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BRASÍLIA 24 DE JANEIRO DE 2012 Ano 10 · Edição 106 · R$ 5,30 Plano BR MESA REDONDA MEIO AMBIENTE PERSONAGEM www.planobrasilia.com.br 06 1 Internet x Corrupção Mourad Ibrahim Belaciano Urbanização ameaça parque Adeus, Boi Teodoro! A vez das mídias sociais

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Plano Brasília edição 106

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BRASÍLIA24 de janeiRO de 2012

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MESA REDONDA

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Internetx

Corrupção Mourad ibrahim Belaciano

Urbanização ameaça parque

adeus, Boi Teodoro!

A vez das mídias sociais

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4 PLANO BRASÍLIA

Sumário

08 Cartas

09 Mesa Redonda

14 Brasília e Coisa & Tal

16 Panorama Político

18 Política Brasília

20 Dinheiro

22 Capa

28 Cidadania

30 Gente

32 Cidade

34 Brasília

36 Mercado de Trabalho

38 Educação

40 Tecnologia

44 Cotidiano

46 Automóvel

48 Vida Moderna

50 Esporte

52 Personagem

54 Saúde

56 Moda

58 Dança

60 Cultura

62 Gastronomia

64 Agenda Cultural

66 Meio Ambiente

68 Propaganda e Marketing

70 Vinho

72 Tá Lendo o Quê?

74 Frases

75 Justiça

76 Diz aí, Mané

78 Cresça e Apareça

80 Ponto de Vista

82 Charge

09

50 60

52

32

46

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6 PLANO BRASÍLIA

Expediente Carta ao leitor

DIRETOR EXECUTIVO Edson Crisó[email protected]

DIRETORA DE PROJETOS ESPECIAIS Nubia [email protected]

PlanoBRASÍLIA

EDiToRA-ChEFE Elisa de Alencar

ChEFE DE REDAção Joaquim Jodelle

DESiGN GRÁFiCo Eward Bonasser Jr, Líbio Matni e Raphaela Christina

CRiAção Paula Alvim

FoToGRAFiA Fábio Pinheiro e Victor hugo Bonfim

EQUiPE DE REPoRTAGEM Alexandra Dias, Caroline Aguiar, Djenane Arraes, Janaína Camelo, Pedro Wolff e Yuri Achcar

ESTAGiÁRioS Fernanda Azevedo e Luiz Felipe Brandão

CoLABoRADoRES Andrea Monteiro, Antônio Duarte, Bohumil Med, Carla Ribeiro, Carlos Grillo, Carlos Vasconcelos, Cerino, Claudemir Neves, Eliana

Pedrosa, Romário Schettino e Tarcísio holanda

iMPRESSão D’ARThY Editora e Gráfica Ltda.

TiRAGEM 60.000 exemplares

REDAção Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às maté[email protected]

AViSo Ao LEiToR Acesse o site da editora Plano Brasília para conferir na íntegra o conteúdo de todas as revistas da

editora www.planobrasilia.com.br

PLANo BRASÍLiA EDiToRA LTDA.SCLN 413 Bl. D Sl. 201

CEP: 70876-540, Brasília-DFComercial: 61 3041.3313 | 3034.0011

Redação: 61 3202.1357Administração: 61 [email protected]

24 de janeiro de 2012

Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem a prévia autorização dos editores. A Plano Brasília Editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Caro leitor,

Acaba de partir para outro plano, aos 91 anos bem vividos, uma

figura que aportou em Brasília nos primórdios, vindo do Maranhão

terra natal via Rio de Janeiro. Por coincidência ou não, Teodoro

Freire, um bailante (ou brincante) do Boi desde menino – tradição

centenária daquelas plagas nordestinas- foi trabalhar no então

incipiente campus da UnB, indo morar em Sobradinho, onde, com

ajuda do reitor Darcy Ribeiro, criou o Centro de Tradições Culturais.

E aí começou, há 45 anos, a brincadeira, ou seja, a introdução do

Boi do Teodoro na cultura da nova capital. Na bagagem, a paixão

de torcedor do Flamengo e da Mangueira – herança da passagem

por terras cariocas. Antes de partir, deu uma entrevista à Plano

Brasília, retratada pela repórter Alexandra Dias, dizendo esperar

que os herdeiros continuassem a tradição do Boi Bumbá.

Na nossa capa, abordamos os 16 anos da internet na Brasil

e as mudanças sociais que ela vem provocando no mundo, fato

observado nas inúmeras mobilizações ocorridas no coração

do capitalismo como occupy Wall Street e na Europa em plena

ebulição, mas também num oriente Médio (Egito, Tunísia, Síria etc)

que parecia em letargia eterna. No Brasil, como assinala Pedro

Wolff, mais especificamente em Brasília, a maior mobilização

política feita na web foi a aprovação do projeto de lei do ficha

limpa. Já Djenane Arraes, conversou com o documentarista e

mentor do movimento occupy Wall Street, Kalle Lasn, cujo apelo

virtual surtiu efeito.

Na comemoração dos 50 anos do Parque Nacional de Brasília,

local de lazer, mas também de pesquisa, mostramos numa

matéria, também de Djenane Arraes, as ameaças da especulação

imobiliária e da urbanização desenfreada sobre a área. Ali estão as

principais espécies da fauna e da flora representativas do cerrado.

A Mesa Redonda deste número traz o professor Mourad

ibrahim Belaciano, diretor da Escola Superior de Ciências da

Saúde do DF, classificada pelo MEC entre as quatro melhores do

país. Ele ressalta suas preocupações com o ensino nas escolas

de medicina e também com a política da saúde pública na

capital federal e no país.

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PLANO BRASÍLIA 7

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Cartas Fale conosco

Cartas e e-mails para a redação da Plano Brasília devem ser endereçadas para:SCLN 413 Bl. D Sl. 201, CEP 70876-540Brasília-DFFones: (61) 3202.1357 / [email protected]

As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, identificação, endereço e telefone do remetente. A Plano Brasília reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Mensagens pela internet sem identificação completa serão desconsideradas.

Parabéns pela matéria da página 46 sobre a história do doutor Célio Menicucci e sua dedicação à população do Distrito Federal. Muitos dos médicos que atendem as pessoas na nossa capital precisam se espelhar no exemplo do doutor Menicucci. Fiquei muito surpresa com a qualidade da revista.

Carolina DiasLago Norte

Caros,Gostaria de parabenizar a Revista Plano Brasília pela qualidade das matérias e fotos. Gosto muito dos temas abordados, principalmente quando tratam de meio ambiente, dia-a-dia, assim como dos assuntos ligados à comportamento como por exemplo a coluna da dra. Eliane.

Dione MariaLago Sul

ErrataPor uma falha técnica, deixamos de publicar a resposta do professor Venicio Artur de Lima a uma das perguntas feitas na entrevista concedida a esta revista na edição 103. Por isso, publicamos aqui a pergunta e resposta:

PB> Se os avanços são barrados pela influência dos grupos tradicionais de mídia, é possível enxergar uma crescente mobilização popular em torno do assunto, suficiente para colocá-lo na pauta política?VL> Com certeza. Já está na pauta. A convocação da 1a. CoNFECoM (Conferência Nacional de Comunicação) e, depois, sua realização em dezembro de 2009, fizeram com que o tema entrasse na agenda pública apesar do boicote da grande mídia. há divergências em relação ao número, mas cerca de 25, 30 mil pessoas foram mobilizadas em torno da CoNFECoM nas inúmeras conferencias locais, regionais e estaduais. Além disso, há uma questão tecnológica que não pode ser ignorada nem mesmo por aqueles atores que são contra a regulação: a revolução digital e a consequente convergência tecnológica. hoje um novo marco regulatório para o setor de comunicações é de interesse de todos.

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Equipe Plano Brasília: Janaína Camelo,Pedro Wolff, Yuri Achcar, Elisa de Alencar, e Joaquim Jodelle | Fotos: Fábio Pinheiro

PB > O senhor é um especialista em saúde

pública. Por que temos tantos problemas na

área e sem perspectiva de solução?

MB > A crise da saúde pública não

é só do Distrito Federal, nem do Bra-

sil, mas de todo o mundo ocidental,

desde a Segunda Guerra Mundial. Os

sistemas de saúde que foram criados

já nasceram defasados, em função da

evolução da sociedade. Eles incorpo-

ram tecnologias a custos crescentes

sem resolver de fato o problema de

saúde da população, que é o que faz

as doenças surgirem. E esse modelo

hospitalocêntrico está superado. Nós

precisamos criar novas tecnologias,

que atendam a população. Hoje, os

sistemas todos estão se universali-

zando, buscando uma saúde integral.

Hoje se apontam novas possibilidades.

Mas sua realização ainda está muito

aquém, tendo em vista as pressões

e os interesses pela manutenção do

sistema vigente que não funciona.

São procedimentos de alto custo, em

desfavor das medidas mais simples

e de atenção intermediária. Daí um

pronto-socorro muito cheio, uma su-

perespecialização e um encarecimento

de todo o sistema, que não aguenta,

pois não tem uma fonte de financia-

mento segura e estável.

Fundador e diretor da Esco-la Superior de Ciências da Saúde do Distrito Federal

(ESCS), Mourad Ibrahim Bela-ciano formou-se em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1974. Especialista em Epidemiologia e Estatística da Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública e mestre em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba, é também professor da Univer-sidade de Brasília (UnB), tendo atuado principalmente nos temas ligados à saúde pública.

Mourad IbrahimBelaciano

Mesa Redonda

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10 PLANO BRASÍLIA

E esse problema não é só da saúde pública. Os

planos particulares adotam o mesmo modelo?

Hoje a saúde privada também começa a

mostrar o esgotamento desse modelo. No

fundo, é um só: é a prática do profissional

privilegiando muito mais a doença e os

procedimentos do que a saúde pública

propriamente dita. Temos três grandes

frentes para enfrentar essa questão. Em

primeiro lugar, o modelo assistencial está

defasado. Precisamos buscar um novo

modelo não apenas de assistência, mas de

atenção à saúde. Em segundo lugar, há um

problema de gestão. O sistema tem que

modernizar a administração e a gestão

tanto no setor público, quanto no privado.

A gestão tem que incorporar a produtivi-

dade profissional e ter custos assistenciais

compatíveis. Por exemplo, a incorporação

de tecnologia tem que ser avaliada antes

de saber se eu posso incorporá-la ou não.

Porque alguém vai pagar essa conta. E a

terceira frente é a questão do envolvimen-

to, onde entra a nossa Escola Superior de

Ciências da Saúde (ESCS).

No que a ESCS contribui para uma melhor

saúde pública?

A escola se propõe a ser parte de um

problema muito maior, mais complexo,

que é esse conjunto de problemas que

são os elementos constitutivos de uma

crise gigantesca do mundo ocidental.

Brasília não é exceção, até se adianta

a essa crise. Por que parece que a crise

é mais aguda aqui? Porque é mais fácil

visualizar a situação. O Distrito Federal

é pequeno, a população está crescendo

e pressiona o sistema, demonstrando

exaustão. Temos que buscar as soluções.

Algumas já vêm sendo montadas pelos

gestores, já se discute os novos modelos

assistencial e de gestão. E na área de re-

cursos humanos, temos uma nova escola.

A ESCS tem alguma diferença em comparação

a outras instituições de ensino por ser distrital e

não estar vinculada a uma universidade federal?

Ela é distrital porque foi implantada pelo

governo do Distrito Federal, embora as

ideias venham sendo discutidas fora do DF.

A reforma da educação médica vem sendo

formulada desde os anos 60. Mas só nos anos

90 essas ideias ganharam consistência, o que

fazer para mudar e melhorar a formação

dos médicos? Quando elas foram colocadas

em prática, houve uma reação muito grande

das corporações médicas - Conselho Federal

de Medicina, Associação Médica Brasileira,

Federação Nacional dos Médicos. Houve

uma ruptura com o grupo que fez o diagnós-

tico e as proposições sobre o que fazer para

mudar. Essa ruptura assustou as escolas mé-

dicas, que se retraíram. Foi quando entrou

um secretário de saúde no DF, o Dr. Jofran

Frejat, que acompanhou essas discussões nos

anos 90 e quis que Brasília saísse na frente

na busca dessas soluções. Travávamos essa

discussão, de como melhorar o currículo, na

Universidade de Brasília (UnB). A UnB não

quis fazer essa mudança e a Secretaria de

Saúde se dispôs a criar dentro dela uma es-

cola. Na época, isso foi um espanto. Porque a

missão da secretaria é saúde, não educação.

Mas foi criada uma fundação mantenedora,

a FEPECS (Fundação de Ensino e Pesquisa

em Ciências da Saúde), e dentro dela

elaborou-se um projeto do que melhorar na

formação dos profissionais da área de saúde.

O curso começou a existir em 2001. Desde

2009, temos também enfermagem.

E como está a qualidade dos cursos da ESCS?

Os dois cursos estão sendo bem implan-

tados. O de medicina já mostrou que é

um projeto vitorioso. É muito bem ava-

liado em todas as avaliações externas.

Em 2004, 2007 e 2010 nós ocupamos a

nota máxima do Enade (Exame Nacio-

nal de Desempenho de Estudantes) no

ranking das escolas médicas brasileiras.

Esses alunos que estão sendo formados aqui

no DF estão indo trabalhar onde?

Nós temos um quadro misto. O vestibular

não é voltado apenas para o Distrito Fe-

deral. Recebemos gente de vários estados,

de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio

Grande do Sul, Piauí. Muitos desses estu-

dantes se formam aqui e voltam para suas

regiões de origem. Mas um percentual

significativo está concluindo o programa

O modelo assistencial

está defasado. Precisamos buscar um

novo modelo não apenas de

assistência, mas de atenção à

saúde.

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PLANO BRASÍLIA 11

de residência. O fator de fixação do

profissional não é o curso de medicina,

é a residência médica. Um contingente

expressivo de médicos formados pela

nossa escola está entrando na residência e

grande parte deles está hoje na Secretaria

de Saúde, como profissionais. A ESCS

formou apenas seis turmas.

Como convencer esses médicos a permanece-

rem na rede pública?

A ESCS forma um perfil de profissional, mas

a fixação dele é do mercado de trabalho. Aí

vai depender do mercado não só público

como privado. É outro tema complexo. Eu

diria que a escola faz o dever de casa; a Se-

cretaria de Saúde, que deveria ter formulado

políticas de fixação de profissionais, não faz

o dela. Ela começou a olhar a escola muito

recentemente. Precisamos de um vínculo

estrutural entre a ESCS e o mercado público

de saúde, que ainda não existe. Enquanto

isso, estamos formando para o mercado, o

que pulveriza boa parte da nossa formação.

Daí a falta de profissionais em algumas

especialidades?

E além disso, da definição de que espe-

cialidades o sistema precisa formar mais

e melhor. E não deixar que o mercado

defina a formação, como ocorre hoje.

Precisamos estabelecer melhor esse per-

fil. O Ministério da Saúde tem alguns

estudos que apontam essas mudanças. O

Pró-Residência é um programa que co-

meça a oferecer mais vagas de residência

nas especialidades em que há carência e

o próprio mercado de trabalho público

começa a privilegiar essas especialida-

des. Precisamos radicalizar e acelerar

esse processo. Não basta só abrir mais

vagas. É preciso remunerar de forma

diferente algumas especialidades para

serem melhor incorporadas ao sistema.

O Dr. Campos da Paz, diretor da Rede Sarah,

critica que muitos médicos estão interessados

apenas em ganhar dinheiro. Alguns colegas,

inclusive, alegam a existência de um conluio

entre os profissionais de saúde e a indústria far-

macêutica. Como combater esses problemas?

O Dr. Campos da Paz tem razão quando diz

que parte dos médicos acaba indo para a

medicina comercial. Mas não podemos ge-

neralizar. Acho que temos exemplos de pro-

fissionais que têm vontade de ficar no serviço

público. O problema é que o serviço público

não está estruturado para incorporá-los.

Precisamos rever a carreira dos profissionais

de saúde. Tem que ser atraente, digna, que

fixe o profissional. E aí lançar de novo a

ideia da dedicação exclusiva. Por que não

podemos ter essa dedicação exclusiva que

várias outras categorias profissionais têm? O

que o Dr. Campos da Paz conseguiu foi fazer

o médico trabalhar somente na Rede Sarah.

Para isso, ele paga muito bem ao profissio-

nal e pode fazer essa exigência. Se eu tenho

um sistema sem carreira estruturada e que

não paga bem, como é que vou fixar esse

profissional? O sistema é tão perverso que

atrai os médicos que sucumbem à medicina

comercial. Mas os médicos não são os únicos

culpados dessa história. Eles são parte da

culpa. Precisamos torná-los parte da solução

do problema. Tem que haver uma política

de Estado e chamar as categorias para uma

discussão séria. A medicina não está bem

na sociedade. E atrair os profissionais para

uma carreira novamente atraente: cuidar da

saúde da população, das famílias, do bem-

-estar do paciente. E não apenas cuidar de

si. A legitimidade da profissão tem que ser

reconquistada na sociedade brasileira.

E sobre a relação dos médicos com a indús-

tria farmacêutica?

Essa relação não é clara. Acredito que ela

exista em alguns casos, mas não é flagrada,

é escondida. O aumento dos custos no

sistema, tanto público como privado, tem

chamado a atenção inclusive da bioética.

Até que ponto o procedimento que vou

realizar é embasado cientificamente ou está

entrando na prática profissional com outros

interesses? Hoje, a chamada medicina base-

ada em evidências é um capítulo novo que a

medicina abre para que só sejam incorpora-

das tecnologias e equipamentos que tenham

resultados eficazes a custos compatíveis. É o

que um sistema universal tem que cuidar.

Não adianta eu incorporar uma tecnologia

de alto custo. Uma neurocirurgia que eu

coloque um implante de um determinado

componente eletrônico no cérebro e custe

O Distrito Federal é pequeno, a

população está crescendo e pressiona o

sistema de saúde, que mostra exaustão.

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12 PLANO BRASÍLIA

R$ 150 mil. Quem vai pagar essa conta? A

dúvida é: esse componente custa caro e é

necessário ser incorporado pelo meu siste-

ma ou atende ao interesse de alguém que o

está produzindo e o empurrando para cima

do profissional. No desespero, o paciente e a

família fazem uma pressão enorme.

Esse é um dos motivos do aumento de deci-

sões judiciais em favor dos pacientes?

A judicialização que está acontecendo no

Brasil hoje é o fenômeno de você tentar res-

tringir o uso desses componentes industriais

e de laboratórios, mas que acaba imposto

judicialmente. A Justiça está sem parâmetro

para julgar. E acaba decidindo, de última

hora, na urgência, um leito de UTI, uma

cirurgia, que pode não ter protocolo ou

validade. Precisamos redefinir as normas

e as regras do sistema. Hoje, os grandes

sistemas, mais complexos, começam a se es-

truturar em cima de protocolos assistenciais.

Se eu sigo o protocolo, eu estou me defen-

dendo de qualquer tipo de pressão, seja da

família, do juiz, ou da indústria. Mas para

ter protocolo, é preciso ter gestão. Um siste-

ma civilizado, com regras claras, eticamente

defensáveis, e que possa ser atualizado não

só em cima da evolução tecnológica, mas da

capacidade dos custos. Eu acabo conceden-

do um procedimento ou uma medicação de

alto custo, mas falta o medicamento básico.

O juiz não está sabendo disso. Ele mandou

cumprir. E cumpre-se. Complicado isso.

Sobre esses medicamentos específicos de

alto custo, muitos não chegam a ser usados.

Para não estragarem nas prateleiras, o

senhor conhece algum acordo da Secretaria

de Saúde com os hospitais particulares para

que eles sejam trocados por medicamentos

básicos em falta na rede pública?

Não conheço esse tipo de relação. O

que acredito é que precisamos aumentar

a capacidade de gestão do sistema. A

judicialização está acontecendo porque

houve perda do poder técnico sobre os

procedimentos. É preciso recuperar esse

poder técnico, que os próprios médicos

perderam. E os gestores também per-

deram a capacidade de controle sobre o

sistema, a produção do trabalho médico.

O que o senhor acredita que a ESCS trouxe

de inovação para a saúde?

A Escola Superior de Ciências da Saúde

nasce dentro de uma Secretaria de Saúde.

Portanto, tem um sistema de saúde como

referência. E aí há uma grande contradição.

O sistema de saúde que tem muitos proble-

mas consegue formar os melhores médicos

do País, como apontou o Enade. Então, o

que significa isso? Que dentro da Secretaria

de Saúde temos nichos de excelência que

ainda conseguem fazer um ensino de

qualidade. O projeto político da escola é

inovador, tem uma ruptura com o currículo

tradicional. Não é por disciplina, não coloca

o aluno dentro de uma redoma em um hos-

pital universitário, afastado dos problemas

da sociedade e da rede. É um currículo que

tem dois pilares: a problematização como

sistema de ensino, que não é teórico ou

baseado na memorização. O indivíduo tem

que conquistar o conhecimento em cima de

uma aprendizagem significativa. Eu ofereço

problemas para ele, e ele vai buscar as so-

luções. Estou formando o profissional que

vai saber identificar o problema e ir atrás

da solução. O segundo pilar é a integração

entre o ensino e o serviço. O nosso aluno

não aprende somente as doenças comple-

xas no hospital universitário. Ele está na

rede pública, dentro do Saúde da Família,

do ambulatório, do hospital intermediário

e terciário e do pronto-socorro. Ele tem

uma noção do sistema e vive esse sistema

de uma maneira problematizada durante

seis anos. Ele é orientado a como encarar

a família, o paciente, a contextualizar a

doença. Além de uma excelente formação

técnica, ele sabe relativizar o uso dessa téc-

nica em função do contexto em que ele se

encontra. É por isso que ele está sendo bem

avaliado. Acreditamos que é um modelo

para o sistema de saúde brasileiro. Não

só o público, o sistema privado um dia vai

acordar para a necessidade de se investir

na formação dos médicos. É preciso cuidar

da formação dos alunos como nossa escola

cuida. O nosso ensino é tutorial, com uma

relação muito próxima entre professor e

aluno. Tudo é discutido e questionado em

busca de respostas para os problemas vivi-

dos pela sociedade e por ele mesmo, como

um futuro profissional.

A ESCS fez o dever de casa. A Secretaria de

Saúde, que deveria ter formulado

políticas de fixação dos profissionais, não fez o dever

dela

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14 PLANO BRASÍLIA

Cenário IA sucessão do governador Agnelo Queiroz ainda está na fase

embrionária das especulações e da construção de cenários. No

primeiro cenário, Agnelo e seu vice Tadeu Filipelli tendem a repetir

a dobradinha tal como está. isto é, se o governo decolar no segundo

ano do mandato. Caso o desgaste político de Agnelo se aprofunde, a

paralisia do governo continue e se as pesquisas não forem favoráveis,

é possível inverter a equação. Para PT e PMDB é importante estancar

qualquer possibilidade de ascensão da família Roriz.

Cenário II Uma segunda hipótese, segundo fontes da política candanga,

é o senador Rodrigo Rollemberg sair candidato numa coligação

PSB-PDT-PSD. Nessa hipótese, o cargo de vice poderia ser de

Liliane Roriz ou de Celina Leão. Rollemberg precisaria convencer

o eleitorado da viabilidade dessa aliança. Para o clã Roriz tudo

pode e deverá ser feito para derrotar Filipelli, o “traidor” da família.

Núcleo duroSurge o primeiro núcleo duro do governo Agnelo Queiroz. Se-

gundo fontes do Buriti, o núcleo é composto por quatro letras:

RCAA. São letras fortes e bem articuladas. Adivinhem!

Gama esperaCom o pedido de demissão do administrador do Gama, Adauto Almeida

Rodrigues, o novo nome sairá de indicação do presidente da Câmara

Legislativa, deputado Patrício. Agora sim, o Gama sai do lugar. os

críticos de Adauto dizem que ele não tinha aptidão para o cargo e só

atravancou o progresso enquanto esteve à frente da administração.

Brasília e Coisa & Tal RoMÁRio SChETTiNo

Os legados da Copa o que se espera dos investimentos na Copa de 2014 é que

fique algo permanente para a cultura local. o secretário hamil-

ton Pereira tem tocado a pasta em duas frentes importantes:

estruturas e políticas permanentes e eventos obrigatórios. o

esforço é enorme e os resultados estão aparecendo. o Festival

internacional de Arte de Brasília é um exemplo. A festa do 21 de

abril e o Festival de Cinema, são outros exemplos. A renovação

no FAC e o envio da nova lei de incentivos fiscais para a Câmara

Legislativa são medidas estruturantes. o grande salto virá com

ampliação do quadro de pessoal por meio de concurso público,

com as condições para que os espaços culturais funcionem ple-

namente e com qualidade. o Museu da República com acervo

próprio e muito mais exposições internacionais, a Biblioteca

Nacional funcionando a pleno vapor. o Polo de Cinema transfor-

mado em Escola de Audiovisual. Tudo isso com a imprescindível

participação dos ministérios da Cultura e da Educação. A hora é

essa e o governo Agnelo Queiroz se quiser marcar sua história

tem que investir pesado nessas propostas. Aí sim podemos

dizer que o legado da Copa valeu a pena.

Diplomao plenário do Senado aprovou em primeiro turno a Proposta de

Emenda à Constituição (PEC 33/2009, que restabelece a exigência

de diploma para o exercício da profissão de jornalista. houve 65 votos

a favor e sete contra. A obrigatoriedade do diploma de jornalista foi

derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho de 2009,

quando a maioria dos ministros entendeu que limitar o exercício da

profissão aos graduados em jornalismo estaria em desacordo com a

liberdade de expressão prevista no texto constitucional. Se aprovada

em segundo turno, depois do recesso, a PEC seguirá para exame da

Câmara dos Deputados.

Avenidao debate sobre o futuro do Eixão da Morte continua animado.

Além de revitalizar as passagens subterrâneas, surge a idéia

de transformá-lo de rodovia a avenida, instalando semáforos,

canteiro de flores com calçadas de pedra portuguesa, faixa de

pedestre e redução da velocidade para 60km/hora. Excelentes

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PLANO BRASÍLIA 15

E-mail: [email protected]

Comunicando

sugestões. o governo mandou limpar as passagens e instalar

novos pardais. Falta agora eliminar os buracos que tomaram

conta do asfalto após as chuvas deste verão.

Uma p... comédia

o ator Alexandre Ribondi sobe mais uma vez ao palco, para

ajudar a esquentar o verão de Brasília. Desta vez, ele vem com

a comédia stand-up “A Arte de Dizer Palavrão”, dirigida por

Abaetê Queiroz, teve estreia marcada no dia 6 de janeiro, no

Espaço Cultural Brasília Shopping, todas as sextas e sábados

às 21h. Aos domingos, às 20h. Essa peça poderia se chamar a

arte de contar piada, já que não existe uma boa piada sem um

palavrão. Se o palavrão existe para ajudar você a desabafar na

hora que bateu o dedo mindinho no pé da cama, não perca a

nova comédia de Alexandre Ribondi, e “aprenda a viver melhor!”

Gramática de Bagno

A Parábola Editorial começou a

divulgação da Gramática Pedagógica

do Português Brasileiro, de Marcos

Bagno, neste mês. Em Brasília, o

lançamento será em março, na volta

às aulas. Segundo Bagno, “trata-se

de uma obra que pretende descrever

o português brasileiro contemporâ-

neo, com atenção especial para as

variedades urbanas cultas, isto é, os modos de falar e de escrever das

camadas socioeconômicas urbanas mais letradas. Mas não é apenas

mais uma descrição. Esta é a primeira obra publicada no Brasil que

propõe a plena aceitação das características próprias da nossa língua.

Assim, ela vai na contramão das manifestações puristas dos meios

de comunicação, que ainda insistem em classificar como “erro” usos

documentados há mais de um século na língua falada e também na

língua escrita dos brasileiros mais letrados, incluindo nossos melhores

escritores”. Essa gramática ainda vai dar o que falar, ou pensar.

Pior que o soneto

o orçamento do GDF para a área da Cultura, em 2012, reduziu em

30% na relação com 2011. Um retrocesso inconcebível, especial-

mente porque os cortes foram feitos – contra a lei - inclusive na área

de custeio. Mas o pior são as chamadas emendas parlamentares,

que chegarão a R$ 70 milhões só para eventos culturais. ou seja,

adeus política cultural do Estado em benefício da maioria. A Frente

Parlamentar da Cultura está em contato com o Conselho de Cultura

do DF para discutir algum tipo de controle na execução dessas

emendas. As verbas são dirigidas a pessoas e projetos particulares,

sem o menor critério de prioridade e, em muitos casos, em confronto

com a legalidade. É por isso que eu digo, essas emendas podem ser

piores do que o soneto.

A privataria tucana

Chegou às livrarias “A Privataria tuca-

na”, livro de 343 páginas do jornalista

Amaury Ribeiro Jr. Resultado de 12 anos

de trabalho, a obra apresenta documen-

tos inéditos de lavagem de dinheiro e

pagamento de propina, recolhidos dos

arquivos da CPi do Banestado e outras

fontes públicas. Amigos e parentes

do ex-governador José Serra teriam

operado um complexo sistema de irre-

gularidades financeiras que prosperou

no auge do processo de privatização do

governo FhC. Entre a indiferença do PSDB, que tenta desqualificar o livro,

o silêncio da grande mídia e a tentativa de instalação de CPi no Congresso

Nacional, o livro continua sendo vendido em livrarias e pela internet. Ainda

falta uma resenha qualificada sobre esse trabalho. Aguardemos a palavra

dos especialistas, se é que aparecerá.

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16 PLANO BRASÍLIA

A tristeza e a desolaçãoNa região serrana do rio

Panorama Político TARCÍSio hoLANDA

O Brasil é um país que não está preparado para enfrentar qualquer desastre natural.

O Rio de Janeiro é uma eloqüente prova disso. Um ano após a tragédia que deixou um trágico balanço de mortos, moradores da região serrana do Rio de Janeiro reclamam do medo, do abandono e do desperdício de dinheiro público. Basta dizer que, só em Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, morreram mais de 900 pessoas, segundo cálculos da Defesa Civil do Estado. Só em Teresópolis, a segunda cidade mais atingida, foram quase 400 mortos. Um ano depois, as três cidades que mais sofreram com a tragédia – Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis – estão inquietas, uma vez que as obras de recuperação não foram realizadas. É um estado de abandono que sensibiliza qualquer pessoa.

Quando existem obras naquelas cidades, elas estão sendo executadas a um ritmo excessivamente lento, que intrigam e irritam os moradores da área. Todos eles mostram-se revoltados com a inoperância dos administradores, profunda decepção pelos bens perdidos e acumulados ao longo de uma vida e dolorosa saudade pelos amigos que morreram. É visível o medo que domina os habitantes da região serrana em face da expectativa de que virão novas tempestades, que poderão repetir os estragos já causa-dos. E o que não faltam são encostas com desabamentos, quando chove, moradores que vivem em áreas de risco e obras cuja eficiência e celeridade são postas à prova, enquanto o medo

domina a todos. É um cenário físico e social desolado, que causa tristeza e uma certa melancolia.

A OmISSãO DOS PREfEITOSEnquanto isso, os prefeitos de

Petrópolis, Paulo Mustrangi (PT), de Teresópolis, Arlei Rosa (PMDB), e de Friburgo, Sérgio Xavier (PSD), fogem de qualquer contato com a imprensa para evitar as inevitáveis cobranças. Cidade com pouco mais de 296 mil habitantes, Petrópolis teve os estragos concentrados no distrito de Itaipava, conhecida pelo luxo que exibiam os ricaços de lá. Ali está o vale do rio Cuiabá, localidade que concentrou as mais de 70 mortes que ocorreram no município. Os moradores guardam na memória a madrugada do dia 12 de janeiro de 2011, quando começa-ram a sentir os efeitos das chuvas e dos primeiros deslizamentos. O medo que domina os habitantes dessa área é de perder os últimos pertences em nova tragédia.

A REPETIçãO DAS TRAgéDIAS, TODO ANO

Em vários estabelecimentos da re-gião são conhecidas as tábuas fixadas a alturas a partir de dois metros para preservar os bens de eventual enchen-te. Afinal de contas, a enchente do ano passado pode ter sido a maior, mas não foi a única – basta lembrar a de fe-vereiro de 2008, ainda lembrada e re-latada pelos habitantes. Curioso é que, ainda hoje, ao lado de montes de areia retirados do rio, uma retroescavadeira parada provoca a ira e a incredulidade

dos vizinhos. “Não é possível que todo ano se repita a mesma tragédia. Essas obras aí são para enganar bobo. Só eu tive mais de 100 mil reais de prejuízo. Apresentei todos os documentos para obter facilidades de crédito, estou pagando o que perdi e tive de repor” – desabafa Ademir da Costa Maia, 56 anos, dono de loja de construção.

PAISAgEm ASSUSTADORA“A gente tem que rebolar. As

vendas caíram quase 100%” – acres-centou, desolado, o comerciante. A sua mulher, Sandra Helena da Ponte Maia, de 44 anos, se emociona ao lembrar que morreram 13 pessoas só em sua família. “Fora amigos, clientes, vizinhos... A gente sabe que o dinheiro para reconstruir veio ou de aluguel social (benefício individual de R$ 500 mensais) ou de favor” – diz, acrescen-tando: “Fiquei doente por causa disso aqui. É um estado de abandono total.” Segundo município mais afetado, Teresópolis teve quase 400 mortes em bairros urbanos e rurais e coleciona atualmente placas de obras execu-tadas pelo Estado e que estampam cifras de milhões de investimentos que, na prática, mostram que ainda há muito por fazer. A cascata de Imbuí, por exemplo, o tradicional point de turistas, deu lugar a ruas enlameadas e a uma paisagem assustadora de en-costas nuas e água escura de barro. Ao redor da cascata e em ruas próximas, obras de contenção ainda no começo, ou pela metade, ganharam pichações de supostos moradores indignados com a demora.

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DESIgUALDADE é O DRAmA DO BRASIL

“A inflação será menor e a ex-pectativa do mercado é que os juros básicos caiam”, declarou o economista Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Brasil Central.

A boa notícia é que o Brasil passa a ocupar o sexto lugar entre as maiores economias do planeta, segundo estudo de uma consultoria britânica. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, advertiu que o país pode levar 20 anos para conquistar um padrão europeu. Ninguém ignora que o Brasil detém um dos piores quadros de desigualda-de social e de renda no mundo, o que exigirá um esforço continuado dos governos, nos próximos anos, para mudar esse quadro infame. E o Brasil tem um dos maiores endividamentos do mundo. União, estatais e governos estaduais economizaram R$ 8,2 bi-lhões, em novembro, segundo o Banco Central. O resultado do setor público é positivo em R%$ 126,8 bilhões, ou 3,36% do PIB (Produto Interno Bruto), de janeiro a novembro. Tudo isso é para pagar a dívida.

VARIAçãO DAS CONTASAquele montante representa 99% da

meta de R$ 127,9 bilhões para o ano do chamado superávit primário, ou a eco-nomia que o país faz para pagar os juros da sua dívida. No mesmo período de 2010, o superávit foi de R$ 90,8 bilhões, ou 2,65% do PIB. Em novembro, o governo central (governo federal, Banco Central e INSS) registrou superávit de R$ 4,8 bilhões. Estados e municípios tiveram resultado positivo em R$ 2,6 bilhões e as estatais, de R$ 773 milhões.

De janeiro, a novembro, os juros devidos aos detentores de papéis públicos soma-ram R$ 2126,1 bilhões (5,72% do PIB), valor que supera o registrado em 2010, ou R$ 175 bilhões. Segundo o BC, esse aumento foi influenciado pela maior variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e de um patamar mais elevado da taxa Selic.

DíVIDA CRESCENTEO montante de juros foi maior do

que a economia feita nos 10 primeiros meses, o que levou o setor público a registrar um déficit nominal de R$ 89,3 bilhões ou 2,36% do PIB. Em novembro a dívida líquida do setor público chegou a R$ 1, 508 bilhão, chegando a 36,6% do PIB, uma queda de 0,8 ponto per-centual em relação ao mês anterior. O BC garante que a depreciação cambial contribuiu para esse resultado. Porém, o fato de o Brasil ocupar o 6º lugar entre as maiores economias do mundo, superan-do a da Inglaterra, teve grande destaque por parte do importante jornal londrino “The Guardian”. Segundo analistas brasileiros e estrangeiros, a classificação não esconde o fato de que a renda per capita e a qualidade de vida dos ingleses estão muito acima dos brasileiros.

A DESCOLONIzAçãOA notícia tem um gosto amargo

para os britânicos, uma vez que os graves problemas econômicos e sociais que afetam a Inglaterra e quase toda a União Européia produzem uma crise de identidade nacional na maioria desses países. A Europa modificou a sua configuração política, várias vezes, e conheceu muito mais transformações, ao longo do último século, do que as

Américas. Durante a Segunda Guerra Mundial, os dois grandes líderes da democracia européia, Churchill e De Gaule, ligavam estreitamente o destino dos dois países à continuidade de seus domínios ultramarinos. Os dois achavam que a democracia britânica e francesa não era incompatível com a pressão exercida sobre os povos afri-canos e asiáticos. As revoltas tornaram inevitável a independência desses países e obrigaram a Inglaterra e a França a se reorganizarem de maneira distinta.

HONRA AO CEARáA revista Veja publicou uma relação

dos deputados federais mais bem avaliados na Câmara dos Deputados. Mauro Benevides, do PMDB, conquis-tou o décimo lugar, com 7,5 pontos, à frente do deputado Gastão Vieira, também do PMDB, ministro do Tu-rismo, o que é bastante honroso para o Ceará, que ele tão bem representa naquela Casa. Mauro, que é o deputa-do do Ceará mais bem situado entre os avaliados, detém onze mandatos, hon-raria só conquistada pelo deputado Henrique Eduardo Alves (RN), filho do ex-ministro Aluisio Alves e líder do PMDB. Outra notícia que também honra o Ceará: o Departamento de Taquigrafia da Câmara publicou uma relação dos deputados que mais fize-ram intervenções no Plenário. Mauro Benevides fez 620 intervenções, entre apartes e discursos que pronunciou da tribuna da Casa, sempre em defesa dos interesses do Nordeste e do Ceará, Estado que representa. Em segundo lugar está o petista baiano Amauri Teixeira, com 587 intervenções no Plenário da Câmara.

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18 PLANO BRASÍLIA

O dossiê VillelaAdriana Villela, acusada pela polícia e pelo Ministério Público

de ser a mandante do assassinato dos pais, o ex-ministro

do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme e Maria

Villela, e da empregada doméstica Francisca Nascimento,

trabalhou pessoalmente na confecção de um dossiê de 100

páginas em que aponta contradições e falhas na investigação

realizada pela 1ª Delegacia de Polícia e, posteriormente,

pela Corvida – delegacia especializada em homicídios. o

julgamento do caso será retomado pelo Tribunal de Justiça

do DF no dia 15 de fevereiro. o crime ocorreu no dia 28 de

agosto de 2009.

Sangue, nãoDepois de ver o primeiro esboço do dossiê, Adriana pediu

para que fosse retirada da borda das páginas a arte colorida

que simulava manchas de sangue. “Gostaria de encontrar

outra forma interessante, que não estampe o sangue que

foi derramado, que era da minha família: de meus pais e da

amiga”, argumentou.

Adeus, perfil técnicoCom as trocas de comando na Polícia Militar e no Corpo de

Bombeiros, nos primeiros dias do ano, o governador Agnelo

Queiroz deixou o discurso de lado e adotou o pragmatismo

político. Na PM, assumiu o coronel Sebastião Davi Gouveia, no

lugar do coronel Paulo Roberto Witt Rosback. A indicação foi do

presidente da Câmara Legislativa, Patrício (PT). Já os bombeiros

trocaram o coronel Márcio de Souza Matos pelo coronel Gilberto

Lopes da Silva, indicado pelo deputado distrital Aylton Gomes

(PR). Não foi por acaso que as nomeações saíram assinadas

pelo governador interino, Tadeu Filippelli (PMDB), enquanto

Agnelo curtia as férias.

O BBB do Sombrao jornalista Edson dos Santos, o Sombra, tem a própria casa

vigiada por mais de 50 câmeras. o monitoramento é 24 horas por

dia e os vídeos também registram o som ambiente. o jornalista

tem centenas de gravações arquivadas, estreladas por diversas

autoridades, políticos e empresários. Chantagem? Sombra jura que

não. Seria apenas uma forma de continuar vivo. Com certeza, a

próxima vítima já está no alvo do jornalista. Em parceria com Durval

Barbosa, Sombra formou a dupla mais poderosa da Capital da

República. Derrubaram um governo e mantêm outro sob ameaça.

A agonia dos micro-secretáriosSe o ano passado foi de poucos resultados para todo o GDF,

imagine para as secretarias de pouca expressão, baixo orça-

mento e quase nenhuma visibilidade. A Secretaria de Assuntos

Estratégicos, comandada pelo ex-candidato ao governo Newton

Lins (PSL), tem 14 funcionários e não entregou um relatório

sequer a Agnelo. o maior destaque de 2011 foi a organização

do Seminário Brasília + 50, que debateu soluções para o trans-

porte coletivo. Já o secretário do idoso, Ricardo Quirino, que

comanda uma equipe de 18 pessoas, comemorou em uma rede

social que um senhor de 70 anos concluiu um curso de inclusão

digital, graças a um convênio entre uma fundação e um centro

universitário privado.

Nota legal, mas lentaLogo no primeiro dia do prazo, muita gente não conseguiu

acessar a página da Secretaria de Fazenda na internet para

trocar os créditos acumulados por descontos no pagamento do

iPTU ou iPVA. Cerca de 400 mil contribuintes estão cadastrados

no Programa Nota Legal e 18 mil conseguiram fazer a indicação

nas primeiras 24 horas. Para evitar lentidão no sistema, a

Secretaria de Fazenda orienta as pessoas a acessarem o site

www.notalegal.df.gov.br fora dos horários comerciais. Deixar

para a última hora, então, nem pensar. o prazo se encerra no

dia 15 de fevereiro. o total de créditos ultrapassa os R$ 196

YURi AChCARPolítica Brasília

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E-mail: [email protected] | Twitter: @yuriachcar

milhões. Quem não usá-los em 2012, pode acumular para o

ano seguinte.

O adeus a Seu Teodoro

(Seu Teodoro Freire, expoente cultural de Brasília com o Bumba-

-meu-boi de Sobradinho, morreu aos 91 anos, depois de uma

parada cardíaca. o governador em exercício, Tadeu Filippelli,

compareceu ao velório, que reuniu centenas de amigos e admira-

dores no mesmo espaço onde eram realizadas as festas, o Centro

de Tradições Populares, fundado por ele em 1963. o governador

Agnelo Queiroz lamentou o fato, em nota: “A cultura do Distrito

Federal fica mais pobre com a perda do mestre Teodoro. Era um

entusiasta, um ícone da cultura brasileira que manteve vivo um

pedaço da tradição maranhense, da cultura popular no DF.” Mas o

fato é que o Mestre Teodoro morreu sem ver concretizado o sonho

de ampliar os projetos culturais em uma nova sede para o Centro

de Tradições Populares.

Que família, Benedito!o deputado distrital Benedito Domingos (PP) corre o risco

de ter de explicar mais uma denúncia envolvendo familiares.

José Jorge oliveira Brito, ex-sócio de um neto do deputado,

Alisson Gonçalves Domingos, protocolou na Comissão de Ética

da Câmara Legislativa uma representação contra Bené. Ele

afirma que o neto do deputado deu calote na compra de 50%

de participação em um bar na Praça do Di, em Taguatinga,

em 2010. Coisa de R$ 500 mil. Segundo o ex-sócio, Alisson

justificou que o dinheiro seria repassado por Benedito, mas

ele estava com os bens bloqueados pela Justiça por conta da

operação Caixa de Pandora.

Ameaças e controvérsiasAliados de Alisson Domingos defendem o amigo. Para eles, a história é

ao contrário. José Jorge é que estaria devendo dinheiro, além de ter ficha

na polícia por posse ilegal de arma de fogo e desacato à autoridade. Pelo

sim, pelo não, no ano passado, o ex-sócio do neto de Benedito registrou

uma ocorrência na 12ª Delegacia de Polícia, no centro de Taguatinga, em

que acusa Alisson de mandar uma terceira pessoa ameaçá-lo na porta

do bar. Em depoimento, o neto do deputado confirmou que manteve a

sociedade com José Jorge por cerca seis meses, e desfez o negócio por

“desentendimentos financeiros”. Mas que nunca chegou a ameaçá-lo.

E a investigação?o caso está no Juizado Especial Criminal de Taguatinga. A primeira

audiência sobre o assunto estava marcada para novembro do ano pas-

sado, mas foi adiada porque o ex-sócio de Alisson Domingos afirmou ter

sofrido novas ameaçadas, incluindo a explosão de bombas na porta de

casa. outras denúncias contra Benedito Domingos, um dos filhos, outro

neto e uma nora do deputado já estão no Conselho Especial do Tribunal

de Justiça do DF. Para o Ministério Público, eles devem responder por

formação de quadrilha, fraude em licitação e corrupção passiva. A

suspeita é favorecimento a empresas ligadas a familiares do parlamentar

nos contratos firmados pelo Executivo para enfeites de Natal de 2007 a

2010, decoração do carnaval de 2008 a 2010 e a comemoração dos 50

anos de Brasília.

Já na Câmara Legislativa...... os deputados da Comissão de Ética preferiram aguardar a decisão

da Justiça, antes de tomar qualquer decisão sobre uma possível

quebra de decoro parlamentar de Benedito Domingos. o deputado

sempre alegou inocência e espera poder comprová-la no decorrer

do processo. Sobre Alisson, Benedito afirma, por meio da assessoria,

que não tem nenhum envolvimento no assunto. Seria, inclusive, um

neto distante, do qual ele não tem nem mesmo o número de telefone.

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Ensaios para umaLiderança Mundial?

Parte IICATALIzADORES NO BRASIL

Por aqui, foi adotada uma formula citada nesta edição de dezembro do Le Monde Diplomatique Brasil> combate a pobreza + gasto social + emprego + renda + crescimento econômico + políticas universais + valorização do salário mínimo = desenvolvimento social e econômico.

Até novembro de 2011, havíamos gerado mais 2,3 milhões de empregos formais, o equivalente a toda popula-ção junta dos países europeus menos populados (San Marino, Mônaco, Liechtenstein, Vaticano, Andorra, Islândia, Luxemburgo, Montenegro e Chipre). Isto que novembro foi o pior mês para geração de empregos dos últimos 11 meses.

Mas será que tudo isto aponta realmente para um novo cenário de lideranças mundiais? O Brasil terá em breve um papel decisivo e atuante na condução da nova ordem mundial? Isto é impossível de prever. O que é possível avaliar é o quão legitima e participativa poderá ser esta liderança, dados os modelos de desenvolvimento adotados.

SEm mODELOS PERfEITOSExistem vários países (como

Suécia, Escandinávia e Bélgica) cuja população goza de excelente qualida-de de vida, mas que são inexpressivos mundialmente no cenário econômico, político e militar.

Existe também o inverso, onde pa-íses como a China e a Índia possuem grande participação e representa-tividade nos cenários acima, mas a população sofre com a desigualdade

social, repressão intelectual e destrui-ção ambiental.

CRESCImENTO X DESENVOLVImENTOO IBGE acabou de divulgar os

primeiros dados do censo Brasil 2010. Metade da população brasileira ainda vive com R$ 375,00 por mês. E estamos falando de uns pais que produz 19 milionários por dia desde 2007. São ao todo, somos 137 mil brasileiros milio-nários e 30 bilionários.

Um dos principais fatores que contribuem para esta desigualdade é o nosso modelo tributário: pagamos mais impostos sobre o consumo, do que sobre o patrimônio adquirido. Resulta-do: um sistema que funciona como um Robin Hood às avessas, dificultando o acesso aos bens de consumo primário e de capital, e diminuindo a carga sobre que já os possuem.

Outro fator gerador de desigual-dade é o difícil acesso à educação de qualidade. Temos uma formação básica omissa e um ensino superior vazio de compromisso social e cientí-fico. Nosso processo meritocrático de acesso ao ensino superior não leva em consideração que os ricos fazem boas bases em escolas particulares e depois entram com facilidade nas universi-dades públicas e gratuitas. Enquanto isso, os mais pobres sofrem com o sucateamento das escolas e do ensino, e chegam para disputar com os ricos as mesmas vagas na universidade pú-blica. Resultado: faculdades privadas cheias de trabalhadores pagando do próprio bolso para fazer nível superior na parte da noite. Isto sem falar na

capacitação e qualificação profissional, onde vivemos algo inédito: sobram vagas no apagão de mão de obra vivi-do pelo Brasil.

REVIVENDO A HISTÓRIAPrecisamos estar atentos para não

recair no mimetismo e aprender com os erros dos europeus e dos norte--americanos. Se eles não aumentaram o consumo, não contrataram mais no setor publico e não reduziram os impostos e taxas de juros de maneira significativa, é porque eles já tinham feito isto 30 anos atrás e não havia mais como fazer. A taxa básica de juros nos EUA fica entre 0 e 0,1% ao ano. Os programas sociais são imensos na Europa, o governo já empregava boa parte da população e os impostos já incidem bem menos sobre o consumo (basta comparar os preços dos carros ou eletrônicos aqui e no exterior) e mais sobre a renda (por exemplo, a carga tributária alemã é uma das maiores do mundo).

Cabe a nós, brasileiros, construir o país com o perfil de liderança que queremos assumir diante do mundo e de nós mesmos. Se não formos capazes de refletir sobre estes assuntos internos, também teremos dificuldades em evitar os erros já cometidos por outros países há 30 anos.

* CARLoS VASCoNCELoSDinheiro

(*) CARLoS VASCoNCELoSPernambucano e pós-graduado em economia pela UnB.Trabalha em Brasília desde 2003 e hoje é Diretor de Planejamento da Empresa Avante Brasil, desenvolvendo soluções tecnológicas para a Educação a Distância.

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Mundo virtual vai à luta

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Internet é a nova arma para fomentar movimentos sociais da atualidade

CapaPor: Pedro Wolff | Fotos: Fábio Pinheiro e Victor hugo Bonfim

Em 2012 comemoramos 16 anos de internet no Brasil. Apesar da pouca idade, as mudanças sociais

provocadas por este meio já mudaram para sempre a história da humanidade. O maior exemplo foi a Primavera Árabe, como ficou conhecida a onda de protesto no mundo árabe nos anos de 2010 e 2011. A utilização das redes sociais pode ser considerada como o catalisador da onda de protestos que culminou com a derrubada de regimes ditatoriais. Sem o uso do twitter e do facebook, talvez a mudança geopolítica não tivesse acontecidona mesma veloci-dade da mobilização popular.

No Brasil, as redes sociais foram muito importantes para a aprovação da Lei Ficha Limpa. Brasília viu 40 mil pessoas

marchando contra a corrupção, e tudo começou com um evento no facebook.Sociólogos, historiadores, empresários e políticos não só estudam esse novo comportamento, como utilizam esses tipos de ferramentas. A sociedade civil faz uso desta plataforma para fiscalizar e pressionar a classe política e é capaz de “mover montanhas”. Especialistas ou-vidos pela Revista Plano Brasília foram unânimes em afirmar que para surtir efeito, uma mobilização tem que sair do virtual. A outra certeza é a de que a in-ternet é apenas uma ferramenta, e que é preciso um ideal ou indignação comum para se conseguir “mover montanhas”. Nessa reportagem serão apresentados diferentes pontos de vista da sociedade civil sobre formas de atuação na internet.

A mídia tradicional, como explica a teoria da comunicação, trabalha de forma unidirecional, figurando o

emissor e o receptor. As novas mídias são multidirecionais. Por exemplo: uma pessoa posta uma mensagem e várias outras compartilham. Essa ideia gera discussões, provocações, e pode até se transformar em outra coisa. Com um pequeno empurrãozinho pode gerar uma repercussão gigantesca.

Foi mais ou menos como aconteceu com a Marcha Contra a Corrupção, ocorrida no dia 7 de setembro de 2011. Pouca gente sabe que as organizadoras do protesto, as irmãs Daniella e Lucian-na Kalil, quase desistiram da marcha e consideram o fator sorte para o sucesso da empreitada. Tudo começou com um simples evento no facebook, criado com poucos cliques de um mouse. “Achá-vamos que não ia dar certo porque na página do evento houve muita baixaria entre pessoas de diferentes orientações políticas”, diz Daniella Kalil.

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A corretora de imóveis lembra que chegou a cogitar a retiradada própria página do ar. Porém, na época, ocorreu a absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz e isso gerou uma forte indignação popular. “A coisa tomou proporções imensas, com uma média de cinco mil confirmações de presença por dia. Ao término havia 35 mil e outros 120 mil no talvez”. Daniella passou a receber convites lançados de forma indepen-dente pelos internautas. Foram tantos que, segundo ela, o próprio Facebook bloqueou cerca de 300 mil convites.

Por fim, um grupo de advogados cedeu caminhões de som e o sucesso foi tamanho que ainda em 2011 houve uma segunda edição. Daniella adianta que para a próxima pretende trazer delegações de outros estados de ônibus.A repercussão também modificou sua vida virtual: até o fechamento desta edição Daniella tinha 4.700 amigos no Facebook.

Brasília testemunhou no final do ano outro protesto organizado pelas redes sociais. O #OcupeBrasília, financiado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), inspirou-se no movimento Ocupe Wall Street. Deslocaram-se para Brasília 220 estudantes de 22 estados e acamparam na Esplanada dos Ministé-rios, com objetivo de solicitar 10% do PIB e 50% do faturamento do Pré-Sal para a educação.

Entre atividades culturais, futebol e muito protetor solar, apresença da internet foi constante, tanto por cone-xão 3G ou celular. “Passamos o tempo todo postando fotos e mostrando nosso trabalho. Sem a internet, acho que seria impossível disseminar nossas idéias tão rápido”, comentou

Alexandre Silva, 25 anos, coordenador do movimento.

A repercussão, comenta Alexandre Silva, fez com que o assunto #OcupeBra-sília figurasse como um dos assuntos mais comentados mundialmente no Twitter. Mesmo dentro da UNE, Alexandre diz que 90% da comunicação é online, ape-sar de produzir informativos e jornais.

ADOTE Um DISTRITAL A Marcha da Corrupção e o #Ocu-

peBrasília foram manifestações políticas organizadas na internet. Mas o meio virtual também promove outras formas de mobilização política. O “Adote um Distrital”, por exemplo, fiscaliza a vida dos 24 parlamentares da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).Leonardo Oliveira, 28 anos, é um dos coordenadores do projeto. Ele diz que o movimento foi inspirado no Adote um Vereador, de São Paulo. E a onda conti-nua, pois Curitiba ganhou a sua versão.

A metodologia de atuação do grupo é tentar simplificar ao má-ximo para o cidadão comum tudo que acontece na CLDF. “O portal da câmara produz milhares de informa-ções, mas como facilitar o entendi-mento do que é tratado ali para a população?”, questiona. Para trazer a vida política da cidade para os elei-tores, o grupo faz um apanhado de tudo que é produzido ou observado e dispõe em uma planilha Excel. O Adote um Distrital traduz para os leigos as 801 Leis Orçamentárias Anuais (LOA). “Tivemos sucesso em mapear todas as obras de

responsabilidade do governo local no mapa do Google”.

E se você quiser adotar um deputado, basta se cadastrar na página do grupo que receberá todas as informações do distrital de sua escolha. E mesmo diante de ideologias políticas diferentes entre os coordenadores, Leonardo diz que o grupo fiscaliza de forma igual os 24 deputados da Casa.

Todo esse trabalho é difundido nas redes sociais. Para Leonardo Oliveira, elas aproximam os grupos que se iden-tificam para depois ir a campo. Ele cita como era a militância na época do seu pai. “Há 20 anos, quando as pessoas iam às ruas não sabiam exatamente porque estavam lá. Hoje elas lêem antes de sair de casa e sabem exatamente porque estão protestando”. Ele prossegue o raciocínio comentando que antigamen-te o povo não só era reprimido, como também não era ouvido. “Hoje você não está mais limitado ao seu grupo de amigos e familiares”.

Leonardo passa dez horas do seu dia na internet. Em um ano de tra-balho à frente do Adote um Distri-tal, ele diz que as pessoas estão mais interessadas na política. “Porque antes a população via a CLDF ape-nas como um reduto de canalhas”. Hoje, cada um pode receber todas as informações a respeito de um político.

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fICHA LImPAO diretor do Movimento de Comba-

te à Corrupção Eleitoral (MCCE) Osíris Barbosa, 45 anos, diz que a militância na internet foi fundamental para o sucesso da aprovação do Ficha Limpa. “Em duas semanas foram registradas dois milhões de assinaturas eletrônicas”, dispara.

Hoje o MCCE luta por uma reforma no sistema eleitoral. Eles militam para que as assinaturas colhidas na internet tenham relevância na pauta do Con-gresso, por ocasião da criação de leis de iniciativa popular. Ele esclarece que para um cidadão sugerir esse tipo de lei, basta apresentar o documento de identidade e não mais o título de eleitor.

Entrando na discussão proposta pela revista, Osíris Barbosa considera que a mídia tradicional ainda tem mais credibilidade frente às novas mídias. “Porém, a internet tem a vantagem de uma pessoa receber a informação vinda de uma pessoa amiga, e isso traz uma credibilidade”. Sem contar que o seu poder de mobilização é imensurável.

Por serem de natureza semelhante, tanto o Adote um Distrital, quanto o MCCE sonham com a extinção da cor-rupção que assola o país de norte a sul.

gESTOR DE REDES SOCIAISAtualmente existem pessoas que se

dedicam, profissionalmente, à criação de sites de relacionamentos. Aurélio Araújo trabalha como consultor de gestão e redes sociais. Ele comenta como uma mobilização na internet deve ocor-rer. “Reunir pessoas é o primeiro passo. Mas uma passeata não é o suficiente. É preciso mobilizar as pessoas para buscar soluções, senão qual o será seu retorno prático?” questiona o gestor em redes sociais. Ele cita como exemplo de mobilização mal sucedida o Movimento Fora Sarney que não conseguiu ganhar as ruas e elogia a Marcha da Corrupção. Ressalta, porém, que é necessário que se apresente uma solução. “O exemplo bem sucedido que temos hoje, no Brasil, é o da Ficha Limpa”.

Aurélio Araújo vai além na discussão e comenta que a internet tem tido poder

muito maior que a televisão. Ele citou um caso onde as redes sociais influencia-ram a própria TV durante a transmissão dos jogos Pan-americanos. O público considerou que a Rede Globo não noti-ciou devidamente os jogos por conta dos direitos exclusivos da TV Record. Houve uma mobilização no Facebook que obrigou a Rede Globo a inserir flashes dos jogos durante seu principal jornal. “Hoje a própria TV busca ser mais inte-rativa, e os televisores estão navegando na internet”, complementa.

Isso influencia, mesmo que timi-damente, o meio político e industrial. Aurélio diz ter conhecimento de apenas um deputado que mantém um profissio-nal responsável por redes sociais, e um assessor de comunicação que trata das demais tarefas ligadas à comunicação. “O que os políticos e as empresas não sabem é que eles são falados nas redes sociais. Falta um profissional para traçar estratégias de comunicação”.

E essa comunicação chega até a classe D, assegura o gestor de mídias sociais. “Todas as comunidades possuem Lan Houses e estas lojas que servem de ponto de encontro para os jovens. E mesmo para essa classe já temos estraté-gias de mercado elaboradas”.

Agora, caso um político esteja interessado em contratar os serviços de comunicação interativa, Aurélio comenta que na internet o público é mais sensível. “Se eles percebem algo de negativo ou que não esteja claro começam a repercutir negativamente”. O consultor acrescenta que as redes so-ciais servem como termômetro para os políticos perceberem como o eleitorado o enxerga e para amplificar as ações. Devem, também, ter a consciência que as pessoas estão lá a procura de diver-são. Outra postura a ser observada é a continuidade da interação no mundo real, comparecendo aos eventos e cum-primentando o povo.

Saindo do mundo político e entran-do no empresarial, Aurélio considera que a cidade de São Paulo está mais atenta as redes sociais. E mesmo São Paulo precisa avançar nesse mercado.

Alexandre Silva diz que sem a internet o #OcupeBrasilia não teria o mesmo impacto.

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Os Estados Unidos é um referencial. Lá ocorrem constantemente seminários on-lines, existem departamentos de univer-sidades e grupos profissionais lidando com esta plataforma de comunicação.Em relação a Brasília, Aurélio diz que apesar de existirem muitas pessoas interessadas no assunto, o tema ainda é abordado de maneira difusa.“Não há algo sistematizado para estender as redes sociais”, diz Aurélio.

A rotina de um profissional dessa área é monitorar e estudar tudo que é dito nas mídias sociais para traçar suas estratégias. “Quanto mais você compar-tilha e divide, acaba aprendendo com os outros.” E hoje, apesar de ser um nicho altamente tecnológico, o serviço ainda é feito manualmente, pois existem inúmeros softwares para fazer triagem de palavras, mas o computador não entende ironias, metáforas ou cinismos. “Portan-to, o recurso humano é fundamental”.

O consultor e professor de marketing e internet do Uniceub, Evaldo Bazeggio, têm opiniões semelhantes às de Aurélio. Ele diz que no meio político o modelo utilizado nas redes sociais ainda se limita a observação. “Na minha visão ainda não perceberam seu potencial e importân-cia”. Ele fala que um gestor de mídias sociais não é mais opção para o meio político, é obrigação. A única exceção a esta regra, diz o professor, é o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que já era adepto das redes sociais e hoje possui uma equipe de comunicação interativa.

Evaldo diz que para um político de mais de 40 anos precisa primeiro desmistificar a internet, ou seja, perder o medo. Depois, é perceber o que as pessoas estão falando deles, o chamado monitoramento e traçar uma estratégia de conversação. Ele dá como exemplo dessa falta de interatividade com o eleitor é quando você envia um e-mail para um parlamentar. “Ele dificilmente irá lhe res-ponder”. Porém, diz Bazeggio, as chan-ces de se obter uma resposta por meio das mídias sociais são maiores. “Porque lá ele é obrigado a lhe responder”.

Outro ponto que a classe política tem que levar em consideração, é que

CONTRA O CASSINO GLOBAL

O movimento Occupy Wall Street nasceu para ser repercutido no Twitter. Depois de uma sessão de brainstorm, o documentarista Kalle Lasn e demais in-tegrantes da Adbuster Media Foundation, sediada no Canadá, criaram um cartaz com uma bailarina em cima de búfalos com a frase “What is our demand?”. Em português: “Qual é a nossa demanda?”. Na parte inferior do cartaz trazia a hashtag #occupywallstreet, a data 17 de setembro, e a convocação: “traga a barraca”.

O cartaz foi impresso e colocado em praças de grande circulação em Nova York. Na data sugerida, ainda sob os eventos que lembravam os dez anos dos atos terroristas de 11 de setembro, surpreendentemente as pessoas atenderam ao chamado. A princípio foram às ruas os desemprega-dos e aqueles que sofriam duramente a recessão provocada pela crise econômica enfrentada pelos Estados Unidos.

Occupy Wall Street cresceu e se espa-lhou incensado pela má reação dos poli-ciais, pela ampla repercussão na internet e pela cobertura jornalística. De repente, o mundo pôde assistir passeatas frequen-tes que envolviam desde a atriz Anne Hathaway (que tem fortuna estimada em U$ 58 milhões), até estudantes pobres. Os cartazes que carregavam tinham os mais variados dizeres. “Limitação dos direitos políticos das corporações.” “Fim imediato das guerras.” “Aumento dos impostos aos milionários.” “Quadros negros, balas não”. Ou seja, cada um levou a própria demanda.

No entanto, o estoniano Kalle Lasn não estava lá. Não acampou com os mani-festantes. Isso não o impediu de ter o rosto

veiculado nas mídias como um quase-líder. Ele, um homem de 69 anos que viveu até os sete anos num campo de refugiados na Alemanha, se define como anarquista que deseja a queda do atual modelo capitalista vigente: algo que chama de cassino global. Este é, para ele, um mal que precisa ser derrubado por todos, independentemen-te da orientação política e ideológica.

Você diz que o Occupy Wall Street é um movimento novo porque é realizado por uma geração que nasceu com a internet. E o que mais?

O Occupy foi abraçado por milhares de jovens ao redor do mundo que perce-beram que o futuro não faz sentido dentro deste buraco de crises ecológicas, políticas e econômicas. Daí a razão de elas terem se levantado e saído às ruas. O sentimento de um futuro negro é o que tem movido as pessoas. Claro que, diferente das gerações anteriores, esta cresceu na cultura da in-ternet e sabe como usar redes sociais para organizar movimentos. Isso pode ser em forma de protestos tradicionais ou talvez em flashmobs. Eles possuem este poder incrível que a internet proporciona. É por isso que o Occupy Wall Street transfor-mou-se num movimento mundial.

Qual a vantagem que existe num movi-mento sem líderes que possam responder por ele e sem uma orientação ideológica pré-estabelecida?

Claro que não existiram inicialmente solicitações claras nas ruas e tampouco se discutiram mudanças no programa polí-tico e social. Mas o fato de simplesmente

Por DJENANE ARRAES

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ãoENTREVISTA COM O MENTOR DO MOVIMENTO OCCUPY WALL STREET

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a juventude não assiste mais televisão como os mais velhos e que o foco dos novos eleitores são as redes sociais. “Há muito a se aprender sobre o tema e não podemos afirmar que exista um espe-cialista sobre o assunto, porque todo dia está mudando”.

Evaldo diz que no meio acadêmi-co, as pesquisas sobre mídias sociais estão mais avançadas em estratégias de marketing para o empresariado. Porém, para discussões de cidadania incluem política, ainda patinam.

mOBILIzAçãO NO mUNDOOutra forma de mobilização política

é por meio das petições online. O www.peticoesonline.com é uma organização mundial que trata do assunto. Segundo seu co-fundador Nik Dicampli, eles notaram que a maior demanda oriunda da América do Sul é sobre Direitos Humanos.

Nik Dicampli diz que o Internet Petition Network trabalha em duas diferentes categorias de causas: petições locais e internacionais. “Pensamos que os problemas locais são tão importantes, quanto os de alcance internacional”. Nossa meta, diz ele, é dar maior voz às pessoas que normalmente não tem outra forma de expressar seus problemas e encontrar outras pessoas que compartilhem da mesma ideia. Para ele é uma forma de conectá-las para lutarem juntas. “Em nossa rede internacional nós encontramos petições de liberdade, direitos humanos e dos animais e ambientais, tanto no âmbito internacional, quanto no local”.

Ele comenta sobre o crescimento do site. O petições online começou na Itália quando o país queria retomar o programa de energia nuclear e hoje já se encontra em 32 nações. “Damos um megafone aos problemas das pessoas”, resume.

Na Europa e em outros países, por exemplo, a luta é por preservação das águas públicas. Também lutamos pelo direito das mulheres. Na Rússia,o site luta para garantir a democracia onde existi-ram muitos problemas, após as eleições.

existir começou a provocar discussões mais profundas nos Estados Unidos e depois no mundo. Aí sim proporcionou a formulação de um debate concreto sobre demandas claras para mudanças na política social. Realmente acredito que isso sim pode ser o pontapé para futuras mudanças dentro do sistema de capital. Talvez possamos mostrar para as pessoas que por trás da economia existe um cassino global. Wall Street é como uma gigante Las Vegas onde se fazem as mais diferentes apostas, cujo único objetivo é produzir dinheiro, sem a preocupação de estabelecer uma econo-mia real que possa impactar positivamente na vida das pessoas.

O senhor é contra o sistema capitalista praticado no mundo de hoje. Mas exis-te um sistema ideal? O senhor teria um nome para um sistema mais justo que caberia no mundo de amanhã?

Eu não sei o que esse novo sistema será. Está aí a beleza desta história:

mudanças puderam ser efetivadas por meio de um movimento espon-tâneo. É mais ou menos como um jazz em que não sabemos qual será a próxima nota. Não sou capaz de dizer o que vai acontecer, mas posso especular situações para o próximo ano [2012] na economia global devido, principalmente, à crise europeia. Talvez possamos saber mais notícias sobre o Brasil, que é um dos países mais bem-sucedidos da atualidade, ao passo que Estados Unidos, Europa e Japão vão decair um pouco mais. Isso é mais combus-tível para os jovens continuarem a sair às ruas e lutar por uma econo-mia mundial diferente.

Em Brasília e no Brasil existe o movimento que também nasceu na internet chamado “Marcha Contra a Corrupção”, motivado por escânda-los no governo. O senhor acredita

O organizador do movimento, Kalle LasnDi

vulg

ação

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O PROfISSIONAL DE ImPRENSASérgio Ludtke é editor da revista

Época Online e deu sua versão para IPad. Ele diz que as redes sociais propor-cionam uma agilidade impressionante na troca e multiplicação das informa-ções. “Isso acontece porque as redes ou mídias sociais na internet proporcionam a cada cidadão seu próprio canal e ele repercute imediatamente” e considera que a abrangência disso vai depender da reputação dos indivíduos envolvidos e da capacidade de multiplicação que suas redes tiverem.

Sérgio prossegue afirmando crer que a tecnologia vai ser cada vez mais usada para comunicação e para registrar e compartilhar informações. “Hoje você encontra com mais facilidade um sujeito com um celular que pode captar imagens do que alguém com uma caneta na mão. Essa tecnologia faz parte do vestuário das pessoas”. Há algumas causas que podem se tornar unicamente virtuais, “mas é difícil para elas criar fatos. Pessoas reunidas no mundo real geram a repercussão no mundo virtual”.

Ele lembra que no Brasil, movi-mentos como o das Diretas ou dos

caras-pintadas conseguiram mobilizar muita gente antes das redes sociais. E considera que o sucesso depende muito do ambiente que está criado e das redes que os líderes do processo conseguem usar. “As redes sociais conseguem um impacto imediato e ampliam as ideias defendidas por esses movimentos. Além disso, todo sujeito envolvido nesse processo é também uma testemunha, um repórter que registra o movimento. Essa multiplicação de registros capta o que antes era impossível captar e ajuda a alimentar o movimento”.

Questionado sobre a força de cada meio de comunicação, ele diz que tudo depende do público que se quer atingir. “No Brasil, a televisão é muito mais abrangente e tem mais força quando se pretende fazer algo que chegue a todos os lugares e pessoas. As redes sociais di-gitais dependem do acesso à internet via computador ou telefones celulares”. É um número menor, mas já significativo. A diferença, que poderá ser definidora da resposta, é a propriedade do canal. Na internet qualquer cidadão tem seu próprio canal e ele pode ser multiplica-do muito rápido.

que a corrupção é a maior ameaça à democracia?

As mídias americanas gostam de escrever sobre corrupção na África e nos países emergentes. Falam sobre extorsões praticadas por policiais. Mas isso se vê todos os dias em todos os países. Acredito que esse tipo de corrupção não é o mal maior. O problema está no alto escalão. Posso dizer que o lugar mais corrupto do mundo é Washington DC. É onde estão as casas dos ladrões e dos lobistas que atuam nas grandes corporações e em Wall Street. Para você ser eleito para o Congresso, por exemplo, vai ter que depender do dinheiro dessas corporações. O processo político americano é corrupto e fica difícil estabelecer a democracia neste meio. E não são apenas as pessoas do Occupy Wall Street que denunciam isso. Muita gente do Tea Party concorda que os Estados Unidos não são mais o topo da democracia, mas sim um estado corporativo. Chamam isso de “corpocracy”.

O senhor acredita que o Occupy Wall Street é um indicador para uma revolução global?

Acho que isso depende muito da forma em que essa crise econômica atinge cada um. No momento, pesa mais na Gré-cia, na Itália e na Espanha. Talvez outros países estejam enfrentando dificuldades semelhantes. Mas a situação não está ruim o suficiente para provocar algum tipo de revolução. Se a economia global entrar em colapso, se o índice Dow Jones tiver uma espantosa baixa a ponto de lembrar o cenário de 1929, aí sim penso que o mo-vimento Occupy Wall Street possa crescer para um movimento de revolução global.

O jornal de divulgação do movimento, fazendo sátira ao famoso Wall Street Journal

Gestor em mídias sociais, Aurélio Araújo, afirma que para uma mobilização virtual surtir efeito ela precisa chegar ao mundo real

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Obrigado,Tia

AngelinaCentro de assistência social criado por moradores do Varjão faz história atendendo crianças carentes

CidadaniaPor: Janaína Camelo | Fotos: Fábio Pinheiro e Divulgação

Com a mesma qualidade de vida que tem uma cidade quase que esquecida, apesar

dos seus mais de 50 anos, o Varjão se orgulha. Se orgulha de um dos maiores frutos conquistados por moradores com ideais de uma comunidade melhor. Se orgulha do Centro Social Comunitário Tia Angelina, construído na quadra 4 da cidade, desde 1990. Ele leva o mesmo nome de sua fundadora, a dona Angelina Pereira de Matos, antiga moradora do Varjão e que desde sempre lutou pelas boas condições de vida de seus vizinhos. Ela morreu em 2006, mas seu maior triunfo continua rendendo histórias.

O Centro Social Comunitário Tia Angelina é creche, escola infantil e espaço para atividades extracurriculares. Atende desde bebês de 1 ano até adolescentes de 14 anos. Todos são crianças carentes. Para aqueles que não vão bem na escola de origem e já não freqüentam mais a edu-cação infantil, recebem no centro aulas de reforço, em horário contrário ao da escola.

Tudo é financiado por meio de doções, exceto a educação infantil, que é custeada pela Secretaria de Educação, graças a um convênio firmado com o GDF.

No Varjão, quem não está no Centro Comunitário Tia Angelina já esteve um dia. Muitos moradores da cidade, hoje adultos, passaram pelas mãos de Angeli-na quando pequenos. Em 1984, Angelina foi escolhida para inaugurar a primeira creche do Varjão, criada em parceria com a UnB. Ela foi notada pelas suas posições a favor da comunidade e falava da falta

de uma creche como um dos principais problemas da cidade. Foi aí que as pri-meiras crianças receberam os cuidados de Tia Angelina, como a moradora passou a ser chamada.

No entanto, a criação do famoso centro social não começou ali. Depois de anos a frente da primeira creche do Varjão, Tia Angelina deixou o trabalho. Dizia que a política comunitária utilizada na criação da creche teria se transformado em uma política partidária e passou a cuidar das crianças em sua própria casa, na época

Nair Queiroz faz questão de tocar o projeto fundado pela mãe. Uma parede pintada pelas crianças.

Tia e crianças, em aprendizado mútuo.

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um barraco de dois cômodos. “Passamos a conviver com essas crianças. Nós chegá-vamos em casa, tinha criança dormindo na minha cama, comendo nossa comida”, re-corda aos risos a pedagoga Nair Queiroz, uma dos sete filhos de Tia Angelina.

Nair é hoje presidente do Centro Comunitário Tia Angelina. Ela conta que com o tempo, para atender a demanda de tantas crianças, o lote com um barraco passou a ter dois barracos, depois três... Até chegar a ser construído um grande telhado e uma sustentação de base. O ano

era 1999 e os sete filhos de Tia Angelina passaram a tomar conta da creche. “Começamos a mostrar nosso trabalho”, diz Nair. Mas nem tudo foi fácil. Na época, um galpão no ter-reno que guardava materiais de construção pegou fogo num incêndio que teria sido criminoso. Depois de pedir ajuda em jornais e televisão, os filhos de tia Angelina rece-beram as primeiras grandes doações. “Há males que vem pro bem. A embaixada do Japão viu as reportagens e pediu um projeto da creche

que queríamos”, lembra Nair. Hoje o Centro Social Comunitário

Tia Angelina conta com três grandes blocos com várias salas de aula, galpões, auditórios e até oficinas de artesanato. Tudo a base de doações. Em dezembro último, a instituição ganhou mais um presente. Um auditório doado pela embaixada do Canadá.

ARTESANATO gERA RENDAAlém das doações, existem outras fon-

tes de renda que garantem a sobrevivência

do Centro Comunitário Tia Angelina: as oficinas de artesanato e o bazar. Lá,

as mulheres que freqüentam o Centro, aprendem a fazer

caixinhas de presente, sabonetes e até cestas de chocolate. As aulas são gratuitas e representam uma boa oportunidade de gerar uma renda extra para quem quer aprender. Hoje, 30 mulheres fre-quentam as oficinas. “Mui-tas são ex-presidiárias e não conseguem voltar ao mercado de trabalho”, aponta Nair.

Parte dos produtos artesanais é vendida junto com roupas e acessórios doados ao bazar benefi-cente, e gera uma boa renda a cada mês. Mas o

centro não quer parar por aí. E o sonho é grande. A intenção é montar uma loja para vender as mercadorias produzidas nas oficinas.

EXPERIêNCIA mARCANTECinquenta e uma pessoas fazem o

Centro Social Tia Angelina funcionar. A equipe conta com professores, fun-cionários da administração, diretores, coordenador pedagógico, vigias e pessoal de serviços gerais. E a expe-riência de conviver ali é marcante. A professora Hérica Araújo sabe bem o que é isso. Nos 25 anos trabalhando como pedagoga, nunca antes havia se relacionado com crianças tão carentes de afeto. “Aqui chegam meninos e meninas muito arredios, que não sabem o que é um beijo, um abraço”, lamenta a professora. Segundo ela, as atitudes são um reflexo da realidade que vivem. “Mas a gente ensina e insiste no amor com elas, que acabam aprendendo. É um prazer fazer a diferença na vida delas”.

ServiçoCentro Social Comunitário Tia angelina(61) 3468.2838

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“É um prazer fazer a diferença na vida dessas crianças”, diz a pedagoga Hérica Araújo.

Equipe de professores que faz o centro social funcionar.

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GentePor: Edson Crisóstomo

PolíticaLegalização de terras no DFProdutores rurais usuários de terras sem escrituras iniciaram, processo de regularização de áreas agrícolas junto ao Governo do Distrito Federal, durante lançamento da Caravana da Regularização – GDF legalizando as terras rurais! o evento é o primeiro de uma série de 11. As etapas serão realizadas sextas e sábados até 21 de julho.A campanha está sendo realizada pela Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri) e pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). o objetivo é esclarecer dúvidas, orientar e dar o suporte necessário à popula-ção rural para que possa requerer e obter o título de concessão de terras. A caravana abrangerá todos os núcleos agrícolas do DF

GDF inaugura segunda Farmácia Especializadao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, acompanhado da primeira-dama, ilza Queiroz, e do secretário de Saúde, Rafael Barbosa, inaugurou nesta sexta-feira (27) a segunda Farmácia Ambulatorial Espe-cializada do DF. Localizada na Praça do Cidadão, em Ceilândia, a nova unidade descentralizará o atendimento a pacientes com doenças crônicas que recebem do governo, de forma gratuita, medicamentos de alto custo e de uso prolongado.De acordo com o secretário de Saúde, Rafael Barbosa, a descentrali-zação trará dignidade aos cerca de 27 mil usuários cadastrados para receber os medicamentos.

Célio René e equipe do Centro Olímpico em Brazlândia

Orquestra Republicana Orquestra À Base de Corda de Curitiba

Katia Cubel

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Geleia GeralReconhecimento nacionalo Prêmio Engenho - o Dia em que o Jornalista Vira Notícia foi reconhecido como um dos mais influentes prêmios de comunicação do país, ao lado de realizações como Prêmio Esso de Jornalismo, Ayrton Senna de Jornalismo, Tim Lopes de Jornalismo investigativo, Comunique-se, Abril de Jornalismo, entre outras. Criado pela jornalista Kátia Cubel, o Prêmio Engenho chega este ano à sua 9ª Edição e agora com o destaque de estar no ranking dos melhores. “o mérito é, sobretudo, dos jornalistas que atuam na Capital do país e que nos dão a oportunidade de destacar o trabalho realizado aqui e enfatizar valores como ética, transparência, democracia e liberdade de expressão”, comenta Kátia Cubel.

Caixa RápidoEstádio a todo o vaporo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, no canteiro de obras do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Foi à primeira visita do ministro ao estádio e também a primeira de uma série de vistorias que Rebelo realizará nos próximos dias nos estádio das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. o governador Agnelo Queiroz aproveitou o encontro para anunciar que as obras estão com 50% de sua execução concluída e que a arena será denominada Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. o ministro se surpreendeu com o andamento dos trabalhos.

Liliane Roriz e Samanta SallumOrquestra Popular Bomba do Hemetério

grupo Imbaúba milton Nascimento emociona Brasília

O espetáculo “O menino que vendia Palavras”

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CidadePor: Djenane Arraes

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NormalizadoAbastecimento

CEB deve investir mais de R$ 200 milhões em 2012 em linhas e subestações em todo o DF

As luzes que fizeram a decoração de fim de ano em Brasília, montadas pela Companhia

Energética de Brasília (CEB), podem ter anunciado o fim de um período pouco iluminado que a empresa enfrentou nos últimos anos. O diretor de engenharia da CEB, Mauro Mar-tineli, informou que para 2012 serão investidos cerca de R$ 220 milhões para construção de novas subestações, troca de cabos e para a expansão e melhoria das redes de baixa, média e alta tensão. São ações que visam sanar problemas como a sobrecarga do sis-tema que provocavam os famigerados apagões pela cidade.

“Não é segredo que nossos siste-mas trabalham no limite e sofremos com sobrecargas. São conseqüências da falta de investimento no passado”, informou Martineli. Os recursos para as melhorias vêm das taxas

tarifárias pagas pelo consumidor. A CEB deveria ter investido R$ 430 milhões nos últimos quatro anos. Conseguiu usar pouco mais da meta-de: R$ 279,8 milhões, pois parte do dinheiro estava comprometido com o pagamento de dívidas e juros que a empresa estava submetida. “Pagamos R$ 30 milhões por mês só de ICMS [Imposto Sobre Circulação de Merca-dorias e Serviços]”.

A CEB possui um débito de R$ 870 milhões, a dívida deverá ser sana-da por meio de um empréstimo feito pelo Governo do Distrito Federal (GDF) – sócio majoritário da Com-panhia –, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Outra solução para aportar recursos e minimizar os pro-blemas pelos quais a Companhia vem passando, é colocar à venda terrenos não-utilizados por ela. Segundo Mar-

tineli, a CEB espera arrecadar cerca de R$ 400 milhões por estes espaços.

Aproximadamente R$ 2 bilhões são arrecadados anualmente pela Companhia por meio das tarifas – principal fonte de recursos da empre-sa. “É bom ressaltar que nós temos a terceira menor tarifa do Brasil, apesar do consumo de energia per capita do DF ser o maior do País”, ponderou o diretor. O problema é que apenas 19% deste recurso vai para a distribuidora. O valor remanescente é destinado ao custeio da energia comprada princi-palmente de Furnas.

Várias licitações da Companhia não cumpriram o cronograma, pois o Tribunal de Contas do Distrito Federal alongou-se em suas análises. “Também tivemos dificuldades em obter licenças ambientais para a re-alização de obras, como também em conseguir a posse de terrenos públicos

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ServiçoCompanhia elétrica de Brasília - CeBatendimento 24 horas0800 61 0169

para a construção das subestações”, disse Martineli. Com o problema do endividamento por hora resolvido, a CEB teve condições de voltar a in-vestir pesado. O interesse vai além da normalização e melhoria do sistema. Estamos empenhados em melhorar o DEC e o FEC, que são os indicadores de qualidade dos serviços estabeleci-dos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O DEC indica o tempo médio em que os consumido-res ficaram sem energia elétrica. O FEC denuncia o número médio de vezes que essa interrupção aconteceu.

LINHAS PARA A COPASe os investimentos para 2012 são

urgentes e necessários para manter as luzes acesas em Brasília, outros mais estão previstos para a Copa do Mundo. Entre as obras programadas está a construção da subestação do Estádio Nacional de Brasília. Outras duas subestações, a Brasília Centro

e a do Sudoeste, serão ampliadas, além de serem feitas as ligações entre elas. “A novidade é que a subestação do Estádio será do tipo compacta. Isso significa que ela ocupará menos espaços e usará tecnologia GIS”, disse Martineli.

Implica dizer que será instalada e usada pela primeira vez no Distrito Federal uma tecnologia aplicada em áreas de populações densas e de tamanho reduzido. Por outro lado, a GIS – Gas Insulated Switcgear –, ofe-rece mais economia e confiabilidade em linhas de alta-tensão. O impacto ambiental é menor, os ruídos são reduzidos, e ela não interfere nos sinais de rádio.

O investimento será de R$ 54 milhões, que serão aplicados até junho de 2013, bem a tempo do chute inicial da Copa das Confederações. “A Copa do Mundo é um presente para a cidade e não é por causa da festa e dos jogos de futebol”, explicou Martineli.

“O maior legado de um evento com essas dimensões são os investimentos que nos obrigam a fazer e que vão ser deixados para o benefício da popula-ção”. As obras vão ser acompanhadas pelo GT Copa 2014 criado pelo Mi-nistério de Minas e Energia.

Outro investimento da CEB que deve chegar ao consumidor até o final de 2014 é a Telemedição. Significa que a medição de energia consumida por cada casa será feita à distância. “A telemedição diminui a possibilidade de erros e fraudes, além de reduzir os custos para a empresa, porque o monitoramento é feito 24 horas por dia. Por hora, ela é aplicada apenas nas grandes empre-sas. Em breve chegará para todos”, concluiu o diretor da CEB.

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Administração de Brasília pretende normalizar liberação de alvarás em três meses

economiana

Alavanca

de BrasíliaA Administração Regional de

Brasília entregou no dia 21 de janeiro cerca de 300 alvarás e

licenças de funcionamento de esta-belecimentos comerciais do Plano Piloto. Essa foi a maior entrega de alvarás e licenças concedidas pela Administração Regional nos últimos dez anos. O trabalho foi resultado de um mutirão proposto pelos servidores do órgão, para expedição de alvarás e licença em tempo hábil. A emissão de alvarás estava atrasada desde os governos anteriores.

Na cerimônia de entrega das autorizações compuseram a mesa da cerimônia o administrador de Brasília, Messias de Souza, o secre-tário de Micro e Pequenas Empre-sas, Raad Massouh, o coordenador das Cidades, Francisco Machado, o representante da Federação do Comércio, Antônio Augusto de

Moraes e o vice-presidente da Associação Comercial do DF, Hélio Queiroz. Estiveram presentes tam-bém empresários e representantes do Sindhobar-DF, da Associação de Comerciantes do DF, entre outros.

À frente do mutirão, Messias de Souza considera este um passo muito importante para ajudar no desenvolvimento econômico da cidade. “Havia mais de mil processos parados. Eu mesmo participei dessa concentração de esforços”, disse o administrador. Messias garante que o esforço de entrega de alvará irá se estender e que em três meses espera normalizar a situação.

“Este é um momento virtuoso da cidade, com muitos novos empreen-dimentos querendo nela se instalar”, comentou Messias. O administrador adiantou que este esforço chegará também para aprovação de projetos

de obras arquitetônicas. “Estamos montando uma força-tarefa de enge-nheiros e arquitetos para, em 90 dias, fazer outro mutirão”.

ALVARáSO presidente em exercício da

Fecomércio-DF, Miguel Setembrino, afirmou que a instituição sempre reivindicou mais agilidade no pro-cesso de obtenção dos alvarás para os empresários. “Em 2010, havia mais de 11 mil empreendedores sem a documentação. A Fecomércio vê com bons olhos essa iniciativa“, ressalta Setembrino.

Elies Soares, vice-presidente Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Asses-soramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Distrito Federal (Sescom-DF) considerou a atitude da Administração de Brasília louvável.

BrasíliaDa Redação | Fotos: Divulgação

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“Foi demonstrado boa vontade para resolver as pendências de alvarás. Agora espero que este processo não pare, e seja realizado de uma forma mais assídua”, disse, completando: “se cem alvarás forem liberados por quinzena, em pouco tempo se coloca-rá essa situação em ordem”.

Elies diz não saber qual o motivo dos alvarás estarem parados na Região Administrativa I do Distrito Federal, visto que em cidades como Taguatinga, SIA, Sudoeste e Lago Sul o mesmo processo demora um mês.

Hoje pela demanda dos empresá-rios não podem esperar cerca de seis meses para conseguir uma liberação no Plano Piloto. “Não sei quanto estas li-berações irão representar para a econo-mia do Distrito Federal, mas representa muito para o empresariado”, comenta.

Ele, como representante de sindicato, cita que havia 15 alvarás

de clínicas pendentes. E estas não podem assinar convênios enquanto não ganhar esta autorização. “Nosso sindicato tem cerca de 300 associa-dos, e 80% nos reclamam diariamente desta situação. Agora se o mutirão da administração continuar em breve se resolverá esse imbróglio”.

PRImEIRO NEgÓCIOUm comerciante, para ter sua loja,

precisa primeiro alugar um espaço. É realizada uma consulta prévia para saber se pode desenvolver esta ativi-dade. A consulta dura entre cinco a dez dias. Depois, é preciso registrar o contrato social da empresa na Junta Comercial, processo que varia entre dez e 15 dias. A terceira etapa é junto ao Governo do Distrito Federal: conse-guir a liberação da inscrição estadual, que gira em torno de três dias. Por fim, precisa do alvará para se regularizar.

O administrador Messias de Souza cita o bom momento na economia da cidade, onde muitos novos empreendimentos deverão se instalar. E pretende normalizar a situação dos alvarás em até 90 dias.

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Mercado de TrabalhoPor: Pedro Wolff | Fotos: Divulgação | Ilustração: Raphaela Christina

De acordo com dados divulgados pelo Departamento Intersin-dical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos (Dieese), em outu-bro do ano passado, o número de desempregados no Distrito Federal era de 172 mil. Mesmo que o merca-do ofereça boas ofertas de trabalho, vários setores da economia carecem de mão de obra especializada.

Cleiton Machado, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sin-dhobar) foi incisivo: “Na minha avaliação, quem está desempregado, ou não quer trabalhar ou está desqua-lificado”. Ele se refere aos problemas de seus colegas que ele acompanha, por exemplo: encontrar profissionais capacitados como garçons.

Este problema gera um custo adicional para o empresariado. Os patrões têm que investir tempo e dinheiro para dar qualificação. “No meu entender, esse papel de educar e qualificar é do governo”. Cleiton acrescenta que pode ocorrer um desgaste ainda maior quando, depois de capacitado por uma empresa, o funcionário decidir procurar empre-go na concorrente. O presidente do Sindhobar comenta também que a baixa escolaridade reflete na falta de especialização.

Devido a esses fatores, o Sindho-bar faz convênios com entidades como o Senac para preparar os tra-balhadores. No setor de bares, o cargo mais carente de mão de obra é o de garçom, que representa um terço do

quadro de empregados da empresa. E diz que para a cidade receber a Copa do Mundo essa categoria profissional tem que saber uma língua estrangeira. Mais do que o próprio dono, porque o contato com o cliente praticamente se limita aos garçons. “Não precisa ser um inglês fluente, o garçom precisa entender o técnico como uma coca-cola com gelo e limão”.

Na área da construção civil o pro-blema é semelhante. Ezídio Santos, presidente da comissão política e de relações trabalhistas do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Dis-trito Federal (Sinduscon-DF), fala das dificuldades para se contratar de um ano e meio para cá. Devido ao boom no setor, houve um aumento signifi-cativo na procura por profissionais

Setores da economia do DF sofrem com baixa qualificação dos funcionários

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especializados na área da construção civil. “Temos dificuldade de arrumar eletricista, carpinteiro, armador e bombeiro hidráulico”, enumera.

Esse déficit fez com que as empresas investissem para reter empregados, oferecendo salários atrativos e assistência médica. “Hoje a rotatividade diminuiu por-que o empresariado investe mais em curso de capacitação e oferece até curso de informática”.

O presidente do Sinduscon-DF, Julio Cesar Peres diz que a solução para se investir na capacitação dos profissionais é um planejamento de longo prazo. “De 2004 a 2010, o número de empregos no setor saltou de 1,8 milhão para 2,9 milhões, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Até outubro de 2011, o setor gerou 309.425 vagas com carteira assinada”, destaca Júlio Cesar Peres.

Ele afirma que para minimizar essa defasagem de mão de obra quali-ficada no DF, as entidades do setor da Construção Civil têm feito a sua parte. Como é o caso do Serviço Social do Distrito Federal (Seconci-DF), que oferece cursos nas áreas de Segu-rança do Trabalho, Alfabetização e Capacitação. O Serviço Nacio-nal de Aprendizagem Industrial (Senai) também tem contribuído por meio de cursos técnicos e de qualificação profissional.

No caso das lojas, uma solução de curto prazo para suprir a demanda é investir nos temporários. Antônio Moraes, do Sindivarejistas, diz que o comércio do DF cria em média seis mil empregos temporários a cada ano. “É preciso oferecer capacitação ao funcionário para que ele possa atender melhor o consumidor. O cliente hoje é muito mais exigente”.

O presidente da Federação do Co-mércio do Distrito Federal (Fecomér-cio), Adelmir Santana, faz uma análise da realidade atual. Ele explica que houve descompasso do crescimento

da cidade com a formação de mão de obra. “Houve certa negligência na área dos cursos técnicos e, mesmo hoje, o esforço do Senac e Senai não consegue atender esta demanda”. Ele considera necessário que sejam pesquisadas quais as reais demandas do mercado, para não haver uma superposição de determinada função. Como, por exemplo, formar mais funcionários de uma categoria e a outra ficar defasada.

ServiçoSENAI Sia trecho 3, lote 225(61) 3361.6000

SENAC Sia trecho 3 lt. 213/215(61) 3313.8877

SECONCI-DFSCS Quadra 08, Bloco B-50, ed. Venâncio 2000 sl. 810 a 844(61) 3213.2288

Júlio Peres defende efetiva capacitação dos profissionais no setor de serviços

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Marcos Bagno nasceu em Cata-guases, Minas Gerais, graduou--se em Letras na Universidade

Federal de Pernambuco, tendo vivido também em Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, onde se encontra atualmente como professor de Línguas Estrangeiras e Tradução, na UnB. Incursiona na área de Linguística e Línguas Clássicas; é pesquisador de Educação, na crítica do ensino e investi-gação científica e acadêmica. É escritor de livros infanto-juvenis. Acaba de tirar do forno a “Gramática Pedagógica do Português Brasileiro”, que será lançada em março na capital federal.

Qual o projeto desta gramática?Trata-se de uma obra que pretende

descrever o português brasileiro con-temporâneo, com atenção especial para as variedades urbanas cultas, isto é, os modos de falar e de escrever das camadas socioeconômicas urbanas mais letradas. Mas não é apenas mais uma descrição. Esta é a primeira obra publicada no Brasil que propõe a plena aceitação das caracte-rísticas próprias da nossa língua. Assim, ela vai na contramão das manifestações puristas dos meios de comunicação, que ainda insistem em classificar como “erro” usos documentados há mais de um sécu-lo na língua falada e também na língua escrita dos brasileiros mais letrados, incluindo nossos melhores escritores.

Por que essa insistência em classificar esses usos como “errados”?

Porque nossa tradição gramatical e pedagógica ainda sofre de um arraigado espírito colonizado. Muitos desses supos-tos “erros” só recebem essa classificação porque não fazem parte dos usos dos portugueses, do outro lado do Atlântico. Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional

de língua, até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.

Existe, portanto, uma grande distância entre o que se considera como “língua certa” e o que os brasileiros mais letrados realmente usam?

Exatamente. Temos de um lado uma norma-padrão extremamente conserva-dora e anacrônica, que não se inspira em nenhum uso real contemporâneo. De outro, temos um conjunto de variedades urbanas prestigiadas que são, de fato, a norma empregada pelos brasileiros que tiveram acesso a uma boa educação e ocupam os postos privilegiados da socie-dade. Assim, se é para ensinar alguma norma de prestígio, que seja pelo menos essa norma real, viva, que circula em nossa sociedade. Pode parecer um proje-to elitista (e de fato é), mas não devemos esquecer que os estudos sociolinguisticos têm revelado que as camadas sociais não privilegiadas tendem a se espelhar nos usos e hábitos das camadas prestigiadas.

Por que o “pedagógica” no título da obra?Porque é uma obra que pretende con-

tribuir para a formação docente, para que as professoras e os professores de portu-guês (e de outras disciplinas também, é claro) conheçam mais profundamente e com melhores bases teóricas o seu objeto de trabalho, que é o português brasileiro.

Esta gramática segue o modelo tradicional, com as mesmas divisões do conteúdo?

Nem de longe. A divisão tradicional reflete um apego a uma abordagem da língua que remonta nada menos do

que a 2.300 anos atrás, quando surgiu a própria disciplina chamada “gramática” no mundo de língua grega. De lá para cá, as obras chamadas “gramáticas” modificaram pouco sua apresentação. Assim como outras obras recentes dedicadas ao estudo e à descrição do português brasileiro contemporâneo, a Gramática pedagógica do português brasileiro exibe um projeto epistemoló-gico próprio, uma concepção de língua e de linguagem que abraça determina-dos construtos teóricos e rejeita outros.

Como é então que a obra se apresenta?Ela é dividida em cinco partes, cada

qual com seus capítulos específicos. A primeira parte apresenta uma concepção de língua baseada nas atuais investigações que definem a linguagem como um fenômeno sociocognitivo. O que quer dizer isso? A língua que nós falamos não é simplesmente uma faculdade biológica, inscrita no nosso DNA. Ela se vincula intrinsecamente à natureza social de toda atividade humana. A própria cognição humana é resultante dessa interação entre capacidades cerebrais e atividade socio-cultural. Sem cultura, sem sociedade, sem história não existe linguagem..

O que contém a segunda parte?A segunda parte se dedica à in-

vestigação do fenômeno da mudança linguística: como e por que as línguas mudam? A resposta está, novamente, na natureza sociocognitiva da lingua-gem. Não é “a língua” que muda: são os próprios falantes, em interação social, que mudam a língua. Em se-

EducaçãoPor: Redação | Fotos: Divulgação

É portuguêsbrasileiro

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ServiçoParábola editorial, 2012 www.parabolaeditorial.com.br

guida, passamos à história da língua portuguesa, desde sua origem na Galiza (noroeste da Península Ibérica) até os dias atuais no Brasil. Depois ao estudo da formação do léxico da lín-gua, com ênfase na etimologia, uma área que atrai muita gente, mas que é vítima de muitas investidas de curio-sos que não têm formação adequada para tratar do tema.

E quando se entra de fato na descrição do português brasileiro?

Na terceira parte da obra o leitor encontra a história da fonologia da lín-gua, mostrando as principais mudanças ocorridas desde o latim até o português brasileiro atual. Em seguida, vem uma discussão sobre as relações entre língua falada e língua escrita, relações ainda muito sujeitas a visões pouco consisten-tes que tentam separar esses dois usos da língua como se fossem radicalmente diferentes, quando de fato não são. Na quarta parte, a história da disciplina gra-matical, como, onde e porque surgiram as classes gramaticais, os conceitos e as definições que usamos até hoje. Passa-se daí a uma análise de alguns conceitos fundamentais para o entendimento das línguas humanas em geral. Finalmente,

entra-se na descrição da gramática do português brasileiro, com nove capítulos dedicados às diferentes classes gramati-cais, que são apresentadas aqui segundo uma divisão muito pouco convencional, precisamente para mostrar que a língua é um objeto de estudo sempre sujeito a teorizações diversas e que a abordagem tradicional é apenas uma (e nem de longe a melhor) das possibilidades de fazer essa teorização.

O caráter pedagógico da obra se limita a essas descrições então?

Não. Na abordagem de cada classe gramatical, explicitamos como se deve agir em sala de aula no tratamento dos fenômenos linguísticos em análise. Há vários momentos em que o texto se di-rige aos docentes com indicações claras sobre o que fazer na prática pedagógica. Além disso, os dois últimos capítulos têm finalidades claramente didáticas.

Como é possível saber quais são os usos realmente presentes nessas normas urbanas de prestígio?

Nós contamos, no Brasil, com um material precioso de língua falada urbana. É o corpus do projeto NURC (Norma Urbana Culta), iniciado nos

anos 1970 e que prossegue até hoje. São milhares de horas de gravação da língua falada por brasileiras e brasileiros com antecedentes urbanos e escolaridade su-perior completa. É ali que encontramos a verdadeira gramática do português brasileiro culto, gramática que já deixou de obedecer há muito tempo uma série de prescrições tradicionais. Para a língua escrita, abandona-se a prática milenar das citações literárias em favor de textos recolhidos de jornais, revistas, ensaios acadêmicos, produção científica etc., além de textos que circulam na internet.

Qual a origem das fotografias que ilus-tram a obra?

Por ser uma gramática do português brasileiro, pensamos que seria interes-sante ilustrá-la com fotos da época da construção de Brasília, um projeto integralmente brasileiro. Assim, home-nageamos a cidade quando completa seu primeiro meio século de vida. Obtivemos as fotos por gentileza do Arquivo Público do Distrito Federal e do Centro de Do-cumentação da Universidade de Brasília.

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O dia 16 de dezembro ainda não havia sequer chega-do, mas na entrada das lojas filas se formavam em todo território nacional. As pessoas não estavam à

espera do início da venda de ingressos de um show de um artista famoso ou de algum filme sensação, como tornou-se comum. As filas, algumas delas descritas como quilométricas, eram para a compra do caríssimo iPhone 4S, cuja venda começaria à meia-noite do dia 16. O valor do aparelho em questão pode chegar a “bagatela” de R$ 2,7 mil, dependendo da capacidade de armazenamento de dados que tiver. Mesmo assim existe a estimativa de que as operadoras de telefonia registraram recordes em vendas no lançamento de um iPhone no País. Apenas a TIM contabilizou a venda de 2 mil unidades em uma única madrugada.

Ao passo que o iPhone continua a ser um desejado objeto de consumo, a Samsung – principal concorrente – comemorou ainda em outubro o recorde de vendas de mais de 300 milhões de celulares em um ano. Destes, 30 milhões foram em vendas dos modelos Galaxy e Galaxy S. Outras empresas correm atrás das preferidas pelos consumidores. A Panasonic, por exemplo, anunciou a chegada do novo smartphone da marca para o próximo mês de março.

O aumento da procura por esses tipos de aparelhos hoje é superior ao crescimento de vendas dos PCs. Segun-do as estimativas da Nielsen Media Research, cerca de 645 milhões de smartphones devem ser vendidos no mundo em 2012. Isso representa aumento de 40% em relação ao ano anterior. Ao passo que a venda de PCs deve ser de 370 milhões de unidades – crescimento de apenas 4,5%.

De acordo com relatório da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), cerca de 15,3 mi-lhões de computadores pessoais foram vendidos em 2011. Crescimento de 9% em relação ao ano passado. Estes são dados e informações que indicam mudanças de hábitos significativas do consumidor de informática. A tendência é

de que as pessoas passem a usar mais smartphones e tablets para acessar a internet e aplicativos do que os “velhos” PCs.

É o caso, por exemplo, do funcionário público Bruno Soares, 28, que hoje é um ávido usuário das novas pla-taformas. “São mais cômodos”, disse Bruno. “Hoje em dia o celular e o tablet são ferramentas que fazem tudo que um usuário comum precisa: e-mail, navegar na in-ternet, Facebook, Youtube e etc.” O funcionário público apontou algumas vantagens da razão destas plataformas serem tão bem-sucedidas: portatibilidade, comodidade e preço. “É muito mais confortável navegar na internet deitado em uma rede, do que sentado numa cadeira com as costas curvadas.”

PCS AINDA RESISTEmMas os celulares e tablets ainda não conseguem acom-

panhar os PCs quando o assunto é trabalho profissional. Isso porque ainda não possuem um processador tão po-deroso e mecanismos que possam rodar programas avan-çados. “No meu caso, uso apenas o iMac para trabalhos mais avançados como Photoshop e iPhoto (programas que uso para editar e organizar meu álbum de fotos). A partir do momento em que eles estão organizados, sincronizo com o iPad e vejo as fotos pelo tablet porque é muito mais confortável”, explicou Bruno.

É apostando nisso, e apesar da desaceleração do cres-cimento do mercado, que empresas continuam a investir em PCs. É o caso da Dell, que anunciou o lançamento do ultrabook, um intermediário entre o tablet e o notebook. O formado é ultrafino e leve, mas o processador igual-mente poderoso, capaz de rodar programas profissionais. A expectativa é que o formato abocanhe 13% do mercado de computadores portáteis em 2012. Isto é: se o consu-midor pagar o preço mesmo com a crise econômica. Nos Estados Unidos um ultrabook sai por U$ 1 mil. Mas no Brasil o consumidor desembolsa entre R$ 3 mil e R$ 7 mil.

TecnologiaPor: Tatiane BarbosaPor: Djenane Arraes | Ilustração: Raphaela Christina

MundoPrevisão de crescimento de vendas para 2012 de tablets e smartphones indica mudanças de hábitos do consumidor que podem anunciar o fim dos PCs

Smartphone

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Nos últimos anos, corpos de deze-nas de cães e de gatos têm sido jogados em terrenos baldios do

Distrito Federal. Não por culpa de seus donos, na maior parte das vezes, mas por falta de local que ofereça um final digno ao bichinho de estimação. O único cemi-tério público para animais domésticos que já existiu no DF foi desativado por-que não era regularizado. A saída sempre foi fazer um cemitério improvisado no quintal de casa ou se desfazer do animal em locais impróprios.

Mas a opção não existia. Há cinco meses, vem funcionando no DF um crematório particular destinado a ani-mais domésticos de pequeno porte e a novidade tem aliviado a dor da perda de um Pet. O nome é Paraíso Animal, fica no Lago Oeste, Sobradinho, e tem recebido em média, dois animais por dia. O nome do dono é Luiz Felipe Lopes, que junto com o pai criou o crematório para animais domésticos a partir de uma necessidade, segundo ele. “Um exemplo foi minha avó. Ela tinha um animal de estimação que quando morreu foi enterrado no quintal de uma chácara, pelo próprio veterinário. Acabou que a chácara foi vendida e minha avó nunca mais pode visitar o local onde o animal foi enterrado”, conta Luiz Felipe.

O serviço é completo. Tem um traslado, onde a empresa busca o

animal no local que ele estiver, e um serviço de cremação individual, que inclui uma mídia de DVD com a filmagem do processo de cremação. O proprietário recebe as cinzas do animal em uma urna funerária, junto com um certificado de cremação. Quem escolhe por usar o serviço pode pagar um valor a partir de 600 reais. O preço varia de acordo com o tamanho do animal.

PERDADois meses atrás, a analista Pris-

cila Beraldi perdeu a cachorrinha Mel, que tinha 10 anos de idade. Um câncer levou a pet depois de ela passar por um longo tratamento contra a doença, que incluía sessões de quimioterapia. “Quando vimos que ela não iria sobreviver, procu-ramos em Brasília, alguma empresa que oferecia serviços de funerária para animais de estimação. Não foi fácil encontrar”, lembra. Mel foi cremada na Paraíso Animal com toda tranquilidade para a dona, que se diz satisfeita.A husky siberiana Brisa, de 4 anos, não teve a mesma sorte. Nem sua dona. A estudante Sara Santos, de 25 anos, perdeu a Brisa depois que a cadela con-traiu um vírus que paralisou seus

movimentos. Depois de dois dias internada, Brisa precisou tomar uma injeção letal. Apesar de ter vivido confortavelmente ao lado de sua dona, ela terminou sua jornada sem um final feliz. “O veterinário não tinha conhecimento sobre um local que poderíamos levar o corpo da Brisa. Coloquei-a num saco e dirigi horas até que encontrei uma obra inacabada, onde tive que deixá-la”, lamenta a estudante.

RESPONSABILIDADE AmBIENTALEnterrar em local impróprio há

riscos de contaminação do solo. É importante que qualquer animal seja enterrado em uma área onde não exista lençol freático. “Se esse animal tiver morrido de algum tipo de do-ença infectocontagiosa e colocado em local impróprio, ele pode contaminar o solo. A cremação é o método mais seguro”, alerta a veterinária Elisangela Salvino Leite. “A gente se preocupa com o corpo porque aqui em Brasília o lbram ainda não liberou uma área para a implantação de um cemitério de animais”, observa. Uma área no Setor de Indústria e Abastecimento foi reservada para o cemitério de animais do Distrito Federal, mas o local ainda aguarda pela liberação do Ibram.

CotidianoPor: Janaína Camelo | Fotos: Fabio Pinheiro

Único crematório do DF para animais domésticos abre as portas e alivia as dores de quem perde seu animal de estimação.

Cremaçãoque faz bem

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A cremação, além de ser um ato de respeito ao animal é também um ato de respeito à natureza, por-que neste tipo de processo não há agressão ao meio ambiente. Para funcionar, a Paraíso Animal passou por um longo processo de legalização ambiental para conseguir autorização. Foram seis anos até finalmente ter em mãos a licença para operar. O processo de cremação é composto por fornos especiais que filtram os resíduos sólidos e assim não emitem poluentes no ar. Além disso, no lote da empresa, foram plantadas mais de mil árvores nativas do cerrado. Uma reserva legal onde podem ser vistas árvores do tipo Ipês, Aroei-ras, Tamboris do Cerrado, Cerejeiras e Pequizeiros.

CONgELAmENTOQuando morto num

hospital veterinário, o animal é congelado. Os hospitais, na maior parte

das vezes, dispõem de estrutura para refrigeração de animais. Já nas clínicas veterinárias, quando acontece a morte, o correto é o estabelecimento orientar como o proprietário pode proceder com o corpo do animal. “Indicamos ou a Paraíso Animal ou um cemitério em Santo Antônio do Descoberto, onde é legalizado”, afir-

ma a empresária Kenia Silva, dona da clínica veterinária e pet shop Dog Way. Mas segundo ela, nem sempre o proprietário segue o conselho. “Res-saltamos para o dono que deixar o cão ou gato em qualquer local não é o correto, mas muitos admitem que não podem, que não tem recurso, e acabam enterrando em chácaras ou no quintal de casa”.

Kenia Silva: “Método seguro e respeito ao animal”

Serviço Crematório Paraíso animalnúcleo Rural Lago OesteRua 21 Ch. 898-e - Sobradinho(61) 3483.7070 | 81522804

Clínica veterinária dog WayQd 1. lt. 5 lj. 3Vargem Bonita – Park Way

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Da Redação | Fotos: DivulgaçãoAutomóvel

O novo Fiat Palio chega a ao mercado brasileiro como uma evolução natural de seus anteces-sores: aprimorado, imponente, completo, em

total sintonia com os desejos do consumidor. Suas linhas atraentes, totalmente redesenhadas pelo Centro Stile Fiat, na Itália, são modernas e har-moniosas, requintadas e esportivas, deixando claro imediatamente que se trata de um Fiat, mas sem deixar de exibir a sua forte personalidade.

Três motores equipam o novo Fiat Palio: Fire 1.0 EVO, Fire 1.4 EVO e 1.6 16V E.torque, todos Flex. As versões 1.6 16 v podem vir com câmbio mecânico ou Dualogic®. No total, o novo modelo chega ao mercado com seis versões para contemplar os mais variados gostos, necessidades e orçamentos. São elas: Attractive 1.0, Attractive 1.4, Essence 1.6

16 v, Essence 1.6 16V Dualogic, Sporting 1.6 16V e Sporting 1.6 16VDualogic.

O Fiat Palio que será visto nas ruas a partir de agora representa um passo além em relação ao hatchback anterior – ele está maior e mais bonito. O design absolutamente contemporâneo, concebi-do pelo Centro Stile Fiat, da Itália, é totalmente afinado com as tendências mundiais, mas também remete à identidade da marca Fiat. E divide o palco com a funcionalidade, a praticidade e o acabamento apurado, tornando o novo Fiat Palio o modelo de referência em seu segmento.

O novo Fiat Palio traz o DNA do design italiano que alia funcionalidade e uma bela estética. Sua linha de cintura elevada e inclinada define a vocação do modelo ao revelar esportividade. Também o pára-

Novo Palio

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-brisa bem inclinado denota dinamismo, enquanto as curvas suaves formam um perfil entre um hatchback e um mono volume, com modernidade e sofisticação. Já o desenho harmonioso e dinâmico dos vidros, em conjunto com o vinco lateral que nasce no pára-lama dianteiro e termina logo após a traseira, alonga o modelo e determina um elemento bonito e forte.

Nas versões Attractive e Essence o quadro de instru-mentos traz fundo preto e contém velocímetro, conta-giros, relógio e hodômetros total e parcial digitais, termômetro do líquido de arrefecimento e medidor de combustível analógico, e luzes-piloto. Os números são em branco com os ponteiros em vermelho, propiciando sempre uma leitu-ra fácil e não distraindo a atenção do motorista. A versão Sporting recebeu quadro de instrumentos diferenciado. Ele possui os mesmos medidores das demais versões, mas com serigrafia degradê, números maiores e ponteiros brancos, além do logotipo Sporting ao centro.

O Fiat Palio Fire 1.0, nas versões de duas e quatro portas, permanece com a mesma carroceria e con-

tinua sendo a versão de entrada do modelo. O novo Fiat Palio será oferecido em 14 cores diferentes. Nas versões Attractive e Essence, são quatro cores sólidas e oito metálicas, incluindo a nova cor Azul Cosmos. A versão Sporting conta com sete cores, duas exclusivas: Vermelho Modena e Amarelo Indianápolis , escolhidas especificamente para acentuar sua aura esportiva.

gARANTIA DE fáBRICAO novo Fiat Palio tem garantia contratual de

um ano sem limite de quilometragem. E durante a vigência da garantia geral o dono do veículo tem di-reito a assistência 24 horas, que executa serviços de urgência como reboque, socorro mecânico e veículo reserva em qualquer local do Brasil. As revisões do novo Fiat Palio só acontecem a cada 15 mil quilôme-tros ou um ano. O dono de um novo Fiat Palio conta com mais de 560 pontos de atendimento Fiat, entre concessionárias e postos assistenciais, espalhados por todo o país para lhe dar o suporte.

Serviçoestação Fiat / Sia em frente ao BradescoSia Sul Trecho 02 Lt. 230 e 310 (61) 3403.6363

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Vida ModernaPor: Fernanda Azevedo | Fotos: Victor hugo Bonfim e Divulgação

Ter que ir sempre ao salão para cuidar da beleza é coisa do passado. Os profissionais do ramo estão indo à casa das pessoas. Sejam cabeleireiros, maquiadores ou

manicures, muitos estão se especializando no atendimento em domicilio. A maquiadora Julia Flávia de Sousa Leite, 25 anos, é um desses profissionais. Após o curso de maquiagem que fez na Espanha, Julia começou a trabalhar em salões de beleza de Brasília. Não gostou, trabalhava muito e a remu-neração era baixa. Após algum tempo, resolveu migrar para

os estúdios fotográficos e atendimentos em domicilio, onde obteve sucesso. “Eu percebi que as pessoas estavam querendo mais comodidade, alguém que atendesse em casa, ajudasse a colocar um vestido”, conta Julia. A maioria das clientes, ela conheceu nos salões e estúdios em que trabalhou. “As pessoas perguntam: você atende em casa também? Eu digo sim, elas sempre acham legal e pedem meu telefone”, re-vela. A maquiadora atende mulheres de todas as idades, e em diversos locais de Brasília. Suas clientes são pessoas que

Profissionais da beleza não estão atendendo apenas nos salões, eles também vão às residências

em casa?!Maquiagem

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Serviçojulia Flavia (61) 8584.9496www.maletademaquiagem.com

buscam maior comodidade na hora de se arrumar para um evento.

A gerente comercial Luciana Estrella, 24 anos, é cliente de Julia há mais de um ano. Luciana começou a se interessar pelo serviço devido à comodidade. “É mais pratico e con-fortável ser atendida em casa, e a qua-lidade do serviço é a mesma”, conta. Luciana costuma utilizar os serviços da maquiadora Julia quando vai a um evento que pede uma maquiagem mais elaborada, com uma combina-ção de cores da moda e cílios postiços. Os horários de Julia sempre se adap-tam aos dela, diz Luciana, “além de não ter que ficar esperando vaga em salões cheios”. Outro fator que leva Luciana a preferir o atendimento em domicilio é o trânsito. “Recebendo a pessoa em casa não tenho que pegar

trânsito, evito engarrafamentos”, diz. Para ela também é mais cômodo utilizar sempre os serviços da mesma profissional, que já conhece seus hábitos e gostos.

Além de ir à residência das pesso-as, Julia Flávia também tem um studio de maquiagem em casa, onde atende as clientes que preferem um local mais reservado, mas preferem um es-paço que não seja a sua própria casa. Julia Flávia também atende homens. “A maioria das vezes eu vou maquiar as esposas, os maridos aproveitam e dizem: “passa um pó em mim para eu ficar bonitão”.

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Esporte

AventuraRafting, o esporte que junta ecologia e natureza

Esporte de

Por: Luiz Felipe Brandão | Fotos: Divulgação

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B rasília é a cidade do Centro-Oeste que conta com o maior número de adeptos de rafting – prática de descida em corredeiras, utilizando botes infláveis e

equipamentos de segurança (coletes e capacete). Embora o Distrito Federal propriamente dito não tenha rios ideais para este esporte, municípios vizinhos de Goiás os têm de sobra para o deleite dos brasilienses. Quando a estação chuvosa começa, os botes descem as corredeiras.

A equipe Itakamã, por exemplo, conhece os caminhos do rio Corumbá como nenhuma outra. A cidade secular goiana banha-da pelo leito é ponto de mochileiros e praticantes de esportes de aventura e costuma receber muitos turistas ao longo do ano. Para Maurício Martins, da equipe Itakamã, a preferência por Corum-bá é porque o rio não oferece riscos de tromba d’água – quando o volume de água sobe subitamente. “O rio tem grande volume e não oferece risco porque praticamos o esporte próximo à nascen-te. Além disso, as margens são largas e com grande vazão”, disse.

A equipe Itakamã também abre espaço para a prática de amadores e turistas em busca de emoções diferentes. Não precisa sequer ter experiência, os profissionais garantem a segurança e há guias especializados em caiaques auxiliares que acompanham todo o trajeto dos botes de visitantes.

O rafting é um esporte para ser praticado a partir da idade dos 15 anos. Mas não é recomendado para pessoas com problemas cardíacos ou alguma limitação física que com-prometa os comandos do guia e as remadas.

OS ESPORTES DE AVENTURA E ONDE PRATICá-LOS:

Arvorismo: é a pratica do passeio sobre cordas na copa das arvores, saiba mais entrando no site da equipe de aventura Itakamã para obter mais informações. O local mais próximo de Brasília fica na Pousada dos Angicos: a 40 km de Brasília, com 75 metros de circuito e cinco percursos;

Escalada e Montanhismo: é a pratica do Alpinismo e tem como origem a pratica da escalada nos Alpes. No entanto no Brasil é muito utilizada para se referir a escalada em geral. Local de escalada no Distrito federal fica na fercal, depois de Sobradinho II, cerca de 60 km do Plano Piloto

Slack Line: é a pratica da Corda Bamba ou Slack Line que surgiu para a busca do equilíbrio físico e da concentração.

Equipamento Básico: Corda ou fita e alguns mosquetões.

Curso: feito em cima da grama e a 1 metro do chão, permite com que as pessoas desen-volvam a psicomotricidade, o equilíbrio, a concentração e a consciência corporal.

Serviço Para mais informações e valores de pacotes:SHCn CL 208 Bl. B lj. 23 Galeria (61) 3202.1027 | [email protected]

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Ai,

morreu

meuBoi

Feito o texto, antes de publicada a revista, Teodoro se foi, aos 91 anos, 45 de Boi, deixando na lembrança dos brasilienses traços marcantes da cultura maranhense

Dos 91 anos de vida de Teodoro Freire - esse maranhense radi-cado em Brasília, recentemente

falecido - 45 foram dedicados ao Boi Bumbá e sua perpetuação fora das terras de origem.

Boi Teodoro era um homem dadivoso. Seu coração, cultural por essência, pulsava paixões e recriava o entusiasmo pela vida. Depois do Maranhão, carregando o Boi na alma, aportou no Rio de Janeiro, onde se reconheceu no clube do coração, o Flamengo, e na Escola de Samba Estação 1ª da Mangueira.

No início de Brasília, Teodoro veio trazendo na “bagagem” todo esse legado. Nascia o Boi Teodoro de Sobradinho.

Desde menino, ainda em sua terra natal, se encantou pelo Boi. Fugia de casa para acompanhar a “brincadeira”.

No Rio de Janeiro começou a pro-pagar a tradição e ainda lembrava, já em Brasília, da recepção dos cariocas ao assistirem o que seriam as primeiras apresentações fora do Maranhão.

Depois de quase meio século em Brasília, o amor brotou na semente que o suor regou e o Boi Teodoro estaria completando, em janeiro, exatos 45 anos de existência.

Fácil, não foi. Propagar a cultura nordestina por aqui contou com o au-xílio dos grandes amigos que fez, prin-cipalmente na UnB, seu local de oficio, por opção, já que rejeitou trabalhar no Congresso Nacional para permanecer ao lado do pensamento e da cultura: a universidade. Na UnB, conheceu Darcy

PersonagemPor: Alexandra Dias | Fotos: Fábio Pinheiro

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Ribeiro, Dr. Dino, além de professores e alunos que sempre fez questão de rever, quando possível.

Para matar a saudade que sen-tia da Festa, Teodoro fundou em Sobradinho o Centro de Tradições Culturais, onde o boi ganhou vida e adeptos, trazendo um pedaço do nordeste para o centro-oeste.

Sem incentivo financeiro, valeu até mesmo bancar o centro com seus próprios recursos, contando com o apoio de sua esposa, filhos, amigos e “brincadores” para fazer pulsar a tradição.

Ainda recentemente, o velho boi, com sorriso de menino, dizia-se satisfeito por ter trazido uma parte importante da cultura raiz de seu Estado para Brasília.

Quando questionado sobre o que mais o fascinava no Boi, ele garantia: “Tudo”, ou, “o conjunto”. “Desde o sopro do apito pelo Amo (quem canta a toada do Boi) para a reunida dos bailantes (brincantes), até mesmo a chegada da toada de despedida. O ba-tuque, o Batizado e a Matança do Boi. Tudo é lindo”, repetia.

O Boi menino lamentava pela falta de ações de valorização e pro-pagação da cultura popular. “Somos

considerados Patrimônio Cultural Imaterial do Governo do Distrito Federal e não temos nenhuma po-lítica concreta que garanta a nossa sobrevivência”, criticava.

De Bailantes (brincantes), resta-ram ao todo 75, e de pessoas ligadas às famílias e amigos dos brincantes, mais de 400.

Para garantir a proposta ori-ginal, o Centro também recebe variados grupos culturais. “Se

tivéssemos recursos próprios ou políticas que garantissem os custos, iríamos realizar o intercâmbio cultural frequentemente com o Estado do Maranhão e Brasil todo”, queixava-se o Boi, completando: “Ainda que muitos dos apaixonados sequer sejam nordestinos ou des-cendentes. Essa magia, na verdade, é muito particular e desperta de cada jeito no coração de quem vê e sente o folguedo.”

Mas o Boi queria mais. Sua vivência na universidade o fazia sonhar com muito mais cultura para as crianças e jovens. A alegria de ter conseguido criar aqui um Bumba--meu-boi e Tambor-de-crioula o fez crer, sim, que isso seria possível.

Saudades, sentia da terra natal, do “meu interior” São Vicente de Férrer, mais precisamente o “lugarejo Castanho Claro” e esperança tinha de que as novas gerações vivam e perpetuem as manifestações culturais e com incentivo público.

Consagrado e admirado, Teodoro deu a receita: “Feliz daquele que teve e tem um folguedo cultural para se apaixonar, viver e conviver com a tradição cultural!”

Essa magia, na verdade, é muito

particular e desperta de cada

jeito no coração de quem vê e sente o

folguedo

Mestre Teodoro contava com o apoio da família e amigos para manter a tradição viva Alegoria da vestimenta dá o tom lúdico do folguedo

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O verão está aí. Trazendo férias, calor, sol, mar. E doenças tam-bém. É nesta época do ano que

as pessoas se tornam mais suscetível a certos males. Micoses, intoxicação alimentar, insolação, desidratação, otite e também a dengue são alguns dos mais frequentes nos meses de verão e podem estragar suas férias, caso adquira algum desses. Além das condições climáticas da época, alimentação fora de casa, exposição excessiva ao sol, banhos de mar oude piscinas são alguns dos fatores que podem causar dores e incômo-dos nas suas férias.

Para prevenir, todo cuidado é pouco. A solução não é fácil, ainda mais em pleno verão, quan-do a regra é aproveitar os dias de folga. No entanto, a decisão de prevenir tais doenças pode salvar seus dias de descanso.

Evitar o consumo de alimentos em locais de lazer já é um bom começo. A intoxicação alimentar é um das doenças mais frequentes no verão. O hábito de comer fora de casa, em restaurantes self-service e em praias, onde os alimentos ficam por um longo período expostos à

temperatura ambiente, é o maior causador da intoxicação alimentar. Peixes e frutos do mar crus também são grandes vilões. “O melhor é optar pelo alimento cozido. Quando crus, eles tem a maior chance de estarem mal lavados e assim, contaminados, inclusive pelo vírus da Hepatite A”, alerta o infectologista Alexandre Cunha, do laboratório Sabin. Uma pessoa contaminada por um micro-

organismo pode desenvolver vários sintomas, como diarréia, vômitos, náuseas, febre e desidratação.

Outras doenças que entram no ranking das mais frequentes no verão são a insolação e a desidrata-ção. Apesar de parecerem brandas, requerem atenção e cuidados. A desidratação é a perda de líquidos e de sais minerais do corpo em demasia. Perdemos água através do suor, da urina, fezes e respiração. No verão, vários fatores aumentam esta perda, que podem causar a desidratação. Para evitar isso, a ingestão de água é fundamental. Já a insolação é provocada por exposição prolongada ao sol. Pode causar náuseas, vômitos, falta de ar e alta temperatura corporal. Nos casos mais graves, até inconsciência e queimaduras pelo corpo. A orien-tação dos médicos é ingerir água com frequência quando perceber o início dos sintomas.

Os alertas servem também para as doenças de pele e micoses. Geral-mente a pele se torna mais úmida no verão, seja por idas à praia e piscinas ou mesmo pela transpira-ção, que aumenta nesta época. Essa

Férias sim,doenças não

A época é de férias, mas também propícia para doenças. Tome cuidado e evite os males comuns do verão

SaúdePor: Janaína Camelo | Fotos: Fabio Pinheiro | Ilustração: Eward Bonasser Jr.

Rolf: Dores de ouvido depois de um banho de mar.

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água nunca é demaisA ingestão de água é uma das principais orientações dos médicos para esta época de calor. Por causa das altas

temperaturas, eliminamos mais líquidos que o normal, o que pode causar uma desidratação.

Ao sair de casa, seja prevenido, tenha sempre uma garrafa com

água à mão.

Tudo secomar e piscina é tudo de bom quando o tempo está quen-te. mas lembre-se: fungos e bactérias adoram locais úmidos e escondidos. Por isso, seque-se bem a cada mergulho e nada de ficar de sunga e biquíni molhados por muito tempo.

Alimentos e higieneEvite consumir alimentos em locais de lazer, como praias, clubes e restaurantes self-service. Nunca se sabe, mas às vezes estes locais não possuem higiene adequada para a conservação de alimentos, que podem acabar contaminados. A dica é procurar saber a origem dos produtos e observar a higiene do local.

Não asseA exposição ao sol deve ser sempre moderada. Evite o sol entre às 9h e às 16h. E quando exposto à ele, faça o uso do protetor solar com fator de pro-teção indicado para sua cor de pele. Tomando estas precauções, estará livre de queimaduras, de insolação e de futuras doenças da pele, como o câncer.

condição é propícia para a proliferação de fungos e bactérias e causam doenças comopsoríase,pano bran-co, brotoejas, frieiras e até a acne. Mas a doença de pele mais grave é o câncer, causado pela exposição excessiva ao sol. Evitar tomar sol entre às 9h e às 16h, e o usar protetor solar é fundamental.

Uma doença que aparece muito no verão, princi-palmente em banhistas, é a otite externa, inflamação do canal auditivo. O ouvido é úmido e por isso favore-ce o surgimento de microorganismos, ainda mais após banhos de mar e piscinas. E foi este tipo de inflamação que perturbou a vida do professor de 33 anos, Rolf Bravim Eurich, quando passava uns dias em Vila Velha, Espírito Santo. “Não esperava ter isso. Na verdade nem sabia que o que eu tinha era otite. No final de um dia de praia, senti um dos meus ouvidos dolorido e ficou assim por uns três dias. Nem aproveitei bem o tempo livre que eu tinha.”, lembra.

Outra inflamação bem conhecida nas férias é a conjuntivite bacteriana, uma inflamação na pele que

cobre os olhos causando coceiras e muito incomodo. Pode ser contraída em piscinas não tratadas e “pega” fácil, por isso evite usar toalhas de outras pessoas e não ter contato com quem estiver doente.

DENgUEA dengue é disparada a doença de verão que mais

preocupa e lota hospitais durante os meses de calor. Campanhas na mídia e trabalhos de prevenção através dos agentes comunitários da Secretaria de Saúde já começaram. Até outubro de 2011, Brasília notificou cinco mil 863 casos de dengue e a tendência nesta época de verão é o número se multiplicar. “Depois do surto de 2010, conseguimos o apoio das administra-ções regionais e do SLU”, revela o chefe do Núcleo de Endemias da Secretaria de Saúde, Dalcy Albuquerque Filho. Segundo ele, quase a totalidade dos focos do mosquito Aedes aegypti estão dentro de casas. “As pes-soas devem fiscalizar detalhes em sua casa, como ralos, calhas, garrafas e reservatórios de água”, ressalta.

VEJA AS DICAS PARA UM VERãO SEM DOENçAS E PREOCUPAçõES

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DançaPor: Janaína Camelo | Fotos: Arquivo Gambiarra

Passos de danças levados ao som de ritmos contagiantes em meio aos precisos traços

arquitetônicos que formam o co-ração da capital federal. É assim, ao lado do Museu Nacional, des-toando da paisagem impecável da Esplanada, que dançarinos vestidos com calças largas, tênis e boné na cabeça se juntam ao som de música, muita música. E ali dançam. Mexem corpo, cabeça e pés. Dançam em pé e dançam no chão. Um tipo de fre-estyle. Sem coreografias ensaiadas, se agitam com Ragga, Hip Hop

music, House, R&B e também o Soul Funk, um black music anos 50. Todos são estilos de música ligados a danças urbanas.

O termo Jam significa reunir pessoas, como artistas e músicos, para improvisação. Por isso, o espetáculo no Museu é chamado pelos dançarinos de Jam do Museu. Acontece todo primeiro domingo do mês, com início às 3 horas da tarde, passando pelo crepúsculo e com um final só às 10 da noite. É um ponto de encontro entre dan-çarinos, coreógrafos, bailarinos,

estudantes de dança, apreciadores, crianças, jovens e adultos, a fim de trocar experiências voltadas para as danças urbanas. “Tive a ideia de criar a Jam do Museu porque vi que estava faltando dança urbana aqui em Brasília e também para fugir do clichê de que dança em Brasília só acontece em academias”, explica o dançarino Eric Oliveira, idealiza-dor do evento. Ele conta que após viagens a São Paulo, para participar de campeonatos de dança, percebeu que a dança em Brasília estava mal vista pelos colegas dançarinos de

Todo primeiro domingo do mês, música e dança se encontram na Esplanada

Museu da RepúblicaDançarinos no

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ServiçoComunidade jam do Museu Facebook.

outros estados. “Estávamos ficando para trás”, diz Eric. A intenção, segundo os dançarinos de Brasília, é transformar a rua em dança e a dança em rua.

Foi aí que começou a corrida atrás de um espaço para promover a dança de rua na capital. A admi-nistração do Museu Nacional da República cedeu a área externa do espaço. Eric e amigos formaram a equipe de produção “Gambiarra” e, em março do ano passado, aconteceu a primeira edição da Jam do Museu. “O espaço do Museu Nacional foi perfeito porque facilitou a locomo-ção de todas as pessoas que queriam ir ao evento, já que ele fica ao lado da rodoviária”, aponta a dançarina Ana Carolina Albuquerque, que faz parte da equipe de produção . Hoje, a Jam do Museu reúne cerca de 300 pessoas a cada domingo.

Mas os domingos não acontecem só promovendo a dança, relaciona-

mentos de amizades surgem a cada evento. Segundo Eric, esse foi outro propósito de criar a Jam do Museu. “Aqui em Brasília, tínhamos muita rivalidade entre grupos de dança. Agora, muita gente se conciliou. A intenção é dançar e não se pre-ocupar com mais nada”, explica. Até casais de namorados surgiram depois que começaram as danças ao lado do Museu Nacional.

NA INTERNETQuem fica sabendo sobre a Jam do

Museu, se não é dançarino de dança urbana, é frequentador de redes sociais. É só assim que o evento é di-vulgado, em convites pelo Facebook. “No momento a internet é nosso maior meio de divulgação”, afirma Ana Carolina. No Facebook, a Jam do Museu tem até uma comunidade que reúne online, seus adeptos e divulga demais eventos de dança programa-dos para acontecer na cidade.

A estudante Aline Sugai, de 18 anos, é um desses adeptos e não perde um evento no Museu Na-cional. Ela dança Hip Hop desde os 11 anos, mas ultimamente pre-cisou diminuir os ensaios, devido aos estudos. Segundo ela, a Jam do Museu é a oportunidade que encontrou para colocar seus pas-sos de dança em dia. “A Jam me trouxe de volta para esse mundo que faz parte de mim. Eu costumo chamar os domingos de ‘santo domingo’, porque realmente me encontro neles, e me sinto bem na-quele lugar. A dança em Brasília, com certeza, não é mais a mesma depois desse evento”, revela.

A Jam do Museu é totalmente aber-ta ao público e a “entrada” é gratuita.

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CulturaPor: Luiz Felipe Brandão | Fotos: Divulgação

De Brasília para o mundoA Banda Lucy and the Popsonics conquista seu espaço no cenário internacional.

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Os amantes de um bom rock indie da capital federal sabem muito bem que Lucy and the Popsonics nasceu em Brasília. O casal Fernanda e Phil Popsonics come-

çou a carreira juntamente com Lucy, a bateria eletrônica, em 2007. A plataforma usada naquele momento para divul-gação foi a rede social Myspace, que na época se destacava por revelar Kate Nash, Lily Allen e Mallu Magalhães.

A bateria de Lucy e o casal chamaram atenção pela música descomprometida. Eles queriam ser o seu tama-gotchi – referência a uma das músicas de sucesso. O bom humor chamou a atenção e o sucesso chegou. Paralelo ao circuito brasiliense, que inclui o festival Porão do Rock, a banda foi convidada a fazer shows fora do país. Foi um dos representantes nacionais no SXSW, um dos maiores festivais indies do mundo que é realizado anualmente no Texas, Estados Unidos.

A exposição obtida em um dos festivais mais cobiçados pelas bandas indies do mundo abriu portas e janelas para o circuito europeu e norte-americano. O lançamento do primeiro disco “A Fábula (ou a farça) De Dois Eletro-patas” aconteceu na Europa em 2009. Para a vocalista e baixista Fernanda Popsonic, a carreira nacional ainda não deslanchou da mesma forma como a internacional. O cenário musical europeu, por exemplo, vive um mo-mento mais atraente.

Os fãs pelo mundo se surpreendem mais ao saber que a banda é brasiliense. Isso por iniciativa de Fernanda e Phil que em seus shows reafirmavam o local de origem diante da platéia. “O último susto que tomei foi quando conversei com Hince (da banda The Kills) e disse que éramos daqui. Ele disse que o sonho dele era conhecer

Brasília e que Oscar Niemeyer havia mudado a vida dele”, contou Fernanda.

PROJETOS Em TELEPATIAFernanda e Phil são casados há três anos, mas convivem

juntos há 13. Ela garante que a sintonia entre os dois é fina e apuradíssima. Tal como Rita Lee e Roberto de Carvalho, eles funcionam em telepatia nesta parceria musical. “O relacio-namento é bastante tranqüilo, pois os dois têm muitos inte-resses em comum. Isso é um fator que facilita a relação com a banda. Sabemos trabalhar juntos, não precisa haver muita discussão para que nos organizemos”, garantiu Fernanda.

Os interesses comuns que levaram ao casamento e a formação da banda resultaram em, por enquanto, dois discos de carreira. O segundo disco, “Fred Astaire”, teve produção de John Ulhoa, guitarrista do Pato Fú. Produção que também entrou na onda da telepatia, segundo Fernan-da, por serem bandas parecidas. “Trabalhamos duro por volta de 12 horas diárias. Foi cansativo, mas foi delicioso. Somos grandes amigos hoje”.

O terceiro trabalho está à caminho. Hoje, Lucy and The Popsonics têm o desafio de se reinventar. Atualmente estão vivendo esse processo de renovação. “Queremos co-meçar a compor o próximo disco em breve. Recentemente estamos escutando de tudo em casa e gostamos de muitas coisas diferentes”.

Lucy and the Popsonics é o exemplo de que Brasília continua sendo um grande celeiro de novas bandas. Eles ainda foram além. Na terra do internacional Hamilton de Holanda, eles provaram que o pop local também é universal.

Serviçowww.myspace.com/lucyandthepopsonics

A fábula (ou a farsa?) de dois eletropandas

Fred Astaire

DISCOGRAFIA

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62 PLANO BRASÍLIA

No dia 12 de dezembro, corpo e alma se junta-ram na 2ª edição do Desafio Gastronômico do Pai Poeta, realizada no restaurante da Asbac,

no Setor de Clubes Sul. Os dois eventos simultâneos fizeram a festa na entrega da premiação para o con-curso de poesia do Pai Poeta e em noite memorável de de homenagem ao chileno Pablo Neruda. No sarau, as poesias e na cozinha, a literatura. O chef Francisco Ansilero foi desafiado preparar um prato baseado no poema “Caldillo de Congrio”, de Neruda.

O premiado da noite do concurso foi o maestro Flá-vio Souza Fonseca, que conseguiu, por meio da poesia, se aproximar da figura da paternidade responsável ilustrado pelo personagem do “Pai Poeta”.

Este prêmio foi a continuação de uma série de ações que começaram, a partir da publicação do livro “Pai Poeta”, lançado em 2007, e que reúne contos, crônicas, filosofias e poesias. A repercussão da obra formou um grupo e, a partir daí, veio o site, o desafio e todo o resto. Mas quem é este personagem? O Pai Poeta é o personagem principal do conto que deu nome ao livro. Ele foi escrito pelo casal de médicos cardiologistas Marisa Carla Queiroz e Renan Lins Alves da Cunha.

O conto é ambientado no século XIV e se passa na fictícia ilha de Rostand, localizada próxima à Bretanha. Esta ilha é dividida por dois reinos de características distintas: Gaitum, com sua vocação bélica e Poetum com sua forte inclinação para a poesia. Ambas as ilhas

valores ePersonagem de livro inspira movimento cultural

Gastronomia, poesia

GastronomiaPor: Pedro Wolff | Fotos: Divulgação

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ServiçoPai PoetaContato: Bruno(61) 3347.0111www.paipoeta.com.br

fabricavam pão, porém o desenvolvido reino de Gaitum não dispunha de eucaliptos para fabricar o papel para cobrir o alimento e exportar para além de suas frontei-ras ultramarinas.

No reino da poesia, o papel, além de cobrir o pão era usado para copiar as prosas em versos produzidas por aquele povo tão feliz. O padeiro, o futuro Pai Poeta, fazia este nobre trabalho para a população acordar lendo poesias. Os embrulhos chegaram até o sobera-no do reino da guerra que secretamente colecionava alguns exemplares.

Eis que em determinado momento, Gaitum resolve conquistar Poetum para assegurar a matéria prima para a produção do papel, os eucaliptos. E seus soldados co-meçam a patrulhar a fronteira dos dois reinos. Ao per-ceber a movimentação, o reino da poesia envia três espiões para Gaitum que acabam sendo captura-dos. Sob o risco de pena capital e na tentativa de salvar seus espiões, o rei de Poetum envia um desafio que deixa o sobe-rano do reino vizinho de queixo caído. A proposta era resolver a crise, por meio de um campeonato de poesia.

A única coisa que o desafiante queria era o retorno com vida de seus três compatriotas, o que não garantiria o cancela-mento da invasão. Caso perdesse, todos poderiam ser mortos, os prisioneiros e o desafiante da poesia. O pai de um dos três prisioneiros resolveu ir para o desafio para salvar o filho. Ao final, o padeiro vence o desafio e é conclamado pelo povo como “Pai Poeta”. Esta sinopse apresentada aqui não faz jus ao lirismo e a beleza do livro, nem as mensagens que o recém-grupo sócio--cultural deseja transmitir, é apenas um aperitivo para o leitor que se liga nos movimentos da capital.

RENAN LINS, O CRIADOR“O pão quando você faz é como o seu filho. A criação. Do

pão você cria alimento para a vida. E a poesia é o alimento para a alma”, poetiza o criador do livro e idealizador do movimento cultural Renan Lins. O médico-filósofo-poeta busca neste poema falar de maneira simbiótica tudo que o Pai Poeta representa. Lins diz que este poema é uma alegoria para resolver os conflitos sangrentos e mutiláveis que tanto estamos acostumados a assistir nos noticiários.

O criador do personagem traz para a nossa realida-de a figura da paternalidade responsável, mote do Pai Poeta. Com seus quatro Pês de Paternidade responsável, Pacifismo, Poesia e Pão, Lins cita a importância da força deste personagem, ao analisar o retrato atual da família brasileira, na qual muitas crianças crescem sem pai. “E para construir um país forte é preciso uma educação familiar para formar profissionais virtuosos”, salienta. É o ideal do pacifismo.

mOVImENTOUma das integrantes do movimento cultural ressalta

que o personagem título é ainda mais abrangente. “As pessoas estão muito preocupadas com o viés de desenvolvimento sustentável e a última instância é o

resgate dos valores de ci-dadania”, diz a psicóloga Shang-sy May.

Ela, de uma forma mais objetiva, explica como é o projeto do Pai Poeta. “Dois médicos queriam humanizar a medicina e escreveram um livro. Depois virou site e agora através da ferramenta poesia está abarcando várias manifestações sociais e culturais”, diz Shang-sy May. Ela conta que outra atividade do grupo é a Confraria Pai Poeta. Lá se formam vários grupos

para fabricar pães caseiros e compor poemas. Ao final, todos os grupos comem os pães, acompanhados com vinho e muita poesia. Outra atividade do grupo é o Curso Pai Poeta Aprendiz, onde são ensinados os valo-res do Pai Poeta, principalmente no que diz respeito à paternidade responsável.

Os ideais do Pai Poeta levaram o Maestro Flávio Souza Fonseca ser o vencedor da 2ª Edição do Con-curso Pai Poeta. Nesta segunda edição do concurso foram inscritos poemas com o tema “Pais e Filhos”. O maestro foi quem melhor encarnou o espírito do Pai Poeta que será representado por ele até a próxima edição do concurso.

O poema Caldillo de Congrio, de Neruda, servido à mesa

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64 PLANO BRASÍLIA

de ArtesFestival Internacionalº1

Agenda Cultural

Desde a primeira semana de janeiro, a capital recebe mostra internacional inédita de música,

performances artísticas e exibições audiovisuais para diversas regiões administrativas do DF. A programação é totalmente gratuita e conta com gran-des artistas do Brasil e do exterior.

Começou no dia 4 de janeiro o 1º Festival Internacional de Artes de Brasília (Festiartes), realizado pelo Governo do Distrito Federal, por meio de parceria entre as secretarias de Estado de Cultura e Educação. A programação vai até o dia 12 de feve-reiro com destaques paraos cantores Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, Milton Nascimento e Vanessa da Mata, além de atrações in-ternacionais, como o Circo da China.

“Este festival amplia e democratiza as opções de cultura e lazer para a população, porque será um evento gratuito, em diversos pontos do Distrito Federal”, destacou o governador Agne-lo Queiroz. O festival tem como palcos, os espaços do Teatro Nacional,Centro de Convenções, Biblioteca Nacional, Museu da República, Cine Brasília e regiões administrativas.

O secretário de Cultura, Hamilton Pereira, afirma que a intenção do Festival é democratizar o prazer de apreciar diferentes manifestações culturais no conjunto de cidades do DF. “Queremos ir além dos eventos e oferecer reflexões sobre a diversidade cultural, além do contato com ícones da cultura brasileira”, destacou.

A programação do Festiartes tem ainda nomes como Pedro Mariano, Trio Corrente, a cirandeira pernam-bucana Lia de Itamaracá e o mexi-cano Jorge Fernández, bem como apresentamostras de cinema, teatro, dança, exposições e oficinas.

Um ano de investimentos – Neste primeiro ano de gestão, o novo Governo do Distrito Federal tirou o DF da situação de colapso institucional, promovendo um pro-cesso de reconstrução de credibili-dade, autoestima e imagem pública da capital do país.

As Políticas Públicas de Cultura tiveram como base as discussões re-alizadas na 3ª Conferência Distrital de Cultura, que mobilizaram cerca de 6 mil pessoas em 47 assembleias, que foram realizadas em todas as Regiões Administrativas. Nas conferências, foram instituídos os Conselhos Regionais de Cultura e aprovadas as diretrizes gerais das políticas públicas ligadas à área. O Fundo de Apoio à Cultura (FAC) foi, em 2011, um importante instrumen-to de fomento para o setor cultural. O FAC investiu R$ 35 milhões, por meio de editais, para apoiar iniciati-vas culturais nas 30 Administrações Regionais do DF.

Festival de Ópera – Diversas ações marcaram o setor cultural do DF em 2011. Um dos destaques foi o primeiro Festival de Ópera, realizado em junho. O evento teve à frente o maestro Claudio Cohen, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional. As apresentações, no Teatro Nacional, tiveram entrada franca e levaram aos palcos, entre ou-tras, peças de Mozart e Leoncavallo.

Além da realização da 44ª Edição do Festival de Cinema, do lançamento do Plano do Livro e da Leitura, iniciativas da sociedade também receberam apoio do GDF, como o Cena Contemporânea.

Perspectivas para 2012 – O go-vernador Agnelo Queiroz enviará à Câmara Legislativa a Lei de Incen-tivo à Cultura logo na abertura dos trabalhos na Casa, no começo de

fevereiro. O objetivo é que a lei entre em vigência ainda neste exercício, ampliando a oferta de recursos para o setor, de forma a qualificar os bens e serviços culturais.

Da Redação

PRóxIMOS EVENTOS DO FESTIARTESMúsica 11 de fevereiro 20h – Show de Cacai Nunes (BSB) Show de Roberto Correia (BSB) Local: Sala Vila Lobos do TNCS 12 de fevereiro 20h – Show da cantora Luiza Possi (SP) Local: Sala Vila Lobos do TNCS

Teatro e circo 1º de fevereiro 21h – Espetáculo de dança Buquê, As margaridas (BSB)Local: Sala martins Penna do TNCS 5 de fevereiro 16h – Espetáculo O marajá Sonhador – Eliana Carneiro (BSB) Local: Sala martins Penna do TNCS 10 de fevereiro 20h – Apresentação do Circo da China Local: Sala Vila Lobos do TNCS 11 de fevereiro 21h – Espetáculo Heróis Caminho do Vento Local: Sala martins Penna do TNCS 12 de fevereiro 16h – Espetáculo O Cano – grupo Udi grude (BSB) Local: Sala martins Penna do TNCS

CinemaLocal: Cine Brasília1º de fevereiro20h - mostra CCBB em cartaz: Retrospec-tiva Lars Von Trier4 de fevereiro20h - mostra CCBB em cartaz: Retrospec-tiva Lars Von Trier5 de fevereiro0h - mostra CCBB Em CARTAz: Retros-pectiva Lars Von Trier

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PLANO BRASÍLIA 65

A influência da música

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*BohUMiL MED Professor emérito da Universidade de Brasília.Com a colaboração de Regina ivete Lopes

Dia desses, durante uma degus-tação de vinhos importados, o palestrante atribuiu a ótima qua-

lidade e o paladar diferenciado de uma das marcas ao fato de as garrafas per-manecerem guardadas em uma adega, “ouvindo” cantos gregorianos durante 24 horas por dia. O tal enólogo estava convicto de que a música, principalmen-te aquela, realmente influenciava na qualidade do vinho, por sinal excelente e de preço razoável.

A música também colabora no trata-mento de várias doenças. Isso os antigos já sabiam. Na antiguidade, os egípcios acreditavam que a música beneficiava a fertilidade da mulher. Aquiles, o herói grego retratado por Homero em A Odisséia, teve a cura de um joelho ferido numa caçada de javalis, graças ao entoar de trovas. Hoje, existe uma especialidade na medicina, a musicoterapia, que estuda profundamente os efeitos medicinais da música na recuperação de doentes. Vale ressaltar que esses estudos não devem ser confundidos com receitas baratas e duvidosas que sugerem, por exemplo: Para dor de dente, ouvir tal música; para dor de barriga, ouvir aquela outra, etc.

NO mUNDO ANImAL Animais também são suscetíveis à mú-

sica. Recentemente, pesquisas científicas revelaram que cardumes de peixes “dan-çam” em círculos ao som de Beethoven. Cobras venenosas reagem mansamente

ao som dos encantadores. Há até pre-ferências musicais. Ratos colocados em duas caixas interligadas uma com música de Bach, outra com som de rock elege-ram Bach. Os que estavam na primeira caixa (a de Bach) permaneceram. E os que ouviram rock fugiram para a caixa onde se tocava a música do compositor alemão. Mesmo em nossa casa, sem nenhum treinamento, cães reagem com latidos e uivos aos sons desagradáveis de um aprendiz de violino ou de uma música desarmoniosa ou muito alta.

EXPERIêNCIAS COm PLANTASAlgumas plantas parecem revelar

gosto instintivo pela música. Estudos na Universidade Annamalai, na Índia, mos-traram que abetos balsâmicos expostos à música de alaúde cresciam mais rápido e viçosos do que outras plantas da mesma espécie, sem direito à serenatas. Do mesmo modo, plantas de arroz rendem consideravelmente mais do que a média quando crescem ao som da música.

A exemplo dos ratos, plantas também têm boas preferências musicais. Na Uni-versidade de Denver, exemplares expos-tos à música de rock e heavy metal cresce-ram a uma altura anormalmente elevada ou se atrofiaram e morreram no espaço de duas semanas. Em contrapartida, as plantas cultivadas ao som de Handel e Bach desenvolveram-se muito bem e até se inclinaram na direção da fonte de mú-sica. Ainda em Denver, Dorotht Retallack

expôs por três semanas quatro grupos de feijões, abóboras, milho, e outros vegetais a tipos diferentes de música. O primeiro grupo, “ouviu” música de Led Zeppelin, O segundo, música contemporânea de vanguarda. O terceiro, nenhuma música e o quarto curtiu música plácida e sacra. Após 10 dias, as plantas do primeiro grupo (Led Zepellin) se curvaram na direção oposta à saída do som e, duas semanas depois, definharam-se. O grupo exposto à música de vanguarda também se inclinou para longe do som, mas não morreu. O terceiro grupo não se alterou, mas as plantas beneficiadas pela música sacra cresceram duas polegadas a mais e se envergaram na direção do som. E assim, várias outras experiências por este mundo afora vêm provando a benéfica influência da música no desenvolvimento de plantas e sementes, que se mostram mais resistentes à geada, crescem mais depressa e produzem mais quando trata-das com som.

Voltando ao tópico inicial, consideran-do as pesquisas descritas, a afirmação de que a música influi na qualidade do vinho engarrafado parece possível. O que não se precisa é de pesquisas científicas para conhecer o efeito do vinho sobre a música, seus criadores, executores e ouvintes. Mas isso é assunto para outro artigo.

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66 PLANO BRASÍLIA

Mancha verdeameaçada

Parque Nacional de Brasilia sobrevive ao longo de cinco décadas, sempre ameaçado pela especulação imobiliária

Meio Ambiente

São 42 mil hectares de cerrado pre-servado por lei há 50 anos. Chegar ao coração do Parque Nacional de

Brasília e olhar a imensidão verde que abriga centenas de espécies de animais e plantas,traz a sensação de quietude. No dito popular: é chão que não acaba mais, mas acaba. A imensa mancha verde está ilhada e ameaçada pelo avanço desen-freado das cidades do Distrito Federal e por todos os problemas gerados pelo adensamento populacional. O que muita gente pensa ser apenas o clube Água Mi-neral, não sabe que naquele “mato torto” nascem águas que abastecem parte do DF, ajudam a regular o clima e servem de base a dezenas de estudos científicos.

A equipe de reportagem da Plano Brasília acompanhou os agentes am-bientais federais Valdivino Bernardes de Moraes e Otaciano Matos, subchefe da fiscalização em uma expedição que começou a partir da Administração que fica ao lado do clube Água Mineral, o único espaço aberto à visitação pública que tem acesso pela via EPIA.

Os caminhos pelo Parque começa-ram pela via Epia e depois pela via EPCT,

que dá acesso ao chamado Lago Oeste para que os agentes pudessem abrir um dos portões a um grupo de pesquisado-res da Universidade de Brasília (UnB). Ainda no asfalto, Otaviano apontou para algumas construções. “São áreas invadidas. Essas pessoas se dizem donas, mas não possuem documentos para comprovar posse.” Os processos estão à espera de uma decisão na justiça, cuja lentidão é motivo de crítica por parte do agente. O Lago Oeste é separado do Parque pela estreita Epct, onde consta-tamos a existência de áreas invadidas e abastecidas por poços artesianos que, além de impactar negativamente o meio ambiente, também não estão regulariza-das e passíveis de constantes autuações por parte do poder público.

Outro esforço é desocupar áreas que foram anexadas ao DF para abrir espaços até o estado de Goiás na tenta-tiva de se formar um corredor natural para que os animais tenham por onde sair para regiões próximas. Na estrada de chão que margeia os limites da área, mais invasões.É possível encontrar car-caças de carros e de gado pelo caminho.

“Muitos ladrões ateiam fogo nos carros aqui. Eles tiram pneus, rádio, algumas peças e queimam o resto só por causa das digitais”, explicou o agente.

mONTANHA DE DEJETOSÀ medida que se avança na estrada,

os sinais da cidade Estrutural e do lixão começam aparecer. Moscas, urubus e sujeira – literalmente uma montanha de sujeira –, tomam conta da paisa-gem. Grandes tubos são visíveis no alto da montanha de dejetos. Eles são fundamentais para a liberação do gás metano, mas podem provocar o efeito estufa. A inalação da substância tam-bém causa asfixia e paradas cardíacas. Outro produto do lixo é o chorume, a substância líquida resultante da de-composição da matéria orgânica. Este material é extremamente poluente e os danos à saúde são imprevisíveis.

No lixão de Brasília, o chorume é depositado num enorme tanque isolado por lonas. Existe o temor de que o material contamine o solo e os lençóis freáticos. É possível ver tocos de plástico e metal ao longo da pista próxima à

Por: Djenane Arraes | Fotos: Victor hugo Bonfim

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montanha de sujeira. São tubos por onde a Companhia de Saneamento do DF (Caesb) retira amostras de água dos lençóis freáticos que passam por ali para analisar os índices de contaminação.

Outro alvo de constante análise é a nascente do córrego Peito de Moça. A água brota da terra há poucos metros de casa construída ilegalmente e de uma carcaça de carro incendiado. “Antiga-mente a água jorrava como se fosse um cano quebrado”, lembrou o agente Val-divino. “Mas daí construíram essa casa e furaram um poço. Agora a nascente está minguando”. A população que vive abaixo da linha da pobreza também in-vade o Parque para pescar na barragem de Santa Maria. Caçadores também atuam clandestinamente lá dentro.

O bicho homem também é res-ponsável pela entrada de cachorros e gatos. No meio natural, explica o biólogo Guth Berger, os animais do-mésticos tornam-se selvagens e caçam animais menores, provocando dese-quilíbrio na frágil cadeia do Parque. “Os felinos, por exemplo, são animais que costumam caçar apenas para matar. Faz parte do instinto deles. Já ouvi algumas histórias sobre matilhas de cachorros lá dentro”, explicou.

Esses problemas não estão con-centrados apenas nos limites da área de preservação. No interior, próximo à barragem de Santa Maria, existem algumas clareiras de terra vermelha e solo duro. “Isso está aí desde a época da construção de Brasília”, disse Ota-ciano. “Extraíram tantos minerais que nem grama conseguiu nascer de novo.

Mas há projetos para tentar recuperar essas clareiras.”

CIêNCIA BEm-VINDA“Vou mostrar a você o lado feio e o

bonito do Parque”, prometeu Otaciano antes de embarcarmos na caminhonete para a ronda. O lado bonito é a própria exuberância do cerrado. Podemos encontrar campos sujos, limpos e até pinturas rupestres. Há cerrado denso e galerias – que se assemelham muito com o aspecto da mata Atlântica. O lado feio é todo o tipo de mal que as pessoas causam àquele ambiente. Mas existe a ação humana que é desejável: a científica. Existem dezenas de grupos de pesquisadores que atuam dentro do Parque Nacional de Brasília.

Depois de liberar a entrada para os pesquisadores da UnB a caminho do interior, a equipe de reportagem cruzou com alguns desses pesquisa-dores. O primeiro deles, um grupo de analistas ambientais, fazia mapeamen-tos de espécies de pássaros. Naquele ambiente também são encontrados animais ameaçados de extinção como o Lobo-Guará e a Sussuarana, além de capivaras, antas, tamanduás e diversas espécies de répteis e anfíbios.

Ao longo da estrada de chão, onde não raras às vezes minas d’água surgiam por ali, existem laços de panos de cores fortes, recurso que pesquisadores utili-zam para demarcar áreas. Algumas delas estão cercadas com linhas e barbantes. “Tem muito estudos sobre plantas medicinais por aqui”, disse Otaciano. “A estrela do momento dos pesquisadores

é a ‘Canela de Ema’, uma planta medi-cinal e que também pode ser combus-tível”. Estima-se que 10% das espécies de árvores e arbustos sejam medicinais, como a popular arnica-brasileira que é muito usada pela população como anti--inflamatório e analgésico.

TREmORES REgISTRADOSEm alguns pontos do Parque é

possível ver instrumentos redondos de metal que lembram grandes teias de aranha fincadas ao chão. Perto delas existem outros aparelhos fixados em bases de cimento. São as estações sismográficas de alta sensibilidade, ad-ministradas e usadas pelo Observatório Sismológico da UnB. Algumas delas estão em atividade desde 1968, quando a Unesco recomendou a instalação do equipamento no Parque Nacional de Brasília. “O Parque foi escolhido para se instalar os arranjos por sua localiza-ção, pela geologia favorável, e por ser um ambiente de quietude sísmica. Ou seja, não havia trafego de carros e de pessoas”, explicou Lucas Vieira Barros, chefe do Observatório Sismológico. No parque estão também instalados apa-relhos de alta sensibilidade capazes de registrar explosões nucleares realizadas no subsolo e na atmosfera. “Se um país fizer um disparo clandestino, isso será registrado em nossos sistemas”, explicou Barros. É que o Centro Sismológico de Brasília faz parte de uma rede mundial de monitoramento de abalos e o tra-balho dos geólogos da UnB tem papel fundamental neste processo por ser uma das principais bases da América do Sul.

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Fomos criados para entrar na escola ainda cheirando a cueiro. E daí em diante estudar muito, evitar a repetência, nos preparar bem para encarar o ves-

tibular, entrar numa faculdade, aprender uma profissão, batalhar um emprego estável – de preferência no serviço público – e garantir um futuro adequado como empregado modelo até a tão sonhada aposentadoria. A educação no Brasil, e em boa parte do mundo ocidental, é desenhada para forjar servidores ao invés de empreendedores. A nossa realização profissional está na segurança e não na satisfação em si. Somos programados para evitar riscos e não para enfrentá-los. Nos vemos impelidos a evitar o comando e navegar apenas na zona de conforto. A viver como passageiros, se possível e com o devido esforço, na primeira classe.

Crescemos alimentando o sonho de trabalhar na Co-ca-Cola, na Pepsi Co ou na Ambev, quando poderíamos pensar na criação de uma nova marca de bebidas. Deseja-mos uma posição de destaque na Procter & Gamble ou na Gessy Lever, quando poderíamos aproveitar nossas aulas de química para desenvolver produtos concorrentes ou que possam ser vendidos para essas empresas. Almejamos a estabilidade de vagas nobres no Senado, na Câmara dos Deputados, nos tribunais superiores, nas autarquias federais e nas grandes empresas públicas. Os exemplos a serem seguidos, saudados pela mídia e pela imprensa, são os primeiros colocados nos concursos públicos. E, assim, estabelecemos uma visão míope, mas conveniente, de sucesso.

Nossas ambições pessoais, de modo sutil e gradual, são alinhadas por baixo. Brasileiros notáveis como Eike Batista, Sílvio Santos, Antônio Ermírio, Abílio Diniz, Nizan Guanaes, Washington Olivetto, Luciano Huck, Vic-tor Civita e Paulo Skaf, além de brasilienses como Paulo Otávio, Avaldir Oliveira e Carlos Guerra são pontos fora dessa curva. Alguns foram impulsionados por heranças, outros por rebeldia e inconformismo, outros pelo talento

natural. Seja como for, todos eles tem uma característica em comum: receberam uma educação diferenciada. E não se trata apenas da educação formal, mas também daquela que recebemos em casa. Entre outros problemas, ainda vemos o sucesso como pecado e confundimos lucro com falta de escrúpulos. No nosso país, no lugar de orgulho, encaramos as grandes realizações com olhares desconfia-dos e até uma falsa repulsa.

Erramos duas vezes ao optar por uma educação vol-tada à conquista de um bom emprego e à segurança do salário garantido no final do mês. Primeiro ao podar o ímpeto empreendedor do nosso povo, desperdiçar sua criatividade e, com isso, criar barreiras sociais para o de-senvolvimento. Segundo ao formar um sem números de servidores avessos a desafios e despreparados para assu-mir papéis de liderança. Entramos na faculdade sem saber noções básicas de administração. E, muitas vezes, saímos dela praticamente da mesma forma. A ignorância estimu-lada, somada ao medo de arriscar, resulta em profissionais medianos, subservientes e cumpridores de tarefas. Um perfil inócuo para um país carente de empreendedores e, ao mesmo tempo, indesejado para qualquer empresário com um mínimo de conhecimento e autoconfiança que necessita preencher suas vagas.

Descontado qualquer traço de otimismo, o Brasil de fato já decolou. Mas sem o combustível da educação, em especial da educação empreendedora, nossa autonomia de vôo será curta. E, lá na frente, quando recolhermos as caixas pretas e analisarmos seus conteúdos, nos restará lamentar o desastre anunciado e especular em vão sobre os culpados. Quais sejam: todos nós que ignoramos o problema ou que o conhecemos, mas damos de ombro.

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*CARLoS GRiLLo Sócio-Diretor da Fermento Soluções em ComunicaçãoE-mail: [email protected]: @carlosgrillo

CARLoS GRiLLo*

Atençãosenhores passageiros

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Vinho ANTôNio DUARTE *

*ANTôNio DUARTE Presidente da Associação Brasileira de Sommelier

Pelos caminhos daBorgonha

Ao convidado muito apressado o vinicultor da Borgonha responde quase sempre. “É preciso esperar

para ver”. Eles são a imagem de seus vinhos, gostam de dar tempo ao tempo antes que estes revelem todos os seus se-gredos após descansarem no mínimo 16 meses em barricas de carvalho, só então revelam seus segredos, os segredos da Borgonha, um nome que estimula o desejo da descoberta.

Comece sua viagem por Lyon, cidade tombada pela Unesco como Patrimônio Mundial que oferece uma visão clara dos diferentes períodos de sua história. Seu patrimônio religioso e romano está presente em magníficos monumentos que adornam muitos de seus bairros.

Fundada pelos Romanos na provín-cia da Gália, pelos anos 43 a.C. é uma das maiores cidades francesas e onde nasceu o imperador romano Cláudio.

Cidade que rivaliza com Paris, com muitas óperas, lojas de luxo, museus de nível internacional, como o de Belas Artes, onde está o mais importante acervo da França depois do Louvre e o museu de Tissus, que tem uma extra-ordinária coleção de sedas e tapeçarias datadas do inicio do cristianismo.

Lyon tem muito a oferecer, como o bairro de Vieux Lyon, repleto de ruas empedradas, palácios renascentistas e muitos restaurantes chiques. Lá também ficava a antiga cidade de Lugdunum, fundada pelo imperador romano Júlio César em 43 a.C. Hoje nos dois teatros construídos na época do Império Romano, temos concertos que vão de óperas a show de rock.

Lyon é também cidade onde Paul Bocuse instalou seu famoso restaurante. Magnífico e requintado, com uma comida dos deuses e uma impressionante adega, não há quem não se encante com sua comida e seu luxo. É visita obrigatória.

Vale a pena começar nossa visita por Lyon, pois esta é considerada o centro gastronômico da França, onde você pode encontrar a verdadeira cozinha regional francesa, onde as “mères de Lyon”, figuras importantes, foram as cozinheiras, que formaram gerações de grandes chefes de cozinha como Bocuse.

Uma curiosidade da cidade são os Traboule, caminho, as vezes estreito que liga uma rua a outra, através de um ou mais edifícios. É uma rua de pedestre, coberta ou não, que se inicia num cor-redor de entrada e é um atalho que liga ruas paralelas de grande comprimento.

Mas falar desse lugar tão agradável e longe das grandes cidades, que é a Borgonha temos que ir mais além de Lyon. É uma região rica em história e patrimônio, com abadias romanas, cidades ducais, castelos de telhado envernizado e charmosos vilarejos.

Vamos descobrir esta região situada no centro leste francês e que se estende numa faixa de aproximadamente 300 km, desde Chablis, ao norte, quase fronteira com Champagne, até Beaujo-lais, perto de Mâcon, no sul, já beirando o Reno. A região tem pelo menos cinco das melhores sub-regiões produtoras de vinho da França, que são: Cote d’Or, Chablis, Côte Macconnaise, Côte Cha-lonnaise e Beaujolais.

Mas a Borgonha não é famosa apenas por seus vinhos, mas também

pela sua rica e saborosa culinária bem diversificada como gougères dourados, pôchouse, o bouillabaisse borgonhês, presunto du Morvan, frangos de Bresse, ovos em Meurette, etc.

As suas uvas são a Pinot Noir, tinta que produz vinhos de médio corpo até bastante estruturados. É a uva do seu mais famoso, consagrado vinho e mais caro do mundo, que é o “Romanée--Conti”. Sua produção é de apenas 6.000 garrafas/ano.

Gamay, esta, da sub-região de Beaujo-lais cujos vinhos vão de muito leves e de pouca estrutura, mas de grande marke-ting como o “Nouveau” até os de média estrutura como os Crus de Beaujolais.

Outras castas não famosas e pouco importantes são César e Tressot.

No capítulo das brancas reina absoluta a Chardonnay que produz vinhos de médio corpo a longevos de grande complexidade como os Grand Cru e Premier Cru da Côte de Beaune. Temos também a Aligoté, que produz vinhos simples, mas muito agradáveis e a Melon de Bourgogne que elabora vinhos genéricos geralmente em Auxer-rois e Chatillon.

Aqui uma curiosidade. A sub-região de Beaujolais ganhou o direito de per-tencer à Borgonha por decisão judicial. Os produtores não a consideram borgo-nhesa pelo caráter de seu vinho e a uva não ser Pinot Noir.

Nas próximas edições vamos degustar cada uma das sub-regiões da Borgonha.

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Rousseff, a primeira presidenta do BrasilAutor

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Livroo Último Templário

AutorRaymond Khoury

Editora Ediouro

O livro conta a trajetória pessoal da presidenta Dilma Roussef. A construção, passo a passo, da figura política de Dilma e de sua imagem eleitoral para estrear em uma eleição com 57 milhões de votos é o eixo central do livro. Também é possível conhecer histórias da clandestinidade, prisão e tortura na ditadura militar. Detalhes da chefia da Casa Civil, que assume em plena crise do mensalão e a luta contra o câncer são outros temas que desfilam cheios de detalhes no livro.

O fBI instaura uma investigação sobre um roubo em uma exposição de relíquias do Vaticano, no museu metropolitan de Nova Iorque. Os dois investigadores se envolvem em uma corrida mortal por três continentes em busca do local de descanso do Templo do falcão e da perturbadora verdade sobre sua carga.

“Ando lendo o meu presente de Natal, que é fragments - Poems, Intimate Notes, Letters by marilyn monroe. O livro é editado pela dupla Stanley Buchthal e Bernard Comment, com belíssimas fotos da atriz. Como se trata de publica-ção pra ir lendo aos pouquinhos, sem preocupação com o fim da história, o livro está no meu banheiro, ao lado de outro que não largo nunca: 10 Años con mafalda, do Quino.

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Marilyn Monroe

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Frases

Um quadro só sobrevive, graças aquele que o olha.

Pablo Picasso

o brasileiro só tem três problemas: Café, almoço e jantar.

Chico Anísio

Quando o emprego vira um luxo, o salário fica um lixo.

Boia fria, José Maria de Jesus

imaginação é mais importante que inteligência.

Albert Einstein

Aprender com a experiência dos outros é menos penoso do que aprender com a própria.

José Saramago

há dois tipos de pessoas: As que fazem as coisas, e as que dizem que fizeram as coisas. Tente ficar no primeiro tipo. há menos competição.

Indira Ghandi

o homem é o único animal que se ruboriza. ou que tem razões para isso.

Mark Twain

Nos processos de seleção, as empresas descartam os criativos e ficam com pessoas sem imaginação.

Depois as mandam fazer cursos de criatividade.

Domenico De Mazzi

A economia compreende todas as atividades do país, mas nenhuma atividade do país compreende a economia.

Millôr Fernandes

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Justiça CLAUDEMiR NEVES *

(*) CLAUDEMiR NEVESDiretor Nacional de Fiscalização Conselho Federal de Corretores de imóveis (Sistema Cofeci-Crecis)

De olho nominha casa, minha vidaO ano de 2012 traz uma novidade

para o Minha Casa, Minha Vida. O Sistema Cofeci-Creci (Conselho

Federal e Conselhos Regionais de Cor-retores de Imóveis) passará a fiscalizar a regularidade de conduta de corretores de imóveis, empresas do mercado imobiliá-rio e outros agentes na comercialização de imóveis beneficiados com recursos oriundos desse programa. A incumbência resulta de um convênio firmado entre nós, uma autarquia federal, e a Caixa Econômica Federal, entidade incumbida pelo governo da gestão financeira do pro-grama. A convite da Caixa, a estrutura de fiscalização de todos os Crecis (Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis), presentes em 25 estados, passa a ter mais uma atribuição em sua rotina. Irá atuar de norte a sul do país para evitar desvios nos recursos e nas metas da atual política de redução do déficit habitacional brasi-leiro, ainda estimado em sete milhões de unidades pelo Ministério das Cidades.

O principal objetivo do Minha Casa, Minha Vida é facilitar à base da pirâmide social a aquisição da casa própria e, assim, reduzir o déficit habitacional no país. Ambas as bandeiras são compartilhadas por nossa categoria, cerca de 240 mil corretores de imóveis em atividades e 35 mil empresas imobiliárias. A estrutura do Sistema Cofeci-Creci irá atuar na ponta da comercialização, no contato entre quem vende imóveis incluídos no progra-ma e o mercado consumidor específico: famílias com renda de 0 a 3 e de 3 a 10 sa-lários mínimos que buscam crédito para adquirir sua moradia. No primeiro caso, 0 a 3, os recursos são do FAR - Fundo de Arrendamento Residencial, e o cadastro de interessados só podem ser feito pelas Prefeituras através das COHAB`s. De 3 a 10 salários mínimos os recursos são

do FGTS e abrange tres tipos de linha de créditos: carta de crédito, imovel na plan-ta e investimento à linha de produção. Teremos a responsabilidade de verificar junto a imobiliárias, construtoras, incor-poradoras e profissionais se os contratos firmados com o consumidor estão dentro das regras estabelecidas pelo Minha Casa, Minha Vida.

Desde 1967, cabe ao Sistema Cofeci--Creci regulamentar e fiscalizar a profis-são de corretores de imóveis, a abertura e a atuação de empresas imobiliárias e o funcionamento do mercado imobiliário como um todo. Além de credenciar profissionais com a devida formação a atuarem como corretores de imóveis, cui-damos de manter equilibradas as relações entre o segmento e a sociedade, tendo como primeiro plano as necessidades do cidadão brasileiro. Do Acre ao Espírito Santo, do Pará ao Rio Grande do Sul, em todas as regiões e Estados, atuamos pelo cumprimento da lei e pela sua evolução em defesa das necessidades da população. Nosso Departamento de Fiscalização está inserido nesse contexto. Temos uma rede nacional de agentes fiscais eficientes, com alta credibilidade e legalmente investidos de autoridade para o exercício de suas funções. Por isso, prontamente, atende-mos o chamado da Caixa, que resultou no acordo assinado no ano passado.

Em linhas gerais, nossa equipe irá averiguar se o valor de comercialização do imóvel, que varia conforme a cidade em que se localiza, está dentro dos limites estabelecidos pela Caixa; se o comprador se adequa ao perfil socioeconômico do público-alvo do programa; e se há qualquer tipo de cobrança indevida do comprador (o beneficiado pelo programa Minha Casa, Minha Vida). É importante salientar que os honorários do corretor

de imóveis devem ser pagos por quem coloca o imóvel à venda. Em qualquer circunstância, com mais ênfase ainda no contexto do Minha Casa, Minha Vida, o comprador nada deve ao corretor imobi-liário. Atribuições como a averiguação da qualidade, celeridade ou pontualidade das obras, idoneidade dos construtores, conteúdo do contrato entre os executores dos projetos e o agente financeiro, entre outras situações anteriores, e posteriores, à fase da comercialização não compõem o escopo da nossa parceria com a Caixa.

Além de atuar proativamente na fiscalização, estaremos também recebendo denúncias da população. Iremos averiguar as condições de comercialização de projetos habita-cionais em todo o país. Todo material publicitário e todo plantão de vendas que tiver uma placa Minha Casa, Minha Vida será checado e poderá ser visitado. Para viabilizar um canal espe-cífico com o público, o Cofeci orientou todos os Crecis a criar um link em sua home-page para receber informações, processá-las e providenciar a checagem in loco. Ao constatar qualquer irregu-laridade, nossa Fiscalização irá lavrar um documento descrevendo a situação encontrada e encaminhá-lo para uma comissão interna do Creci do respectivo Estado, formada por três conselheiros e batizada de Pró-Casa. Caberá a essa comissão fazer uma apuração prévia e enviar relatório das irregularidades constatadas para a Caixa e para o Mi-nistério Público Federal, que tomarão as medidas cabíveis para cada caso.

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Diz Aí, Mané

“O Ateísmo é uma religião anônima.”

“é preciso melhorar as indiferenças sociais e promover o saneamento de

muitas pessoas”

“Na América do Norte tem mais de 100.000 Km de estradas de

ferro cimentadas.”

“A Terra é um dos planetas mais conhecidos no mundo.”

“Os crustáceos fora dágua respiram como podem.”

“A respiração anaeróbia é a respiração sem ar que não

deve passar de três minutos.”

“O objetivo da Sociedade Anônima é ter muitas

fabricas desconhecidas.“

“A prosopopéia é o começo de uma epopéia.”

“As plantas se distinguem dos animais por só respira-

rem a noite.”

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Quando analisamos a trajetória de pessoas que consegui-ram alcançar excelentes

resultados em suas vidas qual ca-racterística sobressai? Certamente uma combinação delas, as tornam singulares no que fazem. Entre elas, seria a capacidade de tomar boas decisões? Estar na hora certa e no lugar certo quando o bonde da oportunidade passa? Ter bons par-ceiros? Ter disposição? Ter ritmo?

Muitas pessoas têm forte ten-dência de buscar o caminho mais largo, mais fácil. Seguir a Lei do menor esforço. Ao contrário da formiga que no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu manti-mento. O senso comum pressupõe que o esperto é quem fica encosta-do enquanto outros produzem. Ou aquele que consegue tirar um co-chilo no meio do expediente, sem ser descoberto. Não sabe o coitado que o tempo é cruel, indolente. Esse tipo de gente desconsidera o efeito do tempo e não avalia o custo para si próprio de desperdiçar a própria vida. O famoso sambista que me perdoe, mas insisto em afir-mar, o “deixa a vida me levar, vida leva eu” é só para cantar... O que faz a diferença? A diligência. Ela é o coelho na manga dos vencedores.

Diligência entendida como zelo, dedicação, devoção. Tenha

certeza: quando você é zeloso é bem sucedido. Não há outro resultado possível. A aplicação da diligência em qualquer área da sua vida sempre trará o sucesso. Aplicar a diligência significa bus-car a excelência. Nesse sentido, importante que se diga, é preciso utilizá-la em todas as áreas da vida: no casamento, no trabalho, nas relações interpessoais, na vida espiritual. Você sai da mediocri-dade e colhe resultados inesti-máveis. Quando você é diligente, busca conselhos, por isso, está apto a tomar boas decisões. Estará nos lugares certos na hora certa porque sabe onde deseja chegar. Tem bons parceiros porque sabe a importância das parcerias para desenvolver grandes projetos. Afinal, elas são necessárias espe-cialmente quando os parceiros têm habilidades que não temos. O diligente também sabe que preci-sa se esforçar. Ele não tem medo de suar. Lapida para conseguir a melhor forma na rocha. Por isso, ele tem disposição.

Na luta para ser diligente é preciso tirar uma pedra do meio do caminho: a preguiça. Ela se manifesta no comodismo egoísta, na ignorância e na irresponsabili-dade. Não se iluda, eles adjetivam nossas vidas em muitos momentos.

Para vencê-la - a preguiça - é pre-ciso, primeiro, assumir o controle da sua vida, porque o palco é o seu lugar e não na platéia. Afinal, a história é sua; Em segundo lugar, defina o que você quer. Você, assim como a menina Dorothy (Mágico de Oz), precisa saber o que deseja para escolher o melhor caminho. Em terceiro lugar, busque bons conselhos; na multidão dos con-selhos há sabedoria. Por último, persiga a sabedoria como um bem precioso. Ela é mais do que conhecimento. É a percepção da forma mais inteligente de resolver as questões do dia-a-dia, obtendo os melhores resultados. É algo divino! O sábio contribui para a evolução moral do ser humano, porque decide corretamente.

O resultado da diligência é um produto puro, de qualidade. Por isso o zelo deve estar ligado a conquista de algo valoroso e digno. “Os planos do diligente tendem à abundância, mas o fazer de qual-quer jeito à pobreza.”(Pv 21:6). Seja diligente e faça de 2012 um ano maravilhoso!

Seja feliz!

Cresça e Apareça CARLA RiBEiRo*

*CARLA RiBEiRo é Advogada, Mestre em So-ciologia, Tetracampeã mundial de karate e pre-sidente do projeto social Formando Campeões

dacaminhoAvitória

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C uidam-se muito mais das flo-res. Talvez porque não gritem, não chorem. Cuidam-se mais das

flores do que de pessoas. Cuidam-se por-que são belas, e enfeitam nossas casas e cidades. Cuidam-se das flores raras e, por raras, são cuidadas. E os nossos meninos e meninas que são raros? Não se cuidam?

Se você quiser procurar saber sobre uma doença rara de A a Z, é simples: basta entrar em um site de busca na internet e pesquisar. O problema não é achar a doença. É achar onde tratá-la, onde procurar um hospital ou unidade de saúde que tenha o mínimo de infor-mação sobre a doença.

Se você quiser procurar sobre uma flor de A a Z, é simples: basta entrar em um site de busca na internet e pesquisar. Você pode achar a flor e como tratá-la, pode ainda conseguir contato com universidades e instituições públicas e particulares, e saber como mantê-la, multiplicá-la e, mais ainda, pode saber como pode usar verbas públicas para cultivar aquelas tão lindas e raras flores.

A bela orquídea não é uma flor fácil de cultivar, nem tampouco fácil de tratar. O primeiro passo para cultivar uma orquí-dea com sucesso é a identificação correta do gênero ou espécie e o conhecimento de seu habitat de origem, para saber de suas necessidades naturais em seu meio.

Vejam as falas de produtores e pesqui-sadores: (...) “São cerca de 90 exposições anuais por todo o Brasil, para dois dias de exposição, geralmente levo 400 espé-cies e vendo cada muda que levo”, diz um dos expositores.

Oficialmente não há definição, no Brasil, para doenças raras. Todavia, ado-tou-se a abordagem européia, tendo como entendimento que rara é a doença que tem incidência igual ou inferior a 1 em

cada 2.000 indivíduos da população. O tratamento dessas doenças deve ser mul-tidisciplinar, 80% são de origem genética, frequentemente são crônicas, debilitantes em longo prazo e potencialmente fatais.

Algumas características da síndrome de Edwards ou trissomia 18 são atraso mental, atraso do crescimento e, por vezes, malformação grave do coração. A boca é pequena e o pescoço geralmente muito curto. Calcula-se que 95% dos casos de trissomia 18 resultem em abor-tos espontâneos durante a gravidez. Esta síndrome genética pode ser diagnosti-cada ao nascimento, ou mesmo algum tempo depois, mas por se tratar de uma síndrome extremamente complexa, as más formações descritas na literatura são diversas, mais de 150.

Em outubro do ano passado, um jornal local de grande circulação contou a história de Valentina, uma menina que nasceu com uma doença rara que só lhe permitiria viver por, no máximo, quatro meses. Ela é portadora da síndrome de Edwards e já havia completado 2 anos, 11 meses e 20 dias. Surpreende a cada dia seus pais e médicos, supera obstáculos, graças ao amor, a dedicação e, sobretudo, a condição financeira favorável dos pais que, aliados a insistência de uma equi-pe médica, conseguiram fazer com que a pequena guerreira teimasse em viver para mostrar que tudo é possível quan-do se tem vontade, ajuda e persistência.

Contudo, centenas de outras crianças e até adultos não podem contar com o apoio e o amor que teve a pequena Valentina. A maioria morre ou é abando-nada e acaba também por morrer na rua ou em algum corredor de hospital. Não porque os profissionais de saúde não lhes assistam, mas por falta de conhecimento

sobre a doença e de como tratá-la. Outras vezes porque o próprio poder público é displicente, não faz o que deveria fazer, como no caso dos fenilcetonúricos que sofrem mensalmente porque não sabem se vão ou não receber o medicamento que os fará sobreviver, medicamento que só o governo pode comprar e distribuir.

As doenças raras nem sempre apare-cem só na infância, ela podem aparecer em pessoas até com mais de 50 anos como é o caso de uma mulher que aos 52 des-cobriu ter “cancro de mama genético” e tem passado por momentos difíceis, justa-mente porque o diagnóstico é difícil, por vezes demorado, o tratamento é caro e os medicamentos nem sempre são acessíveis.

O grande problema das doenças raras é a falta de investimento em pes-quisas e, principalmente, de informação sobre como lidar com o paciente por-tador. Alguns países do mundo já estão trabalhando em pesquisas e centros de ajudas às famílias que tem filhos com enfermidades raras. São lugares de pes-quisa, mas, acima de tudo, são espaços de convivência, informação, abrigo e tratamento de pacientes com doenças ainda desconhecidas pela humanidade.

As flores raras têm laboratórios de pesquisas, estufas e técnicos que traba-lham o tempo todo para que elas vivam e continuem a preencher nossos jardins, casas, matas e vales.

As nossas crianças raras também tem o direito de deixar sua herança que será o estudo genético para evitar o nascimento de bebês com doenças incuráveis. Mas isso só será possível se houver pesquisa, centros e técnicos que trabalhem o tempo todo para que elas vivam.

ELiANA PEDRoSA*Ponto de Vista

*ELiANA PEDRoSADeputada Distrital

Flores RarasCuidam-se das flores raras e, por raras, são cuidadas. E os nossos meninos e meninas que são raros? Não se cuidam?

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