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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS POS-GRADUAÇÃO EM HEMATOLOGIA OCORRÊNCIA DE REAÇÕES TRANSFUSIONAIS EM UM HOSPITAL PUBLICO NA CIDADE DO RECIFE EMISIA MARIA DA SILVA Recife, PE 2015

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

POS-GRADUAÇÃO EM HEMATOLOGIA

OCORRÊNCIA DE REAÇÕES TRANSFUSIONAIS EM UM

HOSPITAL PUBLICO NA CIDADE DO RECIFE

EMISIA MARIA DA SILVA

Recife, PE

2015

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EMISIA MARIA DA SILVA

OCORRÊNCIA DE REAÇÕES TRANSFUSIONAIS EM UM

HOSPITAL PUBLICO NA CIDADE DO RECIFE

Monografia apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências Biológicas como parte dos

requisitos exigidos para a Conclusão do Curso de

Especialista em Hematologia da Universidade de

Pernambuco, UPE.

ORIENTADOR: PROF. KATIUSCIA ARAUJO DE MIRANDA LOPES

Recife, PE

2015

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Dedico esta monografia

À minha família pela fé e confiança demonstrada;

aos meus amigos pelo apoio incondicional;

Aos professores pelo simples fato de estarem

dispostos a ensinar; a orientadora pela paciência

demonstrada no decorrer do trabalho;

Enfim a todos que de alguma forma tornaram este

caminho mais fácil de ser percorrido

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Agradecimentos

A Deus pela oportunidade de estar realizando este trabalho;

À minha família, pelo incentivo e colaboração, principalmente nos momentos de dificuldade;

A todos os professores e coordenadores do curso, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e

no desenvolvimento desta monografia.

A minha orientadora por estar disposta a ajudar sempre;

Aos meus colegas pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo auxílio nos trabalhos e dificuldades

e principalmente por estarem comigo nesta caminhada tornando-a mais fácil e agradável.

Obrigada por tudo!

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“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis,

adquire o conhecimento”.

( Provérbios 4,7 )

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RESUMO

A transfusão de sangue é indispensável no tratamento de alguns pacientes, entretanto,

não é isenta de riscos. Além da possível transmissão de doenças infectocontagiosas,

podem ocorrer incidentes transfusionais imediatos e tardios. O objetivo deste estudo

descritivo, quantitativo e transversal foi analisar a notificação dos incidentes transfusionais

imediatos ocorridos em setores de internação do Hospital Getúlio Vargas, no Recife, no

período de janeiro a fevereiro de 2015. Os dados foram obtidos de forma secundários

tendo um quantitativo de 313 transfusões realizadas em 129 pacientes. Verificou-se que a

maioria das transfusões foi realizada na clínica médica (n=28), sendo o concentrado de

hemácias o hemocomponente mais transfundido com 287(91,6%). Durante o período do

estudo não houve notificação de reação transfusional, porém foi observado pelos

pesquisadores um registro escrito de evento adverso em um (1) prontuário, o que

configura subnotificação. Espera-se que estes achados possam subsidiar a

implementação de novos programas de capacitação profissional com foco nas ações em

hemovigilância as quais englobem prevenção, identificação e registro dos incidentes

transfusionais imediatos, com vistas a garantir a qualidade e segurança transfusional.

Palavras chave: Hemotransfusão; Produtos Derivados do Sangue; Notificação;

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ABSTRACT

Blood transfusion is essential in treating some patients, however, without risks. In addition,

possible transmission of infectious diseases may occur early and late transfusion

incidents. The objective of this descriptive study was to analyze quantitative notifications of

immediate transfusion incidents in sectors of Getúlio Vargas Hospital, in Recife, from

January to February 2015. Data were obtained from secondary records. 313 transfusions

were performed in 129 patients. The majority of transfusion was performed in medical

practice (n = 28), and the red blood cells packed was the most blood components

transfused with 287 (91.6%). There was no transfusion reaction notification during the

study, but it was observed by the researchers a written record of adverse event in one (1)

chart, which sets underreporting. We hope that these findings may support the

implementation of new professional training programs focused on shares hemovigilance

which encompass prevention, identification and registration of immediate transfusion

incidents, in order to ensure quality and transfusion safety.

Key words: Hemotransfusions; blood products; notification;

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1º LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Características gerais dos pacientes que realizarão transfusão no Hospital Getulio

Vargas de Janeiro a Fevereiro de 2015

32

Tabela 2- Número de hemocomponente sanguíneo transfundido por setor investigado e

registro de reações adversas no Hospital Getulio Vargas de Janeiro a Fevereiro de 2015

35

Tabela 3-Números de bolsas transfundidas e tipo de reação adversa imediata registrada por

componentes sanguíneos no Hospital Getulio Vargas de Janeiro a Fevereiro de 2015

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2ºLISTA DE FIGURAS

Figura 1 - O sangue e seus constituintes 14

Figura 2 - Hemocompentes e hemoderivados utilizados nas transfusões hospitalares 23

Quadro1 - Hemoderivados e hemocomponentes usados na prática transfusional 24

Quadro2 - Reações transfusionais agudas (imediatas) e tardias (mediadas)

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SUMÁRIO

1 Apresentação ______________________________________________

2 Revisão de Literatura ________________________________________

2.1 A hemotransfusão durante a evolução da humanidade _______________

2.2 Período científico: de 1900 até os dias atuais_______________________

2.3 Evoluções da hemoterapia no Brasil _____________________________

2.4 A transfusão, os hemocomponentes e hemoderivados ________________

2.5 Os riscos adversos durante a transfusão de sangue __________________

2.6 Hemovigilância ______________________________________________

3 Justificativa __________________________________________________

4 Objetivos ____________________________________________________

4.1 Objetivo geral ________________________________________________

4.2 Objetivos específicos __________________________________________

5 Procedimentos metodológicos ___________________________________

5.1 Tipo de estudo _______________________________________________

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5.2 Área de estudo _______________________________________________ 30

5.3 População de estudo e período de referência ________________________ 30

5.4 Critérios de exclusão ___________________________________________ 31

5.5. Análise dos dados _____________________________________________ 31

5.6 Considerações éticas ___________________________________________

5.7 Risco beneficio _______________________________________________

31

31

6 Resultados e discussão _________________________________________ 32

7 Conclusão ___________________________________________________ 38

8 Referências ___________________________________________________ 40

8.1APÊNDICE A - Carta de Anuência _______________________________ 46

8.2APÊNDICE B - Formulário de Buscativa __________________________ 47

8.3APENDICE C- Termo de Confidencialidade _______________________

8.4APENDICE D- Dispensa do TCLE ______________________________

8.5APENDICE E- Termo de Autorização do Setor ____________________

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1. Apresentação

Os efeitos benéficos de transfusões de sangue têm sido observados desde o início do

século XIX, período ao qual é atribuída a realização da primeira transfusão de sangue

humano. Entretanto, as reações adversas, entre elas a transmissão de doenças, têm

acompanhado de perto o uso dessa terapêutica (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008).

A partir da descoberta dos grupos sanguíneos A, B e O, por Landsteiner, no início do

século XX, a medicina transfusional evoluiu muito, se beneficiando, como as demais

especialidades médicas, dos avanços tecnológicos ocorridos, principalmente após a segunda

metade do século. (JUNQUEIRA. et Al., 2005)

A terapia transfusional é um processo que mesmo com indicação precisa e

administração correta, envolve risco sanitário. A segurança e a qualidade do sangue e

hemocomponentes devem ser assegurados em todo o processo, desde a captação de doadores

até sua administração ao paciente. A participação do enfermeiro, em todas as fases do

processo, desde a captação do doador até a transfusão do sangue contribui para a garantia da

segurança transfusional, proporcionando aos doadores e receptores de sangue, produtos com

qualidade, minimizando os riscos à saúde dos mesmos. Por isso, a importância de se cumprir

com eficiência o ciclo hemoterápico cujo processo inicia-se coma captação e seleção de

doadores, seguindo-se a triagem sorológica e imuno-hematológica, processamento e

fracionamento das unidades coletadas, dispensação, transfusão e avaliação pós-transfusional

(BARBOSA et al., 2011).

A transfusão de sangue consiste na administração do sangue de um indivíduo doador

para um indivíduo receptor. Esse procedimento transfere os antígenos do doador, sejam

antígenos das membranas celulares ou antígenos plasmáticos, em contato com o sistema

imunológico (anticorpos) do receptor, levando a reações do sistema imunológico do receptor

da transfusão, que podem resultar em efeitos indesejáveis à transfusão. Esses resultados

indesejáveis são chamados de reações transfusionais ou incidentes transfusionais (MATOS et

al., 2006).

A LEI ORGÂNICA DA SAÚDE (1990) define a vigilância sanitária como “um

conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir, ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos

problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da

prestação de serviços de interesse da saúde”.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) Instituiu o Projeto Hospitais

Sentinela, tendo por objetivo construir uma rede de hospitais em todo o país, preparados para

notificar eventos adversos e queixas técnicas de produtos de saúde, insumos, materiais,

medicamentos, saneantes, e equipamentos médico em uso no Brasil (BRASIL, 2008). Neste

intuito três instrumentos sanitários de investigação foram instituídos: a Tecnovigilância

(detecção de eventos adversos com materiais médico-hospitalares); a Farmacovigilância

(detecção de eventos adversos com fármacos) e a Hemovigilância, que ocorre quando a

adversidade provém de fatores imunológicos a partir da administração de hemocomponentes

com a consequente identificação de uma reação transfusional, que pode ocorrer imediata ou

tardiamente a infusão de hemácias, plaquetas, plasma, crioprecipitados ou hemoderivados

(BRASIL, 2007).

De um a sete a cada 1.000 hemocomponentes transfundidos podem resultar em reação

transfusional, sendo mais frequente nos pacientes politransfundidos. A maioria das reações

transfusionais é considerada benigna, muitas são subnotificadas e/ou subdiagnosticadas

(Brasil 2013). A reação febril não hemolítica responde por 0,5% a 6% das complicações

transfusionais e a reação urticariforme ou alérgica é a segunda reação transfusional mais

frequente, variando em torno de 1% -3% das transfusões (BRECHER, 2005).

Por outro lado, o processo de investigação das reações transfussionais é complexo

devido à diversidade das etiologias das reações transfusionais, porém, a partir de sinais e

sintomas chaves, é possível diagnosticar corretamente a reações transfusionais e eleger a

terapêutica adequada. Esta característica só aumenta a importância da notificação correta e em

tempo hábil das reações transfusionais (BRASIL, 2013).

Apesar dos avanços da hemovigilância no Brasil, ainda há muitos desafios a serem

superados na busca da qualidade da assistência hemoterápica para a redução do risco à saúde.

A ausência de programas de educação continuada voltados à equipe de saúde é uma realidade,

sendo necessária a organização de programas de educação permanente que visem o

desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e competências da equipe que trabalha com

transfusões em seu cotidiano nos setores. Além do baixo número de registros de notificação

das reações adversas por parte das equipes de saúde (ANVISA, 2011).

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2 Revisão de Literatura

2.1 A hemotransfusão durante a evolução da humanidade

O sangue é um tecido fluido, formado por uma porção celular que circula num

meio líquido, o plasma. A porção celular representa 45% do volume do sangue, sendo

composta por eritrócitos, leucócitos e plaquetas, enquanto o plasma representa os 55%

restantes (Figura 1) (CAETANO JUNIOR, 2012). O tecido sanguíneo é responsável por

importantes funções, como transporte de oxigênio, nutrientes, resíduos do metabolismo,

coagulação do sangue e imunoproteção (LIU et al., 2012).

A maioria das células sanguíneas maduras tem uma vida média de poucas horas

(granulócitos) ou semanas (hemácias). Isto significa que, todos os dias, novas células devem

ser produzidas para substituí-las. A produção de células sanguíneas é chamada de

hematopoiese e, após o nascimento, ocorre exclusivamente na medula óssea sendo regulados

por citocinas, fatores de crescimento, hormônios, interações célula-célula e célula-matriz

estromal (BORDIN et al., 2007).

Figura 1- O sangue e seus constituintes

Fonte: http://vidaemfoco-bio.blogspot.com.br/2012/03/constituintes-sanguineos-com-funcao.html

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Na história da humanidade, o sangue sempre foi associado ao conceito de vida em

todas as culturas humanas. Aristóteles considerava que a força da alma estava relacionada à

qualidade do sangue. Baseado nesse conceito acreditava poder evitar a morte, melhorar

condições de saúde e restituir a mocidade aos velhos e a razão aos loucos, utilizando o

sangue, não só do homem, mas também dos animais, pois, ao olho nu, os dois eram muito

semelhantes (SILVA, 2008). A transfusão de sangue teve dois períodos: um empírico, que vai

até 1900, e outro científico, de 1900 em diante (JUNQUEIRA et al., 2005).

No período empírico, o sangue era considerado um elemento energético e por isso

a ingestão deste era uma prática comum. No Egito, faraós e princesas acreditavam que

banhar-se em sangue poderia restaurar o organismo. Suicídios por meio da exsanguinação

foram realizados pelos nobres romanos que antes do falecimento deixavam ordens para

presentear aos amigos íntimos com o sangue deles. Os povos primitivos acreditavam que

banhar-se e beber o sangue de jovens e valentes guerreiros, lhes daria qualidades de vigor,

coragem e força. O sangue de animais que expressavam força (leão), astúcia (tigre), virilidade

(touro) eram utilizados pelas pessoas enfermas (FIDLARCZYK e FERREIRA, 2008).

Galeno por volta de 170 d.C. realizou uma experiência que modificou o curso da

medicina: descreveu pela primeira vez que as artérias conduzem sangue e não ar, como até

então se acreditava. Introduzindo o costume de retirar sangue do corpo, com fins curativos

(DELIZOICOV, 2004).

Há relatos de que, em 1492, estando o Papa Inocêncio VIII muito doente, na

tentativa de salvar-lhe a vida, três jovens realizaram a primeira transfusão de sangue da

história, resultando na morte dos quatro (PEREIMA et al., 2010).

O maior avanço científico do século XVII foi a descoberta, em 1616, da

circulação do sangue pelo inglês William Harvey ao descobrir que, ao contrário do que

afirmava Galeno, que o sangue não fluía e refluía nos mesmos vasos, seguindo em uma única

direção, seja do coração para os tecidos (pelas artérias), ou no sentido inverso (pelas veias).

Harvey também percebeu que o sangue circulava em um circuito fechado: coração-artéria-

tecidos-veias-coração. Apesar da oposição inicial dos doutores da época, suas ideias foram

aceitas e divulgadas por Descartes. A teoria da circulação sanguínea de Harvey foi publicada

em sua obra a propósito dos movimentos do coração e do sangue (LIMA, 2003).

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As primeiras transfusões de sangue comprovadas foram realizadas em animais no

século XVII por Richard Lower, em Oxford, no ano de 1665. Esses experimentos serviram de

base para que dois anos mais tarde, Jean Baptiste Denis, médico de Luiz XIV, professor de

filosofia e matemática na cidade de Montipellier, através de um tubo de Prata, infundisse um

copo de sangue de carneiro em Antoine Mauroy, de 34 anos, doente mental que perambulava

pelas ruas da cidade que faleceu após a terceira transfusão. Na época, as transfusões eram

heterológas e Denis defendia sua prática argumentando que o sangue de animais estaria

menos contaminado de vícios e paixões (GINGERICH, 1986).

Em 1673, devido à grande incidência de acidentes transfusionas, as transfusões

foram proibidas por 150 anos na França, configurando a primeira crise da medicina

transfusional. James Blundell (1818) realizou em Londres, uma transfusão de sangue humano

em mulheres com hemorragia pós-parto. Nesse período, foram registrados muitos acidentes,

como embolias, formação de coágulos, reações de incompatibilidade e acidentes infecciosos,

configurando a segunda grande crise da medicina transfusional (SOUZA, 2012)

2.2 Período científico: de 1900 até os dias atuais

Em 1900, o cientista austríaco Karl Landsteiner comprovou que havia diferenças

no sangue de diversos indivíduos. Após coletar amostras de sangue aleatórias, Landsteiner fez

diferentes combinações entre plasma e glóbulos vermelhos isolados, verificando que,em

alguns casos os glóbulos se aglutinavam, formando grânulos; em outros casos, isso não

acontecia. Landsteiner classificou o sangue humano nos grupos A, B e O e demonstrou que

transfusões entre humanos do grupo A ou B não resultavam na destruição nas células

transfundidas,tal intecorrência acontecia somente quando uma pessoa recebia transfusão do

sangue de uma pessoa pertencente a um grupo diferente. O quarto principal tipo sanguíneo

(AB) foi descoberto em 1902, por von Decastello e Sturli (SOUZA, 2012).

Ottenbrg e Kaliski (1913) estabeleceram um postulado básico, que passou a ser

conhecido como “lei de Ottenbrg”: a transfusão será teoricamente possível sempre que os

glóbulos vermelhos do doador não forem aglutinados pelo soro do receptor.

O caminho para as transfusões bem sucedidas foi marcado por muitos registros de

insucesso e a coagulação do sangue sempre foi um obstáculo a ser superado. Em 1914, Hustin

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relatou o emprego de citrato de sódio e glicose como uma solução diluente e anticoagulante

para transfusões, o que estimulou o desenvolvimento de soluções preservativas do eritrócito.

Embora experimentos tenham sido feitos na tentativa de reposição do sangue humano,

somente a partir da segunda guerra mundial é que a ciência da transfusão sanguínea começou

realmente a se tornar um importante ramo da Medicina (HARMENING-PITTIGLIO et al.,

1992).

Apesar de os médicos utilizarem tubos de borracha para ligar diretamente os

doadores e os receptores ou retirar sangue com a seringa no doador e injetá-lo no receptor,

Osvald Hope Robertson, em 1917, criou uma técnica na qual o sangue de um doador

previamente selecionado, considerado universal, era retirado por meio de um tubo de borracha

e armazenado em recipientes de vidro com a solução citrato-dextrose. Os frascos poderiam

ficar acondicionados por até 26 dias no gelo. De tal modo, quando as frentes de batalha

precisassem de sangue para transfundir, os frascos poderiam ser transportados para tratar os

feridos na guerra (NUNES, 2010).

Surge em 1921, em Londres, o primeiro serviço especializado, "The Voluntary

Service" - Serviço de Transfusão de Sangue, patrocinado pela Cruz Vermelha Britânica.

Nessa época, a transfusão era realizada por um aparelho que passava o sangue do doador

diretamente para o organismo do receptor. Em 1942, Landsteiner descobriu que 85% das

pessoas têm fator diferente no sangue daqueles tipos descobertos, e 15% não possuem esse

fator. A descoberta permitiu classificar o sangue das pessoas em fator Rh positivo (presença

do fator) e fator Rh negativo (ausência do fator), possibilitando a compatibilidade da

transfusão de sangue e seus componentes (PEREIMA et al., 2010).

Segundo GENETET et al (1984), quatro épocas se podem distinguir na

transfusão:

a) Época do braço-a-braço: utilização de sangue total fresco (1945 a 1950).

b) Época do frasco: utilização de sangue total conservado (1945/49 a 1965)

c) Época das bolsas plásticas: separação ou fracionamento físico do sangue e transfusão mais

seletiva – depois de 1965;

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d) Época das máquinas: separação, in vivo, dos componentes sanguíneos, transfusão mais

racional e maior eficácia de produtos lábeis celulares – depois de 1967.

Em 1945, a 2a Guerra Mundial evidenciou a necessidade da organização de um

sistema de doação de sangue. As transfusões se generalizaram e estimularam os países da

Europa Ocidental a organizarem seus sistemas de doação de sangue. Uma característica

desses sistemas foi o fato de terem incentivado a doação de sangue altruísta e não

remunerada. Esse modelo possibilitou que países como França, Holanda, Inglaterra e muitos

outros conseguissem atingir os percentuais mínimos de doadores, estipulados pela

organização mundial de saúde, que representam 5% da população (NUNES, 2010).

Durante a segunda guerra mundial, tornou-se possível a separação dos

hemocomponentes. Nesse conflito, o sangue era coletado de voluntários, de soldados ou

enfermeiras e transfundido imediatamente sem ser estocado. Nas guerras da Coréia e Vietnã,

na segunda metade do século XX, dois acontecimentos marcaram o início da transfusão

sanguínea: utilizaram-se mais unidades de hemácias em detrimento do sangue total

previamente utilizado e foi a primeira vez que hemocomponentes foram coletados, estocados

e transportados para uso (HAJJAR, 2010).

2.3 Evolução da hemoterapia no Brasil

Em 1879, em sua tese de doutorado José Vieira Marcondes descreveu suas

experiências empíricas sobre transfusão de sangue, questionando qual seria a melhor forma de

transfusão: aquela que transferia o sangue de animais para os seres humanos ou realizados

entre dois seres humanos. Ainda naquela mesma tese, o citado pesquisador descrevia uma

reação hemolítica aguda, com alterações renais e presença de hemoglobina na urina

(FIDLARCZYK e FERREIRA, 2008).

Na primeira década da era científica, os médicos Brandão Filho e Armando

Aguinaga se destacaram como precursores da pratica transfusional, no Rio de Janeiro. Porém,

o relato mais relevante dessa época veio de Salvador, Bahia, quando o médico Garcez Fróes

realizou uma transfusão de sangue, utilizando o aparelho de Agote, por ele idealizado,

transfundindo 129 ml de sangue de um doador para uma receptora com metrorragia grave. Em

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1916, a médica Isaura Leitão defendeu sua tese sobre transfusão de sangue, na qual relatou

três casos semelhantes ao descrito por Garcez Fróes (JUNQUEIRA et al., 2005).

Os serviços de hemoterapia que surgiram nesse período eram de organização

simples, constituídos por um médico transfusionista que selecionava e examinava doadores do

grupo sanguíneo O, para comprovar se tinham boa saúde. Pela facilidade de manuseio, o

instrumento utilizado para transfundir o sangue era a seringa de Jubé (JUNQUEIRA et al.,

2005).

A hemoterapia brasileira passou a se caracterizar como uma especialidade médica

a partir da década de 1940. Em dezembro de 1942, foi inaugurado o primeiro banco de sangue

do Brasil, no Instituto Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro. Em 1944, Henrique Dosdworth,

prefeito do então Distrito Federal, apresentou ao Presidente Getúlio Vargas o projeto para

implantação do banco de sangue do Distrito Federal. Logo um decreto Presidencial sancionou

a criação do banco de sangue da Lapa, inaugurado em 25 de Novembro de 1944, tendo como

diretor o médico Miguel Meira que contava com a médica Maria Brasília Leme Lopes como

sua auxiliar. Posteriormente, esse banco de sangue passou a ser denominado Instituto Estadual

de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti, em homenagem ao médico Pernambucano que

tinha uma meta obstinada: criar um centro de hematologia (JUNQUEIRA et al., 2005).

Pernambuco foi contemplado com a criação do 3º Banco de sangue publico,instalado

por Dr.Hindenburgo Lemos,no antigo Pronto-Socorro de Recife e, em 1972, foi criado o HEMOPE

(CENTRO DE HEMATOLOGIA E HEMOTERAPIA DE PERNAMBUCO ) tendo como diretor médico

drºLuiz Gonzaga dos Santos. No primeiro ano de funcionamento (1978), o HEMOPE já demonstrava

sua vocação para a prestação de serviços na área de hematologia e hemoterapia com estratégia técnico

cientifica,neste primeiro ano foi elaborado o primeiro programa para curso de mestrado em

hematologia do norte nordeste do Brasil(SANTOS,2002)

Nos anos 50, houve a fundação da Sociedade Brasileira de Hematologia e

Hemoterapia (SBHH), possibilitando o fortalecimento das duas especialidades irmãs: a

hematologia e a hemoterapia. Nesta mesma década, foi promulgada a Lei n. 1075 de 27 de

março de 1950 que dispõe sobre a doação de sangue voluntária, trazendo em seu teor somente

o abono do ponto do servidor público que fizesse doação sangüínea, voluntariamente, a banco

de sangue mantido pelo Governo (PIMENTEL, 2006).

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20

A partir da década de 60 foi necessário investir nos recursos humanos, pois novas

técnicas de conservação e fracionamento do sangue foram criadas e oportunamente surgiram

as indústrias de hemoderivados, visando obter lucro com o sangue. O sangue nesta época era

muitas vezes contrabandeado, principalmente nos países que não permitiam seu comércio. Os

problemas graves ocorridos no Brasil nesta década preocuparam a Organização Mundial da

Saúde (OMS), sendo que, em 1969, destacou uma missão chefiada pelo Professor Pierri

Cazal, da França, experiente em questões do sangue, para avaliação dos serviços de

hemoterapia. Ao chegar ao Brasil, Cazal visitou vários serviços hemoterápicos considerados

de baixa qualificação técnico-científica, nos quais 70% dos doadores eram remunerados,

indicando a necessidade de reformulação das políticas relacionadas com a hemoterapia

nacional (PEREIMA et al., 2007).

Em 1964, o Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho para estudo e

regulação disciplinadora da Hemoterapia no Brasil, que resultou na formação da Comissão

Nacional de Hemoterapia que junto com o ministério da saúde, através de decretos, portarias e

resoluções, estabeleceu o primado da doação voluntária de sangue e a necessidade de medidas

de proteção a doadores e receptores, disciplinou o fornecimento de matéria-prima para a

indústria de fracionamento plasmático e a importação e exportação de sangue e

hemoderivados. Entre as suas atividades destacam-se a implantação de registro oficial dos

bancos de sangue públicos e privados, a publicação de normas básicas para atendimento a

doadores e para prestação de serviço transfusional e a determinação da obrigatoriedade dos

testes sorológicos necessários para segurança transfusional (JUNQUEIRA et al., 2005).

A década de 1980 foi muito importante para a hemoterapia brasileira, trouxe a

implantação de legislação em hemoterapia clínica, contendo orientação sobre as indicações e

o acompanhamento das transfusões sanguíneas. A doação voluntária de sangue era viável no

nosso país e a remuneração foi posteriormente tornada proibida pelo Ministério da Saúde. A

evidência de transmissão da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida pela transfusão de

sangue obrigou o governo a implantar mecanismos de controle mais eficazes e permanentes

nos serviços de coleta e transfusão de sangue. A partir de 1987 Somente dois anos após, o

Ministério da Saúde tornou obrigatória a realização do teste sorológico para a detecção do

anticorpo anti-HIV (SARAIVA, 2005).

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21

A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 199, proíbe toda e qualquer

forma de comercialização de sangue e seus derivados. Esse artigo só teve regulamentação

legal aprovada em 2002, por intermédio do médico Sérgio Arouca. Visando à segurança

transfusional, foi promulgada a Lei 7.694, de 25 de Janeiro de 1988, que dispõe sobre a

obrigatoriedade do cadastramento de doadores e de exames. Na década de 1990, cresceu o

número de serviços de hemoterapia que passaram a gerenciar seus processos por meio de

sistema de qualidade, buscando o aprimoramento contínuo, mediante a obtenção de

certificações e acreditações nacionais e internacionais. Decreto 3.990/2001 regulamentou o

artigo 26 da Lei 10.205, de 21 de março de 2001, que criava o Sistema Nacional de Sangue e

Hemoderivados (SINASAN), dispondo sobre coleta, processamento, estocagem, distribuição

e aplicação do sangue, seus componentes e derivados e estabelecendo o ordenamento

institucional indispensável à execução adequada dessas atividades (FIDLARCZYK;

FERREIRA, 2008).

2.4 A transfusão, os hemocomponentes e hemoderivados

A hemotransfusão refere-se à introdução de sangue total ou seus componentes em

um receptor, por via endovenosa, com finalidade terapêutica. A transfusão não se trata da

infusão de um líquido qualquer, e sim de um transplante dos mais complexos dos tecidos,

sendo uma tecnologia relevante na terapêutica moderna. Usada de forma adequada em

condições de morbidade ou mortalidade significativa, não sendo prevenida ou controlada

efetivamente de outra maneira, pode salvar vidas e melhorar a saúde dos pacientes (CRAVEN

e HIRNLE, 2006).

Conforme a Resolução da diretoria colegiada (RDC) 153/04 da Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (ANVISA), as transfusões de sangue podem ser classificadas em:

Programadas: é comum no preparo para cirurgias eletivas ou no tratamento de

doenças crônicas. A transfusão é feita com dia e hora preestabelecidos. Nesse tipo de

transfusão, é possível a mobilização de doadores para manutenção de estoque.

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22

Não urgentes: deve ser realizada dentro de 24 horas. É comum nos atendimentos que

apresentem um quadro clínico com indicação de transfusão, mas sem necessidade de

instalação imediata.

Urgentes: deve ser realizada até 3 horas após a solicitação, em clientes em situações

que envolvam risco de vida, mas em condições de aguardar a realização dos testes pré-

transfusionais.

De extrema urgência: quando o retardo na administração da transfusão pode acarretar

risco para ávida do cliente. Há respaldo legal e técnico para que seja efetuada sem a

realização das provas de compatibilidade.

A prática da transfusão de sangue é uma ciência que cresce rapidamente,

modifica-se continuamente e que apresenta uma grande perspectiva de desenvolvimento

futuro. A rotina habitual dos serviços de hemoterapia requer o aperfeiçoamento de técnicas,

pois o fracionamento do sangue coletado se faz necessário, uma vez que cada unidade doada

pode beneficiar diversos pacientes e permitir que sejam transfundidas grandes quantidades de

um determinado componente que o paciente necessite. O fracionamento do sangue total tem

como vantagem o melhor uso quanto ao aproveitamento e eficácia, aumento do tempo de

validade dos componentes sanguíneos, além de diminuição do risco de reação transfusional.

Esses benefícios serão obtidos quando há a real necessidade de transfusão e prescrição

adequada do hemocomponente em relação à indicação clínica (RAZOUK e REICH, 2004).

Os profissionais de enfermagem possuem um papel importante mediante a

responsabilidade pela administração da transfusão, e o fazem no seu contidiano profissional.

No Brasil as competência e atribuição do enfermeiro são regularmentadas pela Resolução

306/2006 do Conselho Regional de Enfermagem (COFEN), a qual estabelece a sua

responsabilidade de planejar, executar, coordenar, supervisiona e avaliar, os procedimentos

em hemoterapia nos serviços de saúde (CONSELHO FEDERAL EM ENFERMAGEM,

2006).

A figura 2 mostra os produtos que podem ser obtidos a partir do sangue para

serem utilizados durante uma transfusão de acordo com a necessidade do paciente.

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Figura 2 Hemocompentes e hemoderivados utilizados nas transfusões hospitalares.

Os hemocomponentes e hemoderivados se originam da doação de sangue por um

doador. No Brasil, este processo está regulamentado pela Lei n°10.205 de 21/03/2001 (que

dispõe sobre a captação, proteção ao doador e receptor, coleta, processamento, estocagem,

distribuição e transfusão do sangue, de seus componentes e derivados) e por regulamentos

técnicos editados pelo Ministério da Saúde. Toda doação deve ser altruísta, voluntária e não

gratificada direta ou indiretamente, assim como o anonimato do doador deve ser garantido

(MENDES e SOUZA, 2011).

Hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos. Os produtos gerados,

um a um, nos serviços de hemoterapia, a partir do sangue total, por meio de processos físicos

(centrifugação, congelamento) são denominados hemocomponentes e são eles: concentrado

de hemácias, plasma fresco congelado, concentrado de plaquetas e crioprecipitado. Já os

produtos obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma por processos

físico-químicos são denominados hemoderivados, são eles: a albumina, imunoglobulinas e

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fatores da coagulação, como fator VII, fator VIII, fator IX, além dos complexos

protombínicos (BRASIL, 2008).

O quadro 1 Mostra os Hemoderivados e hemocomponentes usados na medicina com

suas respectivas indicações transfusional. Hemoderivado

parâmetro

Composição Volume Indicações

Albumina Albumina e

frações de

globulinas

50 ml Expansão do volume plasmático; Hipoalbuminemia

Imunoglobulina sérica Anticorpos

IgG

15 ml Deficiência do fator VIII, fator XIII, fribinogênio,

tratamento da doença de von Willebrand

Fator VIII liofilizado, Fator VIII 15 ml Hemofilia A

Fatores II, VII, XI, X

liofilizados

Fatores II,

VII, XI, X

25 ml Deficiência hereditária destes fatores

Fator IX liofilizado Fator IX 25 ml Hamofilia B

Hemocomponente

parâmetro

Composição Volume Indicações

Concentrado de

hemácias

Hemácias;

plasma,

leucócitos e

plaquetas

250 a

300 ml

Aumento do hematócrito em anemias sintomáticas

Concentrado de

plaquetas

Plaquetas 50 a 70

ml

Tratamento ou prevenção de sangramentos devido a

trombocitopenias

Plasma fresco

congelado

Albuminas,

globulinas,

fatores de

coagulação,

carboidratos e

lipídeos

200 a

250 ml

Tratamento de coagulopatias e queimados

Crioprecipitado Fatores VIII e

XIII,

fibrinogênio,

fibronectina e

fator de Von

Willebrand

10 a 20

ml

Anormalidades do fibrinogênio, deficiência do fator XIII,

doença de Von Willebrand, difibrinogenemia

Fonte: www.hemonline.com.br/hemocomp.htm#TOPO

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25

2.5 Os riscos adversos durante a transfusão de sangue

A transfusão de sangue ou de seus componentes é um procedimento complexo,

que está associado a um risco significativo de complicações graves, pois o sangue carrega

intrinsecamente vários riscos pela sua própria característica de produto biológico. Desta

maneira, como a maioria dos tratamentos, pode provocar complicações que abrangem um

espectro de reações adversas que podem ocorrer durante ou após a transfusão, e com

severidade que varia desde reações leves até reações fatais (BELÉM et al., 2010). Entretanto,

como são muitas as reações transfusionais evitáveis, o conhecimento da ocorrência dessas

reações de acordo com o tipo e a frequência deve ser considerado importante indicador para

definir as ações da vigilância sanitária (FERNANDES, 2001).

As indicações para transfusões evoluíram significativamente desde o início 1940,

quando as indicações subjetivas foram desenvolvidas para abordar essas considerações

teóricas. Todos os riscos e benefícios devem ser levados em conta na hora de indicar a

transfusão sanguínea, desde as possíveis melhorias na oxigenação dos tecidos, bem como o

risco de transmissão de doenças relacionadas ao sangue ou induzir reações adversas. O

impacto econômico e de custo da terapia transfusional em um ambiente no qual o sangue

pode ser uma terapia de resgate prevê uma cuidadosa compreensão das indicações de

transfusão de sangue e no desenvolvimento de decisões adequadas. O objetivo final de

qualquer discussão quanto à indicação para a terapia transfusional é maximizar os benefícios

do paciente e minimizar os riscos (FERRARI et al., 2007).

A transfusão tem como objetivo primário aumentar o nível de hemoglobina

circulante e, consequentemente, aumentar a capacidade de transporte de oxigênio para os

tecidos, evitando ou reduzindo a isquemia nos tecidos (MÖHNLE et al., 2010). Porém, assim

como outras intervenções terapêuticas, pode levar à complicações agudas ou tardias, como o

risco de transmissão de agentes infecciosos entre outras complicações clínicas (MINISTÉRIO

DA SAÚDE, BRASIL, 2008).

Existem incidentes transfusionais em que as complicações são leves e reversíveis,

como no caso das reações urticariformes leves, que podem ser solucionadas com

medicamento anti-histamínico ou corticóide. Mas, também há aqueles que podem levar o

paciente a óbito, como por exemplo, as reações hemolíticas agudas, a contaminação

bacteriana e a contaminação por doenças infecciosas viróticas (CHAMONE et al., 2001).

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As reações decorrentes de transfusões sanguíneas e hemoderivados não podem ser

evitadas, porém os benefícios deste procedimento devem superar os riscos. Os sinais e

sintomas mais frequentes são: mal-estar, tremores, calafrios, febre (superior a 38º C),

sudorese, palidez cutânea, mialgia, taquicardia, taquipinéia, cianose, náuseas, vômitos, etc.

Embora estes sinais e sintomas sejam inespecíficos, isto é, para determinar o tipo de reação

transfusional (RT), é necessária a investigação laboratorial e o seguimento clínico do paciente

(LUDWIG e ZILLY, 2007).

Reação transfusional é todo e qualquer problema indesejável que ocorra durante

ou após uma transfusão de sangue ou componentes. De acordo com o tempo de aparecimento,

estas reações podem ser classificadas em agudas, quando aparecem durante a transfusão ou

até 24 horas após seu término, e tardias quando ocorrem após 24 horas do término (Quadro 2).

Embora a transfusão seja uma prática segura efetiva, existe o risco de efeitos adversos. O

estudo das reações transfusionais é de extrema importância para o médico e demais

profissionais da área da saúde para que toda equipe envolvida na administração e

acompanhamento da transfusão seja capaz de reconhecer os sinais e sintomas associados com

as reações e esteja apto a agir no sentido de preveni-las e tratá-las (VERRASTRO, 2005).

Quadro 2 Reações transfusionais agudas (imediatas) e tardias (mediadas).

Reações transfusionais agudas (até 24 horas)

Tipos de reação Causa principal

Imunológicas

Hemolítica Incompatibilidade ABO

Anafilática Anticorpo do paciente contra IgA do doador

Febril não hemolítica Anticorpo do paciente contra antígenos leucocitários do doador

Urticariforme Anticorpo do paciente contra proteínas plasmáticas do doador

Edema pulmonar não

cardiogênico/TRALI

Anticorpos do doador contra leucócitos do paciente

Não imunológicas

Sobrecarga de volume Volumes excessivos em pacientes com Insuficiência Cardíaca

Congestiva

Contaminação bacteriana Contaminação do hemocomponente por bactérias

Embolia gasosa Infusão endovenosa de ar

Hipotermia Infusão maciça de hemocomponente frio

Hipercalemia Infusão rápida de várias unidades de sangue estocado

Hipocalemia Alcalose

Reações transfusionas mediatas (após 24 horas)

Tipos de reação Causa principal

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Imunológicas

Hemolítica tardia Resposta amnéstica ao antígeno eritrocitário transfundido

DEVH-PT Linfócitos funcionais no hemocomponente transfundido

Púrpura pós-transfusional Desenvolvimento de anticorpo antiplaquetário

Não-imunológicas

Sobrecarga de ferro Mútiplas transfusões

Doenças infecciosas

Infecção por HIV, infecção por citomegalovírus, malária, infecção pelo

HTLV I/II, brucelose, babesiose, doença de Chagas, parvovirose, sífilis,

hepatite.

A administração de sangue e de hemocomponentes demanda conhecimento das

técnicas de aplicação, riscos e capacidade de intervir de forma efetiva nas complicações.

Institucionalmente, os cuidados básicos de enfermagem previstos incluem: verificar se o

paciente ou responsável assinou um termo de consentimento autorizando o procedimento;

conferir qual o hemocomponente solicitado, a determinação do tipo sanguíneo e a prova

cruzada em relação a transfusão; comparar as etiquetas para ter certeza de que o grupo ‘ABO’

e o tipo ‘RH’ estão de acordo com a compatibilidade do registro; e examinar o sangue quanto

à presença de bolhas, coloração diferente ou turvação. Bolhas de ar podem indicar

crescimento bacteriano e cor anormal ou turvação podem ser sinais de hemólise (SILVA e

SOMAVILLA, 2010).

2.6 Hemovigilância

A hemovigilância pode ser definida como um conjunto de procedimentos de

verificação da cadeia transfusional, que objetiva colher e processar informações dos efeitos

colaterais ou inesperados resultantes da transfusão de hemocomponentes. Visa à tomada de

providências que possibilitem prevenir a ocorrência e/ou a recorrência desses efeitos e pode-

se considerá-la como um sistema de controle final a qualidade e segurança transfusional

(BESERRA et al., 2014).

No Brasil, a notificação dos incidentes transfusionais é realizada por meio de um

instrumento resumo de investigação e conclusão de caso, denominado Ficha de Notificação

de Incidentes Transfusionais (FIT), criado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(BRASIL, 2003).

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A hemovigilância pode ser uma importante ferramenta de ajuda na segurança da

terapêutica transfusional, e sua adequada implantação guarda uma relação com a formação

dos comitês transfusionais e notificação das reações transfusionais através da utilização da

Ficha de Notificação e Investigação de Incidentes Transfusionais (FIT) e manejo adequado

dos sinais, garantindo sucesso na investigação e possibilitando a implementação de ações

preventivas e corretivas de incidentes advindos da transfusão sanguínea (NETO, 2010).

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3 Justificativa

A hemovigilância é uma importante ferramenta de ajuda na segurança da terapêutica

transfusional, e seu adequado emprego depende da qualidade dos dados gerados pelos

serviços de saúde. A transfusão de hemocomponentes é um procedimento complexo

associado a um risco significativo de complicações, sendo suporte na realização de

tratamentos, transplantes, quimioterapias e diversas cirurgias. Durante o processo de

transfusão podem ocorrer reações classificadas como: reação transfusional imediata ou tardia,

agravos ocorridos durante ou após a transfusão sanguínea, e a ela relacionados. Para a

segurança do processo transfusional é necessário uma equipe bem treinada, informada e

eficiente.

Esse estudo se propõe a verificar a ocorrência das notificações das reações

transfusionais em um hospital público da cidade do Recife. Será realizada uma busca ativa

das fichas de notificação encaminhadas ao banco de sangue e/ou relato de ocorrências

adversas que surgirem durante o procedimento transfusional nos prontuários dos pacientes e

relatórios de enfermagem.

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4 Objetivos

4.1 Objetivo geral

Verificar a ocorrência das notificações das reações transfusionais em um hospital

público da cidade do Recife.

4.2 Objetivos Específicos

Verificar a incidência de notificações de incidentes transfusionais imediatos no

período estudado;

Identificar os tipos de incidentes transfusionais imediatos e as manifestações clínicas

registradas;

Verificar se há associação entre os tipos de incidentes transfusionais imediatos

ocorridos e o(s) tipo(s) de hemocomponente(s) transfundido(s);

Associar os incidentes transfusionais notificados por unidades de internação de

ocorrência.

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5 Procedimentos metodológicos

5.1Tipos de estudo

Trata-se de um estudo descritivo, transversal, retrospectivo, quantitativo que descreve

os dados com referencial da estatística, sem interferência nos resultados, em uma população

alvo em dois meses, onde permite avaliar as resultantes da eficácia dos resultados dos dados

secundários na população (PESCUMA; CASTILHO, 2005)

5.2 Áreas de estudo

Este estudo foi realizado no Hospital Getúlio Vargas (HGV), localizado na região

metropolitana do Recife. Por mês, o HGV faz cerca de dois mil atendimentos na emergência e

800 cirurgias. No ambulatório, são, em média, outros 12 mil atendimentos mensais, possuindo

445 leitos, 17 salas no centro cirúrgico e 31 leitos de UTI. A unidade de saúde apresenta as

seguintes clínicas e serviços: clínica traumato ortopédica, clínica cirurgia geral, clínica

urológica, clínica neurocirúrgica e neurológica, clínica médica, clínica geriátrica, clínica

cirurgia vascular, clínica buco maxilo facial, centro de fisioterapia, analises clínicas e

patológica e centro de diagnóstico por imagem.

5.3 Populações de estudo e período de referência

A população de estudo foi composta por indivíduos de ambos os sexos que receberam

transfusão durante o período de janeiro 2015 a fevereiro de 2015. Os dados foram obtidos

através de informações registradas nos prontuários dos pacientes e do livro utilizado para

registro de ocorrência de reações transfusionais das clínicas: cirúrgica, médica, urológica,

traumatologica e ortopedica, neurocirurgia e da agencia transfusional que realizaram

transfusões no referido Hospital.

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5.4 Critérios de exclusão

Não participaram do estudo os pacientes receptores de transfusão atendidos na

emergência, UTI, bloco cirúrgico em função da sedação clínica e uso de drogas que podem

alterar os parâmetros fisiológicos e hemodiálise pela alta complexidade clínica.

5.5 Análises dos dados

Os dados foram inseridos e analisados pelo programa microsoft excel 2013 e

organizados em tabelas.

5.6 Considerações éticas

O referido projeto de pesquisa foi enviado ao Comitê de Ética do hospital para

apreciação e análise, e obtenção da carta de anuência, (apêndice B) autorizando o acesso aos

prontuários de paciente que realizaram hemotransfusões e aos livros de registros da agencia

transfusional, tendo sido registrado sob o número CAA 38368514.9.0000.5192, e segue as

orientações do Conselho Nacional de Saúde, através da RDC 466/12, que busca resguardar a

identificação e assegurar a confiabilidade dos dados (apêndice C).

5.7 Riscos e benefícios

A referida pesquisa não apresenta riscos para os pacientes por ser realizada em

registros existentes na instituição. Verificar a notificação de reações transfusionais permite o

desenvolvimento de estudos que identifiquem as causas com o objetivo de prevenir riscos em

transfusões futuras. As notificações são um instrumento indispensável para que o país

estabeleça os riscos existentes no ato transfusional e que, com o conhecimento adquirido,

possa definir ações para minimizar esses riscos.

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6 Resultados e discussão

Após a realização da análise dos dados conseguiu-se construir tabelas que apresentam

os dados consolidados. Na tabela 1. Podemos verificar o perfil dos indivíduos transfundidos

segundo faixa etária, gênero e número de transfusões realizadas. Foram identificados no

período estudado 129 indivíduos (n) transfundidos nas clínicas pesquisadas. De acordo com a

distribuição pela faixa etária, destaca-se a de 60 a 79 anos de idade com 49 indivíduos

(37,98%), seguido do grupo de 40 a 59 anos, com 36 casos (27,90%). No que diz respeito ao

gênero, as transfusões sanguíneas ocorreram em maior numero no sexo feminino (62,01%)

comparados ao do sexo masculino (37,98%). Com relação ao número de unidades infundidas

por individuo, a maior ocorrência foi de 1 a 2 unidades (n=89, 68,99%) seguido de 3 a 4

unidades (n=30, 23.25%).

Tabela 1. Características gerais dos pacientes que realizarão transfusão no Hospital Getulio

Vargas de Janeiro a Fevereiro de 2015.

Indivíduos transfundidos

(n=129)

( n / %)

Faixa etária

Abaixo de 20 06(4.65%)

20 a 39 35(27.13%)

40 a 59 36(27.90%)

60 a 79 49(37.98%)

Acima de 80 03(2.32%)

Sexo

Masculino 49 (37,98%)

Feminino 80 (62,01%)

Número de Transfusões recebidas

1 a 2 89(68.99%)

3 a 4 30(23.25%)

5 a 6 8(6.20%)

7 a 8 1(0.77%)

9 a10 0

Acima de 10 1(0.77%)

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Saito (2010), em estudo objetivou analisar as reações transfusionais notificadas antes e

após implantação do Comitê Tranfusional Hospitalar - CTH no Hemocentro

Regional/Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina, Paraná; verificou que

o maior número de transfusões sanguíneas nas unidades de saúde foi em pacientes do sexo

masculino (57,3%) quando comparado aos do sexo feminino (42,7%). A pesquisa de Saito

(2010) foi realizada em todas as clínicas da unidade de saúde em questão, a atual pesquisa

deu-se apenas em unidades de internamento do tipo enfermarias, o que explicaria a diferença

dos achados. Outro dado relevante é que nas unidades de internamento da atual pesquisa

encontrou-se o gênero feminino como o mais prevalente, desta forma, sendo também o mais

transfundido.

No Brasil, as mulheres utilizam mais os serviços de saúde do que os homens, padrão

que se mantém quando se desagregam os dados pela restrição ou não de atividades por motivo

de saúde. O Data SUS apontou que 50,74% das pessoas que procuram o atendimento médico

são do sexo feminino e 48,98% masculino, outros estudos nacionais corroboram essa

distribuição. Em relação à faixa etária pode-se perceber que de 14 a 54 anos a soma foi de

75,5% dos atendimentos, o que demonstra a busca pelo serviço ser predominantemente feita

pela população jovem, mulheres, na faixa etária acima mencionada (OLIVEIRA et AL,2011.)

Os receptores de múltiplas transfusões são os de maior exposição ao risco das reações

transfusionais, principalmente das doenças de transmissão por transfusão. O sistema nacional

de hemovigilância recomenda que os serviços incluam em seus protocolos ações de

hemovigilância (BRASIL, 2015)

A Tabela 2 Foi idealizada com o objetivo de relacionar o tipo de hemocomponente:

hemoconcentrado (CH), plasma fresco congelado (PFC), concentrado de plaqueta (CP) e a

unidade de internamento durante o período analisado. Nela podemos observar quais unidades

de media complexidade onde mais ocorreu transfusão de hemocomponentes.

Na Clinica Médica foram infundidas 69 unidades de concentrado de hemácia (CH), 11 bolsas

de plasma fresco congelado (PFC) e 08 bolsas de concentrado de plaquetas (CP), totalizando

neste setor a infusão de 88 produtos hemoterápicos (n=88, 28,11%). A Clínica Cirúrgica fez

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uso de 66 unidades de CH, 02 bolsas de PFC e 03 bolsas de CP, tendo infundido no total 71

produtos (n=71, 22,68%). A Clínica Vascular apresenta-se como o terceiro lugar onde se

realizam mais transfusões, sendo 55 unidades de CH (n=55, 17,57%).

Tabela 2. Número de hemocomponente sanguíneo transfundido por setor investigado e

registro de reações adversas no Hospital Getulio Vargas de Janeiro a Fevereiro de 2015.

Setor

Investigado

Concentrado de

Hemácias

(CH)

n (%)

Plasma fresco

congelado

(PFC)

n (%)

Concentrado de

Plaquetas

(CP)

n (%)

Total

n (%)

Registro de

Reações

Adversas

n (%)

Cl Médica 69 11 08 88(28,11%)

Cl Cirurgica 66 02 03 71(22,68%)

Cl Vascular 55 ------- ---- 55( 17,57%) 01 (0,32%)

Cl Urologia 49 02 ---- 51(16,29%)

Cl Tramauto

Ortopedia 42 ------ ---- 42(13,41%)

Cl Neuro 06 ------ ----- 06(1,91%)

Total 287(91,6%) 15(4,79%) 11(3,51%) 313 01

Nas transfusões realizadas na Clínica Vascular, 01 desencadeou reação transfusional

imediata, caracterizando um percentual de 0,32%. A incidência da reação febril não

hemolítica (RFNH) varia de 0,33% a 6% e de 0,11% a 0,5% para transfusões de concentrados

de hemácias não desleucocitados e desleucocitados respectivamente. Para concentrado de

plaquetas não desleucocitados e de 1,7% - 38%. Reações recorrentes podem ocorrer em

aproximadamente 20% em pelo menos 1% dos receptores de concentrados de hemácias. Com

relação à incidência da reação alérgica e 1% - 3% (1/33 - 1/100) das reações transfusionais,

porem essa incidência pode ser menor. A manifestação de uma simples urticária pode ser

estimada em1/250 unidades transfundidas. (BRASIL, 2007).

Em relação ao tipo de transfusão, observou-se nessa pesquisa que o concentrado de

hemácias (CH) foi o hemocomponente mais utilizado, perfazendo 91,6% das transfusões

(Tabela 2). O CH é indicado para aumentar a massa eritrocitária em pacientes que necessitem

aumentar sua capacidade de transporte de oxigênio. Uma unidade de eritrócitos aumenta a

hemoglobina do adulto de 1 g/dL, e, o hematócrito, de 3%. Alguns princípios devem ser

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36

levados em conta para a prática da transfusão de células vermelhas em adultos, entre eles: o

prescrito clínico da transfusão de eritrócitos deve estar ciente da indicação apropriada e dos

riscos e benefícios dessa transfusão; os pacientes devem receber informações sobre os riscos e

benefícios da transfusão de células vermelhas, incluindo a possibilidade de transfusão

autóloga; a causa da anemia deve ser estabelecida e o tratamento com transfusão de hemácias

não deve ser alternativo para o tratamento de deficiências de ferro, anemia megaloblástica e

anemia hemolítica auto-imune, a menos que esta anemia ameace a vida do paciente; não

existe um consenso mundial da concentração de hemoglobina para a transfusão de

concentrado de hemácias (RAZOUK E REICHE, 2004).

Os resultados encontrados por esta pesquisa foram semelhantes aos de outros autores

(MATOS et al., 2006; BESERRA et al., 2014), que também verificaram que a maioria das

transfusões ocorreram nos setores de clínica médica e cirúrgica. Saito (2010) identificou que

os setores onde mais ocorrem transfusões sanguíneas, destacaram-se aqueles que recebem

pacientes de maior complexidade como a unidade de terapia intensiva, centro cirúrgico,

pronto socorro, clínica médica (unidades feminina e masculina), ambulatório de transfusão do

Hemocentro e quimioterapia, centro de tratamento de queimados (CTQ) e setor de moléstias

infecciosas. O nosso estudo não pesquisou os setores de alta complexidade.

As transfusões sanguíneas são recursos terapêuticos valiosos, porém deve ser

considerado que há um risco iminente para os receptores. O risco de transmissão de doenças

não é a única complicação, pois podem ocorrer também reações transfusionais imediatas em

até 24 horas ou reações tardias até 14 dias, após a transfusão. Os profissionais devem ser

criteriosos na aplicação desta terapêutica para não cometer erros durante o processo, e

permanecerem atentos para identificar os sinais e sintomas de possíveis reações (SANTOS et

al., 2013).

Durante o período da pesquisa não foram notificados casos de reação adversa pós

transfusional pelas vias convencionais. No entanto, foi observado na leitura e a análise dos

pacientes transfundidos o registro escrito por um profissional da equipe de enfermagem, de

uma reação de prurido pós-transfusional na clinica vascular com presença de petequeias. Após

os devidos esclarecimentos esse caso sofreu notificação após a busca ativa dos pesquisadores

desse estudo. Vale ressaltar que pelas vias normais o caso não teria o registro de notificação, o

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37

que se sugere que os casos semelhantes possam ter ocorrido sem a devida identificação de

reação transfusional, isso pode contribuir para a ocorrência de subnotificações.

No setor onde ocorreu a reação transfusional, os pacientes apresentam diagnóstico de

base como diabetes ou ainda distúrbio de coagulação importante, isto faz com que necessitem

de uso de medicamentos de forma continua e prolongada que podem levar a situações clinicas

similares as reações adversas transfusionais, isto dificulta a identificação e notificação da

reação transfusional por parte dos profissionais. (GLIBENCLAMIDA, 2014)

A paciente que teve reação pos-transfusional apresentou sinais/sintomas de reações

transfusionais agudas leves, o registro da alteração foi feito apenas pelo técnico de

enfermagem que fez a anotação de quadro clínico com reação alérgica leve do tipo urticária

com petequeias. Identificamos também que não há registro do horário do termino da

transfusão e nem a anotação dos sinais vitais na trans infusão e na pós infusão. A verificação

dos sinais vitais do paciente é imprescindível para orientar nos cuidados durante os períodos

pré, trans e pós-transfusional, alem de auxiliar, quando manifestar uma reação

transfusional,quer para estabelecer seu diagnostico ou na indicação de cuidados que devem

ser prestados ao pacientes. (BRASIL, 2013)

Apesar de relevância da aferição de sinais vitais, 57,3% dos funcionários não

registraram os sinais vitais iniciais no ato transfusional, comprometendo assim a qualidade da

assistência hemoterápica. Segundo o protocolo da vigilância sanitária, durante todo o período

de transfusão, o paciente deve ser rigorosamente observado e, pelo menos nos 10 minutos da

transfusão, um profissional devidamente preparado deverá permanecer a seu lado,

observando-o para facilitar a detecção precoce de eventuais reações transfusionais;

especialmente,a reação transfusional hemolítica aguda (BRASIL,2008).

SANTOS et al. (2013) mostra em seu estudo que 26,4% das anotação de enfermagem

apresentavam registros de sinais vitais após os dez primeiros minutos da transfusão. Apesar

de ser um cuidado importante, parece que a equipe de saúde não o considera.

A Tabela 3 mostra a distribuição de reações de acordo com os hemocomponentes.

Foi verificado que das 287 unidades de concentrado de hemácias transfundidas apenas 01

apresentou reação transfusional do tipo urticária com petequias considerando uma reação

alérgica aguda leve.

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38

Tabela 3. Números de bolsas transfundidas e tipo de reação adversa imediata registrada

por componentes sanguíneos no Hospital Getulio Vargas de Janeiro a Fevereiro de 2015.

Componente

sanguíneo

Número de

bolsas

transfundidas

Febre Prurido/

Petequia

Calafrio Vomitos Náuseas Hipotensão

ou

hipotensão

Concentrado

de Hemácias

(CH)

287 -- 01 -- -- -- --

Plasma

Fresco

Congelado

(PFC)

15 -- -- -- -- -- --

Concentrado

de Plaqueta

(CP)

11 -- -- -- -- -- --

Total 313 -- -- -- -- -- --

Em estudo realizado em um Hospital Universitário, Matos et al. (2006) verificaram

que das 21.289 transfusões realizadas, 21 desencadearam reação transfusional, caracterizando

uma freqüência de 0,10%, sendo 11 (52%) do sexo feminino e 10 (48%) do sexo masculino.

A média de reação transfusional notificada foi de uma reação transfusional a cada dois meses.

Resultado semelhante ao encontrado nesse estudo. De acordo com Lopes e Amorim Filho

(2000), uma em cada cinco transfusões induz a algum tipo de complicação; entretanto, nem

sempre é fácil identificar uma reação transfusional, pois, muitas vezes, são tão leves que

passam despercebidas, contribuindo para uma incidência subestimada.

Estudos discutem as questões de “subnotificações”, ou mesmo de “superestimativas”

de Reação Transfusional (RT) informadas aos sistemas de hemovigilância devido às suas

peculiaridades intrínsecas. Dentre elas, a obrigatoriedade ou não das notificações, o sigilo, a

confidencialidade das informações, a falta de ações educativas, erros nas prescrições das

transfusões sanguíneas, o não reconhecimento das RT agudas e tardias e o desconhecimento

de que todos os eventos transfusionais adversos devem ser informados, independente da sua

gravidade (FABER, 2003; 2004a; 2004b; 2009).

Portanto, se sugere a elaboração de estratégias para a capacitação da equipe de saúde

nas identificações, investigações e notificações de reações transfusionais a fim de que possam

ser introduzidas medidas corretivas e preventivas (Matos et al., 2006).

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39

7 Conclusão

Na atualidade, a grande demanda do uso de hemoterápicos faz desta prática uma das

intervenções mais importantes do mundo nas unidades de internações hospitalares. Com isso,

cresce a preocupação dos profissionais de saúde com a segurança de seus pacientes no

ambiente hospitalar. Desde modo, os registros dos profissionais de saúde são elementos

imprescindíveis ao cuidado do cliente, visto que possibilita a comunicação multidisciplinar

para continuidade da assistência.

A hemovigilância é uma importante ferramenta de ajuda na segurança da terapêutica

transfusional, e sua adequada implantação trará subsidio para minimiza e previnir reações

adversas relacionada a transfusões sanguínea, com a utilização da Ficha de Notificação e

Investigação de Incidentes Transfusionais (FIT). O manejo adequado dos sinais vitais permite

o sucesso na investigação e pode-se considerá-la como um sistema de controle final a

qualidade e segurança transfusional.

A subnotificação é um problema grave e muito sério que leva a uma falsa impressão

de harmonia no trabalho quando na verdade representa uma inconsistência da definição de

caso por falta de conhecimento técnico-científico dos envolvidos na terapia transfusional.

Fica muito evidente que a falta de informação prejudica sobremaneira a qualidade de

assistência prestada aos pacientes. Um dos pontos mais significativo deste trabalho é

identificar a necessidade de sensibilizar os profissionais para o adequado monitoramento dos

pacientes que recebem transfusões, prepará-los para tomar as decisões necessárias caso haja

alguma reação transfusional e notificar os incidentes observados.

Portanto, se sugere a elaboração de estratégias para a capacitação da equipe de saúde

para as identificações, investigações e notificações de reações transfusionais a fim de que

possam ser introduzidas medidas corretivas e preventivas. Para tal, a educação permanente no

trabalho se torna essencial, uma vez que busca transformar as práticas profissionais existentes

em praticas adequadas a necessidade do paciente.

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APENDICE- A

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47

8.2 APENDICE- B

FORMULÁRIO DE BUSCATIVADE NOTIFICAÇÕESE REGISTRO DE

REAÇÕES TRANSFUSIONAIS IMEDIATAS

CASO DE REAÇÕES IMEDIATAS COM HISTÓRIA DE TRANSFUSÃO

DADOS EXTRAÍDOS DO PRONTUARIOS E LIVROS DE REGISTRO

NOME:________________________________________________________________

IDADE: _________ SEXO: ________ DATA DE NASCIMENTO: ____/____/____/

NOME DA

MÃE:_________________________________________________________________

DATA DA REAÇÃO:____/____/____/DATA DA TRANSFUSÃO: ____/____/____/

DATA DA NOTIFICAÇÃO: ____/____/____/

CATEGORIA QUE NOTIFICOU: ______________________________

CLINICA ONDE OCORREU A TRANSFUSÃO:________________________

DADOS DO SERVIÇO / DADOS DO PRONTUÁRIO

PRONTUÁRIO LOCALIZADO. SIM ( )NÃO( )

LOCALIZAÇÃO. FÁCIL. DIFÍCIL__________________________________

DIAGNÓSTICO: ___________________________________________________

TRATAMENTO: ____________________________________________________

PERÍODO DE INTERNAÇÃO: ____/____/____/ a ____/____/____

REGISTRO DE TRANSFUSÃO.SIM ( ) . NÃO( )

Observa se o Qual conduta realizada protocolo de reações foi

seguido:_______________________

Hemocomponente(s) Transfundido(s) Cood de bolsa segmento

Conc. de hemácias

Conc. de hemácias lavadas

Conc. de hemácias irradiadas

Conc. de plaquetas por aférese

Conc. de plaquetas por aférese irradiadas

Conc. de plaquetas (pool)

Conc. de plaquetas (pool) irradiadas

Plasma fresco congelado

Quantidade de unidades transfundidas:

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8.3APENDICE –C

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8.4APENDICE – D

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8.5 APENDICE – E