OFICINA DE REDAÇÃO: A COMUNICAÇÃO DIGITAL APLICADA NO ENSINO

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1 OFICINA DE REDAÇÃO: A COMUNICAÇÃO DIGITAL APLICADA NO ENSINO 1 Ivana Cavalcante SARAIVA 2 Fernanda Aparecida Machado PEREIRA 3 Cristóvão Domingos de ALMEIDA 4 Universidade Federal do Pampa RESUMO O presente artigo visa corroborar os estudos de Comunicação Digital como intrínsecos ao nosso cotidiano, seja por um viés mais teórico, seja prático. E, através da metodologia de estudo de caso, exemplificar a temática no contexto acadêmico da disciplina de Redação e Expressão Oral I – componente curricular do curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural da instituição de ensino Universidade Federal do Pampa. Nesse sentido, foi ofertada uma oficina para os estudantes com o objetivo de reapresentar a Comunicação Digital como oportunidade de articulação de informações presente na rotina social. Como resultado, a iniciativa possibilitou trocas de informações e conhecimento, de maneira rápida e eficaz. PALAVRAS-CHAVE: comunicação; comunicação digital; pedagogia; redação; relações públicas. 1 INTRODUÇÃO Em 11 de janeiro de 2008, a Lei 11.640, cria a UNIPAMPA – Fundação Universidade Federal do Pampa, que tem por objetivos ministrar ensino superior, desenvolver pesquisa nas diversas áreas do conhecimento e promover a extensão universitária, caracterizando sua inserção regional, mediante atuação multicampi na mesorregião Metade Sul do Rio Grande do Sul 5 . O curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural foi criado com o objetivo de reforçar a área de Comunicação Social do campus de São Borja - localizado a 594 km da capital Porto Alegre e fronteira com o país Argentina - e atender às questões sociais e culturais da região. Entende-se que ele deva contribuir para o cumprimento do compromisso público da Universidade vinculado ao interesse coletivo, em constante diálogo com a sociedade e contato com o mercado de trabalho, alavancando o desenvolvimento econômico, social e cultural do contexto a que 1 Trabalho apresentado na disciplina de Redação e Expressão Oral I, curso de Relações Públicas ênfase Produção Cultural da Universidade Federal do Pampa – campus São Borja. 2 Estudante de Graduação 3º. semestre do Curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural da UNIPAMPA, email: [email protected] 3 Estudante de Graduação 1º. semestre do Curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural da UNIPAMPA, email: [email protected] 4 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural da UNIPAMPA, email: [email protected] 5 Informações retiradas do Projeto Institucional da Universidade Federal do Pampa.

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O presente artigo visa corroborar os estudos de Comunicação Digital como intrínsecos ao nosso cotidiano, seja por um viés mais teórico, seja prático. E, através da metodologia de estudo de caso, exemplificar a temática no contexto acadêmico. Nesse sentido, foi ofertada uma oficina para os estudantes com o objetivo de reapresentar a Comunicação Digital como oportunidade de articulação de informações presente na rotina social. Como resultado, a iniciativa possibilitou trocas de informações e conhecimento, de maneira rápida e eficaz.

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OFICINA DE REDAÇÃO: A COMUNICAÇÃO DIGITAL APLICADA NO ENSINO1

Ivana Cavalcante SARAIVA2

Fernanda Aparecida Machado PEREIRA3 Cristóvão Domingos de ALMEIDA4

Universidade Federal do Pampa

RESUMO O presente artigo visa corroborar os estudos de Comunicação Digital como intrínsecos ao nosso cotidiano, seja por um viés mais teórico, seja prático. E, através da metodologia de estudo de caso, exemplificar a temática no contexto acadêmico da disciplina de Redação e Expressão Oral I – componente curricular do curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural da instituição de ensino Universidade Federal do Pampa. Nesse sentido, foi ofertada uma oficina para os estudantes com o objetivo de reapresentar a Comunicação Digital como oportunidade de articulação de informações presente na rotina social. Como resultado, a iniciativa possibilitou trocas de informações e conhecimento, de maneira rápida e eficaz.

PALAVRAS-CHAVE: comunicação; comunicação digital; pedagogia; redação; relações públicas. 1 INTRODUÇÃO

Em 11 de janeiro de 2008, a Lei 11.640, cria a UNIPAMPA – Fundação

Universidade Federal do Pampa, que tem por objetivos ministrar ensino superior,

desenvolver pesquisa nas diversas áreas do conhecimento e promover a extensão

universitária, caracterizando sua inserção regional, mediante atuação multicampi na

mesorregião Metade Sul do Rio Grande do Sul5. O curso de Relações Públicas ênfase em

Produção Cultural foi criado com o objetivo de reforçar a área de Comunicação Social do

campus de São Borja - localizado a 594 km da capital Porto Alegre e fronteira com o país

Argentina - e atender às questões sociais e culturais da região. Entende-se que ele deva

contribuir para o cumprimento do compromisso público da Universidade vinculado ao

interesse coletivo, em constante diálogo com a sociedade e contato com o mercado de

trabalho, alavancando o desenvolvimento econômico, social e cultural do contexto a que

1 Trabalho apresentado na disciplina de Redação e Expressão Oral I, curso de Relações Públicas ênfase Produção Cultural da Universidade Federal do Pampa – campus São Borja. 2 Estudante de Graduação 3º. semestre do Curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural da UNIPAMPA, email: [email protected] 3 Estudante de Graduação 1º. semestre do Curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural da UNIPAMPA, email: [email protected] 4 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Relações Públicas ênfase em Produção Cultural da UNIPAMPA, email: [email protected] 5 Informações retiradas do Projeto Institucional da Universidade Federal do Pampa.

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pertence. Para as diretrizes curriculares, o desdobramento dos conteúdos é feito através de

núcleos temáticos6 a serem cumpridos pelo aluno no decorrer do curso. Logo no primeiro

semestre, a disciplina Redação e Expressão Oral I - 60h de carga horária - aborda os

fundamentos teóricos da produção de textos e práticas da escrita e expressão oral. Bem

como, busca atenção especial para o estilo da linguagem e exercícios de interpretação.

McLuhan (1974) criador da ideia de “aldeia global”7, trouxe para a educação novo

enfoque, baseado em suas teorias sobre comunicação. Para ele, “[...]as sociedades humanas

sempre foram mais moldadas pelo caráter dos meios pelos quais se comunicam do que

pelos teores da comunicação.” (MCLUHAN, 1974, p.33). Em tempos de internet, essa frase

traduz a implosão da realidade atual com as tecnologias de troca entre os usuários de

sistemas informáticos e máquinas, marcadas também pela hipertextualidade e pela

hipermidiação.

Desse modo, a comunicação digital é um complexo convergente

de mídias e dispositivos digitais situados no contexto da sociedade de informação8. Ela é,

por assim dizer, a forma comunicativa dessa sociedade que se encontra em processo de

formação e expansão. Não há hoje uma única força produtiva que não esteja, direta ou

indiretamente, engajada em algum tipo de relação de comunicação digital. Na concepção de

universidade, no qual a UNIPAMPA está inserida, atuar com o processo educativo não

pode ser meramente a reprodução do saber acumulado pela humanidade, nem tampouco o

educando pode ser tomado como um receptor passivo desse saber. Dessa forma, a oficina

ofertada aos alunos da turma de Relações Públicas foi elaborada e aplicada por um dos

6 Atualmente o Projeto Pedagógico do Curso passa por revisão. Mas até o dado momento, os núcleos referidos no texto são: Núcleo de Estruturação, Núcleo de Formação e Núcleo Complementar. Onde o Núcleo de Estruturação é constituído por conteúdos básicos e essenciais para a formação dos profissionais da área de Comunicação, tendo como objetivo alcançar o perfil determinado pelas diretrizes curriculares da área, tendo como contribuição de formação a comunicação integrada, unindo teorias e práticas do Jornalismo e da Publicidade e Propaganda aos conhecimentos acerca de Relações Públicas; Núcleo de Formação é formado pelas disciplinas fundamentais para a formação profissional em Relações Públicas ênfase em Produção Cultural, tendo como objetivo alcançar um perfil profissional que contemple o Projeto Pedagógico de Curso de Comunicação Social/ Habilitação em Relações Públicas, o Projeto Político-Pedagógico da Unipampa e as Diretrizes Curriculares do Conselho Nacional de Educação/Ministério da Educação; Por fim, Núcleo Complementar é formado por conteúdos interdisciplinares da área de comunicação e das ciências humanas, sociais e aplicadas, propiciando a complementação da formação profissional através da conexão entre diferentes disciplinas e áreas de conhecimento. Seus conteúdos são provenientes de Disciplinas Complementares de Graduação ou Atividades Complementares de Graduação. 7 O conceito de "aldeia global" quer dizer que o progresso tecnológico estava reduzindo todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia. O princípio que preside a este conceito é o de um mundo interligado, com estreitas relações econômicas, políticas e sociais, fruto da evolução das Tecnologias da Informação e da Comunicação, particularmente da World Wide Web, diminuidoras das distâncias e das incompreensões entre as pessoas e promotor da emergência de uma consciência global interplanetária, pelo menos em teoria. 8 Sociedade da Informação é um termo - também chamado de Sociedade do Conhecimento ou Nova Economia - que surgiu no fim do Século XX, com origem no termo Globalização. Este novo modelo de organização das sociedades assenta num modo de desenvolvimento social e econômico onde a informação, como meio de criação de conhecimento, desempenha um papel fundamental na produção de riqueza e na contribuição para o bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos.

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próprios discentes, concretizando o trabalho de pesquisa e compartilhamento do

conhecimento também no fluxo de comunicação horizontal, ou seja, num processo de

ensino e aprendizagem em que tanto professor quanto estudantes estão desprovidos da

relação um sabe e o outro não sabe, mas é uma postura de igualdade em que cada um

socializa os conhecimentos.

2 DO ENSINO À APRENDIZAGEM

Russell (1959, p. 60) afirma que “[...]num certo sentido, tem de se admitir que nunca

podemos provar a existência de outras coisas além de nós mesmos e das nossas

experiências.” Ao longo da sua vida, Russell aliou sempre a intervenção social com a

reflexão filosófica. Complementar ao pensamento do filósofo, Freire (1999), educador

brasileiro, influenciou o movimento chamado pedagogia crítica9. O seu discurso didático

fundamenta-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de

uma prática dialética com a realidade, isto é, a teoria vincula-se à prática.

Freire (1999) defende a capacidade dos discentes de pensar criticamente sobre sua

situação pertinente a educação; esta forma de reflexão os permite reconhecer analogias

entre suas questões individuais a serem resolvidas, experiências e o contexto social em que

eles estão concentrados. Ter uma percepção clara dos fenômenos que nos informam a

respeito da nossa própria existência é um primeiro passo requerido da "práxis". Ela envolve

o posicionamento e participação em um ciclo de teoria, aplicação, avaliação, reflexão, e de

volta à teoria. Ou seja, o resultado da práxis em nível coletivo é justamente a transformação

social.

Relacionando esse posicionamento de Freire (1967) com a proposta de ensino

aplicado em sala de aula, merece destacar que o plano de ensino do componente curricular

Redação e Expressão Oral I contam: aulas expositivas, estudo dirigido, seminários, leitura e

interpretação de textos, bem como exercícios práticos. Neste último está inserida a

qualidade da atividade a seguir descrita por este artigo; quando uma discente elabora e

aplica o conteúdo aos demais colegas. Se a comunicação pode definir-se como a interação

social através de mensagens, por que não aprender a formular e trocar mensagens que

elevem a qualidade da interação social?10 Sobre isso, Schopenhauer (2007, p.39), reforça

9 A Pedagogia Crítica é uma filosofia educacional descrita por Henry Giroux como um "movimento educacional, guiado por paixão e princípio, para ajudar estudantes a desenvolverem consciência de liberdade, reconhecer tendências autoritárias, e conectar o conhecimento ao poder e à habilidade de tomar atitudes construtivas." 10 BORDENAVE Juan E. Díaz. O que é comunicação, p. 93.

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que “[...]é apenas por meio da combinação ampla do que se sabe, por meio da comparação de cada

verdade com todas as outras, que uma pessoa se apropria de seu próprio saber e o domina.”

3 DA PERTINENCIA DA COMUNICAÇÃO DIGITAL

Para o presente artigo, utiliza-se o conceito de Mcluhan (1964), por entender a

comunicação é o processo que envolve a troca de informações utilizando-se dos sistemas

simbólicos como base para o entendimento das informações a serem passadas. O mesmo

autor identifica algumas maneiras de se comunicar, dentre elas, por exemplo: duas pessoas

podem se comunicar através da fala, escrita, gestos com as mãos, mensagem enviada

através do telefone, internet e outros meios de telecomunicações que permitem assim a

interação entre as pessoas afins de algum tipo de troca informal.

Dialogando esse conceito com Schopenhauer (2007), ele busca mostrar caminhos

para que o leitor possa aprender a pensar por si próprio, pretendo tornar-se pensador e

escritor pelas vias do pensamento original e não por permeio da erudição cultivada em

intermináveis sessões de leituras, algumas sem efeito prático no cotidiano das pessoas.

Em termos concernentes à epistemologia defende o saber integral, em contraposição

ao saber compartimentado que já àquela época começava a surgir no campo científico

alemão. E embora escritos na metade do século 19 os conceitos do autor devem ser

apreciados e sobre eles refletirem todos os que lidam com a palavra como ferramenta de

trabalho, como forma de expressão, como arte, como meio de autoconhecimento, até

mesmo como forma de aprimoramento espiritual.

Pelo viés mercadológico, as organizações querem que a Comunicação desempenhe

um papel de entendimento mútuo entre elas e os públicos afetados pelas mesmas, em um

processo de mão dupla e resultados financeiros positivos. Esse processo para ser

considerado excelente tem por suporte, Segundo Kunsch (1997, p. 112) o valor que a alta

direção de uma organização lhe atribui, o papel e o comportamento do responsável por ela e

a cultura corporativa da organização. Nesse sentido, Relações Públicas é o caminho formal

pelo qual as organizações se comunicam com seus públicos, de forma planejada ou

administrada (KUNSCH, 1997).

Em tempos de mundo digital, o que chamamos de convergência – fusão das três

grandes áreas da tecnologia da comunicação e da informação: computadores, comunicações

e conteúdos – constituem nas mais diversas redes sociais online um contexto atrativo para

consumidores e organizações.

O ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura

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material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (LEVY, 1999, p. 17)

A partir dessa perspectiva, pode-se dizer que é preciso estar onde os públicos estão.

Sendo assim, as redes sociais digitais são um terreno fértil para as práticas de Relações

Públicas e da Comunicação Organizacional. Para tanto, é necessária boa escrita e clareza de

comunicação; estar atento as notícias gerais para poder captar oportunidades para

disseminar conteúdo; interagir com participantes nos diferentes pontos, manter contato com

os principais multiplicadores em redes sociais (líderes em comunidades11 e blogueiros12),

identificar conteúdo gerado por outras pessoas que possam ser utilizados para disseminar

em seus pontos de contatos, acompanhar a presença de seus assessorados nas redes sociais

(quantitativa e qualitativa), identificar crescimento da presença on-line, gerar relatórios de

desempenho de campanha e garantir o fluxo de informações entre agência, cliente e redes

sociais.

O analista de mídias sociais é uma das profissões de maior crescimento no mercado

do marketing digital. Recapitulando os requerimentos e atribuições, podemos detectar que

serão melhores aqueles que somam habilidades de Relações Públicas. Alguém habilitado a

analisar as conversas, tabular as informações e fazer a interpretação correta das

conversações para transformá-las em ações reativas ou proativas.

3.1 DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

O desenvolvimento da oficina criada para a disciplina de Redação e Expressão Oral

I utilizara-se do método do caso – método este que consiste em buscar do ouvinte

experiências e opiniões confrontando argumentos a partir de perguntas que aproximem o

assunto a realidade de tais – e, conhecimentos já adquiridos com experiência na área do

marketing. Bem como busca de dados e conceitos do assunto junto a disciplinas

complementares. Foi montada uma oficina com tempo de duas horas e meia, contando com

11 Caracteriza-se pela aglutinação de um grupo de indivíduos com interesses comuns que trocam experiências e informações no ambiente virtual. 12 O que muitos dizem é que para ser um blogueiro basta saber manipular um blog e ter uma boa escrita, mas muito, além disso, o blogueiro deve entender daquilo que está escrevendo, estudar sobre o assunto, ter comprometimento com os leitores, dedicação ao seu blog, ter ética e principalmente manter uma linguagem adequada. Além da tradicional forma de “blogar” onde os donos dos blogs escolhem o tema, o que vem acontecendo é o aumento do número de blogs no mundo corporativo. Muitas empresas estão buscando nesses meios a ferramenta ideal para chegar até seu público-alvo, pois conseguem ter um feedback maior com seu cliente.

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recursos de vídeo, slides e os próprios recursos de comunicação digital. Por exemplo, o

mobile marketing13 como grande novidade para os alunos que participaram da oficina.

A aplicação da oficina ocorreu em uma sexta feira dia 11 de maio deste ano, para os

alunos do primeiro semestre de Relações Publicas – ênfase em Produção Cultural. Discente

da mesma turma, Fernanda Machado, bolsista-monitora do docente da disciplina, Cristovão

Almeida, utilizou de recursos digitais para pesquisa e planejamento da atividade a ser

executada. Objetivando o exercício prático de finalização, usaram as redes sociais para

formar grupos para a realização da mesma; divulgar avisos sobre materiais a serem

utilizados para o cumprimento da oficina. Igualmente, antigos estudos sobre as novas

mídias digitais da comunicação e do marketing pautaram de forma pertinente a construção

do discurso teórico apresentado.

Desse modo, para ilustrar e descontrair a oficina, foram selecionados e apresentados

Cases14 de Comunicação Digital consagrados mundialmente. Sugeriram-se também

exemplos dos meios, textos e práticas da Comunicação Digital no Brasil, na tentativa de

além de aproximar o conceito à realidade hiperlocal, apresentar aos colegas a realidade da

comunicação digital nos diferentes contextos sócios, econômicos e culturais.

A oficina foi estruturada em três momentos. A princípio, os alunos contaram com a

apresentação geral do assunto. Foi apresentado conceito literal e mercadológico, bem como

a aplicabilidades dos mesmos voltados ao curso de Relações Publicas adequando a

linguagem, de maneira simples e despojada, seguindo a intenção da mesma - uma maneira

de aprendizagem tranqüila, porém inovadora em relação a uma aula habitual. A reação dos

participantes, neste primeiro estágio foi um tanto receosa e com certa resistência a

informação e novidade – aula expositiva em um fluxo de comunicação horizontal -,

contraposta na sequência, no instante em que foram apresentados cases utilizando recursos

multimídia, ou seja, vídeos. Surpreendendo-os e animando-os, os cases retirados da mostra

de ações inovadoras de comunicação digitais da ESPM15. Apresentando os exemplos de

13 Mobile marketing – pronuncia-se móbile - é o nome dado as mensagens corporativas, ou seja, os conhecidos SMS (short mensage service), que são enviados simultaneamente a vários números de celulares escolhidos pelo contratante do serviço. O SMS foi criado no final da década de 80 pelo engenheiro finlandês Matti Makkonen para se comunicar com a tecnologia digital chamada GSM (Sistema Global para Comunicações Móveis). Makkonen tinha como objetivo desenvolver um sistema de mensagens bem simples que funcionasse mesmo quando os aparelhos estivessem desligados ou fora da área de cobertura. A ideia surgiu em uma conversa informal com dois colegas, em uma pizzaria em Copenhagen, em 1984. E consiste em mensagens com o máximo de 140 ou 160 caracteres. 14 Histórias contadas por um palestrante ou pelo próprio sujeito da ação. É comum em eventos corporativos (dirigidos a empresas) palestrantes contarem histórias de sucesso. O que se pretende com isto é mostrar caminhos que empresas/pessoas percorreram e obtiveram sucesso. Espera-se que a platéia possa tirar proveito da história, seja para não cometer os mesmos erros (sucesso às vezes vem depois de muitos erros), seja para ver se consegue alcançar o mesmo objetivo. 15 Criada em 1951, a ESPM manteve-se instalada no Museu de Arte de São Paulo até 1955. Nos últimos anos, a ESPM firmou-se como centro de excelência no ensino de administração, marketing e comunicação. Está entre as poucas escolas

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realidade aumentada, tanto a real quando a virtual16, e de tecnologias unidas a redes sociais

mostrando a evolução da forma de navegar no espaço da internet.

Para ilustrar a realidade aumentada apresentou-se a ação promocional do museu do

ex-presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, que na tentativa de atrair os jovens,

utilizou imagens editadas de discursos e raridades da personalidade postadas no Twitter –

rede de compartilhamento de imagens, vídeos e pequenas mensagens em máximo 140

caracteres - que pra muitos linguístas, acreditam revolucionar a forma e estimular a escrita

sucinta – com o QR Code, ou seja, o código criptografado que na utilização de um

dispositivo de imagem (smartphones17, câmeras e/ou webcams). Ao abrir a imagem o

público se deparava com algo engraçado que o atraía a conhecer mais sobre a história de

John Fitzgerald Kennedy. A ação que foi direcionada ao público jovem, obteve como

resultado um aumento de 75% da frequência diária do museu.

Aproximando essa experiência da nossa realidade, visto que o campus da

Universidade está localizado em São Borja, RS, cidade dos presidentes – Getúlio Vargas e

João Goulart, onde há dois museus que contam a história de ícones da política e da história

brasileira. Essa aproximação foi importante como incentivo ao envolvimento e

aprofundamento dos mesmos em suas culturas e utilizar de seus aprendizados para

colaborar consigo mesmo e a comunidade local.

Outro case transmitido foi sobre o uso da tecnologia RFID18. A Coca Cola montou

em Israel, no ano de 2008, um clube de diversão e entretenimento juvenil. Os convidados

ao entrar ganhavam uma pulseira, programada pela própria empresa, que ao entrar em

contato com um feixe de luz de um equipamento específico, tinha a capacidade de dar like19

na rede social Facebook20. Assim, não precisariam se quer entrar em suas páginas pessoais

e postar. Eles podiam tirar fotos e descrever com mensagens de texto, que bastava usar suas

que obtiveram o grau máximo em todas as avaliações (provões) do MEC. É reconhecida como sendo a melhor escola brasileira de marketing e propaganda. 16 Popularmente, chama-se "virtual" tudo aquilo que diz respeito às comunicações via Internet. Um dos mais conhecidos autores a tratar do tema é o francês Pierre Lévy. Ele afirma que "a palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado, por sua vez, de virtus, força, potência. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto, à concretização efetiva ou formal", ou seja, é algo que não existe na forma física. Para Lévy, o virtual é mediado ou potencializado pela tecnologia; produto da externalização de construções mentais em espaços de interação cibernéticos. 17 Telefone inteligente, numa tradução livre do inglês Trata-se de um telefone móvel com funcionalidades avançadas que podem ser estendidas por meio de programas executados por seu sistema operacional. 18 Identificação por radiofrequência ou RFID (do inglês "Radio-Frequency IDentification") é uma tecnologia que utiliza a radio frequência e que pode ser uma alternativa ao código de barras presente em mercadorias ao redor do mundo. 19 A cada vez que uma pessoa clica no like de uma página todos os seus amigos no Facebook podem ver que ele gostou da sua página e repassar para os próprios contatos. 20 Em 2004, Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, três estudantes da Universidade de Harvard, lançaram um site projetado para colocar os estudantes em contato uns com os outros, a fim de compartilharem suas fotos e encontrarem novas pessoas. O Facebook era originalmente voltado para estudantes universitários, mas hoje todos podem se unir à rede.

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pulseiras para estar conectados, compartilhar e curtir outras mensagens, ou áreas do clube

em que estavam.

Utilizando-se da mesma organização, a Coca Cola, foi exemplificado, como usar a

comunicação digital em um planejamento estratégico de Relações Públicas. Na Austrália,

percebendo a pouca demanda da bebida em tamanho 2l (dois litros), percebendo que o

público estava cada vez mais ocupado, e compartilhando cada vez menos da bebida, eles

promoveram uma ação que mudou o nome do rótulo das garrafas de dois litros para os 150

mais famosos nomes do país. O anuncio promocional dizia: “Compartilhe com o dono do

nome”21, e assim foi exposto em outdoors digitais, e em redes sociais, sendo um grande

sucesso.

Finalizando essa etapa, para deixar mais perceptível o que lhes estava sendo

apresentado, foram enviadas mensagens para os celulares dos alunos. Adquiriu-se um

pacote de SMS corporativos de duas mensagens para cada celular presente. As mensagens

chegaram à seguinte ordem: primeira, dez minutos antes do início da oficina, fazendo o

chamado dos presentes a se acomodarem na sala de aula, em seguida ao meio da oficina,

outro texto felicitando os alunos pelo aprendizado sobre comunicação digital.

Reservamos à terceira etapa a construção de conhecimento, através de um trabalho

em equipe, pautado no conteúdo oferecido pelos oficineiros. Semanas antes, a equipe

organizadora da oficina solicitou, por via de redes sociais, que levassem um produto de

gosto pessoal no dia da aula. Ao fim da apresentação, todos tiveram alguns minutos, para

escolher um meio de comunicação digital, e escrever a ação e o texto adequado ao meio,

pensando numa promoção para o produto escolhido. A atividade surtiu efeitos positivos, e

fez com que percebessem a importância de um planejamento, e também de um texto

objetivo e adequado ao meio. Logo, preocupado com o direcionamento da mensagem ao

público a ser atingido.

Visto a receptividade, demos a sequência a mais outra atividade. Nesta os alunos

divididos em grupos como se fossem setores de uma empresa, receberam uma situação

geral e uma específica para cada grupo. Teriam que pensar em alternativas a uma possível

crise que estava pra surgir, e ao mesmo tempo pensar formas de comunicação escrita que

esclarecessem o desconforto da crise iminente. Toda a simulação foi direcionada para que

os participantes escolhessem os meios digitais, que na atualidade se mostram de baixo custo

e alta eficácia.

21 Tradução literal.

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Por fim, junto ao professor, concordaram em uma possível solução dos problemas e

a reflexão dos erros e possibilidades de resoluções propostas pelos alunos. Como

feedback22, os alunos admitiram gostar da prática e que comunicação é essencial. Através

de uma simples simulação comprovaram que parte da desorganização ocorrida entre os

setores durante a atividade são reflexos de despreparo em relação ao domínio da

comunicação reflexiva e interpessoal. Como atesta a estudante Bruna Boursheid:

[...] É importante termos essas práticas durante a formação. Dia a dia nos deparamos com muitas teorias e ensinamentos em ‘papel’, podê-los utilizar enquanto prática é um grande incentivo para a continuidade no ingresso. E conseguimos absorver mais informações do que em uma aula comum.

Portanto, de modo geral, a aceitação da oficina foi positiva e motivadora para

conquistar outros espaços de conhecimento, pois, os alunos puderam experimentar práticas

organizacionais e realizar trabalhos que melhore o pensar, a escrita e as suas

funcionalidades na prática cotidiana das pessoas.

CONCLUSÃO

Ao ingressar em um curso superior o discente espera que lhe seja mostrado logo no

início o que a futura profissão tem a oferecer. Sabe-se, no entanto, que as bases teóricas são

necessárias para a formação do mesmo. Em qualquer curso, da área humana a exata. É cada

vez mais nítida a inclinação das novas gerações quererem aprender, sem que estejam sendo

ensinadas. Deparando com essa necessidade latente nos alunos de ter algo mais palpável

para se basear no que foi planejada a oficina. Não basta que aplique oficinas em modelos

workshop, interessante é que os participantes se envolvam no assunto e consigam se

identificar com os exemplos dados e apreendam.

Tanto quanto o uso de oficinas, essa experiência provou que o uso de Comunicação

Digital como prática pedagógica, não apenas como um conhecimento que transita a esmo e

sem sentido, mas é uma rede de compartilhamento, de forma a incentivar cada vez mais as

trocas de informações e a produção do conhecimento, de maneira rápida e eficaz. Em

síntese, a atividade demonstra que é preciso continuar utilizando espaços e fontes de

informações atuais para desenvolver as práticas, os conceitos e os demais assuntos das

disciplinas, unindo assim, a criação de textos a partir da realidade dos estudantes, ao prazer

de produzi-los, o resultado dessa aprendizagem é envolvimento para lidar e compartilhar

informações e a mobilização em continuar fazendo outras buscas e novas descobertas.

22 Palavra em inglês que no português significa retorno, resposta, crítica, análise crítica.

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