquem possaser o próximopresidente”

Paulo Sarraipa Apresentou, napassada sexta-feira, a demissão docargo de presidente da Direcção daUnião Desportiva de Leiria, apenas oitomeses após ter tomado posse. Fomosperceber o que motivou tal decisão.

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 29

do de destituição, tem pernas paraandar?É a solução para a União de Leiria noimediato, para quem não tem di-nheiro. Curiosamente, é uma situaçãoque avançou porque o presidentedo Clube Atlético de Regueira dePontes (CARP), que também é presi-dente da junta de freguesia, me ligouquanto tomei posse a pedir o dinhei-ro que a União de Leiria devia aoCARP, mas também ao Grupo Des-portivo Santo Amaro, da Ortigosa,pela utilização dos sintéticos.Deixou obra feita nestes oitomeses?Está à vista. Quando cheguei o au-tocarro estava parado, um carroque eu tinha oferecido ao clube es-tava destruído. Encontrei quatroparedes e dívidas, que continuam achegar com nomes de antigos vice-presidentes. Coisas pendentes háanos. Já da minha gestão não há umfornecedor que se possa queixar.E o que fica por fazer?Tinha o sonho de fazer um museuna sede. Não sei quem o vai fazer. Secalhar eu, um dia mais tarde. Tam-bém queria tornar a União de Leirianuma colectividade ecléctica. Ofutsal arrancou, mas não tenho dú-vidas de que com a minha saída amodalidade acaba.Presidir à União de Leiria era a suacadeira de sonho?Era, mas como não sou de guerrasé melhor assim. Amo a União de Lei-ria, que vai continuar a ser a minhasegunda família. A única coisa quepeço quando morrer é que me po-nham a bandeira da União de Leiriapor cima.O presidente da Mesa da Assem-bleia Geral também já recebeu umpedido de marcação uma reuniãomagna para alteração de estatu-tos. O objectivo seria, em primeiraanálise, alterar de quatro para doiso número de anos como associado

Deixei de tertempo para apoiara minha famíliaquando ela maisprecisava paraandar a apoiargente que cospeno prato de ondecome asopa.

RICARDO GRAÇA

DR

Atletas que representam clubes de Lisboa

Miguel e Juliana lançados para o Europeu de sub-23

� Dois lançadores da região tive-ram, no passado fim-de-semana,largos motivos para festejar. Umdeles foi Miguel Carreira, ele-mento em particular destaque noCampeonato Nacional de Lança-mentos Longos, competição quedecorreu no passado fim-de--semana, no Centro Nacional deLançamentos, em Leiria.

Ao lançar o engenho de 7,260 kga 65,66 metros, o martelista doSporting, de 21 anos, superou emprecisamente 2,5 metros o seumáximo pessoal. Com este resul-tado, o rapaz de Galego, Colmeias,tornou-se no sexto melhor por-tuguês de sempre na especiali-dade e, mais importante, garantiuum lugar no Europeu de sub-23,competição marcada para Byd-goszcz, Polónia, de 13 e 16 de Jul-ho. “Estou naturalmente muitofeliz”, sublinhou o atleta. “Estavadifícil conseguir encontrar-me emprova, porque sabia que estava avaler algo semelhante, mas destavez estive controlado e fiz trêslançamentos acima da marca dequalificação.”

Por causa de um erro federativo,há dois anos, no Europeu de ju-niores, Miguel Carreira foi colo-cado na prova de lançamento depeso e não naquela que é a sua es-pecialidade. “Finalmente voupoder honrar as cores nacionaiscom todas as minhas forças. Oorgulho de representar as coresnacionais é tão grande que apressão desaparece e a motivaçãocresce ainda mais.”

O atleta de Paulo Reis, que tam-bém irá marcar presença na Taçada Europa de Lançamentos, emLas Palmas, Espanha, dias 11 e 12de Março, aponta como objectivoda temporada melhorar a marcapessoal para algures dentro do in-tervalo entre os “66 e os 68 met-ros”.

Curiosamente, o filme para Ju-liana Pereira é extremamente

parecido com o do martelista. Aatleta da Maceira que representa oBenfica, onde é orientada porVladimir Zinchenko, venceu olançamento do disco femininocom 51,04 metros, superando em1,46 metros o seu anterior máximopessoal. A marca, que a coloca nosexto lugar de sempre na hierar-quia nacional, valeu-lhe ainda oapuramento para a Taça da Europade Lançamentos e para o Europeude sub-23, onde também estará –e em duas provas - a saltadoraEvelise Veiga, da Juventude Vidi-galense.

Mas há mais resultados dedestaque para as cores de Leiria.Entre os atletas da Juventude Vidi-galense, Ruben Antunes venceu olançamento do martelo júnior com65,48 metros, a 52 centímetrosda marca de qualificação para oEuropeu do escalão. Já Tiago Piresfoi o mais forte no lançamento dodardo júnior, com 55,68 metros. Aeterna Vânia Silva, que represen-ta o Sporting, continua a dominaro panorama do lançamento domartelo nacional, ganhando a pro-va com 60,99 metros. Nesta prova,Daniela Paço, da JV, venceu emsub-23 (55,91 metros).

para poder candidatar-se aos órgãossociais. Concordaria com essa al-teração?Nestes últimos 16 anos entrou mui-ta gente em Leiria e acho que fariasentido. Não me oporia a essa deci-são.Quem gostava de ver como seusucessor?Não vejo quem possa ser o próximopresidente.Quem acha que vai ser o próximopresidente da União de Leiria?Não quero comentar.Como vê a União de Leiria daqui auns anos?Temo pelo futuro da União de Lei-ria. Acho que vai ser negro. Porquê? O senhor Alexander Tolstikov, líderda SAD, disse-me que confiava nosenhor Rui Lisboa, que era o presi-dente da comissão administrativa.Agora são amigos. Passados unstempos, diz que não tem confiançaem mim. As atitudes ficam paraquem as pratica, mas a verdade viráum dia ao de cima. Vou estar aten-to para ver se a SAD está em difi-culdades ou se o dinheiro começa aaparecer no clube.Pode ser Alexander Tolstikov opróximo presidente do clube?Só quando tiver quatro anos comosócio. Com promessas acredito emtudo. Da minha parte, não vai terapoio. Também prometeu chegar àscompetições profissionais em qua-tro anos. Com o dinheiro que elesgastaram na equipa sénior já tinhaposto a União de Leiria a jogar naChampions League.O clube está melhor agora do que háoito meses?Não me importava de pegar no clu-be agora, porque sei onde ia buscaro dinheiro. Esta minha missão só foipossível graças à empatia que exis-te entre mim e o tecido empresarialde Leiria.

Miguel Carreira

Nacional de sub-23 em pista coberta Esperanças da JV chegam ao bronzeOutros atletas da regiãoestiveram em destaque noCampeonato Nacional de pistacoberta do escalão sub-23, quedecorreu em Pombal. A começarpor Evelise Veiga, da JuventudeVidigalense (JV), já qualificadapara o Europeu do escalão e quevenceu o salto em comprimento(6,06 metros), mas também otriplo salto (12,94). Esta marcaconstitui novo recorde pessoal edistrital. No salto com vara,Andreia Grácio, também da JV,conquistou o título e bateu

igualmente o recorde distrital,com 3,55 metros. Nestaespecialidade, Tomás Marreiros,atleta júnior de Pombal querepresenta o Sporting de Braga,arrebatou o ouro, com um novorecorde pessoal de 4,75 metros.Colectivamente, a equipafeminina da JV obteve o últimolugar do pódio, apenassuperadas pelo Benfica e peloSporting. Os rapazes do clube deLeiria ficaram longe dosprimeiros lugares, na sétimaposição.

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30 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Desporto

nhense, Vieirense-AtouguienseFutsal2.ª Divisão – série DResultados última jornadaAmarense-Boa Esperança 5-1Casal Velho-ADR Mata 0-1CD Fátima-Mendiga 7-1Ladoeiro-Os Patos 2-4Olho Marinho-Núcleo SCP Pombal 9-2

ClassificaçãoP J V E D G

Casal Velho 40 18 12 4 2 71-33CD Fátima 39 18 13 0 5 95-56Olho Marinho 39 18 12 3 3 74-44ADR Mata 26 18 8 2 8 59-58Amarense 26 18 8 2 8 65-64NSCP Pombal 24 18 7 3 8 58-74Boa Esperança 21 18 6 3 9 55-65Mendiga 18 18 5 3 10 56-72Os Patos 16 18 5 1 12 49-81Ladoeiro 10 18 3 1 14 54-89

Nota: Casal Velho e Fátima apurados para a fase desubida à Liga SportZone, em futsal masculino.

nhense, Vieirense-AtouguienseAndebol2.ª Divisão – zona SulResultadosAC Sismaria-Estarreja AC 32-24ACD Monte-Benavente 22-31Beira Mar-Marienses 24-29Juve Lis-Albicastrense 26-26São Bernardo-Sanjoanense 20-24

ClassificaçãoP J V E D G

Sanjoanense 46 16 14 2 0 507-395Albicastrense 43 16 13 1 2 490-435São Bernardo 42 16 12 2 2 451-375Marienses 29 16 6 1 9 447-463Benavente 29 16 6 1 9 400-459Estarreja AC 28 16 5 2 9 423-443AC Sismaria 27 16 5 1 10 400-415ACD Monte 26 16 5 0 11 414-452Juve Lis 26 16 4 2 10 368-395Beira Mar 24 16 4 0 12 395-463

Próxima jornada 4 de MarçoACD Monte-São Bernardo, Albicastrense-Sanjoa-nense, Benavente-AC Sismaria, Estarreja AC-BeiraMar, Marienses-Juve Lis

Futebol

Campeonato de Portugal – fase de subida –- zona SulResultados Praiense-Louletano 1-0Real SC-CD Fátima 0-1Sacavenense-Operário Lagoa 1-1Sporting Farense-Torreense 0-1

Classificação P J V E D G

CD Fátima 7 3 2 1 0 3-0Praiense 6 3 2 0 1 3-4Sacavenense 5 3 1 2 0 4-1Torreense 5 3 1 2 0 1-0Sporting Farense 4 3 1 1 1 3-3Operário Lagoa 2 3 0 2 1 2-4Louletano 1 3 0 1 2 1-3Real SC 1 3 0 1 2 1-3

Próxima jornada 5 de MarçoCD Fátima-Sporting Farense, Louletano-Real SC, Ope-rário Lagoa-Praiense, Torreense-Sacavenense

Campeonato de Portugal – manutenção – série EResultados Ginásio Alcobaça-Angrense 0-2Lusitânia-União Leiria 1-1Sertanense-Benfica C. Branco 1-1Sporting Ideal-Gafetense 1-0

Classificação P J V E D G

União Leiria 16 3 2 1 0 4-2Sporting Ideal 15 3 2 1 0 4-1Benfica C. Branco 13 3 1 2 0 10-4Sertanense 10 3 0 2 1 2-3Angrense 8 3 2 0 1 4-3Lusitânia 8 3 0 3 0 1-1Gafetense 6 3 0 1 2 2-4Ginásio Alcobaça 2 3 0 0 3 1-10

Próxima jornada 5 de MarçoAngrense-Sertanense, Benfica C. Branco-SC Lusitâ-nia, Gafetense-Alcobaça, União Leiria-Sporting Ideal

Atletismo Região emmaioria na selecção deprovas combinadas

Cinco dos sete atletas convocadospara o Encontro Internacional deJuvenis de Provas Combinadas,em pista coberta, são da região. Acompetição, disputada entrePortugal e Espanha, irá ter lugarno ExpoCentro, Pombal, duranteo próximo fim-de-semana. AndréPimenta, Juliana Brites e EduardaFerreira representam a JuventudeVidigalense, ao passo queHumberto Santos e CarolinaRibeiro defendem o Grupo deAtletismo de Fátima..

Patinagem Nacional de velocidade indoorem Santa Eufémia

O pavilhão de Santa Eufémia vaiacolher, estes sábado e domingo,a partir das 9:15 horas, oCampeonato Nacional indoor deiniciados e juniores, empatinagem de velocidade. Aorganização, a cabo do HóqueiClube de Leiria em colaboraçãocom a Associação de Patinagemde Leiria e a Federação dePatinagem de Portugal, realiza emsimultâneo o Torneio Nacional deformação (benjamins, escolares einfantis). A entrada é livre.

Andebol Atletas da SIR 1.º de Maio na selecção de sub-19

Isabel Cardoso e LuanaPeriquito, ambas atletas da SIR1.º de Maio, de Picassinos,foram chamadas aos trabalhosda selecção nacional de sub-19de andebol feminino. De 10 a 12de Março, em Hannover,Alemanha, a representação lusadisputa o Torneio das QuatroNações, seguindo directamentepara Zhlobin, Bielorrússia, ondede 17 a 19 de Março tenta aqualificação para o Campeonatoda Europa do escalão.

Não existe uma separação física entre a bancada e o recinto de jogo

Recinto não cumpre exigências da Associação de Futebol de Leiria

Pavilhão da FAE vai para obras e as últimas foram em Setembro� Em Setembro último, a Câmara Mu-nicipal da Marinha Grande realizouobras de requalificação no pavilhãodo Parque Municipal de Exposições(FAE). O projecto tinha sido o vence-dor do Orçamento Participativo de2015 e apresentava um orçamento de100 mil euros. O objectivo passava por“dotar o edifício de condições ade-quadas à prática de diversas modali-dades desportivas, incluindo a ins-talação de um sistema de climatiza-ção, que retirasse a humidade dopavilhão, e a remodelação de vãos edo pavimento”. No entanto, são mui-tos os problemas que continuam aexistir naquele espaço e, seis mesesdepois, o pavilhão vai ter de voltar aser intervencionado.

Os utentes queixam-se tambémde diversos problemas ao nível dopiso que, além de estar deteriora-do e solto, tem vários desníveis.Apesar das obras recentes, a ver-dade é que chove dentro do recin-to e as paredes estão manchadas dehumidade.

A própria Associação de Futebol deLeiria não aprovou a realização de jo-gos oficiais na infra-estrutura devido,sobretudo, à inexistência de uma“separação física” entre as novasbancadas e o recinto de jogo. Esta exi-gência tem em conta as novas preo-cupações da Federação Portuguesa deFutebol com a segurança de árbitrose atletas.

Assim, as equipas de futsal mas-culino do Moitense e de futsal femi-nino do Belenenses, por exemplo, sópodem utilizar o espaço para treinos.Jogos, nem pensar: têm de ser dis-putados na escola Nery Capuchoou… em Vieira de Leiria.

O pavilhão n.º 3 do Parque Mu-nicipal de Exposições “é uma an-tiga unidade industrial, adaptadaprovisoriamente há cerca de 18anos para a prática desportiva”, ex-plica a autarquia. As obras realiza-das na sequência da proposta ven-

DR

cedora do Orçamento Participativode 2015 “contemplaram melhoriasalém do âmbito da proposta, emparticular a criação de sanitáriospara público e duplicação de bal-neários”. Quanto às caleiras, “oestado de degradação foi detecta-do no decurso dessa intervenção,mas não foi possível incorporar asua substituição na empreitada doOrçamento Participativo”.

É intenção da Câmara Municipal daMarinha Grande que a situação sejaresolvida a breve prazo. De resto, naplataforma electrónica de contrataçãopública já está em curso um procedi-mento que visa a “substituição de to-das as caleiras dos pavilhões 2 e 3”, a“substituição e correcção dos tubos dequeda pluviais”, a “colocação de umaguarda fixa de separação entre públicoe recinto de jogo”, a “marcação daspoucas linhas de jogo deterioradas”e a “colocação de protecções nos pi-lares estruturais”. A submissão depropostas pode ser feita até à próximasegunda-feira, revelou a autarquiaao JORNAL DE LEIRIA.

273A proposta de requalificação dopavilhão desportivo no edifícioda FAE venceu o OrçamentoParticipativo da MarinhaGrande, em 2015, com 273 votos,num total de 946 votantes.

18A medida foi “provisória”, mas aadaptação do pavilhão n.º 3 doParque Municipal de Exposições(FAE) para a prática desportivadecorreu há 18 anos.

Os números

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DesportoJornal de Leiria 2 de Março de 2017 31

Marco Carvalho treina taekwondo e muay thai para ser mais eficaz no kickboxing

Atleta de Leiria participa numa competição internacional de kickboxing

Marco, o piranha, foi até Dubline quer espalhar o terror na cidadeMiguel [email protected]

� Quando o leitor estiver a ler es-tas linhas, Marco Carvalho estaráa preparar-se para entrar em acçãono Irish Open, competição inter-nacional de kickboxing que de-corre na capital da República da Ir-landa até domingo. E, pode acre-ditar, o padeiro de Leiria impõe –e muito – respeito à concorrência.Apesar de ter começado a praticarhá não mais de seis anos, pareceque a modalidade se coaduna naperfeição com as suas caracterís-ticas. O saldo, fatalmente, resume--se em vitórias atrás de vitórias.

Com 50 combates disputados eapenas sete derrotas no palma-rés, todos os dias Marco Carvalhoanseia por novos desafios. Porisso, resolveu inscrever-se pelaprimeira vez numa competiçãopara lá das fronteiras do País, ape-sar já ter vencido em duas ocasiõesuma competição de “nível mun-dial” que se realizou nas Caldas daRainha. “É uma grande competi-ção, considerada a mais concei-tuada da Europa. Acompanho-adesde que comecei no kickboxinge nos últimos anos pensei sempreem ir, mas por uma razão ou outranão surgiu a oportunidade. Vai seragora.”

Este ano, Marco Carvalho, de28 anos, mudou-se para o Dina-mite Warriors Factory Team, daMarinha Grande. Curiosamente,um clube que... não tem kickbo-xing. Solução? O atleta faz treinosde taekwondo e de muay thai paracolmatar essa adversidade e, ga-rante, as mais-valias são maioresdo que os inconvenientes. “O queinteressa é que me tenho dadobem e evoluído bastante. São trei-nos complementares e que au-mentam a minha velocidade de

RICARDO GRAÇA

execução.”Ora, a velocidade é precisamen-

te a arma principal de Marco Car-valho. Ele pratica as variantes delight contact e semi contact, onde oque realmente interessa é a per-feição das técnicas utilizadas e aconcretização dos ataques ao tron-co e à cabeça do adversário. “Tinhauma má impressão do kickboxing,que era muito violento, mas quan-do fui assistir a um treino de umaamiga percebi que não era bem as-sim e que havia um lugar paramim”, explica o atleta.

O facto de a boqueira e as luvasque usa terem o desenho de unsdentes de piranha e a voracidadeque emprega no momento de ata-

car valeram-lhe a alcunha, da qualse orgulha. “Até podia baixar de ca-tegoria, mas prefiro manter-menos -89 kg para conseguir ser maiságil do que os meus adversários.”À mínima de distracção, o rapaz caiem cima do rival com murros,pontapés e rotativos. “Os meusgolpes mais eficazes são o ponta-pé lateral, o pontapé de cima a bai-xo e o rotativo, que depois façocombinação com o boxe.”

Na Irlanda, Marco vai pensar“eliminatória a eliminatória”, masquer marcar uma posição. “Voutentar dar o meu melhor e chegaro mais longe possível. Como voucompetir nos dois estilos, tudo épossível.”

Reconhecimento

Teresa Jordão eRui Patrício entreos candidatos àsQuinas de Ouro

� Já são conhecidos os nomeados parao Quinas de Ouro, troféu atribuídopela Federação Portuguesa de Fute-bol (FPF), Associação de Treinadores(ANTF) e Sindicato de Jogadores(SJPF) e que, na sua segunda edição,vai distinguir jogadores e treinadoresnacionais que, no ano de 2016, se dis-tinguiram no futebol, no futsal ou nofutebol de praia.

No total serão 16 distinções, numtotal de 48 nomeações entre jogado-res, treinadores e equipas. A escolhados nomeados foi levada a cabo peloConselho das Quinas de Ouro, presi-dido por Luís Figo. Ora, entre os no-meados há três personalidades comfortes ligações à região. A começarpelo campeão europeu Rui Patrício, oguarda-redes da Matoeira que deu osprimeiros voos com a camisola do Lei-ria e Marrazes e que é candidato a jo-gador do ano de futebol. Cristiano Ro-naldo e Pepe são os restantes no-meados.

Teresa Jordão, técnica do CentroRecreativo da Golpilheira, está no-meada para treinadora do ano emfutsal feminino. A docente no Ins-tituto Educativo do Juncal levou aequipa do concelho da Batalha aosétimo lugar do Campeonato Na-cional, depois de ter sido campeãem 2013/14.

Nuno Dias, professor em regime delicença sem vencimento no ColégioDr. Luís Pereira da Costa, em MonteRedondo, levou o Sporting ao título eà conquista da Taça de Portugal e porisso é um dos três candidatos a trei-nador do ano de futsal masculino.

Rui Vitória, que já orientou o CD Fá-tima, e Vítor Oliveira, que em 1998/99colocou a União de Leiria na 1.ª Liga,são os adversários do seleccionadornacional campeão europeu FernandoSantos para a eleição do treinador doano em futebol masculino.

As votações estão abertas até 13 deMarço em quinasdeouro.fpf.pt.

Surf Nuno Santoscoloca prancha nasurfer wall da Nazaré

Lembra-se de Nuno Santos,aquele surfista que na Praia doNorte cavalgou uma onda a tocarviolino? Pois muito bem, ele é osegundo português a deixar a suamarca na surfer wall do Forte deSão Miguel Arcanjo, na Nazaré.No início do mês, o docente daESECS, em Leiria, viu uma ondepor si surfada ter entrada no XXLBig Wave Awards. “É importanteque alguém de cá esteja aquirepresentado”, salientou.

Andebol Eurico e Ivanarbitram jogo grandeda Champions League

Os árbitros internacionais EuricoNicolau e Ivan Caçador entram emacção esta quinta-feira, pelas 19horas, num dos mais aguardadosjogos da Champions League deandebol masculino. A dupla daMarinha Grande está na Eslovénia,onde irá dirigir a partida entre aequipa da casa, o RK CeljePivovarna Lasko, e os alemães doRhein-Neckar Löwen, líderes dogrupo B e grandes candidatos aotriunfo na prova.

Atletismo Pombalperde Europeu deveteranos para Madrid

A capital de Espanha foi aescolhida pela European MastersAssociation para acolher oCampeonato da Europa deveteranos de 2018, competição deatletismo em pista coberta. A únicacandidatura adversária de Madridera Pombal, que tinha manifestadointeresse em acolher a competição– que reúne 3 mil atletas – durantea realização do European AthleticsOrganization, uma convenção quedecorreu em Outubro na Madeira.

Actividade físicaArena do Desportoestá de volta a Leiria

Iniciativa do Município de Leiriaque decorre entre Março e Junho etem como objectivo principalmobilizar a população para aprática desportiva regular, a Arenado Desporto regressa no próximodomingo. As actividades vãodecorrer no Jardim da Vala Real,entre as 10 e as 12 horas, com umaaula de zumba, caminhada, corrida,orientação, ciclismo e animaçãoinfantil, com um circuito demotricidade e educação desportiva.

50Em 50 combates que fez ao longodos seis anos de carreira, MarcoCarvalho perdeu apenas em seteocasiões.

O número

CMN

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32 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

ViverDR

Teatro Apolosopra vintevelas em Ourém

Jacinto Silva [email protected]

� O Teatro Apolo teve a sua génese em 1997 e recebeuo nome do deus da música que tocava a sua lira parao deleite dos imortais seus congéneres, como formade solicitação de protecção aos deuses do Olimpo.

Este ano, como é bom de fazer as contas, este co-lectivo sediado no Centro Cultural e Recreativo de Pê-ras Ruivas (freguesia de Seiça), a meros cinco quiló-metros de Ourém, celebra 20 anos de actividadeininterrupta.

"O nome foi encontrado logo no início. Apenas trêsanos após começarmos a actividade", diz, com uma so-nora gargalhada, Dora Conde, a actual responsávelpelo grupo.

Mas não se pense que, por se tratar de um colecti-vo teatral de fora da cidade, o Apolo não está inten-samente envolvido na vida cultural do concelho.Pelo contrário!

Por ano, não só estreia várias peças, algumas adap-tações de autores clássicos, outras produto dos es-critores da casa e até versões de narrativas populares,como é também um dos principais intervenientes doCenourém, o maior certame da região dedicado às ar-tes cénicas.

Em ano de celebração de duas décadas de existên-cia, o Apolo estreou, no dia 12 de Fevereiro, a peça Asvelhas, que conta com as actrizes, Adriana Pedro, Cris-tina Ferreira e Dora Conde, que também assina a en-cenação.

Mas, sendo uma estrutura pequena, a festa de ani-versário promete ser memorável. Não haverá coisasde arromba, mas apenas trabalho que perdurará nasmentes. Pelo menos, é o que promete o colectivo.

A 21 de Abril subirá pela primeira vez ao palco o es-pectáculo Tiques e Manias, que também servirá para

marcar a data redonda. Mais uma vez, o texto é deDora Conde, a partir de uma adaptação muito livre devários autores contemporâneos. "Andei dois anos a re-colher e a traduzir textos de espanhol e francês, pro-positadamente para marcar o aniversário", recorda. Empalco, estarão três actores e quatro actrizes, a debitaruma trintena de páginas de texto, sobre seis pacien-tes, com transtornos obsessivo compulsivos - “tiquese manias” -, que estão num consultório a aguardar pelachegada de um psiquiatra. A estreia está marcada parao Cenourém, pois claro.

No final de Abril, está também prevista a ida a Ourémda Semente, um grupo de teatro da Ilha Graciosa, sob a for-ma de intercâmbio, e a realização de uma exposição comos principais momentos do Teatro Apolo.

"É uma troca. Eu fui lá e eles vêm cá agora", expli-ca a directora artística do grupo de Ourém. Este ano,mais uma vez, caberá ao Apolo animar parte da Re-criação Medieval de Leiria, pelo menos no que, ao ima-ginário diz respeito. O papel do rei D. Duarte e sua Cor-te caberá aos actores de Ourém, tal como já aconteceuem 2016. Dora Conde será a rainha-mãe e o resto dogrupo ficou com um papel mais plebeu. Será o povo.

Duas Gatinhas cá em CasaA génese do Apolo pode traçar-se até um convite fei-to à actual directora artística que, com apenas 18 anos,fazia parte do grupo de teatro da Escola Secundária deOurém. Alguém, por volta de Março de 1997, da Di-recção do Centro Cultural e Recreativo de Pêras Rui-vas ou da paróquia - a memória já falha nestes deta-lhes - solicitou um texto de cariz teatral à actriz e elanão se fez rogada. Dora Conde foi a Pêras Ruivas, par-ticipou em dois ensaios e quando deu por si, o en-saiador principal tinha ido embora e o grupo de tea-tro, bem como o bebé - o tal texto que ela havia adap-tado - tinham-lhe ficado no colo. O título da peça? Duas

Aniversário Com 20 anos deactividade ininterrupta, o Teatro Apolo éum daqueles colectivos dedicados à artecénica que vão coleccionando prémiose levando um pouco de cultura aoconcelho de Ourém, sem nunca perderde vista o objectivo principal da suaactividade: o prazer pela arte de palco

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 33

FOTOS: DR

Gatinhas cá em Casa.A casa estava cheia no dia da estreia. Claro que o

facto de ter sido escolhida uma peça de cariz cómi-co para aquela primeira apresentação ajudou bas-tante, admite a responsável pelo grupo teatral. "De-pois daquela primeira experiência, ninguém sabiapara onde iríamos. Inicialmente, o grupo era cons-tituído por jovens de Pêras Ruivas que apareceramcom vontade de fazer algo e aprender coisas novas",recorda, sublinhando que ninguém fazia ideia do queseria o Apolo, a longo prazo.

O grupo não terminou, como vaticinaram alguns, noano seguinte, nem no outro, nem no outro... na ver-dade, há duas décadas que "as notícias sobre a suamorte são manifestamente exageradas", como diria oescritor Mark Twain, autor de Tom Sawyer.

O ano de 2006 marca uma mudança na filosofia dogrupo. Até aí, a principal produção eram as comédias,simples e para diversão de um público pouco exigente."Gostávamos da azáfama de construir cenários, dosensaios e de estar juntos." Porém, nesse anos, deu-sea entrada de novos actores, muitos vindos de outrasfreguesias do concelho e mesmo de Ourém e tem sidoesse sangue novo que tem vindo a consolidar o Tea-tro Apolo, levando-o mesmo a ganhar prémios na-cionais.

Um feito para um pequeno grupo cénico que começoucom um cordão umbilical ligado a uma paróquia.

Entre as profissões dos actores, há professores, de-signers, carpinteiros, funcionários administrativos, en-fermeiros... de tudo um pouco. "Aproveitamos o quede melhor há em cada um. Todos somos amigos, ce-nografistas, figurinistas, actores... Os apoios que re-cebemos vêm através do Centro Cultural e Recreati-vo de Pêras Ruivas e, claro, cada um de nós tem a suavida profissional e cada um tenta gerir a sua agenda.Agora, já há filhos e outras responsabilidades que, no

princípio, não existiam. A vida de artista é muito tra-balhosa e, parece-me, que as pessoas começam a en-tender que têm de pagar bilhete para ver um espec-táculo e que nós não somos actores apenas porque nosdá gozo, mas porque é vocação e isto dá trabalho", en-tende a fundadora. Com vários grupos nacionais deteatro começaram também os intercâmbios e os es-pectáculos são combinados, pelo que isso também aju-da a essa mudança de mentalidades na bilheteira.

Prémios e reconhecimentoO mais recente prémio veio a partir de uma partici-pação no festival de Proença-a-Nova, onde, por doisanos seguidos, os “alunos de Apolo” venceram váriosgalardões. O primeiro foi de Melhor Espectáculo, comNa Terra dos Sonhos, seguindo-se, no mesmo ano, oPrémio de Melhores Actores para Paulo Santos e TatianaPedro. No ano seguinte, Paulo Santos voltou a ser o Me-lhor Actor e Nuno Santos venceu o Prémio de Desenhode Luzes.

Anualmente, desde há 11 anos, o Teatro Apolo, or-ganiza também a Meia-maratona de Teatro que acon-tece, naturalmente, em Pêras Ruivas e que conquis-tou, desde 2015, o velho castelo, na cidade velha deOurém, junto à antiga Vila Nova. O espaço é usado paraespectáculos mais curtos, dada a natureza da antigafortaleza.

As peças começam a subir ao palco numa sexta--feira à noite e seguem-se as tardes e noites de sába-do e domingo, sempre com outras companhias con-vidadas. No castelo, no último ano, os palcos forama Pousada de Portugal, a Ginginha de Ourém, a gale-ria municipal e outros espaços públicos.

Este ano, a data está marcada para 30 de Junho, 1 e2 de Julho, havendo um tributo ao actor Paulo Santos,falecido no ano passado, com a presença dos gruposonde ele participou. Será no dia 1, a partir da tarde.

O grupo nãoterminou,comovaticinaramalguns, no anoseguinte, nemno outro, nemno outro... naverdade, háduas décadasque "asnotícias sobrea sua mortesãomanifesta-menteexageradas",como diria oescritor MarkTwain, autorde TomSawyer

RetratoDora, a directora artísticaA paixão pela arte cénica acabou por uma Dora Conde,em 2010, a fazer uma segunda licenciatura, em Teatro,na ESAD.CR, do Instituto Politécnico de Leiria, depoisde uma primeira em Ciência da Comunicação, naUniversidade da Beira Interior. "Tive como professoresJoão Garcia Miguel, Miguel Borges, Joana Craveiro,Ana Sacramento e foi uma experiência muito boa",recorda. Aos 18 anos, Dora Conde, fora do palco, eraextremamente tímida, mas, em cima dele,transfigurava-se. Os verdes olhos iluminavam-se e aspersonagens fluíam de dentro de si. Encarnavam comoespíritos vindos sabe-se lá de onde. "O palco é a minhacasa", admite. Ainda hoje é assim. Há uma bolhadefinida, intocável e invisível com o público e tanto fazele estar na plateia, como os actores “perdidos” nomeio da audiência. "Estamos a expor-nos, mastambém estamos salvaguardados, quando estamos emcena." Dora Conde pertence também ao Nariz - Teatrode Grupo, de Leiria, com quem o Apolo vaiestabelecendo intercâmbios.

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34 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Curtas

� João Brilhante, produtor musical, natural deLeiria, está a promover a banda portuense TheMiami Flu, na sua primeira digressão nacional.Depois do primeiro concerto em Freamunde, ocolectivo tem já datas marcadas para váriosespaços em todo o País. A 17 de Março, os MiamiFlu passam pelo palco do Music, em Lisboa, mastambém têm marcada uma actuação noStronghold, nas Caldas da Rainha. Em digressão,o grupo está a apresentar o álbum Too Much FluWill Kill You. A tournée termina a 8 de Abril, noespaço Sociedade Hamonia Eborense, em Évora.João Brilhante nasceu em 1973 e estudouRelações Internacionais, em Lisboa.Especializou-se em Marketing e redes sociais.Trabalhou na produtora Mandrake e no início de2016, abriu a sua própria promotora.

Digressão Banda de João Brilhantecorre País e toca nas Caldas

Fátima Tábula Rasa - FestivalLiterário já tem programa

� O 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, celebradona Assembleia da República, terá um traço diferente.Pelas 18 horas, Clotilde Fava inaugura uma mostra depintura dedicada ao género nobre. Para a artista, pintaré uma forma de libertação. “É estar comigo própria,sozinha, com todas as minhas pinturas e com todas asmulheres que gosto de retratar". O tempo que passouem Angola e as memórias alegres que daí guarda,servem-lhe de inspiração e ponto de partida paraconstruir o seu imaginário pictórico. Também em CaboVerde, onde redescobriu a vivência de um mundoafricano perdido, agregou às memórias uma vertentesexualizada. Nesta série, as festas de Cabo Verdeservem de tela para mascarar e metamorfosear oshomens, antropomorfizar os galos ou personificar peixes.

� O festival internacional dinamarquês de cinemadocumental CPH:DOX, considerado o terceiro maiordo mundo, que se realiza entre 16 e 26 de Março, teráum português no leque de competidores. Com ofilme Tarrafal, o realizador de Leiria Pedro Nevescompete na secção Next:Wave, recentemente criadapara distinguir "cineastas emergentes, jovenstalentos que têm a coragem de arriscar e sobressairna cena cinematográfica internacional". Apóscontactar, com histórias contadas na primeirapessoa, por moradores do bairro São João de Deus -representado no filme com o nome Tarrafal edemolido em 2008 -, o realizador decidiu fazer arodagem contando “uma história sobre a inexistênciade um lugar”. Neves já realizou Bairrismos em 2015,onde filmou vários bairros da cidade. Esta chamadade Tarrafal ao certame que decorrerá em Copenhaga,foi consequência da visibilidade conseguida noPorto/Post/Doc “onde recolheu rasgados elogios dosprogramadores internacionais que estiveram nofestival”.

Exposição Clotilde Fava mostra a sua pintura no Parlamento

� Responsável pelo artwork em vários discosdas editoras Omnichord e Rastilho, o designergráfico e ilustrador João Diogo, de Leiria,apresenta-se agora num registo mais livre,disponível em livro. As 24 páginas de Visions eFuneral Party, como duas faces da mesmamoeda, recuperam trabalhos apresentadosdurante os festivais Estilhaços e Entremuralhas,na cidade do Lis. No primeiro projecto,impresso a risografia em tons de azul, o autormostra manipulações oníricas em pranchas A4;no segundo, intervém em imagens de SalNunkachov, com texto de Tânia Simões.Começa assim um novo ciclo de edições darevista Paper View. Preço de capa: 10 euros(directamente no site da editora e também naArquivo Livraria, em Leiria).

Visions e Funeral Party JoãoDiogo editado pela Paper View

Pedro Nevescompete noCPH:DOXemCopenhaga

RICARDO GRAÇA/ARQUIVO

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JOÃO DIOGO

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DR

� A Literatura e o Sagrado foi o tema apresentado porRenato Epifânio, representante do MovimentoInternacional Lusófono, para a 2.ª edição do FestivalLiterário de Fátima que se realizará entre os dias 15e 18 de Novembro, de 2017. Alguns dos escritoresjá confirmados são: Afonso Cruz, Gonçalo M.Tavares, António Carlos Cortez e João de Melo.Uma das novidades desta edição são os serõesde tertúlia, onde os participantes contarão assuas experiências enquanto escritores. Com os três eixos orientadores do evento - oMundo da Lusofonia, o Ecumenismo e o DiálogoEstético - a organização “procura promover valoreshumanistas do pensamento, da tolerância, do diálogoe da paz”. Este ano, o júri entregou o prémio Vida eObra, ao autor Pinharanda Gomes.

Printemps Brésilien conta com Mickão de OliveiraMickão C. de Oliveira, escritor luso-francês,residente nos arredores de Paris, com ligaçõesfamiliares ao Outeiro do Louriçal, Pombal,participará em Março no festival literário PrintempsLit. Brésilien, que decorrerá entre 20 de Março e 5 deAbril em Paris, Barcelona, Lisboa e Bruxelas.

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 35

AlmanaqueDR

� Anda por aí no ar a ideia de criarum novo espaço museológico nasantigas instalações da EDP. Se bempercebo, a ideia mais consistente éa de ali abrigar um Museu daIndústria desfiando umargumentário que dificilmente sepode contradizer: Leiria,entendida como centro de umterritório alargado, diverso econtroverso, é, há muito, palco dealgumas inovações industriaissignificativas e local deimplantação e crescimento depequenas e médias indústriasvariadas, da exploração etransformação florestal ao barro,do vidro ao plástico, dos moldes àpedra. Este vastíssimo patrimóniomerece evidentemente estudo,preservação e resgate aoesquecimento na mesma medidada sua inegável importância naconstrução da memória de Leiria ede todo o país.Dito isto voltemos ao Museu emdevir para dizer que não creio queseja uma boa ideia criar outroespaço museológico num tempoem que o fundamental é, nãotenho dúvidas sobre isto,promover o crescimento dos váriosespaços existentes, dotando-os derecursos, técnicos, tecnológicos ehumano, que lhes permitamacolher, preservar e restaurar,estudar e divulgar os espólios, criarverdadeiros serviços educativos eaprofundar a excelente ideia que éliga-los em rede.A Rede Nacional de Centros deCiência Viva (CCV) que este anocomemora 20 anos de construçãonão carece de comentários sobre oseu impacto nacional nodesenvolvimento de um ponto devista fundamentado sobre aCiência ou sobre a importâncialocalizada de cada um dos CCV nacriação e evolução de fatores deatração de novos públicos, dapesca à pedra, dos curtumes aosastros, com reflexos importantesnas práticas culturais e de lazer ecriação ou revigoração do tecidoque sustenta as práticas deturismo, social, de ciência, deambiente, de tecnologia ou dedesporto.Os CCV são sempre o resultado deuma parceria tripartida entre asautarquias, o Governo e umainstituição de ensino superior,num processo complexo masmuito gratificante.A Leiria que tem agora um espaçoexcelente, que tem o IPL e umadiversidade industrial rara nãofalta quase nada para fazer daantiga fábrica de electricidade umCentro de Ciência Viva. Nem sepode dizer, ainda, que faltevontade.

DramaturgoTexto escrito de acordo com a novaortografia

Um Centro de CiênciaViva em Leiria

Mesa deCabeceiraLuísMourão

� Se estivesse ligada ao mundo da arte, o queseria?Gostaria de ser actriz e fazer comédia. A vida émuito seria e stressante e adorava pôr as pessoas arir, para que se esqueçam um pouco dos seusproblemas e desafios do dia-a-dia.O projecto que mais gozo lhe deu fazerOrganizar, todos os anos, a Semana da Ciência nacidade onde moro e poder ver e avaliar projectosdesenvolvidos por alunos de escolas primárias.Gosto de interagir com crianças e vê-lasinteressadas em Biologia, Química e em outrasáreas cientificas. O espectáculo, concerto ou exposição que maislhe ficou na memóriaÉ difícil escolher um só, mas, o mais recente e queme marcou imenso, foi Mariza a actuar em Boston,com uma sala de espectáculos completamentecheia de americanos a aplaudi-la. É bom ver queos estrangeiros apreciam a nossa música e cultura.O livro da sua vidaTenho vários: Quem mexeu no meu queijo, do Dr.Spencer Johnson. Este livro já me ajudou aenfrentar vários desafios na vida. The immortallife of Henrietta Lacks, de Rebecca Skloot equalquer obra de Fernando Pessoa, especialmente,os poemas de Alberto Caeiro. Um filme inesquecívelA lista de Shindler, de Steven Spielberg, e HotelRuanda, de Terry GeorgeSe tivesse de escolher uma banda sonora para si,qual seria?A banda sonora que melhor descreve a minha vidaé: Que Sera, Sera (Whatever will be, will be), escritapor Jay Livingston e Ray Evans e interpretada porDoris Day. Um artista que gostaria de ter visto no Teatro JoséLúcio da SilvaGostaria de poder ver Romeu e Julieta ou Hamlett,sentada ao lado de William Shakespeare na fila dafrente e, no fim, pedir-lhe um autógrafo.Uma viagem inevitávelMuitas, mesmo muitas… Mas uma viagem à Ásia

Catarina Viana Nogueira, investigadora/cientista

“Gostaria de poder ver Romeu e Julieta,sentada ao lado de William Shakespeare”

está nos meus planos. Um vício que não gostava de terAdoro comida e estou sempredisposta a experimentar pratosnovos e diferentes. Nãoconsigo dizer não a queijos esobremesas.Um luxoTenho a mania dasbicicletas. Tenho seis e,mesmo assim, andosempre a ver o que estána moda e qual vai ser apróxima que ireicomprar. Os relógios sãotambém outra paixão. Uma personalidade queadmiraO Papa Francisco. Adoravaconhece-lo e trocar, com ele,algumas palavras. Um actor que gostava de levar ajantarO Brad Pitt. Mas só iria se ele pagasse ojantar!Um restaurante da regiãoO melhor restaurante da região é a cozinha daminha mãe, mas também podia ser qualquerrestaurante na Boa Vista (Leiria) que sirva um bomLeitão Assado. Um prato de eleiçãoTenho muitos: Leitão Assado à moda da Boa Vista,coelho guisado, polvo, peixinho grelhado, sushi....Um refúgio (na região)Uma volta ao domingo à tarde, num dia deInverno, à Praia de São Pedro de MoelUm sonho para LeiriaContinuar a ver o número de pessoas a fazerdesporto à beira do Rio Lis, a aumentar. Gostavatambém de voltar a ver o centro de Leiria cheio delojas e comércio tradicional e que os leiriensesperdessem a tendência de ir para o shopping evoltassem ao centro da cidade.

Brad Pitt

Mariza

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Murmúrios do Mundo

José Luís [email protected]

� No meio das montanhas do Norte do Laos, cercada defloresta, na confluência de dois rios, o grandioso Mekonge o seu afluente Nam Khan, Luang Prabang é uma pe-quena cidade com muitos templos budistas e muitosmonges. É também uma cidade de edifícios coloniais eonde se encontra cozinha francesa e vinho francês. Foicapital real do Laos, até à dissolução da monarquia pe-los comunistas em 1975. Mas a cidade fica fora de mão,demorando o único autocarro diário que parte de Vien-ciana, a capital da República Democrática Popular Lau,quase um dia a percorrer pouco mais de 400 quilóme-tros de estrada.

Devido à ameaça de ataques de rebeldes antigover-namentais e de traficantes de ópio, que podem ser am-bas as coisas em simultâneo, as embaixadas em Viencianadesencorajem o percurso, embora neste caso eu desse cré-dito ao governo, que garante que depois de 1997 o trajectoé seguro.

O dia-a-dia, em Luang Prabang, começa com o Bin-thabat, a recolha de alimentos pelos monges, em fila,o mais velho a abri-la, o mais novo a fechá-la, que ca-minhando de rua em rua recebem da população o fru-gal sustento diário. À mesma hora na Thanon Kisalatcomeça o mercado que mostra sem artifícios a modestaprosperidade desta gente. Os Hmongs, pequenos e ri-jos, completamente vestidos de preto e de punhal à cin-tura, aparecem a meio da manhã, vindos das monta-nhas em redor.

Apesar desta doceur de vivre, Luang Prabang pôs-meem sérias dificuldades. O mais estranho é que não sou-be exactamente o que me sucedeu, um mistério, apenasas consequências foram claras. Tudo começou quandome dirigi à acanhada agência do Lane Xang Banque paracambiar dinheiro. Preencho um formulário em duplicado,que depois entrego nas mãos do funcionário que me re-cebera, juntando-lhe o passaporte e 100 dólares. Rece-bo de volta os documentos e os kips correspondentes, re-gressando de seguida ao meu hotel. No quarto, com a por-ta fechada à chave, procuro a bolsa, que devia estar aco-modada debaixo da minha camisa, para a guardar no co-fre. Mas…nada! Absolutamente nada! Mas onde pode es-tar? Volto a procurar, as minhas mãos correm frenéticaspelo corpo, com resultado idêntico. De repente o mun-do parece que vai fugir-me debaixo dos pés. Não sabiase tinha sido roubo ou extravio. Nunca o saberei. Certoera terem desaparecido todos os meus documentos e umarazoável quantia de dinheiro. Não entrei em pânico, o queseria compreensível, e pus-me em acção de imediato pararemediar o sucedido, mas também para fugir ao abati-mento.

A primeira coisa que fiz foi invalidar o cartão de cré-dito. O único lugar na cidade onde podia falar para o res-to do mundo, e assim efetuar a operação, o edifício dosCorreios e Telecomunicações, parecia preso a um tépi-do sonambulismo, com os empregados alheados de quemchegava. Não me aflijo excessivamente, pois sabia queo cartão, em Luang Prabang, era uma inutilidade estivessenas mãos de quem estivesse e assim encostei-me ao bal-cão à espera que alguém reparasse em mim. De seguidavisitei a Polícia de Emigração. O posto estava mal ilu-minado e precisava de uma boa aspiradela. Não encon-tro ninguém para me receber no piso térreo. O meu pu-nho atravessou o ar várias vezes batendo seco no tam-po de uma secretária. Passos arrastados no piso superiore uma eternidade depois aparece um homem fardado,que parece genuinamente surpreendido por me ver ali.O barulho deve tê-lo acordado. Afino o meu francês e ex-ponho o caso. O polícia ouve-me em silêncio e quandotermino encolhe os ombros e abana a cabeça. Insisto:

— Monsieur vous parlez français?Não, não falava. E inglês? A mesma resposta. Onde está

o chefe? Preciso de falar com quem manda. Desta vez

FOTOS: DR

Laos, 2000

Um mistério em Luang Prabang

“O dia-a-dia,em LuangPrabang,começa com oBinthabat, arecolha dealimentospelos monges(…) quecaminhandode rua em ruarecebem dapopulação ofrugal sustentodiário”

compreende. O chefe não está. Percebo eu. Como um raiode luz a atravessar o breu veio-me à ideia o gerente dohotel. Sim, o meu hotel ficava perto. O gerente era poli-glota e tinha repetidas atenções com os hóspedes. Con-to-lhe o meu aperto. Acompanha-me de imediato, tãotranstornado quanto eu. Explica o sucedido ao agente,diz o que pretendo. O peso esmagador da ocasião gerouuma sonora e trocista gargalhada do polícia. Parecia que-rer dizer-me: mas que belo sarilho.

Não voltei ao posto da Polícia de Emigração, não co-nheci o chefe, mas vinte e quatro horas depois uma fo-lha em papel timbrado foi entregue na receção do hotel.Escrita no alfabeto local era absolutamente incom-preensível para mim, mas garantiram-me ser aquele do-cumento o meu salvo-conduto para sair do país.Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 37

Arquivologias

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Depois deste livro, Fernando Pessoa nunca mais será omesmo. Nem os seus leitores. Com dezenas de imagense textos inéditos, 49 lições de vida, imaginadas nãopelo ser fantasmagórico que se isolou para criar umcomplexo universo interior, mas sim pelo homem cheiode sonhos e atento à vida. Com investigaçãometiculosa, Jerónimo Pizarro e Carlos Pittella resgatamda obscuridade textos — poemas, cartas, anotações,listas, artigos de imprensa — e desenhos — esquemas,caricaturas, cartas astrológicas — que dão testemunhode como a literatura pode mudar as nossas vidas. Umaedição que permite conhecer melhor o pensamento e aobra do escritor.

Como Fernando Pessoa pode mudara sua vidaJerónimo Pizarro e Carlos PittellaTinta da China

«– Não achas que podem ficar tristes, esses pirilamposdentro de uma gaiola que fica dentro do teu quintal?– Se estivessem tristes, acho que não brilhavam assim.– E se estiverem a brilhar de tristeza? – perguntou oAvô.– Não tinha pensado nisso.»Perto da Floresta Grande vive um menino e o seu Avô.O menino gosta de cientistar coisas: Já inventou umaumentador de caminhos e um convidador depirilampos. Fala em código Morse com eles.

O Convidador de PirilamposOndjaki (texto) António JorgeGonçalves (ilustração)Caminh

Leiturasdasemana

Obrigatório

� Partindo da peça Europa 39, do Teatro da Rainha, deCaldas da Rainha, encenada por Luís Varela e adaptadaa partir de textos inacabados de Berlot Brecht,escritos antes da Segunda Guerra Mundial, aconferência-debate Haverá guerras justas?.Marcada para sábado, dia 4, às 18 horas, querlevar a reflectir sobre “os perigos da Europa emGuerra face ao crescimento dos movimentosnacionalistas”. O debate, que decorrerá na SalaEstúdio, do Teatro da Rainha, contará com apresença da juíza Isabel Baptista e do generalPezarat Correia. Com a intenção de responder àpergunta de partida, serão explorados temas querelacionam o direito e a guerra, áreas às quais osconferencistas estão ligados e das quais sãoreconhecidos conhecedores.

� O 12.º Festival de Teatro Teatremos, de Porto deMós, volta a convidar a companhia de teatro de leiriaLeirena Teatro, que estreará a sua mais recenteprodução, O Inferno Está a Morrer. A peça sobe aopalco conjugando a arte dos actores, com a presença“do seu enorme parceiro”, o público, pelas 21:30horas, no Cine-teatro de Porto de Mós. A entrada élivre. O nome desta obra suscita de imediato algumaconfusão ou dúvida; como poderá o Inferno morrer?Ou melhor, por que estará o Inferno a morrer? Asrespostas vão surgindo ao longo de sensivelmenteuma hora. A narrativa de dois diabos que fugiram doreino das trevas, onde a vida se confundia com amorte após a destituição e desaparecimento do “ReiLúcifer”, coloca-se perante estas “personagensprotótipos do bem e do mal, do azar e da sorte, daexperiência ou falta dela”. São aproximados osextremos de um mesmo mundo que parece ter sidofragmentado em várias dimensões diferentes peladialéctica.

Caldas da Rainha Debate-conferênciasobre o tema das “guerras justas”

� A Arquivo Livraria, em Leiria, acolhe a mostra degravura e aguarelas Seremos sempre sombra, daartista plástica Lisa Teles. A inauguração estámarcada para 5 de Março, às 16 horas, e decorrerána galeria do espaço cultural. Luxemburguesa denascimento, mas, actualmente, a residir em Leiria,Lisa tem um peculiar gosto por bichos, mesmo“aqueles que a maior parte das pessoas achanojentos e dos quais fugiria a sete pés”. CursouDesign Gráfico na Escola Superior de Artes eDesign, de Caldas da Rainha, trabalhando na área,contudo, actualmente, é à gravura e à edição delivros, através da sua editora, a Escaravelho, quecada vez mais se dedica. A exposição promete“iluminar o caminho que permita a cada umencontrar a sua parte perdida, os fragmentos quese arrastam pelas sombras”.

Leiria Lisa Teles mostra Seremossempre sombra

Animação,máscaras emúsica ao vivoem Porto de Mós

LEIRENA

RICARDO GRAÇA

DR

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Agenda

Even

tos

Teat

ro Entre 7 e 11 de Março, a Escolada Noite e o Centro Dramáticode Évora apresentam no CentroCultural e de Congressos dasCaldas da Rainha o projectoEmbarcação do Inferno. Estãoprevistos espectáculos paraescolas e para o público, umaoficina para professores e umaconferência sobre Gil Vicente

Sábado, dia 4, às 21:30 horas,no Cine-teatro de Porto de Mós,estreia a nova produção doLeirena Teatro, O Inferno Está aMorrer. Será apresentada no12.º Festival de TeatroTEATREMOS de Porto de Mós.Entrada livre

Europa 39, a mais recentecriação do Teatro da Rainha, deCaldas da Rainha, encontra-seem cena até ao dia 11 de Marçona Sala Estúdio deste teatro

O Movimento Democrático deMulheres – MDM | núcleo deLeiria, convida à participaçãonas Comemorações do DiaInternacional da Mulher, dia 8de Março pelas 21h30, no TeatroMiguel Franco. Através doTeatro pelo grupo Pó da Terra-teatro lembram Maria Lamas,uma mulher de acção, umexemplo de participação, comgrande intervenção cívica epolítica

Cria

nças

Já se encontra à venda noMuseu da ComunidadeConcelhia da Batalha o livroilustrado sobre a cidade romanade Collippo, intitulado Vitória:A Romana que Viveu na Batalha

Dia 8 de Março, na Casa-museuJoão Soares, em Cortes (Leiria),decorrerá o espectáculo deanimação infantil . Organizadopelos Serviços Educativos destainstituição o evento é deentrada livre requerendo umamarcação prévia, pelo número244 891 219

Mús

ica Sábado, dia 4, a Fnac do Leiria

Shopping recebe pelas 17 horasANA. Uma One-man band, cujoprimeiro disco, Abril, será lançadoeste ano

Inserido na temporada 2017 deconcertos nas freguesias doconcelho de Leiria, o Coro SAMP eGrupo Corális realizarão umconcerto sábado, dia 4, pelas 21horas, na sede da AssociaçãoDesportiva e Recreativa de Barrei-ros (freguesia de Amor), Leiria

A Arquivo Livraria, em Leiria,inaugura dia 5 de Março, às 16horas, a exposição de Gravura eAguarelas Seremos sempre sombra,de Lisa Teles

O Núcleo de Arte Contemporâneado Museu do Vidro, no Edifício daResinagem, na Marinha Grande,recebe a exposição temporária Jóiasde Luz, da autoria da joalheiraSandrine Vieira, até 19 de Março,podendo ser visitada de terça asexta-feira

Sábado, dia 4, a Galeria 1 do Teatro--cine de Pombal recebe ainauguração da exposição defotografia de Luís Azevedo

Treze gatos, exposição da artistaPaula Rito, na Galeria Quattro, emLeiria. Patente até ao dia 31 deMarço

Os artistas Pedro Gil, João Sobreira,Thierry Ferreira e Horácioparticipam na exposição colectivade pintura, escultura e instalaçãoConversas Amenas, que estápatente até 12 de Março no museum|i|mo, em Leiria

O Museu Joaquim Correia, naMarinha Grande, tem patente aexposição O Concelho em Imagens,que retrata este território naprimeira metade do século XX

Bordalo Pinheiro, 170 anos depoispor alunos de Belas Artes, exposiçãono Núcleo de Arte Contemporâneado Museu do Vidro, na MarinhaGrande, até 23 de Abril

A exposição O Grupo do Leão. Aarte moderna de Silva Porto,Columbano, Malhoa, Pinto, MariaAugusta Bordalo Pinheiro e deoutros Leões e Leoas, patente noMuseu e Centro de Artes deFigueiró dos Vinhos, foi prorrogadaaté ao dia 14 de Maio de 2017

A exposição O Sítio dos Falcões, dofotógrafo Eduardo Barrento, estápatente até dia 9 de Março noCentro de Interpretação Ambientalde Leiria

Até 22 de Abril está patente na Fnacdo LeiriaShopping a exposiçãoMartine/Anita - Há 50 anos aencantar Portugal, que retrata 50anos de memórias de uma colecçãointemporal que passa de mão-em-mão há várias gerações

Art

es

DR

DR

DR

O átrio da Casa da Cultura - TeatroStephens, na Marinha Grande, tempatente a exposição 100 Anos daInspecção do Trabalho em Portugalaté 17 de Março, organizada pelaAutoridade para as Condições doTrabalho

Sábado, dia 4, terá lugar naBiblioteca Afonso Lopes Vieira, emLeiria, pelas 16 horas, ainauguração da Rota das Freguesias,desta vez sobre a União dasFreguesias de Souto da Carpalhosae Ortigosa

A inauguração da exposiçãoFátima. Olhares... está marcadapara dia 3 de Março, às 18 horas, noCentro de Estudos de Fátima. Umtrabalho resultante da parceria daLiga dos Amigos do ConsolataMuseu e a Universidade Sénior deFátima. Pode ser visitada das 10 às17 horas, até ao dia 16 de Abril.Encerra às segundas-feiras

A exposição Esculpir o Aço, patenteno Edifício da Resinagem, naMarinha Grande, reúne espólio dofuturo Museu da Indústria deMoldes, e encontra-se aberta aopúblico, de segunda a sexta-feira,entre as 10 e as 13 horas e entre as 14e as 18 horas. Entrada é gratuita

Livr

os

Lisa Teles é aartistaconvidadapara expor naArquivo, emLeiria

A banda Capitão Fausto sobe aopalco do Teatro José Lúcio daSilva, em Leiria, na próximasexta-feira, dia 3, e ao do Cine-Teatro de Alcobaça João d'OlivaMonteiro no sábado, dia 4 deMarço, sempre pelas 21:30 horas

Sábado, dia 4, regressa oConcerto Mais Pequeno doMundo da Rádio Comercial queterá lugar no Palace HotelMonte Real, em Monte Real. Oconvidado desta edição é orapper português Dengaz

Hoje, quinta-feira, 2 de Março,às 10:45 horas, o auditórioMunicipal da Batalha recebe oespectáculo Diogo Piçarra emPessoa. O mais recente projectodo jovem músico assinala a obrade Fernando Pessoa como “umpatrimónio valioso da culturaliterária portuguesa”

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 41

Cine

ma DR

PUB

LICI

DA

DE

DR

No domingo, 5 de Março,Garret McNamara, o conhecidosurfista de ondas gigantes,apresenta no Fórum Fnac,Hound of the sea, um livro querevela todo o seu percurso devida. Às 10:30 e 11:15 horas, noLeiriaShopping

Vida Activa: O Espírito deHannah Arendt. Dia 6, às 21:30horas e dia 7, às 18:30 e 21:30horas, no Teatro Miguel Franco,em Leiria. Este filme mereceu oPrémio do Júri no FestivalInternacional de Santa Barbara(Califórnia). A filósofa alemãHannah Arendt causou alvoroçona década de 1960 aodesenvolver o conceitosubversivo da “banalidade domal” referindo-se ao julgamentode Adolph Eichmann, sobre oqual escreveu para a revista NewYorker. A sua vida privada nãofoi menos controversa graças aoseu caso amoroso com o célebrefilósofo alemão, partidário nazi eseu professor Martin Heidegger.Este documentário provocador earrojado, com base em materiaisde arquivo, oferece um retratoíntimo da vida de Arendt,viajando pelos lugares ondeviveu, trabalhou, amou, e foitraída, enquanto escrevia sobreas feridas abertas pela SegundaGuerra Mundial.

LEIRIACineplace - LeiriashoppingTel. 244 826 516De quinta a quarta-feiraSala 1 . As Cinquenta SombrasMais Negras 2D . 14:10, 16:40,19:10, 21:40 e 00:05* horas;Sala 2 . Logan - The Wolverine 2D. 13:00**, 15:50, 18:40, 21:30 e00:20* horas;Sala 3 . Lego Batman: O Filme 2D(VP) . 14:50 e 17:10 horas; AGrande Muralha 2D . 21:50 e00:15* horas; A Grande Muralha3D . 19:30 horas; Sala 4 . Ozzy 2D (VP) . 14:30horas; Ouro 2D . 16:40, 19:10,21:40 e 00:10* horas; Sala 5 . O Espaço Que Nos Une 2D. 14:00, 16:30, 19:00, 21:30 e00:00* horas; Sala 6 . Rock Dog - Um SonhoAltamente! 2D (VP) . 13:50**,15:40, 17:30 e 19:20 horas; La La Land: Melodia de Amor 2D. 21:10 e 23:50* horas; Sala 7 . T2 Trainspotting 2D .13:40**, 18:50 e 23:55* horas;John Wick 2 2D . 16:20 e 21:20horas; . *Sessão válida Sexta e Sábado

** Sessão válida Sábado e Domingo

Cinema City LeiriaTel. 244 845 071De quinta a quarta-feiraSala 1 . Rock Dog - Um SonhoAltamente! VP . 11:30*, 13:30*,

Haverá guerras justas? É umaconferência-debate organizadapelo Teatro da Rainha, dasCaldas da Rainha, no âmbito daapresentação da peça Europa39, com textos de Bertolt Brechte encenação de Luís Varela, emcena na Sala Estúdio do Teatroda Rainha. A conferênciaacontecerá dia 4 de Março, às 18horas, nesta sala e contará comoconferencistas a juíza IsabelBaptista e o general PezaratCorreia (na foto)

Amanhã, dia 3, pelas 20 horas,tem lugar no Casulo LoungeCaffé, em Leiria, acontece umjantar de sushi preparado porRafael Castanheira, da MoiSushi. Num ambientedescontraído, será aindapromovido o gin Jinzu

O Gabinete de Atendimento àVitima de Violência Domésticadas Caldas da Rainha, emfunção da celebração do Dia daMulher, irá promover no dia 8de Março, às 21 horas, uma peçade Teatro a decorrer no CaféConcerto CCC: Entre Elas e Eles,venha o Diabo e escolha. Umaadaptação livre do Auto da Feirae do Auto da Índia, de GilVicente. Dia 11 de Março, pelas11 horas, na rua MiguelBombarda, uma apresentaçãosobre Poesia e Yôga, pelosalunos de Cidadania e Yôga daUniversidade Sénior Rainha D.Leonor. No mesmo dia, às 16horas, na Biblioteca Municipaldas Caldas da Rainha, decorreráuma conversa sobre OAssociativismo no Feminino.Ainda no mesmo dia, das 9 às 18horas, no Centro de Artes(Espaço Concas), decorrerá aMaratona de edição paraWikipédia sobre artistasportugueses. Também nesteespaço, às 16:30 horas, terálugar a Inauguração daExposição Hoje como ontemdiferente de amanhã

15:35, 17:45 e 19:50 horas; Sala 1 . As Cinquenta Sombras MaisNegras . 21:55 e 00:25*** horas; Sala 2-K . Lego: Batman - O FilmeVP . 13:10*, 15:25, 17:40 e 19:55horas; Sala 5-L . Lego: Batman - O FilmeVP . 11:20* horas; Sala 2-K . A Grande Muralha . 22:10horas; Sala 6-S . A Grande Muralha . 16:00horas; Sala 2-K . Rings . 00:25*** horas; Sala 3 . Cantar! Vp . 11:10* horas;Sala 3 . Logan . 13:30* e 00:00***horas; Sala VIP 4 . Logan . 15:40, 18:50 e21:40 horas; Sala 3 . Gold . 16:20, 19:00 e 21:30horas; Sala VIP 4 . Gold . 13:10*e 00:30***horas; Sala 5-L . As Cinquenta SombrasMais Negras . 13:35* e 16:10 horas; Sala 5-L . La La Land . 18:40 horas;Sala 5-L . Moonlight . 21:35 e00:05*** horas; Sala 7 . Moonlight . 19:40 horas; Sala 6-S . John Wick 2 . 13:20*,18:30, 21:45 e 00:20*** horas; Sala 7 . Ozzy Vp . 11:25* e 15:20horas; Sala 7 . Ovelhas e Lobos VP .13:25* horas; Sala 7 . T2: Trainspotting . 17:20,21:50 e 00:20*** horas; * Só Exibe Sábado e Domingo

** Não Exibe Sábado e Domingo

MARINHA GRANDETeatro StephensQuinta a quarta-feira, às 21:30horas e domingo, às 17:00 horasLa la Land

PEDRÓGÃO GRANDECasa Municipal da CulturaTel: 236 486 257Sexta-feira e sábado às 21:30horasA Grande Muralha

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Gente lustre

EstóriasdanossaHistória

Radu Caraus, mais conhecido noYoutube pelo nome Tubalatudo, éum dos nomeados para osNickelodeon Kids’ Choice Awards2017, na categoria YoutuberPortuguês Favorito. O canal dojovem residente em Alcobaçaensina como se fazem brinquedos,origamis e outras experiências compapel e caneta e já regista mais de760 mil subscritores. Os resultadosserão conhecidos a 15 de Março.

Alcobaça Radu Carausnomeado para YoutuberPortuguês Favorito

O escritor luso-francês Mickão C.de Oliveira, com origens emPombal, vai participar no festivalliterário Printemps LittéraireBrésilien, que terá lugar entre 20 deMarço e 5 de Abril nas cidades deParis, Barcelona, Lisboa e Bruxelas.O jovem, de 27 anos, estreou-se naescrita com Nenhum Lugar é Vário,livro que tem como tema central aguerra colonial e a emigração 'asalto'.

Pombal Mickão C.Oliveira participa em festival literário

A docente e coordenadora do CRID -Centro de Recursos para a InclusãoDigital do IPLeiria, Célia Sousa, foieleita para a SUPERA, associaçãoque promove actividadesorientadas para aplicação da ciênciae tecnologia, melhorando aqualidade de vida de pessoas comnecessidades especiais. A docenteserá coordenadora do Grupo deInteresse em Serviços deTecnologias de Apoio.

Leiria Célia Sousa na direcção da SUPERA

Antigo aluno da Escola Superior deArte e Desing de Caldas da Rainha,o fotografo Pedro Jafuno venceu oprémio o Novos Talentos FNAC. Ojovem, natural da Madeira, foidistinguido com o trabalho Tylco,feito através de cidades da Europade Leste, com o júri a considerarque "foi capaz de sair do batidorelato de viagem e do desejo deconto romantizado", construindoum "objecto exemplar".

Caldas Pedro Jafunovence prémio NovosTalentos FNAC

O tenor Filipe De Moura, deAlcobaça, integra o elenco deAmália – O musical, uma produçãode Filipe La Féria que estreou nopassado dia 16 no Teatro Politeama,em Lisboa. O tenor, natural doVimeiro, contracena com ascantoras Alexandra e Anabela, inter-pretando o papel de Alberto Ribeiro,que se destacou nos anos 40 e 50 doséculo passado em filmes comoCantiga da Rua ou Capas Negras.

Alcobaça Filipe De Moura integra elenco de Amália

� Oficializado o Purgatório, no Concílio de Florença de1439, como “além intermédio” para purificação dasalmas pecadoras, triunfaria no de Trento (1545 – 1563).Ensinaram-nos que o destino dos que estão noPurgatório pode ser afetado pelas ações e pelaintercessão dos vivos. O Purgatório e a purificação finaldos eleitos necessita de piedade Divina, e é distinta docastigo do Inferno. A tradição fala-nos de fogopurificador e recomendava esmolas, indulgências eobras de penitências em favor dos finado, como jávimos na “estória” da semana passada.Assim os indivíduos dispunham da sua fortuna,determinando que quando finassem fossem rezadasperpetuamente missas e concedidas esmolas em seunome para que as suas almas saíssem do Purgatório.Assim o século XVI é marcado pela tendência decriação de um incalculável número de capelas demissas que comprometem igrejas, confrarias, hospitaise conventos.Na década de setenta do século XVII, damos conta dequatro tipos de problemas distintos. O primeiro são osproblemas da administração e da gestão do patrimónioque é oferecido a igrejas, confrarias, hospitais econventos, para a salvação das almas, e que suportava acelebração dos sufrágios. O segundo tem a ver com asituação económica do instituidor e depois dos seussucessores que se viam sem bens suficientes paramanterem as promessas pias dos seus antepassados echegando mesmo a contestar a oferta do patrimóniopelos seus antepassados. O terceiro prende-se com o facto que demasiadapropriedade rural tinha sido piamente doada para asalvação das almas, mas era mal administrada e comonão podia ser vendida, encontrava-se desperdiçada. Oquarto tem em conta que no século seguinte sedescobre que mais de metade da propriedade ruralestava nas mãos de igrejas, conventos e misericórdias.Além destes problemas devemos referir que adesvalorização dos bens, e o aumento custo de vida,levaram a que se não conseguissem capelães que

Ricardo Charters d’Azevedo

O Purgatório

limitações no número de missas a serem rezadas por dia.Os Papas (Bento XIII, Bento XIX, Clemente XII) oumesmo o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Tomás deAlmeida, investido por Clemente XII, reduziram asmissas em favor das almas do Purgatório, das capelascujos rendimentos já não custeassem as missasdeterminadas pelos instituidores. Em Lisboasuspenderam-se missas acordadas (Bula de 19.8.1756),pois devido ao terramoto os edifícios “ficaramarruinados e impróprios para o culto”. Feitas as contas,durante 28 anos não se celebraram as missas instituídase oportunamente pagas! E não se devolveu o dinheiro àsfamílias dos instituidores, usando os proventos assimobtidos para o arranjo dos edifícios religiosos em mauestado devido ao terramoto de Lisboa!Texto escrito de acordo com a nova ortografia

rezassem missas pelos preços acordados, ou mesmo osvalores doados deixarem de serem suficientes parasustentarem as instituições.Mandavam-se rezar as missas em Espanha por seremmais baratas (pois não eram ditas com aqueleesplendor e aparato que se fazia em Portugal), ou aindase reduziam o número de missas diárias por capelacontrariando as determinações do instituidor (quechegaram a ser mais de cinco por dia por instituidor),não devolvendo o dinheiro às famílias deles. Noentanto, tais medidas não resolviam o problema daacumulação de missas a serem rezadas por igreja ouconvento. O número era de tal ordem de grandeza quenão havia tempo, nem clérigos, que as pudessem dizer.Lembramos que cada missa era em nome de um sóindivíduo, que a tinha pago, e que os clérigos tinham

DR

Assim osindivíduosdispunham dasua fortuna,determinandoque quandofinassem fos--sem rezadasperpetuamen-te missas econcedidasesmolas emseu nome paraque as suasalmas saíssemdo Purgatório

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 43

História de Vida

Lurdes [email protected]

� “Sou testemunha do seu espírito de rigor e exigência,da sua entrega sem limites à causa de prevenção da to-xicodependência, da intensidade do seu envolvimen-to em projectos específicos, do seu relacionamento fran-co e cooperante com associações e com organismos daAdministração Pública, do esforço e dedicação quepõe em todas as tarefas”. Carlos André, em 2002, na qua-lidade de governador civil, referia-se aos anos em queHelena Vieira Dias desempenhou funções de coorde-nadora do Projecto Vida e, mais tarde, de delegada do Ins-tituto Português da Droga e da Toxicodependência(IPDT). Não deixou de fazer menção especial ao projectode prevenção do consumo do ecstacy, levado a cabo,“com amplo sucesso”, em parceria com o Governo Ci-vil, a PSP e o SPTT de Leiria.

Helena Vieira Dias não ficou deslumbrada com este lou-vor que até ficou lavrado em Diário da República. “Não gos-to do palco, de estar com os holofotes em cima. Prefiro fa-zer, colaborar, agitar e não brilhar”. Os louvores, para si,foram acontecendo com o resultado do seu trabalho emtodas as áreas a que esteve ligada. Cita, como exemplo, aparceria no âmbito do Ecstacy, quando ela e o comandanteda PSP, Garcia da Fonseca, foram a Bruxelas mostrar o ví-deo sobre aquela droga sintética, porque a direcção na-cional do SPTT não tinha nenhum projecto nacional dig-no de ser apresentado a nível europeu. “Isso, sim, foi dis-tinção, embora as instituições nacionais não lhe tenhamdado seguimento, porque não foi feito em Lisboa. Mas emLeiria o processo teve grande êxito.”

Nascida há 73 anos em S. Pedro do Sul, foi criada pelopai, na companhia do irmão dois anos mais novo. Depoisda instrução primária, foi para um colégio de freiras emLamego, onde esteve cinco anos, como interna. “Costu-mo dizer que nasci em S. Pedro do Sul, mas sou uma ci-dadã do mundo”, diz a professora que depois dos 15 anosentrou para o Liceu de Viseu para fazer o 6º e o 7º ano. En-trou na Universidade de Coimbra em 1961, para se licen-ciar em Geografia, tendo saído em 1966.

A opção por Geografia não surge por acaso. “Fui in-fluenciada pelo meu pai, que fazia o ano passado 100 anos.Era comerciante, tinha uma loja de tecidos. Era uma pes-soa muito curiosa, gostava de aprender, de mecânica, deler. Tenho dele a faceta da curiosidade, da leitura, dos por-quês das coisas. A Geografia permitia-me localizar paísesmuito distantes, saber coisas sobre o que se passava na ter-ra, curiosidade que o meu pai tinha e me transmitia”.

Depois do curso, escolheu o distrito de Leiria, por ficarperto do mar e por ser uma zona central entre Coimbra eLisboa e pela proximidade a S. Pedro do Sul.

Foi, contudo, na Marinha Grande que se instalou, em1969. “Hospedei-me na pensão Paris e em 1970 arrendeia casa, casei, e tive os meus filhos. Iniciei lá a vida parti-dária, muito rica e interessante”, conta.

Embora a docência não fosse a profissão que mais lheagradasse, as restantes alternativas – mapas ou meteoro-logia - também não eram solução. Assim, fez o estágio pro-fissional no liceu de Aveiro, já depois de estar na MarinhaGrande, com cadeiras complementares pedagógicas quea habilitaram para o ensino.

Entrou na docência e apaixonou-se, como aconteceualiás, em tudo o que fez na vida. Passou por Alvaiázere,por Abrantes, por Tomar, pela Marinha Grande (Escola In-dustrial), por Leiria e por Caldas da Rainha. Efectivou-se na Escola Secundária Rodrigues Lobo.

Passou pela delegação regional da Direcção-Geral de Pes-soal (1981/88), mas no ano seguinte acompanhou o ex-ma-rido, Vitorino Vieira Dias, especialista em direito europeu,que esteve como administrador principal na Comissão Eu-ropeia. “Tínhamos um filho no 9º ano e outro no InstitutoSuperior Técnico, em Lisboa e decidi fazer uma interrupçãona minha carreira profissional. Fui com licença sem ven-cimento.”

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Em Bruxelas não deu aulas, mas a sua energia veio aode cima. Quis conhecer de perto a escola do filho, fre-quentada por cerca de 3.500 filhos dos funcionários do Par-lamento Europeu. Pertenceu ao Conselho de Adminis-tração e ao Conselho Pedagógico, sempre em represen-tação da secção pedagógica. Fez também parte da revis-ta Femme D’Europe, promovida pelas funcionárias das ins-tituições europeias. “Foram dois anos muito ricos, mas nãoaguentei o clima em Bruxelas. Regressei em 1991.”

Em Portugal, após uma breve incursão pelo CAE (Cen-tro da Área Educativa), voltou à Escola Secundária Fran-cisco Rodrigues Lobo, fazendo parte do Conselho Direc-tivo entre 1995 e 1997.

No ano seguinte, presidiu à Comissão Instaladora da es-cola EB 1,2,3 Gualdim Pais, em Pombal, com a novidadede ter os três primeiros ciclos integrados, quando o ensi-no obrigatório passou a ser o 9º ano. “Foi um desafio gran-de, difícil, e correu muito bem”, revela. “Fizemos a inte-gração de crianças de etnia cigana, então contra a vonta-de da professora do primeiro ciclo, mas com a colabora-ção de uma técnica social da câmara de Pombal, correulindamente.”

No 25 de Abril de 1974, dava aulas na Escola Industrial,da Marinha Grande, ligando-se à fundação do PS naque-le concelho e, consequentemente, às primeiras eleiçõeslivres na sua escola, em que ganhou o PS. “Fui sempre mo-vimentadora, nunca estive na direcção, mesmo assim tiveameaças de morte e os pneus do carro furados…”

1 - HelenaVieira Diascom um anode idade,ainda a mãeera viva2 - Com 10/11anos, ao ladoda prima (aocentro) quecuidou dela edo irmão,também na nafoto3 - Com o pai(ao centro) e oirmão

Helena Vieira Dias, professora e ex-coordenadora do Instituto Português da Droga e da Toxicodependência

Não gosto do palco. Prefiro fazer e agitar

Também esteve ligada ao Masp 1 (Movimento de ApoioSoares à Presidência), em 1986, numa altura em que nemos membros do PS acreditavam na sua vitória. VitorinoVieira Dias “foi o director executivo do movimento e euestive por detrás da candidatura, em instalações de Ar-ménio Vasconcelos, a única pessoa que nos cedeu um es-paço”, lembra. “As pessoas apareceram quando ele co-meçou a subir, quando já estava numa de vitória, após apancada na Marinha Grande…”

Helena Vieira Dias, que se afastou da vida partidária quan-do se apercebeu que “em vez de política se discutiam lu-gares”, fez parte de várias secções do PS, concelhias e dis-tritais, e foi candidata à câmara de Leiria, “mas sempre emlugares recuados”, como fazia questão. “Gostei de tudo oque fiz, foram experiências muito ricas. Sinto-me uma mu-lher feliz. Tenho dois filhos que são o meu orgulho, cinconetos fabulosos. Faço o que quero, tenho uma liberdade to-tal, estou bem com a vida”, diz a docente que há 12 anos fazvoluntariado na Sempre Audaz.

Reconhece que é uma mulher de afectos, mas podia sermais, não fora o facto de ter vivido a vida a sentir falta damãe, que morreu jovem, aos 29 anos. Ainda hoje choraquando recorda a “rapariga que foi no colégio de freiras,sozinha a procurar respostas para as suas dúvidas, própriasda adolescência”, sem que lhe tivessem deixado fazer oluto. “O meu pai nunca quis falar da morte”, diz a rapa-riga que “viveu revoltada”, mas cresceu “determinada”e sempre pronta “a agarrar desafios”.

LURDES TRINDADE

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Canto livre

Ninjas e Princesas

� Olá pessoal 4.0 que problematiza e analisa tudoo que seja pediátrico e que chora sem fazerbarulho a ver o vídeo do menino autista noconcerto dos Coldplay. Pais, mães e mesmo tiossó à espera de vaga para se mandarem de cabeçaà vasectomia, que derramam sempre umalagrimazinha no teclado ao verem uma criançamuito triste ou muito feliz no YoutTube. Não,não se preocupem, vocês não padecem deamolecimento crónico, é tudo normal, agorasomos todos mais ou menos assim, uns sensíveisincorrigiveis.Hoje, para apimentar a nossa relação, finalmentevou deixar-vos espreitar, mas sem tocar, a minhaintimidade, satisfazendo assim a curiosidade aosmilhares de leitores que me escrevem aperguntar: Doutor, como é que se conseguemanter um casamento feliz, ou mesmo umcasamento sem ser feliz, com dois filhos lá emcasa? Pois bem, meus atrapalhados a cortarpequenas unhas em pequenos dedos, euesclareço-vos, ilumino-vos e guio-vos emdirecção a um grande não faço a menor ideia. Oque eu sei é que lá em casa não desistimos detentar, aguentamos e resistimos quando o marestá torcido e tentamos gozar ao máximo quandonavegamos por águas serenas. Deixar o barco àderiva com os passageiros preciosos queencomendámos para a viagem será sempre aúltima opção.

Dez conselhos para manter o casamento à tonaRicardo Graça

RICARDO GRAÇA

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Longe vai o tempo em que o barco era novo,pintado de fresco, cheio de vento nas velas, arasgar águas límpidas como a água, a todo ovapor em todo o tipo de manobras com todo otipo de ondulação. O raio do barco até pareciaanfíbio, ele ia contra rochas, contra pinhais, empiscinas, no carro. Bom, vocês sabem como sãoos barcos quando são novos. Mas, com o tempo,vêm os problemas, a pintura começa a estalar, ocasco mete água, o convés fica desarrumado compeúgas mal cheirosas pelo chão, começamos a terque navegar por entre icebergs, deixamos de tersempre como paisagem o pôr-do-sol regado achampagne, e dá-nos aquela vontade de ir aoTinder escrever: Procura-se comandante parabarco usado. É aqui, meus cadetes de meia tigela,que se vê a fibra da tripulação, que não abandonao barco à primeira onda, mesmo que ela seja daNazaré e que prometa obscenidadeslanguidamente, que mantém o barco à tona nemque seja só com um remo e que sabe quenenhuma epopeia marítima foi escrita sobre atravessia de uma lagoa. Claro que o barco pode ir ao fundo, claro que numdia de tempestade podes mandar-te de cabeça aomar revolto, claro que podes dar contigo num kayaka comer massa de atum com esparguete quase todosos dias, mas, como comandante encartado te digo:esforça-te para o evitares e deixa sempre ospassageiros em porto seguro. Ahoy!

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 45

Impressão digital

NaturalidadeAngola

ResidênciaLeiria

FormaçãoEnsinosecundário

OcupaçãoFotógrafo

Fuiquartonacionaljúniornos 100metros ecam-peãoregionaldoAlgarveduranteseis anosnos 60,100 e200metros

Cláudio [email protected]

� É verdade que em alguma regiões de Portugal o con-fundem com o Usain Bolt?Infelizmente não. Quando esse senhor chegasse ao finaleu ainda estaria no ponto de partida.E com o Leonard Nimoy na versão Mr. Spock?Nunca consegui fazer aquela franja, mas ando a tentar oolhar enigmático. Em breve pode ser possível a compa-ração, está provado que com a idade as orelhas crescem.Mas chegou a ser o homem mais rápido do Algarve.Sim, fui quarto nacional júnior nos 100 metros e campeãoregional do Algarve durante seis anos nos 60, 100 e 200metros. O recorde dos 60 metros perdurou 12 anos. Umalesão no tendão rotuliano dissipou objectivos e sonhos. Ben Johnson ou Carl Lewis.Dois heróis, embora com erros do primeiro. Sem dopingBen Johnson chegou a ganhar provas a Carl Lewis. Foi umchoque desportivo e uma grande decepção, tive que tiraro poster do rapaz da porta do quarto.Como é que descobriu que era um velocista inato?A fugir dos donos das hortas e nunca ser apanhado, ga-nhar corridas de rua com avanços consideráveis, jogar fu-tebol como avançado e marcar golos sem perceber nadade bola. Nas provas escolares fui primeiro nos saltos e navelocidade e o professor de educação fisica contactou oclube desportivo de Vilamoura.Além de correr depressa, gosta de viver depressa?Na vida como nas corridas a idade atenua a velocidade.A vila de Quarteira nos anos 80 era mais "Just LikeHeaven" (The Cure) ou "Straight To Hell" (The Clash)?Andávamos com as duas cassetes no bolso.Nunca se arrependeu de trocar o calor algarvio pela cidadede Leiria?Surgem saudades que se atenuam com uma visita. Leiriaacolheu-me da melhor forma e ofereceu-me muitas coi-

Zito Camacho, fotógrafo

"Ao entrarmos no mar esquecemos os impostos e os maus políticos"

sas boas. Hoje é a terra do coração.Trabalhou em vendas, passou pela hotelaria, geriu barese transformou um hobbie, a fotografia, em profissão. Tudopor acaso?Foi um processo natural. A fotografia sempre esteve pre-sente desde os 16 anos. A cada passo que surgia ganhavamaior responsabilidade. Tive que optar por um caminhoe a fotografia prevaleceu. Confirma que à noite todos os gatos são pardos?A noite tem um ambiente mágico. As pessoas procuramsorrisos, diversão, ligações, convívios, conversas. Infe-lizmente, mas raras vezes, surgem pessoas que no pardomudam o "d" pelo "v".Quando é que disse para si próprio: dedica-te à pesca.Quando percebi que era mais natural e menos prejudicialpara a natureza ir buscar o meu alimento ao mar do quetirar a ficha da peixaria e esperar a minha vez. A caça submarina é daqueles desportos de cortar a res-piração?Corta a respiração e corta a ligação terrestre. Ao entrarmosno mar esquecemos os impostos, os maus políticos, os in-gratos, a estupidez humana que por vezes tende em serem grande escala.O seu recorde pessoal em apneia.Em apneia estática (piscina) 3,15 minutos. No mar, devi-do a sucessivos mergulhos, correntes, movimentos, é cer-ca de 1 minuto cada mergulho. O sucesso da prática de pes-ca submarina não é o tempo de apneia, mas sim as técnicasde captura. Um momento inesquecível debaixo de água.Num mergulho em Peniche, existe uma pedra recortadapelo meio, uma profundidade de cerca de 6 metros, o sola entrar na saliência e a criar um ambiente de aquário ilu-minado, despertando várias cores, movimentos e formasde vida. O que se aprende a fotografar casamentos?O casamento em termos técnicos é a melhor escola de fo-

tografia. Diferentes cenários, mudança de luz, temas, ve-locidades, requer conhecimento do material que usamose convém não perder aquele momento. Também apren-demos que existe muito amor, amizade, família, diversão.Com o decorrer dos anos também aprendi para que ser-vem aqueles talheres todos e sei todos os passos da ceri-mónia tanto civil como religiosa. Na falha do padre o ser-viço está assegurado.Todos os retratos dizem a verdade sobre as pessoas?A magia do retrato é criarmos personagens, contar histó-rias com traços, olhares, expressões. Podemos ser actoresou revelar a nossa alma.Imagine que lhe sai aquela raspadinha premiada e decidepassar um ano a fotografar pro bono. Para onde vai?Com a carga fiscal e os preços das portagens pouco devesobrar. A pensar em fotografar pescadores de norte a sul,retratos de lobos do mar com as suas marcas do sol e dosal e questionar a cada um a sua maior aventura no ocea-no. Tenho que começar a raspar com mais convicção. E leva o cão?Tento levar o companheiro sempre que possível, estamosbem na companhia um do outro. Tenho que ensinar a feraa pegar no reflector para dar assistência na iluminação . A maneira como tratamos os animais diz muito sobre nóspróprios?Ter um animal de estimação é uma responsabilidade. Aforma como os tratamos como um membro de famíliatransfere a nossa maneira de estar perante a sociedade.Voltamos aos recordes: em que dia regressou do mar como maior sorriso?Felizmente o mar é uma aventura constante, tanto pelotamanho do robalo capturado que não cabe no forno, comopelo dia que chove torrencialmente e surge um raio de sola rasgar o céu, o cardume de centenas de robalos peque-nos a fazer tela à nossa frente, estarmos sozinhos ligadosà natureza e a humildade que o mar ensina. Estes mo-mentos despertam muitos e grandes sorrisos.

FOTOS: RICARDO GRAÇA

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46 Jornal de Leiria 2 de Março de 2017

Para fora cá dentro

PortoApesar de todas as outras, esta é a minha cidade.Das ruas que se revelam em cada canto, aos piroposbem mandados; dos pormenores que me obrigam adisparar a câmara, qual turista japonês, aosmeninos que saltam para o rio e que fazem aindamais eterno o Aniki-Bóbó do Oliveira. E tem omelhor clube do mundo. Saí sempre mais feliz doPorto do que quando cheguei.

O discoAt Least For Now, doBenjamin Clementine. Foiassim de longe a minhamelhor prenda inesperadado ano passado. Este duplovinil marca o meu regressopela porta grande ao formatodepois de anos de dieta forçadanos pratos. De London aCondolence, pequenas maravilhas quase todasdeliciosamente tocadas ao piano e que me obrigam arecorrer a um bom Douro Tinto da garrafeira. Quemdisse que boa música não são memórias bem tocadas?Bebo a isso!

A exposiçãoInferno, do James Nachwey. Para quem não conhece,Jim é um dos grandes do fotojornalismo. Para quemconhece, é o grande do fotojornalismo. Dura, muitodura de digerir, vi esta exposição na Culturgest em 2002e saí de lá com o maior aperto na garganta. Uma descida

profunda ao Inferno da condiçãohumana. São histórias muito bem

contadas através de fotografiasbrutalmente boas que se digeremmuito mal. Se somos isto comoraça, também conseguimos ser

melhores do que isto como pessoas.Também há este Inferno em livro.

O filmeNão tenho um, tenhovários. Sou assim do tipoenvelope trocado nacerimónia em que estás apensar num mas sai-teoutro... Mas correndo namesma a cena cliché, omagnífico Citizen Kane, doWelles. Ainda hoje mepergunto como é que em1941 alguém pode ter feitoalgo tão diferente, tão bom e tão incompreendido?Ganhou um Oscar... e não foi por melhor filme. Aindasem sair dos clássicos, o Aurora, do Murnau. Rematoaqui o assunto com o Thin Red Line, do Malick. Umfilme de guerra que fala sobre a outra parte da guerra.

No lugar da Raposa há um fortee muita aventuraCláudio [email protected]

� Hoje a proposta é para ligar o GPS e inscrever as coor-denadas 8º 15' 11'' W e 39º 59' 55'' N, ali no pinhal in-terior do distrito de Leiria. O destino, a 494 metros dealtitude, é o Forte Raposa, um parque de eco-aventuralocalizado no concelho de Figueiró dos Vinhos.

Abrigado entre sobreiros, oliveiras, carvalhos eazinheiras, construído com a ajuda do xisto e da ma-deira, o projecto turístico Várzea da Raposa nasceucom o objectivo de proporcionar experiências únicasde convívio com a natureza. Oferece todas as in-fraestruturas necessárias para a prática de rappel, es-calada, BTT e caminhadas, entre outras actividades,no lado solar da Serra da Lousã. Um cabo de slide commais de 75 metros de comprimento garante vôoscarregados de adrenalina e num dos campos depaintball há uma ribeira para transpor e um forte paraconquistar.

E Várzea da Raposa porquê? Explica o promotor, Car-los Pedro: "Temos tido a visita de veados e javalis, massobretudo raposas, com regularidade, ao longo dosanos. O sítio convida a isso". A reconversão das ruínasde habitações e abrigos para o gado fez brotar da ter-ra sucessivas unidades residenciais, com nomescomo Barraco, Casa do Tanque ou Cavalariça. Preçospor noite e alojamento desde 55 euros. O Trilho dasTrês Ribeiras une a propriedade a Campelo, sede da

freguesia, nas proximidades da praia fluvial da Ribeirade Alge.

Restaurante ou varanda?E estando por ali, experimente o restaurante Varandado Casal, no Casal de São Simão. Conhecer esta aldeiade xisto já justifica a visita, mas à mesa vai encontraroutro pretexto: os sabores do antigamente, com vistasobre a serra, de acordo com as receitas recolhidas jun-to das pessoas mais antigas do concelho. Da cozinha,onde mandam o tacho de barro, o forno a lenha e ostemperos locais, saem maranhos, borrego, tiborna debacalhau, cabrito com castanhas e bucho de porco re-cheado, entre outras iguarias. Hoje o Varanda do Casalé gerido por Renato Antunes, mas a história da famí-lia está ligada à restauração desde 1967, com a Espla-nada S. Jorge, que o pai, Manuel Antunes, explorava nailha do Cabo, em Luanda, Angola.

Conhecer MalhoaPor fim, não saia de Figueiró dos Vinhos sem visitaro Casulo de José Malhoa. Um chalet romântico cons-truído no século XIX que serviu de residência e ate-liê ao pintor responsável pelo óleo sobre tela O Fado.Malhoa, que chamava a Figueiró dos Vinhos a Sintrado Norte, é também a figura maior do Museu e Cen-tro de Artes da vila, a funcionar desde 2013. A opor-tunidade para conhecer alguns dos nomes e obras maisimportantes do naturalismo português.

Uau! Um mundo decoisas boasatravés da lentedo fotógrafoNuno Brites

FOTOS: DR

O parque ealojamentolocal fica naRibeira Velha,freguesia deCampelo econcelho deFigueiró dosVinhos

Aproveite paraconhecer orestauranteVaranda doCasal, focadonos saboresregionais (masatenção,encerra àsegunda eterça-feira)

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Jornal de Leiria 2 de Março de 2017 47

Aconteceu

Fechou com 70 mil pessoas na avenida marginal, odesfile Agarrá Bossa, esta terça-feira, 28, naNazaré (foto 1), por onde passaram 2 mil figurantese dezenas de carros alegóricos. Os númerosfornecidos pela organização demonstram que nemo mau tempo impediu o Carnaval de sair à rua.Para benefício dos foliões, mas também donegócio.“A Nazaré alia a tradição e uma manifestaçãomuito importante, como é o Carnaval, com a suafaceta espontânea, brincalhona e de gente quegosta de se divertir, com a actividade económicalocal”, sublinha o presidente do Município, WalterChicharro. Leiria juntou-se à festa e repetiu o

Festival da Irreverência, no Mercado de Sant'Ana,além do tradicional cortejo das crianças (foto 2),que percorreu a cidade na sexta-feira, 24. Mas oCarnaval não existe sem Alcobaça (foto4) e Pataias(foto 6) – no primeiro caso, junto ao Mosteiro, umatenda gigante encheu-se de boa disposição e osbares e cafés do Rossio estiveram abertos até demadrugada. Na vila de Pataias, que nesta época doano costuma duplicar a população, os momentosaltos são os desfiles na tarde de domingo e terça--feira. De resto, o Carvanal viveu-se um pouco portodo o distrito de Leiria, ao ar livre ou dentro deportas, conforme demonstam as imagens captadasna Marinha Grande (foto 5) e na Batalha (foto 3).

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É Carnaval faça sol ou faça chuva

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Jorlis - Edições e Publicações, Lda.Parque Movicortes2404-006 Azoia - LeiriaTel. 244 800 400 Fax 244 800 [email protected]

A alegria evita mil males e prolonga a vida

William Shakespeare

Recilis justifica adiamento com questões relacionadas com a sustentabilidade económica do projecto

Pedida prorrogação de prazo para início das obras da ETESMaria Anabela [email protected]

� Quando, de acordo com o contratode financiamento, já devia estar a con-cluir a obra, a Valoragudo, entidadedetida a 100% pela Recilis, pediu aprorrogação do prazo para o início daconstrução da Estação de Tratamen-to de Efluentes Suinícolas (ETES).

Ao que o JORNAL DE LEIRIA apu-rou, na sequência de um ofício en-viado em Agosto do ano passadopelo Programa de DesenvolvimentoRural (PRODER) a solicitar a apre-sentação de “pedido de pagamento deobra”, a Valoragudo respondeu ago-ra a requerer o adiamento do come-ço da construção até ao próximo dia30 de Abril.

David Neves, presidente da Recilis,confirma a solicitação da prorrogação

do prazo e que esta “foi concedida”.O dirigente justifica o pedido com anecessidade de “validar” alguns as-pectos relacionados com a “viabili-dade” e “sustentabilidade” econó-mica do projecto, para que possa serfeita a adjudicação da obra.

O concurso público internacionalterminou com uma única proposta,mas, neste momento, a empreitadaainda não foi entregue porque, ao queo JORNAL DE LEIRIA apurou, conti-nua a não haver acordo em relação àtarifa a pagar pelos suinicultores pelotratamento dos efluentes. “Temosde esgotar todas as possibilidadespara que o projecto possa ser econo-micamente sustentável”, diz DavidNeves, defendendo que “uma soluçãoa qualquer preço é uma não solução”.

“Não podemos correr o risco deconstruir uma infra-estrutura que

depois tenhamos dificuldade emmanter”, alega o dirigente, revelandoque, no final da semana passada,houve uma reunião como secretáriode Estado do Ambiente para debatero assunto. “Há todo o empenha-mento na concretização do projectoo mais rápido possível”, assegura.

O contrato de financiamento daobra foi assinado em Dezembro de2014, numa cerimónia presidida pelaentão ministra da Agricultura, As-sunção Cristas. De acordo com oprazo previsto, a ETES deveria ficarconcluída no início de 2017, masainda nem foi adjudicada. Em causaestá um investimento global de 20,3milhões de euros, sendo que novemilhões são apoio público, finan-ciamento que se poderá perder se ostrabalhos não ficarem concluídosaté Junho de 2018.

O contrato de financiamento previa que a obra já estivesse em fase de conclusão

Dia 9, em Fátima

Seminário discute impacto de grandes eventos no turismo

� Dando as boas vindas ao Papa: oturismo e os grandes eventos reli-giosos é o tema do seminário quese realiza na próxima quinta-feira,dia 9, no auditório do Centro Pas-toral de Paulo VI, em Fátima. A ini-ciativa insere-se no quinto Works-hop Internacional de Turismo Re-ligioso, que decorre até ao dia se-guinte. Quanto ao seminário, as co-

memorações do Centenário dasAparições de Fátima e a visita doPapa Francisco à Cova da Iria são oponto de partida para a discussão.O turista religioso e o impacto doevento e Turismo religioso: os de-safios na organização de grandesperegrinações mundiais são os te-mas dos dois painéis a realizarneste evento, aberto ao público. “O

Workshop Internacional de Turis-mo Religioso representa o maiorencontro mundial de profissionaise investidores do sector”, aponta aACISO - Associação EmpresarialOurém-Fátima, que organiza oevento em colaboração com o Mu-nicípio de Ourém e o Santuário deFátima. O objectivo é promoveruma bolsa de contactos dirigida a

profissionais e operadores do sec-tor turístico, com reuniões entrebuyers internacionais convidados,oriundos de mais de 30 países, eoperadores, agentes e empresá-rios nacionais do sector, bem comopromover internacionalmente Por-tugal enquanto destino privilegia-do de turismo religioso, entre ou-tros aspectos.

RICARDO GRAÇA

900O projecto prevê que a Estaçãode Tratamento de EfluentesSuinícolas (ETES), a construirem Amor, tenha capacidade paratratar até 900 metros cúbicos deefluente por dia. A obra custará20,3 milhões de euros e terá umfinanciamento público de novemilhões de euros

O número

Leiria

Congresso de enfermagemdebate saúde mental

� Com o tema Gestos que cui-dam...mentes que brilham, alu-nos e professores da Escola Su-perior de Saúde de Leiria (ESS-Lei) dinamizam, no auditóriodeste Campus, o 2.º CongressoInternacional de Estudantes deEnfermagem (CIEE), nos próxi-mo dias 10 e 11 de Março. Pre-tende-se reflectir sobre as es-tratégias promotoras da saúdemental e divulgar e partilharboas práticas da mesma. No pri-meiro dia do congresso serãodebatidos temas como o papeldos media na promoção da saú-de mental e a saúde mental empopulações específicas. No finaldo dia haverá uma visita guiadaao centro da cidade de Leiria eserá apresentado o filme Esta éa minha casa, de Pedro Renca.No dia seguinte, farão parte doprograma temas relacionadoscom comportamentos suicidá-rios e a intervenção comunitáriaem saúde mental. O prazo deinscrição termina na próximaquarta-feira, dia 8.

Leiria

Nerlei apresentaprojecto Link Lusa

� A Nerlei apresenta no próximodia 9, pelas 9:30 horas, o pro-jecto Link Lusa, como qual sepretende “capitalizar o poten-cial das comunidades emigran-tes e luso-descendentes no âm-bito da internacionalização dasempresas nacionais, através dacriação de uma rede de agentesexportadores - personalidadesrelevantes nas comunidadesemigrantes que sejam agentesfacilitadores de contactos e tro-ca de informações nas exporta-ções”. Para isso, “será criadauma rede colaborativa em largaescala que potencie as exporta-ções para países com fortes co-munidades emigrantes portu-guesas”. Na apresentação ha-verá uma intervenção de JoséCarlos Marques, investigador edocente do Politécnico de Lei-ria, sobre a importância da diás-pora portuguesa como activoestratégico para a promoçãodas exportações, bem como ostestemunhos de duas empre-sas e de um leiriense que é em-presário em França.