Poder pdf

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1 Introdução Por volta do século XVII e seguintes as diversas formas de trabalho compulsório envolviam os nativos e os conquistadores, em diversos continentes, o que nas narrativas de William Shakespeare e Daniel Defoe está simbolizado nas figuras de Próspero e Caliban e Robinson Crusoé e Sexta-Feira. O confinamento do indígena fora do castelo expressam não apenas o domínio da ilha e dos seus recursos, mas também a dependência e a sobrevivência de Sexta-feira em relação a Crusoé que tal como Próspero usa a mesma estratégia, constituindo-se um leitmotiv colonialista. Robinson Crusoé No romance Robinson Crusoé, de 1719, Daniel Defoe recria as peripécias do naufrágio de Alexander Selkirk e cria o aventureiro Robinson Crusoé que, a partir de 30 de Setembro de 1659, regista em diário a sua acção colonizadora numa ilha desabitada. Inspirando-se na história verídica de Selkirk, Daniel Defoe, através das viagens marítimas do personagem, descreve acontecimentos históricos como os descobrimentos, a escravatura, o tráfico de escravos e a colonização. O romance, escrito no século XVIII, época do Iluminismo e das grandes transformações histó- ricas, políticas e económicas da Inglaterra, reflecte a maneira de agir e pensar dos europeus da época, a sua sociedade e os seus valores morais. Tendo como tema central da narrativa a viagem, o autor remete-nos para três tipos de viagens: a viagem pelo mundo da ficção; a viagem pelo espaço; e a viagem pela história. É uma narrativa marcada pelo desejo de viajar e de enriquecer e pelo estado emocional de Robinson Crusoé. A forma de narrar, marcada pelo tempo, pela preocupação com a verosimilhança, com a auten- ticidade dos relatos por meio do uso de um diário e pela descrição minuciosa dos ambientes tornam o romance acessível a um público mais vasto. O título, nome do principal personagem, e o realismo formal, projectam no leitor a ideia de se tratar de um relato autêntico das viagens de Robinson Crusoé — de ser a história de um indivíduo. Fernando Cerqueira Aluno 36 388 Verónica Castro Aluno 36 387

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  • 1Introduo

    Por volta do sculo XVII e seguintes as diversas formas de trabalho compulsrio envolviam osnativos e os conquistadores, em diversos continentes, o que nas narrativas de William Shakespeare eDaniel Defoe est simbolizado nas figuras de Prspero e Caliban e Robinson Cruso e Sexta-Feira.

    O confinamento do indgena fora do castelo expressam no apenas o domnio da ilha e dos seusrecursos, mas tambm a dependncia e a sobrevivncia de Sexta-feira em relao a Cruso que talcomo Prspero usa a mesma estratgia, constituindo-se um leitmotiv colonialista.

    Robinson Cruso

    No romance Robinson Cruso, de 1719, Daniel Defoe recria as peripcias do naufrgio deAlexander Selkirk e cria o aventureiro Robinson Cruso que, a partir de 30 de Setembro de 1659,regista em dirio a sua aco colonizadora numa ilha desabitada.

    Inspirando-se na histria verdica de Selkirk, Daniel Defoe, atravs das viagens martimas dopersonagem, descreve acontecimentos histricos como os descobrimentos, a escravatura, o trfico deescravos e a colonizao.

    O romance, escrito no sculo XVIII, poca do Iluminismo e das grandes transformaes hist-ricas, polticas e econmicas da Inglaterra, reflecte a maneira de agir e pensar dos europeus da poca,a sua sociedade e os seus valores morais.

    Tendo como tema central da narrativa a viagem, o autor remete-nos para trs tipos de viagens:a viagem pelo mundo da fico; a viagem pelo espao; e a viagem pela histria. uma narrativamarcada pelo desejo de viajar e de enriquecer e pelo estado emocional de Robinson Cruso.

    A forma de narrar, marcada pelo tempo, pela preocupao com a verosimilhana, com a auten-ticidade dos relatos por meio do uso de um dirio e pela descrio minuciosa dos ambientes tornamo romance acessvel a um pblico mais vasto. O ttulo, nome do principal personagem, e o realismoformal, projectam no leitor a ideia de se tratar de um relato autntico das viagens de Robinson Cruso de ser a histria de um indivduo.

    Fernando CerqueiraAluno 36 388

    Vernica CastroAluno 36 387

  • 2Devido ao realismo formal e verosimilhana com a realidade inglesa, elementos inovadores naliteratura da poca, a obra foi considerada, por muitos autores, como fundadora do romance moderno.

    Robinson Cruso, um ingls nascido na cidade de York, desafia as advertncias do pai eaventura-se no mar em busca de fama e riqueza. Ao longo das suas viagens passa por vrias peripciase obstculos: escravizado por um capito pirata; fuga do cativeiro; o seu salvamento por um navionegreiro portugus junto costa de Cabo Verde; a vida no Brasil, durante quatro anos, como colono;o naufrgio numa ilha desabitada; a vida solitria nessa ilha; a descoberta de rituais canibais; o salva-mento de um selvagem e o apoio que este lhe d; o acto civilizador; e o regresso a Inglaterra.

    O autor dividiu o romance em dez partes e cada uma delas apresenta um ttulo que se centranas aces mais relevantes do personagem.

    Na primeira parte, com o ttulo De como Robinson se fez ao mar pela primeira vez e comonaufragou, o autor contextualiza a histria no tempo e no espao e caracteriza o personagem principal,Robinson Cruso. Apesar de no precisar a data, o autor faz aluso ao passado. Robinson era umadolescente e, apesar de no conhecer o mar, tinha como paixo ser marinheiro para poder visitarlongnquos e maravilhosos pases estrangeiros, pois s isso o poderia tornar completamente feliz.(p. 5) Por esta altura, Defoe revela acontecimentos histricos anteriores ao sculo XVIII, como osdescobrimentos, a escravatura e o respectivo trfico.

    O relato da vida de Cruso na ilha, bem como as suas relaes com Sexta-feira (por ser o diaem que foi encontrado) e o seu regresso a Inglaterra ocupam a narrativa at ao final.

    A leitura do texto de Defoe, permite questionar a relao de alteridade no contexto da coloni-zao e remete o leitor para a reflexo sobre a relao entre colonizador e colonizado

    O termo alteridade apresentado pela primeira vez por Plato. Para o filsofo alteridade ocontrrio de identidade. Plato reconhece o indivduo na multiplicidade das suas ideias e na relao dealteridade recproca. A relao de alteridade foi tambm questionada por Hegel. Para este pensadoro ser humano est destinado a tornar-se Outro, a alterar-se incessantemente, mudando as suas prpriasqualidades no contacto com o Outro. Ou seja, o eu-individual s existe no contacto com o Outro ea partir da viso do Outro.

    Podemos dizer que a alteridade pressupe que todo o Homem um ser socivel, que interagee interdependente na sociedade em que vive. Assim, a viso do Outro permite compreender o mundoa partir de um olhar mais diferenciado, partindo tanto do olhar o Outro que diferente como do olharprprio. Desta forma, cada um de ns rev-se no Outro e transforma-se no contacto com o Outro.

    A relao de alteridade que Plato e Hegel apresentam indica uma relao entre o Eu e o Outro,em que ambos se transformam pelo contacto e pela relao que estabelecem, mas no estabelecequalquer grau de superioridade ou inferioridade. No romance de Daniel Defoe, o dilogo entre os doispersonagens no acontece ao mesmo nvel. Robinson coloca-se num plano de superioridade relativa-mente a Sexta-Feira e tem como referencial o modelo de pensamento e cultura europeias, por isso nose rev no seu companheiro cujos hbitos e costumes so diferentes dos seus e como tal considera-oum ser inferior. a lngua materna de Robinson que intermedia a comunicao com Sexta-Feira e ensinando-lhe a lngua e a religio que espera transform-lo num homem europeu. com este olhareurocntrico que Robinson olha para o selvagem Sexta-Feira.

  • 3Para alm de se ser criado de Robinson, Sexta-Feira assimila a sua cultura sem resistncia,considera-se e considera-o seu amigo e tem esperana que um dia ele o vai ajudar a regressar suaterra natal onde havia sido capturado e levado como prisioneiro num barco espanhol que naufragou.

    Sexta-Feira encontra-se numa posio de subalternidade, no tem poder e no possui meios quelhe permitam ensinar a sua lngua a Robinson, por estar fora do seu contexto cultural. Ao contrrio,Robinson, por ter recuperado os seus pertences aquando do seu desastre martimo, tem poder, meiose capacidade para impr a sua cultura, e vive num espao dominado por si e que considera seu, oque lhe d o direito de julgar e educar o selvagem, a quem salvara a vida.

    A gratido de Sexta-Feira por Robinson e a sua vivncia no espao deste, com representaessimblicas europeias, contriburam para a sua integrao num meio cultural que lhe era estranho ecoloca-o numa posio de subalternidade consentida, transformando-o num homem de cultura hbrida,num subalterno que consente ser colonizado e dominado por um europeu, tambm ele em transforma-o devido permanncia na ilha e ao contacto com o Outro.

    A Tempestade

    Escrita por William Shakespeare, por volta de 1611, aps a vitria britnica sobre a ArmadaEspanhola em 1588 e no incio do colonialismo britnico, o drama A Tempestade aborda questes delegitimidade e de autoridade que despontaram na poca. Os povos subjugados eram maltratados e noeram considerados como pessoas. Subtilmente Shakespeare questiona o colonialismo, escrevendosobre uma ilha sem nome no Mediterrneo. Atravs do seu personagem Caliban ele contesta a atitudecomum em relao aos nativos. A Tempestade uma pea teatral que traz at ns a viso do Outrona poca.

    Prspero, duque de Milo, aps a usurpao do seu ducado por parte do irmo Antnio, colocado num barco com a sua filha Miranda, a sua biblioteca e alguns mantimentos. Aps aportarema uma ilha mgica, algures entre Tunes e Milo, Prspero estabelece nessa nova terra o seudomnio.

    Prspero segundo o Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa aquele que acumulouriquezas; rico; abastado o prottipo do europeu colonizador, que chega a uma ilha habitada porespritos (Ariel, ris, Ceres, Juno) e monstros (Caliban, escravo disforme), e que reflecte o olhar (dedesconhecimento) que o colonizador tinha das novas terras e povos que alcanava, na poca. Estamosna Renascena quando a avidez do conhecimento, do poder e do lucro andam de mos dadas pelomundo fora.

    A ilha, agora de Prspero e Miranda, no era uma ilha qualquer. Fora o reduto de Sicorax, umabruxa cujos feitos horrendos causavam horror a qualquer ser humano. Expulsa pelo rei da Arglia, osmarinheiros encarregados de a executar no o fizeram porque ela estava grvida. Abandonada na ilha,encontrou Ariel, um esprito capaz de assumir qualquer forma e executar, em poucos instantes, astarefas mais difceis. Ariel recusava-se a cumprir as ordens de Sicorax e esta aprisionou-o numpinheiro. Quando Prspero e Miranda chegaram ilha, Sicorax j havia morrido e os grunhidos do

  • 4filho Caliban tal como os gemidos de Ariel, h doze anos preso no interior de uma rvore, ouviam-se por todo o lado. Prspero libertou o esprito e como paga, este comprometeu-se a servi-lo comtal empenho que a liberdade seria o prmio que, quando o entendesse, Prspero concederia.

    Quanto a Caliban, Prspero ensinou-lhe a sua lngua e a executar pequenos servios. Comonunca conhecera outro ser alm de sua me, Caliban, ao incio, gostou do ex-duque. Mostrou-lhetodas as riquezas da ilha: as fontes de gua, as terras frteis, as frutas estranhas, porm saborosas, queexistiam por ali. Ensinou-lhe tambm a evitar os lugares insalubres e aqueles onde viviam feras. Edurante anos viveram assim, numa mesma gruta, Prspero tratando Caliban como amo condescendentee Caliban retribuindo como servo agradecido.

    Com o passar do tempo, Miranda torna-se numa jovem atraente e Caliban comeou a pensarem povoar a ilha com descendentes, o que enfureceu Prspero, que nunca havia pensado unir a filhacom um nativo feio e ignorante descendente de uma feiticeira. Escravo mentiroso, s pancada te podecomover, nunca o bom trato. Sujo como s, tratei-te como gente, alojando-te em minha prpria cela,at ao momento em que tiveste o ousio de querer desonrar a minha filha. Diz-lhe Prspero.

    A partir deste momento, Caliban sente a fria de Prspero e escravizado por este, auxiliadopelo seu manto mgico. A forma como Prspero, o senhor da ilha, se relaciona com Caliban faz parteda viso que na poca isabelina existia dos habitantes de paragens longnquas, fora da Europa. oolhar do europeu sobre o Outro, sobre o incivilizado.

    A personagem de Caliban, apesar de monstro, desafia o esteretipo, utilizando uma linguagemque demonstra sensibilidade e sentimentalismo ao falar da sua ilha. Caliban, um produto de umincivilizado estilo de vida, capaz de nostalgia e emoo. Em A Tempestade, Shakespeare parecesugerir que este homem afinal no um monstro, mas sim um ser humano merecedor de respeito.

    Revoltado com Prspero, Caliban acusa-o: [...] Esta ilha minha; herdei-a de Sicorax, a minhame. Roubaste-ma; adulavas-me, quando aqui chegaste; fazias-me carcias e davas-me gua combagas, como me ensinaste o nome da luz grande e da pequena, que de dia e de noite sempre queimam.Naquele tempo, tinha-te amizade, mostrei-te as fontes frescas e as salgadas, onde era a terra frtil,onde estril... Seja eu maldito por hav-lo feito!

    Caliban identifica a injustia e a opresso de que vtima, e usa a lngua como uma arma. Apsum insulto, ele responde a Prspero: A falar me ensinastes, em verdade. Minha vantagem nisso, terficado sabendo como amaldioar. Que a peste vermelha vos carregue, por me terdes ensinado a falarvossa linguagem.

    Mais adiante e noutro momento e em outro lugar na ilha quando o despenseiro Estfano lhe dlicor, Caliban diz: Se so espritos, so coisa fina. Aquele um deus valente, que me pode dar licorcelestial; vou ajoelhar-me.

    Embriagado, Caliban no nota, nem os insultos, nem a manipulao de que vtima por partede Estfano e Trnculo e incapaz de reconhecer que aqueles dois so to exploradores quantoPrspero, de quem se quer livrar. Todas as polegadas vou mostrar-te. De terra frtil da ilha. Os pste beijo. S meu deus, por favor. e mais frente Hei-de mostrar-te as fontes mais saudveis; pescareipara ti, colherei bagas, trarei lenha bastante. Possa a peste carregar o tirano a que estou preso. J nolhe levarei feixes de lenha; sim, vou seguir-te, homem prodigioso! Tudo isto acreditando que J

  • 5no farei barragem para peixe, nem fogo irei buscar, quando ele me mandar. No lavo prato nemcarrego feixe. Ban, ban, ban, Caliban! outro mestre amanh! Liberdade! Viva! Liberdade! Liberdade!

    Prspero, esse, uma personagem que se deleita na sua autoridade, tornada possvel porpoderes mgicos. Ele usa os poderes para manipular os seus sditos, ameaando-os com dores, seno lhe obedecerem. A Ariel, seu servo pessoal, frequentemente lhe promete a liberdade, mas quandoeste lhe recorda a promessa, Prspero irrita-se e s no acto final cumpre o prometido. ( parte, aAriel.) Meu Ariel, deixo isso a teu cuidado, e, aps, s livre nos elementos.

    Prspero pouco se importa com as pessoas que escraviza, o que ressalta no tratamento dispen-sado a Caliban, mas tambm na autoridade que exerce sobre o prncipe Ferdinand que apesar deinicialmente resistir acaba por aceitar o poder do senhor da ilha.

    Enquanto, com os outros companheiros, Alonzo, Sebastio e Antnio, procura Ferdinand pelailha, Gonzalo, velho e honesto conselheiro renascentista, reflecte: na repblica faria tudo pelos seuscontrrios, pois no admitiria espcie alguma de comrcio; de magistrados, nada, nem mesmo o nome;o estudo ficaria ignorado de todo; suprimiria, de vez, ricos e pobres e os servios; contratos, suces-ses, questes de terra, demarcaes, cuidados da lavoura, plantao de vinhedos, nada, nada.Nenhum uso, tambm, de leo e de vinho, trigo e metal. Ocupao, nenhuma. Todos os homens,ociosos, todos. E as mulheres, tambm; mas inocentes e puras. Faltaria, de igual modo, soberania...[...] Todas as coisas em comum seriam, sem suor nem esforo, produzidas pela natura. Espadas,espingardas, facas, chuos, traies e felonias, eu no admitiria. A natureza produziria tudo por simesma, s para alimentar meu povo ingnuo. [...] De tal modo governaria, que deitara sombra prpria idade de ouro. A isto Antnio, irmo de Prspero replica: Da repblica o fim esquece oincio, sugerindo que ser rei abusar do poder.

    de poder e do seu exerccio, mas tambm e acima de tudo, das relaes que o europeuestabelecia com o Outro e de como o via inferior, selvagem, objecto que A Tempestade nosfala. A alteridade negada a Caliban -a igualmente negada ao colonizado, sendo este excludo pelodiscurso do colonizador.

    Concluso

    O domnio colonial desde muito cedo trabalhou no sentido de desmontar a cultura dos povosdominados. Esta aculturao foi tentada, negando a realidade cultural do colonizado o Outro.Foram, no entanto, diferentes as formas de poder que cada colonialismo protagonizou, dependendoessa forma, principalmente a partir da Conferncia de Berlim (1884-1885), do colonialista. Tal comona pea de Shakespeare um Prspero grande e forte subjugava o Caliban. Este Caliban no maisdo que o Outro o colonizado que s atravs da revolta pode resistir e ter voz audvel, recusandodesta forma a subjugao a que havia sido condenado. A poca era de afirmao dos estadoseuropeus fortes e das suas economias em frica onde para alm de haver muita matria-prima paraalimentar a indstria europeia em crescimento, havia povos e culturas estranhas ao olhar europeu gente de outra raa.

  • 6O termo raa desenvolveu-se num contexto histrico em que era conveniente e altamentelucrativo ao europeu distinguir raas puras e hbridas, tipos humanos imutveis, comportamentos,habilidades e hierarquias inatas e diferentes. No sculo XVII, ou seja, no estabelecimento e no auge docrescimento do comrcio colonial, os grupos humanos no eram apenas distintos por caractersticasfaciais e cor epidrmica, mas tambm hierarquizados em categorias superiores (os brancos) e inferiores(os negros), com vrias nuances intermdias. Pelo menos durante os ltimos cinco sculos, a raanegra e outras raas no europeias foram estigmatizadas pelos europeus como primitivas e, conse-quentemente, predeterminadas a serem integradas e subordinadas no contexto das iniciativas capita-listas e imperialistas dos primeiros.

    A partir do sculo XVI, os recm-chegados europeus foram construindo e fundamentando embases pretensamente cientficas as suas relaes com os indgenas que encontraram nos locais quealcanavam. No mundo colonial, o africano e o amerndio estavam no ltimo degrau da escala.

    este olhar e esta viso do Outro colonizado que tanto Robinson Cruso como Prspero tmde Sexta-feira e de Caliban.

    Bibliografia

    DEFOE, Daniel (2008). Robinson Cruso, adaptao de John Lang, Lisboa: Editora S.A.SHAKESPEARE, William (s.d.) A Tempestade, (acedido em 28-9-2009) em http://www.

    ebooksbrasil.org/eLibris/tempestade.html.