Preparado em cooperação com o Millennium Challenge ... · Dados do Instituto de Pesquisas de...
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U.S. Department of the InteriorU.S. Geological Survey
Fact Sheet 2010–3071September 2010Printed on recycled paper
San Tiago
Fogo
Boa Vista
Sal
Santo Antão
Maio
São Nicolau
São Vicente
Brava
Santa Luzia
RasoBranco
Ilheus Seco
BaciaHidrográfica
dos Mosteiros
Bacia Hidrográficada Ribeira do Paúl
Bacia Hidrográficada Ribeira da Fajã
Praia
Mali
Mauritania
Guinea
Senegal
Liberia
Sierra Leone
Guinea-Bissau
Gambia
Dakar
Bissau
Conakry
Monrovia
Freetown
Nouakchott
Saint Louis
Mali
Mauritania
Guinea
Senegal
Liberia
Sierra Leone
Guinea-Bissau
Gambia
Ilhas deCabo Verde
Dakar
Bissau
Conakry
Monrovia
Freetown
Nouakchott
Saint Louis
BanjulBanjul
0 40 QUILÔMETROS
0 40 MILHAS20EXPLICAÇÃO
Bacia de EstudoDados do Instituto de Pesquisas de SistemasAmbientais, Inc. Mapa do Mundo Digital,1993, 1:1, 000, 000. Grade Nacional deProjeção de Cabo Verde
Fonte: Heilweil eoutros (2006)
CostaOcidentalda África
OceanoAtlântico
Os Recursos Hídricos Subterrâneos da Bacia Hidrográfica da Ribeira da Fajã, Ilha de São Nicolau, em Cabo Verde, África Ocidental
Preparado em cooperação com o Millennium Challenge Corporation
Resumo do início do estudo das águas subterrâneas
Por que o estudo foi feito?
Em Cabo Verde, os recursos hídricos subterrâneos fornecem a água para a agri-cultura, para a indústria e para o consumo humano. Esses recursos são limitados e susceptíveis à contaminação. Recur-sos hídricos subterrâneos adicionais são necessários para um desenvolvimento con-tínuo da agricultura, especialmente durante os períodos de seca, mas um aumento no uso e (ou) nas alterações climáticas podem ter efeitos drásticos sobre a quantidade e qualidade da água potável disponível. Nos aquíferos situados nas ilhas vulcânicas, como os de Cabo Verde, veios de água subterrânea potável “flutuam” tipica-mente em cima de uma camada de água salobra, na fronteira com a água salgada, e um aumento no bombeamento pode provocar a intrusão da água salgada ou de outros contaminações. Um estudo recente do U.S. Geological Survey (Heilweil e outros, 2006, 2009), avaliou as condições de base da água subterrânea nas bacias hidrográficas em três ilhas de Cabo Verde para fornecer uma base científica para o desenvolvimento sustentável dos recursos hídricos, com vista a minimizara exaustão das águas subterrâneas e prevenir uma con-taminação no futuro.
Localização e abordagem
Cabo Verde é um arquipélago composto de nove ilhas habitadas, situado aproximadamente a 750 quilômetros da Costa Ocidental da África (fig. 1). Três bacias hidrográficas foram selecionadas para o estudo de base das águas subterrâneas: Bacia Hidrográfica da Ribeira da Fajã, em São Nicolau (ver ficha), Bacia Hidrográfica dos Mosteiros, em Fogo (Heilweil e outros, 2010a), e Bacia Hidrográfica da Ribeira do Paúl, em Santo Antão (Heilweil e outros, 2010b). Em Cabo Verde, as chuvas variam grandemente de ano para ano e de acordo com a altitude do lugar. As precipitações médias anuais variam gran-demente de menos de 50 milímetros ao longo das áreas coste-iras povoadas, até 1.000 milímetros nas montanhas. A maioria da população reside em áreas rurais e retira o seu sustento da
agricultura de sequeiro; a chuva irregular torna a agricultura extremamente difícil em todas as áreas, exceto nas mais úmidas.
Poucos riachos são perenes porque a maioria da água da chuva que cai escorre muito rapidamente para o oceano, evapora ou é e usada pelas plantas, enquanto que o restante infiltra-se através da rocha permeável e serve para recarregar os aquíferos subjacentes. A água subterrânea se move pelo baixo gradi-ente, da elevação superior para a parte inferior de cada bacia hidrográfica, infiltrando para poços (furos), nascentes, riachos, galerias, e finalmente em direção aos oceanos pela infiltração submarina (fig. 2). Para avaliar os recursos das águas subter-râneas em cada uma dessas bacias, foram recolhidos dados em muitos destes pontos de descarga. Os níveis das águas subter-râneas resultantes, as medições do caudal e a análise química das amostras foram utilizados para avaliar as disponibilidades das águas subterrâneas, suas fontes de recarga, o tempo de viagem, a vulnerabilidade à contaminação, e a sustentabilidade do bombeamento.
Figura 1. Localização das bacias de estudo na República de Cabo Verde, África Ocidental.
Descargasubmarinha
Descargadas nascentes Descarga
dos poços
Água potável
NÃO MENSURÁVEL
Lençol freático
EXPLICAÇÃO
Basaltofracturado
Materiaisnão-consolidados
Direção domovimentoda água doce
Direção domovimentoda água salgada
Água salobra
Água salobra
Água salgadaÁgua salgada
OceanoAtlântico
Adaptado de MacDonald e outros (1983)
PrecipitaçãoDescarga dos
cursos de águaDescargada galeria
1000
400600
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400
800
400
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Gale
ria Fa
jã
Dados do Instituto Nacional de Gestãodos Recursos Hídricos. Dados Digitaisda elevação, 2005, 1:2, 400. GradeNacional de Projeção de Cabo Verde
QUILÔMETROS0 1 20.5
0 1 MILHA0.5
Estação de PrecipitaçãoMeteorológica Cidade
Altitude,em metros
1,300
0
Fronteira da bacia hidrográfica
Contorno topográficode 200 metrosContorno topográficode 100 metros
EstradaCurso de água
PoçoFN41
FN12Posto
Monte Gordo
Queimada
FN21
FN41
FN39
FN12Posto
Cachaço
Canto Fajã
Monte Gordo
Queimada
Fajã de Cima
Fajã de BaixoFN21
FN41
FN39
Bacia Hidrográficada Ribeira da Fajã,
São Nicolau
Nascente secaReservatóriode água
Fonte: Heilweil e outros (2006)
EXPLICAÇÃO
Figura 2. Modelo conceptual genérico da hidrologia nas ilhas vulcânicas.
Figura 3. Mapa hidrológico da Bacia Hidrográfica da Ribeira da Fajã, ilha de São Nicolau.
Bacia Hidrográfica da Ribeira da Fajã, Ilha de São Nicolau
Resultados - O que foi aprendido?
A Ribeira da Fajã (16 quilô-metros quadrados), está situada a uma altitude relativamente mais baixa e é a mais seca das três bacias em estudo, estando localizada a uma altitude média de 480 metros, com uma precipitação média anual estimada em cerca de 300 milíme-tros. A precipitação anual registada na estação (meteorológica) de medição do Cachaço (fig. 3) mostra a variação entre um mínimo de 100 para quase 700 milímetros. Em Ribeira da Fajã, não há dados de descargas mensuráveis de água sub-terrânea para as nascentes ou rios. Historicamente, houve nascentes na parte inferior da bacia, mas essas nascentes secaram como resultado da conclusão das obras da Galeria de Fajã em 1985. A drenagem das águas subterrâneas associadas a esta galeria causou igualmente um declínio nos níveis de água para 20 metros ou mais nos poços vizinhos, dois dos quais posterior-mente secaram. As descargas a partir da galeria já concluída são hoje a única fonte de água subterrânea na bacia hidrográfica, mas diminuíram de um fluxo diário inicial de 1.400 metros cúbicos, para cerca de 400 metros cúbicos, nos últimos anos. Este declínio foi causado pela seca do aquífero ligado à galeria, ao invés das mudanças nos níveis de precipitação (fig. 4). Com base neste valor de descarga, apenas três por cento da precipitação na bacia hidrográfica alcança as águas subterrâneas, mas esse percentual pode ser ainda maior graças às infiltrações submarinas de águas subterrâneas que ocorrem na costa da Ribeira da Fajã.
Rastreadores ambientais1 colocados em um dos poços e em mais três localizações distintas dentro da galeria, indicaram que as águas subterrâneas na bacia da Ribeira da Fajã têm mais de 50 anos. Isto é consistente com a baixa pluviosidade e com a pouca
descarga de água subterrânea medida nesta bacia se comparada com aquelas verificadas nas outras duas bacias que possuem águas subterrâneas mais recentes. Devido à redução nos índices de pre-cipitação e de recarga, assim como dos níveis mais profundos de águas subterrâneas, o sistema de águas subterrâneas na Ribeira da Fajã pode não ser tão susceptível à contaminação pela agricultura e (ou) sistemas sépticos como nas outras duas bacias. A qualidade das águas subterrâneas na bacia é geralmente muito boa. O nível mais baixo de recarga nesta bacia do que nas outras duas bacias em estudo, indica que sua camada inferior pode ser susceptível à intrusão de água salgada devido ao bombeamento dos poços.
1 Os rastreadores ambientais usados para determinar a idade da água foram o trítio (3H) e o hélio tritogênico (3He
trit). A datação das águas subterrâneas usando
o método de trítio/hélio foi parcialmente prejudicada pelas altas concentrações de hélio associadas como vulcanismo ou gases derivados do manto.
Para quaisquer informações adicionais, contactar:U.S. Geological Survey,International Water Resources Branch12201 Sunrise Valley DriveReston, Virginia 20192703-648-5230
Esta publicação está disponível online no site:
http://pubs.usgs.gov/fs/2010/3071
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1986 1987 1988 1989 19901984 1985 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
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IA
(Estimativa)
Fonte: Heilweil e outros (2006)
(Inco
mpl
eta)
Descarga
Precipitação
Galeria de Fajã completa
Figura 4. Gráfico da demonstração da descarga a partir da Galeria e pluviosidade da Bacia da Ribeira da Fajã.
Desafios para o futuro desenvolvimento e gestão dos recursos hídricos na Bacia Hidrográfica da Ribeira da Fajã • Os recursos de água subterrânea na Bacia da Ribeirada Fajã são
limitados em comparação com outras bacias hidrográficas de Cabo Verde, que possuem maiores níveis de precipitação e de infiltração.
• A construção da Galeria de Fajã, em 1985, forneceu uma fonte adicional de água na bacia hidrográfica, mas, por outro lado, provocou um rápido declínio nos níveis de água subterrânea, ocasionando a seca nos poços e nas nascentes das proximidades.
• As melhorias na recarga (recarga artificial) numa bacia hidrográ-fica é um mecanismo possível de ser feito para a reposição da capacidade de armazenagem das águas subterrâneas, mas deve levar-se em conta a permeabilidade dos solos da superfície e das rochas subjacentes.
• A qualidade das águas subterrâneas na bacia hidrográfica é geralmente muito boa e nenhum dos furos está sendo bombeado atualmente. Para minimizar o risco da intrusão de água salgada,
Referências adicionais
Agradecimentos
Haagsma, B., 1995, Traditional water management and state intervention: The case of Santo Antão, Cape Verde: Mountain Research and Development, v. 15, no. 1, p. 39-56.
Heilweil, V.M., Earle, J.D., Cederberg, J.R., Messer, M.M., Jorgensen, B.E., Verstraeten, I.M., Moura, M.A., Querido, A., Spencer, F., and Osorio, T., 2006, Evaluation of baseline ground-water conditions in the Moste-iros, Ribeira Paúl, and Ribeira Fajã Basins, Republic of Cape Verde, West Africa, 2005-06: U.S. Geological Survey Scientific Investigations Report 2006-5207, 42 p.
Heilweil, V.M., Gingerich, S.B., Plummer, L.N., Verstraeten, I.M., 2010a, Groundwater resources of Mosteiros Basin, Island of Fogo, Cape Verde, West Africa: U.S. Geological Survey Fact Sheet 2010-3069, 6 p.
Heilweil, V.M., Gingerich, S.B., Plummer, L.N., Verstraeten, I.M., 2010b, Groundwater resources of Ribeira Paúl Basin, Island of Santo Antão, Cape Verde, West Africa: U.S. Geological Survey Fact Sheet 2010-3070, 6 p.
Heilweil, V.M., Solomon, D.K., Gingerich, S.B., and Verstraeten, I.M., 2009, Oxygen, hydrogen, and helium isotopes for investigating groundwater systems of the Cape Verde Islands, West Africa: Hydrogeology Jour-nal, v. 17, no. 5, 1157-1174.
Langworthy, M. and Finan, T.J., 1997, Waiting for rain: Agriculture and ecological imbalance in Cape Verde: Boulder, Colorado, Lynne Rienner Publishers, ISBN 1-55587-709-5, 212 p.
MacDonald, G.A., Abbott, A.T., and Peterson, F.L., 1993, Volcanoes in the sea: The geology of Hawaii (2nd ed.): Honolulu, Hawaii, University of Hawaii Press, 517 p.
O USGS agradece ao Millennium Challenge Account - Cabo Verde, ao Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, e às agências locais de gestão de água nos Mosteiros, Ribeira do Paúl e Ribeira da Fajã pela disponibilização de informações históricas e pela assistência na coleta de dados hidrológicos e na interpretação dos mesmos.
Victor M. Heilweil, Stephen B. Gingerich,L. Niel Plummer, and Ingrid M. Verstraeten
no entanto, o desenvolvimento das águas subterrâneas nas zonas próximas à costa deve ser limitado no futuro.
• Devido às preocupações com a quantidade e com a qualidade da água na Bacia Hidrográfica da Ribeira da Fajã, uma gestão cuidadosa e práticas de manejo serão essenciais para proteger os recursos hídricos para as gerações futuras.
Através da implementação de um processo rigoroso de moni-toramento constante na Galeria de Fajã das descargas, da pluviosidade, das mudanças nos níveis freáticos, dos parâmet-ros químicos (salinidade e nitratos), e de um bombeamento adequado, será possível estabelecer medições científicas para garantir a futura sustentabilidade das águas subterrâneas e o desenvolvimento da agricultura na Bacia Hidrográfica da Ribeira da Fajã.