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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO-SUED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE
ANA PIETROSKI
ARTIGO /PDE
CULTURA ORGANIZACIONAL DA ESCOLA: O DIÁLOGO
NECESSÁRIO ENTRE OS SUJEITOS QUE FAZEM A EDUCAÇÃO
Trabalho de conclusão de atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional. PDE – 2013. Orientador: Ademir Nunes Gonçalves
PITANGA - PARANÁ
2014
CULTURA ORGANIZACIONAL DA ESCOLA: O DIÁLOGO
NECESSÁRIO ENTRE OS SUJEITOS QUE FAZEM A EDUCAÇÃO
Autora: Ana Pietroski1
Orientador: Ademir Nunes Gonçalves2
RESUMO
Este artigo é resultado da aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica, intitulado “Cultura
Organizacional da Escola: O Diálogo Necessário Entre os Sujeitos que fazem a Educação”, aplicado com
Professores, Professores Pedagogos, Direção, Agentes Educacionais I e Agentes Educacionais II, da
Escola Estadual Tiradentes, em Pitanga, no ano de 2014, durante os meses de fevereiro a julho. O
trabalho realizado teve como objetivo subsidiar e contribuir com estruturas e condições para a
construção da nova cultura organizacional exigida para a gestão democrática e coletiva da escola
pública. Também traz o resultado do Caderno temático, material de apoio para o curso de formação, que
subsidiou para que se efetivasse a implementação do Projeto, através das ações desenvolvidas.
PALAVRAS CHAVE: CULTURA ORGANIZACIONAL, GESTÃO COLETIVA, LIDERANÇA
1 INTRODUÇÃO
A cultura organizacional da escola apresenta-se como realidade social
complexa, problemática, heterogênea e ambígua. Nela se delineiam interesses
pessoais diversos que se conflituam entre si e com as influências de autoridade e
poder estabelecidas pelas dimensões hierárquicas, vulneráveis ao ambiente externo
(governo, instituições, comunidade), denotando uma relação caótica e desarticulada,
não atingindo a coordenação e o acompanhamento da atividade educativa.
1 Graduada em Ciências Biológicas pela UNICENTRO, Professora PDE 2012. 2 Graduado em Filosofia e Pedagogia, Doutor em Educação, Professor Adjunto da Universidade Estadual do Centro-Oeste.
Para que se estabeleça uma cultura organizacional da escola que atenda os
anseios sociais, se materialize num projeto educativo e que satisfaça os anseios
políticos dos grupos que a compõem, faz-se necessário o estabelecimento de
diálogo permanente entre tais grupos, em função de seus interesses individuais ou
grupais, estabelecendo estratégias de permanente aprendizagem coletiva para criar
e recriar uma significativa história comum, enfatizando que o espaço escolar é um
espaço social, portanto caracterizando-se em uma instituição social.
A ideologia presente na escola, que sobrevive em meio as contradições a que é
submetida, acrescida das multiculturas e subculturas carregadas pelos indivíduos
que a compõem, manifesta-se de forma fluida, tênue e desarticulada das ações que
realiza.
O embate entre o lógico e o histórico, entre o normativo e o planificado, entre
a racionalidade e o fenomenológico, criam uma situação desarmônica,
desestabilizante e, em última instância, de acomodação, de conformismo perante a
aparente impotência dos sujeitos em relação ao imprevisto e à tomada de decisões.
Configura-se na escola um quadro de desarticulação, desunião e falta de
clareza na própria cultura (símbolos, mitos, concepções, estratégias), criando ações
departamentalizadas, individuais e incipientes, marcadas pela falta de diálogo, de
planejamento e de consecução de objetivos comuns.
Importa ressaltar que a natureza da escola, enquanto instituição social, não é
desarticulada, caótica. Essa configuração deve-se à manifestação das ações dos
sujeitos que a compõe. Os sujeitos, quando de suas intervenções no cotidiano
escolar, carregam suas manifestações com os seus interesses pessoais, com suas
crenças, com suas expectativas, que se sobrepõem à função precípua da escola e
aos interesses coletivos na demanda do trabalho escolar.
2 DESENVOLVIMENTO
Revendo a cultura
A palavra “cultura”, dada sua complexidade semântica, engloba vários sentidos e
é utilizada em diversas abordagens. Para as línguas ocidentais, cultura é o
“refinamento da mente”, cujo resultado expressa-se em educação, literatura e arte.
Para os antropólogos, a cultura é fruto da interação do indivíduo com o grupo social
do qual participa.
Há, porém, um sinônimo comum: a cultura é essencial na produção do homem.
Nesse aspecto, Teixeira (2002, p.19), afirma que:
Essa concepção permite que se pense na cultura como sendo ao mesmo tempo o que é instituído (códigos, normas, sistemas de ação) e o que é instituinte, ou seja, a vida cotidiana que ainda não se4 institucionalizou. Esses dois pólos, instituído e instituinte, se relacionam de modo que a cultura resulta da ação entre eles.
Assim, a cultura pode ser entendida como o resultado da interação entre os
símbolos, normas e práticas cotidianas com a leitura que se faz da memória social.
[...] a cultura caracteriza-se por um processo contínuo e ativo de construção da realidade, não sendo simples variável que as sociedades ou as organizações incorporam, mas um fenômeno ativo, através do qual as pessoas criam e recriam os mundos em que vivem. (MORGAN, apud TEIXEIRA, 2002, p.19).
A cultura é, em última análise, um fator aglutinador, uma vez que, com a
construção do significado social, possibilita a expressão de crenças e valores de um
grupo, permitindo o seu fortalecimento e sua ressignificação.
Entendendo Cultura Organizacional
O termo “cultura organizacional” surgiu nos anos 1960, na literatura de língua
inglesa, inicialmente como sinônimo de “clima”. Hoje, é utilizado por diferentes
autores para abordar a vivência numa organização, seja ela pública ou privada.
A cultura da organização é o reflexo da cultura social. Assim, não cabe um
agir próprio e inédito, mas o que é predeterminado pela dinâmica da cultura social.
A compreensão da complexidade da organização exige que sejam levados em conta o relacionamento entre os padrões culturais específicos dessa organização e os processos e relações de poder que determinam sua dinâmica. (TEIXEIRA, 2002, p. 34).
A cultura da organização constitui-se ainda da internalização pelos sujeitos
(embora inconscientemente) dos valores e pressupostos simbolizados pelos
elementos físicos (visíveis) que incluem a arquitetura, o aspecto exterior (fachada), o
mobiliário, os equipamentos, os sons que se ouvem, etc.
A arquitetura do prédio escolar e a ocupação do espaço físico não são
neutras e influenciam as ações dos sujeitos, podendo favorecer ou inibir o diálogo e
a comunicação interna. O tipo de construção, a localização dos espaços e de cada
setor da escola, tudo expressa uma expectativa de comportamento, da forma da
circulação das pessoas, da definição das funções para cada local e especialmente
da comunicação entre os que ali convivem.
A escola, como organização, insere-se num espaço sócio-cultural, o qual
determina como se efetivam suas ações, tornando-se, portanto, uma realidade social
construída de forma compartilhada, cuja dimensão organizacional se constrói em
espaço próprio (o prédio escolar).
Assim reforça Teixeira (2002, p. 40):
Sendo “a escola instituição socialmente destinada a criar e a reproduzir o saber e a cultura, torna-se o espaço privilegiado de reapropriação e interpretação da cultura” (TEIXEIRA & PORTO, 1996, p.3) e é através desse processo de reapropriação e reinterpretação que as normas, regras e estatutos gerados e impostos pelos sistemas de ensino são revitalizados e adaptados à realidade de cada escola. Por ela, a escola é, ao mesmo tempo, reprodutora das normas e determinação vindas de fora e produtora, criadora de seu próprio repertório de normas e valores.
Dentro da escola, como organização, os sujeitos dão sentido ao contexto
escolar referenciando as regras, as políticas, as práticas, os objetivos e a própria
estrutura organizacional estabelecida.
Cada sujeito carrega em suas intenções toda a carga de saberes, de
significados, de símbolos, de missão, de valores e de crenças construídos ao longo
da vida e que são refletidos em suas ações.
Os indivíduos não são nem elementos mecânicos, nem sujeitos passivos, mas detém interesses de ordem diversa – pessoais, profissionais e políticos – e procuram realizá-los através das organizações. (COSTA, 1996, p. 81).
Assim, efetiva-se na escola, enquanto organização, miniaturas de sistemas
políticos, onde os indivíduos se organizam a partir de interesses pessoais ou
coletivos e, para alcançar seus objetivos, estabelecem estratégias, estimulam
conflitos, coligações e negociações, amealham influencias, poderes e lideranças.
Na ocorrência de problemas, o colegiado em geral não estabelece um plano
coeso, sequencial e articulado, mas observa-se uma atitude pluralista, em que cada
sujeito busca defender seus interesses e valores, em detrimento da questão
objetivada, suplantando o que deveria ser uma decisão coletiva e transpessoal.
Os momentos destinados à tomada coletiva de decisões configuram-se como
mero cumprimento de normas advindas de poderes hierárquicos e se esvaziam em
discussões inócuas e dispersas, legitimando a situação “anárquica” das
organizações escolares.
Se, por um lado, se perpetua nas escolas a prática da falta de coesão e,
muitas vezes, tendenciosa de alguns sujeitos, por outro, não se pode negar a labuta
de alguns por resistir às regras impostas e outros ainda por contrapor-se às
contendas de forma ética e preocupada com a resolução dos problemas de maneira
a atingir efetivamente o objetivo da escola, ou seja, a aprendizagem significativa.
Como relata Teixeira (2002, p. 301),
A perspectiva da cultura escolar permitiu-me perceber que, apesar das dificuldades, dos desânimos e das contradições, sobrevivem, nas escolas, ideais, lutas e ações que revelaram, por parte de muitos dos seus profissionais, comprometimento com os alunos, busca de renovação, de melhoria da instituição escolar. Considerando-se que as escolas são criadas e organizadas por ações humanas, acredito que novas formas de organização, novas escolas, abertas a todos e onde se realize um ensino de qualidade, possam nascer do empenho coletivo e desenvolver-se na direção de tempos mais justos, mais humanos.
Considerando-se que a escola constitui-se em espaço privilegiado de
crescimento individual e coletivo, tanto de alunos quanto de educadores, é nela que
se deve buscar maior integração entre os ambientes interno e externo, atendendo às
imposições da nova realidade social, constituindo-se como cultura organizacional
que realmente produza e efetive uma gestão democrática e coletiva.
Em suma, como referenda Costa (1996, p. 116), pode-se listar 5 importantes
características:
1. A cultura organizacional existe.
2. Cada cultura organizacional é relativamente única.
3. Trata-se de um conceito socialmente construído.
4. Constitui um modo de compreensão e de atribuição de sentido à realidade.
5. Consiste num poderoso meio de orientação para o comportamento
organizacional.
Forjando um líder relacional
A falta de harmonia e coesão nas organizações escolares é evidente,
justificada pela falta de unidade política nos componentes da organização, sejam
eles estruturais, normativos, processuais ou humanos que, supõe-se, trabalham
pelos mesmos ideais, mas mostram-se separados e com identidade própria.
[...] as organizações são, hoje em dia (ou, mais precisamente, a partir do período que alguns apelidam de pós-modernidade), entendidas como organizações flexíveis, instáveis, dependentes dos estados de turbulência do mundo exterior, marcadas por níveis elevados de incertezas, de desarticulação interna e de desordem, sujeitas a processos de reestruturação e de redefinição freqüentes das suas estratégias e a cujos actores se reconhece disporem de um papel estratégico no seu desenvolvimento que é marcado por conflitos, poderes e processos de influência dificilmente conciliáveis com a ordem que tradicionalmente lhes era atribuída. (COSTA, 2000, p.24)
Na confluência dessas questões que interferem na organização escolar, o
líder3 desempenha papel preponderante, no sentido de dar unidade às ações
desencadeadas na escola.
Ser líder é ter influência, é conduzir os conflitos de forma pacífica, ordenada e
fértil. O líder é responsável por desenvolver um projeto de ação coletiva, a partir de
uma visão de futuro.
A questão da liderança passa, assim, a fazer parte integrante dos estudos sobre a cultura organizacional tendo vindo, concomitantemente, a dar-se uma deslocação significativa das concepções tradicionais da liderança (ligada aos modelos tradicionais e burocráticos) para um novo entendimento do papel do líder mais ligado às questões culturais e simbólicas e aos processos de influência. (Costa, 1996, p. 133).
Liderança difere de gestão, difere de poder e difere de autoridade, posto que
nem sempre os líderes são gestores ou participam de “cargos” dentro das
3 Na perspectiva cultural da liderança, segundo Costa, líder é um “gestor de sentido”, ou seja, alguém
que define a realidade organizacional através da articulação entre uma visão (que é reflexo da maneira como ele define a missão da organização) e os valores que lhe servem de suporte.
organizações. A eficácia4 ou ineficácia de um líder se manifesta conforme o contexto
de determinada situação: o comportamento do líder pode ser eficaz para resolver
uma situação e pode ser ineficaz para outra. Não há, porém, um único ou melhor
modelo de liderar um grupo ou uma organização, mas é imprescindível ter presente
os objetivos a serem alcançados pelo grupo ou colegiado.
Como constata Vilar Estevão (2000),
[...] será necessário mudar-se, no que diz respeito às escolas, a ênfase da gestão para a liderança, uma vez que o gestor tem mais a ver com o controlo através do orçamento, da planificação e de outros instrumentos, ao passo que o líder deve sobretudo estabelecer metas de futuro, alinhar compromissos, promover e orientar mudanças.
Segundo Jorge Adelino Costa (2000), pode-se identificar três tipos de
liderança, conforme as visões que demonstram em suas ações:
- Visão mecanicista da liderança: ato de influenciar um grupo para atingir
determinados objetivos. Visão hierárquica, unidirecional e sequencial. Alguém,
detentor de certos predicados, leva outros a atingirem determinados resultados pré-
definidos. Necessário considerar as pressões externas a que as escolas estão
sujeitas.
- Visão cultural da liderança: gestor de sentido – alguém que define a
realidade organizacional através da articulação entre uma VISÃO (que é reflexo da
maneira como ele define a missão da organização) e os VALORES que lhe servem
de suporte.
- Visão ambígua da liderança: equacionada como uma atividade dispersa que
percorre a organização na sua totalidade e não propriamente como um atributo dos
líderes formais. Fenômeno disperso, de contornos pouco definidos, presente nos
mais diversos níveis e atores da vida organizacional.
Portanto, o líder que melhor atende as exigências da gestão democrática e
coletiva é o que consegue analisar a ideologia impressa no currículo oculto da
realidade social, acompanhar as variáveis dessa realidade e conduzir o grupo para
uma nova identidade pedagógica.
4 A eficiência refere-se aos meios, métodos e procedimentos. Está relacionada ao “fazer as coisas
bem”. A eficácia está relacionada com os resultados, com “fazer as coisas certas”.
De facto, ao líder crítico compete-lhe não só identificar relações de poder coercivo escondido nos sentidos culturais (crítica da ideologia) mas também contribuir, com a sua prática, para a dissolução de tais relações num verdadeiro processo de interpretação: deve, além disso, tentar igualizar o poder entre os indivíduos e os grupos no sentido de uma maior emancipação. A legitimidade do gestor e do líder, advém, assim, da sua capacidade (também técnica) de satisfazer as necessidades, os valores e as expectativas não só da comunidade organizacional mas também da comunidade política mais ampla. (VILAR ESTÊVÃO, 2000, PP.38,39). Grifo do autor.
A perspectiva de liderança “pedagógica”- democrática e participativa – implica
em analisar o statu quo da escola e as teorias que lhe dão suporte, além de conduzir
a organização escolar não a partir das pressões externas (governo, administração,
comunidade), mas no esteio dos conflitos internos, onde se estabelecem os
consensos, o comprometimento e a sinergia, elementos tão necessários ao objetivo-
fim da Educação – aprendizagem significativa de todos os alunos.
Sendo a escola uma instituição social, uma “micro-sociedade”, reproduzindo e
retratando essa sociedade na qual se insere e exercitando a dicotomia constante
entre submissão e confronto, a cultura organizacional se constrói a partir das lutas
políticas que ocorrem em seu interior.
Como organização burocrática, a escola mantém a cultura da ordem, do alinhamento estrutural, da aceitação das normas, a partir da qual espera que seus profissionais estejam em condições de garantir o seu funcionamento em conformidade com as determinações de órgãos hierarquicamente superiores. [...] Como grupo social, a instituição escolar busca adequar e adaptar as normas comuns às suas condições específicas e constrói sua própria cultura. [...] o funcionamento de uma organização escolar é fruto de um compromisso entre a estrutura formal e as interações que se produzem no seu seio, nomeadamente entre grupos com interesses distintos. (Teixeira, 2002, PP 271,272).
Assim, uma escola que congregue sua função social com o atendimento às
normas burocráticas e a construção de uma história significativa só é possível a
partir da interação entre uma gestão escolar coletiva com a sua cultura
organizacional e a ação consciente dos sujeitos que a compõe, resultando na
personificação de uma escola possível.
3 METODOLOGIA
Para atender aos propósitos do estudo da cultura organizacional da escola,
tema do Projeto executado, foi proposto uma interface entre os dados qualitativos e
quantitativos obtidos a partir de pesquisa prévia, junto aos educadores da Escola
Estadual Tiradentes, de Pitanga – PR, numa perspectiva que retratasse a sutileza
dos dados.
A pesquisa teve como objetivo analisar a identidade de cada sujeito/educador
da escola frente à cultura organizacional e a comunicação praticada no interior da
organização. Também pretendeu interpretar a cultura e a ideologia da organização a
partir de seus sujeitos, suas vivências, suas realizações, seu universo simbólico.
Foram realizados entrevistas e observação dos participantes, além de
questionários de questões fechadas e escolha forçada, do tipo escala comparativa
de ordem de importância.
A pesquisa, portanto, foi qualitativa e seguiu as seguintes etapas:
Aprofundamento bibliográfico: pesquisas, leituras e montagem da
fundamentação teórica.
Levantamento de dados: aplicação do questionário a Direção, Equipe
pedagógica, Agentes Educacionais I e II.
Realização de 8 encontros de 4 horas cada.
Nos encontros, foram trabalhados textos informativos e reflexivos, que
incitaram as discussões sobre o tema e forneceram ferramentas para o
entendimento da realidade particular e coletiva de cada um na organização e
instrumentalização para a construção de uma nova cultura organizacional.
Com a realização dos encontros, almejou-se subsidiar e contribuir com
estruturas e condições para a construção da nova cultura organizacional exigida
para a gestão democrática e coletiva da escola pública, além de conceituar Cultura
Organizacional da Escola e Liderança Relacional, delinear a identidade de cada
indivíduo/grupo de educadores da Escola e perceber as contradições entre o
ordenamento racional e a prática das ações colegiadas.
4 DISCUSSÕES E RESULTADOS
A implementação do projeto foi efetivada através de um Caderno Temático,
em de 8 encontros presenciais de 4 horas cada e 8 horas não presenciais, nos
quais foram trabalhados textos informativos e reflexivos, que incitaram as discussões
sobre o tema e forneceram ferramentas para o entendimento da realidade particular
e coletiva de cada um na organização e instrumentalização para a construção de
uma nova cultura organizacional. Os encontros foram realizados na Escola Estadual
Tiradentes, no município de Pitanga, com o objetivo de conceituar Cultura
Organizacional da Escola e Liderança Relacional, delinear a identidade de cada
indivíduo/grupo de educadores e da Escola e perceber as contradições entre o
ordenamento racional e a prática das ações colegiadas.
Os encontros seguiram a seguinte ordem:
Primeiro encontro: foi realizada a apresentação do tema e a apresentação
dos resultados obtidos a partir de Instrumento de Pesquisa respondido pelos
Educadores na Semana Pedagógica 2013, Em seguida, o estudo, reflexão e
discussão da “identidade da Escola”.
Segundo encontro: estudo do tema “Identidade do Educador”, com ênfase
na busca da identidade de cada participante frente à organização escolar.
Terceiro encontro: trabalho com o tema “Cultura”, envolvendo definição,
tipos, espaços de construção e transmissão da cultura.
Quarto encontro: estudo do tema “Arquitetura escolar x comunicação”,
buscando identificar quais aspectos arquitetônicos favorecem ou fragilizam a
comunicação entre os sujeitos na organização.
Quinto encontro: trabalho com o tema “Cultura Organizacional”: conceito,
origem, relações, configuração na Escola.
Sexto encontro: estudo do tema “Os Educadores e a Cultura
Organizacional”, com ênfase na identificação pessoal e individual dentro da dinâmica
da organização.
Sétimo encontro: temas: “Gestão Participativa” e “Liderança e Gestão”, com
enfoque na perspectiva democrática e na tomada de decisões coletiva.
Oitavo encontro: estudo, reflexão, discussão e proposição do “Projeto de
Mudança na Escola”.
4.1 O Grupo de Trabalho em Rede (GTR)
O GTR - Grupo de Trabalho em Rede é um trabalho desenvolvido com um
grupo de professores, que tem como suporte o MOODLE (ambiente de
aprendizagem virtual) cuja finalidade é promover a integração, a troca de
experiências e a capacitação dos docentes da rede pública estadual, e está dividido
em 4 módulos:
1ª Apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica;
2ª Apresentação da Unidade Didática
3ª Apresentação da Implementação Pedagógica na Escola.
4ª Avaliação
A cada módulo, os professores participantes do GTR tiveram acesso aos
materiais elaborados pelos professores participantes do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, onde puderam opinar sobre os materiais
elaborados, além de compartilhar experiências por meio do fórum e do diário de
atividades.
No 1º módulo foi apresentado o Projeto de Intervenção Pedagógica, onde os
professores puderam discutir, no fórum, questões pertinentes ao mesmo e
realizaram um diário onde também opinaram e trocaram experiências.
No 2º módulo foi feita a apresentação da produção didática pedagógica,
também tendo como ferramentas de aprendizagem e interação, fórum e diário.
No 3º módulo socializou-se a implementação pedagógica, nesse momento no
qual os professores tiveram dois fóruns para discussão e socialização.
No 4º módulo ocorreu a finalização do GTR por meio da avaliação do curso.
Em todos os módulos a participação dos cursistas foi ativa e trouxe muitas
contribuições, muito acrescentando na concretização do trabalho.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando se fala em cultura organizacional, percebem-se muitas controvérsias.
A escola ora é vista como qualquer outra empresa, ora como uma organização
específica. Seja como empresa ou como organização, a escola revela uma
identidade própria, uma cultura que a identifica e que norteia seus objetivos e suas
ações.
Ao analisar os dados coletados e encontros realizados, percebe-se que seus
pressupostos básicos atuais baseiam-se no esforço para evitar as crises e/ou na
eficácia e eficiência em solucioná-las, caso ocorram, com o menor prejuízo possível
para as pessoas envolvidas.
A cultura organizacional nos ajuda a compreender a instituição ou
organização de forma humana e integrada, Através dela são definidos os valores, as
regras e os hábitos para um convívio social. É necessário que conheçamos a cultura
da organização para de fato respeitarmos e fazermos parte dela, porém ao tentar
mudar essa cultura, ela se torna um agressor e uma exclusão para o meio em que
está interagindo.
Pode-se perceber que cada escola assume uma cultura e suas ações serão
referentes à “postura cultural” a que o grupo aderiu.
Podemos concluir que a cultura organizacional da escola enriquece as
relações humanas, promovendo maior entrosamento entre profissionais, pais e
alunos, com o objetivo de promover um ensino de qualidade, uma formação social,
afetiva e plena, visando o crescimento não apenas dos discentes, mas da
organização escolar como um todo.
No entanto, é necessário buscar a unidade de objetivos da organização,
promovendo a reflexão e discussão coletiva das culturas próprias e particulares de
cada escola.
É debruçando-se sobre o estudo e a análise dos problemas, das vivências,
das histórias, das culturas e das ideologias de cada grupo que se alcança o
entendimento da função social da escola e de seu papel de agente transformador da
realidade pessoal e social.
É mister desenvolver uma rotina de momentos coletivos que propiciem não
somente a troca de experiências e o reconhecimento de problemas, mas o propósito
de, através do estudo, reflexão e análise sistêmica do conhecimento, obter a
argumentação e o embasamento necessário para a atuação consciente e
comprometida em busca dos objetivos a que a escola se propõe.
Concluo o trabalho ressaltando que, no cotidiano da escola, muitas limitações
(pessoais, estruturais e financeiras) impedem a organização do trabalho. Quanto às
limitações estruturais e financeiras, em geral os gestores contornam promovendo
adaptações no prédio escolar e captando recursos junto a comunidade,
improvisando ações paliativas.
Já no que se refere às limitações pessoais, muito ainda há por fazer, porque
notórios nos educadores o comodismo, a resistência à mudanças, à pouca
disposição em participar de discussões e reflexões e especialmente à prática de
sobrepor as questões particulares sobre as profissionais.
No entanto, é preciso destacar alguns profissionais que, além do chamado
“perfil” adequado à função, costumam ultrapassar as suas “obrigações” profissionais,
mostrando-se proativos e realmente efetivando um projeto de educação.
No equilíbrio das duas “ forças”, o cotidiano escolar transforma-se numa
constante oportunidade de crescimento, de aprendizagem, de transformação
pessoal e social, cabendo a cada um em particular tomar para si essa oportunidade
e lutar por uma educação igualitária, universal e transformadora.
6 REFERÊNCIAS
TEIXEIRA, Lucia Helena Gonçalves. Cultura Organizacional e Projeto de Mudança em Escolas Públicas. Autores Associados. São Paulo, SP. 2002. COSTA, Jorge Adelino. Imagens Organizacionais da Escola. Asa Editores II. Lisboa, Portugal. 1996. COSTA, Jorge Adelino. MENDES, Antonio Neto. VENTURA, Alexandre. Liderança e Estratégias nas Organizações Escolares – Actas do 1º Simpósio sobre Organização e Gestão Escolar. Universidade de Aveiro. Portugal. 2000. SOUZA, Ângelo Ricardo. GOUVEIA, Andréia Barbosa. SILVA, Monica Ribeiro da.
SCHWENDLER, Sonia Fátima. Coleção Gestão e Avaliação da Escola Pública. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2005. SITES ELETRÔNICOS Cultura organizacional em ambiente burocrático. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552002000100011. Acesso em maio 2013. Cultura organizacional no contexto escolar: o regresso à escola como desafio na reconstrução de um modelo teórico. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40362005000400003&script=sci_arttext. Acesso
maio 2013.