OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · aquecimento global tem impactos profundos...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

O ALUNO COMO AGENTE TRANSFORMADOR NUMA REFLEXÃO DE ESTUDO DA MELHORIA CLIMÁTICA DE SEU HABITAT

Pedro Isamu Shinkado1.

Prof. Dr. Ricardo Francisco Pereira2.

RESUMO Com o interesse em tentar despertar o aluno, para a discussão e estudo da questão climática e do aquecimento global nas aulas de Física, apresentamos uma proposta de estudo dessa temática a partir da Termodinâmica, de uma forma mais clara e interativa, buscando levar os alunos a compreenderem as mudanças climáticas, mostrando a importância que o estudo do clima e do uso de atividades experimentais pode propiciar para a aprendizagem significativa dos conteúdos abordados quando aliados aos conceitos físicos previsto no currículo do 2º ano do Ensino Médio. Este trabalho é a etapa final de um projeto de pesquisa planejado e aplicado com alunos como parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Em nossa proposta, temos como objetivo principal o de apresentar uma dinâmica de trabalho que privilegie uma contextualização entre teoria e prática dos conteúdos em sala de aula, aliados a atividade experimental e a dados coletados de uma estação climatológica existente no colégio. Como resultado do trabalho desenvolvido, notamos que os alunos adquiriram uma visão mais ampla sobre a preservação ambiental, demonstrando consciência cidadã e coletiva ao mostrar, preocupação com o futuro de nosso planeta, ao estudar e observar as mudanças climáticas que vem ocorrendo nos últimos anos e discutir ações preventivas que podem minimizar o impacto ambiental causado pelo homem. Concluímos que ao trabalharmos de uma forma diferenciada, contextualizando conteúdos e relacionando-os com teoria e prática e também relacionando os conteúdos de Física com o meio ambiente é uma possibilidade entre transição dos modelos tradicionais de ensino para construção de novas alternativas para ensinar Física e para transformar os alunos em agentes participativos na aprendizagem.

PALAVRAS CHAVES: Termodinâmica; Mudanças Climáticas; Aquecimento

Global;

ABSTRACT

With interest in trying to awaken the student to discuss and study the climate issue and global warming in physics classes, we propose a study of this subject from the thermodynamics of a clearer and more interactive way, trying to lead students understand climate change, showing the importance that the study of climate and the use of experiential activities can provide for meaningful learning of the content covered when combined with the physical concepts provided in the curriculum of the 2nd year of high school. This work is the final step of a research project planned and implemented with students as part of the Educational Development Program (EDP), the State Department of Education of Paraná. In our proposal, we have as main goal to present a working dynamic that favors a contextualization of theory and practice of content in the classroom, coupled with experimental work and the data collected from an existing climatological station in college. As a result of its work, we noticed that the students gained a broader perspective on environmental preservation, demonstrating citizenship and collective consciousness to show concern for the future of our planet, to study and observe climate changes that have occurred in recent years and discuss preventive measures that can minimize the environmental impact caused by man. We conclude that by working in a different way, contextualizing content and relating them

1Professor de Física do Colégio Estadual de Iporã – EFMP. Integrante do Programa de Desenvolvimento

Educacional do Estado do Paraná (PDE) turma de 2013. 2 Coordenador e Orientador do PDE da Universidade Estadual de Maringá.

to theory and practice and also listing the contents of Physics with the environment is a possibility of transition from traditional teaching models for new alternatives to teach Physics and transforming students in participatory learning agents.Concluding that the use of different methodologies is a possibility of transition from traditional teaching models for new alternatives to teach physics.

KEY WORDS: Thermodynamics; Climate Change; Global warming;

Introdução

O clima em nosso Planeta está agrupado a um complexo sistema que pode

ser afetado por fatores naturais internos, forças externas ou mudanças constantes

na atmosfera e uso indevido do solo pelo homem. Variações climáticas podem

ocorrer naturalmente, mas este último fator, o ser humano, tem sido apontado em

pesquisas e simulações científicas como o principal responsável pela mudança

climática global, observada em um extenso período de tempo.

Segundo o INPE3 (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o

aquecimento global tem impactos profundos podendo causar a extinção de

espécies animais e vegetais, alteração na frequência e intensidade de chuvas,

elevação do nível do mar e intensificação de fenômenos meteorológicos como

tempestades severas, inundações, vendavais, ondas de calor e secas

prolongadas. As ações humanas têm interferido sobre o ambiente num ritmo

muito acelerado. Estudos indicam que, enquanto a temperatura média global

subiu, aproximadamente, 5° C em 10 mil anos, podem aumentar os mesmos 5° C

em apenas 200 anos se continuar o ritmo das últimas décadas.

As projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)

indicam que nos próximos 100 anos poderá haver um aumento da temperatura

média global entre 1,8° C e 4,0° C, e um aumento do nível médio do mar entre 18

cm e 59 cm, o que pode afetar significativamente as atividades humanas e os

ecossistemas terrestres.

Diante disso, é necessário que a escola desenvolva um trabalho de

esclarecimento em relação à preservação ambiental e no intuito de relacionar

teoria e prática no ensino de Física e ainda tornar o aluno como cidadão

3 INPE – http://mudancasclimaticas.ccst.inpe.br/texto.html - data 12/11/2014.

preocupado com o futuro do planeta, principalmente com mudanças climáticas

que vem ocorrendo nos últimos anos.

Na atualidade os conteúdos básicos de Física são trabalhados de forma

abstrata, o que torna mais difícil para os alunos a sua compreensão, pois a

capacidade de abstração dos jovens é reduzida e poucos conseguem fazer a

conexão dos fenômenos físicos com a vida real. Devido a isso, existe a

dificuldade enfrentada nos cálculos matemáticos, dificuldade em interligar as

equações utilizadas como modelo à realidade à sua volta, o que leva os alunos a

sentirem desmotivados e não conseguem entender a Física no seu cotidiano

(MEDEIROS E MEDEIROS, 2002). Nesse sentido, é necessário que o professor

proporcione estratégias com instrumentos pedagógicos de aprendizagem mais

eficazes, procurando sanar as dificuldades (Fiolhais e Trindade, 2003).

Frente a essa dificuldade, a escola instalou uma estação meteorológica a

fim de monitorar a variação climática da microrregião da qual faz parte e dar

suporte para a população em relação às mudanças, visto que é uma região

voltada a uma grande parcela de pequenos agricultores que depende destas

informações para o planejamento de plantios de suas lavouras, bem como auxiliar

os alunos com aulas práticas.

Então diante dessa problemática, decidimos desenvolver esse estudo que

se justifica pela necessidade dos alunos compreenderem as mudanças climáticas,

bem como o aumento da temperatura do Planeta, aliando esse conhecimento a

conceitos físicos, previsto no currículo do 2º ano do Ensino Médio, tais como:

temperatura, calor, pressão, volume e densidade, desenvolvendo atividades de

leitura de textos científicos, palestras, pesquisas, cálculos matemáticos e

construção de uma mini estação meteorológica.

1) Fundamentação Teórica

A Ciência é um conjunto de conhecimentos sobre fatos e aspectos da

realidade, expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses

conhecimentos devem ser recolhidos de modo programado, sistemático e

ponderado, para então ser submetido à avaliação e verificação de sua validade. A

ciência ocupa-se dos fenômenos que ocorrem na natureza e dos acontecimentos

culturais. O conhecimento só se torna possível por meio da interação com a

realidade. Segundo Marques, et al (2008):

Com o desenvolvimento do conhecimento humano e da linguagem necessária a sua transmissão surgiu duas formas de conhecimento que dominaram a humanidade por milhares de anos: conhecimento empírico (senso comum) e conhecimento religioso. Posteriormente surgiram os conhecimentos filosóficos seguidos da ciência, a qual é uma proposta historicamente muito recente (p. 11).

O conhecimento científico tem como objeto estudar e esclarecer os fatos

ocorridos no Universo. No entanto, ele não é privilégio de alguns, mas a princípio,

pertence a todo ser humano. Ele cresce e evolui não por mera acumulação, mas

principalmente por reformulação do conhecimento prévio. A construção científica

não para nunca, sempre está evoluindo.

Diferentemente da Ciência, o conhecimento popular é intuitivo, espontâneo,

com forte inclinação para erros, pois não é estudado, analisado e comprovado.

Por exemplo, quando olhamos para o céu e afirmamos que irá chover, não se

teve estudo algum em relação a essa afirmação, mas se sabe que provavelmente

choverá pelo simples fato de o céu estar coberto por nuvens.

Para Carvalho Filho (2006), o conhecimento deve intentar um

conhecimento anterior. Onde toda a ação de conhecimento deve ir além do

conhecimento pré-existente, por isso é necessário que o educador leve-o em

consideração para que aconteça uma aprendizagem expressiva.

Sendo a Física um dos ramos da Ciência que investiga variados

fenômenos da natureza, ela auxilia outras Ciências como a Química, a

Astronomia, a Medicina, a Biologia e muitas outras. Como toda área de

conhecimento humano, ela foi construída à medida que novas descobertas eram

feitas e antigas noções eram deixadas de lado. Isso não quer dizer que esse

processo ocorreu de maneira linear e progressiva, pelo contrário, com o tempo,

muitas ideias consideradas certas mostravam grandes esforços para atingir um

objetivo impossível, encontrar a verdade absoluta.

No ensino da Física, a aprendizagem pode ser conduzida a uma

aprendizagem mais significativa no momento que ela não exija de seus alunos

respostas prontas e exatamente iguais aquelas dos livros ou das apostilas, ou

então, a cobrança de simples memorização de gráficos e equações sem a devida

compreensão de seu significado (aprendizagem mecânica).

Ao contrário disso deve se deixar que o aluno expresse a seu modo a

explicação sobre uma questão teórica ou sobre um experimento que acabou de

vivenciar. A partir de situações como esta, pode se realmente analisar como os

conceitos em questão organizados na sua estrutura cognitiva e verificar se está

ocorrendo efetivamente, ou não, uma aprendizagem significativa.

É importante criar condições para que o aluno como cidadão, reconheça

via de mão dupla que se estabelece entre o saber científico ou abstrato e o saber

técnico prático.

Desse modo a construção de uma pequena estação meteorológica pelos

alunos do Ensino Médio, é uma forma de observar as alterações nas condições

climáticas. Um ponto interessante sobre esta estação é que os alunos poderão

observar conceitos vistos em sala de aula na prática e como eles podem afetar

nossa vida. Segundo CHIQUITO, et al (2005),

É possível prever ou pelo menos perceber alterações nas condições climáticas de uma determinada região através do conhecimento de algumas grandezas como umidade relativa, temperatura, pressão e velocidade dos ventos (p.20).

Nesse sentido, o uso de atividades experimentais no ensino de Física é

visto como uma das maneiras de tentar amenizar as dificuldades encontradas e

tornar a aprendizagem desta disciplina mais eficaz. Rosa e Rosa (2002) afirmam

que:

Executar uma atividade experimental significa operar o planejado, testar hipóteses previstas, tendo claro o objetivo almejado, e, normalmente, significa também, manusear equipamentos. A execução pressupõe um sujeito ativo intelectualmente e engajado com a atividade, capaz de construir seus conhecimentos em um processo de interação social (p.4).

Como em toda atividade de ensino, as atividades envolvendo

experimentação devem sem dúvida, estar embasadas em um referencial teórico

de aprendizagem. É importante que o professor, durante o seu planejamento,

reflita sobre o objetivo que deseja alcançar realizando este tipo de atividade. A

definição desse objetivo ocorre de acordo com o referencial teórico de

aprendizagem adotado e pode conduzir o aluno a diferentes vivências. Uma

possibilidade de abordagem sobre o uso das atividades experimentais de

demonstração é fundamentada na teoria de aprendizagem de Vigotski (GASPAR;

MONTEIRO, 2004).

A teoria de Vigotski encontra-se fundamentada no estudo de que, para se

entender o desenvolvimento cognitivo do indivíduo, deve se levar em conta o

contexto social e cultural que ele se encontra.

Segundo a nossa concepção, o verdadeiro curso do desenvolvimento do pensamento não vai do individual para o socializado, mas sim do social para o individual (Vigotski, 1998b, p.24).

Os experimentos trazem mais proximidade de conteúdos para os alunos,

levando-os a entender conteúdos e questões que eles têm dificuldade de

visualizarem no dia a dia, despertando assim o interesse do tema que está sendo

abordado. Portanto, pode-se considerar que a experimentação no ensino de

Física é um poderoso instrumento para a aprendizagem. Segundo as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica do Paraná (DCE), de 2008:

As atividades experimentais podem suscitar a compreensão de conceitos ou a percepção da relação de um conceito com alguma ideia anteriormente discutida. No segundo caso, a atividade precisa contribuir para que o estudante perceba, além da teoria, as limitações que esta pode ter. Assim, é fundamental que o professor compreenda o papel dos experimentos na ciência, no processo de construção do conhecimento científico (PARANÁ, 2008, p.71).

O desenvolvimento de aulas práticas experimentais nas aulas de Física

pode levar alunos e professores a um ambiente mais criativo, dinâmico e

inovador, onde aprender se torne um desejo e não uma obrigação.

2) Procedimentos Metodológicos

O projeto de intervenção pedagógica foi colocado em prática no primeiro

semestre de 2014, com alunos do 2° ano do Ensino Médio, no Colégio Estadual

de Ensino Fundamental, Médio e Profissional, no município de Iporã/PR. As

atividades foram dispostas em quatro unidades totalizando uma carga horária de

32 horas.

a) Primeira Unidade:

Na unidade 1, foi apresentada a todos os alunos a intenção da pesquisa,

juntamente com o material e o objetivo pretendido, visando com isso, buscar a

concepção de sua compreensão teoria e prática.

Na sequência foi apresentado o vídeo sobre o “aquecimento global” e na

sequência, a professora de Geografia, ministrou uma palestra sobre o

aquecimento global pelo ponto de vista geográfico, físico e biológico. O foco foi na

responsabilidade que o homem tem no aquecimento global.

b) Segunda Unidade:

A atividade 2, iniciou-se apresentando o conceito de temperatura, calor e

pressão atmosférica. Em seguida foi realizada uma foi uma pesquisa sobre os

principais estudiosos que se tornaram referência no estudo dos termômetros,

Anders Celsius, Gabriel Daniel Fahrenheit e Lorde Kelvin, para que os alunos

identifiquem as relações entre as diferentes escalas termométricas existentes.

Após a pesquisa, foi trabalhado o conceito de calor onde foi exposta a

importância que ele representa para a vida humana e com o domínio do fogo, o

homem pode trilhar caminhos que levaram a atual cultura humana. Salientando

que esse estudo prevalece até hoje por meios de pesquisas na compreensão

desse fenômeno como forma de energia térmica em transito devido a uma

diferença de temperatura entre os corpos envolvidos, sendo que esse processo

ocorre do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura.

A pressão atmosférica foi também comentada, pois está diretamente ligada

ao estudo da mudança climática.

Após a apresentação da parte teórica foi desenvolvido atividades de

fixação para o melhor entendimento dos conceitos apresentados.

c) Terceira Unidade:

A unidade 3 foi desenvolvida nas dependências do Laboratório de Física da

escola, com o objetivo de tentar prever ou pelo menos perceber alterações nas

condições climáticas de uma determinada região através do conhecimento de

algumas grandezas como: umidade relativa, temperatura, pressão e velocidade

dos ventos, dentre outras.

Para ilustrar como estas alterações podem ser observadas, foi

confeccionada uma pequena estação meteorológica pelos alunos, onde os

mesmos confeccionaram os instrumentos: barômetro, higrômetro e o

anemômetro. Os alunos foram separados em grupos e cada grupo construiu um

dos instrumentos. Após serem confeccionados, os alunos levaram os

instrumentos para casa e fizeram o monitoramento por meio de probabilidades,

em dias diversificados (tempo de Sol e chuva), verificando a ocorrência de

mudança nos experimentos.

Na sequência trouxeram as coletas de dados e construíram tabelas com

dados do barômetro, do higrômetro e do anemômetro para discussões entre os

participantes do projeto sobre as condições meteorológicas.

d) Quarta Unidade:

Na unidade 4, realizamos uma visita com os alunos na estação

meteorológica da escola, que foi instalada em parceria com a APMF e com a

Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Estadual de Maringá

(UEM) e principalmente nos projetos que envolvem os alunos e colegiados,

promovendo a comunidade escolar um ambiente de pesquisas e formador de

opiniões.

Os alunos coletaram dados da estação climatológica para estudar,

entender e tentar prever o clina da microrregião, podendo assim, conciliar e

vivenciar teoria a prática dos conteúdos trabalhados e propiciando um incentivo

através das pesquisas uma iniciação científica.

3) Análise e Resultados

Os resultados obtidos após a aplicação desse projeto de intervenção foram

discutidos de acordo com o desenvolvimento de cada unidade.

Na primeira unidade após a apresentação do vídeo “Impacto ambiental”

houve momentos de questionamentos e debates sobre aspectos positivos e

negativos do vídeo, fazendo com que cada aluno presente refletisse sobre até

que ponto o homem contribui para o aumento da temperatura na Terra, sendo

oportunizado a cada participante, um momento para uma fala que foi registrada e

transcrita.

Aluno 1: “sempre ouvi falar sobre aquecimento global mas nunca dei importância para esse assunto achava que estava muito distante da nossa realidade e não nos afetaria, após o vídeo e a palestra percebi que o aquecimento está presente aqui em nossa Cidade, Estado e principalmente no Brasil, temos que repensar melhor sobre o que fazer para mudar esse quadro”. Aluno 2: “assisti alguns filmes que mostra a destruição da Terra devido o aquecimento, mas na minha visão isso era apenas ficção nunca aconteceria, mas diante das mudanças do clima que vem acontecendo e através deste projeto começo a perceber que é possível tornar realidade essas catástrofes apresentadas nos filmes”.

Outras opiniões expressadas pelos alunos indicam que as autoridades

governamentais devem respeitar os acordos firmados nas Conferências sobre o

meio ambiente e criar políticas públicas que possa ajudar no combate da

preservação e consequentemente ajudar a não aumentar a temperatura da Terra.

Na unidade 2 foram trabalhados os textos sobre temperatura, calor,

pressão atmosférica e volume que são parâmetros que influenciam nas mudanças

climáticas onde fizeram as atividades propostas e pesquisa sobre o

comportamento do clima em outros planetas do Sistema Solar com clima do

nosso Planeta:

Aluno 3: “Como a posição dos Planetas influência mudança de temperatura, próximo do Sol muito alto e quanto mais distante muito frio, e as condições comparadas com nossos dados dos parâmetros de clima, é impossível que possa haver vida nesses Planetas”. Aluno 4: “Podemos ver através desses estudos como o clima é importante para a vida do ser vivo, e que o equilíbrio de temperatura, calor, pressão atmosférica e volume são de suma importância para que o Planeta tenha ser vivo, acreditamos que no nosso Sistema Solar o único Planeta habitável por seres vivos é a Terra”.

Ao concluir a pesquisa sobre clima de outros Planetas, os alunos puderam

perceber que em nenhum deles existem condições climáticas apropriadas para os

habitantes da Terra. O homem não suporta o calor e o frio extremo de Mercúrio,

nem pode respirar o venenoso ar de Marte e Vênus, bem como que a atmosfera é

muito ácida e densa. Todos os outros planetas são terrivelmente desagradáveis,

não só pela atmosfera mortal, mas também pela incrível gravidade. Quanto mais

afastado do Sol mais gelado e monótono é o clima de um Planeta.

Na Unidade 3 foi trabalhado na confecção da mini estação meteorológica,

tendo o professor como mediador foi construído o barômetro, higrômetro e o

anemômetro, após a coleta de resultados tivemos o debate entre os alunos:

Equipe 1 “ Nós confeccionamos o barômetro, utilizando materiais bem simples e levamos para verificar se conforme a mudança de clima conseguiríamos ver a variação, e foi muito impressionante como funciona bem, a variação é visível, foi bem gratificante verificar que funciona mesmo”.

Foto produzida pelo autor

Equipe 2 “ Nós confeccionamos o higrômetro, a princípio tivemos um pouco de dificuldade na confecção, pois a montagem é bastante delicada, mas conseguimos vencer os obstáculo, e foi nítido ver a

variação provocada pelo fio de cabelo alterando o carretel nas mudanças climáticas observadas”.

Foto produzida pelo autor

Equipe 3 “A confecção do anemômetro foi bem tranquila, tivemos que fazer uma adaptação, ao invés do fio de cobre, foi utilizado três raia de bicicleta que é fina e rígida, e ficou melhor adaptada que o fio de cobre. Com as mudanças climáticas a leitura no voltímetro é visível, pois pode se observar o aumento do vento quando o tempo está formando para chuva”.

Foto produzida pelo autor

Por esta atividade ter sido desenvolvida em grupo e os dados coletados

terem auxiliado o trabalho, o grupo foi favorecido para um bom desenvolvimento

de atitudes, autonomia, responsabilidade e cooperação.

Foram alcançados os resultados esperados, promovendo um processo de

ensino-aprendizagem facilitador da elaboração de conceitos ligados à climatologia

e associados ao cotidiano. Também contribuiu para que o aluno de continuidade

ao trabalho de pesquisa científica.

Na unidade 4, eles puderam observar de como é feito o monitoramento

diário do clima através de uma estação meteorológica, e como ela é armazenada

em tempo real as variações de temperatura, umidade, pressão, velocidade e

direção do vento, e precipitação e que podem ser demonstrados através de

gráficos.

Aluno 5: “Através da evolução que estes aparelhos puderam receber graças à Ciência tecnológica, e em nossa escola podemos usufruir destes recursos. Estes aparelhos são precisos nos resultados climatológicos e podemos dizer que a Ciência e a tecnologia tem que caminhar junto para obter maior precisão nas pesquisas realizadas”. Aluna 6: “Através deste projeto tivemos a oportunidade de ver duas situações, que mesmos os objetos simples confeccionados por nós, mostrou que pode ser medida o vento, a umidade do ar e a pressão atmosférica. E também a importância da Ciência e a tecnologia caminhar lado a lado ser mais exato nas pesquisas”.

A atividade prática realizada causou interesse, despertou a curiosidade dos

alunos, levando-os a participar da aula. Ao possibilitar o contato com o objeto de

estudo, percebeu-se que os alunos puderam aprimorar os conhecimentos

científicos já adquiridos. Paralelamente, a realização dessa atividade possibilitou

uma reflexão sobre a real necessidade de mudança de postura frente ao cuidado

que o homem precisa ter com o meio ambiente.

Também se concluiu que nem sempre as previsões meteorológicas

anunciadas pelas fontes é a certeza de que exatamente esse clima seria uma

previsão para a nossa região, devido a grande abrangência territorial do Brasil,

Paraná e de nossa região Noroeste.

Considerações finais

Com objetivo de desenvolver um trabalho que despertasse o interesse do

aluno, para a questão climática e do aquecimento global, tornando o estudo de

Termodinâmica mais claro e interativo, saindo dos métodos convencionais

utilizados nas aulas, visto que o estudo deste processo pedagógico proposto

mostrou a importância de propiciar ao aluno a sua responsabilidade com o meio

em que vive, do qual faz parte.

O conteúdo de Física trabalhado oportunizou ao aluno alertar-se que

quanto mais se conhece seu habitat, maior será sua conscientização no processo

de conservação, propiciando aos alunos uma compreensão das mudanças

climáticas, através de metodologias e ferramentas que ajudou no despertar de

uma visão global sobre as consequências do aumento da temperatura do Planeta.

O uso dos experimentos bem como a visita a estação meteorológica como

uma atividade significativa propiciou aos alunos a oportunidade de referenciar

teoria e pratica, compreendendo os conteúdos abordados em seu cotidiano

através de leituras, pesquisas, experimentos, buscando um cidadão mais crítico,

preocupado com o meio que vive e despertando o interesse pelas pesquisas

científicas, ajudando a despertar uma visão global sobre a consequência do

aumento de temperatura do Planeta Terra.

Também destacamos que as atividades experimentais em sala de aula e

nos laboratórios, foram relevantes para a aprendizagem dos conceitos e as suas

relações com o clima por parte dos alunos. Durante as atividades os alunos

conseguiram interagir mais com o professor e com seus colegas de turma. A partir

desse trabalho os alunos puderam fazer medições, elaborar hipóteses e

transformar o conhecimento popular em conhecimento científico.

Ensinar e aprender Física, utilizando a atividade prática foi gratificante e

prazeroso, não só para os alunos, mas também foi para o professor que tinha

liberdade para propor roteiros e algumas alterações que permitiram ao aluno

elaborar hipóteses, dando as atividades um caráter investigativo. Foi utilizando os

conhecimentos teóricos que se tornou possível elaborar hipóteses e maneiras de

testá-las, ficando evidente que não existe prática sem teoria e nem teoria sem

prática.

Referências

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