Os Segredos do Túmulo A Sabedoria da Semente O Drama de...

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A Revista que se Responsabiliza Doutrinariamente pelos Textos Publicados Os Segredos do Túmulo A Sabedoria da Semente O Drama de André novembro/2011 | edição 110 | ano X | www.nossolarcampinas.org.br

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A Revista que

se Responsabiliza Doutrinariamente

pelos Textos Publicados

Os Segredosdo Túmulo

A Sabedoriada Semente

O Drama de André

novembro/2011 | edição 110 | ano X | www.nossolarcampinas.org.br

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CHICO XAVIER04 Síntese de “O Novo Testamento”

MEDIUNIDADE05 Vendo Antes de Acontecer

DIÁLOGO06 Diálogo com Divaldo

REFLEXÃO08 Uma Noite de Sol

EVANGELHO10 O Culto Cristão no Lar

ORIENTAÇÃO11 Palestras Públicas

EDUCAÇÃO12 O Drama de André

CAPA16 Os Segredos do Túmulo

REENCARNAÇÃO20 Fazendo a Meia Volta no Útero

PROF. HERCULANO PIRES RESPONDE22 Deus

APRENDIZADO24 A Sabedoria da Semente

COM TODAS AS LETRAS26 Há e Atrás não Combinam

MENSAGEM27 Na Propaganda Efi caz

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FidelidadESPÍRITA | Setembro/2011

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP2

sumárioexpediente

EditorEmanuel Cristiano

Depto Editorial

Jornalista ResponsávelRenata Levantesi (Mtb 28.765)

Design GráficoBruno Turcato

RevisãoZilda Nascimento

Administração e ComércioElizabeth Cristina S. Silva

Apoio CulturalBraga Produtos Adesivos

ImpressãoCitygráfi ca

FALE CONOSCOrevistafi [email protected] + 55 19 3233-5596

ASSINATURASAssinatura anual: R$50,00Exterior: US$ 55,00

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Dr. Luís Silvério, 12013042-010 Vila MarietaCampinas – São Paulo – Brasil CNPJ: 01.990.042/0001-80 I.E.: 244.933.991.112

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O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

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EDITORIAL

O homem é um ser inte-ligente: pensa, sente, quer; odeia e ama; es-

tuda e progride; em seu coração palpitam afetos e do seu cérebro brotam luzes.

O homem é o “rei da criação”, tí-tulo que auferiu pela superioridade da inteligência, que tem sobre a dos animais, que lhe são inferiores.

“O seu corpo: carne, sangue, nervos, ossos, desde as mais tênues camadas do cérebro, até a carcaça óssea, que representa o reino mi-neral e faz parte do seu organismo, como aliás aconteceu com todos os outros seres, nasce, cresce e morre; transforma-se, pois que é composto desses mesmos elementos impon-deráveis que se decompõem, oriun-dos da matéria cósmica universal: hidrogênio, azoto, carbono, cons-tituintes das variedades da matéria, que se apresentam com nomes de cal, fósforo, sódio, potássio, enxo-fre, fl úor, cobre, chumbo, etc.

Mas existe no homem um prin-cípio que não deve sua existência à Terra; existe no homem uma luz mais intensa do que resulta do fós-foro.

Esse princípio é o que constitui seu verdadeiro EU; essa luz não arde no túmulo como um fogofá-tuo; deve, forçosamente, permane-cer na Eternidade.

Tal conclusão não é só um di-tame da razão, um aviso prévio do sentimento; mas é o resultado de sábias lições que, durante pro-longadas vigílias, aprendemos pela indução e dedução da análise com-parativa dos sistemas fi losófi cos, científi cos e religiosos, que passam pela nossa mente como o desenro-lar de uma guerra sem tréguas, de exércitos inimigos que se comba-tem e se aniquilam, deixando, en-tretanto, imanentes os princípios que não entraram em sua luta e que, ignorados por uns e procla-mados intuitivamente por outros, atravessam eras e gerações, sem serem atingidos por uma negação lógica e positiva.

Mas não é só no ápice dessas es-colas, umas proclamando a sobe-rania da matéria, outras aplaudin-do o reinado do Espírito, que nós vemos aparecer esse princípio, que tem animado as gerações, fi xando-se através dos tempos.

É também na tela imensa, no grande panorama da vida terrena, com suas grandezas e misérias, suas investidas para a luz e quedas para as trevas, que a Vida se apresen-ta em sua forma mais positiva, e a alma se realça como um ser que desempenha o seu papel (cada qual na sua esfera de ação) neste planeta que chamamos Terra.

E se deixarmos essa esfera de ob-servação comum e entrarmos nos domínios da Metafísica e a Metap-síquica, fi caremos admirados ao ver homens de responsabilidade moral e científi ca negarem a existência da alma e chegarem a confundir a ação que esta exerce, com as fun-ções dos órgãos, tomando o efeito pela causa e inutilizando todos os princípios da lógica e do raciocínio, que devem guiar nossos passos na pesquisa da Verdade. ...

Fonte: Fonte: SCHUTEL, Cairbar. O Espírito do Cris-tianismo. Págs. 22 – 23. Casa Editora “O Cla-rim”. 1930.

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FidelidadESPÍRITA | Novembro/2011

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chico xavier

Os cuidados de Chico Xavier em relação a Wantuil são comoventes. Nesse trecho,

Chico fala como um pai preocupado que vê perigos e difi culdades quando o fi lho sai em viagem. Pode-se avaliar a íntima satisfação de Wantuil em ser alvo de tanta afeição e de tanto carinho.

“Estou satisfeitíssimo ao saber que ter-minaste o trabalho de tradução do Novo Testamento para a nossa família espiritis-ta. É extraordinária a tua descoberta no v. 28, do cap. 19, de Mateus. Considero-a sublime. O termo “reencarnação”, ali, acende nova luz em nosso entendimento. Deus te multiplique as forças e as bênçãos para continuares benefi ciando a nós todos com trabalhos tão elevados no campo da revelação. Aguardarei a vinda desse ser-viço teu, como quem espera uma bênção para o espírito. Estou igualmente con-vencido de que foste profundamente feliz com essa realização e os nossos Benfeitores Espirituais que contigo cooperam hão de continuar colaborando com teu espírito incansável na edifi cação de outros tem-plos sublimes de conhecimento superior. Deus salve e ajude as tuas forças. (...)”

Chico refere-se a “trabalho de tradu-ção” do Novo Testamento. Na verdade, não foi bem assim, conforme se pode ler no prefácio do livro “Síntese de O Novo Testamento”.

O versículo acima assinalado é o se-guinte:

“Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, na reencarnação, quando o Filho do homem (...)”

No livro de Wantuil, “Síntese de O Novo Testamento”, à página 149, (4ª ed. FEB), há a seguinte nota de rodapé:

“O original grego diz “palingenesia”. — Na tradução em Esperanto está “re-nascimento”. — Os católicos e protes-tantes traduziram por — regeneração, adotaram uma pontuação diversa e transpuseram o advérbio “quando”.”

Chico congratula-se com Wantuil pela sua descoberta, que, conforme ele mesmo diz, “acende nova luz em nosso entendimento”.

SÍNTESE DE“O NOVO TESTAMENTO” POR SUELY CALDAS SCHUBERT

“(...) Penso, porém, nos teus sacrifícios (na

hipótese de Wantuil ir a Pedro Leopoldo), e sinto

a difi culdade que sentirás para enfrentar a viagem, porque, desde já, te peço, não vir de avião. Os de-

sastres de avião em Minas estão me horrorizando.

Sei que experimentas enormes e dolorosos en-

jôos em viagens, mas não desejo sentir as angústias antecipadas de saber que

vais entregar tua vida, por alguns minutos, a aviões e aviadores incertos. Tra-taremos do assunto como

convém, não é?Fonte: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 120 – 121. Feb. 1998.

27-12-1946

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VENDO ANTES DEACONTECERPOR THEREZINHA OLIVEIRA

mediunidade

Morávamos no fundo de um casarão antigo e, ao lado dos cômodos que

ocupávamos, havia um amplo quin-tal com duas palmeiras e várias outras plantas, todas atraindo muitos pássa-ros, entre eles alguns periquitos.

Certa noite, sonhei que estava à mesa para almoçar e, curiosamente, estava sozinha, o que não era habitual, pois a família sempre se reunia para as refeições.

Também, contrariamente ao costu-me, a janela de madeira que dava para o quintal estava fechada.

Então, escutei um alarido de peri-quitos, tão estridente e demorado que me fez ir à porta olhar o que estava acontecendo. E vi: eram dois periqui-tos brigando entre si. Eu nunca vira periquitos brigando no ar e notei que, ocupados em procurarem bicar um ao outro, não mantinham o vôo e, aos poucos, estavam caindo em direção ao solo.

Da porta, gritei para o interior da casa: Mamãe, os periquitos! Mamãe apareceu, viu o que era, apanhou um pano de prato e as duas corremos na di-reção das palmeiras, querendo apanhar os periquitos, quando eles chegassem ao solo.

Por quê e para quê agíamos assim, não sei. Era como nos sentíamos, no sonho. Mas não conseguimos, pois ao chegarem perto do solo, os periquitos interromperam a briga e alçaram vôo.

De manhã contei para mamãe o sonho curioso e ela, desinteressada, co-mentou:

Bobagem, foi alguma coisa que você comeu que lhe fez sonhar assim.

Fui para o trabalho e me atrasei para a hora do almoço. Quando cheguei em casa, meus irmãos já haviam saído, es-távamos somente mamãe e eu, e ela já se alimentara. Como o dia paulista es-tava garoento e frio, a janela de madeira estava fechada. Sozinha, me sentei para comer.

Lá de fora veio o alarido dos periqui-tos, como acontecera no sonho. Sem poder me conter, fui à porta para espiar, como no sonho. E, como no sonho, vi que dois periquitos estavam brigando, se bicando e caindo em direção ao solo. Como no sonho, gritei: Mamãe, os peri-quitos! E mamãe veio, pegou o pano de prato e as duas corremos para o quin-tal, pretendendo apanhar os periquitos, mas, também, como no sonho, não os conseguimos, eles retomaram o vôo an-tes de bater no solo.

Voltamos, mamãe e eu, daquele esta-do esquisito em que estivéramos e nos entreolhamos sem nada dizer, retornan-do em seguida ao interior da casa.

Que deduzir do sonho e da sua con-cretização, posteriormente?

Eu já ouvira falar de precognição, faculdade que possibilita conhecer an-tecipadamente fatos, acontecimentos futuros. No caso, como a precognição fora em sonho, tratava-se de um sonho premonitório, em que tudo o que foi visto ou vivenciado, durante o sono, se confi rma, depois, durante a vigília.

O sonho premonitório pode ocorrer quando um espírito passa ao encarnado a informação do que vai acontecer, seja

porque conhece a programação reen-carnatória da pessoa, porque da própria pessoa, ou de outros que tenham liga-ção com ela, captou pensamentos e in-tenções, ou porque observou atos e de tudo deduziu conseqüências. Ao passar esse conhecimento para o encarnado através de um sonho premonitório, costuma usar uma linguagem encena-da ou fi gurada. Um espírito bom fará isso para que a pessoa esteja preparada para enfrentar bem o que vai suceder. Um mau espírito procurará passar imagens inquietantes, para perturbar o encarnado.

O sonho premonitório também pode ser a lembrança que o próprio encarnado guarda de algo que está na programação de sua existência atual e também acontece para que ele esteja bem preparado para enfrentá-la acerta-damente.

Alguém pode, igualmente, penetrar no pensamento, intenções ou atos de outra pessoa e, assim, ter um sonho premonitório do que ele próprio ob-servou.

No meu caso, sendo o fato mostra-do apenas uma cena da natureza, sem qualquer conotação de orientação mo-ral ou comportamental, acredito que espíritos amigos produziram aquele sonho premonitório apenas para que eu aprendesse que é possível, sim, en-xergar, antes, fatos que ainda não acon-teceram.

Fonte: OLIVEIRA, Th erezinha. Coisas que Eu não Es-queci Porque me Ensinaram Muito. Págs. 111 - 115. Editora Allan Kardec. 2010.

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diálogo

DIÁLOGO COM

DIVALDOPOR DIVALDO FRANCO

2.8 - Cromoterapia, Terapia de Vida Passada, Radiestesia.

P ergunta: — Estamos com uma pergunta, Divaldo, que veio através de vários

órgãos. De certa maneira já houve um comentário bem esclarecido, mas a pergunta é bastante objetiva e te-mos necessidade de fazê-la, porque está aqui no nosso compromisso. Até que ponto o Centro Espírita pode estender os trabalhos de assistência espiritual, adotando terapias alter-nativas como: a cromoterapia, a te-rapia de vida passada, a radiestesia, etc?

DIVALDO: — A terapia de vida passada, repentinamente, foi transformada pelos incautos numa caixa de Pandora, para resolver to-dos os problemas, até dor de dente e queda de cabelo. É um absurdo. A terapia de vida passada não é uma terapêutica Espírita, não tem nada a ver com o Espiritismo. Foi uma experiência iniciada pelo Dr. Morris Netherton, seguida por uma equipe de psicólogos ameri-canos e europeus, e que encontrou a reencarnação, a causalidade em vida anterior de alguns problemas psicológicos, fi siológicos, na área do inter-relacionamento pessoal... São palavras da Dra. Maria Júlia P. Perez, grande expert no assunto.

Trazermos para a Casa Espí-rita, sem estarmos equipados de

psicólogos, psiquiatras e terapêu-tas dessa área de observação, só porque está na moda, é um risco e um desvio da nossa fi nalidade, porque não é o fato de sabermos: “quem fomos, onde contraímos de-terminado confl ito”, que teremos habilidade para fazê-lo cessar, ou mérito de nos libertarmos dele. Se o confl ito está embutido em nós, é porque temos uma dívida, temos um carma, que é o efeito do nosso mau ato. É necessário, desse modo, que façamos algo de proveitoso para anular aquele fator negativo. Talvez a terapia liberte do trauma, mas não da dí-vida. A dívida deve ser resgatada pela ação positiva. Os terapêutas conscientes, que se utilizam dessa técnica são unânimes em consi-derá-la não religiosa, sem com-promisso com nenhuma doutri-na espiritualista.

A radiestesia não tem nada a ver com o Espiritismo. É uma técnica como a rabdomancia e outras, que esteve presente na

Idade Média. Não tem nenhuma vinculação, nem com o Espiri-tismo, nem com a mediunidade. Ela está mais vinculada ao fenô-meno parapsicológico, de nature-za Psi-kapa. Não nos cabe trazer radiestesistas para nossas Casas, a fi m de fazermos perguntas que já estão respondidas nas obras bási-cas da Doutrina.

A cromoterapia, que também está agora em muita voga, pode-remos aplicar, desvinculada do Espiritismo. São muitas, as mo-dernas terapias: a cristalterapia, a metalterapia, a acupuntura... e outras derivadas das pesquisas de Mesmer, no século XVIII, que deram um bom contributo à hu-manidade. Todos sabemos que as experiências de Mesmer vieram resultar na hipnologia, como na análise de várias terapias alterna-tivas.

Tenho ido a Casas Espíritas, onde é necessário passar por uma sala de luz verde, porque aqui-lo é bom para tal coisa; depois passa-se por uma sala de luz

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diálogo

vermelha, porque é bom para tal outra. A pessoa deve ir à reunião com uma roupa amarela, porque é bom para tal fi nalidade. São comportamentos abusivos, anti-doutrinários. Se pudermos dispor

de uma sala para socorros cromo-terápicos, muito bem! Mas com a aplicação moral do Espiritismo, mediante a ação de caridade.

2.9 - Centro Espírita e os Di-rigentes Desatentos

P ergunta: — Diante da avalanche de pseudo-modernidades que estão

invadindo as Casas Espíritas e das infl uências de antigos hábitos cristalizados, oriundos de outras concepções religiosas, muitas vezes introduzidas por dirigentes e cola-boradores desatentos, como fi ca o Centro Espírita? Terá ele estrutura para superar essa fase?

DIVALDO: — É necessário sermos sempre coerentes. Che-gam à nossa Casa Espírita, perio-dicamente, pessoas que dizem:

Olha Divaldo, você não acha?... Eu respondo: — Não, não acho — antes que

acabem, porque eu já sei que são barbaridades o que irão enunciar.

E concluo: — A nossa Casa segue a

diretriz estabelecida pelo Codif icador.

— Mas você não acha que po-deríamos colocar aqui uns qua-dros? — tornam a dizer.

— Não. Não colocaremos quadro nenhum; — argumento eu — a sala doutrinária é nua. Não tem nada de mais. Só as ca-deiras, as mesas. Não precisa de mais nada. — Você sabe, — in-sistem — eu vi num lugar uma coisa tão bonita...

— Então freqüentem lá. — concluo — Aqui, nós não deixa-mos, não abrimos mão da nossa coerência doutrinária.

Não o digo com rispidez, nem com indelicadeza, porém com se-gurança tranqüila. Nada de tra-jes especiais, cores que induzam à superstição. Tudo simples e dou-trinário.

A Casa Espírita deve ter muito cuidado com os enxertos, porque há Núcleos Espíritas, onde eu tenho estado, que me pergunto se os são verdadeiramente. Têm tantas exigências, tanto formalis-mo, tanto ritualismo, tanta coisa que, às vezes, eu me questiono: — Onde está, aqui, a mensagem Espírita da libertação?

O Espiritismo nos liberta da ignorância e dos atavismos nega-tivos. É uma Doutrina libertado-ra. O nosso compromisso é com

a verdade, não é com as aparên-cias, os cultos, as fórmulas!

É necessário termos muito cui-dado com a introdução das velhas práticas, sejam elas: ex-católicas, ex-protestantes, ex-esoteristas, ex-teosofi stas. Todas essas Doutri-nas são respeitáveis, mas a Casa Espírita tem sua fi losofi a e seu modo operante. Então devere-mos ser coerentes, defendendo-a dos enxertos, para preservar-mos o Movimento Espírita. A Doutrina Espírita é inatacável, necessitando de ser desdobrada para o nosso conhecimento. Os seus alicerces são inamovíveis. Essas ocorrências dão-se no Mo-vimento, que é algo diferente. São os adeptos do Espiritismo conduzindo a barca, às vezes, a seu modo, e não ao modo do Es-piritismo.

Fonte:FRANCO, Divaldo. Diálogo com Trabalhadores e Dirigentes Espíritas. U.S.E. 2001.

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refl exão

UMA NOITE DESOLPOR AMÁLIA DOMINGO SÓLER

não faltando a nenhum dos deveres decorrentes desses mesmos direitos e por eles impostos.

Vós, almas enfermas que esperais a hora suprema de voltar ao mundo dos Espíritos, fi xai o olhar na imensidade, como vindes fazendo, visto como na Terra a sede do infi nito só se acalma na orla dos mares, onde tudo nos fala de Deus, onde a catarata da vida arroja eternas caudais!

Pudésseis descer à profundeza dos mares, encontraríeis tesouros de gemas preciosas, uma vegetação admirabilíssima, inúmeras espécies de seres que vivem de maneira inconcebível para vós.

Em tudo, porém, o selo da perfeição, a unidade na diversidade, o todo no átomo isolado, como no conjunto dos corpos orgânicos e inorgânicos; por toda parte, a vida germinando; no fundo dos mares, na cúpula altíssima dos céus, no simples infusório que não podeis apreender sem auxílio de microscópio, como no globo que necessita de vários sóis para que em seu fi rmamento se cruzem luminosas franjas de prismáticos matizes!

Almas que suspirais por uma vida melhor; almas que, arrependidas e submissas, volveis como o fi lho pródigo à casa de vosso Pai, implorando a divina clemência, preparai-vos para a eterna viagem, por um verdadeiro exame de consciência, não como vo-lo

Sim, que aqui a mentira não arroja sua baba peçonhenta.

Ditosos vós outros, que não celebrais a festa de um Espírito forte, acorrendo aos lugares nos quais se lhe mancha a memória, dado que a memória de um mártir pudesse manchar-se.

Ó Tu! Espírito de Verdade, que vieste à Terra para demonstrar aos homens o poder da tua irredutível vontade, se nesta noite te aproximasses do planeta em que perdeste a vida por dizer que Deus era a Verdade e a Vida, quanta compaixão te inspirariam seus habitantes, a cometerem desatinos à sombra de nomes ilustres!

Como são tristes as festas da Terra! Quantas responsabilidades contraem os que navegam

sem bússola nos mares do gozo! Quanta degradação! Quanta obcecação! Pobre Humanidade

que busca flores onde só se podem encontrar

espinhos!Não acrediteis que eu abomine

os gozos terrenos, não;

já sabeis que nunca fui asceta,

mas, ao contrário, sempre acreditei que

o homem foi criado para gozar. Para gozar, porém,

racionalmente, não se fundindo ao caos da concupiscência, não

perdendo qualquer dos direitos que Deus lhe concedeu, e, fi nalmente,

Tendes razão em preferir a contemplação da imensidade às tristes alegrias da vossa Terra, na qual não há sorriso que não comporte a herança de uma lágrima, nem gozo satisfeito que não produza fastio. Mas o destino do Espírito não é enfastiar-se nem tombar exausto no abismo da saciedade. O corpo, esse poderá saciar-se, mas o Espírito sempre há de permanecer sedento de luz, faminto de justiça e de saber, na avidez do Infi nito!

Ditosos vós, os que vindes a este lugar, onde a Criação ostenta as melhores galas com a sua imponente majestade!

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refl exão

insinuam os vossos confessores, não encerrados nos vossos tugúrios sem que a Natureza vos fale de Deus, mas impressionando o vosso Espírito ante a grandeza do Onipotente!

Deixai, deixai vossas casas de pedra e correi ao grande templo, tal como fi zestes esta noite; e, diante da imensidade, interrogai a consciência: - que virtude possuis? que caridade praticais? em quem confi as? que quereis? que ambicionais? que juízo formais do vosso modo de ser?

Assim, certo, vos encontrareis pequenos, mas ao mesmo tempo grandes, porque não há nada pequeno na Criação, visto que em tudo palpita a Onipotência divina do infi nito Criador.

Se vos sentirdes emocionados ao contemplar as maravilhas da Natureza, alegrai-vos, regozijai-vos, sorride prazerosos, porque começais a preparar-vos para habitar melhores moradas.

Sim! o Espírito entra, de fato, na posse de um reino, quando sabe apreciar o lugar em que se acha.

A ninguém se dá mais alimento do que o estritamente necessário.

Não atireis pérolas a porcos, diz, com razão, a Escritura.

Muitos de vós vos queixais de viver na Terra... Insensatos! Se a uns tantos cegos se ordenasse fossem a um campo e dele copiassem uma paisagem, não vos riríeis de tal ordem? Tanto vale dizer que inútil seria passardes a um mundo melhor; a luz dele vos deslumbraria e cegaria.

Amai, amai essa Terra tão cheia de inumeráveis belezas. Muito vos resta a explorar; ainda há bosques virgens nos quais ressoa a voz de Deus, que lhes disse:

- “Crescei e formai uma tenda hospitaleira para as gerações futuras!”

Mares há, também, cujas águas não foram sulcadas por vossas naves; ainda ignorais se há vida nos vossos pólos.

Tanta coisa por fazer ainda...Trabalhai, trabalhai, tornai o

planeta habitável em todas as suas latitudes; colonizai, rasgai a terra endurecida, nela deixando o sulco dos arados. Deitai a essa terra a semente fecunda e promissora de abundantes colheitas, que muitos são, dentre vós, os famintos, e poucos os saciados e fartos.

Preparai, preparai o reinado da Justiça, que tem de inaugurar-se aí, em soberba apoteose. Todos os planetas têm o seu dia de glória, a Terra tê-lo-á também... Trabalhai, trabalhai com afi nco, porque amigos invisíveis vos ajudam. Congregai as vossas forças, fraternizai-vos, uni-vos, amai-vos, convencei-vos de que de nós depende apressar o dia faustoso no qual o mesmo Jesus-Cristo baixará à Terra, não cingindo a coroa do martírio, não com o manto do penitente, seguido de uma turba ignara e fanática, mas feliz, formoso, transfi gurado, rodeado de seus discípulos e de grande multidão sensata, que o aclamará - não Deus - mas sacerdote do progresso, que há de consolidar as bases do progresso universal!

A obra que Jesus se propôs não está concluída, mas unicamente iniciada, e o período de iniciação há de ter seu termo quando os homens praticarem a lei de Deus.

E fi cai certos de que a praticarão; já começais, já buscais o apoio dos Espíritos, já vos quereis relacionar com a vossa família espiritual, já procurais saber donde viestes e para onde ides. Pois bem; a todo aquele que bate às portas do Céu, elas se lhe abrem de par em par; a todo aquele que interroga se lhe responde, como se dá a todo aquele que pede.

Almas enfermas! sorride prazerosas, porque haveis de recuperar a salvação, como haveis de tornar à Terra para desfrutar vossa obra; e o que mais é -

não tornareis sós, perdidas, errantes, quais folhas levadas de roldão pelos ventos úmidos do Outono, como agora - não, porque o vosso progresso permitirá voltardes ao seio de famílias amorosas, nas quais criareis afeições duradouras, tornando-se a vida uma agradável primavera.

Nós, os que hoje vos aconselhamos e guiamos do Espaço, estaremos, então, mais próximo de vós, porque seremos membros de vossa família, viveremos na vossa atmosfera.

Mestre e discípulos volverão à Terra para formarem uma associação verdadeiramente fraterna.

Trabalhai, obreiros do progresso, trabalhai! Sóis esplendentes vos rodeiam! Humanidades regeneradas vos aguardam! Caminhai, pois, ao seu encontro!

Os fi lhos do progresso hão de perguntar-vos: - “Que quereis?” e vós deveis responder: - “Queremos luz, ciência e verdade!”

Adeus, meus amados, guardai em vossa mente uma lembrança da noite poética de São João.

Fonte:SÓLER, Amália Domingo. Fragmentos das Memórias do Padre Germano. Págs. 333 - 336.

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evangelho

mão. De outro modo, não aperfei-çoará a peça bruta.

Calou-se Jesus, por alguns ins-tantes, e aduziu:

— Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legí-tima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante sele-ciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósi-tos, como esperar uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguar-dar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:

— Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não

Povoara-se o fi rmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando

o Senhor, instalado provisoriamen-te em casa de Pedro, tomou os Sa-grados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fi zera improdutiva e menos edifi cante, falou com bondade:

— Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?

O apóstolo pensou alguns mo-mentos e respondeu, hesitante:

— Mestre, naturalmente, esco-lhemos os peixes melhores. Nin-guém compra os resíduos da pesca.

Jesus sorriu e perguntou, de novo:— E o oleiro? que faz para aten-

der à tarefa a que se propõe?— Certamente, Senhor — re-

dargüiu o pescador, intrigado —, modela o barro, imprimindo-lhe a forma que deseja.

O Amigo Celeste, de olhar com-passivo e fulgurante, insistiu:

— E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que preten-de?

O interlocutor, muito simples, in-formou sem vacilar:

— Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o for-

O CULTO CRISTÃONO LAR POR NEIO LÚCIO / CHICO XAVIER XAVIER

instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversa-ção e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, atra-vés do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo do-micílio dos pastores e dos animais.

Simão Pedro fi tou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tími-do:

— Mestre, seja feito como dese-jas.

Então Jesus, convidando os fa-miliares do apóstolo à palestra edifi cante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão no lar.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. Págs. 15 – 17. Feb. 1986.

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orientação

1. FUNDAMENTAÇÃO

“Ide, pois, e levai a palavra divi-na: aos grandes que a desprezarão,

aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão;

porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação

terrena, encontrareis fervor e fé. Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! O arado está

pronto; a terra espera; arai! (...)(...) Ide e agradecei a Deus a glo-

riosa tarefa que Ele vos confi ou; mas, atenção! Entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade.”

Erasto (Allan Kardec – O Evange-lho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4).

2. CONCEITO

É uma reunião pública, na qual são realizadas palestras ou conferências so-bre temas relacionados com a Doutrina Espírita, voltadas a atender aos interes-ses da população em suas necessidades de esclarecimento e consolação.

3. FINALIDADE

O propósito desta reunião é a divul-gação da Doutrina Espírita em seus as-pectos científi co, fi losófi co e religioso, sempre que possível, de forma integra-da.

4. PARTICIPANTES

a) O dirigente da reunião;b) O expositor ou conferencista;c) Os freqüentadores do Centro Es-

pírita.

5. DESENVOLVIMENTO DA REUNIÃO

Recomenda-se que os participantes, ao chegarem, acomodem-se no am-biente onde a atividade será desenvol-vida, realizando uma leitura de página doutrinária espírita, a fi m de estabele-cer sintonia com os Benfeitores Espi-rituais responsáveis pela tarefa e, por conseguinte, obter um melhor apro-veitamento do tema a ser estudado, da seguinte forma:

a) Preparação do ambienteLeitura de página doutrinária espí-

rita pelo dirigente da reunião ou por quem este indicar, de obra a ser defi -nida pela direção do Centro Espírita.

b) Prece inicialSimplicidade, concisão e clareza de-

verão estar presentes nesta prece, a qual deverá ser proferida pelo dirigente da reunião ou por outro integrante do grupo por ele indicado.

c) Palestra ou conferência doutri-nária

Um tema previamente programado será abordado, sempre de acordo com as obras da Codifi cação Espírita consti-tuída pelos cinco livros básicos de Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.

A duração desta etapa da reunião deverá ser estimada entre quarenta e sessenta minutos.

d) Prece fi nalTambém simples e concisa, agrade-

cendo-se a oportunidade do aprendiza-do, da convivência fraterna e do ampa-ro espiritual.

A prece poderá ser realizada pelo di-rigente ou por quem este indicar.

6. RECOMENDAÇÕES E OBSERVAÇÕES

a) Elaborar um programa mensal, trimestral ou anual, para as palestras que serão realizadas. Os expositores escalados deverão receber o tema com antecedência para possibilitar seu estu-do e preparação, com linguagem ade-quada ao público a que se destina.

b) Convidar para proferir palestras apenas pessoas reconhecidamente es-píritas e conhecidas dos dirigentes do Centro Espírita, para não proporcio-nar, inadvertidamente, apresentações de princípios contrários aos postulados espíritas.

c) Manter, se possível, no recinto designado às palestras ou conferências, recursos audiovisuais ou de multimídia que sirvam de apoio aos expositores ou conferencistas.

d) É dever do dirigente da reunião, caso o expositor faça afi rmações con-trárias aos princípios da Doutrina Espí-rita, esclarecer devidamente o assunto, ao fi nal da palestra, com fundamento nas obras da Codifi cação Espírita, evi-tando-se constrangimentos.

e) Esta reunião poderá contar ou não com a aplicação do passe.

f) Opcionalmente pode-se reservar espaço para participação do público com perguntas e respostas.

Palestras Públicas

Fonte:Federação Espírita Brasileira. Orientação ao Cen-tro Espírita. FEB 2007. 1 ed.

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educação

Falava-se, entre nós, dos problemas da educação com liberdade irrestrita,

quando um dedicado servo do Evangelho observou com justiça:– Crianças sem disciplina e jovens sem orientação sadia constituem o gérmen dos imensos desastres humanos. A Civilização e o Esta-do podem apresentar os seus pre-juízos, visto serem organizações perfectíveis nas mãos de homens imperfeitos; contudo, sem a sua infl uência, reverteriam à animali-dade anterior. Assim ocorre, quan-to ao lar e à educação doméstica. A família tem o seu quadro de lutas ásperas; entretanto, se lhe retirar-

mos o aparelhamento, tudo voltará às tribos sanguinárias dos tempos primitivos.

– Todavia, há quem coloque esse problema em plano secundário – retrucou um amigo –, a educação com os instintos emancipados tem os seus adeptos fervorosos, mesmo nos círculos do Espiritismo...

– Menos na esfera do Espiri-tismo cristão – atalhou o mentor respeitável –; nas atividades mera-mente fenomênicas, sem qualquer propósito religioso, encontram-se companheiros obcecados por essa ilusão. Empolgados pela luz e pela liberalidade da doutrina consola-dora, sem aderirem aos sentimen-

tos de Jesus, costumam andar em-briagados nos enganos brilhantes. Não percebem os perigos amargos que lhes sitiam a vida. Desinte-ressam-se da educação dos fi lhos mais tenros, com grave dano para o futuro do grupo familiar. No entanto, bastariam ligeiras consi-derações para o reconhecimento do erro clamoroso.

O Drama de AndréPOR HUMBERTO DE CAMPOS/FRANCISCO C. XAVIER

Por que confiaria Deus de-terminados filhos a essas ou

àquelas organizações paternas, se não fosse necessária semelhan-te cooperação no mecanismo da

iluminação ou do resgate?

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educação

O Eterno proporciona o doce licor do esquecimento às almas culpa-das ou oprimidas, e mandou que se criassem os períodos da infância e da juventude, na Terra, a fi m de que os senhores do Lar se valham do ensejo para a divina semeadura da bondade e do amor, visando ao trabalho da consciência retilínea do porvir. Para que serviriam, de outro modo, os pais humanos, se abdicassem a posição de sentinelas, entregando os fi lhos às tendências inferiores de ontem? Não seria condenar o instituto doméstico a um reduto de prazer vi-cioso?!

Tais interrogações fi -cavam no ar. Ninguém se atrevia a intervir no assunto, quando o nos-so amigo tecia comen-tários tão fascinantes. Observando as nossas disposições mais ínti-mas, o generoso instru-tor continuou:

– Aludindo à cegueira de alguns dos nossos irmãos do mundo, te-nho um caso doloroso em minhas relações pessoais.

A pequena assembléia colocou-se à escuta, evidenciando justifi cado interesse.

– No fi m do século passado – prosseguiu o devotado servo do Cristo –, quando os ideais espi-ritistas se alastravam no país, em modesto vilarejo do norte, um negociante honesto foi dos primei-ros a demonstrar simpatia pelos princípios novos. André fora rubro seguidor do Positivismo, e, ainda sob a sua infl uenciação, penetrou os umbrais da Doutrina, intoxica-do por fortes ilusões no terreno da Filosofi a transcendente. Bom dis-cutidor, comentava sempre a vasta situação do mundo, tecendo refe-

rências encomiásticas à virtude, à fraternidade e à liberdade. Sua inteligência não era um diamante lapidado nos bancos acadêmicos; entretanto, apresentava, em suas características, a espontaneidade e a sutileza que assinalam o caboclo brasileiro. Não era rico, mas sua casa era farta e feliz. As remune-rações eventuais do comércio ofe-reciam-lhe vantagens sufi cientes. Dois pequeninos enriqueciam-lhe o lar; no entanto, por mais que a

esposa insistisse, a fi m de que ti-vessem as necessidades espirituais atendidas, quanto ao problema re-ligioso, André zombava, murmu-rando:

– Nada disso! meus fi lhos hão de crescer sem tais prejuízos. Que-ro vê-los distante dos preconceitos dogmáticos de todos os tempos. Problemas religiosos cheiram a ca-tecismo. Acaso ignoras que esses enganos já foram relegados aos clé-rigos caducos?

– Sim – explicava a companhei-ra sem irritação –, compreendo teus escrúpulos, no sentido de pre-servar os meninos da exploração e do abuso do nome de Deus; toda-via, não podemos eliminar as ne-cessidades justas da alma. Já que não permitiremos a infl uência dos padres junto dos nossos fi lhinhos,

precisamos criar um ambiente de ensino doméstico, onde aprendam conosco a cultivar o respeito e a obediência ao Altíssimo.

André exibia um risinho vaidoso e asseverava:

– Esquece as velharias, mulher! A razão resolverá isso. A mentalida-de de agora reclama independên-cia. Nossos fi lhos não serão escra-vos das disciplinas impiedosas que nos torturaram a infância.

– Mas – voltava a esposa, sen-satamente – se Deus nos transformou em pais, neste mundo, é para que sejamos orientadores dedica-dos de nossos fi lhos.

Quando não vigia-mos, André, a liberda-de pode transformar-se em libertinagem.

O marido parecia impressionar-se, mo-mentaneamente, com as respostas; contudo, dava de ombros, sem

maior consideração. E o tempo foi passando. Na obediência ao regime paterno, os rapazelhos cresceram voluntariosos e rudes. Somente abandonaram o curso primário após os quinze anos, em razão da ociosidade e indisciplina. Empe-nhavam-se, comumente, em atritos ásperos, dos quais apenas se afasta-vam, em sangue, depois de longas súplicas maternais. Odiavam os livros sérios, mas estavam sempre atentos às anedotas deprimentes.

Por essa época o genitor come-çou a entender as difi culdades da situação, lamentando a levianda-de de outros tempos, quando des-curara a educação religiosa e mo-ral dos fi lhos que Deus lhe havia confi ado. Era, porém, muito tarde. Léo e Oscar, os dois rapazes, guar-davam uma observação revoltante

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educação

para cada conselho paternal. O nosso amigo tentou a internação dos jovens rebeldes em estabeleci-mento disciplinar, mas foi em vão. Procurou localizá-los em serviço honesto; entretanto, ambos eram admitidos para serem dispensados quase imediatamente. Ninguém lhes tolerava os costumes e as pala-vras torpes.

Certa vez, quando o comercian-te chegava ao lar, em noite som-bria, percebeu acalorada discussão no interior doméstico. Mais al-guns passos e defrontou a cena hu-milhante. Em atitude ingrata, os fi lhos espancavam a própria mãe. Na sua indignação, André buscou expulsá-los, mas a esposa interveio com a ternura de sempre.

Decorridos alguns meses, am-bos os rapazes foram apanhados em fl agrante de furto. Após a pri-são vexatória, o genitor não conse-guiu sofrear a revolta que lhe ator-mentava o coração e, não obstante as rogativas reiterada da compa-nheira, baniu os fi lhos do ninho familiar.

Alma esfacelada por desilusões tão amargas, providenciou a mudança de um Estado para outro. Vendeu a pequena propriedade comercial, as terras, os rebanhos e partiu. Entretanto, os cônjuges, apesar da união afetiva, em afi nida-des pro-fundas, embora a modi-f i c a ç ã o da paisagem, nunca mais se avistaram com a tranquilidade

primitiva. Ensaiavam o regresso à ven-tura de outros tempos, mas debalde.

A lembrança dos fi lhos ingratos apresentava-se com as imposições da velhice, multiplicando, porém, as preocupações e as saudades.Numa noite tempestuosa, André despertou às primeiras horas da madrugada, ouvindo forte ruído no corredor. Tomando da arma de fogo, levantou-se cautelosamente. Encaminhou-se ao cofre de ma-deira localizado em aposento con-tíguo, notando-o arrombado. Era um ladrão o visitante imprevisto. Como sombra no seio das som-bras, André acompanha os passos do malfeitor e, antes que pudesse escapar, prostra-o com um tiro, quase à queima-roupa. Ergueu-se a esposa, assustada. Acendem a luz. E quando o comerciante, muito trêmulo, aproxima a lanterna do rosto da vítima que se esvaía em sangue, cruzam ambos o olhar.

– Meu pai!... meu pai!... – grita, em tom rouco, o malfeitor mori-bundo.

– Meu fi lho!... – exclamam, a um só tempo, marido e mulher, entre lágrimas de desesperação.

Era Oscar que, ignorando o novo sítio da habitação paterna, atacara a residência, nos seus ve-lhos hábitos de pilhagem.

O narrador fez uma pausa mais longa, reconhecendo o efeito de

suas palavras no ânimo geral e continuou:

– É fácil imaginar a tragédia que se seguiu.

O casal não teve co-ragem de revelar à Polícia a verda-deira condição da vítima, entregan-

do-se André à ação judicial,

quase imbe-

cilizado na sua dor. Sua causa, porém, era simpática. A energia de que dera testemunho livrara o vilarejo de um bandido comum. En-quanto o povo o aplaudia, o negociante chorava, angus-tiado. E, antes de regressar do cárcere, aconteceu o que seria de esperar.

A pobre mãe, ralada pelo infortúnio extremo, entre-gou a alma a Deus, assisti-da pelas dedicações da vizi-nhança.

O nosso amigo estava, agora, sem ninguém.

Quanto maiores eram as esperanças de liberdade em futuro próximo, mais lasti-mava a própria dor. Por fi m saiu da cadeia pública, ova-cionado pela simpatia popu-lar como herói.

André, no entanto, per-manecia inerte, derrotado. Vendeu quanto possuía, a fi m de pagar as custas da Justiça que o absolvera e tornou a par-tir, sem destino.

Velho, cansado, sozinho, não se sentiu bastante forte para recomeçar a luta. Noi-tes ao relento, dias de fome, roupa em frangalhos e lá se ia, de aldeia em aldeia, vivendo da caridade comum. Pa-recia idiota, incapaz de qualquer reação. O tempo incumbiu-se de completar-lhe a feição de mendigo. Larga bolsa de couro à cintura, rosto hirsuto, grosseiro cajado para os caminhos ásperos, prosseguia, sem pousada certa, re-correndo à generosidade popular.

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educação

Os anos rolavam para o seu coração, em amargoso silêncio, quando, num crepúsculo de bor-rasca forte, o mísero velhinho se aproximou de um rio transbor-dante. O desventurado necessitava ganhar a outra margem, tentando o abrigo na localidade mais pró-xima. Um homem corpulento, de traços rudes, convida-o com um gesto mudo a tomar a canoa frá-gil. O pedinte aceita. O barqueiro desconhecido não cessa de fi xar a bolsa, onde André recolhe os vin-téns da piedade pública. Enquanto isso, o desventurado ancião pousa os olhos nevoados pela velhice no seu benfeitor, que remava em si-lêncio. A ternura paterna volve a pintar-se no semblante sulcado de rugas. Se Léo ainda existisse, devia parecer-se com aquele homem.

Olvidando todas as preocu-pações para recordar o fi lho, o desventurado não percebe os mo-vimentos sutis do barqueiro anô-nimo. Distante da margem, o re-mador lança um último olhar aos matagais vizinhos, amortalhados na sombra do crepúsculo e, sen-tindo-se sem testemunhas, avança para o mendigo miserável, arreba-ta-lhe a bolsa e atira-lhe o corpo na corrente tranqüila, murmurando com ironia :

– As águas não falam!... Vamos, velho imundo, uma bolsa não te pode salvar a vida!

André compreendeu, afi nal: aquela voz era do fi lho desapareci-do. Não hesitou. O sentimento de paternidade não o havia enganado.

– Léo!... Léo! meu fi lho!... – gri-tou angustiado.

Entretanto, era tarde. Ambos trocaram o supremo olhar, com estranha sensação de sofrimento e pavor, mergulhando o velhinho para sempre.

Como vêem – concluiu o narrador emocionado –,

André foi indiferente à educação moral dos fi lhos,

esquecendo-se de efetuar a semeadura da infância, a fi m de construir-lhes o ca-

ráter na juventude. A expe-riência resultou-lhe em fru-

tos bem amargos. Depois de eliminar, involuntaria-mente, um deles, acabou

assassinado pelo outro.Compreenderam, agora, o que signifi ca educação com liberdade irrestrita?

A reduzida assembléia permanecia sob penosa co-

moção e ninguém ousou responder.

Fonte:XAVIER, Francisco Cândido. Reportagens de Além Túmulo. Págs. 43 – 49. Feb. 1997.

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capa

TÚMULOPOR YVONNE PEREIRA DO AMARAL

OS SEGREDOS DO

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capa

Temos recebido cartas de aprendizes da Doutrina Espírita tratando de um

ponto doutrinário dos mais melin-drosos, que alarma o leitor inician-te quando não bem esclarecido. É de notar, porém, que, com tantos livros excelentes, existentes na bi-bliografi a espírita, como os livros assinados por um Allan Kardec, um Léon Denis, um Ernesto Bozza-no, um Gabriel Delanne, um Co-nan Doyle, um Alexandre Aksakof e tantos outros de idêntico renome, há quem se embrenhe em dúvidas incomodativas sobre pontos que, comumente, acarretam erros de interpretação que o impedem de distinguir o verdadeiro do falso. Está-nos a parecer, pois, que de-terminados leitores desprezam o verdadeiro estudo doutrinário, pre-ferindo aceitar o Espiritismo por ouvirem dele falar. Depreende-se, então, que as obras de base, dos va-riados autores citados, nunca foram consultadas, ou o foram superfi cial-mente, o que é lamentável e quiçá prejudicial ao prestígio da própria Doutrina. O certo é que têm che-gado às nossas mãos consultas em que leitores fazem as seguintes per-guntas:

“Um Espírito que foi abnegado quando encarnado, que praticou o bem e o amor ao próximo e viveu para a caridade, ao desencarnar po-derá sofrer o fenômeno da retenção no cadáver, supondo-se sob a terra junto dele, sentindo-se devorar pe-los vermes que roem o corpo a de-compor-se. É isso possível? Para que se há de, então, ser bom e abnegado neste mundo, se a desencarnação se processa idêntica à dos grandes criminosos? Não valerá mais a pena gozar-se a vida do melhor modo possível, do que sacrifi car-se, uma

vez que nem a abnegação livrará dos tormentos, na vida invisível?”

Lembraremos aos prezados mis-sivistas justamente o que os códigos responsáveis pela Doutrina autênti-ca esclarecem a respeito e também o que o senso e as sessões sérias, legítimas, de Espiritismo prático mostram à observação. Jesus defi -niu o nosso destino em geral com a irreversível sentença: “A cada um será dado segundo as próprias obras”. Em mais de uma passagem evangélica, somos informados do que nos aguar-da na existência de Além-Túmulo, em consonância com o nosso gênero de vida neste mundo, e Allan Kardec, o mestre escolhido pelo Alto para ins-trutor terreno da Nova Revelação, dá os seguintes esclarecimentos em “O Livro dos Espíritos”, além de ou-tros pormenores dignos de serem relembrados (Cap. III, questões 149 a 165):

“A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendi-mento do perispírito não se comple-ta subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o mo-mento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda ma-terial e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afi nidade com o Espí-rito, afi nidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identifi cado com

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a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resul-tado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido ob-servar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afi nidade, persistente entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o hor-ror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a cer-tos gêneros de morte. Verif ica-se com alguns suicidas”.

“Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de

algumas horas, como também de muitos meses e até de mui-

tos anos. Aqueles que, desde quando ainda viviam na Terra,

se identifi caram com o estado futuro que os aguardava, são

os em quem menos longa ela é, porque esses compreendem ime-diatamente a posição em que se

encontram.”

“A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tran-quilo despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade e

de angústias, que aumentam à proporção que ele da sua situa-ção se compenetra”.

Compreende-se, pois, que o in-divíduo de vida normal (não pre-cisa nem mesmo ser abnegado) tem o despertar mais ou menos tranquilo na vida espiritual; que somente os criminosos, os sensu-ais, que viveram da matéria e para a matéria, certos tipos de suicidas e vítimas de outras mortes violentas passam pelos penosos fenômenos acima citados. Salvo exceções que somente o conhecimento minu-cioso do processo pode explicá-las. Por sua vez, o genial analista Er-nesto Bozzano, em suas preciosas monografi as “A Crise da Morte” e “Fenômenos Psíquicos no Momen-to da Morte”, esclarece de modo insofi smável o assunto, dando-nos a compreender que o despertar do indivíduo de caráter normal, em Além-Túmulo, é tranquilo, e até feliz, e que, portanto, o abnegado,

sendo superior ao normal, certa-mente melhor ainda terá o seu despertar... a menos que se trate

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de um refi nado hipócrita que enga-nou o mundo e pretendeu enganar também a Deus.

Além do mais, o que presencia-mos nas sessões práticas de Espiri-tismo, quando bem organizadas, outra coisa não nos dá a compreen-der senão o seguinte: em princípio, só os maus, os devassos, os suicidas sofrem penosas situações após a morte. Os normais, os bons, os vir-tuosos despertam tranquilamente, felizes, “antegozando as delícias da vida espiritual”. Um Espírito que neste mundo viveu para o bem do próximo, que foi ao sacrifício da abnegação, muito provavelmente não experimentará os horrores da decomposição do próprio cadá-ver, pois já era, com certeza, de sprend i -do das coi-sas terrenas antes da d e s e n c a r-nação, já vibrava em h a r m o n i a com a lei de Deus e, por-tanto, praticava o intercâmbio mental com os bons Espíritos. A não ser que, mal-grado toda essa conquista, guarde ainda afi nidades muito fortes com o corpo somático ou com deleites materiais que cercam a existên-cia no planeta terreno, como acentuou Kardec. Não se pode esquecer jamais que, em Espiri-

tismo, não há regras. Cada caso é um caso diferente.

Será, pois, de utilidade para todos, constantes consultas às obras de base, maior obser-vação nos ensinamen-tos superiores dos Espíritos, mais aten-ção ao que se passa nas sessões chama-das de caridade, pois tudo isso é necessário ao esclarecimento doutrinário.

capa

Fonte:Fonte: PEREIRA, Yvonne A. À Luz do Consolador. Págs. 142 – 145. Feb. 1998.

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capa

Todos sabemos como é planejar fazer algo e depois ser forçado a

abandonar esses planos porque as circunstâncias mudam ou porque

nós mudamos de ideia. Surpreendentemente, parece

que isso também pode acontecer aos espíritos que planejam seu re-

nascimento. Algumas vezes, fazem uma rápida mudança de planos e

dão meia-volta no útero. Isso pode acontecer a qualquer momento

durante os nove meses de gestação. Parece que os planos para a vida que se aproxima não são fi xos ou irrevogáveis, mesmo que tenham sido feitos com todo o cuidado no

período entre duas vidas.

FAZENDO A MEIA VOLTA NO ÚTEROPOR CAROL BOWMAN

reencarnação

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reencarnação

depois me disse para ir à sua casa ime-diatamente.

Assim que cheguei, perguntei a Brit-tany o que havia acontecido. Ela subiu no meu colo e choramingou: “Mamãe não lembra de quando eu estava na sua barriga, vovó.” Dirigindo-se a mim, Karen falou: “Já tentei explicar a Brit-tany que eu sou sua fi lha e ela é minha fi lha e que cresceu na minha barriga, e não na sua.”

Brittany ouviu com paciência a explicação da mãe e, então, declarou: “Não, antes disso eu estava na barriga da vovó com você, mamãe. Eu não fi -quei porque não queria ser um meni-no.” Meu corpo se arrepiou todo. Ka-ren saiu correndo do quarto, chorando. Nós duas sabíamos que, quando eu estava grávida, Karen tinha um irmão gêmeo que morreu em meu útero, aos sete meses de gravidez.

Alguns minutos depois, minha fi lha voltou, ainda enxugando as lágrimas. abraçou Brittany e em seguida me abraçou, dizendo: “Isso é tão maravi-lhoso. Não posso acreditar. Depois de todos esses anos, reencontrei meu ir-mão gêmeo.”

Na perspectiva dos seres en-carnados, essas mudanças de planos têm outras de-

nominações: os médicos as chamam de aborto espontâneo e parto de nati-morto.

Quem nunca passou por essa expe-riência não pode compreender a dor profunda que os pais sentem diante dessa perda inexplicável. Para piorar, apesar de todas as explicações médicas, inevitavelmente se culpam em algum momento, imaginando o que fi zeram de errado.

Mas, se analisarmos o aborto es-pontâneo ou o parto de natimorto do ponto de vista do espírito, nossas ideias virarão do avesso. Sob esse novo pris-ma, a decisão de não nascer num deter-minado momento é apenas um desvio, um zigue-zague na contínua jornada pela eternidade das existências. Os es-píritos decidem inverter o curso por inúmeras razões: para mudar de sexo ou de ordem de nascimento, para espe-rar por um corpo mais apropriado aos seus propósitos, para aguardar até que as circunstâncias que envolvem os pais melhorem, ou para reajustar o tempo certo de um encontro predestinado com um outro espírito que já está na Terra ou que ainda irá encarnar. Essa mudança também pode ocorrer quan-do o feto apresenta algum defeito, ou seja, motivada por um fator biológico.

Qualquer que seja o motivo, está claro que em

alguns casos os espíritos esperam por uma outra

oportunidade de retornar para a mesma família.

Como sabemos disso?

É que algumas crianças se lembram de todo o processo. Então, um dia, no meio de uma conversa casual, descre-

vem outras tentativas de nascer de sua própria mãe ou de outra mulher da fa-mília. Os pais fi cam sempre surpresos quando as afi rmações da criança cor-respondem exatamente a uma gravidez perdida sobre a qual todos evitavam falar. Porém, depois de absorver a ver-dade do que seus fi lhos estão dizendo, o choque se transforma em alegria e alí-vio quando se dão conta de que o bebê que morreu no útero anos antes não está perdido para sempre.

Analisar esses acontecimentos do ponto de vista espiritual faz com que seja mais fácil para a família aceitar a perda de um feto como a escolha do espírito de não vir naquele momen-to — uma escolha que independe de qualquer coisa que os pais fi zeram ou deixaram de fazer. Essa visão traz con-solo aos pais e aplaca seu sentimento de culpa.

UMA MUDANÇA DE PLANOS

O primeiro caso de aborto espon-tâneo que estudei foi relatado durante um seminário que presidi, há alguns anos, e chamou minha atenção. Eu nunca havia percebido quanto a cura pode ser profunda quando se sabe que o bebê morto está de volta à família. Fi-quei fascinada quando Carolene Heat contou sua história.

Brittany é minha neta. Quando ti-nha 3 anos, ela telefonou para minha casa e deixou uma mensagem na se-cretária eletrônica: “Venha, vovó! Eu e mamãe brigamos.” Liguei para Karen, minha fi lha, e perguntei: “O que hou-ve? Brittany ligou e deixou um recado na secretária.” Karen disse: “Tem certe-za? Ela não sabe discar.” Então, toquei a mensagem para que minha fi lha ou-visse. Karen riu sem poder acreditar e

Fonte:Bowman, Carol. O Amor me trouxe de volta. Pags.74-76.Sextante 2011.

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que está iniciado. É um início perfeito, naquilo que está em desenvolvimento, rumo àquilo que Kant chamava de “a perfectibilidade possível” de cada Ser.

Assim, há na perfeição um dinamis-mo e uma estática. Há um dinamismo constante, porque a perfeição implica o processo de desenvolvimento das poten-cialidades do Ser.

No campo do homem, por exemplo, isto se torna bem claro.

O homem aparece na Terra nos tempos primitivos,

como selvagem, como quase um animal. Entretan-to, ele traz, dentro de si, todas as potencialidades da sua perfeição. Ele é, portanto, perfeito em potência, isto é, potencialmente ele é perfeito; à propor-ção que se vai desenvolvendo, através das vidas sucessivas, na renovação das gera-ções, na humanidade, essas potencialida-

Prof. Herculano Pires responde

DeusOuvimos uma apresentadora

de TV dizer que Deus é es-tático, porque é perfeito. E

que toda perfeição é estática. Tenho a minha opinião, mas gostaria de ouvir a sua.

A concepção da apresentadora, de que Deus é estático porque é perfeito, está atrelada, por assim dizer, à nossa lógica humana.

Há uma lógica, determinada pra-ticamente pelas concepções do século XVIII. Já no século XIX e nos fi ns do século XVIII tinha-se uma concepção diferente.

A perfeição não é estática. Perfeito não é aquilo que está acabado.

Pode haver uma perfeição naquilo

des vão-se manifestando. Então, nós dize-mos: “Fulano é uma criatura imperfeita, ainda em desenvolvimento”. Mas esta é uma concepção humana. Para Deus, aquele fulano, que está em desenvolvi-mento, é perfeito, porque ele traz, em si, todos os elementos da perfeição, que estão apenas afl orando, desenvolvendo--se, maturando-se, amadurecendo, para chegar, enfi m, a um ponto determinado,

que nós humanos conside-ramos a

perfeição, mas que ainda não é a perfeição, para Deus.

Para Deus, a perfeição é um inces-sante evoluir. Ela não está, de maneira alguma, em algo que se fez e se com-pletou. Por isso, costumo dizer que as pessoas que dizem assim: “Eu sou um homem que realmente me realizei”, se soubessem o que quer dizer a realização das potencialidades internas do Espírito da criatura humana, nunca usariam esta expressão. Um homem realizado, uma criatura realizada, seria uma criatura que não teria nada a realizar, não teria nada a fazer, estaria completa em si mesma.

Diz o fi lósofo Heidegger, uma das ex-pressões mais altas do pensamento con-

temporâneo, que “o homem só está completo quando mor-

re”. A passagem do

homem pela vida é uma constante trans-formação, um constante evoluir. Assim, nós só podemos considerá-lo completo na morte, porque aí termina a sua vida de homem. Então este homem, que não

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Prof. Herculano Pires responde

é mais homem como cria-tura encarnada, mas que é um Espírito, irá prosseguir, continuando o desenvolvimento das suas potencialidades.

Deus é um renovador constante, in-cessante. Por exemplo: vamos a uma imagem que talvez nos dê uma idéia mais concreta, mais precisa disto, quan-do Zoroastro, na Pérsia – fundador da religião chamada, hoje, Madzeista, fi zera uma idéia de Deus aos seus adeptos, dis-se: “A única imagem possível, na Terra, é a do fogo. O fogo nunca está parado. O fogo não é estático. O fogo está conti-nuamente se renovando, através das suas labaredas. O fogo produz a luz e afugen-ta as trevas, quando os selvagens preci-sam afugentar as feras que, no mato, os rodeiam, os rondam”.

Para Zoroastro, a única imagem per-feita de Deus é o fogo. E então, o que fi ze-

ram os ho-mens? Pas-saram a usar o fogo.

Quando vemos velas ace-sas em algum lugar, no sentido devocional; quando vemos lâmpadas acesas, nos altares das igrejas, estamos diante de uma transposição do Zoroas-trismo para outras religiões. Ou, em outras palavras, da adoração do fogo, da simbologia do fogo, presente nas mani-festações religiosas.

Esta concepção de Zoroastro nos dá o exemplo concreto do que seja aquilo que poderemos imaginar como constan-te e incessante dinâmica da existência de Deus, se poderemos chamar assim; da

sua vivência como uma inteli-gência, que é o centro de todo o Universo, que contro-la toda a movimentação dos astros, das galáxias, do espaço infi nito. Deus é um dinamismo constante. Não poderia ser, portanto, estático, de maneira alguma.

Fonte:PIRES, José Herculano. No Limiar do Amanhã. Págs. 27 – 29. Editora Camille Flammarion.

2001.

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aprendizado

Se, como dizia Descartes, o homem existe porque pen-sa, podemos dizer que mal

existimos como seres humanos en-quanto não começamos a pensar. E quanto mais caminhamos na direção de Deus, mais amplos se tornam os nossos horizontes, mais claros os nos-sos caminhos, mais profunda a pene-tração da nossa inteligência, que tudo deseja devassar, não apenas o mundo que nos cerca, mas também o mundo imenso que está dentro de nós.

E como somos espíritos de dife-rentes idades, estamos também em diferentes estágios evolutivos. Muitos de nós, ainda estamos presos aos pri-meiros passos do jardim da infância, enquanto outros já se graduaram na universidade da vida. Nas quadras da juventude espiritual é limitado o escopo e alcance da consciência. Mal conseguimos apreender as coisas mais elementares que nos cercam e difi cilmente entendemos o mecanis-mo da nossa própria mente. Para o espírito mais evoluído, no entanto, o mundo interior não é um poço de desconhecidas e escuras profundida-des, é um campo aberto iluminado por onde passeia livre a consciência

de si mesmo. O mundo exterior não é um emaranhado de mistérios in-compreensíveis, mas um laboratório de experiências vitais, onde cada coi-sa tem seu lugar, cada fenômeno sua explicação e sua lei.

Por isso, muitos nem sabem que são espíritos a caminho da perfeição; presos ao acanhado universo de sua limitada consciência, passam pela vida sem saberem ao certo o que lhes acontece, como se vivessem mergu-lhados num sonho permanente do qual apenas fi cam aqui e ali algumas imagens diáfanas. Vão e vêm entre uma vida e outra, como sonâmbulos desligados da realidade.

Esses podem até mesmo su-bir ao Cosmos, impulsionados por um prodígio de técnica, que de lá voltarão decepcionados porque não viram Deus! Como poderiam vê-lo se ainda lhes fal-tam os olhos de ver de que nos falou o Cristo? Representantes de civilizações materialmente desenvolvidas, ainda não com-preenderam que eles próprios, os instrumentos e as técnicas ma-ravilhosas que os projetaram no espaço cósmico e os recolheram de novo à Terra, são um teste-munho eloqüente, espetacular, evidente, irrefutável de que uma Inteligência Superior cria e diri-ge os mundos em que vivemos.

Ensina o Dr. Gustave Geley que o processo evolutivo se realiza por meio de uma

constante expansão da consciência. À medida que progredimos espiri-tualmente, vamos caminhando do inconsciente para o consciente, da sombra para a luz, da ignorância para o conhecimento. É claro que esse tra-balho do espírito não se realiza senão à custa de grande esforço individual, especialmente contra o peso da inér-cia e do comodismo que nos induzem a fi car no mesmo lugar, entregues às nossas paixões e fraquezas, quando há na frente tantas conquistas notá-veis à nossa espera, tantas realizações maravilhosas ao alcance das nossas mãos, tanto trabalho digno, no qual nós próprios nos realizamos espiritu-almente.

Nos primeiros tempos da es-cala evolutiva,

mal emergidos da mera condição animal, não te-mos senão uma apagada e fugidia consciência de nós próprios.

A SABEDORIA DA

SementePOR HERMÍNIO C. MIRANDA

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aprendizado

Seres imaturos, somente conse-guem apreender aquilo que está ao alcance dos sentidos físicos, gros-seiras manifestações das faculdades superiores do espírito. Embriagados pela glória efêmera das realizações materiais e das conquistas menores, ignoram as forças que ordenaram o universo e criaram tantas maravilhas, desconhecendo que somente agora começamos a arranhar a superfície do futuro.

Enquanto isso, irmãos nossos su-periores não precisam subir ao espaço cósmico à procura de Deus — encon-tram-no na semente que germina hu-milde no seio da terra; no animal que, embora classifi cado como irracional, sabe como orientar a sua vida, a cons-trução do seu abrigo, a propagação da sua espécie; no ciclo das estações que se renovam incessantes; nas palpita-ções anônimas da vida que se estende por toda a parte, sobe a todas as altu-ras, desce a todas as profundezas.

Bastaria, para denunciar a grande-za de Deus, a sabedoria misteriosa da semente que se desenvolve segundo sua espécie, sem erros, sem desvios, sem hesitações, e se transforma em árvore, em f lores e em frutos. Quem colocou naquele modesto grão de vida todos os planos, todos os por-menores, toda a programação, todo o futuro da árvore?

O espírito que já avançou mais no desenvolvimento da sua consciência não

precisa buscar alhures os sinais da presença de Deus — eles estão por toda parte e dentro de si mesmo. No silêncio e na paz da meditação e da prece, percebe ele no fundo do ser as harmonias divinas, no seu trabalho incessante de sustentação do uni-verso. Quanto mais conscientes nos tornamos do nosso próprio ser e do mundo que nos cerca, mais perto estaremos de Deus. À medida que caminhamos para Ele, Sua luz expul-sa de nós as sombras das paixões, da ignorância, da imperfeição. Mas se é verdade que Ele nos atrai para si, é também verdade que não nos arras-ta — temos que ir pelo nosso próprio esforço, dentro dos planos espirituais que trazemos em nós. Isso podemos aprender humildemente com a sabe-doria da semente, que germina e cres-ce na direção da luz.

Fonte:

MIRANDA, Hermínio C. Candeias na Noite Escura. Págs. 132 - 134. Feb. 2005.

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com todas as letras

A mesma coisa se verifi ca com ou-tra expressão muito comum. Lem-bre-se: o fato de as pessoas repetirem uma forma não signifi ca necessaria-mente que ela seja correta. Assim, fuja também da presença simultânea do já e do mais na frase. Da mesma forma que no caso anterior, em vez de escrever ou dizer, por exemplo, “ já” não há “mais” razão para essa atitude, escolha uma das duas frases: Já não há razão para essa atitude. /Não há mais razão para essa atitude. Igualmente: Ele já não quer o em-prego. / Ele não quer mais o emprego (em vez de ele “ já” não quer “mais” o emprego).

Com repetir, é preciso fazer uma distinção. Normalmente se diz ape-nas que alguém repetiu um ato e não que repetiu “de novo” um ato, o que seria redundância. No entanto, é correto afi rmar que ele repetiu de novo alguma coisa, se já a tiver re-petido uma vez. Isto é, fez uma vez e repetiu duas. Igualmente não existe pleonasmo em admitir que alguém repetiu alguma coisa três vezes, por exemplo. Nesse caso, ele praticou o ato a primeira vez e mais três depois (as repetições).

A música pode não ser do tempo dos mais jovens, mas difi cilmente alguém

deixou de acompanhar no disco, no rádio ou na televisão, em qualquer época, um dos grandes sucessos de Raul Seixas, Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás.

Agora, vamos mudar o foco e pen-sar nos nossos homens públicos. De quantos você já ouviu frases como: Há dois anos atrás eu mudei a fi sio-nomia da cidade. /Há dez anos atrás o bairro era totalmente desabitado?

Repare: a música e os políticos têm alguma coisa em comum. Co-meteram uma redundância ou pleo-nasmo, que é uma idéia repetida ou óbvia. O compositor ainda tem a seu favor a prerrogativa da licença poé-tica. Mas os governantes nem isso podem alegar.

Deve-se evitar, a todo o custo, o uso do há e do atrás na mesma frase. Se alguém fez alguma coisa há tan-tos anos, só pode mesmo ser atrás (passado no sentido de tempo). Nin-guém faz alguma coisa dez anos “à frente”, por exemplo. Assim, recorra sempre a apenas uma das duas for-mas: Ele chegou ao Brasil há dez anos. / Ele chegou ao Brasil dez anos atrás.

Plano é só para o futuro

Veja outras redundâncias ou pleonasmos que se devem evitar:

• “Planos para o futuro”. Use planos, apenas. Ninguém faz planos (ou projetos) para o passado.

• “Surpresa inesperada”. Ainda não nasceu a “surpresa esperada”.

• “Viúva do falecido”. Se é viú-va, só pode ser “do falecido”.

• “Todos foram unânimes”. Se são todos, têm de ser unânimes. Use, por exemplo, “eles foram unânimes”.

• “Criar novos empregos”. Use criar, somente. Não se cria nada ve-lho, especialmente emprego.

• “Alocução breve”. Toda alocu-ção é breve por defi nição.

HÁ E ATRÁSNÃO COMBINAMPOR EDUARDO MARTINS

cocoooommmm totototototototototototototototototototoototottotootoooootooooootoootootoootoooootttoodddaddadaddadadadddaddddadadddadadadadaddadddddddddddd s as llllleteeeeeteteteteteteeeteteeteeeeteteeetttttetrarrarrararrararrrrararrraraaarrararar ssssssssssssssssssssss

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 38. Editora Moderna. 1999.

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mensagem

Há sempre um desejo forte de propaganda construtiva no coração

dos crentes sinceros.Confortados pelo pão espiritual

de Jesus, esforçam-se os discípulos novos por estendê-lo aos outros. Mas, nem sempre acertam na tarefa. Muitas vezes, movidos de impulsos fortes, tornam-se exigentes ou pre-cipitados, reclamando colheitas pre-maturas.

O Evangelho, porém, está repleto de ensinamentos nesse sentido.

A assertiva de João Batista, nesta passagem, é signifi cativa. Traça um programa a todos os que pretendam funcionar em serviço de precursores do Mestre, nos corações humanos.

Não vale impor os princípios da fé.

A exigência, ainda que indireta, apenas revela seus autores. As polê-micas destacam os polemistas... As discussões intempestivas acentuam a colaboração pessoal dos discutido-res. Puras pregações de palavras fa-zem belos oradores, com fraseologia

preciosa e deslumbrantes ornatos da forma.

Claro que a orientação, o escla-recimento e o ensino são tarefas in-dispensáveis na extensão do Cristia-nismo, entretanto, é de importância fundamental para os discípulos que o Espírito de Jesus cresça em suas vidas. Revelar o Senhor na própria experiência diária é a propaganda mais elevada e efi ciente dos apren-dizes fi éis.

Se realmente desejas estender as claridades de tua fé, lembra-te de que o Mestre precisa crescer em teus atos, palavras e pensamentos, no convívio com todos os que te cercam o coração. Somente nessa diretriz é possível atender ao Divi-no Administrador e servir aos se-melhantes, curando-se a hipertrofi a congenial do “eu”.

Emmanuel/Chico XavierVinha de Luz

NA PROPAGANDA EFICAZ

“É necessário que ele cresça e que eu diminua.”

- João Batista. (João, 3:30.)

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