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3.
ncias dos seus
professores?
“A motivação é um processo que orienta todo o tipo de actividade humana, por
meio de factores intrínsecos e/ou extrínsecos, que asseguram ao indivíduo a
qualidade da persistência e o direccionamento da atenção para o desenvolvimento
das mais diversas actividades.” (R.C. Araújo, 2010) Quando observamos este factor
no ensino da música, podemos facilmente ver que os alunos mais motivados são
geralmente os que obtém melhores resultados e que prevalecem no mundo da
música. Se a motivação servir para exponenciar a paixão inata do aluno para com a
música, este será mais imaginativo e terá uma relação mais próxima com a arte
dos sons, o que pode ser determinante na sua entrega total ao estudo desta. Da
mesma forma os alunos que não mostram inicialmente paixão e entrega ao estudo
da música poderão ser levados a essa entrega, através da motivação gerada pelo
professor ou da orientação que este pode dar para gerar essa motivação.
Para autores como O’Neill e McPherson “… os processos motivacionais - observados
por meio de diferentes teorias – auxiliam os estudantes na aquisição de adaptações
e condutas que os conduzirão ao alcance dos seus objectivos e à perseverança do
estudo da música.” (R.C. Araújo, 2010)
No meu caso, durante vários anos passei por uma motivação que não partia de
mim. Apesar de ter algum prazer na performance do instrumento em grupos, a
motivação para o estudo e dedicação ao instrumento não era alta. Baseando-me na
teoria da autodeterminação de Deci e Ryan, diria que a minha motivação para o
estudo da música passou por uma grande fase de motivação extrínseca por
regulação externa (na medida em que era obrigado pelos meus pais a frequentar as
aulas, e estudava o mínimo necessário para não sofrer punições – notas negativas)
mas, ao mesmo tempo, sofria uns pequenos picos de motivação mais alta para o
estudo que partiam da motivação intrínseca que vinha das performances em
público que corriam bem (ao sentir-me bem a tocar, sentia também algum prazer
no caminho que precisava de percorrer para atingir essa finalidade). Nesse sentido
diria que a motivação durante grande parte da minha aprendizagem foi baixa,
provavelmente devido à falta de orientação por parte dos professores para uma
motivação mais intrínseca (o material teórico e a necessidade de estudo que me
apresentavam nunca me eram elucidados para uma finalidade criativa mas apenas
como coisas estáticas ou como meios – estudava ou aprendia escalas e modos
apenas para melhorar a técnica-motora ou para as saber apresentar nos testes
para obter melhores classificações e não para finalidades aplicadas criativamente,
como a improvisação ou apuramento da audição).
Foi apenas mais tarde (no final do meu percurso de conservatório) que, com um
novo professor, sofri uma mudança de motivação que me levou a mudar o meu
futuro profissional para a música. Após uma enorme mudança na forma de ver a
música e de a estudar – que me foi proporcionada por este professor sobretudo
através da audição e estudo mais racionais e baseadas na criatividade pessoal, sofri
uma grande mudança também na motivação que levou a que o meu elemento
passasse a ser a música e que a motivação para o estudo e forma de ver os
processos de aprendizagem fosse intrínseca e partisse do prazer de estudar e
explorar os sons e não apenas das performances em público com grupos, o que não
era o suficiente para me fazer ser criativo com a música e querer dedicar grande
parte do meu tempo a estudá-la ou a estudar o instrumento.
Dessa mesma forma, se nos basearmos na teoria da auto-eficácia, base central da
teoria social cognitiva de Bandura, sofri um processo de auto-regularização o que
levou a que fossem incutidas crenças de auto-eficácia na medida em que vi que
poderia ser criativo e contribuir com inovação na arte dos sons durante o estudo do
instrumento.
Referências bibliográficas
Araújo, R.C. (2010). Música e motivação: algumas perspectivas teóricas. Revista da
APEM: Revista da Associação Portuguesa de Educação Musical, 134, 23-30.