Os desertos do músico

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Os desertos que os músicos enfrentam, são lugares meticulosamente organizados para que as condições sejam absurdamente improváveis a qualquer reação da nossa parte. Neste ponto de desespero, sentamos, coçamos a cabeça e concluímos que somos extraordinariamente despreparados para lidar com as situações. Olhamos para cima e gritamos socorro! Tantos ministros e músicos habilidosos não conseguem manter-se de pé em uma tempestade. Se entendermos que Deus está forjando ministros aprovados, nós reagiremos positivamente ao deserto. O que adianta um ministro preparado se não for aprovado? Curiosamente a palavra para deserto no hebraico é "midbar" procedente de "dabar". “Dabar” significa; falar, declarar, conversar, comandar, prometer, avisar, advertir e cantar. Veja como é grande a possibilidade de Deus fazer coisas incríveis ao falar, comandar, prometer, avisar e cantar com quem passa neste lugar com Ele. É impossível não ouvir a voz de Deus no deserto. Aqui vamos

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Ricardo M. Corrêa

Os desertos do músico

Princípios eternos para as necessidades dos músicos

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Ricardo M. Corrêa

São Paulo, 2014

Os desertos do músico

Princípios eternos para as necessidades dos músicos

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2014ImPreSSo no BraSIlPrInted In BrazIl

dIreItoS cedIdoS Para eSta edIção àedItora ÁGaPe

cea – centro emPreSarIal araGuaIa IIalameda araguaia, 2190 - 11o andar

Bloco a – conjunto 1112ceP 06455-000 - alphaville Industrial - SP

tel. (11) 3677-7107 – Fax (11) 3699-7323www.agape.com.br

copyright © 2014 by ricardo m. corrêa

coordenação editorial letícia teófilo

diagramação claudio tito Braghini Junior

capa monalisa morato

Preparação Patricia murari

revisão lucimara carvalho

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no 54, de 1995)

Corrêa, Ricardo Marcos Os desertos do músico : princípios eternos para as necessidades dos músicos / Ricardo Marcos Corrêa. -- São Paulo : Ágape, 2014. 1. Música - Aspectos religiosos I. Título. 14-09350 CDD-264.2

1. Ministério da música: Cristianismo 264.2 2. Música: Misnistério : Cristianismo 264.2

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

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2014ImPreSSo no BraSIlPrInted In BrazIl

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cea – centro emPreSarIal araGuaIa IIalameda araguaia, 2190 - 11o andar

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Sumário

Apresentação ..............................................................9

Primeiro deserto - Desertos da vida .........................13

Segundo deserto - Deserto existencial .....................24

Terceiro deserto - Deserto financeiro ......................38

Quarto deserto - Deserto emocional .......................51

Quinto deserto - Deserto das experiências

com Deus .................................................................63

Sexto deserto - Deserto da notoriedade ...................77

Sétimo deserto - Deserto dos amigos ......................89

Oitavo deserto - Deserto das motivações ..............104

Nono deserto - Deserto das boas notícias .............118

Décimo deserto - Deserto da negligência ..............130

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Décimo primeiro deserto - Deserto

da paternidade ........................................................144

Décimo segundo deserto - Deserto da família .......159

Décimo terceiro deserto - Deserto da aceitação ..... 173

Décimo quarto deserto - Deserto dos desertos ...... 185

Conclusão - Uma canção .......................................197

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Dedicatória

Eu dedico este livro aos incríveis ministros que amam fazer a vontade de Deus singelamente, apoian-do, orando e torcendo para que tudo dê certo. Aque-les que colocam o coração no que fazem. Às vezes não são tão capacitados e talentosos, mas são esforça-dos e corajosos.

De nada adianta o talento se ele não estiver nas mãos de Deus. São os parceiros e os companheiros de ministério que fazem da jornada uma rica escola cheia de bondade, solidariedade e paixão.

Eu dedico também à “Família superação”. Dayse, Arthur e Ruth que foram e são nascente de inspiração. Eles enfrentaram desertos com foco e direção. Foram

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bússolas precisas quando faltava o norte. Eu sei que Deus os fez coluna de fogo e nuvem na minha vida. E como se deixaram ser orquestrados tão maravilhosa-mente nos desertos, sei que serão nuvem e fogo para os desertos que vierem.

Com amor,Ricardo Marcos Corrêa

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Apresentação

Os músicos e ministros enfrentam dificuldades ligadas a todas as áreas como qualquer outra pessoa, mas existem partes das suas dificuldades que depen-dem somente da forma com a qual eles lidam com as situações. Eu me lembro de muitos eventos que acon-teceram comigo e de não ter orientação específica para o meu caso. Todos me aconselhavam de maneira geral de se aconselhar. Mas um músico entenderá melhor o coração de outro músico.

Certa vez, quando adolescente e músico na casa de Deus, enfrentei um desafio além das minhas forças. Não era compreendido e acompanhado de forma pes-soal. Um líder me recriminou por algo muito comum, mas ele não sabia como falar, abordar e aconselhar. Saí

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de uma reunião disposto a desistir de tudo, e um jovem líder recém-chegado na igreja percebeu que faltava uma identificação existencial para resolver o impasse. Ele me chamou num lugar separadamente, pegou em minhas mãos, olhou nos meus olhos e disse que sabia o que eu estava vivendo e sentindo, que já passara por tudo aquilo e conseguiu vencer sendo constante e ina-balável. Foram cinco minutos de conversa e uma ora-ção; o vulcão dentro de mim silenciou.

Alguém que é da mesma área ministerial con-segue ver, entender e apresentar soluções como ne-nhum outro. Este conselheiro tem sensibilidade e bagagem porque já viveu muitas experiências seme-lhantes, por isso seu conselho é muito mais preciso e eficaz.

Gostaria de compartilhar com você um pouco do que aprendi nos desertos e nos anos de ministério. Os princípios são os mesmos da palavra, o que faz esta leitura diferenciada é que eu sou da mesma área minis-terial que você. Não sei tudo, ainda estou aprendendo. Com calma e paciência o Senhor está me conduzindo.

Imagine que nos desertos que enfrentamos temos um lugar de incrível transformação. Se você olhar para a palavra de Deus verá que todos os homens que en-frentaram desertos e se deixaram ser transformados saíram e escreveram histórias impressionantes com as suas vidas.

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O meu personagem bíblico favorito é Moisés, e em todos os meus livros procuro deixar que o Espírito Santo mostre tudo o que eu aprendi com este incrível homem de Deus, e assim eu possa ser usado para abençoar. Aqueles que estão servindo a Deus no ministério de música pode-rão se identificar com tudo o que for compartilhado aqui.

Vivemos decepções, desapontamentos e dificul-dades, mas isso não poderá apenas deixar marcas ne-gativas. Se entendermos que Deus está forjando minis-tros aprovados, nós reagiremos positivamente. O que adianta um ministro preparado se não for aprovado? Tantos ministros e músicos habilidosos não conseguem manter-se de pé em uma tempestade.

Eles fogem desesperados, foram até preparados, mas não foram aprovados para enfrentar as oposições, lutas e dificuldades comuns do dia a dia do ministério de louvor.

Aqui vamos aprender princípios eternos para as necessidades dos músicos e dos ministros da música em várias áreas da existência. Os desertos que Moisés enfrentou foram supridos e resolvidos. Suas necessida-des emocionais, físicas, financeiras, familiares, ocupa-cionais e muitas mais, tiveram a mão do grande Jeová, que tudo supre. Mesmo que nós mesmos nos lancemos nos desertos por causa da obstinação ou da ansiedade em fazer algo para Deus, Ele fará algo extremo para nos levar de volta ao ponto em que estávamos. Pode

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ser dolorido e demorado, no entanto são experiências que poderemos usar para ajudar outros.

Por que Deus leva seus músicos e ministros para habitar desertos? O Senhor pode fazer a sua obra de forma esplêndida, majestosa e cirúrgica quando a si-tuação parece realmente impossível aos olhos huma-nos. Os desertos que os músicos enfrentam, são lugares meticulosamente organizados para que as condições sejam absurdamente improváveis a qualquer reação da nossa parte. Neste ponto de desespero, sentamos, coça-mos a cabeça e concluímos que somos totalmente des-preparados para lidar com certas situações. Olhamos para cima e gritamos socorro! Deus chega, arregaça as mangas e começa a fazer o quadrado encaixar no re-dondo e o triângulo encaixar no retângulo:

– Isso é inacreditável! Como Ele consegue? Pensei que tudo estava perdido!

Ele é Deus.

Este livro contém princípios eternos para a gran-de parte das necessidades dos músicos nos desertos de sua história pessoal e coletiva, e poderá auxiliá-los a viver uma vida de adoração.

Ricardo Marcos Corrêa

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Primeiro deserto: Desertos da vida

Eis um lugar que todos nós gostaríamos de nunca ter passado ou passar. De nada adianta orar e jejuar ou fazer votos para Deus não nos mandar para este lugar. Neste lugar, pessoas estão peregrinando há vários anos. E muitos outros estão à porta dele. Inevitavelmente cada um de nós passará por muitos desertos. Também já ouvimos pessoas dizendo que o deserto não foi feito para nós. Isso não bíblico. Há um deserto feito sob me-dida para cada um que se chama pelo nome do Senhor e que pertence a Ele.

A primeira vez que vemos a palavra deserto na Bíblia, pelo menos na minha, é em Gênesis 14:6. No he-braico, essa palavra vem de midbar, que por sua vez

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vem de dabar. Midbar significa: deserto, pasto, terra inabitada, grandes regiões desérticas ao redor das cida-des. Dabar, que dá a origem a midbar, significa “falar”. Falar, declarar, conversar, comandar, prometer, avisar, ameaçar, cantar.

Veja como é grande a possibilidade de Deus fazer coisas incríveis ao falar, conversar, comandar, prometer, avisar, ameaçar e cantar com quem passa pelos desertos com Ele. É impossível não dar ouvidos à voz de Deus no deserto. Eu nunca tive a oportunidade de passar em um deserto geográfico. Mas na vida já passei por mui-tos desertos e agora mesmo estou passando por um. E eu sei que quando este acabar Deus tem outro para mim. Aleluia! A boa notícia é que os desertos passam.

Por mais que ouçamos profecias a nosso favor afirmando que o deserto acabou, isso se refere a alguma situação circunstancial, porque vamos passar por de-sertos a vida toda. Eles só cessarão quando entrarmos pelos portões celestiais, onde não haverá lágrimas nem tristeza; nem pecado, nem doenças; e nada desse tipo.

Todos têm seus desertos

Todo músico passa por desertos na sua jornada ministerial e profissional. E são muitos os desertos que parecem intransponíveis. São áridos e inabitáveis. Vez por outra encontramos um oásis. E muitas vezes temos miragens. Encontramos cobras, escorpiões e lagartos. Cactos, pedras, muita areia e nada de água.

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A jornada do músico é difícil e dura. Em nossa so-ciedade o músico é considerado alguém que não quer trabalhar, um ‘vagabundo’.

Eu já ouvi vários pais dizerem para seus filhos que músico é vagabundo. Que bom que meu pai, embora humilde, nunca insinuou algo semelhante. Ele me in-centivava para que eu vivesse do que gostava de fazer – música. Hoje algumas coisas estão mudando, mas eu já fui chamado de vagabundo por querer viver da música. E isso não foi e não é algo que ocorre isoladamente.

Se a criança quer tocar um instrumento na igre-ja logo é incentivada, mas não tem a motivação para dedicar-se em tempo integral produzir o melhor que pode como músico. A proposta na maioria dos casos é para tocar na casa de Deus como hobby ou passatempo. Não tendo como se sustentar adequadamente, o jovem se tornará padeiro, advogado, técnico eletrônico, mar-ceneiro etc. E viverá sempre frustrado.

O tempo passa e vêm as doenças emocionais e as crises conhecidas como ‘dos trinta’, ‘dos quarenta’, ‘dos cinquenta’, ‘dos sessenta’ e depois a tristeza dos setenta anos. Eu já me peguei pensando na minha ida-de, fiquei melancólico e triste. Meditando no quanto poderia ter realizado a mais se alguns caminhos fos-sem menos íngremes. A crise da meia-idade.

O músico às vezes é golpeado duramente sem aviso, sem qualquer sinal que antecipe o que virá.

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Derrubado e prostrado não consegue se erguer e de-siste de tudo. Não há um único Samaritano que, pas-sando, veja e o socorra. Neste deserto a única ajuda possível vem de Deus. E isso é tudo!

O presente de ser músico é especial

O músico é uma criatura especial porque tem um talento especial. Humanamente podemos chamar de dom de Deus. Teologicamente não é correto classificar o talento musical com um dom espiritual. E eu concor-do com isso. Isso bíblico e está bem claro na palavra de Deus. Todas as pessoas são especiais não porque têm um dom que as destaque, mas simplesmente por serem a imagem e semelhança do Criador. A música é um pre-sente que humanamente podemos classificar como um dom de Deus dado a sua criação, o homem. Podemos ouvir um arranjo orquestrado meticulosamente e ser engolidos para dentro de uma atmosfera de emoções. Mesmo que esta orquestra ou banda não seja composta de pessoas cristãs ou que esteja executando uma música feita para adorar a Deus. Isso foi cuidadosamente sepa-rado por Deus no desenvolvimento do homem através da história. Uma música, que é fruto do ‘puro espírito humano’, é manipulável dentro da nossa alma e traz uma ótima sensação de estar.

O que torna um músico especial é o seu dom, que traz responsabilidade por possuir algo extremamente

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precioso, do qual terá de ‘prestar contas a Deus’ e res-ponder que fez com este um presente maravilhoso. A música é uma parte de Deus na sua criatura. A música é o movimento do cosmos percebido nas frequências e sentimentos que provoca. A música é uma prova que Deus existe! A música é um mapa para se conectar com Deus. A música faz você ouvir o próprio espírito inte-rior, você pensa que está mais sensível e frágil, quan-do na realidade está mais perto do seu Criador sem perceber isso. A música é a ferramenta mais poderosa para tocar o espírito humano. A música consagrada e ungida é a arma mais poderosa para desarmar a ‘si mesmo’ e, a partir deste ponto de entrega, sentir a bri-sa da presença de Deus.

Deus fez um musical e sonoro “Haja” e o universo se expandiu em apenas 10 elevado a -42 segundos (o al-garismo 1 precedido de 42 zeros depois da vírgula). Os anjos o seguiam em coros enquanto Deus distribuía as mais de 100 bilhões de galáxias, cada uma com mais de 100 bilhões de estrelas. Isto representa 5% do universo conhecido pelo homem. Ele cantava um hino enquanto criava o homem. Deus cantava um hino e depois foi para cruz. A música fará parte da nossa história com Deus na eternidade.

O músico é aquele que executa a música. Quem ouve a música não é músico, mas ouvinte de música.

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Quem lida com música não é músico. Músico, como afirmei, é aquele que está ligado de alguma forma a execução da música. Cantando, tocando, arranjando, compondo, regendo ou lecionando. Quem toca Cd não é músico a não ser que faça algo da lista anterior.

Não quero tornar aqui o músico um ser que mere-ça ser tratado de forma diferente do outros. Não quero elitizar o músico e sim responsabilizá-lo por sua vo-cação, chamado, missão e legado. Mesmo que alguém queira muito ser um músico, se não possuir um pouco de habilidade não conseguirá sequer executar poucas lições. Sem habilidade? Nada feito. É melhor procurar outra ocupação.

Chamado, vocação, missão e legado

O indivíduo que tem vocação possui uma chama inata com a matéria. A vocação é o que interpretamos como talento natural imprimido no ser do músico. Mesmo sem pensar em fazer música ela emana do seu interior naturalmente. Isso pode ser percebido com a facilidade de batucar, cantar, assoviar, ouvir, seguir o andamento. A vocação o impulsiona a se relacionar com a música espontaneamente.

O chamado é o que conhecemos em nosso meio como um convite de Deus para o músico reagir ao Seu plano e propósito. Tantos são os músicos habilidosos

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dentro da igreja, contudo nem todos exercem o ministé-rio de música na casa de Deus. Há músicos muito mais habilidosos do que muitos que estão agora tocando nas igrejas. Eles têm o talento, mas não tem o chamado. A vocação, como popularmente conhecemos, está rela-cionada ao interior natural e espiritual.

O vocacionado pode ter uma grande habilidade musical, entretanto pode se relacionar melhor com ou-tra habilidade natural e através dela desenvolver outra carreira ou ministério. Um exemplo para isso são os pastores que são ótimos músicos, no entanto preferi-ram desenvolver o ministério da palavra. E vice-versa.

Em português as palavras ‘chamado e vocação’ têm o mesmo sentido. A origem da palavra “vocação” é o verbo latino vocare, que quer dizer “chamar”. A vo-cação é, portanto, um chamado. Desta forma, vocação é sempre um chamado de Deus para alguma coisa.

A missão é claramente o ‘caminho’, a ‘tarefa’ que de tempos em tempos deve ser realizada. O exemplo disso é quando tenho de escrever um livro sobre “os desertos do músico a fim de edificar o Corpo de Cristo. Depois que cumprir esta tarefa até o fim, devo iniciar um novo desafio proposto, isto é, uma nova missão. Por exemplo, desenvolver um trabalho de discipulado e preparo de músicos em um semestre em determinada escola de adoradores.

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Cada músico chamado desenvolve seu ministé-rio através do cumprimento de tarefas de tempos em tempos. No início a tarefa é desenvolver uma musica-lidade básica com o propósito de principiar projetos pequenos e congregacionais como: tocar em um se-minário da igreja, tocar nas células e nas reuniões re-gulares. Com o desenvolvimento e cumprimento das missões iniciais vêm outros desafios com maior cota de compromisso e envolvimento.

O legado é a coroação de todo o trabalho reali-zado. Um legado considerável pode levar anos de en-volvimento, de trabalho e de dedicação para ser cons-truído. Não é possível deixar um legado sem que uma tarefa seja feita várias vezes. E também que haja pes-soas influenciadas pela conduta e postura do músico e que se sentiram impulsionadas a realizar tarefas seme-lhantes, dando continuidade ao que foi feito. Em todos estes caminhos (vocação, chamado, missão e legado) estão presentes nos desertos que Deus nos chama para atravessarmos com Ele. Lembre-se que o deserto é um lugar onde Deus fala, declara, conversa, comanda, pro-mete, avisa, ameaça e canta. Ele faz isso e nos leva a segui-lo.

Deserto solitário

Deserto é uma palavra que só de falar já dá ar-repios! Vamos compartilhar os desertos que os músi-cos passam. Ao invés de ser o fim, sejam o princípio,

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o preparo, a descoberta, a promessa, a conversa, o aviso e um maravilhoso cântico entoado ao executar a grande missão que está por vir.

Cada deserto a que Deus nos levou e nos levará foi minuciosamente planejado. Todos os livramentos estão dispostos estrategicamente no caminho destes desertos. Se durante a caminhada nos desviarmos do caminho, talvez não encontremos um oásis para nos refrescar e renovar nossas forças. Pereceremos se insis-tirmos em escolher o nosso próprio caminho.

Apesar de sentir que estamos sozinhos no de-serto, isso é apenas uma sensação ilusória. Apesar de parecer que Deus não está ali, quero informá-lo que tudo foi planejado. Deus planejou ensinar-nos sobre a fé. Não se pode afirmar que se é um músico de fé apenas dizendo ter fé. É preciso passar na pro-va e não repetir. A nota deve ser satisfatória, caso contrário será necessário passar várias vezes pelo mesmo caminho sozinho.

Se você identificar que está passando no mesmo caminho, mas com pessoas diferentes e novatas na-quele deserto é porque você está ali como instrutor e não como principiante. Mesmo sendo instrutor deve-rá experimentar tudo novamente. Agora, porém, com a patente de capitão do deserto. Deus fez isso com

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Moisés. Quarenta anos vivendo naquele lugar árido, pastoreando e sendo pastoreado. Foi por acaso? Não! Foi tudo planejado.

Descanse. Você não vai morrer neste deserto. A não ser que você tenha uma vida de murmuração e de-sobediência a Deus.

Cavando na areia

1. O que é deserto para você?2. Qual foi o deserto que marcou você?3. O significado da palavra ‘deserto’ trouxe al-

gum aprendizado? 4. Você está passando por algum deserto hoje?

Qual?5. Você se considera privilegiado por ser um mi-

nistro de Deus?6. O que a música é na sua vida?7. O que representa o seu chamado em relação

aos outros cuidados da vida?8. Qual a sua vocação?9. Qual é a sua missão?10. Caso não tenha a sua missão, está disposto

a pedir ajuda do seu pastor para buscar em Deus?

11. Você se julga aprovado para sair do deserto e seguir o seu chamado, executar a sua missão?

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Tesouro encontrado

O Senhor é o meu pastor: nada me faltará. Ele me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranquilas. O Senhor renova as minhas forças e me guia por caminhos certos, como ele mesmo prometeu. Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó Senhor Deus, estás comigo; tu me proteges e me diri-ges. Preparas um banquete para mim, onde os meus inimi-gos me podem ver. Tu me recebes como convidado de honra e enches o meu copo até derramar. Certamente a tua bon-dade e o teu amor ficarão comigo enquanto eu viver. E na tua casa, ó Senhor, morarei todos os dias da minha vida. (NTLH - Salmos 23:1-6.)

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