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LUÍS RAMOS > pp.2-3 NOVO DIRETOR APRESENTA LINHAS DE ORIENTAÇÃO PARA O AGRUPAMENTO PROFESSOR > pp.6-7 FERNANDO MARTINS > pp.12-15 ENTREVISTA COM O EX-DIRETOR, PROFESSOR Jornal do Centro de Aprendizagem em Comunicação Social do Agrupamento de Escolas Vale D’Este SEMANA DA LÍNGUA PORTUGUESA escritores presentes: João Pedro Mésseder, Rui Sousa Basto e Maria Teresa Maia Gonzalez Trimestral - número 69. ABRIL 2013 - Direção: Amália Teixeira - Escola-Sede: Escola Básica e Secundária de Vale D’Este, Viatodos, Barcelos http://issuu.com/odespertar http://www.facebook.com/jornal.Odespertar > p.16 ALUNOS DA NOSSA ESCOLA SELECIONADOS PARA DISPUTAR A SESSÃO NACIONAL PARLAMENTO DOS JOVENS

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jornal escolar 69

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luís ramos

> pp.2-3novo diretor apresenta linhas de orientação para o agrupamento

professor

> pp.6-7

FErNaNDo marTINs > pp.12-15

entrevista com o ex-diretor, professor

Jornal do Centro de Aprendizagem em Comunicação Social do Agrupamento de Escolas Vale D’Este

SEMANA DA LÍNGUA PORTUGUESAescritores presentes: João pedro mésseder, rui sousa Basto e maria teresa maia gonzalez

Trimestral - número 69. abril 2013 - Direção: Amália Teixeira - Escola-Sede: Escola Básica e Secundária de Vale D’Este, Viatodos, Barcelos

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o agrupamento de escolas como comunidade educativa

> A Direção d’ O Despertar

A exigência flexível da intervenção educativa

O enquadramento legal, que sustenta a edificação da escola de hoje, orienta- -nos para uma organização que construa uma Comunidade Educativa. Para tal, é necessário desenvolver-se uma liderança forte, alicerçada numa cultura de participação e permanente aprendizagem dos diferentes atores e intervenientes que, direta e/ou indiretamente, colaboram no processo de prestação de serviço educativo.

Apoiando-nos nesta conceção ideológica de escola, pretende-se que o seu Projeto Educativo seja fundamentalmente o reflexo desse desiderato, em busca duma continuidade de trabalho já desenvolvida pelo professor Martins e, deste modo, dar seguimento à construção de um Agrupamento de Escolas de qualidade que consiga envolver todos os atores educativos em prol de um objetivo comum: Educar e Ensinar, respeitando as diferenças de cada um, dentro do contexto geográfico, social e cultural específico do nosso território educativo.

Assim, as atividades a desenvolver e os objetivos a alcançar devem adequar-se a uma escola que pretende estabelecer o equilíbrio entre o sujeito que se disponibiliza para aprender ao longo da vida e o sujeito social, consciente, equilibrado e responsável que se tornou crítico e capaz de tomar decisões. Deste modo, exige-se à intervenção educativa a capacidade de trabalhar, tendo por base diretrizes flexíveis, por forma a contemplar as particularidades grupais e individuais, culturais e escolares, tendo por objetivo desenvolver mecanismos de personalização do indivíduo, assim como a sua socialização e respetiva humanização.

A dimensão organizacional da educação

Tendo como pano de fundo o que atrás foi explanado, tem-se verificado, nos últimos anos, o reconhecimento do papel fundamental que a estrutura diretiva possui na prossecução da árdua

tarefa de gestão/administração de um Agrupamento de Escolas. Deste modo, além das vertentes individuais e sociais da educação, contempla-se hoje, mais do que nunca, uma dimensão organizacional da educação. Esta desenrola-se no plano da materialização e consequente concretização do ato educativo num espaço próprio – a escola.

Assim, na escola, para além dos alunos, estão implicados um vasto conjunto de agentes que se constituem como uma comunidade organizada e interativa – os colaboradores. Compreende-se desta forma, a grande preocupação de qualquer liderança em capitalizar o potencial de conhecimento humano que cada agente possui.

A liderança deve, desta forma, implementar uma cultura de gestão que vise maximizar as capacidades dos seus colaboradores, estando atenta às necessidades e às aspirações que cada um traz para a organização escolar, implicando uma gestão das forças e energias que cada um tem para dar em prol de objetivos e visões comuns para a organização. A gestão dos diferentes conhecimentos, competências e qualidades deve ser capitalizada de forma a atingir os objetivos organizacionais, não esquecendo que todos os participantes, incluindo os alunos, transportam para a escola as suas vivências e experiências próprias e distintas, que deverão ser contabilizadas como um recurso valioso para o trabalho organizacional.

A gestão/administração do Agrupamento – conflitos e negociação

Assim, ao observarmos com alguma profundidade uma organização escolar, verificamos o despontar de áreas de incertezas, de jogos de poder, de conflitos de interesse grupais e individuais que justificam uma focalização politizada da mesma (o termo politizada não se refere, neste contexto, às lutas partidárias, mas sim às conceções diferenciadas que cada um tem sobre o fenómeno educativo e sua gestão/organização). Este quadro de observação perspetiva a organização escolar como um local onde as principais decisões tomadas envolvem a distribuição de recursos limitados. Ela é constituída por uma dinâmica permanente de coligações entre os indivíduos que a compõem e grupos de interesses que nela se constituem. Esses indivíduos e grupos de interesses, por norma, não comungam dos mesmos valores, das mesmas crenças, das mesmas preferências e não são todos possuidores da mesma informação, não perspetivando a realidade da mesma maneira. Por isso, o processo de decisão e fixação dos objetivos da organização são fruto de um trabalho negocial que nem sempre é transparente e onde cada um, em função dos recursos de que dispõe, tenta obter os maiores ganhos. Nesta linha de ideias e tendo em conta que os recursos são escassos e que os interesses dos

novo diretor aPrEsENTa lINhas DE orIENTação Para o agruPamENTo

novo diretor do agrupamento de escolas vale d’este

02> A ESCOLA E O MEIO

EDiTORiALa EsCrITa Como aTo DE CIDaDaNIa

O início de um novo período letivo assinala mais um número do nosso Despertar, já na sua 69.ª edição.

Sendo este um meio democrático a que todos têm acesso para comunicar o que se passa na Escola e no Agrupamento, esta edição recolhe, mais uma vez, notícias diversas, acontecimentos, entrevistas e tantos momentos da nossa vida na escola, desenvolvidos por alunos e professores, tantas vezes invisíveis à Comunidade Escolar.

Enquanto professores, cabe- -nos fomentar a escrita como um ato de cidadania, visando informar e formar leitores atentos, interessados e despertos para tudo o que ocorre à sua volta. Os nossos alunos são, sem dúvida, agentes importantes neste processo de dar a conhecer os projetos e as atividades em que estão envolvidos, as iniciativas que desenvolvem, as experiências pessoais e científicas por que vão passando, as suas conquistas no desenvolvimento da escrita e da leitura, na sua formação de cidadãos convictos do seu papel social.

Nesta edição, destacamos a entrevista ao ex-diretor do nosso Agrupamento, professor Fernando Martins que, ao longo de quase três décadas, comandou os destinos da Escola e do Agrupamento traçando o seu rumo. Será certamente recordado pelas várias gerações de alunos que consigo se cruzaram.

Especial destaque ainda para os nossos jovens deputados que, em maio, irão representar a nossa Escola no Palácio de S. Bento, em Lisboa.

Agradecemos a todos quantos colaboraram connosco, ajudando a criar mais um número na já longa história deste jornal: alunos, professores dos vários departamentos e direção.

Uma boa leitura para todos!

Propriedade: Agrupamento de Escolas Vale D'Este - Barcelos Sede: Escola Básica e Secundária de Vale D’Este, Viatodos, Barcelos - Rua das Fontainhas, nº 175 - 4775-263 Barcelos - Telf: 252960200; Fax: 252960209 - e-mail: [email protected]/[email protected] Direção: Professora Amália Teixeira Equipa: Professor Pedro Ferreira (paginação), Professores Jorge Pimenta, Joaquim João e Nuno Martins (colaboração). Colaboração da Direção e dos Departamentos. Tiragem: 700 exemplares. Execução Gráfica: Oficinas S. José - Rua do Raio, Braga; Telefone: 253 609 100; e-mail: [email protected]

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ProFEssorluís dias ramos

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diferentes atores são divergentes, o poder e o conflito assumem um lugar central na vida quotidiana da organização escolar.

Por isso, a escola deve ser encarada como um local de lutas ideológicas, uma arena de competição e de contestação, relativamente aos modelos de gestão e administração que se pretendam implementar com o fim de dar resposta às carências diagnosticadas no processo de ensino-aprendizagem numa determinada escola/agrupamento, inserida numa comunidade específica. O conflito é intrínseco à decisão política no campo da educação e é desse conflito que emergem soluções que possam abarcar a pluralidade de interesses existentes na arena educativa, assim como, é esse mesmo conflito que se pode transformar em proveito educacional, relativamente às várias pressões que a escola sofre de

forma direta e indireta enquanto produtora de capital humano com conhecimento.

Nessa perspetiva, cabe à direção e ao seu diretor um trabalho negocial constante entre os diferentes atores da comunidade educativa, com vista a atingir os objetivos a que se propõem. Essa tarefa deve sempre visar a harmonização dos conflitos, assim como a construção de uma paz de trabalho, de organização/administração e de educação orientada em proveito do processo de ensino-aprendizagem.

Não é tarefa fácil, dado implicar um confronto humano desgastante, porque diário, entre formas diferentes de observar a realidade, produzindo uma pluralidade de soluções para a resolução de um mesmo problema, cabendo ao órgão de gestão a responsabilidade da decisão, atendendo ao conjunto de variáveis subjacentes às problemáticas em causa.

O envolvimento de todos em prol de um projeto comum

Nesta linha de pensamento, torna-se imperativo à escola dos nossos dias a construção de um projeto de trabalho comum, que funcione como alicerce e motor de transformação. Assim, um diretor e uma direção empenhada devem ser capazes de implicar e envolver os alunos, os pais e encarregados de educação, os professores e os diversos colaboradores, num projeto futuro que responda às necessidades de cada um e de todos. Para tal, deve proporcionar aos seus diferentes agentes educativos incentivos necessários para trabalharem em prol de objetivos comuns, desenvolver mecanismos de cooperação, partilha e promover a reflexão

sobre práticas e procedimentos.

Dar sequencialidade ao trabalho desenvolvido

Sendo eu professor neste Agrupamento de Escolas, tendo exercido diversas funções e cargos de natureza pedagógica e fazendo parte, nestes últimos anos, da equipa diretiva, tive a oportunidade de me inteirar de todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em termos de conceção de escola, política educativa seguida, documentos estratégicos criados e caminho trilhado, com vista à obtenção da satisfação do seu público escolar e respetiva comunidade educativa, objetivando uma escola de referência e qualidade.

Assim, penso ser de profunda utilidade dar sequência às rotinas geradas, aos documentos construídos, às equipas constituídas, às dinâmicas criadas

com vista a promover uma gestão/administração educativa de referência, como foi seu apanágio até agora.

Um Agrupamento de Escolas com “cultura própria”

O Agrupamento de Escolas de Vale D´Este é uma Organização Escolar detentora de uma cultura própria. Tendo em conta que o conceito de cultura, por definição, só é passível de ser considerado como tal, quando esta foi construída ao longo de muitos anos, pela influência de uma liderança marcante e aceite por várias gerações de pessoas que a viveram e que, através dela, se tornaram cidadãos e por isso a reconhecem como existente. Nessa perspetiva, é incontornável não

fazer referência ao trabalho meritório, desenvolvido ao longo de quase trinta anos pelo professor Fernando Martins, diretor cessante por aposentação.

Por isso, não será de todo estranho reconhecer que todos os alunos, pais e encarregados de educação, professores, funcionários e outros colaboradores que estiveram ou ainda estão envolvidos, de forma direta ou indireta, através de vínculos internos e/ou externos a esta Organização Escolar, se reveem, sem constrangimentos, na figura do seu diretor cessante: o professor Martins! E isso deve-se, acima de tudo, ao carisma, à experiência, à postura profissional e ética sempre demonstrados, à capacidade de ler e entender a diferença, à humildade na postura, à bondade humana em ajudar o próximo, à preocupação constante em desenvolver um trabalho dentro de um clima profissional de harmonia, paz e entendimento. O professor Martins torna-se, desta forma, um modelo e uma

referência a seguir na perseverança em querer, seriamente, contribuir no processo de melhoria da qualidade de vida dos habitantes deste território educativo.

Nota Final

Assim, a minha tarefa como diretor deste Agrupamento está enraizada numa forte convicção de que esta Unidade Orgânica pode continuar a ser uma referência no contexto educativo atual e local. De igual modo, acredito que a qualidade das organizações alicerça- -se, maioritariamente, nos processos organizacionais que são desenvolvidos no seu seio, assim como na cultura que nela é veiculada. Por isso, acho ser possível, mesmo em condições adversas, (profunda crise económica, degradação social, constantes mudanças

legislativas na educação, congelamento das carreiras, cortes salariais, insegurança e futuro incerto…) motivar todos os atores educativos em prol da causa educacional.

Também creio que, com trabalho, esforço, dedicação e o apoio de todos os bons profissionais e amigos, docentes e não docentes, que laboram neste Agrupamento, poderei, com os meus colegas de direção, encetar um trabalho que objetive o desenvolvimento de um ensino eficaz, de qualidade, dirigido a todos, visando a formação integral de indivíduos, preparando-os para os desafios da atualidade e do futuro e para o exercício da cidadania participativa e responsável.

Espero, sinceramente, ser um elo de transição harmoniosa e empenhada na árdua missão de educar, escolarizar e formar a gente do vasto território educativo que servimos!

> O Diretor, Luís Dias Ramos

...creio que, com trabalho, esforço, dedicação e o apoio de todos os bons profissionais e amigos, docentes e não docentes, que laboram neste Agrupamento, poderei, com os meus colegas de direção, encetar um trabalho que objetive o desenvolvimento de um ensino eficaz, de qualidade, dirigido a todos, visando a formação integral de indivíduos, preparando-os para os desafios da atualidade e do futuro e para o exercício da cidadania participativa e responsável.

03> A ESCOLA E O MEIO

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04> A ESCOLA E O MEIO

Estudos após estudos demonstram que a Terapia Assistida por animais revela ser uma ferramenta capital para ajudar as crianças com autismo. Esta terapia demonstra ter um poder terapêutico que combate o isolamento e facilita a comunicação, trazendo uma melhoria de saúde e de autoestima para estas crianças.

Os animais são poderosos aliados para as pessoas especiais, pois apresentam a capacidade de gerar mudanças no processo de aprendizagem e desenvolvimento das mesmas. Na presença de animais, os terapeutas conseguem construir uma verdadeira e íntima relação com as crianças e assim começar uma intervenção terapêutica.

Esta terapia tem como objetivos:

• Fortalecer laços sociais;

• Habilitar a criança a obter um maior conhecimento dela própria e do ambiente que a rodeia;

• Desenvolver uma maior autoestima;

• Fomentar a comunicação;

• Ser um catalisador de emoções.

A terapia com animais mais conhecida é a que utiliza os cavalos como meio terapêutico, designando-se por Hipoterapia.

A hipoterapia é um recurso terapêutico, rico em estímulos motores, sensoriais, emocionais

e cognitivos. Utiliza-se o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e transdisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação, procurando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ ou com necessidades especiais.

A utilização do cavalo como instrumento terapêutico proporciona um movimento tridimensional, variável, repetitivo, com ritmo e cadência no qual se pode graduar a intensidade e a quantidade de informações sensoriais ao paciente autista ou com deficiência mental.

Enquanto montado, em movimento, através dos andamentos do cavalo (passo, trote e galope), o SNC (Sistema Nervoso Central) apresenta uma intensa ativação sináptica através dos sinais de input e output que favorecem os ajustes posturais, motores, respiratórios entre outros, permitindo que o paciente permaneça em “alerta” facilitando a aprendizagem, memorização, concentração, cooperação, socialização, organização do esquema corporal, aquisição de estruturas tempo-espaciais, assim como o equilíbrio, a tonificação muscular e a comunicação verbal e gestual.

O trabalho da perceção espacial e do esquema corporal é baseado nas sensações tácteis, vestibulares e propriocetivas. A pessoa, na hipoterapia, experimenta os sentidos da visão, olfacto, tacto,

audição e, em diversos momentos, o paladar com acentuada intensidade.

O terapeuta e o cavalo estimulam, desenvolvem e integram estes sentidos objetivando a organização da informação sensorial assimilada e das acomodações corporais, o ritmo e o movimento.

Na hipoterapia, o apoio físico é dado pelo cavalo através da sua massa corporal e o apoio psicológico pelo terapeuta através do contacto físico, jogo de olhares, linguagem simples e tranquilizadora. O cavalo assume simbolicamente a função protetora e vinculativa que transmite calor, ritmo, balanço, massa corporal e apoio.

Através de atividades diferenciadas como percursos, jogos e músicas realizadas dentro do programa terapêutico, ocorre a descoberta do espaço e do potencial do paciente devido à gama de informações transmitidas pelo animal face às diversas oscilações corporais e a tentativa constante da manutenção corporal (equilíbrio) em função da ativação do sistema vestibular.

Deve-se observar que as crianças autistas ou com deficiência mental têm uma forma diferente de se expressar e de comunicar. Portanto, é imprescindível dar prioridade à forma de comunicação (evitar linguagem abstrata) a ser utilizada devido ao pensamento concreto que estes pacientes possuem.

Como resposta terapêutica, os resultados são saudáveis, pois estes pacientes apresentam aumento da tolerância (menos irritadiços), satisfação pessoal demonstrada através de sorrisos e risos, melhoria da perceção corporal, atenção, maior proximidade e contacto com o animal (condução e cuidados) como também aceitação ao contacto físico e visual e diminuição dos movimentos estereotipados, transformando-os em movimentos funcionais.

> Docentes de Educação Especial

São comuns, no atendimento psicológico, os casos de ansiedade, nomeadamente, face a momentos de avaliação. Estes momentos são vividos com intensa angústia que se mantém antes, durante e após as avaliações. Este tipo de ansiedade afeta o bem-estar físico, psicológico e social dos jovens e, em muitas situações, relaciona-se com baixa autoestima, baixo autoconceito, sensação de ineficácia, medo de ser avaliado negativamente, dificuldade em manter a atenção, métodos de estudo incorretos e pouca orientação nos objetivos.

Contudo, a ansiedade não tem de estar sempre associada a reações negativas quando a sua dose implica maior atenção e focalização na tarefa, bem como uma adaptação a um novo ambiente, funcionando como motivadora para a realização de determinada situação. O limite da ansiedade existe quando é sentida como perturbadora e desconfortável para a vida dos jovens, resultando em medo, fuga de situações vistas como ameaçadoras e alterações fisiológicas acentuadas.

Em contexto escolar, a ansiedade face a situações de avaliação, poderá estar associada a uma preparação ineficaz e à consequente consciência da falta de perceção da incapacidade ou ausência de preparação perante a situação de avaliação. Vários estudos apontam que a ansiedade tem maior prevalência no sexo feminino pela procura de um perfecionismo exagerado e com pouca orientação para os objetivos. Neste sentido, tem-se verificado que, em situações de avaliação, os jovens com menos ansiedade atingem melhores resultados em tarefas mais difíceis do que aqueles que têm uma elevada ansiedade, perante as mesmas situações.

Spielberg refere que numa situação em que um aluno vai fazer um exame perceciona a situação como mais ou menos ameaçadora em função da sua ansiedade em situação de exame bem como de determinados fatores situacionais como o domínio dos conteúdos, o estudo realizado, a atitude face ao teste, e as competências que influenciaram a forma como o aluno se preparou e que o fazem sentir mais ou menos preparado para o realizar. Neste sentido, estudantes melhor organizados sentem-se menos ameaçados. Quanto maior for a perceção que o aluno tenha do teste como ameaçador, maior será a sua ansiedade e as manifestações cognitivas como excesso de preocupação, pensamentos irrelevantes e perturbadores para a tarefa, entre outras alterações. Assim, os alunos com ansiedade em situações de avaliação ativam uma maior preocupação que, por sua vez, vai interferir diretamente na realização da tarefa. Associados a esta ansiedade, face a situações de avaliação, estão fatores como a pouca preparação, poucas capacidades, uma experiência negativa no passado, uma atitude negativa em relação à escola, baixa autoestima e autoconfiança, existindo sempre um estímulo real ou percebido que funciona como ativador desta ansiedade.

Perante estas situações, é necessário intervir. Esta intervenção deve passar pela alteração das reações emocionais em situação de avaliação, por um lado, e para a modificação dos processos cognitivos, por outro. Assim, uma intervenção combinada de terapia cognitiva, dessensibilização sistemática, treino de relaxamento e aconselhamento nos métodos de estudo estão positivamente relacionados com a redução dos níveis de ansiedade e a obtenção de melhores resultados escolares.

O resultado final é devidamente atingido quando os alunos conseguem aplicar e generalizar as técnicas aprendidas, em contexto de intervenção psicológica, nas mais diversas situações de avaliação.

> Serviço de Psicologia e OrientaçãoMarta Fernandes

um olhar sobre o Autismo e a Hipoterapia

a ansiedade e o sucesso escolar

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São tantas as vezes em que querem saber quem sou, em que me pedem a minha identificação... - Tem o seu B.I. consigo?, - Ah, sim, aqui está!, respondo, estendendo o meu cartão de cidadão. Identidade? A identificação está relacionada com a identidade? Estará, mas é assim como que um átomo da matéria toda! Uma ínfima parcelinha da equação global!

Poderá dizer alguma coisa sobre a nossa embalagem, mas aquilo que realmente nos identifica, que nos torna verdadeiramente únicos, é a nossa personalidade, a forma como pensamos e agimos perante as diversas situações.

O tempo e o espaço em que vivemos, as dificuldades que

enfrentamos ou as facilidades que nos são dadas, a educação que recebemos, o sexo a que pertencemos, o estrato social em que convivemos, as alegrias e as tristezas que vivemos, os traumas que sofremos, a nossa condição física e a presença de uma família mais ou menos estável são apenas algumas das condicionantes que irão moldar a nossa personalidade para toda a vida. Mas a nossa personalidade não se mantém inalterada ao longo dessa vida: com o passar do tempo e as novas experiências vividas, vamos crescendo, amadurecendo, alterando o nosso olhar.

Devido a estes fatores e a possivelmente muitos outros, cada

pessoa é apenas igual a si própria, vê o mundo à sua maneira e age de uma forma única perante cada situação, umas vezes cometendo erros e aprendendo com eles (ou não!) e outras vezes acertando. Apesar de sermos todos diferentes, não existem uns melhores, nem outros piores, nenhum indivíduo se pode sentir superior a outro.

A personalidade é o nosso verdadeiro cartão de cidadão, não existem duas pessoas iguais, cada uma é apenas igual a si própria, mas todas têm valor, ninguém nasce bom ou mau, as circunstâncias da vida é que, por vezes, nos corrompem.

> Professor David Ferreira

Tendo como base de trabalho a nossa experiência concreta do ensino, da educação e da relação pedagógica em comunicação real com professores, funcionários, alunos e encarregados de educação, propomo-nos fazer uma segunda reflexão a fim de reconstruirmos em pensamento o concreto de uma escola, pois pensamos ter encontrado nesta filosofia concreta da existência os fundamentos ontológicos do que nós somos na nossa relação com os outros. Nesta reflexão, a escola nunca será o objeto de que todos falam e acerca da qual se faz discurso, mas o sujeito com o qual vivemos e partilhamos as nossas experiências pedagógicas.

Assim, quando experimentamos uma escola constituída por “indivíduos” que transmitem informações uns para os outros, estamos diante de seres que, na perspetiva de G. Marcel, embora tenham proximidade física, não estão presentes uns aos outros porque estão ocupados de si.

Eles comunicam entre si como se ela exprimisse a forma como olhamos a escola, enquanto objeto exterior a nós, ou enquanto sujeito com o qual nos relacionamos. Enquanto objeto, a escola apresenta-se diante de nós e exterior ao nosso ser. Enquanto sujeito, é uma experiência, no sentido em que aparece ligada à presença de alguma coisa de nós a nós mesmos e faz-nos ser alguém em relação e oposição a um número indeterminado de outros alguém permitindo-nos ao mesmo tempo a participação na experiência dos outros. Esta participação não é possível

num mundo, ou numa escola, onde cada um se ocupa apenas de si, e que portanto, se mostra indisponível para o outro. Além disso, quando estamos com um ser indisponível «temos a consciência de estar com alguém para quem não somos, porque somos devolvidos a nós mesmos» e impedidos de entrar em nós. O mesmo podemos afirmar da escola, para quem somos ou não somos, consoante aqueles que a constituem se mostram indisponíveis ou ocupados de si. Por isso, recolher significa entrar em si, ou sair de si e não é compatível com a indisponibilidade. Então, para que se exerça a reflexão sobre o ser em situação e a escola seja outro para nós, é necessário que cada um ultrapasse a sua opacidade interior, o seu egoísmo e inicie as relações autênticas com um tu.

Estas relações só podem ser vividas na escola que se situe no plano do ser e não no plano do ter.

No primeiro plano, as experiências pedagógicas revelar-se-ão como experiências de comunhão e os intervenientes serão pessoas que se acolhem enquanto seres abertos e disponíveis, que estabelecem entre si relações autênticas, sentem e agem pela mediação do outro; no segundo plano, como experiências de transmissão onde os seres se apresentam como indivíduos que efetuam a troca de saberes fora da dimensão do ser e se situam no mundo dos objetos. Desta forma se acentuam as diferenças não só entre indivíduo e pessoa

como entre acolher e transmitir. Contudo, a diferença não está nos conceitos, mas na atitude e esta somente se revela na experiência da vida.

A experiência mostra-nos que numa aula em que o objetivo principal é a transmissão de conhecimentos, não podemos esperar que o outro responda, mas apenas esperar que o outro (o aluno) escute o que lhe é transmitido. A comunicação que se estabelece entre professor e aluno é caracterizada por um diálogo assente numa relação triádica onde os sujeitos, tratados como objetos, se despersonalizam e se olham como um ele. Nesta aula, em que a estrutura da relação é eu-ele, o professor e o aluno não estão presentes um ao outro enquanto pessoas, mas apenas enquanto ficheiros, cada qual com a sua função. No entanto, também sabemos que pouco a pouco o eles se pode transformar em tu, se durante o diálogo cada um se abrir ao outro e permitir que o outro se apresente autenticamente como sendo outro. Então, passar-se-á da transmissão ao acolhimento e já poderemos esperar que o outro responda. Esta passagem acontece se os sujeitos da relação, neste caso o professor e o aluno, descobrirem que há alguma coisa que os una na sua interioridade e os faz ser na relação. É esta relação sui generis entre o indivíduo real, a pessoa e a realidade à qual ele adere, isto é, entre o homem, o professor e a escola, que transforma a aula numa experiência única. Nestas circunstâncias não há métodos

didáticos que descrevam ou exprimam com autenticidade a experiência que é vivida por cada um. Por isso, ainda que apliquemos alguns métodos, já teorizados e experimentados com êxito, situemo-nos em primeiro lugar na relação antes de iniciar a relação pedagógica e de seguida deixemos que o nosso ser acolha as surpresas que o outro tem para nos oferecer. Neste sentido, devemos participar da realidade escolar enquanto seres concretos e viver a experiência pedagógica a partir da estrutura relacional eu-tu. Por estas razões, mais do que inculcar noções abstratas, é preciso despertar o sentido concreto e reconhecer os valores fundamentais que tornam possível o reconhecimento e ao mesmo tempo dignificam as pessoas. Para isso, na perspetiva de G. Marcel, cada um de nós deve multiplicar em torno de si as relações de ser a ser e lutar ativamente contra a espécie de anonimato que prolifera nas nossas escolas e o «educador deve, em vez de impor uma formação, promover em cada um o que ele é autenticamente, tendo em vista o bem criador que numa situação qualquer um ser humano pode fornecer à comunidade concreta de que faz parte».

Com efeito, o filósofo acredita na inesgotável riqueza de ser pessoa e na sua autenticidade. Se lembrarmos algumas passagens de Homo viator veremos que ser pessoa é ser autêntico e fiel a si próprio e ser fiel a si próprio é também ser fiel ao outro. «A fidelidade, embora difícil de

praticar, quando é autêntica possui o poder misterioso de renovar não somente aquele que a pratica, mas ainda o seu objeto (…) porque ela é um testemunho da pessoa».

Neste sentido, ao promover em cada aluno o que ele é autenticamente, o educador está a despertar a pessoa que há em cada um e, portanto, a promover as relações interpessoais, uma vez que a pessoa emerge da relação do eu com um tu, e ainda a renovar a escola.

Apesar de nos encontrarmos num mundo em que as relações são cada vez mais impessoais, G. Marcel, ao mesmo tempo que nos convida à reflexão, diz-nos que «a experiência mostra que os homens podem reaprender a viver sempre que são colocados em condições concretas». Por isso, coloquemo-nos em condições concretas e reflitamos sobre o nosso espaço de relação, acreditando na existência de valores que o homem não pode desconhecer sem trair a confiança e o crédito no próprio homem, nem se trair a si próprio.

> Professor David Ferreira

o nosso verdadeiro bIlhETE DE IDENTIDaDE

a escola enquanto ESPAçO DE RELAçãO

05> A ESCOLA E O MEIO

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A Semana da Língua Portuguesa é já tradição na nossa escola e, este ano, decorreu entre 25 de fevereiro e 1 de março.

No âmbito deste certame, e em estreita colaboração com a Biblioteca Escolar, os alunos puderam conversar com escritores: Rui Sousa Basto e Maria Teresa Maia Gonzalez, para o 3.º ciclo, e João Pedro Mésseder para o 2.º ciclo. (Estava prevista a vinda de Albertina e Miguel Fernandes, mas a atividade teve de ser adiada para o 3.º período por razões de natureza pessoal da autora).

Logo na segunda-feira de manhã, João Pedro Mésseder (nome literário de José António Gomes, Professor Coordenador da Escola Superior de Educação do Porto) chegou à nossa Biblioteca e foi surpreendido pela exposição dos retratos que muitos dos alunos do terceiro ciclo, motivados pelos seus professores de Educação Visual, fizeram a partir de fotografias suas. Também gostou de ler poemas que alguns alunos escreveram a partir dos seus trabalhos da obra O Pequeno Livro das Coisas. Depois, realizou duas sessões para todos os alunos do 6.º ano. Atentos, curiosos e entusiasmados, os nossos meninos e meninas entrevistaram o autor, que respondeu com calma e simpatia a todas as perguntas. Os alunos do 6.º A, também alunos da Academia de Música de Viatodos, brindaram o autor com uma apresentação de violino e outra de clarinetes.

Ao terminar cada sessão, o autor encantou os alunos com a leitura (deliciosa!) de um conto do seu livro Contos e Lendas de Portugal e do Mundo. Um momento inesquecível, este encontro que deixou marcas nos nossos pequenos leitores, como se pode ver pelos seguintes testemunhos na primeira pessoa:

A atividade ficou muito divertida com a declamação feita por J.P. Mésseder de um poema de Fernando Pessoa (No comboio descendente) e com a revelação do seu novo livro. Adorei esta atividade!

> Joana Cardoso, 6.º A

Adorei a forma com J.P. Mésseder nos leu a história A Galinha Negra e como respondeu às nossas perguntas. Ouviu com entusiasmo os alunos da minha turma a tocar violino e clarinete. Adorei este encontro!

> Bruno, 6.º A

Gostei muito desta atividade e vou tentar saber mais sobre a sua nova história.

> Bruna, 6.º A

Eu adorei a atividade porque tive a honra de tocar violino para J.P. Mésseder e porque é sempre bom conhecer escritores portugueses.

> Angélica, 6.º A

sEmaNa Da líNgua PorTuguEsa v edição

Encontro com

João Pedro Mésseder

Na minha opinião, a vinda do escritor João Pedro Mésseder foi um incentivo para os alunos que gostam de ler e escrever e, mesmo para aqueles que, não gostando, vão começar a ler e a escrever.

> Marta Machado, 6.º D

Com o João Pedro Mésseder aprendi que, na escrita, não podemos fazer tudo bem à primeira: temos de fazer… ler… apagar e refazer…

Maria João, 6.º D

Para mim foi um privilégio poder ter o escritor João Pedro Mésseder na nossa escola. Tive o prazer de conhecer um pouco do seu novo livro que vai sair no dia 6 de abril. Foi um momento bem passado, onde pude adquirir novos conhecimentos.

> Hélder Barbosa, 6.º E

Encontro com

Rui Sousa Basto

Soou como um tiro na aula de Português: o microconto Sniper, que lemos e analisamos. A história parece tão trivial como outra qualquer, mas, à medida que a líamos, fomos percebendo a densidade dramática e os dilemas que as personagens deste autor normalmente assumem. Aqui, há um atirador profissional, em plena ação, que tem de proteger uma menina raptada das mãos de um criminoso, o que nada teria de extraordinário se, a meio da trama, ele não percebesse que o raptor é o seu próprio pai.

Disparar e proteger a inocente criança, matando o seu pai, ou fechar os olhos e pousar a arma, acovardando-se às suas responsabilidades?

O dilema adensa-se até que, ao ver que o seu pai ia disparar sobre a menina indefesa, o atirador disparou primeiro, matando-o, e suicidando-se de seguida.

Nós sentimos na pele esta decisão do sniper e na nossa situação não saberíamos o que fazer; talvez nem puxássemos o gatilho nesse tiro rápido, discreto e traumatizante.

Este microconto foi, de alguma forma, marcante para nós, porque nos confronta com a realidade e as nossas fraquezas quando temos de tomar decisões difíceis – a vida e a morte.

> Hugo Silva, José Araújo e Tiago Oliveira, 10.ºA

06> A ESCOLA EM MOVIMENTO: SEMANA DA LÍNGUA PORTUGUESA

João Pedro Mésseder Rui Sousa Basto

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- Olhem para o poema durante alguns minutos. Deixem-no assentar. Então, o que é que aconteceu quando leram o poema? - Não estou a perceber a pergunta.- Leram o poema. Aconteceu qualquer coisa, houve qualquer coisa que se mexeu na vossa cabeça, no vosso corpo, na vossa lancheira. Ou então não aconteceu nada. Não têm de responder a todos os estímulos do universo. Não são cataventos.O Professor, Frank McCourt, Editorial Presença

Quando fui convidada a ler o livro Contos do Efémero de Rui Sousa Basto (porque era um dos escritores convidados para a Semana da Língua Portuguesa) fi-lo um pouco sem vontade, um pouco cansada de folhear livros que nada fazem acontecer dentro de mim. E, inesperadamente, o livro teve em mim o efeito que alguns poemas tiveram nos alunos do professor irlandês Frank McCourt. Surpreendeu-me do início ao fim. Passei de conto em conto à espera que a minha ideia inicial “Não é de certeza nada de especial” se confirmasse. Mas, contra minha vontade, cheguei ao fim de cada um dos trinta microcontos a dizer em silêncio ”Que bem!” Entretanto partilhei a leitura de alguns contos com duas turmas: uma do sétimo ano e outra do nono ano. Foi interessante constatar que, de facto, as palavras mexiam com os alunos. Rostos expectantes, sorridentes, de repente tornavam-se sérios ou davam lugar a uma gargalhada inesperada. Dias depois foi o encontro na Biblioteca Escolar e alunos de diferentes níveis de ensino – do sétimo ao décimo ano – deliciaram-se com a conversa que aconteceu. E aconteceu porque o autor se revelou um ser humano interessante e interessado em ouvir os nossos alunos que participaram com empenho e entusiasmo. Na semana seguinte, adquiri uma interessante publicação resultante de um concurso “Cem Anos – 100 Palavras” organizado pela Universidade do Porto, no âmbito das comemorações do 1.º centenário da Universidade, cujo primeiro prémio foi atribuído ao nosso convidado. Para essa colectânea foram selecionados vários contos do autor o que comprova a sua qualidade. Rui Sousa Basto tem também outra obra, Labirintos, que já faz parte da minha modesta biblioteca. E, como se devem partilhar as descobertas, já partilhei esta obra que facilmente conquistou novos admiradores. Neste caso, vemos contrariado o velho ditado “Santos da casa…” uma vez que o autor é de Barcelos. Sendo de tão perto, leva-nos longe na reflexão. Os seus contos revelam um profundo conhecimento do Ser Humano onde a luz e a escuridão se misturam de modo surpreendente.

> Professora Margarida Figueiredo

Não somos CaTavENTos

07> A ARTE PARA LÁ DAS PALAVRAS

[nada

[nadapersegues[nadate é devido ou prometido[nadanem mesmo as letras e os sonsque cospem a palavra brancaa escrever todas as mortes:[nada.

a mão esquerda aberta sobre o peitoos dedos apagadosem necrosee todas as paisagens do corpo[nadaapenas a intermitência de umestremecimento.

o resto é[nadao resto é apenas o que existe fora de tipor julgares ser eternoo que dentro de ti já não tens.

[nadae a explosão que não chega…

> eurico portugal

O meu sonho

Queria voarVoar, voar, voar,Até ao infinito.Tentei voarMas caí.Caí umas quantas vezesEsfolei braços e pernas,Mas tentei de novo.Aconteceu o mesmoNão sou pássaro para voarTive uma ideiaTer aulas de vooEsforcei-meTreineiNunca parei de treinarAinda bemPorque hoje um avião já sei pilotarAs nuvens posso alcançarO sonho já se concretizouEu,eu já sei voar.

> Raquel Vieira, 7.ºA

O MARO mar é um grande manto brilhanteCom o reflexo do sol.Ao fundo, os pescadores pescamCom rede, linha e anzol.

O mar pode ser perigosoCom maremotos e ondas gigantes.O seu som magníficoAlegra pequenos e grandes.

Lá no fundo estão os corais,Onde se escondem os peixes-palhaço.Depois há os golfinhos,E muitos outros peixinhos.

Peixinhos, peixões,Baleias e tubarões.Todos os dias diferente,O mar é de toda a gente.

Isabel Silva, 6.º A

Nem tudo é mau…

Mar, que bonito parece ser…À primeira vistaTudo parece maravilhoso.Mas quando chegamos pertoVemos tanta poluição!

Esgotos e tubosQue levam resíduos caseiros.Vê-se também uma baleiaA fugir de barcos pesqueiros.

Veem-se botas e pneusA nadar por todo o ladoMas, nem tudo é mau!

Veem-se várias crianças A nadar e a brincar.Por todo o lado na areia,Ouvem-se gaivotas a cantar.

> Leonardo Carvalho, 6.º A

Sinto-me cansado, Um sono tremendo, Mas o poeta em mim chama, Como que gemendo.

Pede para escrever: “Mostra-lhes Serafim!” Eu tento resistir Deste fantasma que há em mim.

Ele controla o meu ser, Controla a minha alma, Muitas vezes é ele Que me faz manter a calma.

Acho que durante Dois anos ou até três Não vou conseguir escrever nada, Como aquilo que agora lês...

O que será ser humano? Ter membros e cabeça? Ou será refletir Mesmo que adormeça.

Lembro-me de quando era pequeno De correr e de saltar Mas agora só peço Que me venham levantar.

A vida são dois dias, É o que se costuma dizer Mas eu contrario isso São os dias que cada um quiser!

Imaginar para mim, É a melhor capacidade do meu ser Porque se não imaginasse... Este poema não estarias a ler...

Serafim Fagundes

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08> BIBLIOTECA ESCOLAR: CONCURSO DE POESIA

Está a decorrer a segunda edição do concurso de poesia pequenos grandes poetas, promovido pela RBEB – Rede de Bibliotecas Escolares do concelho de Barcelos, e que tem como principais objetivos promover hábitos de leitura e de escrita, e incentivar o gosto pela poesia e pela escrita criativa.

Este concurso, destinado aos alunos das escolas de Barcelos, é constituído por duas modalidades: uma de produção de um poema inédito e outra de declamação de um poema inédito ou de autor.

Muitos dos nossos alunos não quiseram deixar de revelar o seu lado poético! Inspirando-se no mar – tema

obrigatório na modalidade de produção – apresentaram os seus trabalhos a concurso nesta primeira fase que se realizou na Escola.

No âmbito da declamação, viu-se que os mais velhos se intimidaram e só o André Lemos se inscreveu, seguro e confiante, para declamar Cântico Negro, de José Régio. Mas os mais novos não se assustaram e, no dia 7 de março, na Biblioteca da nossa Escola, perante um júri constituído pelos seus professores de Português, mostraram todo o seu valor. E o vencedor foi o João Pedro Costa, do 6.º G, que a todos seduziu com o poema, A última Nau, de Fernando Pessoa.

Na modalidade de produção, o júri ainda não deliberou sobre os vencedores. Mas, na próxima edição d’ O Despertar, não deixaremos de dar conta de tudo o que ainda vai acontecer no âmbito deste concurso, sobretudo atendendo a que os nossos grandes vencedores nos vão representar na segunda fase, “defrontando” os seus colegas das outras escolas do concelho. Estamos com eles, são os nossos grandes vencedores!

> Professora Dionísia Rodrigues

CoNCurso CoNCElhIo DE PoEsIa

O Mar

Mar, maresiaPoema de alegria.Avistar sempre o marCom aquela fantasia.

Ser sempre o mesmoRealizar aquele sonho.Viver como marinheiroNaquelas águas do medonho.

Com os barcos a navegarSempre se pode concretizar.Por aquelas águas a observarOs peixes que estão a saltar.

> Ana Raquel, 5.º A

O Mar

O mar enche-se de conchasgaivotas e sereiasbarcos e golfinhospeixes sem fim…

O mar – terra prometidaem que quero mergulharpara poder sonhar!

> Inês S. Fernandes, 5.º B

O Mar

Eu admiro o marEle é muito poderosoTenho de ter cuidadoPois pode ser perigoso.

Quando vou à praiaVou logo para o marQuando saio de láTenho a sensação de querer voar.

O mar é enormeGrande como euEle é de todosMas também é meu.

Por vezes tenho medoQuando vou para o mar Talvez seja por issoQue saio de lá muito cedo.

> Lucas Osório, 5.º E

Mar

Mar grandioso,Em ti encontreiUm búzio espantoso,Será que o devolverei?

Mar tão grande,O que terás escondido?Será uma caravelaOu um tesouro perdido?

Mar, és tão belo que até me fazes chorar,Mas tão enganador que não dá para acreditar!...Dentro de ti há perigos escondidosE temos de ter cuidado,Senão ficamos em sarilhos.

>Jéssica Pereira Leite, 6.º B

peQuenos grandes poetas

João, 6.ºG (vencedor)

Carolina, 6.ºA

Bruna, 6.ºC

Rui, 6.ºE

Lucas, 5.ºE

Andreia, 5.ºD

Marco, 6.ºD

Catarina, 5.ºB

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09> BIBLIOTECA ESCOLAR: CONCURSO DE POESIA

Mar

O mar é infinito…Navega sem parar, sem medos, sem receio ou indecisão,sem cessar.

Por vezes impaciente, imprevisívelforte como o sofrimento…Outras vezes calmo, tranquiloentrega-se naquele momento.

O mar é o espelho do céulímpido e transparente;com a chuva entristececom o sol fica reluzente.

> Liliana Sousa, 10.º A

O que terá o mar?

Quando vejo o mar agitado Fico logo a tremerMas o mar é nosso amigo Dá-nos peixe para comer.

Quando no verão vou à praiaDou pulos de contenteMas não sou só euVai também mais gente.

Queria ver o fundo do mar Com toda a água e areiaO mar esconde muitos segredos Todos ouvimos o Canto das Sereias.

Quando olho e vejo o marMesmo nos dias de primaveraMeu coração diz bem alto - Nunca vi coisa tão bela!

Há gente que não gosta do mar Mas eu não sou de certeza O mar às vezes encanta Com toda a sua beleza.

O mar tem água salgadaQue aos peixes dá a vidaMas com a maldade dos homens A água fica logo poluída.

> Andreia Silva, 5.º D

Mar poluído

Boiões, petróleo…Tudo ali…Tudo espalhadoTudo acumulado.Pobre coitadoDaquele mar…Mas, aquilo, o que é?!São chinelos?Sim, pois são…Uma coisa eu seiAquilo é muito mauE acaba por destruir-nosO coração.

> Ana Carolina, 6.º A

O fundo do mar

No fundo do marHá peixes de todas as coresE coraisDe todos os feitiosE lá no fundo…Mistérios para descobrir….

> Rui Filipe, 6.º E

O mar e os descobrimentos

Muitas ventaniasFizeram os nossos barcos afundarMas não foi isso que fezOs portugueses parar.

Sempre a descobrirOs portugueses continuavam…Sem nunca desistirDe mais terras encontrar.

Sempre que uma terra encontrávamosCom muita alegria ficávamosE quando os marinheiros voltavamGlória e honra recebiam.

O rei muito contente ficavaCom os marinheiros se alegravaE logo os mandavaPara o mar novamente.

Muitos barcos foram assaltadosE por piratas roubadosMas novos tesouros encontrávamosDe mãos vazias não ficávamos.

> Marco Ferreira, 6.º D O Mar

O mar…Sempre que vem Traz novidades,Paixões, tristezas E felicidades.

As ondas Vêm e vãoE batem no chãoQue escalda os pésDe várias gentes,Que todas contentes,Correm de lés a lés.

Penedos e rochas…E se acendem as tochas Da graciosa purezaQue cada criançaTem presaDentro de si.

Ao anoitecer,O farol a iluminarE o mar a tentar alcançarO que nunca mais alcançará…

> José Araújo, 8.º C

Mar

Marés de alegriaMares de gente,Sonho árduo e difícilÚnico, de quem o sente.

Compromissos e promessasDeixados para trás,Em busca da honraPelo Mar caminharás.

Não O trates por tu,Pois ele é Senhor,É quem decide e ordenaNão conhece o significado da dor.

Por quem a glória esperaEle abrirá caminho, Facilitando o que dizem fácilPara quem não conhece o perigo.

Mas quando olharesLá bem para o fundo do horizonteVerás que não te diz adeus,Ele é o tesouro escondidoPara quem O ama é um Deus.

> Raúl Araújo, 10.º A

O Mar

Olho para o marE o que é que eu vejo?Um mundo desesperadoCheio de medo e desejo!

As ondas a gritarAnimais marinhos a fugirGente a pescarGaivotas a rugir.

O medo que provocaUm tsunami a aproximarÉ o mesmo que nos tocaVer uma pessoa a se matar.

Mas pergunto-vos eu:O que é o mar?É um desejo giganteCom mágoas por afogar.

O mar é mentiroso.Água sem fimO que nos vale são as pessoasQue o exploram, enfim.

Termino este poemaCom uma pergunta final:O que acham do mar, Bem ou mal?

anónimo, 10.º A

No dia 23 de janeiro, e no âmbito da boa colaboração que se tem vindo a desenvolver com o Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares de Barcelos, voltamos a receber na nossa Biblioteca o multifacetado Miguel Horta que, nas palavras do próprio, é pintor, mediador cultural, contador de histórias e ilustrador. Ainda há a escrita, esse estranho labor...

Mas foi na sua qualidade de membro da equipa do Cata Livros, projeto desenvolvido pela Gulbenkian/Casa da Leitura, que esteve desta vez entre nós, dinamizando duas sessões em que divulgou e deu a conhecer este site a alunos e professores.

O Cata Livros, projeto coordenado pelo escritor João Paulo Cotrim, utiliza a internet para aproximar os jovens da literatura, dando destaque à produção nacional e recorrendo ao caráter lúdico e interativo das narrativas e atividades propostas.

Os livros abordados são escolhidos segundo critérios de qualidade literária e estética, mas também de

representatividade histórica e estilística, sem descurar a atenção ao texto e ao grafismo. Procurou-se que as obras escolhidas representassem os melhores autores e ilustradores, editados com cuidado, e cuja produção pode ser encontrada nas livrarias ou nas bibliotecas.

Cada mês tem um tema diferente, sendo dado destaque a um livro, que se encontra no salão Salameque, entre os vários apresentados sobre o assunto.

No mês de março foi, por exemplo, dado especial destaque à obra Bichos diversos em versos, de António Manuel Couto Viana. Não há como ir espreitar, ler o livro completo e descobrir tudo o que é proposto sobre a obra.

A avaliação da atividade foi muito positiva, quer por parte dos alunos quer dos professores participantes, que certamente irão agora dar continuidade à exploração do Cata Livros – um projeto que assenta numa estratégia moderna de promoção da leitura em que não se pode ignorar a internet, motor de todo o

CaTa lIvros uma casa onde tudo nos leva ao livro

projeto disponível em www.catalivros.org. Uma visita obrigatória. Para todos – alunos, pais e professores, pois tanto pode ser mais um dos divertimentos dos jovens como servir de ferramenta ao mediador de leitura.

> Professora Dionísia Rodrigues

Miguel Horta com os alunos do 5.º B

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Assinalou-se no passado dia 19 de janeiro o 89.º aniversário do nascimento do poeta português Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas.

Nascido no Fundão, fixa-se em Lisboa aos 10 anos, onde passa a viver apenas com a sua mãe, cuja presença irá marcar a sua escrita. Frequenta o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro. Em 1943 muda-se para Coimbra onde convive com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. Mais tarde torna-se funcionário público, tendo exercido durante 35 anos as funções de Inspetor Administrativo do Ministério da Saúde. Uma transferência de serviço leva-o a instalar-se no Porto em 1950, na casa que viria a ser a recentemente extinta Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.

Ao longo da sua vida, o poeta faz diversas viagens, tendo sido convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner Andresen, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny, Herberto Helder, Jaime Montestrela, entre muitos outros.

Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade viveu sempre distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo justificado as raras aparições públicas com essa debilidade do coração que é a amizade.

Eugénio de Andrade dá os seus primeiros passos pela poesia por volta de 1936, com o seu primeiro poema Narciso que viria a ser publicado três anos mais tarde. No entanto, foi com o livro de versos Adolescente (1942) que se tornou mais conhecido. A publicação de As mãos e os Frutos (1948) valeu-

-lhe a consagração, tendo merecido aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio.

A sua poesia caracteriza-se pela importância dada à palavra, recorrendo a imagens e ao ritmo, sendo a musicalidade um dos aspetos mais marcantes da sua poesia.

O tema central da sua poesia é a figuração do Homem, não apenas no seu aspeto individual, integrado no coletivo, harmonizando-se com ele. A terra, o campo e a natureza funcionam como lugar de encontro, enquanto a cidade é o lugar de opressão, de conflito, de morte, de luta.

A evocação da infância, em que é notória a presença da figura materna e a ligação com os elementos naturais, surge ligada a uma visão eufórica do tempo, sentido sempre retrospetivamente, contrapondo-se a ela o sentimento doloroso provocado pelo envelhecimento e pela consciência da aproximação da morte.

Os seus poemas, geralmente curtos, mas de grande densidade e aparentemente simples, privilegiam a evocação da energia física, material, a plenitude da vida e dos sentidos.

Essencialmente lírica, a obra de Eugénio foi considerada por Saramago como uma poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua. Eugénio recebeu várias distinções e prémios, entre os quais:

Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986)Prémio D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus (1988)Grande Prémio de Poesia, da Associação Portuguesa de Escritores (1989)Prémio Camões (2001)

Algumas obras do autor: Poesia

1950 – Os Amantes sem dinheiro1951 – As Palavras Interditas1974 – Escrita na Terra1980 – Matéria Solar1992 – Rente ao dizer1994 – Ofício da Paciência1995 – O sal da Língua1998 – Os lugares do LumeProsa1968 – Os Afluentes do Silêncio1979 – Rosto Precário1993 – À Sombra da Memória1977 – História da Égua Branca (história infantil)1986 – Aquela Nuvem e as Outras (história infantil)

EugÉNIo DE aNDraDE 1923 – 2005

> Professora Amália Teixeira

bicentenário dos contos dos irmãos Grimm

No mais fundo de ti, eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou o retrato adormecido no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras que há leitos onde o frio não se demora e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo são duras, mãe, e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas que apertava junto ao coração no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas, talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa; esqueceste que as minhas pernas cresceram, que todo o meu corpo cresceu, e até o meu coração ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? — às vezes ainda sou o menino que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração rosas tão brancas como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa no meio de um laranjal... Mas — tu sabes — a noite é enorme, e todo o meu corpo cresceu. Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber, Não me esqueci de nada, mãe. Guardo a tua voz dentro de mim. E deixo-te as rosas. Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade, in Os Amantes Sem Dinheiro

Poema à mãe

O dia 20 de dezembro de 1812 foi a data em que os irmãos Grimm apresentaram a sua primeira edição de livros de contos compilados.No entanto, já passaram 200 anos e os seus contos ainda fazem história. Mas vamos até ao ínicio: Jacob e Wihelm Grimm nasceram no final do século XVIII, numa pequena vila situada na Alemanha chamada Kassel. Estes dois escritores eram os irmãos mais velhos de uma família de nove filhos e, durante pouco mais de uma década, começaram a escrever contos e a popularizá-los através da fala. Com isso, os Irmãos Grimm deram um novo sentido à expressão: “Era uma vez”. Escreveram contos como: Gata Borralheira,Capuchinho Vermelho, Bela Adormecida e Gato das Botas que ficaram para sempre na história da Literatura Infanto Juvenil.

> Francisco Moreira, 8.ºD

É urgente o Amor,É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavrasódio, solidão e crueldade,alguns lamentos,muitas espadas.

É urgente inventar alegria,multiplicar os beijos, as searas,é urgente descobrir rosas e riose manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,e a luz impura até doer.É urgente o amor, É urgente permanecer.

Eugénio de Andrade, in Até Amanhã

urgentemente

10> ENTRE NÓS E AS PALAVRAS

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11> O CANTINHO DAS LÍNGUAS

Jazz is a musical style that originated in the beginning of the 20th century in the United States. It is a distinctly and uniquely different style of music. Jazz music can be considered a musical collision of American and African cultures. It evolved out of three centuries of cultural and racial conflicts, meaning a clash of the more subdued dominant culture and the more powerful subculture.

Jazz is composed primarily of four musical elements: melody, harmony, rhythm and tone colour. However, harmony doesn’t play such a powerful role in the evolving of the music itself. The melody, rhythm and tone colour make up the primary elements of jazz.

The most used instruments in the jazz music are the guitar, saxophone, trumpet, trombone, battery, piano and contrabass.

The best names in the jazz music are:

Louis Armstrong, one of the most important musicians of the twentieth century. The pioneer of jazz was born in New Orleans on July 4, 1900.

Joe “King” Oliver was born in New Orleans, Louisiana in 1885. Oliver became skilled in trumpet playing in the major bands of the city in the century.

The pianist Jelly Roll Morton was the first important composer of jazz.

Armando Anthony “Chick” Corea, was born in Chelsea, on June 12, 1941. A pianist and keyboardist of American jazz composer and well known for his work in the 1970s.

> Eduarda Sá, Lara Oliveira, Mª Inês Araújo, 8.º B

ThE hisTOry OF JAzz

Pop music is a type of music appreciated by children, teenagers and also adults, originated in the United States of America, in 1950, from the Rock n’ Roll.It includes usually short or medium songs, written in a basic format,

repeated chorus and melodic music.Pop music was dominated by American and British music industries, whose influence has made something of an international monoculture.Pop music attracts a large audience and much of the music is made using beats and rhythms for the dance.The main point of pop music is the song, usually from two or three and a half minutes and marked by consistent rhythm for dominant style and a simple traditional structure.Pop music in the:50’s: The most famous singer was Frank Sinatra.

60’s: The Beatles marked this season.70’s: Other musicians appeared like Rod Stewart, Steely Dan and ABBA.80’s: Michael Jackson’s Thriller Album became the best-selling album of all time. Michael Jackson is considered the king of Pop and Madonna the queen. 90’s: The boy’s band and girl groups like Backstreet Boys and Spice Girls marked this season.

> Ana Isabel Pinheiro, Cátia Gomes, Márcia Oliveira,

Sofia Araci Silva, 10.º A

POP mUsic

Techno is a form of electronic dance music that emerged in Detroit, Michigan in the United States during the mid-to-late 1980s. The first recorded use of the word techno, in

reference to a genre of music, was in 1988. There are many styles of techno now, but Detroit techno is seen as the foundation upon which a number of subgenres have been built. The initial take on techno arose from the melding of Eurocentric synthesizer-based music with various African American styles such as Chicago house, funk, electro, and electric jazz. Added to this was the influence of futuristic and fictional themes that were relevant to life in American late

capitalist society. Techno is commonly confused with generalized descriptors, such as electronic music and dance music. In general, techno is very DJ-friendly, being mainly instrumental (commercial varieties being an exception) and is produced with the intention of being heard in the context of a continuous DJ set, synchronized or mix.

> Marco Machado, Luís Costa, João Simão Silva, Carlos Teixeira, 8.º D

Punk rock is a rock music genre that developed between 1974 and 1976 in the United States, the United Kingdom, and Australia. Rooted in garage rock and other forms of what is now known as protopunk music, punk rock bands perceived excesses of mainstream 1970s rock. Punk bands created fast, hard-edged music, typically with short songs, stripped-down instrumentation, and often

political, anti-establishment lyrics. Punk embraces a DIY (Do it Yourself) ethic; many bands self-produced recordings and distributed them through informal channels.Some bands and singers of this type of music are: he Clash, Greenday; Blink 182, Red Hot Chili Peppers, Ramones and Sex Pistols.

> Leonardo Andrade, Eduarda Pereira, Nelson Alves, Leandro Silva, 8.ºA

PUNk rOck

TEchNO

No âmbito da disciplina de Português, no passado dia 28 de fevereiro, quinta-feira, nós, alunos do 9.º ano, acompanhados pelos professores da disciplina, deslocamo-nos ao Theatro Circo, em Braga, para assistir à dramatização da peça: Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. Esta peça, revelou- -se bastante importante, pois pudemos compreender melhor as características do texto dramático, nomeadamente no que toca à representação, ao cómico de linguagem e de caráter e a sua importância na crítica social, não só no tempo de Gil Vicente, mas também na atualidade.

> Francisca Brito e Inês Amorim, 9.º C

auTo Da barCa Do INFErNo - Ida ao Teatro

O grupo de francês celebrou o Dia de São Valentim (La Saint Valentin) através da criação de postais alusivos aos temas Amor e Amizade. Os alunos puderam participar escrevendo cartões ilustrados que foram expostos na biblioteca da escola. Agradecemos aos alunos o empenho e a dedicação na realização da atividade que decorreu de forma exemplar.

> Professores de Francês

la saINT valENTIN

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12> ENTRE-VISTAS

O PASSADOO Despertar - Na hora do balanço, e num olhar retrospetivo, sente-se realizado enquanto profissional da Educação? Que balanço faz dos seus quase 30 anos na liderança desta escola?

Prof. Martins – Não obstante as políticas que vêm sendo tomadas e que, na minha humilde opinião, com o devido respeito, revelam alguma falta de sensibilidade social, designadamente ao nível do serviço público e do sistema educativo na defesa

intransigente da escola pública, o que tem gerado, infelizmente, desmotivação nos atores educativos, sinto-me efetivamente realizado com o trabalho desenvolvido nesta Unidade Orgânica. Nesta perspetiva, faço, muito sinceramente, um balanço extremamente positivo da minha liderança, assente numa perspetiva evolutiva de desenvolvimento estruturado e sustentável. Tal facto fica a dever-se, por um lado, à cultura de gestão democrática e participativa implementadas, sempre numa perspetiva de responsabilidade

partilhada, e, por outro, à excelente colaboração e cooperação sempre manifestadas por todos os elementos da comunidade educativa, designadamente pelos meus colegas docentes e não docentes, alunos, pais e encarregados de educação, administração municipal, juntas de freguesia e outros parceiros. Neste contexto, apraz-me aqui relevar o excelente brio e dignidade profissionais sempre evidenciadas, dentro de lógicas de eficácia, responsabilidade e compromisso, pelos meus colegas da Direção e, de um

modo geral, por todos os docentes e não docentes.

O Despertar – Quais foram os maiores desafios/dificuldades que enfrentou enquanto diretor deste Agrupamento?

Prof. Martins – Face à cultura de gestão implementada, atrás referida, sempre procurei adotar nesta Unidade Orgânica uma liderança forte e de reforço da participação da comunidade educativa na sua direção estratégica, o que fortaleceu

FErNaNDo marTINsentrevista ao ex-diretor, professor

O percurso do Homem faz-se de momentos, de instantes, a marcar o trilho daquele que os define por tudo quanto pensa, diz e faz.A vida do Professor Martins é um continuum que dificilmente dissociamos de Viatodos, freguesia do concelho de Barcelos, mas sobretudo de Viatodos, a pequena escola outrora esquecida no mapa e que, pela sua mão, foi conquistando enorme visibilidade, passando de escola preparatória a agrupamento de escolas, articulando todos os ciclos do ensino básico, para, na sua mais recente vitória, se fixar no território mais ambicioso da escola básica e secundária.O seu trajeto profissional, com mais de 30 anos, fez-se de momentos, grandiosos, uns (desses que imortalizou consigo e connosco, com eles se imortalizando); anónimos, outros (porque quotidianos, acordando com a aurora e adormecendo ao pôr do sol anonimamente). Nuns e noutros, histórias de vida que, conjugadas com o grande puzzle do tempo, completam a história dos homens e a história das instituições.Numa nova etapa da vida do professor Martins, O Despertar agarrou no bloco de notas, na esferográfica e na máquina fotográfica e fez-se à estrada para, indo ao seu encontro, passar em revista o tempo de ontem e o de hoje, o tempo que marca e o tempo que passa sem registo, as expetativas e os planos futuros, tudo isto numa entrevista que se faz verdadeiramente indispensável não apenas pela oportunidade, mas, sobretudo, pelo carinho e pela amizade que o nosso Diretor de sempre suscita em todos nós.

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13> ENTRE-VISTAS

o ambiente interno e a relação entre todos os atores educativos. Todavia, na Organização Escolar são diariamente enfrentados grandes desafios e dificuldades inerentes às políticas educativas tomadas pela administração central, bem como ao nível interno, à ambição que sempre nos norteou na construção de um Agrupamento de referência, em conformidade com o preceituado na Missão e na Visão Estratégica do nosso Projeto Educativo.

Efetivamente, as principais dificuldades estão diretamente relacionadas com as sucessivas mudanças de política educativa geradas nos últimos anos que têm vindo a abalar a escola pública, face às políticas estruturais tomadas, com consequências nada abonatórias ao nível do clima e do ambiente escolares. Infelizmente, já nos habituamos a tantas e tantas reformas, impulsionadas pelo Ministério da Educação, mas também, e fundamentalmente, pelo Ministério das Finanças, que, no âmbito do domínio educacional, deviam, certamente, merecer maior reflexão, ponderação, negociação, tempo de consolidação e mesmo sensibilidade social. Neste sentido, a educação em geral e as escolas em particular têm sido palco de alterações profundas, não tanto ao nível de políticas educativas estruturantes, como seria certamente desejável, mas mais ao nível da organização e do funcionamento das escolas, visando, sobretudo, reduzir, cortar e emagrecer serviços educativos.

Para além do exposto, relevo ainda a falta de clarificação e de objetividade do suporte legislativo, suscetível de várias interpretações, o que acarreta, muitas vezes, extremas dificuldades e elevada morosidade na sua análise e tradução, com vista à sua correta aplicação e tomada de decisão.

O Despertar – Que linhas de atuação privilegiou para as contornar/solucionar?

Prof. Martins – No exercício das funções sempre norteei a minha conduta vendo a Organização Escolar, não apenas como um serviço periférico do Estado, mas também como uma comunidade educativa onde as questões da participação e da autonomia deveriam assumir aspetos preponderantes. Neste sentido, procedeu-se à construção, de forma participada, do Projeto Educativo (Documento Normativo da Unidade Orgânica), ainda em vigor, cuja Missão aponta para a prestação de um serviço educativo de qualidade à comunidade, dentro de uma perspetiva de construção da confiança social assente na participação, na solidariedade, na eficácia, no rigor, na exigência e na referência educativa. Por outro lado, a Visão Estratégica, também contemplada no Projeto Educativo, visa a construção de um Agrupamento de referência: pela satisfação dos alunos e da comunidade; pela formação e sucesso dos alunos e pela qualidade do seu ambiente interno e harmonia com o meio envolvente.

Nesta perspetiva, procurou-se reforçar a participação das famílias e da comunidade na direção estratégica da Organização. Concomitantemente, entendeu-se ser também necessário reforçar a relação harmoniosa entre todos os atores educativos internos e entre a escola e o meio envolvente, visando, efetivamente, dar mais vida aos projetos de trabalho. Com esta linha de rumo, pretendeu-se envolver todos os parceiros da comunidade, quer na negociação, quer na procura de consensos, para que todos participassem não só na elaboração, mas também na tomada de decisão, para que depois cooperassem na execução e assumissem, assim, também, a sua responsabilidade.

De igual modo, foi assumido dar especial enfoque às questões da reflexão permanente dos resultados e das práticas, da educação para a cidadania, da relação pedagógica com autoridade e não autoritarismo e da rede de comunicações.

No que se refere à reflexão permanente, entendeu-se, sempre numa perspetiva de prestação de contas e do controlo social sobre a gestão escolar, em especial no que se refere à adequada utilização dos recursos em função dos resultados obtidos, implementar uma cultura de autoavaliação orientada para a melhoria do desempenho da Unidade Orgânica.

Relativamente à educação para a cidadania, houve constantemente a preocupação de a constituir como parte integrante da ação educativa, face à existência do código de conduta, sendo construída, no dia a dia, através dos valores da liberdade e da justiça, do pluralismo e da paz, pela reflexão aberta, pelo trabalho individual e em grupo e pelo desenvolvimento do espírito crítico.

Quanto à relação pedagógica com autoridade e não autoritarismo, sempre foi relevado que a autoridade é uma coisa que se conquista, de forma gradual, ao longo do tempo. Os alunos sentem perfeitamente se determinado professor revela ou não autoridade e, muitas vezes, os atores educativos, pelo seu exemplo de conduta, pela forma como atuam, perdem completamente essa mesma autoridade.

No que diz respeito à rede de comunicações, absolutamente indispensável em qualquer Organização, foram reforçadas as relações formais, através de uma maior fluidez da informação, bem como foram relevadas as relações informais, sempre consideradas muito importantes ao nível do domínio educacional.

Foi dentro destes referenciais que pautamos a nossa ação, dentro de uma lógica de compromisso, visando introduzir valor acrescentado na melhoria da qualidade de vida da nossa Unidade Organizacional, designadamente ao nível curricular, pedagógico, cultural e social.

O Despertar – O que gostaria de ter modificado na vida da escola, mas não o conseguiu?

Prof. Martins – Não obstante me ter aposentado relativamente novo, algo dececionado e desmotivado com a falta de sensibilidade social das políticas educativas que vêm sendo tomadas ao nível da escola pública, penso que, de um modo geral, as nossas pretensões foram, sucessivamente, alcançadas com muito espírito de missão e de sacrifício, fruto da excelente colaboração e cooperação de

todos os elementos da nossa comunidade educativa. Veja-se, a título de exemplo, a conquista obtida com a integração do Ensino Secundário na nossa Unidade Orgânica, o que veio grandemente enriquecer este Território Educativo. Aliás, aproveito esta oportunidade para agradecer, publicamente, de forma muito reconhecida, e em nome da nossa comunidade educativa, ao Sr. Diretor

Momento com o Ministro da Educação de então, Dr. João de Deus Pinheiro.

Discurso no dia de inauguração da Escola.

Momento com outros convidados na inauguração da Escola.

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14> ENTRE-VISTAS

Regional de Educação do Norte de então, Dr. João Grancho, agora Secretário de Estado dos Ensinos Básico e Secundário, a excelente recetividade demonstrada às nossas propostas e sugestões, bem como o elevado espírito de abertura sempre evidenciado. Agradeço ao Sr. Presidente da Câmara de Barcelos e, muito especialmente, à Sra. Vereadora dos pelouros da Educação e Cultura, Dra. Armandina Saleiro, o apoio incondicional sempre prestado, desde a primeira hora e ao longo de várias e sucessivas reuniões de trabalho. Por último, agradeço, também, ao Sr. Camilo, Presidente da Junta de Freguesia de Viatodos, o excelente apoio e cooperação estratégica manifestados.

Contudo, fazendo uma retrospetiva, sinto uma certa mágoa por não ter efetivamente alcançado, ao nível do desenvolvimento estrutural de política educativa, resultados de excelência com expressão no âmbito da avaliação externa. Tal facto fica, de certa forma, a dever-se ao trajeto que ainda falta percorrer, no âmbito da prestação de serviço educativo, designadamente ao nível da articulação curricular entre os diversos níveis e ciclos de ensino, numa perspetiva de sequencialidade progressiva do currículo, não obstante todos os esforços já conjugados, até ao momento, pelos diferentes atores educativos.

De igual modo, sinto alguma tristeza por não ter conseguido, ao nível das infraestruturas, dar viabilidade ao projeto de construção do auditório, absolutamente indispensável nesta Unidade Orgânica como recurso físico e educativo de grande importância.

O Despertar – Lembra-se do seu primeiro dia à frente da Escola Preparatória de Viatodos? Que sensações experimentou nesse ground zero de todo um percurso de liderança de uma estrutura educativa tão complexa como a escola?

Prof. Martins – Lembro perfeitamente! Ingressei na Escola Preparatória de Viatodos, nas antigas instalações, situadas no local onde atualmente se encontram os Bombeiros Voluntários de Viatodos, em 01.10.1982. Assumi a presidência do conselho diretivo, na altura, no ano letivo seguinte, em 01.10.1983, na sequência do convite formulado e legitimado em processo eleitoral homologado pelo Ministério da Educação. Devo confessar, muito sinceramente, que fiquei, por um lado, muito orgulhoso pela confiança em mim depositada, não obstante os meus 28 anos de idade, mas, por outro, extremamente apreensivo em relação ao acréscimo de responsabilidade e à minha capacidade de resposta. Arregacei as mangas, solicitei colaboração e cooperação aos colegas de trabalho e ao próprio Ministério da Educação e, felizmente, com a ajuda de todos e com a implementação de uma cultura de gestão democrática e participativa que sempre defendi, sinto-me extremamente satisfeito

e muito orgulhoso do trabalho e do caminho percorrido.

Efetivamente, a Escola é considerada uma Organização extremamente complexa, atravessada por vários mundos, que exige uma grande atitude e uma efetiva relação de compromisso dos vários atores educativos em cena e, muito especialmente, do órgão de direção. Todavia, tudo fica simplificado quando se dirige uma Organização que é felizmente servida por docentes e não docentes com grande brio e dignidade profissionais.

O Despertar – Foi diretor durante mais de 30 anos. Ao longo desse tempo, a Educação foi mudando, umas vezes mais lentamente, outras vezes velozmente. Que mudanças teve de operar na sua liderança por forma a ser capaz de se adaptar às exigências de cada momento?

Prof. Martins – Face à sociedade em presença, todos ficámos mais convictos de que acarretamos connosco uma grande responsabilidade na qualidade de educadores. De igual modo, foi considerado que, face à importância da escola, aumentavam também as suas responsabilidades e os seus problemas, uma vez que nela se repercute toda a vida social e se refletem os problemas sociais mais gravosos. Neste sentido, foi necessário estabelecer um pacto educativo e passar a mensagem a todos os atores educativos da comunidade de que a educação devia ser um assunto de todos e não apenas da escola. De igual forma, houve necessidade de reforçar a confiança social e o envolvimento parental entre a escola e a comunidade, sempre numa perspetiva de construção e de fortalecimento da relação harmoniosa, assente numa gestão participativa e de responsabilidade partilhada, em conformidade com os princípios orientadores do projeto educativo. Assim, a dinâmica da Organização ao longo dos tempos tem vindo a assentar na corresponsabilização dos diferentes atores educativos na busca de uma escola mais comunitária, mais humanizada e mais socializadora no sentido de favorecer e promover o sucesso escolar e educativo.

O PRESENTEO Despertar – Como é, após mais de 30 anos no ativo, sempre com uma dinâmica agregadora e impulsionadora, lidar com a aposentação?

Prof. Martins – Conforme já atrás referido, fui de certa forma “empurrado” para este novo estádio da nossa vida, face a determinadas políticas educativas que vêm sendo produzidas, não obstante continuar a ser um fervoroso adepto do domínio educacional e extremamente apaixonado pelo sistema educativo ministrado ao nível dos países nórdicos, designadamente na Finlândia, razão pela qual persisto, de acordo com os meus tempos de lazer, na leitura e na investigação.

Efetivamente, e após longos e vários anos de elevado desgaste físico e intelectual no exercício do cargo de Presidente do Conselho Diretivo, Presidente do Conselho Executivo e, por último, de Diretor, dado que o cargo requer uma dedicação exclusiva, a tempo inteiro, quer ao longo do dia na escola, quer à noite e fins de semana, chegou agora o momento de reforçar a componente familiar, tão afetada ao longo dos tempos. Assim, para além de continuar a ir à escola, com todo o gosto, rever os amigos e colaborar com a Direção, de acordo com as solicitações do novo Diretor, disponibilizo-me, de alma e coração, aos meus dois netinhos (David e Diogo), bem como à manutenção das instalações e da jardinagem da minha residência.

O Despertar – Como é a sua vida quotidiana hoje? O que mudou? Já sente falta da vertigem diária que sempre o acompanhou quando dirigia o Agrupamento de Escolas de Vale

d’Este?

Prof. Martins – Sinto-me efetivamente muito mais liberto, sem a pressão constante de trabalho inerente ao exercício das funções de Diretor e disponível para o reforço das componentes social e familiar atrás referidas. Contudo, e não obstante sentir, em termos afetivos, imensas saudades das vivências profissionais diárias do Agrupamento, sinto-me hoje algo perturbado com a decisão tomada, face às sucessivas ofensivas que vêm sendo tomadas, nos últimos tempos, de um modo geral, e, muito especialmente, aos pensionistas e reformados.

O FUTUROO Despertar – Quais os principais desafios com que a nova Escola Básica e Secundária de Vale d’Este, Viatodos, se confronta, num futuro próximo?

Prof. Martins – Sinto-me extremamente satisfeito ao constatar que a Unidade Orgânica continua no rumo certo,

Visita de estudo. Almoço de Natal.

Festa de Natal

Atividade de Corta-mato na escola.

Prova de Cicloturismo.

A prática de futebol na escola.

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> O Despertar

15> ENTRE-VISTAS

assente numa perspetiva evolutiva de desenvolvimento sustentável, fruto da grande dedicação e empenho do novo Diretor, dos restantes membros da Direção, do Presidente do Conselho Geral e restantes conselheiros, dos seus professores e educadores.

Em termos de desafios, importa, acima de tudo, que a Escola se sinta motor de desenvolvimento local e que todos os seus atores educativos sintam que a relação pedagógica é, no momento presente, o grande desafio educacional, e o suporte didático consistente é a paixão, o empenhamento e o comprometimento.

Assim, e não obstante os patamares já atingidos ao nível do sucesso, da satisfação dos alunos e da comunidade e ao nível da qualidade do ambiente interno e harmonia com o meio envolvente, interessa, na minha opinião, caminhar, pugnando por uma melhor qualidade da prestação do serviço educativo que conduza a níveis de Excelência na formação e no consequente

sucesso escolar dos nossos alunos. Para o efeito, importa continuar a reforçar a autonomia de gestão, designadamente ao nível da articulação curricular entre os diversos níveis e ciclos de ensino, numa perspetiva de sequencialidade progressiva, o que pressupõe uma aposta clara nos exercícios de controlo interno e da prestação de contas, no que se refere à adequada utilização dos recursos em função dos resultados obtidos.

Efetivamente, a Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de Viatodos, Sede do Agrupamento, passou a designar-se Escola Básica e Secundária de Vale d’Este, Viatodos, dado que passou a integrar os vários percursos escolares, desde o Pré-Escolar até ao 12.º ano de escolaridade, passando, assim, a ser uma Unidade Educativa de maior dimensão, sem agregação a outro estabelecimento de ensino, o que favoreceu já, contrariamente a muitas outras Organizações Escolares, a inexistência de horários zero para docentes dos 2.º e 3.º Ciclos. Contudo, se por um

lado nos encontramos muito satisfeitos, estamos, por outro, convictos da nossa responsabilidade acrescida perante a comunidade, perante o Ministério da Educação e perante a sociedade em geral.

Gostaria de referir que, embora hoje do outro lado, continuo sempre muito próximo dos “meus” alunos, dos “meus” colegas, da Direção, da “minha” terra e da “minha” gente. Nesta perspetiva, gostaria de relevar que, face às sérias implicações da redução do índice de natalidade, por um lado, e, por outro, à forte lógica de mercado que vivemos, consubstanciada pelas políticas neoliberais, faço votos que se continue a investir, designadamente ao nível do Ensino Secundário, visando a prestação de um serviço de proximidade, de excelente qualidade e a indispensável manutenção de postos de trabalho docente e não docente, face à sua apreciável qualidade.

Concomitantemente, entendo que se deve continuar a reforçar e a incentivar o compromisso dos alunos e das famílias com a escola, estimulando o seu sentido de pertença e reforçando o seu grau de responsabilidade partilhada, tornando claro que, alunos, professores, pais e escola deverão pertencer, obrigatoriamente, à mesma equipa. Todos têm de dar o seu melhor e trabalhar em conjunto para alcançar o mesmo objetivo que é o sucesso académico e pessoal dos alunos. Neste sentido, é preciso que os pais confiem na escola; que os alunos confiem nos professores e os professores, por seu lado, têm de confiar nos seus coordenadores e na Direção. A quebra dessa confiança deixa-nos completamente à deriva e quem anda à deriva, por norma, não chega a lugar nenhum.

Em jeito de balanço, gostaria de referir que nos encontramos muito satisfeitos e estamos perfeitamente convictos do nosso trabalho, da nossa missão e da nossa responsabilidade perante o meio e a sociedade, não obstante todas as dificuldades inerentes às alterações profundas vividas no domínio educacional e ao período social e económico conturbado que atravessamos. Estamos muito orgulhosos das sementes lançadas e dos frutos que, felizmente, temos vindo a colher, face ao excelente profissionalismo dos atores educativos desta Unidade Orgânica. É dentro desta perspetiva que será certamente dada continuidade à nossa “obra” aberta e coletiva, de que muito gostamos e de que muito nos orgulhamos, sempre numa perspetiva de desenvolvimento estrutural sustentado. Esta convicção assenta no conhecimento que possuo acerca do excelente profissionalismo dos docentes e não docentes; da vontade e da excelente cooperação estratégica do Sr. Presidente do Conselho Geral; do querer, das capacidades e da determinação do novo Diretor e de toda a Direção, bem como do apoio sempre prestado pelos Alunos, Pais e EE, Direção das Associações de Pais, Administração Municipal e Juntas

de Freguesia.

Por último, gostaria de, em meu nome pessoal, agradecer, de forma muito reconhecida, aos Alunos, aos Srs. Professores, ao Pessoal Não Docente, aos Pais e EE, às Direções das A. de Pais e EE, muito especialmente ao Presidente da Direção da Escola Sede, Sr. Carlos Campos, às Juntas de Freguesia, designadamente ao Sr. Camilo, Presidente da Junta de Freguesia de Viatodos e à Administração Municipal, nomeadamente ao Sr. Professor Fernando Loureiro, da Administração anterior, e à Sra. Vereadora, Dra. Armandina Saleiro, da Administração atual. Muito Obrigado pela vossa colaboração, cooperação e compreensão. Muito obrigado pelo vosso espírito de lealdade, por tudo o que me deram e por me terem aturado. E por falar em me terem aturado, permitam-me que agradeça, muito reconhecidamente, ainda, ao Sr. Presidente do Conselho Geral, Sr. Professor Miguel Fonseca, à Sra. Subdiretora, Professora Mª Alice Pereira, e a todos os restantes elementos da Direção, incluindo aquela pessoa que ainda estou por saber como é que foi capaz de me aturar ao longo de tantos anos, a Emília. Deixem-me dizer-vos que, felizmente, sempre trabalhei com uma equipa de reconhecida capacidade e competência, agora reforçada com o novo Diretor, Sr. Professor Luís Ramos, e com os Srs. Professores Jorge Pimenta e João Oliveira, na qualidade de Adjuntos do Diretor.

Falar do Senhor Professor Martins é, simultaneamente, fácil e difícil. Digo isto pela convivência ao longo de quinze anos como funcionária, catorze dos quais junto do Conselho Executivo/Direção da Escola/Agrupamento.

É fácil falar do Professor Martins porque é uma pessoa simples, humilde, inteligente, um ser humano dedicado à causa do ensino, preocupado com os alunos, docentes e não docentes da Escola/Agrupamento e muito trabalhador.

É difícil, porque, por mais palavras que encontre para descrever o nosso prezado Professor Martins, estas poderão não ser suficientes.

O dia a dia com o Professor Martins contribuiu para uma grande aquisição de saberes e valores para o meu percurso profissional e mesmo pessoal. Sinto-me uma privilegiada por ter trabalhado junto de uma pessoa muito eficiente e preocupada em transmitir os seus conhecimentos. Obrigada por tudo!

> A Funcionária Emília Miranda

Testemunho

O dia do Ex-diretor na sala de trabalho. O professor Martins em mais um momento protocolar.

Discurso na abertura do ano letivo 2012/13.

As Janeiras na Câmara Municipal de Barcelos.

Discurso na entrega dos prémios de mérito e excelência, em dezembro 2012 (já aposentado).

Encontro do Clube de Presidentes e Diretores.

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Pelo quarto ano consecutivo, o Clube de Viola continua a oferecer aos alunos desta escola e a toda a comunidade em geral, um espaço de aprendizagem musical, sendo frequentado por alunos de todos os anos letivos, num total de 75 alunos.

Este ano, com a ajuda de alguns alunos do 7.ºA que estudam diversos instrumentos musicais, como o violino ou o clarinete, na Academia de Música de Viatodos, foi possível organizar uma pequena orquestra, que teria a sua estreia na festa de Natal, a qual, infelizmente, foi cancelada devidos às más condições climatéricas. De qualquer forma, o Clube de Viola irá, em breve, realizar algumas atuações na escola e noutras instituições do concelho de Barcelos, tal como a Santa Casa da Misericórdia.

Quem quiser frequentar este clube ainda o pode fazer, nos horários seguintes:-Segunda-feira: 12.30h-13.15h -Terça-feira: 12.30h-13.15h -Quarta-feira: 11.45-12.30h-Quarta-feira:17.30-18.20h-Quinta-feira:8.20h-9.05h-Quinta-feira:9.05-9.30h

> Professor João Luís Silva

Clube de Viola

Tendo como objetivos conhecer e divulgar o património arqueológico do concelho de Barcelos, sensibilizar os alunos para a preservação desse património e motivá-los para a aprendizagem da disciplina, o Grupo Disciplinar de História promoveu a realização de uma palestra sobre o tema A Arqueologia no Concelho de Barcelos.

A mesma, destinada aos alunos do 7.º ano, realizou-se no dia 30 de janeiro, na biblioteca, com duas sessões, às 8.20 e 10.05 horas, com a duração de 90 minutos cada uma.

A palestra foi proferida pelo Dr. Cláudio Brochado, responsável pelo Departamento de Arqueologia da Câmara Municipal de Barcelos, que, de forma entusiasta, percorreu a história da arqueologia do concelho e, com o objetivo

de abordar aspetos próximos das vivências dos alunos, focalizou a sua intervenção explorando os elementos arqueológicos da área de intervenção do nosso Agrupamento, nomeadamente, Mamoa de Chavão, Laje dos Sinais, Castro do Monte da Saia, Campa dos Mouros, Machados de Viatodos, entre outros.

O balanço da atividade é extremamente positivo porque os alunos estiveram concentrados e atentos, reconheceram a riqueza arqueológica da nossa região e ficaram sensibilizados para a defesa do património conforme se pôde verificar pelo inquérito preenchido após a realização da atividade.

> Professor João Oliveira

A sessão foi conduzida por um arqueólogo de Barcelos que nos explicou o que era a arqueologia, o que faz um arqueólogo, a importância das descobertas arqueológicas e ainda o que devemos fazer para as preservar. Durante a sessão, o arqueólogo também mostrou imagens de descobertas arqueológicas, situadas perto da nossa escola, nomeadamente a Laje dos Sinais e a Campa da Moura, situadas no Monte da Saia, entre outras.

Eu gostei muito desta sessão porque foi bastante enriquecedora, pois aprendi várias coisas novas sobre a arqueologia.

> João Torres, 7.º E

Esta palestra deu-nos a conhecer a Arqueologia de Barcelos, o concelho onde vivemos. O arqueólogo explicou-nos o que era a arqueologia e deu-nos a conhecer os vestígios e os monumentos do passado das várias freguesias do concelho.

Achamos esta atividade muito interessante e que as turmas do 7.º ano deveriam ter esta atividade todos os anos.

> Juliana e Mariana, 7.º E

TEsTEmUNhOs

Palestraa arqueologia no concelho de Barcelos

Como já vem sendo hábito nesta Escola, decorreram no mês de janeiro as atividades relacionadas com o programa Parlamento dos Jovens. Este ano, concorreram três listas à eleição dos deputados à sessão escolar, que se realizou no dia 16 de janeiro, sob o tema Combater a Crise.

Perante uma plateia repleta, os 23 deputados eleitos participaram ativamente nessa sessão, debatendo diferentes ideias com vista à resolução da crise que afeta o nosso país e a Europa em geral.

Após o debate, procedeu-se à eleição dos deputados que representaram a Escola na sessão distrital, que se realizou em Braga no dia 25 de fevereiro. Foram eles André Lemos (9.º A), João Torres (7.º E) e Tiago Araújo (9.º C). Nesta sessão, estes alunos foram eleitos pelos alunos das 34 escolas presentes, e irão representar a nossa Escola na sessão nacional que decorrerá no Palácio de S. Bento, em Lisboa, nos próximos dias 6 e 7 de maio.

> Professor João Luís Silva

PArLAmENTO DOs JOVENs

A palestra foi muito interessante! Ficamos a conhecer vestígios dos nossos antepassados de várias freguesias do concelho de Barcelos.

Aprendemos novas técnicas para desvendar quem esteve numa determinada região há muitos anos. Também descobrimos as suas formas de vida a partir dos seus vestígios, ou seja, formas de construção, materiais, entre outros.

> Érica Serra e Maria Silva, 7.º E

> A ESCOLA EM MOVIMENTO

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O Corta-Mato Distrital, organizado pelo Gabinete do Desporto Escolar – Braga, realizou-se no dia 6 de fevereiro de 2013, nos terrenos anexos à Pista Gémeos Castro, em Guimarães. O nosso Agrupamento foi representado por 34 alunos do 4.º ao 9.º ano e CEF, apurados no Corta-Mato Escolar de 8 de novembro de 2012. Estes alunos foram acompanhados pelos professores Joaquim Alves e Teresa Postiga, da Escola-Sede, e pelos professores das Atividades de Enriquecimento Curricular: Ricardo Sá, Célia Carvalho e Patrícia Magalhães. Os nossos alunos tiveram, no geral, uma participação muito positiva, tendo todos eles terminado a prova em que participaram, embora não se tenha registado nenhum lugar de destaque. A atividade correu muito bem, a organização foi muito boa e o tempo seco que se fez sentir ajudou a que os nossos alunos colhessem da sua participação neste Corta-Mato, um agradável momento de prática desportiva e de convívio entre os nossos alunos e alunos de outras escolas. A todos, muitos parabéns!

Também, no âmbito das atividades do Clube do Desporto Escolar, as nossas equipas de Andebol – Iniciados Masculino – e de Futsal – Juvenis Masculino – participaram na primeira fase dos respetivos torneios, somando, até à data, vitórias e derrotas. O apuramento para a próxima fase ainda não está decidido. No entanto, nas próximas notícias daremos conta do desenvolvimento dos resultados dos nossos jogadores!

> A Coordenadora do Desporto Escolar

DEsPorTo EsColar

Nós colaboramos na construção do Pódio da nossa escola.

Tiago Ribeiro, 6.º C João Paulo, 6.º C

Igor Araújo, 7.º B Manuel Oliveira, 7.º B

Corta-mato Distrital

- Já temos Pódio?A resposta é afirmativa.

Numa época em que se fala tanto de avaliação de mérito, nada melhor do que laurear as aptidões, competências ou conhecimentos dos nossos alunos que se diferenciam pela positiva, fazendo- -os subir a um pódio. Uma das formas de premiar… Sempre numa perspetiva pedagógica e didática porque estamos numa escola. Claro!

> Professor Quinzé

17> A ESCOLA EM MOVIMENTO

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É certo que, de estudar nem todos gostam. Errado é pensar que certas disciplinas são difíceis, como a de Física e Química, por exemplo. Como prova do contrário, em que se pensa que há coisas difíceis na vida, quer a nível pessoal, profissional ou até escolar, há que refletirmos e pensar, sim, que tudo se consegue se houver motivação (é certo) mas também empenho e satisfação naquilo para o qual estamos a trabalhar.

O problema está na complicação que fazemos das coisas, das disciplinas neste caso. Não somos todos iguais, não estudamos todos da mesma maneira, não somos todos capacitados, mas a todos lhes são dadas as mesmas possibilidades, oportunidades e orientações.

Há que criar metas, objetivos para que possamos alcançar o sucesso através do mérito, nem que dure mais do que estávamos a pensar e pensar positivo. Prova disso, então, são estes alunos que decidiram seguir o caminho do estudo para alcançar o sucesso, e um bom exemplo para muitos seguirem. A todos eles muitos parabéns e que continuem assim. Assim sendo, parabéns aos ilustres alunos que, no primeiro período, afiguram do FQ Mérito:

> Professor David Ferreira

7.º anoTURMA NOME N.º

A João Pedro Ferreira Campos 10B Pedro Silva 20C Beatriz Lopes Ferreira 7D Diogo Costa Fernandes 13E João Miguel da Silva Torres 10F Francisca Oliveira Guimarães Silva 5

8.º anoTURMA NOME N.º

A Jorge Filipe da Costa Novais 11B Eduarda Sofia Martins de Sá 11B Marília Azevedo Torres 25C José Manuel Ferreira Araújo 12D Maria da Silva Andrade Barbosa 22E Diogo José Fonseca Vilas Boas 11

9.º anoTURMA NOME N.º

9.º A Cátia Sofia Costa de Sá 89.º B Pedro Duarte Capelo Ferreira 189.º C Paulo Jorge Martins Ferreira 159.º D Jorge Miguel Moreira Bezerra 149.º E Anabela da Silva Oliveira Carvalho 2

10.º anoTURMA NOME N.º

10.º A Liliana Patrícia Sousa 15

FQ-MéritomériTO EscOLAr NA DisciPLiNA DE FísicO/QUímicA

O Projeto Educação para a Saúde organizou mais uma atividade destinada à exploração da temática da Sexualidade. Esta iniciativa realizou-se na cantina da Escola-Sede, na tarde de quinta-feira, dia 14 de março e destinou-se a várias turmas desde o 8.º ano de escolaridade até ao 10.º ano, incluindo o curso profissional e o ensino regular e ainda a turma CEF.

Com o nome “Deixemos o Sexo em Paz”, a peça é uma adaptação do texto escrito pelo dramaturgo italiano Dario Fo. É um espetáculo em tom de comédia, profundamente didático e perfeitamente integrável no programa de Educação Sexual, que tem alcançado imenso êxito junto do público em geral e estudantil em paticular.

A companhia de teatro “Maria Paulos” apresentou, de forma ímpar e bem- -humorada, um divertidíssimo monólogo onde, a brincar, se trata muito a sério dos assuntos do sexo que ainda são tabu. A peça é representada pela atriz Maria Paulos, a qual interpreta 21 personagens diferentes, sempre com muita energia, que encantou o público. A encenação é de

Carlos Gualdino.

O objetivo foi o de informar e desmistificar problemáticas relacionadas com o tema da sexualidade. A audiência mostrou-se visivelmente interessada, à medida que a atriz ia, através de palavras, gestos e mímica, tocando em aspetos fundamentais da temática do sexo e dos seus tabus.

Através do riso, mas sem perder o sentido da informação, MARIA PAULOS dirige-se ao público, numa pequena intervenção em que frequentemente interage com este, para falar, partindo de pequenos factos do dia a dia, de temas tão delicados e pertinentes como: gravidez na adolescência, aborto, afetos, contraceção, mitos da sexualidade, machismo, dificuldade de comunicação entre pais e filhos, preconceitos, entre outros.

“Deixemos o Sexo em Paz”, além de ser um belo exercício teatral, trata, de uma forma divertida e risonha, um tema geralmente solenizado, chamando a atenção para a importância que tem uma sexualidade bem vivida, por gente bem informada sobre os riscos hoje existentes

e também para uma atitude de liberdade que não exclua nunca, a responsabilidade nem o prévio esclarecimento, cuja falta é responsável por tantas vidas destroçadas. Partindo do princípio que a ignorância não aproveita a ninguém, esta é ainda uma obra de um teatro de qualidade e simultaneamente comercial, porque dirigido a um vasto público, usando um tom de comédia e riso para abordar problemas reais, desmontando o ridículo e a pomposidade de tantas situações, resultantes sobretudo, do desconforto e da incomodidade de como a maior parte

dos adultos trata e vê o sexo. Responsável ainda, pela sua incapacidade de dar resposta à curiosidade dos adolescentes, que iniciam cada vez mais cedo e muitas vezes de uma forma errada, “às escuras” a sua vida sexual.

No final do espetáculo todos aplaudiram mostrando-se satisfeitos com a dinâmica do mesmo e a maneira como o assunto “sexualidade” foi tratado.

Recomendamos!

DEIxEmos o sExo Em Paz

a CARêNCiA DE VALORES MORAiS Na Nossa soCIEDaDE

Atualmente, existe na nossa sociedade uma enorme falta de entreajuda e de solidariedade.Cada vez mais assistimos a casos de famílias carenciadas que não recebem qualquer tipo de apoio, apesar de muitas receberem sem o necessitar. Ajudar e ser solidários para com os outros, são responsabilidades de todos os seres humanos.Muitas vezes não somos solidários, pois ficamos desconfiados e pensamos se será uma “campanha” verdadeira ou não. Mas não haveria de existir desconfiança, pois quando Deus criou o mundo, isso não existia.

Na minha opinião, todos nós poderíamos e deveríamos abrir mais o coração e tentarmos confiar mais nos outros e em nós mesmos, pois só assim conseguiremos ser felizes e fazer os outros felizes.Todos nós temos a obrigação e o prazer de respeitar, ajudar, amar, ensinar e apoiar os outros. Para mim, todos somos como Deus, temos de olhar para o presente e não para o passado de cada pessoa. Só assim conseguiremos amar verdadeiramente!

> Catarina Ribeiro, 8.ºD

O homem moderno, para se iluminar, vestir, aquecer e alimentar, ou seja, para viver, precisa de 70 vezes mais energia do que o homem pré- -histórico.Na Europa, os automobilistas são responsáveis por 65% da poluição atmosférica.O gelo dos polos fornece-nos indicações sobre a composição do

ar, no passado. O conteúdo de CO2 aumentou tanto nos últimos 200 anos como nos anteriores 20 000 anos.Quanto mais o ozono se rarefaz, menor é a densidade da camada, que no Polo Sul não mede mais de 1 milímetro. No Polo Norte também está a enfraquecer e já perdeu 10% do seu volume.

> Raquel Vieira, 7.º A

CurIosIDaDEs

> Coordenadora da Educação para a Saúde

18> A ESCOLA EM MOVIMENTO / EDUCAR PARA A SAÚDE

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rIo Covo

ClubE DE maTEmáTICa da sociedade Portuguesa de matemática

A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) é uma associação dedicada à divulgação, ao desenvolvimento do ensino e da investigação matemática em Portugal.

As suas atividades incluem a edição de livros e revistas, a organização de eventos, encontros científicos e, entre outras atividades, ainda organiza as Olimpíadas Portuguesas de Matemática, que é uma competição dedicada aos jovens do ensino básico e secundário.

Na página da internet da SPM encontramos um separador correspondente ao Clube da Matemática

(www.clube.spm.pt), um sítio onde podes descobrir novidades, destaques, desafios, passatempos ou curiosidades.

Este espaço permite ainda a ligação à página do facebook.

No mural vão sendo publicadas, diariamente, as notícias ou curiosidades matemáticas da atualidade.

Os desafios, os jogos, as imagens, os vídeos ou os desfechos semanais da “Liga aos Resultados” são exemplos do que é partilhado no facebook do Clube da Matemática.

Liga-te à Matemática que ela pode ser muito útil… até para ganhar o “Quem quer ser Milionário” repara:

Hoje, na aula de Matemática, vamos até à Grécia falar de Pitágoras...Na aula de Matemática a professora Julieta diz para a turma: - Meninos, sabem o que vamos fazer hoje? A turma respondeu em uníssono: - Não, senhora professora... - Vamos falar do Teorema de Pitágoras. Sabem quem foi

Pitágoras? - Não, senhora professora. - Pitágoras foi um matemático grego. Por isso, hoje vamos até à Grécia... Antes que a professora terminasse de falar, o Zezinho, cujo único sítio a onde vai constantemente é à Lua, disse: - Professora, espere um bocadinho que eu tenho de avisar a minha mãe...

A Margarida perdeu uma moeda de 2 euros.Se, em vez de perder, ela tivesse encontrado uma moeda de 2 euros,teria ficado com 5 vezes mais do que o dinheiro que tem agora.Quanto dinheiro é que a Margarida tinha antes de perder os 2 euros?

Cinco jovens participaram num torneio de xadrez. Cada um deles jogou com todos os outros. Quantas partidas jogaram ao todo?

A menina Isabel, secretária de uma firma comercial, bateu à máquina 4 cartas e também os endereços dos seus destinatários em quatro envelopes. Cheia de pressa, meteu as cartas ao acaso dentro dos envelopes. Mas teve sorte, pois 3 delas chegaram ao destinatário certo. E a outra carta, o que lhe teria acontecido?

> Professora Lília Neves

desafios de matemática1 2 3

10 5 12

11 9 9

6 13 8

18 13 20

19 17 15

14 21 16

Quadrado mágicoA soma dos números em qualquer linha, coluna ou diagonal principal é sempre a mesma.

(PI)aDa matemática

19> À VOLTA DOS NÚMEROS / A VOZ DOS MAIS PEQUENOS

Os alunos do 4.º ano de escolaridade das escolas do 1.º ciclo do Agrupamento de Escolas Vale D’Este têm vindo, há vários anos a esta parte, a participar numa atividade que tem como objetivo promover valores culturais e tradicionais como contributo para o enriquecimento do processo ensino/aprendizagem e sensibilizar os alunos para a conservação

do Património Nacional.

Mais uma vez, este ano, e no dia 29 de janeiro, realizou-se a visita de estudo ao berço da Nação. Os alunos puderam verificar o local onde o nosso 1.º rei de Portugal, D. Afonso Henriques, viveu e travou as primeiras batalhas pela construção da portugalidade. É através destas vivências que os alunos cimentam

aprendizagens que, sendo só ministradas por via dos manuais, são mais difíceis de assimilar. Assim, em grupos separados e rotativos, visitaram o interior do Paço dos Duques, acompanhados por um guia que explicou os aspetos mais relevantes de cada sala e cada objeto, nomeadamente a dos Paços Perdidos, salão dos banquetes, tapeçarias, armas

da época, armaduras e mobiliário, enquadrados no desenvolvimento da História de Portugal. Visitaram também a capela de S. Miguel, a do Paço dos Duques, com uns vitrais maravilhosos e realizaram um percurso pelos espaços mais marcantes do Castelo.

> EB1 Rio Covo

ViSiTA DE ESTUDO - castelo de guimarães/ paço dos duQues

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20> A VOZ DOS MAIS PEQUENOS

A lagarta SerafinaQue tudo comiaTinha um grande segredoQue ninguém sabia.

A lagarta Serafina Tinha um segredo bem guardado E só um animal O tinha desvendado.

Transformou-se em borboleta,Quis ir para a escolaPara levar as coisas Precisava de uma sacola.

A lagarta SerafinaVivia num maracujazeiroTinha um segredoMuito matreiro.

O caracol Chico Tinha uma palavra a dizer Acerca da lagarta SerafinaPassar os dias a comer.

Havia uma lagartixaMuito curiosaChamada PatixaNaquele jardim, era famosa.

Esta obra ensinou Que não se deve criticarNinguém, amigo ou inimigo,Porque nos pode ajudar.

Aprendi com este livroQue as lagartas sofrem transformaçõesAo longo das suas vidas, Com duras reações.

Uma toupeira inteligenteExplicou a toda a genteComo uma feia lagarta,Se transforma num animal muito diferente.

O professor sapo ficou doenteE a Escola da Bicharada fechou.Piquinhos, o ouriço-cacheiro, teve uma ideiaDe que toda a gente gostou.

Propôs à D. FarruscaSer a nova Professora.Os animais adoraram e, entusiasmados,Inauguraram uma escola patusca.

Dona toupeiraEra a nova professoraComo não tinha jeito para cantar,Contratou Romi, a grande cantora. > Alunos do 4.º ano, Cambeses

Esteve na Biblioteca Escolar da Escola Básica do 1.º Ciclo e Jardim de Infância de Cambeses, no passado dia 19 de fevereiro, a escritora Palmira Martins, a fazer a apresentação dos seus mais recentes livros, O Grilinho Tenor e O Segredo da Lagarta Serafina, editados pela Trampolim Edições.

A escritora fez a narração da história de O Grilinho Tenor de uma forma muito expressiva e especial acompanhada à viola, que prendeu a atenção dos alunos. Estes ouviram também uma canção feita sobre o mesmo “grilinho”. Depois, oradora e ouvintes falaram d’ O Segredo da Lagarta Serafina e divertiram-se a fazer karaoke com uma canção animada sobre esta lagarta. Toda esta animação cativou os mais novos e fez com que este encontro se tornasse muito divertido e muito participado.

A escritora falou também das suas experiências como escritora, falou da sua obra e dos valores ético-morais por ela transmitidos e respondeu às questões que os alunos lhe foram colocando.

Palmira Martins revelou-se uma excelente comunicadora para o público destes níveis de ensino – 1.º ciclo e Jardim de Infância -, particularidade advinda, talvez da sua experiência como professora do 1.º ciclo, agora aposentada.

Como forma de a presentear, alguns alunos leram poemas criados por eles próprios quando estudaram e trabalharam as obras em foco. A escritora ficou muito agradada com o que ouviu e também elogiou os outros trabalhos realizados pelos alunos que estavam expostos na biblioteca.

Esta atividade teve resultados muito positivos. A Biblioteca Escolar conciliou, mais uma vez, duas das suas missões: promover o gosto pela leitura e pelo livro em articulação com os conteúdos curriculares.

No final da sessão, dois alunos do Pré-escolar ofereceram a Palmira Martins um ramo de flores e uma compilação dos trabalhos realizados pelos alunos. Depois, seguiu- -se a habitual sessão de autógrafos.

> Professora Glória Braga

Alô…alô… daQui fala camBeses

Eu gostei do livro porque ensina que os animais têm de ter liberdade, é uma história original e tem bonitas imagens.Eu aprendi que todos devem ter liberdade para nós também termos liberdade.

> Ana Sá, 3.º ano

Eu aprendi com o livro que não devemos apanhar animais, porque eles ficam tristes.Eu gostei do livro, porque deu-me uma grande lição de vida.

> Pedro Afonso, 3.º ano

Eu gostei do livro, porque deu-nos uma lição.Eu aprendi com este livro que não se deve prender os animais, porque também não gostávamos que nos prendessem. Aprendi também que devemos respeitar os animais; até podemos ficar amigos deles.

Sara, 3.º ano

Eu gostei do livro, porque tem animais “fixes”, tem abelhas e muitos animais cantores.Eu aprendi que não devo ser preso, não devo prender animais, nem insetos.

> Rafael, 3.º Ano

Eu aprendi com este livro que se deve

deixar os animais viver em liberdade.Eu gostei do Grilinho Tenor, porque adoro grilos e este falava. Acho que um grilo fica sempre bem numa história.O Grilinho Tenor é um amor!

> Maria Cunha, 4.º ano

Eu gostei do Grilinho Tenor, porque ele era um cantor clássico e era muito engraçado.O Grilinho Tenor era um grande cantor!

> Lara Silva, 4.º ano

Também gostei da banda do Grilinho, porque é uma banda muito unida e esforça-se para conseguir os seus objetivos. Tem muitos músicos e foguetes que são pirilampos!Gri… gri, o Grilinho Tenor é um amor!!!

> Lara Guimarães, 4.º ano

Eu gostei deste livro, porque fala de concertos, grilos, pirilampos… Se houver grilos à noite, nos dias de verão, de janela aberta, ouvem-se a cantar. ”Gri , Gri, Gri , Gri“, e eu gosto muito. A escritora Palmira Martins fez um livro muito bonito! OBRIGADO!

> Francisco, 4.º ano

OPiNiÕES DOS ALUNOS

CambEsEs

O Grilinho TenorO grilinho tenorEra um grande cantor.Gri… Gri… Gri… Gri…Sentia-se feliz ali!

Quando o João na gaiola o prendeu,Algo aconteceu…Gri… Gri… Gri… Gri…Eu estou infeliz aqui! Quando o João o libertou,Tudo mudou:Amigo dele ficouGri… Gri… Gri… Gri…Arranjei um amigo aqui!

E este poema acaba aqui!

> Alunos do 2.º ano, Cambeses

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Cumprindo a tradição, a EB1/JI de Fonte Coberta promoveu, mais uma vez, os festejos de Carnaval. Esta atividade iniciou-se muito antes do desfile, com o enfeite do espaço escolar, a realização de atividades de expressão musical, escrita, oral e plástica. As crianças memorizaram canções, produziram textos, ouviram histórias e produziram registos pictóricos e máscaras diversas. No dia do Corso Carnavalesco, retocaram-se pinturas faciais e, depois de todos os foliões preparados, fomos para a rua espalhar a alegria pela freguesia, cantando, tocando instrumentos e lançando confetes e

serpentinas.

No período da tarde, foi organizado um concurso para a escolha da melhor fantasia por nível e ano de escolaridade. O júri foi constituído por alunos. Os vencedores foram ovacionados e entregue a todos um prémio de participação.

Foi um dia muito divertido que encerrou com um baile de máscaras do agrado de todos, onde reinou a alegria, a boa disposição e o convívio.

> EB1/JI de Fonte Coberta

corso carnavalesco

Enquadrado no projeto Brinquedos e Brincadeiras, levado a cabo pelos departamentos da Educação Pré-escolar e 1.º ciclo do Ensino Básico do Agrupamento, a EB1/JI de Fonte Coberta dinamizou uma palestra para pais e encarregados de educação da referida instituição escolar, subordinada ao tema Brinquedos de ontem e de hoje, tendo, para tal, solicitado a colaboração da psicóloga Catarina. Esta, juntamente com a psicóloga Carlena, ambas em exercício de funções no Agrupamento de Escolas Vale D’Este, centraram a sua atenção nos “brinquedos de ontem e de hoje”, isto é, brinquedos que os pais e mais ainda os avós dos atuais alunos usavam nos seus tempos de infância, comparados com os de hoje.

As duas psicólogas fizeram um enquadramento psicológico do brincar e dos benefícios da brincadeira para as

crianças, referindo que a ocupação da maioria delas atualmente não é feita com brinquedos propriamente ditos, como é o caso dos jogos de consolas e computadores, que não são considerados brinquedos. De seguida, houve um debate sobre a temática através da troca de pontos de vista sobre os malefícios e benefícios dos brinquedos de hoje e a sua adequação aos escalões etários dos alunos da escola.

O feedback dos pais e encarregados de educação foi francamente positivo, tendo transmitido a ideia de que educar uma criança hoje é difícil e que, por isso, todas as ajudas são bem-vindas. A sensação que ficou foi que a mensagem passou, até porque a adesão a esta ação foi massiva, tendo os pais correspondido à solicitação.

> EB1/JI de Fonte Coberta

FoNTE CobErTaBrinQuedos de ontem e de hoJe

rIo Covo

21> A VOZ DOS MAIS PEQUENOS

No âmbito do projeto levado a cabo pelos Departamentos do Pré-Escolar e 1.º ciclo do ensino básico do Agrupamento de Escolas Vale D’Este, subordinado ao tema Brinquedos e brincadeiras, a escola de Rio Covo S.ta Eulália tem vindo, desde o início deste ano letivo, a desenvolver um conjunto de atividades de abordagem à temática definida. Nestes dois primeiros meses de 2013, a escola promoveu duas atividades interligadas e com repercussões no que resta do ano letivo, nomeadamente numa palestra para alunos sobre brinquedos e brincadeiras e, na sequência desta, o Carnaval. Quanto à primeira, foi convidada a psicóloga Catarina para, em coordenação com o pessoal docente e a participação de toda a comunidade educativa, estimular nos alunos a utilização de brinquedos e brincadeiras em que prevaleça a interatividade destes com as crianças, destas entre si e também brincadeiras que, predominantemente, proporcionem exercício físico.

Tendo-se concluído que os brinquedos e brincadeiras têm uma importância fundamental no processo de integração entre as crianças, pois proporcionam uma convivência saudável, amiga, criativa e construtiva durante momentos

de descontração de vivência coletiva e que, através dos brinquedos e das brincadeiras, a criança descobre e compreende o mundo que a rodeia, desenvolve a imaginação, experimenta o faz de conta e explora possibilidades para a construção do conhecimento, entendeu-se fazer o levantamento dos brinquedos e brincadeiras que os alunos têm ou utilizam e acrescentar outros e dedicar um brinquedo/brincadeira, em cada semana de aulas que ainda falta para os alunos usufruírem durante os tempos que passam na escola. Brinquedos como os matraquilhos, bonecas de trapos, corrupias, pião, corda e outros que venham a ser considerados importantes, foram os escolhidos para incluir neste programa. As crianças já puderam iniciar as brincadeiras na escola com o jogo de matraquilhos, disponíveis para os alunos nos tempos de recreio. De salientar que se pretendeu também esbater as restrições quanto às regras estabelecidas de que há brinquedos e brincadeiras para meninos e meninas, tentando valorizar-se a participação de todas as crianças que queiram brincar.

Na sequência desta atividade e na usual participação

da comunidade educativa de Rio Covo nos festejos de Carnaval, os pais e encarregados de educação foram chamados a elaborar as fantasias que as crianças deveriam usar para o cortejo carnavalesco a desfilar pelas ruas da freguesia. A temática apresentada foi Brinquedos e brincadeiras, onde mais uma vez se pôde constatar o empenho e a colaboração de todos, incluindo as associações existentes. Em conjunto com as crianças do Jardim de infância, o desfile carnavalesco ocorreu no dia 8 de fevereiro, da parte da manhã, pelas ruas da freguesia que foram palco de uma ampla ação de cidadania. Esta interação de alunos com o resto da comunidade torna-se indispensável para o processo de consciencialização do tema que vem sendo abordado e trabalhado pelos alunos. Da parte da tarde, foi organizado um concurso para a escolha da melhor fantasia. Foi um dia muito divertido, encerrado com um baile do agrado de todos, onde reinou a alegria, a boa disposição e o convívio. Nas semanas que antecederam esta época festiva, os alunos concretizaram diversas atividades de expressão plástica, dramática e musical, onde a envolvência das docentes das AEC foi muito positiva.

BriNQUEDOs E BriNcADEirAs Em riO cOVO s.TA EULáLiA

PALESTRA

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22> A ARTE NA ESCOLA

geometriarte

desenho de observação

Gabriela Sousa, 7.ºAÉrica Serra, 7.ºEDuarte Sá, 7.ºE João Campos, 7.ºA

João Torres, 7.ºE Luís Azevedo, 7.ºEJuliana Campinho, 7.ºE Luís Carvalho, 7.ºA

Luís Guimarães, 7.ºE João Garcia, 9.ºCVânia Campos, 7.ºE Laura Silva,9.ºD

Mónica Costa, 9.ºD Paulo Ferreira, 9.ºCPaulo Ferreira, 9.ºC

Trabalhos desenvolvidos no âmbito de Educação Visual, 3.º ciclo: desenho de observação, design gráfico e geometriArte.

desenho gráfico

João Ferreira, 9.ºA - LÁPIS AGUARELA - “school landscape”

Daniel Pinho, 9.ºA“RETRATO DE JOÃO PEDRO MÉSSEDER - esboço” Vitor Campos, 9.ºC

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Sou nostálgico! É verdade. Não há volta a dar nem como o esconder. Entre muitos outros defeitos, tenho o terrível hábito de recuperar e reeditar aquilo que me ajudou a modelar o presente, como se a água de um rio passasse duas vezes sob a mesma ponte antes de se perder na vastidão do mar. Não que isso me torne herdeiro do delírio, incapaz de reconhecer que as coisas se transformam e que, até porque também as pessoas mudam, os olhares sobre elas passam a ser distintos, inevitavelmente; sei bem como é importante (difícil, também; às vezes até penoso) reenquadrar a mudança nos novos “eus” que vamos colecionando, a mais mutável matéria saída da mão do Criador.

… Não, não perdi o fio à meada. Falava de nostalgia e da relação que ela mantém comigo. Dou por mim a rever o meu primeiro dia de aulas, debaixo da modorra das primeiras chuvas de setembro, as idas ao Theatro Circo aos sábados à tarde ou as irrepetíveis festas de garagem com amigos ao som de monstros inimitáveis (olha a nostalgia a conduzir a reflexão para o registo hiperbólico) como Pink Floyd, Marillion, The Cure, Chameleon, The Clash ou Sex Pistols.

Todos foram importantes para uma geração – a minha – que, não intervindo diretamente em práticas e ações que marcaram o curso da História, foi capaz de recolher e colar estilhaços do maio

sEx PIsTols o grITo DE uma gEração

discos da minha vida:

de 68, do Woodstock ou do movimento hippie. Foi justamente num período de um certo aburguesamento social (pré-anunciando os alvores do neoliberalismo que a todos engole, hoje) que Johnny Rotten, Steve Jones, Paul Cook e Sid Vicious, dos Sex Pistols, clamaram pela anarquia no Reino Unido, sorriram aos movimentos revolucionários, sobretudo na Irlanda, convidaram a rainha a descer do trono ou incitaram os jovens à insubmissão e à insubordinação face ao status quo de então. Foi pela febre do excesso e do do whatever you feel like, onde tudo era legítimo (embora não legitimado), que os Pistols marcaram uma época e uma geração, sobretudo no Reino Unido: os Punk (recordo – agora com nostalgia, mas então com horror – aquele dia de agosto, em 1983, quando, no metro de Londres, vi a galinha-garnizé da minha mãe, trajando cabedal negro, a passear-se com tatoos e correntes no corpo, agitando metais e piercings, como apenas vira fazer aos faquires nos programas de televisão). Só o terem sido considerados uma praga maior que o nazismo, em terras de Sua Majestade, faz deles alguém a quem não se pode ser indiferente.

Bom, na minha garagem o mundo desenhava-se a uma escala bem mais reduzida. A música servia para dominarmos um horizonte, onde o cocktail se completava com umas passas nos SG Filtro subtraídos à gaveta do pai Hernâni, algumas cervejas, uns beijos furtivos e conversas-delírio que faziam de nós os Agostinhos da Silva da nossa geração.

Como o mundo dos Sex Pistols, também o nosso durou pouco tempo. O ingresso na universidade, os novos amigos, as exigências de uma profissão iniciada aos 21 anos e a família tornaram o universo Pistols numa das primeiras nostalgias a serem cravadas na ardósia da memória.

Foi por casualidade e com grande surpresa que vim a saber da sua vinda

ao Festival de Paredes de Coura, no verão de 2008. Maior surpresa que esta, apenas que se tinham reagrupado para gerar uns euros (ou libras, tanto faz) suscetíveis de alimentarem uma velhice (que não decrepitude, pelo que testemunhei) tão burguesa quanto aquela que repudiaram e vexaram entre 1977 e 1979.

Heresia seria faltar. Sabia que não era apenas um concerto; sabia que não podia ser só um assomo desse leão irascível, que dá pelo nome de nostalgia ou saudosismo; era a História que se reescrevia. Não faltei.

Passaram-se alguns anos para eles. Passaram-se também para mim. Fui ao concerto onde, em vez de cerveja, bebi água; onde, por companhia, tinha não as teenagers do liceu, mas o Gonçalo, o meu filho. A espera até à subida dos monstros ao palco (cerca de 8 horas) acabou por revelar-se altamente recompensadora. É verdade que nada é já como foi (esse é o grande problema da nostalgia: nada é repetível): os rostos esguios e secos aliaram-se ao tempo; os corpos exibiam-se gastos e arredondados; as calças elásticas coladas à pele e os adereços metálicos envergonhavam-se no bojo das roupas largas; o mau génio e a verve anti-tudo-e-qualquer-coisa tornou-se ora encenação (com um your sound is fucking shit; fix it desferido contra o técnico de som), ora simpatia dialógica com o público (onde alguns festivaleiros mais desabridos soltavam a sede de crowd surfing e mosh), à boa maneira de uma banda mainstream. Não admira que, à invasão do palco por parte de um seguidor perdido no tempo, seguramente convencido de que os Sex Pistols ainda eram o que tinham sido há 35 anos, Rotten tenha apelado à calma, ao respeito, recordando a todos a sua vetusta e mui nobre idade.

Deceção? Não, de todo! Naquelas duas horas gritei, saltei, cantei, gargalhei e, do meu lado esquerdo, o Gonçalo, 24 anos mais novo que eu, fazia exatamente o mesmo. Do meu lado direito, o Rui, alguém com idade para ser seu avô, não se comportava de modo diferente. Afinal, estávamos a fazer parte da História. Enquanto isso, eu, discretamente, agachei-me e, sem que os milhares dessem por isso, regressei, por instantes, à garagem que, ao seu tempo, me ajudou a crescer…

g a l e r i a g a l e r i a g a l e r i a g a l e r i aJulião Sarmento (lisboa, 1948)

Formado em Pintura pela Escola de Belas Artes de Lisboa, Julião Sarmento começou a sua carreira durante a década de 70 do século XX. As suas primeiras obras são marcadamente figurativas, de animais exóticos, embora a característica da fragmentação surgisse por vezes nas figuras pintadas.

A sua obra viria a adquirir pleno sentido e entendimento durante a década de 80, quando regressou à pintura, depois de uma fase mais marcada pela fotografia e pelo vídeo. A partir daqui afirmou- -se internacionalmente como um dos artistas portugueses mais significativos da sua geração.

> Professor Cândido Sousa

> Professor Jorge Pimenta

23> A ARTE PARA LÁ DAS PALAVRAS / CRONICAGEM

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Quando me perguntam pelo Livro da Minha Vida, sem hesitar, penso no Livro de Sonetos – de Florbela Espanca que é uma compilação de todos os livros por ela escritos. Este livro chegou-me às mãos quando eu tinha 15 anos. Como não ficar embevecida ao ler sonetos de uma mulher que tem a sinceridade ou o despudor de confessar o desejo, o amor e a sensualidade? Como aprovar uma poetisa que se casou três vezes e que, ao que parece, só amou perdidamente o seu irmão?Ao mergulhar nos seus sonetos, vejo-me acompanhada pela curiosidade em saber mais sobre um nome até então desconhecido para mim, porque estudava no Brasil. Florbela não foi só paixão: - Ser a moça mais linda do povoado,/Pisar, sempre contente, o mesmo trilho,/Ver descer sobre o ninho aconchegado/A bênção do Senhor em cada filho. //Um vestido de chita bem lavado,/Cheirando a alfazema e a tomilho…/Com o luar matar a sede ao gado,/Dar às pombas o sol num grão de milho….Nascida em dezembro de 1884, em Vila Viçosa, terra cheia de sol e áspera do Alentejo. Filha ilegítima de um homem rico com uma moça do lugar, era filha legítima da charneca. Foi criada pela mulher legítima de seu pai e mudaram-se para Lisboa aquando do Regicídio. Florbela tinha de sofrer. Seu inimigo era, e é, forte e tem sobrevivido a todas as épocas e lugares: o Preconceito. Além de ser mulher, o facto de ter sido contemporânea de grandes poetas como Antero de Quental, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa, contribuiu ainda mais para ver o seu nome eclipsado. A poesia de Florbela é lírica, composta de sensações e de vivências psicológicas. Em vários dos seus sonetos temos um autorretrato pessoal e coletivo da nostalgia da realeza presente nos poetas portugueses do século passado Tanta opala eu tinha! Tanta, tanta!/ Ficaram meus brocados, que despi,/ E as joias que p’las aias reparti/ Como outras rosas da Rainha Santa – Fui essa que pelas ruas esmolou / E fui a que habitou Paços Reais/…/Fui descobrir a Índia e nunca mais/ Voltei! Fui essa nau que não voltou/. Tudo em cinzentas brumas se dilui nos remete diretamente a Nevoeiro que é o último poema de Mensagem de Fernando Pessoa. Quando é que Florbela descobriu o seu irmão como amor e como homem? A Flor do Sonho, alvíssima, divina/ Miraculosamente abriu em mim/…. Ela não tinha sequer dezasseis anos quando casou pela primeira vez. Em 1919 cursava Direito na Faculdade de Lisboa e lança O Livro de Mágoas e aventura-se no segundo casamento, ainda mais fracassado do que o primeiro. Durante essa fase, que vai até à publicação de Charneca em Flor (1930) Florbela sofre e escreve. A intensidade erótica da sua poesia atinge o ponto mais alto. Exprime o amor com uma força e delicadeza desconcertantes: Que a boca da mulher é sempre linda/ Se dentro guarda um verso que não diz!; No divino impudor da mocidade, / Nesse êxtase pagão que vence a sorte, / Num frémito vibrante de ansiedade, / Dou-te o meu corpo prometido à morte!. Toda ela é angústia em Reliquiae (1931): Este querer-te bem sem me quereres,/ Este sofrer por ti constantemente,/ Andar atrás de ti sem tu me veres/ Faria piedade a toda a gente. (…) Sou triste como a folha ao abandono/Num parque solitário, pelo Outono,/ Sobre um lago onde vogam nenúfares.../Deus fez-me atravessar o teu caminho./- Que contas dás a Deus indo sozinho,/Passando junto a mim, sem me encontrares?Dona de um lirismo vincado, é capaz de recriar emoções com palavras impregnadas de vida. E o rubro sol da tua boca ardente/ Vai-me a pálida boca desfolhando… Dirige ao irmão palavras de carinho insatisfeito, bem como todos os sonetos de amor. Apeles, piloto de avião, morre num desastre no Rio Tejo. A partir daí, os seus textos revelam extrema desordem emocional Esse de quem eu era e era meu,/ Que foi um sonho e foi realidade, Que me vestiu a alma de saudade, / para sempre de mim desapareceu. Florbela torna-se um pouco mais do que um espectro e ao escrever fixa imagens de puro desvario. – Vejo-te só a ti no azul dos céus, /Olhando a nuvem de oiro que flutua, / Oh minha perfeição que criou Deus/ E que num lindo dia me fez sua. Casou-se pela 3.ª vez com um médico de Matosinhos em 1925. Desde o segundo casamento, Florbela viu-se vítima de intrigas e condenações. Na capital e na província foi segregada. Era apontada, execrada como se fosse a última da mulheres, porque se atreveu a nascer à frente do seu tempo. A 8 de dezembro de 1830, no dia do seu 36º aniversário, suicida-se com soníferos.Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada/ Pavorosa Não sei onde era dantes, /Meu solar, meus palácios, meus mirantes!/ Não sei de nada, Deus, não sei de nada!...O seu corpo, que durante décadas não foi aceite em todo o Alentejo, foi transladado em 1964 de Matosinhos, onde faleceu, para a sua terra natal. > Professora Maria do Carmo Andrade

livros da minha vida...Livro de Sonetos – de Florbela Espanca

Tudo começa quando algo nos acontece... Há quem diga que nada acontece por acaso, mas quantos de vocês se perguntaram por que é que isto só me acontece a mim?Acordem para o mundo, tudo acontece por acaso! Nós criamos o nosso próprio destino, as nossas escolhas influenciam o mundo inteiro... É claro que muitas vezes nos arrependemos do que fazemos, ou do que não fizemos; é aí que entram as memórias.Memória, para mim, é o mesmo que tortura!Quem nunca sofreu na vida? Pensem bem, quantas vezes tomaram uma decisão que só levou ao pior? As memórias são como o vento... às vezes, para, outras vezes, voltarem e arrasarem tudo o que veem à sua frente...O tempo não espera por quem erra e compensa quem acerta! Vivam bem o vosso tempo, porque a vida não é eterna! Aproveitem a oportunidade de viver que vos deram!Viver com memórias é um inferno! Mas ninguém consegue sobreviver sem elas. Aquele monstro que nos atormenta dia e noite.Será que algum dia vamos esquecer tudo o que de mal nos acontece ao longo da vida?Acho que sim... mas apenas no momento em que fecharmos os olhos eternamente e, assim, conhecermos a paz; enquanto isso não chega, é viver la vida loca! Mas vejam pelo lado positivo: ao menos ainda estão a ler este texto... *texto dedicado à Daniela Leitão, a minha prima, que me deu a ideia.

> João Pedro Ribeiro, 10.ºA

As Memórias*

Mesmo sendo entusiasta das novas tecnologias, sou adepta das velhas e tradicionais cartas escritas à mão. Gosto daquelas com data, saudação, selo lambido, cuidadosamente escritas e levadas pelo carteiro, esperando que o destinatário a abra e corra os olhos pelas linhas em que tanto coloquei os meus sentimentos.Não sou a favor de que mensagens sentimentais sejam enviadas pela Internet através de mensagens instantâneas, de emails apressados. Gosto, sim, das cartas que levam dias

para serem escritas, onde debruçamos o coração pela escolha da palavra certa, da frase decisiva, até mesmo das lágrimas secas sob o papel. Não temos de ser piegas naquilo que escrevemos mas sim escrever o que pensamos ou desejamos.A carta escrita à mão é a melhor maneira de expressarmos os nossos desejos, as nossas angústias e as letras escritas através da nossa mão materializam qualquer sentimento. É uma forma de nos dedicarmos a quem gostamos, sem pressa.

> Liliana Sousa, 10.º A

O cheiro do café com leite faz-me visualizar uma infância, faz-me recordar todas as manhãs em que ainda, meio sonolenta, o doce sabor do beijo na face de menina a fazia sorrir dizendo “bom dia, avó”. Sou levada ao tempo em que a inocência reinava, em que os contos de fadas eram reais e viviam-se nos sonhos, acordando mais tarde e ouvindo “dormiste bem, princesa?”- tantas vezes esta frase levou essa menina morena a acreditar fortemente que tudo tinha sido mais que um sonho.A avó dessa menina tinha um brilho no olhar de cada vez que, ao lanche das cinco, os sonhos eram relatados e dizia ela “tu muito sonhas”; de novo a inocência voltava fazendo esboçar um sorriso naquela pequena cara.Quando o relógio avançava mais depressa que um cavalo e a hora de a menina voltar a casa chegava, a avó parecia ficar irrequieta deixando a pequena pensativa na razão por que tal acontecia. Talvez fosse mesmo o facto de o relógio parecer um cavalo que a assustava, ela não se relaciona com cavalos.

Ao jantar, a mesa era colorida pelas imensas histórias da menina com a sua avó. Essas histórias faziam a sua vida tao cor-de-rosa que a ânsia do dia seguinte surgia logo após o beijo de boa noite.A menina pensava em como estaria a sua avó e se também ela estaria à sua espera de manhã para mais um dia de aventura.Quando a manhã surgia e o beijo despertador de sua avó a alertava de que já permanecia num lar diferente, a menina, com o cheiro do café com leite, sorria e de novo ouvia-se “bom dia, avó”.Todas estas manhãs se repetiram por anos e o cheiro do café com leite nunca abandonou esta menina, que, embora já não viva as suas aventuras do dia a dia com a sua avó, continua a pensar, após o beijo de boa noite, se ela, no dia seguinte, estará lá para ouvir as suas aventuras.Esta menina já não é despertada com o beijo da manhã, mas fica alerta de cada vez que sente o cheiro do café com leite, pois este a faz dizer: “bom dia, avó”.

> Araci, 10.º A

Café com leite

Cartas na minha vida

24> CRONICAGEM