Oleo de Peixe Fitoesterois Soja e Antioxidantes Impacto Nos Lipidios e Na Aterosclerose

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Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo Vol 10 N o 6 Nov/Dez 2000 819 I NTRODUÇÃO Não há dúvidas de que a alimentação exerce papel fundamental no desenvolvimento da doença arterial coronária e que uma dieta adequada e balanceada pode atenuar o aparecimento da aterosclerose, devendo ser introduzida precocemente nos hábitos de vida. Na última década, numerosas pesquisas científi- cas foram publicadas sobre os efeitos de dietas suplementadas com óleo de peixe, fitosteróis, soja e vitaminas antioxidantes, na prevenção e no tratamen- to das doenças cardiovasculares. São conhecidos como alimentos funcionais os produtos que contêm substân- cias com atividade biológica, que previnem o surgimento de doenças degenerativas, crônicas, cardiovasculares e câncer. (1) Os ácidos graxos ômega-3 possuem efeitos bené- ficos na prevenção e no tratamento da doença arterial coronária. Alguns mecanismos atribuídos ao óleo de peixe incluem: melhora do perfil lipídico, redução da pressão arterial, diminuição da agregação plaquetária e produção de prostaglandinas que podem melhorar a função vascular (2) . ÓLEO DE PEIXE, FITOSTERÓIS, SOJA E ANTIOXIDANTES: IMPACTO NOS LÍPIDES E NA ATEROSCLEROSE ROSANA PERIM COSTA, G UILLERMINA MENENDEZ , L ILIANA P AULA BRICARELLO, MARIA C RISTINA E LIAS, M ONICA I TO Disciplina de Cardiologia — Setor de Lípides, Aterosclerose e Biologia Vascular — Escola Paulista de Medicina — UNIFESP — São Paulo — SP Endereço para correspondência: Rua Pedro de Toledo, 458 — CEP 04039-001 — São Paulo — SP A evolução tecnológica, bem como o desenvolvi- mento científico e econômico, têm proporcionado au- mento da expectativa de vida da população e maior preocupação na prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares. A dieta como determinante dos níveis séricos de lipídeos, da aterogênese, da incidência e da mortali- dade por doença cardiovascular é bem estabelecida, por meio de diversos estudos, como sendo a primeira terapêutica para indivíduos que apresentam risco au- mentado para doença arterial coronária. A literatura mostra os efeitos de alguns compo- nentes alimentares, tais como ácidos graxos ômega-3, fitosteróis, soja e vitaminas antioxidantes, que pro- movem melhorias na dieta e na saúde, bem como pre- vinem o aparecimento da doença aterosclerótica. Descritores: aterosclerose, nutrição, óleos de pei- xe, carotenóides, fitosteróis. (Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2000;6:819-27) RSCESP (72594)-1050 Os fitosteróis, também conhecidos como esteróis vegetais, são um extrato vegetal natural de sementes de girassol e grãos de soja, que, quando presentes na dieta, impedem a entrada ou o deslocamento do colesterol para as micelas intestinais, impedindo par- cialmente sua absorção e reduzindo, conseqüentemen- te, os valores totais de colesterol e LDL colesterol. (3) A soja, leguminosa que vem sendo consumida de formas variadas, está relacionada à prevenção da aterosclerose, por ação das isoflavonas, fitoestrógeno que exerce ação sobre as concentrações dos lípides plasmáticos, possui efeitos antioxidantes e também pela presença de fibras, modificando a absorção e o metabolismo dos ácidos biliares e prevenindo o apa- recimento da osteoporose. (4) A oxidação das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) tem papel fundamental na formação de células espumosas e na lesão de células endoteliais, contribu- indo para a aterogênese. A utilização de diferentes antioxidantes no bloqueio dos fenômenos oxidativos orgânicos tem sido amplamente demonstrada “in vivo”, “in vitro” e em animais e humanos. Entre os antioxidantes que têm recebido maior aten-

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INTRODUÇÃO

Não há dúvidas de que a alimentação exerce papelfundamental no desenvolvimento da doença arterialcoronária e que uma dieta adequada e balanceada podeatenuar o aparecimento da aterosclerose, devendo serintroduzida precocemente nos hábitos de vida.

Na última década, numerosas pesquisas científi-cas foram publicadas sobre os efeitos de dietassuplementadas com óleo de peixe, fitosteróis, soja evitaminas antioxidantes, na prevenção e no tratamen-to das doenças cardiovasculares. São conhecidos comoalimentos funcionais os produtos que contêm substân-cias com atividade biológica, que previnem osurgimento de doenças degenerativas, crônicas,cardiovasculares e câncer. (1)

Os ácidos graxos ômega-3 possuem efeitos bené-ficos na prevenção e no tratamento da doença arterialcoronária. Alguns mecanismos atribuídos ao óleo depeixe incluem: melhora do perfil lipídico, redução dapressão arterial, diminuição da agregação plaquetáriae produção de prostaglandinas que podem melhorar afunção vascular(2).

ÓLEO DE PEIXE, FITOSTERÓIS, SOJA E ANTIOXIDANTES:IMPACTO NOS LÍPIDES E NA ATEROSCLEROSE

ROSANA PERIM COSTA, GUILLERMINA MENENDEZ, LILIANA PAULA BRICARELLO,MARIA CRISTINA ELIAS, MONICA ITO

Disciplina de Cardiologia — Setor de Lípides, Aterosclerose e Biologia Vascular —Escola Paulista de Medicina — UNIFESP — São Paulo — SPEndereço para correspondência: Rua Pedro de Toledo, 458 — CEP 04039-001 — São Paulo — SP

A evolução tecnológica, bem como o desenvolvi-mento científico e econômico, têm proporcionado au-mento da expectativa de vida da população e maiorpreocupação na prevenção e tratamento das doençascardiovasculares.

A dieta como determinante dos níveis séricos delipídeos, da aterogênese, da incidência e da mortali-dade por doença cardiovascular é bem estabelecida,por meio de diversos estudos, como sendo a primeira

terapêutica para indivíduos que apresentam risco au-mentado para doença arterial coronária.

A literatura mostra os efeitos de alguns compo-nentes alimentares, tais como ácidos graxos ômega-3,fitosteróis, soja e vitaminas antioxidantes, que pro-movem melhorias na dieta e na saúde, bem como pre-vinem o aparecimento da doença aterosclerótica.

Descritores: aterosclerose, nutrição, óleos de pei-xe, carotenóides, fitosteróis.

(Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2000;6:819-27)RSCESP (72594)-1050

Os fitosteróis, também conhecidos como esteróisvegetais, são um extrato vegetal natural de sementesde girassol e grãos de soja, que, quando presentes nadieta, impedem a entrada ou o deslocamento docolesterol para as micelas intestinais, impedindo par-cialmente sua absorção e reduzindo, conseqüentemen-te, os valores totais de colesterol e LDL colesterol.(3)

A soja, leguminosa que vem sendo consumida deformas variadas, está relacionada à prevenção daaterosclerose, por ação das isoflavonas, fitoestrógenoque exerce ação sobre as concentrações dos lípidesplasmáticos, possui efeitos antioxidantes e tambémpela presença de fibras, modificando a absorção e ometabolismo dos ácidos biliares e prevenindo o apa-recimento da osteoporose. (4)

A oxidação das lipoproteínas de baixa densidade(LDL) tem papel fundamental na formação de célulasespumosas e na lesão de células endoteliais, contribu-indo para a aterogênese. A utilização de diferentesantioxidantes no bloqueio dos fenômenos oxidativosorgânicos tem sido amplamente demonstrada “in vivo”,“in vitro” e em animais e humanos.

Entre os antioxidantes que têm recebido maior aten-

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ção por sua possível ação benéfica na prevenção dadoença aterosclerótica estão as vitaminas C e E, oscarotenóides e os flavonóides.(5)

Nesta revisão, discutiremos a validade desses con-ceitos, considerando resultados apresentados na lite-ratura sobre os efeitos preventivos desses alimentosno desenvolvimento da aterosclerose.

ÓLEO DE PEIXE

A partir de estudos epidemiológicos com esqui-mós da Groenlândia e vilas japonesas, estabeleceu-seuma associação entre a baixa incidência de doençaaterosclerótica e o consumo de peixes e animais mari-nhos, alimentos ricos em ácidos graxospoliinsaturados(6-8). Foi realizada uma revisão retros-pectiva do estudo dietético de Zutphen, no qual 852homens de meia-idade que não tinham doençacoronária no início do estudo foram acompanhadospor 20 anos. Observou-se relação inversa entre a quan-tidade de peixe ingerido semanalmente e a mortalida-de por doença coronária. O aumento de 35 g por diade peixe na dieta resultou na redução de aproximada-mente 50% da mortalidade por doença arterialcoronária(8-10) . Os primeiros estudos, com os esquimós,constataram que estes consumiam 5 g a 10 g de ácidosgraxos poliinsaturados ômega-3 de cadeia longa, asaber: ácidos eicosapentaenóico (EPA 20:5n-3) edocosa-hexaenóico (DHA 22:6n-3)(8). Os ácidos graxosômega-3 estão presentes nos triglicérides dosfitoplânctons, e são consumidos e encontrados em al-tas concentrações em peixes e animais marinhos (Tab.1).

Os ácidos graxos poliinsaturados possuem duas oumais duplas ligações na cadeia carbônica e podem seclassificar em dois grupos principais: os ômega-3 e osômega-6. Os ácidos graxos poliinsaturados ω-3 apre-sentam a primeira insaturação localizada no terceirocarbono a partir do terminal metil da molécula e os ω-6, no sexto carbono da cadeia. Esses ácidos graxosnão podem ser sintetizados pelo ser humano; por isso,são considerados essenciais, devendo ser consumidosna dieta. Os de maior interesse são o ácido linoléico(C18:2n-6) e o α-linolênico (C18:3n-3), cujas fontessão, respectivamente, os óleos vegetais e os óleos depeixes de águas frias e profundas. As ações produzi-das por essas substâncias têm despertado interessesobre sua influência na prevenção e no tratamento dedoença arterial coronária. Alguns mecanismos atribu-ídos aos benefícios do óleo de peixe incluem: melhorado perfil lipídico, redução da pressão arterial, reduçãoda agregação plaquetária e produção de prostaglan-dinas vasodilatadoras, que podem melhorar a funçãovascular(2). Os vários estudos até hoje realizados têmmostrado efeitos complexos e controversos dos áci-dos graxos poliinsaturados.

No metabolismo lipídico, os ácidos graxos ω-3provocam redução dos triglicérides séricos pela dimi-nuição da síntese hepática de lipoproteínas de muitobaixa densidade (VLDL) e apo B, aumento docolesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-colesterol) e aumento do LDL-colesterol, porém es-sas alterações são dependentes dos valores basais edas doses administradas (11), verificando-se redução de25% a 50% nos triglicérides e pequeno aumento doLDL-colesterol com as maiores doses. Entretanto, combaixas doses, tem sido observada queda nos níveis deLDL-colesterol e aumento da HDL2

(12, 13). Essesmalefícios, por sua vez, poderiam ser revertidos peloconsumo de dietas hipogordurosas (30% do valorcalórico total). O consumo regular de peixe pode re-duzir os triglicérides e atenuar a queda do HDL-colesterol, tipicamente encontrada em indivíduos queconsomem dietas pobres em gorduras (14). Alguns au-tores têm relatado efeitos favoráveis também nos ní-veis séricos da Lp(a)(12, 13, 15).

Os ácidos graxos ômega-3 exercem, ainda, outrosefeitos cardiovasculares no homem, não relacionadosao metabolismo dos eicosanóides. Parecem reduzir aviscosidade do sangue pelo aumento da deformidadedos glóbulos vermelhos, aumentam a atividadefibrinolítica endógena aumentando os níveis doativador do plasminogênio tecidual e reduzindo os ní-veis de seus inibidores, aumentam o relaxamento de-pendente do endotélio das artérias coronárias, e redu-

Tabela 1. Concentrações de ácidos graxos ômega-3em animais marinhos (9).

Gramas de ômega-3por 100 g de

Alimento animal marinho

Cavala 1,8-5,1Arenque 1,2-3,1Sardinha 1,7Salmão 1,0-1,4Atum 0,5-1,6Truta 0,5-1,6Camarão 0,2-0,5Lagosta 0,3-0,4Bacalhau 0,2-0,3Linguado 0,2

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zem a resposta vasoespástica às catecolaminas e, pos-sivelmente, à angiotensina(2, 8, 16).

Embora vários estudos tenham demonstrado osefeitos antiaterogênicos, antitrombóticos eantiarrítmicos dos ácidos graxos ômega-3, não houveconsenso quanto aos possíveis mecanismos de ação.Os melhores resultados foram obtidos com a adminis-tração de altas doses de óleo de peixe. Por outro lado,estudos de coorte defendiam a ação antioxidante davitamina E contra a peroxidação lipídica da LDL, tam-bém com resultados contraditórios.

Recentemente, o importante estudo multicêntrico,duplo-cego, prospectivo e placebo controlado do“Gruppo Italiano per lo Studio della Sopravvivenzanell’Infarto miocardico” (GISSI Prevenzione) avaliouos efeitos isolados e em conjunto dos ácidos graxosω-3 e da vitamina E na morbidade e na mortalidade depacientes já infartados. Participaram dos estudo 11.324pacientes de ambos os sexos, randomizados em qua-tro grupos para tratamento com ômega-3, vitamina E,ômega-3 + vitamina E e controles. O grupo que rece-beu ácidos graxos ômega-3 na quantidade de 1 g pordia mostrou redução significante na mortalidade gerale nos eventos cardiovasculares. O grupo tratado comvitamina E (300 mg/dia) não mostrou diferençasignificante quando comparado aos controles e o gru-po que recebeu ômega-3 + vitamina E não obteve ne-nhum benefício maior que aquele tratado com ômega-3 isoladamente(17).

Considerando os resultados já confirmados por di-versas pesquisas do benefício dos ácidos graxosômega-3 na redução de eventos coronarianos, vale res-saltar que uma recomendação definitiva da quantida-de a ser consumida ou suplementada não está total-mente estabelecida, necessitando de estudosprospectivos adicionais com dados para conclusõesmais efetivas.

FITOSTERÓIS

Os fitosteróis, também conhecidos como esteróisvegetais, são extratos vegetais naturais de sementesde girassol e grãos de soja.

A função dos fitosteróis, para os vegetais, é seme-lhante à do colesterol para os seres humanos, que é amanutenção da membrana da célula. (18)

Os fitosteróis mais comuns são: sitosterol,campesterol e estigmasterol, estruturalmente muitosimilares ao colesterol. Diferem da estrutura docolesterol por conterem, no carbono 24 da cadeia, umgrupo etil e um grupo metil. (19)

Essas pequenas diferenças na estrutura produzem

impacto sobre o trato gastrointestinal. A absorção dositosterol é de cerca de 10% em relação à absorção docolesterol. Já o campesterol é absorvido em maioresquantidades. O sitostanol, sintetizado a partir da satu-ração do sitosterol, é menos absorvido que os de-mais.(20)

A média de ingestão de fitosteróis em dietas oci-dentais é de 200 mg a 400 mg por dia e as principaisfontes, óleos vegetais, margarinas, frutas e vegetais.(21)

Os estudos sobre os fitosteróis foram iniciados há40 anos, quando Peterson(22) demonstrou, por meio douso de esteróis de soja, a redução do colesterolplasmático em aves (22) e Pollak(23) demonstrou essa re-dução em humanos.(23)

Estudos clínicos realizados durante algumas déca-das demonstraram que os fitosteróis reduzem os ní-veis de colesterol se consumidos regularmente, dimi-nuindo a fração LDL-colesterol, sem interferência nafração HDL-colesterol.(24)

Há duas fontes de colesterol no intestino: aexógena, proveniente da ingestão de alimentos, e aendógena, produzida pelo fígado, passando para o in-testino delgado junto com a bile.

O processo de digestão inicia-se no estômago, ondea gordura do alimento é quebrada em glóbulos, osquais, misturados à água, formam uma emulsão. Opâncreas libera enzimas (lipases) para o intestino del-gado, que vão quebrar os ácidos graxos em ácidosgraxos livres.

Para que o colesterol se torne solúvel, há necessi-dade de ser incorporado às micelas, no intestino; casocontrário, permanecerá insolúvel e será eliminado nasfezes.(25)

Quando os fitosteróis estão presentes na dieta, sãoquebrados em esteróis livres e ácidos graxos e tam-bém são introduzidos nas micelas, onde impedem aentrada ou o deslocamento do colesterol para essasmicelas.(26)

Devido à baixa absorção intestinal, os fitosteróisdeslocam o colesterol para fora da micela na luz dointestino, bloqueando parcialmente sua absorção, ouseja, reduzem a capacidade de a micela transportarcolesterol.(3)

Portanto, a ingestão de alimentos contendo ésteresde fitosterol reduz a absorção tanto do colesteroldietético, ou seja, exógeno, quanto do endógeno, logoo colesterol não absorvido é eliminado nas fezes jun-tamente com os fitosteróis, que são muito pouco ab-sorvidos.(21)

A redução da absorção de colesterol estimula o fí-gado a aumentar a síntese de colesterol, mas tambémaumenta o número de receptores LDL. Conseqüente-

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mente, tanto os valores totais quanto os de LDL-colesterol diminuem, enquanto o valor de HDL-colesterol não se altera, permitindo, assim, perfillipídico mais adequado.

Recentemente, um estudo realizado com 95 volun-tários com níveis de colesterol normais ou moderada-mente elevados (média, 5,35 mmol/l), que consumi-ram 20 g por dia de margarina enriquecida com 3 g defitosteróis por dia, durante três semanas, e orientadosa não mudar o padrão normal de alimentação, demons-trou que após três semanas consumindo 20 g por diade margarina enriquecida com 3 g de fitosterol, as con-centrações de colesterol total e LDL-colesterol redu-ziram em 8,3% e 13%, respectivamente, houve me-lhora na razão LDL/HDL-colesterol, porém não hou-ve alteração significante nos níveis de HDL-colesterol.(27)

Estudos clínicos recentemente publicados demons-traram que 3 g a 5 g por dia de fitosteróis seria a dosemáxima indicada para se obter redução significativada colesterolemia.

A existência de diferentes mecanismos para a re-dução da absorção do colesterol já está claramentedemonstrada por meio de várias pesquisas realizadas;porém, os esteróis vegetais demonstraram ação pro-missora com algumas vantagens (pequenas quantida-des de fitosteróis — 3 g a 5 g por dia — são necessári-as para discreta redução do colesterol total e do LDL-colesterol). São substâncias não-tóxicas, portanto semefeitos colaterais indesejáveis, e um incremento nadieta para maior adesão ao tratamento não-farmacológico.

De modo geral, a hipótese de que a dietasuplementada com esteróis vegetais consiga reduzir ahipercolesterolemia viria possibilitar a abertura denovos horizontes de investigação, com estudosprospectivos relacionados à prevenção e ao tratamen-to das doenças cardiovasculares.

SOJA

A soja é uma leguminosa cultivada há séculos, sen-do consumida sob diversas formas: feijão de soja, óleode soja, queijo de soja (tofu), molho de soja (“shoyo”),farinha de soja, leite de soja e o concentrado protéicoda soja, que exclui a presença de gorduras, mantém apresença de carboidratos e possui 75% de sua compo-sição em proteínas. Esse concentrado de proteínas dasoja é amplamente utilizado como base de alimentosliofilizados e como “suplemento protéico”(4).

Embora os derivados da soja, tais como o tofu e oleite de soja, estejam disponíveis no mercado, a maio-

ria dos consumidores desconhece sua presença, seusbenefícios e suas modalidades de uso.

Tem sido reconhecido, há muito tempo, que asporcentagens de cardiopatia coronária são mais bai-xas no Japão, onde o consumo de soja é freqüente(28).

Uma meta-análise mostrou 38 trabalhos sobre osefeitos da ingestão da proteína da soja nos lípidesséricos. Foi a primeira etapa de um longo processoque acarretou a declaração do FDA (“Food and DrugAdministration”), agência governamental americanaque controla o setor de alimentos e remédios, de quea incorporação da proteína da soja na dieta diáriaauxilia o controle da doença arterial coronária.(29)

Em 1999, esse órgão aprovou efetivamente umaproposta em saúde, com a finalidade de salientar osefeitos benéficos da soja, segundo a qual os fabrican-tes de alimentos à base de soja poderiam especificarnos rótulos de seus produtos: “As dietas pobres emgordura saturada e colesterol, que incluem 25 g de pro-teína da soja, podem reduzir o risco de doença arterialcoronária. Uma porção de [nome do produto] fornece[quantidade] gramas de proteína da soja”.

Com a finalidade de salientar os efeitos saudáveisda soja, um produto deve conter 6,25 g de proteína dasoja ou mais, com pouca gordura (menos de 3 g), serpobre em gordura saturada (menos de 1 g) e possuirbaixo teor de colesterol (menos de 20 mg)(29).

Acredita-se que as isoflavonas, consideradasfitoestrógenos, podem estar relacionadas à prevençãoda aterosclerose, pelas ações que exercem sobre asconcentrações dos lípides plasmáticos, efeitosantioxidantes, efeitos antiproliferativos eantimigratórios sobre as células musculares lisas, eefeitos sobre a formação do trombo e na manutençãoda reatividade vascular normal.

No Japão, a média do consumo de proteína da sojapor dia é de 7 g a 10 g, o que equivale a 30 mg a 50 mgde isoflavonas por dia(28), fato que talvez explique abaixa porcentagem de cardiopatia coronária nesse país.

Outro mecanismo de ação da soja na prevenção daaterosclerose parece estar envolvido com as fibras queela contém. Sabe-se que as fibras solúveis modificama absorção e o metabolismo dos ácidos biliares, au-mentando a excreção do colesterol. Interferem tam-bém na absorção e no metabolismo dos lipídeos e pro-duzem ácidos graxos de cadeia curta a partir da fer-mentação.

A recomendação total de fibras na dieta para adul-tos é de 20 g a 30 g por dia, sendo 25% (6 g) de fibrasolúvel(30).

A saponina, um glicosídeo vegetal, atua no aumentoda eliminação da bile no intestino e, subseqüentemen-

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te, na redução dos níveis de colesterol plasmático(31).Os inibidores da tripsina relacionados à soja, cha-

mados “Bowman-Birk”, estão relacionados com o in-cremento da função vesicular(4).

A American Heart Association(32) salienta que,quando incluída em dieta hipogordurosa e pobre emcolesterol, a proteína da soja pode reduzir os níveisséricos de colesterol total e da LDL, sem afetar adver-samente os níveis de HDL.

Diversos estudos foram analisados com a utiliza-ção de subprodutos da soja, nos quais a ingestão daproteína de soja oscilou de 17 g a 127 g por dia. Ob-servou-se que a substituição de proteína animal pelaproteína da soja reduziu significativamente os níveisde colesterol total bem como os valores de VLDL-colesterol e de LDL-colesterol. Portanto, foi possívela comprovação de que a soja parece ser efetiva na pre-venção da doença arterial coronária.

Em estudos experimentais, a aterosclerose foi re-duzida em animais submetidos a dietas contendo pro-teína da soja, em comparação com aqueles submeti-dos a dieta com proteína animal. Recentemente, di-versas linhas de evidência sugerem que os componen-tes da proteína da soja que reduzem as concentraçõeslipídicas podem ser extraídos pelo álcool (asisoflavonas, a genisteína e a daidzeína)(28).

Outro estudo, realizado no Canadá, em humanos,demonstrou que pacientes que incorporaram produtosda soja a sua dieta normal tiveram seus níveis médiosde HDL aumentados em 9% (p < 0,04) e sua relaçãoLDL/HDL diminuída em 14% (p < 0,007). (33)

Em um estudo recente, estipulou-se que com o in-cremento de 20 g por dia de proteína de soja na dietasem gordura, há a diminuição não só de colesterol to-tal, como de LDL-colesterol e apoB sobre os níveisséricos(34).

Apesar de inúmeros trabalhos demonstrarem a efi-cácia da proteína de soja na prevenção das doençascardiovasculares, ainda existe a necessidade de maio-res esclarecimentos quanto aos mecanismos de ação eseu benefício na redução da hipercolesterolemia.

ANTIOXIDANTES

Diversas pesquisas têm demonstrado que a oxida-ção da LDL desempenha papel decisivo na patogêneseda aterosclerose(35).

A utilização de substâncias antioxidantes, com oobjetivo de prevenir ou reduzir o desenvolvimento dadoença aterosclerótica, tem sido amplamentepesquisada e estudada.

Os antioxidantes que têm recebido maior atenção

são os flavonóides, as vitaminas C e E, e oscarotenóides (betacaroteno e licopeno).

FLAVONÓIDES

São oxidantes polifenólicos encontrados nos ali-mentos, principalmente verduras, frutas, grãos, semen-tes, castanhas, condimentos e ervas, e também em be-bidas, como vinho e chá.

Os flavonóides mais importantes são: quercetina,campferol, miricetina e crisina.

A quercetina é encontrada principalmente em fru-tas (cereja, amora, uva, morango, jabuticaba), grãos,batata, berinjela, feijão marrom e cebola. O campferolestá presente no rabanete, na couve, na escarola e nonabo.

A quantidade de flavonóides presente nas bebidasé alta e a miricetina é o mais importante, encontradoprincipalmente em vinhos e suco de uva. No suco detomate e nos sucos de laranja fresco e industrializado,a quercetina também foi encontrada. (5)

Os mecanismos e locais de absorção dos polifenóisnos humanos e sua biodisponibilidade em geral nãoestão bem esclarecidos.

Estão presentes em complexas formas poliméricase glicosídicas, que não podem ser facilmente degrada-das pelos sucos digestivos, e sua insolubilidade podelimitar ou mesmo impedir sua absorção. (5)

Nas últimas décadas, verificou-se que esse grupode polifenólicos possui ações antimicrobianas,antialérgicas, vasodilatadoras e antioxidantes (36).

Alguns estudos demonstraram relação inversa en-tre consumo de alimentos ricos em flavonóides e mor-talidade por doença arterial coronária em função desua ação na inibição da oxidação do LDL-colesterol ena redução da agregação plaquetária. (36)

Alguns autores comprovaram a relação inversaentre a ingestão de flavonóides e a incidência de do-ença coronária. Os indivíduos que consumiram meno-res quantidades de flavonóides tiveram maior incidên-cia de doença coronária. Naqueles com ingesta maisalta de flavonóides, a incidência de doença coronáriafoi de apenas um terço daqueles que consumiram me-nos flavonóides. As principais fontes de flavonóidesutilizadas nesse estudo foram maçã, chá e cebola. (5)

Com relação ao vinho tinto e ao suco de uva,Miyagi e colaboradores (37) demonstraram a açãoantioxidante de ambos “in vitro”, e “in vivo” apenas ovinho tinto foi eficaz. Os autores sugeriram que essesresultados seriam em função da melhor absorção in-testinal do vinho tinto. (37)

Por outro lado, em outro estudo, comparando chá

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verde, chá preto e cafeína, observou-se inibição daoxidação das lipoproteínas somente com o chá ver-de.(38)

Portanto, os flavonóides presentes na dieta podemestar envolvidos na prevenção da aterosclerose porinibirem a oxidação das LDL, diminuindo suaaterogenicidade e, conseqüentemente, o risco de do-ença arterial coronária.

VITAMINAS

De acordo com a hipótese oxidativa, as vitaminasantioxidantes, por terem propriedades lipofílicas, exer-ceriam seu efeito antiaterogênico pela sua incorpora-ção à partícula da LDL, tornando-a menos sensível àoxidação.

Três grandes estudos demonstraram resultadospreocupantes em relação à suplementação. O “Alpha-Tocoferol, Betacarotene Cancer Prevention Study”(ATBC) avaliou a suplementação de alfatocoferol(50mg/dia) e/ou betacaroteno (20 mg/dia) em homensfumantes. Após seis anos, aproximadamente, verifi-cou-se relação entre a suplementação de betacarotenoe aumento de 18% na mortalidade por câncer de pul-mão, 8% na mortalidade total e 12% na mortalidadepor doença arterial coronária(39).

O estudo “Beta Carotene and Retinol EfficacyTrial” (CARET) avaliou o tratamento combinado debetacaroteno (30 mg/dia) e retinil palmitato (25.000UI) em fumantes. Após quatro anos de seguimento,observou-se aumento de 46% de câncer de pulmão,17% na mortalidade total e 26% na mortalidade pordoença arterial coronária(39, 40).

No estudo “Physician’s Health Study” (PHSI), comduração de 12 anos, a suplementação de betacaroteno(50 mg em dias alternados) não mostrou benefícios oumalefícios em relação a infarto do miocárdio, derra-me e mortes cardiovasculares nos indivíduos saudá-veis e em fumantes (39).

O licopeno é um carotenóide presente no tomate,responsável pela sua coloração avermelhada. Um es-tudo realizado em humanos correlacionou altas con-centrações de licopeno plasmático a reduções no riscode algumas doenças crônicas(41).

Suganuma e Inakumaa avaliaram o efeito protetordo tomate e disfunção endotelial em ratos submetidosa dieta aterogênica acrescida de 20% de tomate em póliofilizado, comparado com grupo placebo. Os resul-tados demonstraram efeitos benéficos dasuplementação de tomate sobre o processoaterosclerótico por proteger os lípides plasmáticos doprocesso de oxidação(42).

A vitamina C, além de suas funções conhecidas,parece atuar como um agente protetor à peroxidaçãolipídica.

Estudos realizados por Riemersma e colaborado-res (43) e Podayatty e Levine(44) demonstraram decrésci-mo da concentração de vitamina C antes, durante eapós o infarto, sendo observada normalização dos ní-veis de vitamina C após três meses do infarto em com-paração com indivíduos saudáveis(43, 44).

Considera-se que a vitamina E (alfatocoferol) temparticipação na prevenção da aterosclerose por meioda inibição do processo oxidativo do LDL-colesterol.Alguns estudos epidemiológicos têm revelado associ-ação entre elevada ingestão na dieta de rotina ou altaconcentração plasmática de alfatocoferol e baixa inci-dência de cardiopatia isquêmica.

O estudo “Cambridge Heart Antioxidant Study”(CHAOS) analisou se a suplementação em doses ele-vadas de alfatocoferol (400-800 UI/dia) emcoronariopatas com comprovação angiográfica exer-cia alguma influência no risco de reinfartos e de mortecardiovascular. Foram pesquisados 2.002 pacientes porum período médio de observação de 510 dias. Os re-sultados demonstraram redução significativa da fre-qüência de infartos não-fatais após um ano de obser-vação. Porém, houve maior incidência no número demortes cardiovasculares no grupo que recebeu vitami-na E (45).

Já está bem elucidado que a hipercolesterolemiadetermina disfunção endotelial com repercussões so-bre a vasomotricidade. Por outro lado, foi demonstra-do “in vitro” que as LDL oxidadas reduzem a forma-ção de óxido nítrico pelas células endoteliais. Essesdados levaram alguns pesquisadores a analisar os efei-tos de antioxidantes sobre a disfunção endotelial.(46)

Gilligan e colaboradores(47) estudaram, em indiví-duos hipercolesterolêmicos, a resposta do fluxo san-guíneo da artéria braquial à acetilcolina após um mêsde suplementação diária de 30 mg de caroteno, 1 g devitamina C e 800 UI de vitamina E. Os resultados nãodemonstraram influência significativa sobre avasomotricidade arterial, ainda que tivessem observa-do, “in vitro”, acentuada redução da suscetibilidadedas LDL sanguíneas à oxidação.

Estudos que comparam a eficácia da vitamina Ecom as estatinas em pacientes com hipercolesterolemiafamiliar demonstram que a suplementação da vitami-na E resultou em progressão e as estatinas em regres-são da aterosclerose(47).

O “Heart Protection Study” analisou o efeito dasvitaminas antioxidantes (vitamina E, 600 mg/dia; vi-tamina C, 250 mg/dia; e betacaroteno, 20 mg/dia) com-

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parativamente à suplementação de sinvastatina, na dosede 40 mg/dia, na redução do colesterol. Os resultadosforam incertos quanto à eficácia das vitaminas e posi-tivos para o grupo que usou o medicamento(48).

A utilização de diferentes antioxidantes na preven-ção da doença aterosclerótica, particularmente de com-plicações cardiovasculares, continua em compasso deespera de estudos suficientemente amplos e prolonga-dos para justificar seu emprego de rotina.

Vale destacar que as vitaminas antioxidantes nãodevem ser utilizadas de forma indiscriminada. Umaalimentação rica em frutas e vegetais diversificadosfornece doses apropriadas de substâncias antioxidantes,as quais, certamente, contribuirão para a manutençãoda saúde (Tab. 2).

CONCLUSÃO

Um dos progressos mais importantes obtidos nocontrole e na prevenção das doenças ateroscleróticasfoi o aumento da precisão na identificação dos fatoresde risco, permitindo que sejam realizadas tentativasde impedir a aterogênese ou limitar sua progressão.

Tabela 2. Fontes alimentares de substâncias antioxidantes(49).

Antioxidante Fontes alimentares

Vitamina E (alfa-tocoferol) Óleos de sementes, nozes, abacate, grãos, cereais, ovos,vegetais verdes e grãos de soja.

Vitamina C (ácido ascórbico) Frutas cítricas e vegetais, principalmente brócolis, repolho etomate.

Flavonóides Verduras, frutas, grãos, sementes, castanhas, condimentose ervas; chás verdes e vinho.

Betacaroteno Frutas, cenoura, brócolis, pimentão, espinafre e outros legumes.

Novos marcadores aterogênicos e interações entreos fatores de risco estão sendo pesquisados e estuda-dos, e as principais medidas preventivas são a altera-ção no estilo de vida e a mudança nos hábitos alimen-tares.

Prevenir e tratar as doenças cardiovasculares emgeral, por meio da dietoterapia, são medidas claramentedemonstradas na literatura.

Para melhor adesão à dieta, esta deve-se aproxi-mar o máximo possível da habitual, atingir balançocalórico, nutrição adequada e ser agradável ao pala-dar.

As divergências quanto às recomendações dos ali-mentos funcionais expressam limitações em se firmaresse grupo de alimentos de maneira diferenciada.

Nessa revisão de vários estudos, conclui-se queexistem evidências científicas que fundamentam asrecomendações dietéticas de óleo de peixe, fitosteróis,soja e antioxidantes na prevenção e tratamento da do-ença aterosclerótica.

Entretanto, estudos prospectivos adicionais a lon-go prazo poderão fornecer dados para conclusões maisprecisas.

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ATHEROSCLEROSIS

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Technologic evolution, as well as the scientific and economic development, has resulted in a higher lifeexpectancy and a higher concern in prevention and therapy of cardiovascular diseases.

Diet therapy as a determinant of serum lipid levels, atherogenesis, cardiovascular diseases prevalence andmortality, is well established through several studies, being the first therapeuitc approach for people at higherrisk of coronary artery disease.

Several studies have shown that some dietary components such as omega 3 fatty acids, phytosterols, soy, andantioxidants vitamins benefits health, and prevent the development of atherosclerotic disease.

Key words: atherosclerosis, nutrition, fish oils, carothenoids, phytosterols.

(Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2000;6:819-27)RSCESP (72594)-1050

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