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FACULDADE ASSIS GURGACZ – FAG CLAUDETE BÓZIO ACHKAR PROPOSTA DE FISIOTERAPIA MANIPULATIVA: ALONGAMENTO E POMPAGE NO TRATAMENTO DA CEFALÉIA TENSIONAL: RELATO DE CASO CASCAVEL 2005

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FACULDADE ASSIS GURGACZ – FAG

CLAUDETE BÓZIO ACHKAR

PROPOSTA DE FISIOTERAPIA MANIPULATIVA: ALONGAMENTO EPOMPAGE NO TRATAMENTO DA CEFALÉIA TENSIONAL: RELATO

DE CASO

CASCAVEL2005

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CLAUDETE BÓZIO ACHKAR

PROPOSTA DE FISIOTERAPIA MANIPULATIVA: ALONGAMENTO EPOMPAGE NO TRATAMENTO DA CEFALÉIA TENSIONAL: RELATO

DE CASO

Trabalho de conclusão de Cursoapresentado à Faculadade Assis Gurgacz -FAG, como pré-requisito para obtenção doTítulo de graduado em Fisioterapia.

Orientador: Prof. Rodrigo Luiz LimaJucá.

CASCAVEL2005

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CLAUDETE BÓZIO ACHKAR

PROPOSTA DE FISIOTERAPIA MANIPULATIVA: ALONGAMENTO EPOMPAGE NO TRATAMENTO DA CEFALÉIA TENSIONAL: RELATO

DE CASO

Trabalho apresentado à Banca Avaliadora como requisito para a obtenção do títulode graduado em Fisioterapia, pela Faculdade Assis Gurgacz – FAG

BANCA AVALIADORA

............................................................................................Prof. Rodrigo Luiz Lima Jucá

(orientador)

............................................................................................Prof. Mário José de Rezende

............................................................................................Prof.ª Rosângela Botinha

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AGRADECIMENTOS

A Deus que é tudo em minha vida, e que tornou tudo possível...

A minha família que soube entender, compreender, às vezes até com o

coração apertado, a atenção que não lhes foi dada devidamente, datas que não

pudemos comemorar, sempre sacrificando minha presença pelo compromisso do

estudo. Hoje ao longo dessa caminhada, posso dizer o meu muito obrigado pela

compreensão, pelo estímulo nas horas de desânimo, pela atenção que não dei,

pelas alegrias e tristezas que não compartilhei. E que vocês entenderam, Obrigada!

As minhas colegas, que foram sempre verdadeiras, Eliane e Paula que se

disponibilizaram na realização das fotografias, fica aqui registrado meu muito

obrigado!

Ao meu orientador, agradeço a dedicação prestada nas horas em que

precisei.

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Todo mundo é capaz de suportar uma dor,com exceção de quem a sente.

Shakespeare

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RESUMO

O termo cefaléia aplica-se a todo processo doloroso referido ao segmento cefálico, oqual pode originar-se em qualquer das estruturas faciais ou cranianas. Atualmente acefaléia tem sido um dos sintomas que mais acometem os indivíduos, cerca de 80%da população entre 20 e 40 anos de idade, presente mais freqüentemente no sexofeminino; devido a isso estão sendo realizadas inúmeras pesquisas sobre o assunto.Este trabalho tem como objetivo comprovar a eficácia da fisioterapia manipulativa namelhora do quadro álgico da cefaléia do tipo tensional. O trabalho consistiu em umestudo de caso, onde a paciente foi escolhida através do diagnóstico clínico e daavaliação fisioterapêutica, os critérios de exclusão foram à prática de atividade físicae o uso de medicamentos. O tratamento foi realizado durante dez sessões comtécnicas de alongamentos e pompagens da musculatura dorsal, cervical posterior eântero-lateral. Os resultados mostram que a paciente obteve alívio do quadro álgico,sendo que o grau de melhora variou em média 49% entre o pré-atendimento e opós-atendimento, conforme os dados obtidos na escala visual analógica de dor.Pode-se concluir após a avaliação dos dados, que as técnicas de alongamento epompagens foram eficazes no tratamento da cefaléia do tipo tensional.

Palavras Chaves: cefaléia tensional, alongamento, pompagem

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ABSTRACT

The term cephalea is applied to the painful process referred to the cephalic segment,which can originate in any of the cranial or facial structures. Today, cephalea is oneof the symptoms that attack individuals the most around 80% of the populationbetween 20 and 40 years of age and is more frequently present in females. Due tothis fact, many researches have been done about the subject. The objective of thiswork is to prove the efficacy of the manipulative physiotherapy in order to improve thealgetic status of cephalea of the tensional kind. The work consisted in a case studywhere a patient was chosen through a clinical diagnose and a physiotherapeuticevaluation. The elimination criteria were the practicing of physical activities and theuse of medication. The treatment was performed during ten sessions with stretchingand pumping techniques of the dorsal musculature, cervical posterior andanterolateral. The results have shown that the patient obtained relief of the algeticstatus, and that, according to the obtained data using the analogical visual scale ofpain, the degree of improvement varied, on average, 49% between pre-treatment epost-treatment. After evaluating the data, we can conclude that the stretching andpumping techniques are efficient when treating cephalea of the tensional kind.

Keywords: tensional cephalea, stretching, pumping

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Músculos do pescoço – vista lateral..........................................................22

Figura 2 - Triângulo suboccipital................................................................................26

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 01 - Pompage do esternocleidomastóideo.........................................................46

Foto 02 - Pompage do pescoço.................................................................................46

Foto 03 - Pompage dos escalenos.............................................................................47

Foto 04 - Pompage do occipital..................................................................................47

Foto 05 - Pompage do trapézio..................................................................................48

Foto 06 - Alongamento dos escalenos.......................................................................49

Foto 07 - Alongamento do trapézio em flexão lateral ................................................49

Foto 08 - Alongamento dos músculos occipitais........................................................50

Foto 09 - Alongamento dos extensores da cabeça....................................................50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Escala visual analógica de dor inicial e final do primeiro ao décimoatendimento..............................................................................................53

Gráfico 2 - Variação do percentual da escala visual analógica de dor entre oinício e o final de cada atendimento........................................................53

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SUMÁRIO

RESUMO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE FOTOGRAFIAS

LISTA DE GRÁFICOS

INTRODUÇÃO...........................................................................................................13

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................15

1.2 ANÁTOMO BIOMECÂNICA DA COLUNA CERVICAL........................................15

1.3 MÚSCULOS.........................................................................................................18

1.3.1 Músculos da face anterior................................................................................18

1.3.2 Músculos da região ântero-lateral e face.......................................................20

1.3.3 Músculos posteriores........................................................................................21

1.4 LIGAMENTOS......................................................................................................23

1.5 FÁSCIAS..............................................................................................................24

1.6 NERVOS CERVICAIS..........................................................................................25

1.7 RECEPTORES SENSORIAIS..............................................................................27

1.7.1 Fusos musculares.............................................................................................27

1.7.2 Órgãos tendinosos de golgi.............................................................................28

1.7.3 Mecanorreceptores articulares..........................................................................28

1.8 CEFALÉIA TENSIONAL.......................................................................................30

1.8.1 Conceito............................................................................................................30

1.8.2 Incidência..........................................................................................................31

1.8.3 Características clínicas.....................................................................................31

1.8.4 Aspectos fisiopatológicos..................................................................................32

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1.8.5 Comportamento dos sintomas...........................................................................33

1.8.6 Fatores desencadeantes..................................................................................34

1.9 CLASSIFICAÇÃO DA CEFALÉIA TENSIONAL...................................................34

1.10 DIAGNÓSTICO..................................................................................................36

1.10.1 Diagnóstico diferencial....................................................................................37

1.11 TRATAMENTO...................................................................................................39

1.11.1 Pompage.........................................................................................................40

1.11.2 Alongamento...................................................................................................41

2 METODOLOGIA.....................................................................................................44

3 RESULTADOS........................................................................................................51

4 DISCUSSÃO...........................................................................................................54

5 CONCLUSÃO.........................................................................................................58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................59

APÊNDICE A..............................................................................................................62

APÊNDICE B..............................................................................................................64

ANEXO A....................................................................................................................66

ANEXO B....................................................................................................................68

ANEXO C...................................................................................................................70

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INTRODUÇÃO

A prevalência de pessoas que desenvolvem distúrbios osteomusculares é

cada vez mais comum entre nós. As dores no pescoço e ombros são, na sua

maioria, decorrentes de uma tensão generalizada dessa região. As tensões sofridas

no ambiente de trabalho, as posturas incorretas dos membros e da coluna vertebral,

o uso repetitivo e forçado de grupamentos musculares e articulares durante a

jornada de trabalho, e mesmo o mobiliário inadequado, constituem o que

conhecemos como mecanismos de lesão, estes acarretam uma diminuição da

flexibilidade, mobilidade, diminuição da amplitude de movimento (ADM), dor aos

movimentos e à palpação e, por conseqüência, dificuldade nas atividades de vida

diária (AVD's). (GRANDJEAN,1998)

Atualmente, a dor de cabeça é uma das queixas mais freqüentes na prática

médica e constitui um importante problema de saúde pública. Estima-se que 90% da

população podem referir algum tipo de dor de cabeça em alguma época da vida.

(SANVITO & MONZILLO, 2001)

A cefaléia do tipo tensional (CTT) consiste na variante mais comum de todos

os tipos de cefaléias, afetando grande parte da população geral. É caracterizada por

dor na cabeça, sendo esta classificada de diferentes maneiras, como latejante, em

pressão, pontadas, entre outras; e dependendo da situação pode ser intolerável.

(HOFFMANN & TEODOROSKI, 2003)

Antigamente a Cefaléia do tipo tensional (CTT) era conhecida através de

uma rica sinonímia, que incluía: cefaléia de contração muscular, cefaléia

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14psicogênica, cefaléia psicomiogênica, cefaléia comum, cefaléia não enxaquecosa,

cefaléia do estresse. (SANVITO & MONZILLO, 2001)

No organismo humano, os músculos da cabeça e pescoço parecem ser

relativamente susceptíveis ao desenvolvimento de contração muscular mantida,

enquanto os músculos de outras partes do corpo, especialmente os músculos

apendiculares, não parecem ser afetados de modo similar. Os músculos específicos

geralmente afetados nas cefaléias por contração muscular incluem os músculos

frontal, occipital, temporal, masseteres, músculos cervicais profundos e os trapézios.

(FARREL,1989)

A fisioterapia compreende uma imensa área de condutas terapêuticas para a

promoção da reabilitação, sendo que ela atua dentre outros sistemas, no sistema

músculo-esquelético. (HOFFMANN & TEODOROSKI, 2003)

A pompagem é uma técnica francesa que utiliza o tensionamento e a

educação respiratória, cujo objetivo é tratar / e ou minimizar as retrações teciduais,

que são responsáveis pelas dores permanentes ou semipermanentes, que dificultam

ou impedem uma qualidade de vida. (BIENFAIT,1999)

O alongamento consiste em minimizar os efeitos dos fusos musculares e

ativar os órgãos tendinosos de golgi, cujo objetivo é promover o relaxamento

muscular e melhora da circulação sanguínea. (ALTER, 1999)

O objetivo deste estudo foi comprovar a eficácia da fisioterapia manipulativa

no tratamento da cefaléia do tipo tensional. As técnicas utilizadas foram as

pompagens e os alongamentos, realizadas com o intuito de proporcionar o alívio da

dor apresentada pelo paciente.

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151 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2 ANÁTOMO BIOMECÂNICA DA COLUNA CERVICAL

A coluna cervical sustenta a cabeça permitindo a ela posicionamento e

movimentos precisos, ou seja, forma o esqueleto do pescoço. Possui três funções:

provê suporte e estabilidade à cabeça; suas superfícies articulares dão mobilidade à

cabeça e abriga a medula espinhal e a artéria vertebral. (CAILLIET, 2003; CALAIS-

GERMAIN, 1992; HOPPENFELD, 1999)

Segundo Kapandji (2000), a coluna cervical é constituída por duas partes

anatômica e funcionalmente diferentes: a coluna cervical superior, também

denominada suboccipital, que contém a primeira vértebra cervical ou Atlas, e a

segunda vértebra cervical ou áxis. Estas peças esqueléticas estão unidas entre si,

além do occipital, por uma complexa cadeia articular com três eixos e três graus de

liberdade. E coluna cervical inferior, que se estende do platô inferior do áxis até o

platô superior da primeira vértebra torácica.

As vértebras cervicais são todas do mesmo tipo, menos o atlas e o áxis, que

são diferentes entre si e das outras vértebras cervicais. O corpo cervical é pequeno

e a espessura dos discos é um terço da espessura dos corpos. Essas duas

características permitem uma grande mobilidade à região cervical. (CALAIS-

GERMAIN, 1992; KAPANDJI, 2000)

Segundo Kapandji (2000), as articulações da coluna cervical inferior

possuem dois tipos de movimento: por um lado, movimentos de flexão-extensão; e

por outro, movimentos mistos de inclinação-rotação.

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16De acordo com o mesmo autor, funcionalmente estes dois segmentos da

coluna cervical se completam entre si para realizar movimentos puros de rotação, de

inclinação ou de flexão-extensão da cabeça.

Vista lateralmente de C1 a C7, a coluna cervical forma uma curva

parcialmente simétrica, a lordose. Pode haver curva mais aguda no nível C5 a C7.

Acima do atlas, a cabeça no nível occiptocervical forma ângulo agudo para permitir

que a cabeça esteja em um plano horizontal. (CAILLIET, 2003)

Segundo o mesmo autor, quando analisada no plano antero-posterior, a

coluna cervical pode inclinar a cabeça levemente para um lado. Isso ocorre pela

assimetria das facetas do occipital, atlas e áxis. Observando de perfil, o alinhamento

composto de todas as quatro curvas vertebrais mostra a postura ereta do individuo.

A coluna cervical não pode ser comparada com os outros dois segmentos

raquidianos. Anatomicamente, é constituída para a proteção da medula espinhal.

Fisiologicamente, tanto na função dinâmica quanto na estática, tem uma mecânica

descendente. Na função dinâmica, seu papel é de orientação do olhar; na função

estática, de equilíbrio da cabeça. (BIENFAIT, 1997)

Essa dupla fisiologia faz com que a cervical seja a mais móvel no conjunto

vertebral. A cervical superior é controlada por uma pequena musculatura tônica

(suboccipital), e a cervical inferior pela dualidade da musculatura. Essa fisiologia

aparentemente simples é completamente perturbada pela posição ereta do homem,

toda musculatura cervical encontra-se desequilibrada pela posição bípede do

homem. (BIENFAIT, 2000)

De acordo com o mesmo autor, o músculo obedece à lei dinâmica das

forças, a tensão contrátil só pode ser exercida em um único sentido, para que seja

eficiente é necessário um ponto fixo e um ponto móvel. No quadrúpede, que fomos e

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17que de alguma forma ainda somos, a cintura escapular encontra-se apoiada no chão

pelos membros anteriores, oferecendo assim um ponto fixo para musculatura

cervical ajudando na função tônica e dinâmica. O endireitamento humano complicou

essa fisiologia, a cintura escapular não está mais em apoio, agora ela encontra-se

suspensa na base do crânio e na coluna cervical e sustenta os agora chamados

membros superiores pendulares, da mesma forma a anteriormente solidária à coluna

dorsal encontra-se agora em um falso equilíbrio anterior, suspensa na coluna

cervical. Toda musculatura cervical encontra-se assim, com dois pontos móveis, mas

nenhum ponto fixo.

Para musculatura dinâmica isso não é grave, a coordenação motora faz

com que os movimentos da cabeça sejam solidários aos do tronco e cintura

escapular, assim ela é fixada para baixo pelas cadeias motoras, todos os

movimentos cervicais originam ou acompanham movimentos do tronco. (BIENFAIT,

1997)

Para musculatura tônica o problema é grave, os mesmos músculos são destinados a

duas funções opostas, o equilíbrio da cabeça exige pontos fixos em baixo, a

suspensão escapular e torácica pontos fixos em cima, isso faz com que a musculatura

tônica cervical não tenha mais um verdadeiro ponto fixo. Por possuir uma

característica sempre tensa, o que faz parte da musculatura tônica, comprometida

com dois tipos de mobilidade, ela se retrai e se encurta, seguidamente de forma

assimétrica.(BIENFAIT,2000).

A coluna cervical sustenta a cabeça permitindo a ela posicionamento e

movimentos precisos. Todos os centros nervosos vitais estão na cabeça, permitindo

o controle da visão, o equilíbrio vestibular, da direção auditiva e dos nervos

olfatórios; essencialmente ela controla todas as funções neuromusculares

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18conscientes. A cabeça acima da coluna cervical é sustentada na posição apropriada

para permitir o movimento específico e alcançar as suas funções. (CAILLIET, 2003)

1.3 MÚSCULOS

Uma elaborada rede de músculos envolve e dá suporte à coluna espinhal.

Os músculos do pescoço, junto com os do ombro e da parte superior das costas,

trabalham em conjunto, mantendo estabilizada e alinhada a coluna cervical. Eles

também permitem movimentos finos da cabeça. (MOFFAT & VICKERY, 2002)

Os músculos são estruturas altamente responsivas que reagem a todas as

partes do sistema motor. Enquanto os próprios músculos podem ser a origem de dor

localizada, a presença de dor ou disfunção em qualquer elemento do segmento

móvel, partilhando o mesmo suprimento nervoso segmentar, causa uma resposta tal

como espasmo e/ou dor referida nos músculos que controlam o segmento.

(MIDDLEDITCH, 1998)

1.3.1 Músculos da face anterior

• Músculo longo do pescoço: é o músculo mais profundo dos pré-vertebrais,

é composto por três porções:

• Porção oblíqua superior: origem nos tubérculos anteriores dos processos

transversos da 3ª, 4ª e 5ª vértebras cervicais, e inserção no tubérculo anterior do

Atlas.

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19• Porção oblíqua inferior: origem na superfície anterior dos corpos das

primeiras 2 ou 3 vértebras torácicas, e inserção nos tubérculos anteriores dos

processos transversos da 5ª e 6ª vértebras cervicais.

• Porção vertical: origem na superfície anterior dos corpos das primeiras 3

vértebras torácicas e últimas 3 vértebras cervicais, e inserção na superfície anterior

dos corpos da 2ª, 3ª e 4ª vértebras cervicais. (KENDALL, McCREARY &

PROVANCE, 1995)

• Músculo longo da cabeça: esse músculo vai do occipital (à frente do reto

anterior) até os processos transversos de C3-C6. Sua ação: se atuar dos dois lados,

endireita a coluna cervical alta e flete um pouco a cabeça para frente; se atuar de

um lado só, tem também uma ação de inclinação lateral alta. (CALLAIS-GERMAIN,

1992)

• Músculo reto anterior da cabeça: estende-se do occipúcio até a porção

anterior da massa lateral de C1. Sua ação: flexão cervical superior. (BELL, 1999)

• Músculos supra-hióideos: digástrico, milo-hiódeo, gênio-hiódeo e estilo-

hiódeo. Para colocar esse grupo muscular em prova, deve-se instruir o paciente a

deprimir a mandíbula contra uma resistência. (KENDALL, McCREARY &

PROVANCE, 1995)

• Músculos infra-hióideos: tiro-hiódeo, esterno-hiódeo, esternotireódeo, omo-

hiódeo. Esse grupo muscular fornece fixação do osso hiódeo durante a ação dos

músculos supra-hiódeos. (KENDALL, McCREARY & PROVANCE, 1995)

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201.3.2 Músculos da região ântero-lateral e face

• Músculo escaleno anterior: origem tubérculos anteriores do 3º, 4º, 5º e 6º

processo transverso cervical, e inserção no tubérculo do músculo escaleno anterior

na 1ª costela.

• Músculo escaleno médio: origem nos tubérculos posteriores dos processos

transversos da 2ª à 7ª vértebra cervical, e inserção na face superior da primeira

costela posteriormente ao sulco da artéria subclávia.

• Músculo escaleno posterior: origem nos tubérculos posteriores dos

processos transversos da 4ª, 5ª e 6ª vértebra cervical, e inserção na borda superior

e face externa da segunda costela. (MARQUES, 2000)

De acordo com o mesmo autor, quando ocorre a contração simétrica dos

escalenos, estes realizam a flexão da coluna cervical; na contração unilateral:

inclinação e rotação da cervical para o lado oposto da contração. Os escalenos são

acessórios da inspiração e elevador da 1ª e 2ª costela.

• Músculo esternocleidomastóideo: cabeça esternal tem sua origem no

longo tendão da face ventral do esterno; e a cabeça clavicular no curto tendão do

terço esternal da clavícula; inserem-se no contorno posterior do processo mastóideo

e na metade lateral da linha nucal superior. (SOBOTTA, 1995)

As duas cabeças de origem imergem gradualmente no pescoço quando o

músculo sobe no sentido lateral e posterior. O esternocleidomastóideo realiza a

flexão da coluna cervical; inclinação lateral da cervical para o mesmo lado; rotação

da cabeça para o lado oposto; extensão capital (fibras posteriores) e eleva o esterno

na inspiração forçada. (HISLOP & MONTGOMERY, 1996)

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211.3.3 Músculos posteriores

• Músculo reto posterior maior da cabeça: origem no processo espinhoso de

C2, e inserção na parte da linha nucal inferior. Tem como função: extensão cervical

superior e extensão do pescoço. (BELL, 1999)

• Músculo reto posterior menor da cabeça: origem no arco posterior de C1, e

inserção na parte medial da linha nucal inferior. Realiza a extensão cervical superior.

(BELL, 1999)

• Músculo oblíquo superior da cabeça: origina-se na superfície do processo

transverso do atlas e insere-se entre as linhas nucais superior e inferior do osso

occipital. Realiza a extensão da cabeça sobre o atlas e a inclinação lateral para o

mesmo lado. (HISLOP & MONTGOMERY, 1996; KENDALL, McCREARY &

PROVANCE, 1995)

• Músculo oblíquo inferior da cabeça: estende-se da espinha do áxis ao

processo transverso do Atlas. Sua ação: extensão, inclinação lateral e rotação do

atlas sobre o áxis do lado da contração. (CALLAIS-GERMAIN, 1992)

• Músculo trapézio - fibras superiores: origem protuberância occipital

externa, terço medial da linha nucal superior, ligamento da nuca e processo

espinhoso da vértebra C7; e inserção terço lateral da clavícula e processo do

acrômio da escápula. Realiza a elevação da escápula e do ombro, rotação da

cabeça para o lado oposto, extensão capital e extensão cervical.

• Músculo trapézio - fibras médias: origem nos processos espinhosos da 1ª

até a 5ª vértebras torácicas, e inserção na margem medial do acrômio e lábio

superior da espinha da escápula. Sua função é realizar a abdução escapular

(retração).

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22• Músculo trapézio - fibras inferiores: origem nos processos espinhosos das

vértebras T7-T12, e inserção no tubérculo ao nível do ápice da espinha da escápula.

Realiza adução, depressão e rotação para cima da escápula. (HISLOP &

MONTGOMERY, 1996; KENDALL, McCREARY & PROVANCE, 1995)

Segundo Hislop & Montgomery (1996), juntas, fibras superiores e inferiores

realizam a rotação da escápula, orientando a cavidade glenóide para cima (o ângulo

inferior desloca-se lateralmente e para diante).

• Músculo esplênio do pescoço: origem nos processos espinhosos das

vértebras T3-T6, e inserção nos tubérculos posteriores dos processos transversos

das vértebras C1-C3. (HISLOP & MONTGOMERY, 1996)

Fonte: NETTER, F. Atlas de anatomia. Porto Alegre: Artmed, 1998.

• Músculo levantador da escápula: origem nos processos transversos de C1-

C4, e inserção na escápula (borda vertebral entre o ângulo superior e a raiz da

espinha). Tem como função: elevação e a adução da escápula, rotação escapular,

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23inclinação lateral da coluna cervical para o mesmo lado, rotação cervical para o

mesmo lado e a extensão cervical. (HISLOP & MONTGOMERY, 1996)

1.4 LIGAMENTOS

Os ligamentos, fitas rígidas de tecido fibroso, proporcionam estabilidade e

reforço unindo cada par de vértebras cervicais; vários ligamentos longos percorrem

todo o comprimento da coluna espinhal, tanto na parte anterior quanto na posterior.

(MOFFAT & VICKERY, 2002)

A ligação vértebra por vértebra é realizada pela porção ligamentar do disco

intervertebral: o anel fibroso. Este anel é constituído de fibras pouco elásticas, mas

sua disposição em camadas mecânicas cruzadas lhes dá certa plasticidade nas

compressões em torção. Nesses movimentos, a obliqüidade das fibras aumenta às

custas da altura do disco. (BIENFAIT, 1995)

Alguns ligamentos da cervical, partindo da região anterior para a posterior:

• Ligamento apical: Este ligamento é curto, espesso e liga a ponta do

processo odontóide á margem anterior do forâmen magno. (BELL, 1999)

• Ligamento transverso do atlas: Este ligamento é uma faixa espessa que

mantém o processo odontóide em sua posição e passa entre os tubérculos dos

maciços laterais do atlas, em nível mediano. O ligamento é mais espesso

centralmente, de onde algumas fibras sobem para o occipital e outras descem para o

corpo do áxis. A função principal desse ligamento é impedir o deslocamento anterior

de C1 sobre C2. (BELL, 1999; PALMER & EPLER, 2000)

• Os ligamentos longitudinais anterior e posterior: São elementos pouco

elásticos, mas que, acompanhando as curvas, adaptam-se às modificações que elas

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24sofrem, pois estes ligamentos seguem da apófise basilar do occipital ao sacro, e são

responsáveis por assegurarem a unidade do pilar anterior. (BIENFAIT, 1995)

• Os ligamentos amarelos: são constituídos predominantemente de tecido

elástico amarelo e conectam as lâminas de vértebras adjacentes. Estes ligamentos,

que são amplos e longos no nível do pescoço, permitem a flexão, porém impedem a

hiperflexão, refreando o movimento de maneira que o limite da amplitude não seja

atingido de forma abrupta. (BELL, 1999)

• O ligamento nucal: nasce na protuberância occipital externa e se estende

até o processo espinhoso de C7. Ele se liga através de fibras aos processos

espinhosos de todas as vértebras cervicais. (HOPPENFELD, 1999)

• Os ligamentos interespinhosos: são rudimentares na coluna cervical e

conectam processos espinhosos contíguos. (BELL, 1999)

1.5 FÁSCIAS

O termo fáscia é utilizado para um tipo de tecido conjuntivo fibroso

especialmente organizado para estruturas como tendões, aponeuroses e

ligamentos. A fáscia reveste, sustenta, divide, envolve, dá coesão e é parte integral

de todo aspecto da estrutura e função do tecido mole em todo o corpo, e que

representa uma única entidade estrutural, desde o interior do crânio até as solas do

pé. (BIENFAIT, 1999; CHAITOW, 2001)

Três tipos gerais de fáscias são usualmente descritas:

A fáscia superficial é uma camada frouxa, de espessura variável, infiltrada

de adipócitos intervêm entre a pele e a fáscia profunda. (BIENFAIT, 1995)

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25A fáscia profunda é a principal fáscia somática que reveste e penetra entre

as várias estruturas que formam a parede do corpo e dos membros. É um tecido

fibroso que reveste o músculo. É constituído por uma série de bandas e lâminas que

sustentam os músculos e outras estruturas individualmente em suas próprias

posições, separando-as para suas próprias funções independentes e unindo-as

como um único. É a mais extensa dos três tipos. (TANAKA, 1997)

De acordo com o mesmo autor, a fáscia subserosa recobre internamente as

cavidades do corpo, formando a lâmina fibrosa das membranas serosas que

recobrem e sustentam as vísceras e fixam a lâmina parietal da membrana serosa á

fáscia profunda da superfície interna da parede do corpo.

1.6 NERVOS CERVICAIS

Os nervos da região cervical, com a formação do plexo cervicobraquial e

dos nervos para a cabeça, desempenham papel vital na função das extremidades

superiores e estão profundamente envolvidos na produção da dor e na

incapacitação. (CAILLIET, 2003)

O mesmo autor relata que cada nervo cervical é um nervo espinal, formado

pela união das fibras nervosas motoras anteriores (ventrais) e posteriores (dorsais)

sensitivas que emergem bilateralmente a partir da substância cinzenta medular. As

duas fibras emergentes das raízes anteriores e posteriores fundem-se em um ramo

maior antes de deixar a área vertebral para funcionar como um nervo periférico. A

emergência difere na área cervical superior e segmento cervical inferior.

O nervo Occipital Maior é palpável em ambos os lados da protuberância

occipital externa na base do crânio. Caso estejam inflamados (o que em geral

Page 26: pompagem

26decorrente de traumas), os mesmos estarão espessados, sendo facilmente

palpáveis. As inflamações dos nervos occipitais maiores freqüentemente resultam

em cefaléia. (HOPPENFELD, 1999)

O nervo occipital menor, supre a pele do pescoço e o escalpo póstero-

superior à orelha. Este nervo se origina da ramificação entre os ramos anteriores de

C2 e C3. (MOORE & DALLEY, 2001)

Fonte: NETTER, F. Atlas de anatomia. Porto Alegre: Artmed, 1998.

O mesmo autor cita que o nervo auricular magno sobe diagonalmente

através do músculo esternocleidomastóideo sobre a glândula parótida, onde se

divide e supre a pele sobre a glândula, a face posterior da orelha e uma área de pele

que se estende do ângulo da mandíbula até o processo mastóide. Este nervo

também se origina da ramificação entre os ramos anteriores de C2 e C3.

Page 27: pompagem

27

1.7 RECEPTORES SENSORIAIS

Três receptores principais tem implicações para o alongamento e

manutenção da amplitude de movimento favorável. Esses receptores são os fusos

musculares, os órgãos tendinosos de Golgi (GTOs) e os mecano-receptores

articulares. (ALTER, 1999)

1.7.1 Fusos musculares

O fuso muscular é o principal órgão sensitivo do músculo e é composto de

fibras intrafusais microscópicas que ficam paralelas à fibra extrafusal. São

consideradas unidades contráteis regulares do músculo, o fuso está ligado às fibras

extrafusais, assim quando o músculo é alongado ocorre também o alongamento do

fuso. O processo de excitação do fuso muscular ocorre quando um estímulo de

alongamento é aplicado. O fuso muscular monitora a velocidade e duração do

alongamento e detecta as alterações no comprimento do músculo. As fibras do fuso

muscular são sensíveis à rapidez com a qual um músculo é alongado. (KISNER &

COLBY, 1998; ALTER, 1999)

Existem dois tipos de fusos musculares: primários e secundários. Os fusos

primários respondem tanto ao grau de alongamento muscular como ao ritmo desse

alongamento (resposta dinâmica). Os fusos secundários respondem somente ao

grau de alongamento (resposta estática). A resposta dos fusos promove a ativação

do reflexo de alongamento e inibição da elaboração de tensão no grupo dos

músculos antagonistas (inibição recíproca). (HALL, 2000)

Page 28: pompagem

28O reflexo de alongamento, também conhecido como reflexo miotático, é

decorrente da ativação dos fusos em um músculo distendido, promovendo uma

resposta rápida através de uma transmissão neural, com estimulação dos nervos

aferentes que conduzem estímulos dos fusos até a medula espinhal, os nervos

eferentes trazem de volta a resposta resultando em elaboração de tensão no

músculo. O procedimento para realização de um alongamento muscular consiste,

portanto, em minimizar os efeitos dos fusos musculares. (HALL, 2000; ALTER, 1999)

1.7.2 Órgãos tendinosos de golgi

O órgão tendinoso de golgi (OTG) localiza-se próximo à junção

músculotendínea, enrola-se nas extremidades das fibras extrafusais do músculo e é

sensível à tensão causada tanto pelo alongamento passivo quanto pela contração

muscular. (KISNER & COLBY, 1998; ALTER, 1999)

Segundo os mesmos autores, é um mecanismo de proteção que inibe a

contração do músculo respondendo através de suas conexões neurais, inibindo a

elaboração de tensão no músculo (promovendo relaxamento muscular) e não

permitindo a tensão nos músculos antagonistas. Tem um limiar muito baixo de

disparo após uma contração muscular ativa e tem um alto limiar de disparo para o

alongamento passivo.

1.7.3 Mecanorreceptores articulares

Todas as articulações sinoviais do corpo são supridas de quatro variedades

de receptores de extremidades nervosas. Esses receptores articulares sentem

Page 29: pompagem

29forças mecânicas nas articulações, tais como pressão de alongamento e distensão.

São classificados como tipo I, II, III e IV, de acordo com as características

morfológicas e comportamentais. (ALTER, 1999)

De acordo com o mesmo autor, os mecanorreceptores do tipo I consistem

de grupos de corpúsculos globulares encapsulados e são denominados de Golgi-

Mazoni; estão localizados na camada externa da cápsula articular fibrosa, são

receptores de limiar baixo e adaptação lenta, possuem várias funções como:

promoção da sensação cinestesica e postural, facilitação dos tônus muscular,

regulação da pressão articular, entre outros.

O tipo II é chamado de corpúsculo de Pacine, são representados por

corpúsculos maiores, grossamente encapsulados e cônicos. Estão localizados na

cápsula articular fibrosa, em suas camadas mais profundas e em coxins gordurosos

articulares. São conhecidos como mecanorreceptores dinâmicos ou de aceleração,

pois possuem limiar baixo e adaptação rápida. (KISNER & COLBY, 1998)

Os mecanorreceptores do tipo III são corpúsculos finamente encapsulados,

confinados aos ligamentos intrínsecos e extrínsecos de muitas articulações.

Chamados de corpúsculo de Ruffine possuem alto limiar que se adaptam

lentamente, respondendo somente a altas tensões geradas nos ligamentos

articulares, tem como função à monitoração da direção do movimento e inibição

reflexa da atividade de alguns músculos. (HALL, 2000)

Ao contrário dos mecanorreceptores, o tipo IV ou terminações nervosas

livres são desencapsulados. São encontrados nos coxins gordurosos e por toda

cápsula articular. Constituem o sistema de receptor de dor dos tecidos articulares.

Sob condições normais, esses receptores são inteiramente inativos. Contudo, eles

se tornam ativos quando os tecidos articulares que contêm esse tipo de extremidade

Page 30: pompagem

30nervosa são submetidos à acentuada deformação mecânica ou irritação química.

(ALTER, 1999)

1.8 CEFALÉIA TENSIONAL

1.8.1 Conceito

Segundo Rodrigues (2001), um dos assuntos mais controversos em cefaléia

primárias é a assim chamada cefaléia do tipo tensional (CTT). Esse termo não é

muito adequado, visto ser por demais abrangente. Poderia englobar cefaléias

provindas de numerosas causas. Contudo, na opinião dos autores, ao utilizarmos

esse termo, queremos na verdade nos referir a uma forma muito perniciosa de

cefaléia, que poderia evoluir à partir de cefaléias intermitentes ou enxaquecas, para

uma forma mais diária e duradoura, englobando o conceito de cefaléia tipo tensional.

O conceito desse tipo de cefaléia surgiu no século XIX. William Osler, nos

EUA, foi o primeiro a opinar que tais cefaléias pudessem ser devidas à contração

muscular. Referiu-se a cefalodínia como reumatismo muscular da cabeça. James

Cyriax, também americano, injetou, no início deste século, solução hipertônica nos

músculos da cabeça, levando-os a um espasmo palpável e conseqüente cefaléia.

Cinco anos mais tarde, Harold Wolff reproduziu essa experiência e postulou que

qualquer cefaléia poderia resultar em contratura muscular reflexa, na cabeça e

pescoço, e também que tensão emocional poderia resultar em contraturas

musculares, as quais resultam nas cefaléias mais comuns. Segundo Harold Wolff, as

assim chamadas cefaléias por contração muscular (sinônimo de tensional) eram

causadas pela contratura da musculatura da cabeça, levando a compressão das

Page 31: pompagem

31artérias subjacentes, resultando num processo isquêmico-doloroso. Não há duvida

que existam músculos na cabeça e no pescoço e que eles podem doer. Porém, há

sérias dúvidas se essa é a verdadeira causa da assim chamada cefaléia tensional.

(RODRIGUES, 2001)

1.8.2 Incidência

A prevalência anual da cefaléia tipo tensional (CTT) na população geral

varia de 30% a 80% e durante a vida toda alcança valores ao redor de 90%. Estudos

americanos mostram menor prevalência da CTT em negros quando comparados aos

brancos. Baixos índices também são encontrados em asiáticos e africanos, podendo

refletir diferenças genéticas e fatores de risco, ambientais ou culturais. A CTT tem

início entre os 20 e 40 anos de idade, com predomínio apenas discreto no sexo

feminino (1,3:1), diferentemente da enxaqueca cujo predomínio é evidente na

mulher. (SANVITO & MONZILLO, 2001)

1.8.3 Características clínicas

A dor da cefaléia tensional é descrita de modo variável. Mais comumente o

paciente descreve-a como uma sensação constante de pressão ao redor da cabeça,

estendendo-se para o pescoço e ombros. Esta sensação dolorosa também é

descrita como uma faixa ao redor da cabeça, ou como se a cabeça estivesse sendo

comprimida de uma certa maneira. Menos comumente, pacientes descrevem um

pescoço duro, rígido e às vezes queixam-se da presença de nódulos doloridos nos

músculos sensíveis do pescoço. (FARREL, 1989)

Page 32: pompagem

32Segundo Mars-Pryszo (2000), as cefaléias tensionais se manifestam em

capacete, como um aperto, peso ou pressão (não pulsátil), acompanhadas de

contraturas cervicais maciças ou limitadas aos esternocleidomastóideos, aos

escalenos ou aos esplênios.

A cefaléia é tipicamente bilateral na região occipital e/ou a frontotemporal.

Em alguns casos, a dor persistente é assimétrica, o que pode indicar algum

mecanismo desencadeante unilateral subjacente. A cefaléia é acompanhada por dor

persistente e tensão da musculatura suboccipital. (TROTT, 1994)

Pode inicialmente ser episódica e relacionada com o estresse recorrente,

com um ritmo quase diário. Não piora com a atividade física, porém pode apresentar

fotofobia ou fonofobia. (MENEZES, 1999)

Segundo Farrel (1989), freqüentemente se iniciam de modo insidioso no

final da tarde ou anoitecer. A cefaléia aumenta gradativamente em intensidade e

pode durar várias horas. É comum que o paciente vá deitar-se com cefaléia e acorde

na manhã seguinte livre dos sintomas. A cefaléia pode ocorrer na mesma tarde ou

podem existir intervalos entre a próxima crise. A freqüência da cefaléia varia muito

individualmente.

1.8.4 Aspectos fisiopatológicos

Os mecanismos fisiopatológicos da cefaléia tipo tensional são pouco claros

e, aparentemente, o estresse físico e/ou mental exercem um papel importante na

gênese da dor. O conceito clássico de que a contração dos músculos pericranianos

exerceria um papel importante no aparecimento da dor é hoje contestado. A

contração muscular prolongada acarretaria uma “isquemia” dos músculos cefálicos

Page 33: pompagem

33com o desencadeamento dos fenômenos álgicos. Atualmente existem fortes

evidências de que esta isquemia não ocorra, tampouco estes pacientes apresentam

obrigatoriamente uma contração muscular pericraniana em grau elevado. Tanto os

pacientes com CTT como aqueles com enxaqueca podem apresentar um certo grau

de contração muscular durante as crises, sendo este grau até mais importante nos

enxaquecosos. Do ponto de vista bioquímico, pacientes com CTT crônica

apresentam diminuição da serotonina plaquetária quando comparados a controles

normais. Observa-se também aumento do ácido gama-aminobutírico (GABA), um

neurotransmissor inibitório, que é incorporado pelas plaquetas, talvez como

conseqüência de um estado permanente de dor. No momento é questionado se a

CTT e a enxaqueca são entidades distintas, ou se a primeira assume as

características da segunda quando o nível de dor atinge uma intensidade mais forte.

Cerca de 62% de pacientes tem crises concomitantes de CTT e 25% dos que têm

CTT também apresentam crises típicas de enxaqueca. (SANVITO & MONZILLO,

2001)

1.8.5 Comportamento dos sintomas

Nos casos leves a cefaléia desenvolve-se durante ou após um estresse

identificável, embora o paciente possa não estar consciente disso. As cefaléias são

apenas ocasionais e duram por curtos períodos. Melhoram com o repouso e

analgésicos. (TROTT,1994)

De acordo com o mesmo autor, nos casos mais avançados e graves, as

cefaléias podem surgir pela antecipação de uma situação de muito trabalho e muita

tensão. Esses indivíduos freqüentemente acordam com uma cefaléia que dura o dia

Page 34: pompagem

34todo. O repouso não a alivia mais, mas os analgésicos sim. Os pacientes descrevem

que suas cefaléias estão presentes quando eles acordam, melhorando ligeiramente

durante o dia, mas ficando grave novamente no começo da noite. A dor é agravada

pela atividade febril e pelo barulho.

Sintomas associados, tais como náusea e vômito geralmente não são

ouvidos na evolução precoce da cefaléia por tensão muscular, mas depois que a

cefaléia está presente por várias horas ou dias e tornou-se mais severa, alguns

pacientes desenvolvem náusea, que pode ser seguida de vômito. (FARREL,1989)

1.8.6 Fatores desencadeantes

Segundo Farrel (1989), fatores psicogênicos tais como stress, ansiedade e

depressão desempenham um papel importante na causa desta forma de cefaléia. Os

pacientes freqüentemente reconhecem o “stress emocional” como agente iniciante

para a cefaléia e relatam eventos no trabalho ou em casa que podem ter

desencadeado estas cefaléias.

1.9 CLASSIFICAÇÃO DA CEFALÉIA TENSIONAL

Na classificação atual considera-se dois principais tipos, baseados na

freqüência e duração das crises: episódica e crônica. (MENEZES,1999)

A cefaléia do tipo tensional episódica (CTTE), apresenta como critérios de

ocorrência 10 ataques de dor em menos de 15 dias por mês, com duração que varia

de 30 minutos a 7 dias, sensação de pressão ou aperto com intensidade de leve a

Page 35: pompagem

35moderado, localizando-se bilateralmente. (GEJER, 2001; KRYMCHANTOWSKI,

2002)

Segundo Rodrigues (2001), não ocorre agravamento da CTTE por atividade

física rotineira. Náusea ou vômitos, assim como fotofobia ou fonofobia, não estão

presentes, ou apenas um deles podem se manifestar associado à dor de cabeça.

Menos de 10% dos pacientes podem apresentar dor pulsátil e até 2% podem referir

dor unilateral, sempre, entretanto, com intensidade leve e não agravada por esforços

físicos rotineiros.

Segundo o mesmo autor, a sua prevalência situa-se em 90% das mulheres

e em 67% dos homens durante a vida, sendo que a maioria dos pacientes com esse

tipo de cefaléia não procura ajuda médica e utiliza analgésicos e drogas para outros

tipos de cefaléia , como a enxaqueca, através da automedicação. A CTTE é mais

comum em mulheres do que em homens, atingindo a proporção de 1,4 mulher pra

cada homem, em caucasianos e em indivíduos de melhor nível educacional.

O mesmo autor relata que o pico de sua prevalência é na quarta década de

vida, com maior incidência geral entre os 20 e os 50 anos de idade. Cerca de 35%

dos pacientes têm de um a sete dias de dor por ano, 60% têm de oito a 179 dias

anuais e 3% têm mais de 180 dias de cefaléia por ano (configurando a forma

crônica).

Na cefaléia do tipo tensional crônica (CTTC), a dor de cabeça assume um

caráter praticamente diário, com um ritmo de pelo menos mais de 15 dias por mês,

por um período não inferior a seis meses. As crises tem pouca variação na

intensidade no decorrer do dia. (SANVITO & MONZILLO, 2001)

Segundo Bacheschi (1991), a forma crônica é caracterizada por cefaléia

diária, ou mesmo cefaléia contínua, em que o paciente refere momentos de acalmia,

Page 36: pompagem

36mas sem que a dor desapareça totalmente. Esta forma é mais comum após os 30

anos, com predominância no sexo feminino e difícil controle terapêutico. Geralmente

a cefaléia, nesses casos, é apenas um dos sintomas de um estado depressivo.

Os pacientes com CTTC são freqüentemente acometidos por distúrbios

emocionais, como depressão, ansiedade ou nervosismo, e por distúrbios do sono,

como insônia e sono interrompido, não sendo incomum o uso abusivo de

medicamentos sintomáticos, muitas vezes prescritos até por médicos

desinformados. (RODRIGUES, 2001)

Tonturas, e dificuldade de concentração podem ser relatadas pelos

pacientes. Relaxamento físico e psíquico e ingestão de bebidas alcoólicas são

fatores de melhoria dessa modalidade de cefaléia. (SILVA, 2003)

As cefaléias do tipo tensional episódica e crônica podem ser separadas por

subgrupos associadas ou não a distúrbios dos músculos pericranianos. Em geral a

cefaléia do tipo tensional resulta de uma contração dos músculos do pescoço e do

couro cabeludo. (GEJER, 2001; KRYMCHANTOWSKI, 2002)

1.10 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da cefaléia do tipo tensional (CTT) é fundamentalmente

clínico, baseado numa correta anamnese. Exames complementares serão

eventualmente necessários, quando sintomas ou achados do exame sugerirem

alguma patologia associada. (BACHESCHI, 1991)

Segundo o Comitê de classificação das cefaléias da Sociedade

Internacional de Cefaléia (1997), alguns critérios devem ser respeitados para se

definir o diagnóstico de CTT episódica. O paciente deve apresentar no mínimo 10

Page 37: pompagem

37crises de cefaléia, e o número de dias com essa cefaléia deve ser menor ou igual

180 dias/ano (menos de 15 dias/mês). A dor deve durar de 30 minutos a sete dias e

incluir, pelo menos, duas das seguintes características: caráter em aperto, peso ou

pressão e não-pulsátil; intensidade fraca ou moderada (podendo limitar mas não

impede atividades); localização bilateral; não é agravada por subir escadas ou por

atividades similares físicas de rotina; ausência de náusea e vômitos (anorexia pode

ocorrer); habitualmente ausência de foto e fonofobia, ou apenas um destes sintomas

está presente.

Na forma crônica a dor assume um caráter praticamente diário, com um

ritmo de pelo menos mais de 15 dias/mês, por um período não inferior a seis meses.

As crises têm pouca variação na intensidade no transcorrer do dia. (SANVITO &

MONZILLO, 2001)

1.10.1 Diagnóstico diferencial

O médico que lida com cefaléias no seu dia-a-dia enfrenta o problema do

diagnóstico diferencial. Porém, uma anamnese bem conduzida é de grande valia no

diagnóstico diferencial entre a CTT e as cefaléias secundárias, que se expressam

com quadro álgico superponível. (SANVITO & MONZILLO, 2001)

Segundo Farrel (1989), a importância de uma boa história clínica pode ser

vista com o problema ao se tentar distinguir entre os dois tipos mais comuns de

cefaléia: a enxaqueca e a cefaléia do tipo tensional. Ambos os tipos possuem

sintomas em comum, porem é a seqüência na qual os sintomas aparecem na

evolução de uma cefaléia individual que permite a distinção entre elas.

Page 38: pompagem

38O Comitê de classificação das cefaléias da Sociedade Internacional de

Cefaléia (1997), descreve a migrânea sem aura (enxaqueca comum ou enxaqueca

simples) da seguinte forma: dor de cabeça idiopática, recorrente, manifestando-se

por crises com duração de 4-72 horas. Características típicas desta cefaléia são a

localização unilateral, qualidade pulsátil, intensidade moderada ou severa,

agravação por atividades físicas rotineiras e associação com náuseas, foto ou

fonofobia.

Bacheschi (1991), relata que um dos aspectos mais importantes para

distinguir a cefaléia tipo tensional (CTT) da enxaqueca é a inexistência de

fenômenos associados. E também, mesmo quando a intensidade da dor na CTT é

grande a pessoa não necessita afastar-se de seus afazeres, enquanto que na

enxaqueca a dor é incapacitante.

A cefaléia em salvas também pode ser diferenciada da CTT através de seus

sintomas descrito pelo Comitê de classificação das cefaléias da Sociedade

Internacional de Cefaléia (1997), da seguinte forma: crises de dor intensa,

estritamente unilateral, orbitrária, supraorbitrária e/ou temporal, durando 15-180

minutos e ocorrendo de uma a cada 2 dias ou até 8 vezes ao dia. São associados a

um ou mais dos seguintes: hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal,

rinorréia, sudorese da face e fronte, miose, ptose, edema palpebral. As crises

ocorrem em séries com duração de semanas ou meses (os assim chamados

períodos de salva), separados por períodos de remissões usualmente durando

meses ou anos.

Ao contrário da enxaqueca, a cefaléia em salvas predomina no sexo

masculino na proporção de 9 homens para 1 mulher. (GALVÃO, 2001)

Page 39: pompagem

391.11 TRATAMENTO

Os tratamentos medicamentosos propostos são variados. No entanto,

poucos deles demonstram real eficiência no controle da dor com uma boa qualidade

de vida para o paciente. A maioria dos pacientes fazem automedicação, não

procurando ajuda médica. (RODRIGUES, 2001)

Segundo o mesmo autor, os pacientes com CTTC são difíceis de tratar, de

seguir um tratamento médico em virtude da baixa intensidade da dor; seu caráter

muitas vezes contínuo e a presença de aspectos fisiológicos; psicológicas ; rotina

de trabalho diário (posição viciosa no trabalho); stress concomitante ao quadro;

tentando o paciente mesmo concordar e conformar-se de que está realmente

passando por uma situação difícil (o que não é incomum no mundo atual), e que

senão esses não procurariam ajuda médica.

Segundo Rodrigues (2001), tratamentos não-medicamentosos também são

preconizados para a CTT. Abordagens fisioterápicas, como acessórias ao

tratamento medicamentoso, visando alongar e relaxar os músculos do segmento

cefálico, são úteis, desde que indicado por médico atualizado.

Calais-Germain (1992), cita uma série de alongamentos que certamente

podem ajudar a melhora do quadro doloroso. Assim como Moffat & Vickery (2002),

afirmam que uma maneira de aliviar o desconforto é a realização de alguns

exercícios de alongamento, que irão devolver aos músculos cansados ou dolorosos

um pouco de sua elasticidade e fluxo sanguíneo.

Para o presente trabalho foi utilizado as técnicas de pompage e

alongamentos passivos no tratamento do paciente portador de cefaléia do tipo

tensional.

Page 40: pompagem

401.11.1 Pompage

A pompage é uma técnica francesa que tem como um de seus objetivos

tratar e/ou minimizar retrações. As retrações são responsáveis por estase tecidual,

pois impedem a mobilização da fáscia. A tentativa do retorno do deslizamento fascial

é um dos objetivos dessa técnica. As retrações são responsáveis pelas dores

permanentes ou semipermenentes, que dificultam ou impedem uma qualidade de

vida. Essa dor se deve ao tecido conjuntivo fibroso, que não é apenas um tecido

mecânico de ligação, mas sim, um imenso receptor sensitivo (Órgão Tendinoso de

Golgi, Receptores de Paccini e Ruffini, etc.). Esse tecido engloba milhares de

receptores de tensão que reagem à mínima tensão e permitem uma propriocepção.

As retrações transmitem tensões à distância através de todo esse tecido fibroso,

hiperativam os receptores de tensão e os transformam rapidamente em dolorosos.

(BIENFAIT, 1999)

Segundo o mesmo autor, a pompage apresenta como técnica o

tensionamento e a educação respiratória. A tensão terapêutica respeita o limite da

elasticidade do tecido, sem ultrapassá-la. Ela permanece em um estado fisiológico

normal que obriga o tecido, cuja tendência é o retorno a seu ponto neutro de tensão,

a vencer as barreiras que impedem seu retorno. Nessas tensões terapêuticas, há um

limite que deve ser atingido, mas não ultrapassado.

Ainda o mesmo autor cita que para combater as retrações ligeiras e as

contraturas musculares, os tensionamentos são lentos, progressivos e mantidos, por

aproximadamente vinte segundos, para se obter a desembricação de actina dos

filamentos de miosina nos sarcômeros. Isso é realizado através das técnicas de

pompagens.

Page 41: pompagem

41Todas as manobras da pompage utilizam um relaxamento após um

tensionamento. Este tensionamento provoca um deslizamento das miofibrilas de

actina no sentido de alongamento. Este deve ser lento, regular e progressivo, não

ultrapassando a elasticidade fisiológica dos tecidos. (BIENFAIT, 1995)

Um dos objetivos dessas técnicas é à busca da inibição muscular, através

de uma educação respiratória. Para isso, todo o trabalho de tensionamento é

acompanhado de expirações, conscientes e dirigidas. A inspiração é a fase ativa do

ciclo respiratório. A expiração é uma fase passiva de relaxamento, executando a

detorção das cartilagens costais e a tensão de pequenos músculos transversos do

tórax. (BIENFAIT, 1999)

1.11.2 Alongamento

Os músculos precisam ser longos o bastante para permitirem a mobilidade

normal nas articulações e ser curto o suficiente para contribuir com eficiência na

estabilidade articular. (ALTER, 1999)

Um alongamento eficiente alcança o comprimento do tecido mais longo. A

resposta contrátil ao alongamento deve ser evitada porque isto poderia resultar em

encurtamento reativo do tecido que está sendo alongado, particularmente quando

aplicado o alongamento muscular. A velocidade excessiva do encurtamento evoca

resposta contrátil. Dessa forma, o conceito de segurar um alongamento prolongado

suave deve ser claramente comunicado ao paciente. (SHANKAR, 2002)

Quando a amplitude de movimento é limitada por músculos retraídos,

devemos realizar exercícios de alongamentos leves e graduais, provocando

desconforto sem provocar dor. O músculo é colocado em alongamento até o ponto

Page 42: pompagem

42de não sentir a dor de retesamento e é mantido neste ponto. (ALTER, 1999;

SHANKAR, 2002)

Existem três métodos básicos para realizar alongamentos: alongamento

passivo aplicado manualmente ou mecanicamente, inibição ativa e auto-

alongamento. Neste trabalho foi utilizado o método passivo, como o próprio nome já

diz, este alongamento não envolve trabalho por parte do indivíduo. Ele relaxa

enquanto outra pessoa movimenta o membro em determinada amplitude de

movimento. O terapeuta aplica uma força extrema e controla a direção, velocidade,

intensidade e duração do alongamento dos tecidos moles, os quais serão alongados

além se seu comprimento de repouso. (KISNER & COLBY, 1998; HILLMAN, 2002)

O alongamento passivo leva as estruturas além da amplitude de movimento

livre. O paciente deve estar o mais relaxado possível durante o alongamento

passivo. A força de alongamento é geralmente aplicada por não menos de 6

segundos, mas preferivelmente por 15 a 30 segundos e repetida várias vezes em

uma mesma sessão. (KISNER & COLBY, 1998)

Segundo Alter (1999), Bowers & Fox (1991) e Fernandes et. al (2002),

quando uma pessoa realiza exercícios de alongamento, os possíveis benefícios são

ilimitados, entre eles:

• Eliminam e/ou reduzem os encurtamentos do sistema muscular;

• Evita o encurtamento músculo-tendíneo;

• Eliminam ou reduzem nódulos musculares;

• Aumenta e/ou mantém a flexibilidade;

• Diminuem os riscos de lesões músculos-articulares;

• Aumenta a distância e o tempo sobre o qual a força é desenvolvida;

• Aumenta o relaxamento muscular e melhora a circulação sangüínea;

Page 43: pompagem

43• Melhora a coordenação, evita esforços adicionais no trabalho e no

desporto

• Reduz a resistência tensiva muscular antagonista e aproveita mais

economicamente a força dos músculos agonistas;

• Libera a rigidez e possibilidade de melhorar a forma e simetria muscular;

• Melhora as posturas estáticas e dinâmicas;

• Melhora problemas posturais que alteram o centro de gravidade

provocando adaptação muscular.

Page 44: pompagem

442 METODOLOGIA

A paciente que se enquadrou nos critérios para a realização deste estudo

tem 25 anos, do sexo feminino, casada, profissão vendedora autônoma. Paciente

veio com diagnóstico clínico de cefaléia tensional, e recebeu tratamento através de

alongamentos passivos e pompagens.

A pesquisa foi caracterizada do tipo experimental, sendo um estudo de caso

com uma paciente portadora deste tipo de cefaléia.

Os critérios de exclusão deste estudo foram: indivíduo não se enquadrar na

faixa etária de 20 a 40 anos; fazer uso de medicamentos profiláticos ou de controle

de crises para cefaléia; realização de atividade física, academia ou algum tipo de

alongamento que pudessem interferir no resultado da pesquisa.

A paciente foi submetida a uma avaliação inicial do tipo estruturada aberta

(APÊNDICE A), composta de itens como: idade, sexo, tempo de queixa, modo de

instalação, duração da dor, localização, caráter, periodicidade, manifestações

associadas, como sugere Sanvito & Monzillo (2001), intensidade, freqüência, fatores

de desencadeamento, fatores de piora, história familiar de cefaléia, correlação com o

sono, profissão, segundo Galvão (2001).

Também foi questionado quanto à realização de exames complementares

(RX crânio, tomografia computadorizada, eletroencefalograma), traumas na região

craniana (acidentes automobilísticos, quedas durante a infância, parto com

compressão de cabeça ou sofrimento fetal) e quanto a frequência da dor de cabeça

nas últimas 24 horas, na última semana e no último mês.

Page 45: pompagem

45No último atendimento foi realizado uma avaliação final, na qual a paciente foi

questionada sobre alguns pontos da avaliação inicial, entre eles: freqüência da dor,

intensidade e duração.

Após dez dias do término do tratamento, a paciente novamente foi

questionada quanto aos itens da avaliação final.

Além da avaliação, foi aplicado um questionário de qualidade de vida

(ANEXO A), utilizado pelo centro de dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo, segundo Teixeira & Pimenta (2001). Esse

questionário foi respondido no início e final do tratamento.

Outro meio de avaliação que foi utilizado durante todo o tratamento, para

mensurar a intensidade da dor foi à escala visual analógica, sendo utilizada antes e

após cada atendimento, segundo Teixeira & Pimenta (2001) (ANEXO B), onde zero

correspondia à inexistência da dor e dez a máxima dor possível.

A paciente, através de uma autorização (APÊNDICE B), consentiu com o

tratamento e publicação dos dados obtidos neste estudo.

As técnicas de pompagens e alongamentos que foram utilizadas para o

tratamento do paciente são descritas a seguir:

Foto 01 - Pompage do esternocleidomastóideo

Paciente em decúbito dorsal com a cabeça em rotação para o lado oposto

ao esternocleidomastóideo a ser tratado; terapeuta sentado à cabeceira do paciente

com a mão do lado do músculo a ser tratado prendendo a base do crânio e a outra

mão apoiada sobre o esterno. O tensionamento é obtido por uma pressão para baixo

da mão esternal que acompanha a expiração do paciente. O retorno é lento,

respeitando o ritmo da pompagem. (BIENFAIT, 1997)

Page 46: pompagem

46

Fonte: Da autora

Foto 02 - Pompage do pescoço

O terapeuta toma contato com a região nucal do paciente, “abraçando” o

pescoço. Realiza-se uma tração da região cervical até a base do crânio. Mantém-se a

tração, enquanto que a mão oposta inicia o mesmo movimento. (BIENFAIT, 1995)

Fonte: Da autora

Foto 03 - Pompage dos escalenos

Paciente em decúbito dorsal. O terapeuta coloca a mão oposta ao escaleno a

ser tratado na base do crânio, segurando a cabeça do paciente afastada da maca e

rodada para o lado oposto ao escaleno a ser tratado. Apóia com sua região

Page 47: pompagem

47calcânea da outra mão na primeira costela, abaixo da clavícula. O tensionamento é

obtido pela tração das mãos, durante a expiração do paciente. (BIENFAIT, 1997)

Fonte: Da autora

Foto 04 - Pompage do occipital

Paciente em decúbito dorsal. O terapeuta coloca as duas palmas das mãos

em contato pelo seu bordo cubital, sob o occipital. As extremidades dos dedos

dirigidas para os pés vêm em encontro com C1. Sobre o ritmo de três segundos

exercem uma tensão sobre o occipital, para o mesmo. Depois relaxa por três

segundos. (CHAITOW, 2001)

Fonte: Da autora

Page 48: pompagem

48Foto 05 - Pompage do trapézio

Paciente em decúbito dorsal, terapeuta sentado à cabeceira do paciente.

Com sua mão oposta ao trapézio a ser tratado, prende a base do crânio, a outra

mão apóia sobre o ombro correspondente ao músculo a ser tratado. O

tensionamento é obtido pelo afastamento das duas mãos. (BIENFAIT, 1997)

Fonte: Da autora

Foto 06 - Alongamento dos escalenos

O terapeuta fixa o ombro do paciente com uma das mãos do lado a ser

tratado, enquanto a outra sustenta a cabeça. A cabeça do paciente deve estar em

rotação para o mesmo lado do ombro que está fixo. A técnica é executada por uma

elevação da cabeça diagonalmente para o lado oposto. (SALGADO, 2004)

Foto 07 - Alongamento do trapézio em flexão lateral

O terapeuta se coloca atrás da cabeça do paciente que está em decúbito

dorsal. Uma mão mantém o ombro do paciente, a outra mão está colocada sob o

occipital e a nuca. Imprime-se a coluna cervical uma flexão associada a uma

lateroflexão do lado oposto a ser tratado. O terapeuta realiza um movimento de

estiramento em lateroflexão rítmico e lento, com o objetivo de relaxar o músculo.

(RICARD & SALLÉ, 2002)

Page 49: pompagem

49

Fonte: Da autora

Fonte: Da autora

Foto 08 - Alongamento dos músculos occipitais

O terapeuta coloca a ponta de seu dedo maior de uma das mãos junto com a

ponta do dedo maior da outra mão e faz o mesmo com os dedos anelares. Estes

dedos são colocados entre o occipital e o processo espinhoso de C2. A técnica é

realizada pelo afastamento entre os anelares e dedos maiores. (SALGADO, 2004)

Foto 09 - Alongamento dos extensores da cabeça

Paciente em decúbito dorsal, terapeuta cruza seus braços atrás da cabeça do

paciente, colocando suas mãos no ombro do mesmo. A técnica é realizada pela

Page 50: pompagem

50elevação da cabeça do paciente pelos antebraços do terapeuta. A volta deve ser

totalmente passiva. (SALGADO, 2004)

O tratamento foi realizado três vezes por semana, equivalendo-se a dez

atendimentos. Cada atendimento foi de cinqüenta minutos, sendo realizada no final

da tarde. Cada técnica foi repetida três vezes e mantida por trinta segundos. O local

escolhido para a realização do tratamento foi a Clínica de Fisioterapia da FAG

(ANEXO C), onde foi utilizado: um consultório com pia, sabonete líquido, toalha

papel, uma maca elétrica, um banco com rodas sem encosto, uma mesa com duas

cadeiras e temperatura ambiente.

Fonte: Da autora

Fonte: Da autora

Page 51: pompagem

513 RESULTADOS

Serão apresentados os resultados após dez (10) atendimentos e após dez

(10) dias do final dos atendimentos.

No questionário de qualidade de vida aplicado no primeiro atendimento

encontrava-se: parcialmente comprometido o sono, o apetite, os hábitos intestinais e

a concentração, e totalmente comprometido estava o humor. Sem alterações

encontrava-se a deambulação, atividades domiciliares, trabalho, higiene pessoal,

relacionamento interpessoal, atividade sexual e lazer. No décimo atendimento

passaram para o item sem alteração: o sono, o apetite, os hábitos intestinais, além

daqueles que já faziam parte deste item antes, permaneceram inalterados a

concentração e o humor.

Na avaliação inicial foi verificado através da palpação a presença de

contratura e dor nos músculos esternocleideomastóideo, trapézio, escalenos,

suboccipitais sendo de maior intensidade do lado esquerdo, no último atendimento

percebeu-se melhora durante a palpação nas contraturas e dores referidas.

No primeiro atendimento a paciente apresentava uma freqüência de dor

diária (30 dias/mês), no décimo atendimento as dores passaram a ser no período da

tarde, sendo que permaneceu um dia sem dor, após dez dias do último atendimento a

dor manteve-se no período da tarde, onde teve um intervalo de dois dias sem dor.

Quanto a duração da dor, no primeiro atendimento eram de doze horas

diárias, no décimo atendimento diminuíram para seis horas, e dez dias após o

término dos atendimentos diminuíram para quatro horas. No primeiro atendimento a

intensidade da dor era de moderada a grave, no décimo atendimento passou a ser

de moderado a leve, e após dez dias do último atendimento passou a ser leve.

Page 52: pompagem

52Analisando o gráfico 1 através da escala visual analógica de dor (EVA) pode

ser verificado a intensidade da dor no início e final dos dez atendimentos, onde a

paciente no início do primeiro atendimento apresentou grau sete e no final foi para

grau quatro. No segundo atendimento sua dor aumentou para grau oito e no final foi

para grau cinco. No terceiro atendimento houve uma melhora da dor, no início foi

grau cinco e no final grau três. No quarto e quinto atendimento houve uma piora na

dor onde apresentou no início grau dez (máxima dor) e no final grau cinco e seis. No

sexto atendimento apresentou melhora na dor pois no início foi de sete e final de

quatro. No sétimo atendimento, no início apresentou grau oito e no final grau quatro.

No oitavo, nono e décimo atendimento observa-se melhora da dor tanto no início

quanto no final. A média da dor dos dez atendimentos iniciais foi de seis vírgula

oitenta (6,80) na EVA, tendo uma variação em torno dessa média (desvio padrão),

de dois vírgula vinte e cinco (2,25), já no final dos atendimentos a média da EVA foi

de três vírgula cinqüenta (3,50) com uma variação em torno dessa média (desvio

padrão) de um vírgula setenta e cinco (1,75).

No gráfico 2 pode ser observado a variação do percentual da EVA de dor

entre o início e o final de cada atendimento. Pode-se constatar que houve uma

variação em média de 49% de melhora da dor, inicial e final dos dez atendimentos.

Sendo que nos sete primeiros atendimentos o percentual de melhora ficou entre

38% à 50%, já no oitavo atendimento aumentou para 60%, e nono e décimo

atendimento o percentual subiu para 75%, mostrando uma diminuição maior da dor.

Comparando a variação do percentual do primeiro atendimento com o nono e

décimo atendimento houve uma redução de 31% a mais na dor.

Page 53: pompagem

53Gráfico 1 – Escala visual analógica de dor inicial e final do primeiro ao décimo

atendimento

Gráfico 2 – Variação do percentual da escala visual analógica de dor entre o início eo final de cada atendimento

43%38% 40%

50%

40%43%

50%

60%

75% 75%

17.11.2004 19.11.2004 22.11.2004 24.11.2004 26.11.2004 29.11.2004 01.12.2004 03.12.2004 06.12.2004 08.12.2004

Data

7

8

5

10 10

7

8

5

4 44

5

3

5

6

4 4

2

1 1

17.11.2004 19.11.2004 22.11.2004 24.11.2004 26.11.2004 29.11.2004 01.12.2004 03.12.2004 06.12.2004 08.12.2004

Data

Esc

ala

visu

alan

alóg

ica

de

dor

Inicial Final

Média Inicial 6,80Desvio Padrão Inicial2,25

Média Final 3,50Desvio Padrão Final1,75

Page 54: pompagem

544 DISCUSSÃO

A paciente ao ser avaliada (primeiro atendimento) confirmou-se ser portadora

de CTT crônica, devido as seguintes características: apresenta mais de 15 episódios

de dor por mês, sentida como aperto e/ou pressão na cabeça, na região

frontotemporal bilateral e occipital, presente a mais ou menos cinco anos, onde a

paciente acorda com dor sendo agravada no final da tarde. Confirmando Sanvito &

Monzillo (2001), quando diz que a CTT crônica assume um caráter praticamente

diário, com um ritmo de pelo menos mais de 15 dias por mês, por um período não

inferior a seis meses. Segundo Bacheschi (1991), o paciente refere momentos de

acalmia, mas sem que a dor desapareça totalmente. Ainda Trott (1994), a cefaléia é

tipicamente bilateral na região occipital e /ou frontotemporal. Acompanhada por dor

persistente e tensão da musculatura suboccipital.

Segundo Mars-Pryszo (2000), as cefaléias tensionais se manifestam em

capacete, como aperto, peso ou pressão. Acompanhadas de contraturas cervicais

maciças ou limitadas aos esternocleidomastóideos, aos escalenos ou aos esplênios.

O que pôde ser verificado neste estudo na avaliação inicial através da palpação

onde foi encontrada a presença de espasmo e dor nos músculos

esternocleidomastóideo, trapézios, escalenos, suboccipital, sendo de maior

intensidade do lado esquerdo, no décimo atendimento houve melhora durante a

palpação nas contraturas e dores referidas, onde foi confirmado pela paciente, que

relatou ter desaparecido as dores que eram constantes na região cervical antes do

tratamento.

Segundo Bienfait (1999), o deslizamento dos tecidos uns em relação aos

outros promovem a circulação dos fluídos favorecendo para que não haja êxtase

Page 55: pompagem

55sangüínea, nutrindo assim os tecidos que estão sendo tencionados, proporcionando

o relaxamento muscular. Foi através desse relaxamento, obtido pelas técnicas

empregadas, que provavelmente levou a melhora da dor e das contraturas, e

conseqüente a melhora da qualidade de vida da paciente.

A paciente é vendedora autônoma e refere que o aspecto emocional possui

muita influência em sua cefaléia e relata que quando está mais nervosa a dor ocorre

com maior freqüência, maior duração e com intensidade aumentada. Chaitow

(2001), afirma que perturbações emocionais podem causar aumento do tônus

muscular, devido ao uso excessivo ou inadequado ou abuso das estruturas

musculoesqueléticas.

Foram utilizadas as técnicas de alongamentos e pompagens, e os dados

referentes ao quadro álgico foram coletadas de forma subjetiva através da EVA.

Knigth (2000), evidência que a dor nunca foi objetivamente definida e nem medida

de modo adequado. Também menciona que as escalas numéricas são usadas para

quantificar a intensidade da dor, consistindo em uma lista de números, de um a dez

e de palavras associadas para indicar vários níveis de intensidade de dor que variam

de nenhuma a máxima. A mesma é apresentada ao paciente no início e final de

cada sessão e o portador refere a intensidade da dor que está sentindo naquele

momento.

O gráfico 1 demonstra que a paciente apresentou uma média de dor inicial

dos dez atendimentos de seis vírgula oitenta (6,80) na EVA e ao final dos

atendimentos melhorou ficando em três vírgula cinqüenta (3,50). Houve uma

variação da média dos atendimentos iniciais de dois vírgula vinte e cinco (2,25) já

nos atendimentos finais esta variação diminuiu para um vírgula setenta e cinco

(1,75), sendo assim verificou-se uma redução da dor entre o início e o final dos

Page 56: pompagem

56atendimentos e uma melhora na média, demonstrando assim que a técnica foi

eficiente, levando a melhora da dor da paciente.

No quarto e quinto atendimento observou-se na EVA uma intensidade dez,

ou seja, máxima dor, o que pode ser explicado por Sanvito & Monzillo (2001), que

afirmam que muitos fatores podem desencadear uma crise de cefaléia: estresse

emocional, determinados alimentos e bebidas alcoólicas, odores fortes e o período

menstrual. A paciente estava no período menstrual, isto justifica o aumento da

intensidade da dor no quarto e quinto atendimento. A partir do sexto atendimento a

paciente apresentou melhora da dor.

O gráfico 2 mostra a variação do percentual de melhora da dor inicial e final

dos dez atendimentos, o qual demonstrou que a técnica foi eficiente devido haver

uma melhora em média de 49% no quadro da dor. Comparando a variação do

percentual do primeiro atendimento com o nono e décimo atendimento houve uma

redução de 31% a mais da dor, mostrando que a técnica é progressiva na melhora

da dor.

Hoffmann & Teodoroski (2003), utilizaram a técnica da pompagem na CTT e

uma das análises que utilizaram foi a EVA, onde obteve melhora da dor a partir do

terceiro atendimento, como a utilizada neste estudo, que também promoveu melhora

da dor a partir do sexto atendimento, demonstrando que a técnica utilizada foi

eficiente. Segundo Farrel (1989), a cefaléia varia muito individualmente. Explicando

assim a diferença nos dias para se obter a melhora da dor.

Também foi confirmado a eficiência da técnica pela paciente quando referiu

melhora das dores de cabeça, das dores em região cervical, da melhora na

qualidade do sono, da melhora dos hábitos intestinais e do apetite, após os dez

Page 57: pompagem

57atendimentos, demonstrando que houve melhora na qualidade de vida desta

paciente.

Giona (2003), em seu Trabalho de Conclusão de Curso empregou técnicas

da terapia manual, dentre elas estava a pompagem e os alongamentos, como as

utilizadas neste estudo, que foi realizada em oito pacientes portadores de CTT, onde

todos apresentaram melhora da dor na EVA. Este mesmo resultado foi obtido neste

estudo de caso, demonstrando que as técnicas utilizadas são eficientes na melhora

da dor.

Segundo Fenichel (1995), a dor na CTT é aliviada por repouso ou

relaxamento e também responde à aspirina ou acetaminofem. Mas como todo

medicamento, pode levar a efeitos colaterais no organismo. Com as técnicas de

pompagem e alongamentos foi possível levar a melhora da dor, porém sem efeitos

colaterais, demonstrando ser um tratamento mais saudável e seguro, quando

comparado às drogas.

Page 58: pompagem

585 CONCLUSÃO

A cefaléia do tipo tensional é considerada a variante mais comum de todos os

tipos de cefaléia. E os portadores desta patologia raramente buscam auxílio médico

ou fisioterapêutico, optam pela auto medicação, muitas vezes realizada de forma

errônea que acaba agravando o quadro.

Pode se concluir que as técnicas empregadas promoveram a diminuição da

dor em todos os seus aspectos, como na intensidade, na duração e na freqüência.

Ocorrendo assim uma melhora significativa na qualidade de vida da portadora de

cefaléia do tipo tensional.

Para que isso ocorra com os pacientes portadores de CTT é necessário que

haja interdisciplinaridade entre os profissionais da área de saúde para obter maiores

informações em relação as atuações que a fisioterapia pode promover à várias

patologias.

E espera-se que este trabalho possa despertar interesse para a realização

de novas pesquisas que possam contribuir para a melhora na qualidade de vida dos

pacientes. Como sugestão: Utilizar um maior número de voluntários para

comparação de resultados; Comparar a melhora da dor em um grupo tratado através

de drogas abortivas, e outro tratado com técnicas da terapia manual.

Page 59: pompagem

59REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 62: pompagem

62

APÊNDICE A – AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

Page 63: pompagem

63AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

Nome:Data de nascimento:Sexo:Profissão:Fone:Data da avaliação:ANAMNESE:Tempo de queixa:Modo de instalação:Duração da dor:Localização:Caráter:Intensidade:Freqüência:Periodicidade:Manifestações associadas:Fatores de piora:Fatores de melhora:Fatores desencadeantes:Patologias associadas:Uso de medicamento:História familiar:Hábitos de vida:Alimentação:Sono:Afeta o social:Freqüência nas últimas 24 horas:

Última semana:Último mês:

Exames complementares:Outros dados:EXAME FÍSICO:

Palpação:

Músculo trapézio:Músculo esternocleidomastóideo:Músculos esplêniosMúsculos suboccipitais:Músculos escalenos:

Page 64: pompagem

64

APÊNDICE B – AUTORIZAÇÃO PARA A PESQUISA

Page 65: pompagem

65

AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA

Por meio deste instrumento, dou pleno consentimento a discente Claudete Bózio

Achkar, do curso de Fisioterapia da FAG, sob orientação do professor Rodrigo Luiz Lima

Jucá vinculados ao projeto “Proposta de Fisioterapia manipulativa – Alongamento e

pompage no tratamento da cefaléia tensional – Relato de Caso”, a realizar tratamento

fisioterápico em minha pessoa.

Concordo também que todas fotografias, resultados de exames físicos e quaisquer

outras informações recorrentes à pesquisa, constituem propriedade exclusiva desta

pesquisa, à qual dou plenos direitos de uso para fins de ensino, pesquisa e/ou divulgação

em jornais ou revistas do país ou estrangeiras, respeitando o código de ética.

Cascavel, ____ de _________________ de ______.

_________________________________assinatura do paciente.

Documento apresentado_____________________, nº _____________________________.

FACULDADE ASSIS GURGACZ – FAGCURSO DE FISIOTERAPIA

Av. das Torres,500 Fone: (45) 321 3900 Fax: (045) 321 3902CEP: 85 802 000 – Cascavel – Paraná

Page 66: pompagem

66

ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA

Page 67: pompagem

67QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA

• Atividades de vida prática e diária (Centro de Dor do HCFMUSP)

Assinale o valor correspondente ao desempenho de cada atividade/condição :

(1) - sem alteração

(2) - parcialmente comprometida

(3) - totalmente comprometida

(9) - não se aplica

( ) Sono

( ) Apetite

( ) Deambulação

( ) Atividades domiciliares

( ) Trabalho

( ) Higiene pessoal

( ) Hábitos intestinais

( ) Relacionamento interpessoal

( ) Concentração

( ) Atividade sexual

( ) Humor

( ) Lazer

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68

ANEXO B – ESCALA VISUAL ANALÓGICA (EVA)

Page 69: pompagem

69ESCALA VISUAL ANALÓGICA

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Sem dor |------|------|------|------|------|------|------|------|------| Dor máxima possível

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70

ANEXO C – TERMO DE RESPONSABILIDADE PARA UTILIZAÇÃO DA CLÍNICAFAG

Page 71: pompagem

71

Cascavel 17 de novembro de 2004.

AoProf. José Mohamud Vilagra.Coordenador dos Trabalhos de Conclusão do Curso de Fisioterapia da Faculdade

Assis Gurgacz – FAG

Eu, Claudete Bózio Achkar, RA 363, solicito a esta coordenação adisponibilização dos equipamento(s) e espaço físico abaixo relacionado(s) para a realizaçãoda parte aplicada do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado Proposta de fisioterapiamanipulativa: alongamento e pompage no tratamento da cefaléia tensional: relato decaso, sob orientação do Professor Rodrigo Luiz Lima Jucá.

Através deste documento declaro assumir total responsabilidade pelo(s)equipamento(s), material(s) e mobiliário(s) nos horários e períodos solicitados.Período Dias da semana Horário17/11/04 à 17/12/04 Segunda, quarta , sexta 17: 50 às 18: 50 hs

Quantidade Descrição do equipamento – modelo / marca01 Consultório com pia, sabonete liquído e toalha papel01 Maca elétrica01 Mesa com 2 cadeiras01 Banco com rodas sem encosto

Sem mais a tratar

Atenciosamente,

__________________________Claudete Bózio Achkar

FACULDADE ASSIS GURGACZ – FAGCURSO DE FISIOTERAPIA - ANEXO 4Termo de Responsabilidade para utilização da Clínica de

Fisioterapia e/ ou Equipamentos da FAGAv. das Torres,500 Fone: (45) 321 3900 Fax: (045) 321 3902 CEP: 85 802 000 – Cascavel –

Paraná