O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

DICIONÁRIO DE ETIMOLOGIA EM BIOLOGIA: dificuldade na

compreensão dos termos em Biologia

Jacirema Lopes Galvão Zanatta 1 Professor Carlos Eduardo Gonçalves Aggio 2

Resumo

Dadas as dificuldades que os alunos encontram em memorizar, compreender e utilizar os termos científicos em Biologia, o presente projeto visa utilizar o ensino por investigação sobre a origem e significados dos termos científicos a fim de contribuir para que os alunos, principalmente do Ensino Médio, obtenham mais sucesso nas avaliações formais e informais e, obviamente, ganhar conhecimento. Esta situação levou aos seguintes questionamentos: Por que os alunos têm tanta dificuldade em aprender os termos da ciência Biológica? Os alunos estariam desmotivados por se tratar de termos tão científicos? Para buscar resposta ao problema levantado, objetivou-se levar os aprendizes estudantes do Ensino Médio, na disciplina de Biologia, a valorizar o entendimento das palavras conhecendo a etimologia dos termos científicos que fazem parte do conteúdo estruturante daquela etapa e disciplina. Desta forma, foram propostas atividades sobre etimologia das palavras, geralmente utilizada com frequência nos conteúdos da disciplina de Biologia, com alunos do 1º ano do Ensino Médio, que revelaram dificuldades na compreensão das palavras que são utilizadas no contexto da disciplina. Atenta às orientações das Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o ensino de Biologia, propiciou-se a interdisciplinaridade com práticas pedagógicas junto com o professor de Língua Portuguesa e de Informática, que trouxeram contribuições importantes na elaboração do dicionário etimológico, alcançando-se, assim, um resultado positivo com a participação efetiva dos estudantes na realização de todas as etapas das atividades propostas.

Palavras-chave: Biologia. Etimologia. Dicionário. Ensino Médio.

1 Pós-graduada em Instrumentalização para o Ensino de Ciências; graduada em Lincenciatura Plena em Biologia; atuando no Colégio Estadual Rio Branco – EFMNP. 2 Pós-graduado em Engenharia das Ciências do Ambiente; graduado em Ciências Biológicas; IES UENP; atuando como professor na disciplina de Biologia.

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Abstratc

Given the difficulties that students encounter in memorize, understand and use scientific terms in biology, this project seeks to use education for research on the origins and meanings of the terms science to help students, mainly of high school, get more success informal and informal assessments, and of course win knowledge. This led to the following questions: Why do students have such difficulty learn in terms of Biological Science? Students would be discouraged because it is so under scientific? To seek an answer to the problem raised, aimed to bring the learners education students Middle discipline in biology, in valuing understanding of knowing the etymology of the words scientific terms that are part of the content structuring of that step and discipline. Thus, activities are proposed on etymology of words, generally used frequently in the contents of discipline Biology, with students in the 1st year of secondary East, which revealed difficulties in understanding the words that are used in the context of discipline. Aware of the guidelines of the Curriculum Guidelines Basic Education for the teaching of biology, has led to with interdisciplinary teaching practices with Professor of Portuguese Language and Computer, which brought important contributions in developing the etymological dictionary, reaching out is thus an positive result with the effective participation of students in conducting all phases of proposed activities. Keywords: Biology. Etymology. Dictionary. Education East.

1 Introdução

Dadas as dificuldades que os alunos encontram em memorizar,

compreender e utilizar os termos científicos em Biologia, o presente projeto visa

utilizar o ensino por investigação sobre a origem e significados dos termos.

Enquanto professora da disciplina de Biologia foi possível, com tanto tempo

em sala de aula, identificar a grande dificuldade que os alunos apresentam em

compreender e memorizar a terminologia desta ciência, dificultando a aprendizagem

e o sucesso nas avaliações formais e informais e, também, na aquisição de

conhecimentos.

Desta forma, levá-los à compreensão da etimologia dos termos científicos os

ajudaria na compreensão as palavras e na aprendizagem das mesmas. Neste

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sentido, compreender e memorizar o significado dos termos em Biologia assegura o

aprendizado e favorece o desenvolvimento da motivação para trilhar os caminhos

dos conteúdos propostos na disciplina de Biologia.

Sendo assim, o presente projeto visa utilizar o ensino por investigação sobre

a origem e significados dos termos utilizados em Biologia, a fim de contribuir para

que os alunos, principalmente do Ensino Médio, obtenham mais sucesso na

aprendizagem.

Esta situação levou aos seguintes questionamentos: Por que os alunos têm

tanta dificuldade em aprender os termos da ciência Biológica? Os alunos estariam

desmotivados por se tratar de termos tão científicos?

Para buscar resposta ao problema levantado, objetivou-se levar os

aprendizes (alunos) de Biologia a valorizar o entendimento das palavras conhecendo

a etimologia dos termos.

Deste modo, foram propostas atividades sobre etimologia das palavras em

Biologia com alunos do 1º ano do Ensino Médio, com a intenção de desenvolver o

pensamento biológico de forma a permitir a reflexão sobre a origem, o significado, a

estrutura orgânica e as relações do objeto de estudo da disciplina, assim como de

exercitar de maneira lúdica e dirigida o uso dos termos para facilitar a compreensão,

a memorização e a utilização dos referidos termos científicos.

2 Fundamentação Teórica

2.1 Biologia e etimologia dos termos científicos

A Biologia é a ciência que estuda os seres vivos, a relação entre eles e o

meio ambiente, além dos processos e mecanismos que regulam a vida. Portanto, os

profissionais formados, nesta área do conhecimento, têm papel preponderante nas

questões que envolvem o conhecimento da natureza.

De acordo com a Diretrizes Nacionais para os Cursos de Ciências Biológicas

(BRASIL, 2001, p. 1) tem-se que:

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O estudo das Ciências Biológicas deve possibilitar a compreensão de que a vida se organizou através do tempo, sob a ação de processos evolutivos, tendo resultado numa diversidade de formas sobre as quais continuam atuando as pressões seletivas. Esses organismos, incluindo os seres humanos, não estão isolados, ao contrário, constituem sistemas que estabelecem complexas relações de interdependência. O entendimento dessas interações envolve a compreensão das condições físicas do meio, do modo de vida e da organização funcional interna próprios das diferentes espécies e sistemas biológicos.

Segundo as Diretrizes Curriculares de Biologia - Ensino Médio, desta

Secretaria de Estado da Educação, "é objeto de Estudo da Biologia o fenômeno vida

em toda sua diversidade de manifestações. Esse fenômeno se caracteriza por um

conjunto de processos organizados e integrados, quer no nível de uma célula, de um

indivíduo, ou ainda, de organismos no seu meio" (PARANÁ, 2008, p. 65).

As diferentes formas de vida estão sujeitas a transformações que ocorrem

no tempo e no espaço, sendo, ao mesmo tempo, transformadas e transformadoras

do ambiente. Nas Diretrizes Curriculares (2008), ainda, afirma-se que:

[...] ao longo da história da humanidade várias foram as explicações para o surgimento e a diversidade da vida, de modo que os modelos científicos conviveram e convivem com outros sistemas explicativos como, por exemplo, os de inspiração filosófica ou religiosa (PARANÁ, 2008, p. 68).

As Diretrizes Curriculares do Ensino Médio para a disciplina de Biologia

consideram que o conhecimento do campo da Biologia deve subsidiar a análise e

reflexão de questões polêmicas que dizem respeito ao desenvolvimento, ao

aproveitamento de recursos naturais e a utilização de tecnologias que implicam em

intensa intervenção humana no ambiente, levando-se em conta à dinâmica dos

ecossistemas, dos organismos, enfim, o modo como a natureza se comporta e a

vida se processa (PARANÁ, 2008).

Quanto ao posicionamento do professor diante das contradições, tem-se que

é preciso conhecer e compreender o objeto de estudo da disciplina de Biologia,

entendendo que este é o “conhecimento científico que resulta da investigação da

Natureza” (PARANÁ, 2008a, p. 40).

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As disciplinas da Educação Básica terão, em seus conteúdos estruturantes, os campos de estudo que as identificam como conhecimento histórico. Dos conteúdos estruturantes organizam-se os conteúdos básicos a serem trabalhados por série, compostos tanto pelos assuntos mais estáveis e permanentes da disciplina quanto pelos que se apresentam em função do movimento histórico e das atuais relações sociais. Esses conteúdos, articulados entre si e fundamentados nas respectivas orientações teórico-metodológicas, farão parte da proposta pedagógica curricular das escolas (PARANÁ, 2008b, p. 26).

Neste sentido, as Diretrizes Curriculares de Biologia indicam que na

disciplina de Biologia, no Ensino Médio, tem como objeto de estudo a vida.

A preocupação com a descrição dos seres vivos e dos fenômenos naturais levou o ser humano a diferentes concepções de VIDA, de mundo e de seu papel como parte deste. Tal interesse sempre esteve relacionado à necessidade de garantir a sobrevivência humana (PARANÁ, 2008b, p. 38).

Este documento mostra que a construção de conceitos pelo aluno não é

diferente do desenvolvimento dos conceitos que traz de seu cotidiano. É a partir da

mediação, da ajuda de outras pessoas, que o estudante passa a construir conceitos,

elaborar representações mentais, solucionar problemas e desempenhar tarefas.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio foi promulgada em

1998, onde passou a ser organizada por áreas de conhecimento, ficando a Biologia

disposta na área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias

(PARANÁ, 2008b).

Sendo assim, indicam que o professor precisa selecionar, coerentemente, os

conteúdos específicos como também escolher as abordagens, as estratégias e os

recursos pedagógicos adequados à mediação pedagógica para que a prática

pedagógica do ensino de Biologia se efetue, sempre levando em consideração o

desenvolvimento cognitivo dos alunos e para o objeto de estudo desta disciplina: a

Vida.

O processo ensino-aprendizagem de conceitos científicos pode ser

prejudicado pela interferência de alguns fatores: “[...] o enraizamento das

concepções alternativas, as apropriações culturais locais ou regionais, a concepção

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de ciência do professor e a qualidade de sua prática de ensino” (PARANÁ, 2008, p.

73).

Nas DCE (2008) há a indicação de que a utilização de recursos pedagógicos

tecnológicos (livros, revistas, música, quadro de giz, globo, esqueleto, microscópio,

lupa, televisor, computador, entre outros); de recursos instrucionais (gráficos,

organogramas, tabelas e outros) e de espaços pedagógicos próprios (museus,

feiras, laboratórios, exposições, seminários, debates e outros), além da

experimentação e da observação, contribuem para que o processo ensino-

aprendizagem seja melhor articulado.

As Diretrizes Curriculares para o ensino de Biologia (DCB), no nível Médio,

dão indicação à respeito da utilização de experimentos, alertando que estes devem

ser planejados, com amparo nos dispositivos legais vigentes.

Considerando o pensamento evolutivo através da experimentação e

observação deve-se pautar na metodologia envolvendo "o conjunto de processos

organizados e integrados, quer no nível de célula, de indivíduo, de organismo no

meio, na relação ser humano e natureza e nas relações sociais, políticas,

econômicas e culturais" (PARANÁ, 2008b, p. 53).

As DCN (2008) apresentam os conteúdos estruturantes como sendo

definidos, sempre conceituando Vida em distintos momentos da história:

Organização dos Seres Vivos; Mecanismos Biológicos; Biodiversidade; Manipulação

Genética. Isso indica que a disciplina de Biologia deve ser capaz de:

relacionar diversos conhecimentos específicos entre si e com outras áreas de conhecimento; deve priorizar o desenvolvimento de conceitos cientificamente produzidos, e propiciar reflexão constante sobre as mudanças de tais conceitos em decorrência de questões emergentes (PARANÁ, 2008b, p. 56).

As Diretrizes Curriculares de Biologia consideram alguns elementos da prática

pedagógica a serem valorizados no ensino desta disciplina. Segue um breve

comentário sobre cada um deles:

a) A abordagem problematizadora: possibilita a aproximação do conhecimento

empírico que o aluno traz do seu cotidiano com o conhecimento científico escolar;

b) A relação contextual: a contextualização ocorre quando o professor articula

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o conhecimento científico às experiências sociais do aluno, da experiência e

observação;

c) A relação interdisciplinar: pode ocorrer quando o professor busca, nos

conteúdos específicos de outras disciplinas, contribuições para o entendimento do

objeto de estudo de Biologia. “As relações interdisciplinares se estabelecem quando

conceitos, modelos ou práticas de uma dada disciplina são incluídos no

desenvolvimento do conceito de outra” (PARANÁ, 2008, p. 74);

d) A pesquisa: Estratégia de ensino que auxilia a construção do

conhecimento. O professor instrui o aluno a inicialmente procurar o material de

pesquisa, interpretá-lo e construir as atividades.

e) A leitura científica: É um recurso que propicia um maior aprofundamento de

conceitos e permite aproximação entre professores e alunos.

f) A atividade em grupo: Permite aproximar o estudo dos problemas reais.

Favorece a troca de experiências, o confronto de ideias, o desenvolvimento do

espírito de equipe e atitude colaborativa entre os estudantes.

g) A observação: Oportuniza ao estudante a capacidade de observar

detalhadamente os fenômenos e estabelecer relações mais amplas sobre estes

fenômenos. Desta forma, supera a simples constatação dos resultados e passa a

construir hipóteses.

h) A atividade experimental: Importante ferramenta de ensino-aprendizagem

quando há mediação para o desenvolvimento do interesse nos alunos. É importante

que esta prática proporcione discussões, interpretações e venham ao encontro dos

conteúdos tratados em sala de aula. Pode ser realizada no laboratório escolar, sala

de aula ou outros espaços pedagógicos utilizando materiais alternativos ou

convencionais (PARANÁ, 2008, p. 76).

Tais práticas pedagógicas devem considerar, "as ideias do naturalista francês

Lamarck (1744-1829), do naturalista britânico Charles Darwin e do naturalista inglês

Alfred Russel Wallace (1823-1913), como um importante marco teórico", pois foram

ponto de partida para "as explicações a respeito das diversas transformações

ocorridas com os seres vivos ao longo do tempo e deram suporte à teoria sintética

da evolução" (PARANÁ, 2008, p. 76).

Desta forma, é preciso considerar que, na disciplina de Biologia, o fenômeno

da VIDA e sua complexidade de relações precisam ser analisados como "uma

ciência em transformação, cujo caráter provisório permite a reavaliação dos seus

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resultados e possibilita repensar, mudar conceitos e teorias elaborados em cada

momento histórico, social, político, econômico e cultural" (PARANÁ, 2008, p. 61).

Malafaia, Bárbara e Rodrigues (2010, p. 170) esclarecem através de um

estudo realizado com alunos do Ensino Médio que:

[...] o discente define Biologia essencialmente como sendo o estudo da vida, do que é vivo, desprovida, portanto, do seu significado científico e genérico. Conforme exemplificado pelas citações “Biologia é a ciência que estuda os seres vivos”; "É o estudo de tudo que tem vida” e “Biologia nada mais é do que o estudo da vida, no geral” (de autoria de alunos do 3º, 1º e 2º ano, respectivamente), é possível perceber que tal concepção (a conceitual) é fortemente influenciada pelo significado etimológico da palavra “Biologia” (bio = vida; logos = estudo), muito comentado pelos docentes no início do ano letivo, quando os mesmos expõem aos alunos o significado e a amplitude desta ciência, além de utilizá-lo como estratégia didática para introduzir outros conceitos biológicos.

Nestes aspectos, o eixo estruturante de Biodiversidade traz os conteúdos de

Dinâmica dos ecossistemas: relações entre os seres vivos e interdependência com o

ambiente, que aborda o processo de fotossíntese vegetal, assunto que foi

trabalhado para o levantamento dos termos científicos os quais os alunos buscaram

o significado dos termos nesta área, além de outros.

Sendo assim, é necessária a compreensão do que é etimologia, isto é, a

etimologia é o estudo da origem das palavras, de que língua elas foram

derivadas e o porquê do seu uso. Esse estudo é importante, pois ao conhecer-se a

origem, fica mais fácil utilizar e entender a palavra.

De acordo com Mársico e Castello (2008, p. 2) tem-se que:

a etimologia serve para propor chaves interpretativas que associam o plano da expressão a uma série de significados do plano do conteúdo, muitas vezes imperceptíveis para os falantes, mas que, no entanto, estão presentes na sua conformação, e em sua história se sentem como elementos inapeláveis.

"A palavra etimologia, etymology em inglês, vem do grego étumos (real,

verdadeiro) + logos (estudo, descrição, relato) e significa hoje o estudo científico da

origem e da história de palavras", conforme explicações de Schütz (2009, p. 1).

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Deste modo, Schütz (2009, p. 1) identifica que é importante o conhecimento

da evolução do significado de uma palavra desde sua origem, para que se tenha

condições de descobrir seu verdadeiro sentido e conhecê-la de forma mais

completa. "O estudo etimológico de palavras, além do aspecto curioso, demonstra as

origens comuns e as semelhanças encontradas no plano de vocabulário entre as

línguas européias, como é o caso do inglês e do português".

Camargo (2011, p. 1) explica que:

As línguas, como as civilizações, têm história. Isso quer dizer que são processos sujeitos a transformações. Desse enfoque se ocupa a gramática histórica e, em particular, a etimologia, que é o estudo da origem das palavras. Determinar com precisão o nascedouro das palavras é tarefa das mais difíceis e nem sempre levada a termo.

Este projeto se propõe a elaborar uma metodologia focada na utilização de

um dicionário para alunos do 1° ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Rio

Branco, com a ideia de levar os alunos a compreenderem e utilizarem os termos

científicos com facilidade.

Significa pois, elaborar um livro que possui a explicação dos significados das

palavras. As palavras são apresentadas em ordem alfabética. Alguns dicionários são

ilustrados para facilitar a assimilação dos significados das palavras.

Existem também os dicionários de tradução de línguas, ou seja, aqueles destinados a mostrar os significados ou sinônimos das palavras em outra língua. [...] e os dicionários de termos técnicos, usados em áreas específicas do conhecimento. Desta forma, existem os dicionários de eletrônica, mecânica, biologia, informática, mitologia, etc. (SUA PESQUISA, 2011, p. 1).

Desta maneira, tem-se a pesquisa desenvolvida por Oliveira, Santos e

Ferreira (2010, p. 1) que observaram, também, que os professores descobriram que

seus alunos "apresentavam dificuldades de constância surpreendente, sobre o

manejo oral e escrito do léxico (termo técnico-científico) das disciplinas" de Biologia

e/ou Ciências.

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Os autores indicam, assim como visto na justificativa e objetivo deste

projeto, que os termos:

[...] não eram expressos, produzidos ou grafados devidamente, por isso a necessidade de se elaborar um trabalho voltado para o adequado uso da terminologia técnico-científica, abundante nos livros didáticos e na fala dos professores (OLIVEIRA, SANTOS, FERREIRA, 2010, p. 1).

Sendo assim, indo ao encontro deste projeto, a complexidade de elucidação

dos termos científicos, neste caso, de Biologia, pode ser revertida com a

possibilidade de inserção de um novo glossário/dicionário que se adapte às

exigências e capacidades do aluno de Ensino Médio (OLIVEIRA, SANTOS,

FERREIRA, 2010).

No entanto, é preciso esclarecer que vários autores, como Octacílio Lessa,

David Burnie, Corinne Stocley, José Luiz Soares, Aldamiro Castro e Medawar

elaboraram dicionários de Biologia, inclusive o Dicionário Etimológico

Circunstanciado de Biologia, que servem de apoio para o trabalho de pesquisa aos

alunos.

Para o planejamento e elaboração do dicionário é necessário considerar que

a escola não pode ser mais simples transmissora de conhecimento, que apesar do

avanço tecnológico, não deixará de cumprir sua função social. A participação no

processo ensino-aprendizagem, apesar das críticas atuais sobre a função dos

professores como transmissores do conhecimento, é possível de ocorrer quando se

modifica a postura diante dos conteúdos, com um novo posicionamento em que o

conhecimento passa a ser teórico-prático. Isto significa que, segundo Gasparin

(2007, p. 3) os conhecimentos necessitam "ser reconstruídos em suas

plurideterminações, dentro das novas condições de produção da vida humana,

respondendo [...] aos novos desafios propostos".

Reconhecendo que se vive em "um mundo comandado pela ciência e pela

tecnologia e que os conhecimentos científicos se tornam indispensáveis para o

desenvolvimento da sociedade humana", o ensino de Biologia é relevante para a

vida das pessoas, para que sejam "capazes de compreender e aprofundar

explicações atualizadas de processos e de conceitos biológicos, visualizar a

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importância da ciência e da tecnologia na vida moderna, além de estimular o

interesse pela realidade dos seres vivos" (MALAFAIA; BÁRBARA; RODRIGUES,

2010, p. 166).

Tais conhecimentos devem contribuir, também, para que os cidadãos sejam capazes de usar o que aprenderam ao tomar decisões de interesse individual e coletivo, no contexto de um quadro ético de responsabilidade e respeito que leva em conta o papel do homem na biosfera. Em adição, espera-se com o ensino de Biologia ampliar o entendimento que o indivíduo tem da sua própria organização biológica e do lugar que ocupa na natureza e na sociedade, visando à melhoria da qualidade de vida (MALAFAIA; BÁRBARA; RODRIGUES, 2010, p. 166).

O ensino da Biologia por investigação trouxe um avanço significativo no

contexto escolar para alunos, na percepção do seu papel na sua própria educação,

no reconhecimento de sua autonomia no processo de aprendizagem, na importância

de socializarem os conhecimentos, na aplicação dos contextos ao seu cotidiano no

resgate de suas próprias vivências relacionando-as com os projetos, recuperação de

sua autoestima, na percepção de seus limites e de suas dificuldades.

É necessário que o aluno compreenda o estudo da Biologia enquanto

ciência não deve ser apenas transmitida enquanto conceito e teroias, mas sim que,

conforme assevera Trópia e Caldeira (2009, p. 368), se deve:

promover uma formação crítica e reflexiva dos estudantes para compreender a Ciência como um processo de produção do conhecimento. Sendo esse processo, uma atividade humana e histórica associada a aspectos de ordem social, econômica, política e cultural, as atividades no Ensino de Biologia deveriam se apropriar desses aspectos para ir além da transmissão de conceitos científicos.

Desta maneira, "ensinar por Investigação remete a trazer a prática dos

cientistas para o Ensino de Biologia, aproximando os conhecimentos científicos dos

conhecimentos escolares" (TRÓPIA; CALDEIRA, 2009, p. 369).

O termo Investigação como estratégia para o Ensino de Ciências e Biologia,

utilizado no Brasil, vem de tradução do termo inquiry ou enquiry de países de língua

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inglesa.

Com esses aspectos, Trópia e Caldeira (2009) contribuem explicando que

em suas pesquisas encontraram autores que defendem a investigação no ensino de

Ciências e Biologia e trazem que:

Dentre os trabalhos nacionais sobre o Ensino de Ciências e Biologia por Investigação destaco os que discutem os fundamentos teóricos dessa prática de Ensino, como: Nascimento e Carvalho (2001, 2007) que discutem a apropriação da prática científica [...] como fundamento (da) concepção de ciência histórica e humana; Sá et al. (2007) apontam uma questão fundamental [...] por Investigação que é a distinção das características do ensino investigativo com as características da investigação científica. [...] Munford e Lima (2007) discutem que o Ensino de Ciências por Investigação deve levar o aluno [...] a estabelecer relações tanto com os métodos de investigação, quanto com as dinâmicas sociais [...].

Considerando tais posicionamentos, procurou-se colocar o aluno como

pesquisador em busca dos sentidos daquilo que estuda no cotidiano da disciplina de

Biologia, essencialmente, neste caso, das palavras que necessitam para

compreenderam os conceitos.

Além da ênfase na investigação elaborada pelos alunos, pensou-se na

vivência da interdisciplinaridade entre os saberes de Biologia, Língua Portuguesa e

Informática, contando com o apoio destes professores assim como contextualizando

com os componentes curriculares de tais disciplinas.

Neste sentido, é que se vai ao encontro do que é tratado nas Diretrizes

Currilares da Educação Básica em Biologia (2008, p. 14), que explicam que "os

conteúdos disciplinares devem ser tratados, na escola, de modo contextualizado,

estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares [...]".

Isto significa que na DCB (2008, p. 27) deve-se entender as disciplinas

escolares, "como campos do conhecimento", que se aproximam "pelos respectivos

conteúdos estruturantes e por seus quadros teóricos conceituais. Considerando

esse constructo teórico, as disciplinas são o pressuposto para a

interdisciplinaridade".

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3 Desenvolvimento metodológico e resultados

No início da segunda quinzena do mês de julho apresentou-se a proposta de

trabalho "Dificuldade na compreensão dos termos científicos em Biologia" aos 33

alunos do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Rio Branco – EFM, do

período matutino e, na primeira quinzena do mês de agosto, aos professores do

colégio socializando o projeto de implementação, para que tomassem conhecimento

da proposta.

Com o objetivo principal de levar aos estudantes do 1º ano do curso de

Ensino Médio, na disciplina de Biologia, a valorização do entendimento das palavras

conhecendo a etimologia dos termos que utilizam no desenvolvimento dos

conteúdos da mesma, iniciou-se a implementação do Projeto Folhas no mês de

agosto do ano letivo de 2010 e término em novembro do mesmo ano.

O projeto aconteceu durante oito encontros com os alunos, nas aulas de

Biologia que teve como docente a pesquisadora, no período matutino, com duração

de 60 minutos cada encontro. Todas as atividades foram elaboradas em grupos de

estudantes durante os meses de agosto a novembro; iniciam com a análise de uma

imagem (texto imagético), texto relativo ao assunto, debate e elaboração de

pesquisa, leitura e exercícios.

Deste modo, após os alunos tomarem conhecimento do projeto, deu-se o

início das atividades planejadas, como parte da primeira etapa, solicitando-lhes que

registrassem em seu caderno quais palavras que eles não conheciam o significado

dentro do contexto da disciplina de Biologia proposta para a série.

Sendo assim, os alunos fizeram uma listagem de palavras que já conheciam

pelo estudo na disciplina de Biologia, porém não sabiam o significado etimológico,

assim a partir destes dados deu-se início às atividades de busca do significado das

palavras.

Fez-se um trabalho interdisciplinar com os professores de Informática

escolar e da disciplina de Língua Portuguesa. Assim, os primeiros contribuíram para

que os estudantes digitassem as palavras que não conheciam e com o apoio do

segundo professor o esclarecimento e busca dos significados das palavras.

Após a primeira etapa, desenvolveu-se junto aos estudantes,

questionamentos sobre as palavras, registradas anteriormente, para compreender o

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que sabiam sobre o significado das palavras registradas. Após isso, percebeu-se

que os estudantes pouco conheciam sobre o significado etimológico daquelas

palavras. Sendo assim, propôs-se que investigassem, a partir dos conteúdos do

Ensino Médio, especificamente no que se referia ao processo de fotossíntese (figura

1).

Figura 1: Processo da fotossíntese

Fonte: http://susanapatriciabg.blogspot.com/2010/03/fotossintese.html

Desta maneira, iniciou-se a atividade com um texto imagético (figura 2) para

que relatassem o conhecimento que tinham sobre o Sol e sua importância para a

sobrevivência dos seres vivos no Planeta Terra e dos cuidados que o ser humano

precisa ter sobre a exposição aos raios solares. Nesta situação, os estudantes

relataram, verbalmente e, depois por registro, suas hipóteses que foram socializadas

ao grupo todo.

Esta ação propiciou a observação de imagens para que a partir dela os alunos

pudessem registrar as discussões em pequenos grupos e de expressarem,

verbalmente, suas ideias a partir de uma imagem.

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Figura 2: Pôr do sol

Fonte: Própria

Deste modo, as perguntas feitas foram:

1. O que você conhece sobre o Sol?

2. Qual a importância do Sol para a sobrevivência dos seres vivos no planeta

Terra?

3. Quais os cuidados que o ser humano precisa ter quando em exposição

aos raios solares?

Na sequência, isto é, terceira etapa, apresentou-se outro texto imagético (a

imagem de uma planta recebendo raios solares) acompanhado de um pequeno

trecho sobre o que é fotossíntese, seguido de um questionamento:

Comparando o que você leu no trecho com as discussões anteriores a que

conclusão pode chegar?

Neste sentido, os alunos puderam comparar as ideias conhecidas

(conhecimento prévio) com as disponíveis no texto, confirmando ou rejeitando suas

hipóteses.

Depois, utilizaram as palavras previamente negritadas no texto para buscar

o significado etimológico, com o apoio da professora de Língua Portuguesa, que os

acompanhava na Biblioteca do colégio para que fizessem a pesquisa do significado

etimológico das mesmas.

Como a pesquisa é importante na investigação de situações e fatos,

colocou-se como atividade a ser elaborada pelos alunos a busca da derivação

daquelas palavras, além de outras que fizeram parte do exercício sobre o processo

da fotossíntese no que se refere à energia química (ATP/NADP).

Desta forma, os alunos fizeram o registro, além dos significados, das

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funções dos "ingredientes" do processo de fotossíntese, quais sejam: CO2; H2O;

Luz; ATP; NADPH2; Clorofila; Ferredoxina; Citocromos.

Foram disponibilizados exercícios, tais como: palavra cruzada, construção

de esquema das fases claro e escuro da fotossíntese; questões de múltipla escolha;

registro da equação química da fotossíntese que se referiam ao tema para que os

alunos pudessem confirmar ou não o conhecimento que tinham sobre o assunto.

Na quarta etapa, que aconteceu em dois horários de aula, fez-se a

abordagem do trabalho com uma imagem de folhas de uma planta (figura 3), para

trabalha com a importância das folhas no processo de fotossíntese. No texto que

segue a imagem as palavras negritadas foram pesquisadas pelos alunos, levantando

o significado das mesmas.

Figura 3: Folhas Fonte: Própria

Os alunos foram provocados a pesquisar o nome da planta a partir de dados

do texto; conheceram as funções das folhas; discutiram e registraram as respostas

das seguintes questões:

Por que as folhas são verdes?

Por que a maioria das frutas não madura é verde?

Por que plantas que não produzem clorofila morrem cedo?

Depois de refletirem sobre as folhas na planta, receberam um quadro de

classificação de folhas, para complementar a atividade e, na sequência,

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responderam questões de múltipla escolha para avaliaram a aprendizagem de todas

as atividades elaboradas até esse momento.

Na quinta etapa, o esquema de uma raiz com suas principais zonas foi

disponibilizado aos alunos, que fizeram a leitura de um texto que acompanhava o

desenho, para refletirem sobre seres heterótrofos, autótrofos e das etapas

fotoquímica e química da fotossíntese.

Após a leitura, análise de figura; da discussão das ideias e do levantamento

das palavras, os alunos responderam algumas questões de múltipla escolha como

avaliação do conhecimento apresentado nessa etapa.

No sexto encontro, os alunos fizeram uma revisão de todas as palavras que

foram registradas no decorrer das atividades anteriores, colocaram-nas em ordem

alfabética e, com a professora de Língua Portuguesa, na biblioteca do colégio,

procederam à pesquisa do significado das palavras.

No período de contra turno, os alunos, acompanhados pelo professor de

Informática, digitaram-nas para futura confecção do dicionário etimológico de

Biologia.

Estas ações confirmam a importância do trabalho interdisciplinar e

contextualizado, conforme referenciado nas Diretrizes Curriculares para o ensino de

Biologia no nível Médio, que explica que "as relações interdisciplinares se

estabelecem quando: conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chamados

à discussão e auxiliam a compreensão de um recorte de conteúdo qualquer de outra

disciplina [...]" (DCB, 2008, p. 27).

Finalmente, após todos os registros das palavras e seus respectivos

significados, os alunos, orientados pelo professor de Informática elaboraram a

montagem e diagramação do dicionário de Biologia elaborado no decorrer das aulas.

Sendo assim, após a conferência do trabalho digitado, pela professora de

Língua Portuguesa, foi feita a impressão e encadernação do dicionário, contendo

109 palavras com seus significados e etimologia.

Ao final do projeto, em novembro de 2010, fez-se uma atividade de entrega

do dicionário à diretora do colégio Rio Branco, enquanto material permanente na

Biblioteca da instituição.

Todas as atividades desenvolvidas contaram com a participação dos

estudantes, alguns mais interessados e outros menos, entretanto houve a

colaboração da maioria deles na execução do projeto.

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Vários alunos expressaram a importância do trabalho que efetuaram,

declarando que com esta proposta de pesquisa, observação e atividades propostas

foi possível a aquisição de novos conhecimentos, além da possibilidade de atuarem

em grupo e de que perceberam a questão da interdisciplinaridade dos conteúdos,

agradecendo a atuação dos professores colaboradores de Língua Portuguesa e de

Informática.

As referidas ações, expressas pelos alunos, coaduna com o que se propõe

nas DCB (2008) em que "explicita-se que as disciplinas escolares não são

herméticas, fechadas em si, mas, a partir de suas especialidades, chamam umas às

outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos [...]" (PARANÀ, 2008,

p. 27).

4 Conclusão

Diante do que foi exposto, é possível concluir que o projeto ora apresentado

alcançou seus objetivos na medida em que permitiu que os alunos do 1º ano do

Ensino Médio concordaram que apresentavam dificuldades em compreender e

utilizar os termos científicos que são trabalhados no decorrer dos conteúdos de

Biologia.

Os resultados reforçam o papel do professor e das atividades inovadoras no

ensino de Biologia, as quais fogem do ensino livresco, expositivo e dos modelos de

transmissão e recepção dos conhecimentos biológicos como verdades neutras e

absolutas que, infelizmente, ainda persistem na atualidade. Ademais, apontam

alternativas interessantes que podem contribuir substancialmente com o ensino da

Biologia.

O projeto de implementação propiciou, além da construção conjunta, através

da elaboração de exercícios e pesquisas, com o apoio interdisciplinar do professor

de Língua Portuguesa e Informática, da elaboração do dicionário etimológico de

Biologia, fato relevante, que não se pode deixar de posicionar, foi a atuação conjunta

com estes professores, que foram substancialmente importantes na conclusão do

dicionário etimológico, visto que a interdisciplinaridade é ponto importante, inclusive

disposto nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica em Biologia (2008).

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5 Referências

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