O Mundo Antigo Oriental

27
O Mundo Antigo Oriental As primeiras Civilizações do período histórico, são as Civilizações agrícolas e mercantis da antiguidade oriental, que incluem, entre outros, os povos mesopotâmicos, os egípcios, os hebreus, os fenícios, os persas, os hindus e os chineses. Características comuns das Primeiras Civilizações As primeiras grandes Civilizações das quais temos notícia organizavam-se sob aspectos muito semelhantes. Seus dois elementos mais marcantes foram a agricultura baseada nos grandes sistemas de irrigação e o poder político sustentado pela religião, por isso ficaram conhecidas como “teocracias de regadio”. Muitos autores denominam de “modo de produção asiático” esse conjunto de características presentes na vida política, social, religiosa e econômica das Civilizações mais antigas. Essas sociedades apresentavam como características em comum: · poder político com forte conotação religiosa, por isso denominado “teocracia” (teo, “deus”, cracia, “poder”); · economia baseada na agricultura; · regime de trabalho servil, mas que também utilizava o trabalho escravo; · elite composta por sacerdotes, proprietários de terra, militares de alta patente e pela família real; · camadas pobres formadas por servos, estrangeiros escravizados ou pessoas livres exploradas até o limite de suas forças; · religião politeísta, ou seja, crença em vários deuses. O Crescente Fértil Como vimos, após milhares de anos os seres humanos aprenderam a cultivar vegetais e a domesticar animais. Aos poucos, dentro dos grupos formados, foram se estabelecendo relações sociais cada vez mais complexa, decorrentes, entre outras razões, da diversidade das atividades de produção e da especialização do trabalho. Dessa diversificação das

Transcript of O Mundo Antigo Oriental

Page 1: O Mundo Antigo Oriental

O Mundo Antigo Oriental

As primeiras Civilizações do período histórico, são as Civilizações agrícolas e

mercantis da antiguidade oriental, que incluem, entre outros, os povos mesopotâmicos,

os egípcios, os hebreus, os fenícios, os persas, os hindus e os chineses.

Características comuns das Primeiras Civilizações

As primeiras grandes Civilizações das quais temos notícia organizavam-se

sob aspectos muito semelhantes. Seus dois elementos mais marcantes foram a

agricultura baseada nos grandes sistemas de irrigação e o poder político sustentado

pela religião, por isso ficaram conhecidas como “teocracias de regadio”. Muitos autores

denominam de “modo de produção asiático” esse conjunto de características

presentes na vida política, social, religiosa e econômica das Civilizações mais antigas.

Essas sociedades apresentavam como características em comum:

· poder político com forte conotação religiosa, por isso denominado “teocracia” (teo,

“deus”, cracia, “poder”);

· economia baseada na agricultura;

· regime de trabalho servil, mas que também utilizava o trabalho escravo;

· elite composta por sacerdotes, proprietários de terra, militares de alta patente e pela

família real;

· camadas pobres formadas por servos, estrangeiros escravizados ou pessoas livres

exploradas até o limite de suas forças;

· religião politeísta, ou seja, crença em vários deuses.

O Crescente Fértil

Como vimos, após milhares de anos os seres humanos aprenderam a

cultivar vegetais e a domesticar animais. Aos poucos, dentro dos grupos formados,

foram se estabelecendo relações sociais cada vez mais complexa, decorrentes, entre

outras razões, da diversidade das atividades de produção e da especialização do

trabalho. Dessa diversificação das relações sociais surgiram as cidades, o comércio, a

religião, a escrita e o Estado.

Page 2: O Mundo Antigo Oriental

Um dos primeiros territórios onde se desenvolveram essas sociedades,

forma um contorno parecido com o quarto crescente da fase lunar, uma espécie de

meia-lua. Exatamente por causa desse formato, a região recebeu o nome de

“crescente fértil”.

O “Crescente Fértil” está localizado entre a Europa, Ásia e a África. Na

antiguidade, existiam na região várias áreas férteis, que a tornavam refúgio

privilegiado de grupos humanos que se deslocavam em busca de alimentos e de

abrigo.

A Civilização Mesopotâmica

MESOPOTÂMIA é uma palavra de origem grega que significa “entre rios”. A

região pertencia ao chamado “crescente fértil”, situando-se entre os rios Tigre e

Eufrates. Atualmente, a Mesopotâmia corresponde ao território onde hoje é o Iraque.

Características da Mesopotâmia

A Mesopotâmia não possuía proteção natural (como o Egito, por exemplo,

que é cercado por desertos), fato que facilitava o acesso de vários povos à região. Este

dado explica o caráter extremamente agitado de sua história política, caracterizado por

sucessivas invasões, guerras, ascensão e declínio de diversos reinos e impérios.

Na Mesopotâmia, estabeleceram-se vários povos que deram origem a

grandes civilizações. Dentre eles destacamos os sumérios, os acádios, os amoritas, os

assírios e os caldeus.

A região da Mesopotâmia possui singular importância na história humana,

pois constituiu, segundo os grandes arqueólogos, o berço das primeiras civilizações.

Tudo indica que foi na Mesopotâmia que o homem construiu as primeiras cidades,

organizou a estrutura básica do Estado e criou um dos primeiros sistemas práticos de

escrita. Foi ali também, que se desenvolveu a economia produtora de excedentes,

dando origem a mercadorias para serem negociadas.

A Mesopotâmia foi uma das primeiras regiões do mundo em que ocorreu a

passagem da sociedade comunitária (sem classe) para a sociedade dividida em ricos e

Page 3: O Mundo Antigo Oriental

pobres, exploradores e explorados. Assim, o nascimento da civilização na Mesopotâmia

marcaria, também, o início da desigualdade e da exploração social entre os homens.

O clima árido e as condições do solo mesopotâmico reclamavam a

construção de canais de irrigação e outras grandes obras coletivas necessárias à

agricultura. Pode-se perceber que o domínio sobre as forças das águas passa a ser vital

para as sociedades mesopotâmicas. Somente construindo um complexo sistema de

canais de irrigação e de barragens, o homem conseguiu cultivar as terras adjacentes,

que durante um longo período se apresentavam completamente áridas e em outros

momentos bastante alagadiças, formando imensos lamaçais.

No momento em que o homem exerceu esse domínio sobre as águas, ele

pôde utilizar os recursos naturais oriundos das cheias dos rios para desenvolver as

atividades agropecuárias, construindo essas obras para a irrigação.

Para a construção dessas grandes obras hidráulicas, era necessário uma

administração estatal centralizada, que conduzisse o esforço coletivo. Surgiram, assim,

os chamados governos teocráticos de regadio.

A princípio não existia a propriedade da terra, e os camponeses dela

usufruíam trabalhando como membros da comunidade aldeã. Posteriormente, a terra

tornou-se propriedade nominal do governante, um rei divinizado que personificava os

interesses da comunidade.

O poder do Estado servia, portanto, para melhor conduzir a produção e

dirigir a realização das grandes obras de interesse comum, ultrapassando a iniciativa

individual.

Com o tempo, a minoria que detinha o poder estatal, além de prestar

serviços à comunidade, passou a explorá-la, aumentando seus privilégios de elite

dirigente. O governante, divinizado, passa a explorar, através de trabalhos forçados e

da cobrança de tributos, as comunidades aldeãs.

Os Povos da Mesopotâmia

Sumérios (3500 a 2550 a.C.)

Page 4: O Mundo Antigo Oriental

Primeiros povos a se desenvolver na Mesopotâmia, na parte sul. Pacíficos,

conheciam a astronomia, medicina, veículos de roda, charruas para lavrar os campos,

o bronze. Possuíam um sistema de escrita, a Cuneiforme, gravavam com estiletes de

cana, depois metálica, os sinais em placas de argila úmida. A maneira de gravar em

forma de cunha (impressão triangular), por isso se chamou cuneiforme.

Construíram casas de tijolos cozidos ao sol, aplicaram o princípio do arco,

fundaram bibliotecas, escolas, dedicaram-se a agricultura, indústria e ao comércio,

utilizaram o sistema de irrigação e canalização. Foram os primeiros a se organizarem

politicamente, fundaram várias cidades-estados como Ur, Uruk, Lagash. Cada cidade

tinha seu próprio Deus e seu próprio templo, governado por um sumo sacerdote, o

PATESI que desempenhava funções de chefe político, religioso e militar.

A rivalidade entre as cidades-estados terminou por enfraquecê-las e acabou

possibilitando que fossem conquistados pelos Acádios.

Acádios

Se estabeleceram ao norte, região da Caldéia. Fundaram cidades às

margens do rios Tigre e Eufrates. Sargão I, rei de Acad, impôs seu domínio sobre as

demais cidades sumerianas, unificando-as, declarando-se primeiro rei mesopotâmico.

Novas invasões aconteceram e a Mesopotâmia caiu sob o domínio do Amoritas

(semitas) e fundaram o Primeiro Império Babilônico (2200 a.C.).

Primeiro Império Babilônico (2200 a 1650 a.C.)

Fundaram a capital Babilônia, sede do poderoso império e grande centro

comercial. HAMURÁBI foi o mais famoso rei dos babilônios. Estendeu o domínio do seu

império até o norte da Assíria. Mandou elaborar um código jurídico com leis escritas

(Código de Hamurábi).

O Código de Hamurábi apresenta uma diversidade de procedimentos

jurídicos e determinação de penas para uma vasta gama de crimes, partindo, a maior

parte delas, do princípio “olho por olho, dente por dente”. O Código de Hamurábi

decorria da Lei de Talião que preconizava que as punições fossem idênticas ao delito

cometido. O Código abarca praticamente todos os aspectos da vida babilônica,

Page 5: O Mundo Antigo Oriental

passando pelo comércio, propriedade, herança, direitos da mulher, família, adultério,

falsas acusações e escravidão.As punições variavam de acordo com a posição social da

vítima e do infrator. O princípio da Lei de Talião tinha valor somente quando o crime

era cometido contra um membro da elite, pois quando a vítima era um servo ou um

escravo, não valia a retaliação, e a pena podia limitar-se ao pagamento de uma multa.

Segundo as leis de Hamurábi, o falso testemunho era severamente

castigado. Aquele que acusava falsamente alguém de haver participado em um roubo

devia ser entregue à morte. Ladrões e seus colaboradores pagariam seus feitos com a

vida, na maior parte dos casos, as vezes, eram cortadas as mãos dos ladrões.A

poligamia era tolerada até certo ponto: cada homem podia ter uma segunda esposa

quando a primeira não lhe dava filhos.

Depois da morte de Hamurábi surgem novas invasões e com a decadência

da Babilônia surge um novo império.

Império Assírio (1300 a 612 a.C.)

Os assírios viviam no norte da Mesopotâmia, no planalto de Assur. Povo

essencialmente guerreiro que, por volta de 1.300 a.C., fundou um império e, a partir

daí, expandiu as fronteiras para o Oriente. Os exércitos assírios eram Superiores aos

dos demais povos e, por isso, bastante temidos.

Apesar de poderoso, este império só se mantinha sob o regime do TERROR.

Nos países invadidos, agiam com crueldade, destruindo as plantações, saqueando e

incendiando as cidades, vazando olhos, cortando nariz e as orelhas dos prisioneiros.

Possuíam um exército bem organizado, a infantaria, carros, máquinas bélicas (ARÍETE),

cavalaria. Sabiam abrir trincheiras, minar muros, fazer brechas com aríete e dar o

assalto por meio de escadas. Os soldados eram armados de lança, arco e flechas ou

espadas curtas. Usavam túnicas de couro recobertas de placas metálicas; para

atravessar os rios, tinham bolsas de couro, que, cheias de ar, lhes serviam de bóias.

No século VII a.C., o império atingiu a sua extensão máxima: toda a

Mesopotâmia, Assíria, a Fenícia, o Reino de Israel, o Egito. A primeira capital do império

foi Assur e a segunda, Nínive.

Page 6: O Mundo Antigo Oriental

O apogeu no império assírio ocorreu nos reinados de Sargão II, que

conquistou o reino de Israel; Senaqueribe, que tomou a Fenícia e destruiu a Babilônia

e, Assurbanipal, que invadiu o Egito e tomou Tebas. Foi este último rei que mandou

construir a Biblioteca de Nínive.

Em 612 a.C., Nínive foi tomada pelos Caldeus estabelecidos na Babilônia e o

IMPÉRIO ASSÍRIO destruído.

Segundo Império Babilônico (612 a.C. a 539 a.C.)

Os Caldeus, povo de origem semita, derrotaram os assírios e fizeram da

Babilônia novamente a capital da Mesopotâmia. Assim nasceu o Império Neobabilônico,

mais grande que o de Hamurábi, e mais de mil anos depois. O principal rei dos

babilônicos foi Nabucodonosor. Fez da Babilônia a maior cidade da Antigüidade,

construiu tempos, palácios, muralhas e os famosos “jardins suspensos”, considerados

pelos gregos como uma das maiores “maravilhas do mundo”. No centro da cidade

erguia-se o ZIGURAT (grande torre do templo onde os sacerdotes caldeus observavam

os astros). Em 539 a.C., Ciro, rei persa, conquista a Babilônia, mais tarde os gregos,

romanos e os árabes.

Nabucodonosor também expandiu seu império, dominando boa parte da

Fenícia, Síria e Palestina, e escravizando os habitantes do reino de Judá, que foram

transferidos como escravos para a capital (Cativeiro da Babilônia).

Economia, Sociedade e Cultura

A estrutura produtiva mesopotâmica, tal como a do Egito, inseria-se no

modo de produção asiático, tendo a agricultura como atividade principal e a população

submetida ao sistema de servidão coletiva. Sendo a agricultura a atividade básica,

cultivavam o trigo, cevada, centeio, árvores frutíferas e legumes. Usavam o arado

semeador, a grade, carro de roda (foram os primeiros a utilizá-los). Faziam canais de

irrigação e barragens para melhor aproveitar as cheias dos rios como o Tigre e o

Eufrates. Também utilizavam técnicas de cultivo muito desenvolvidas. Além da

irrigação, os agricultores mesopotâmicos espaçavam as plantações para obter maior

rendimento.

Page 7: O Mundo Antigo Oriental

Na pecuária já exploravam o bovino que fornecia carne e leite. O gado era

utilizado também para puxar carros e arados, e ainda criavam carneiros para obter lã e

tecido.

Na indústria, as oficinas de artesãos, como alfaiates, carpinteiros,

metalúrgicos, ourives, cortadores de pedras, ceramistas e tecelões, faziam tecidos,

ferramentas, armas, jóias, brinquedos e cerâmicas. Atingiram um alto grau de

desenvolvimento, tanto que, juntamente com o comércio, impulsionaram o progresso.

Os negociantes organizavam caravanas que iam da Arábia à Índia, buscando ou

levando produtos como lã, tecidos, cevada e minerais, entre outras mercadorias.

Quando utilizavam os rios Tigre e Eufrates ou o mar, alcançado através do golfo

pérsico, freqüentemente contavam com navios tripulados por marinheiros fenícios.

Os produtos comercializados com as regiões vizinhas eram: marfim da

Índia; estanho do Cáucaso; cobre do Chipre; madeira do Líbano. Criaram o dinheiro

para facilitar e regulamentar os negócios: dinheiro em barras de ouro e prata,

contratos escritos de comércio e a letra de câmbio.

As classes sociais estavam divididas em classes privilegiadas: formada

pelos reis, sacerdotes, aristocratas e comerciantes. Essa elite era poderosa,

concentrava privilégios e força, sustentada pela esmagadora maioria da população,

formada pelos artesãos, escravos, escribas, funcionários do governo, que estava

submetida à servidão imposta por um governo despótico e teocrático.

A religião mesopotâmica era politeísta, adoravam e consagravam como

deuses os rios, ventos, astros, o que deu origem à astrologia. Acreditavam em

demônios, adivinhações, magia. Os deuses, apresentados sob forma humana, eram

numerosos na Mesopotâmia. ANU (deus do céu); SHAMASH (deus do sol e da justiça);

SIN (deusa da lua); EA (deusa da água); ISHTAR, cultuada por todos, era a deusa maior:

concedia a vitória e ajudava no amor.

Aprimorando os conhecimentos de astronomia, os mesopotâmicos

avançaram no domínio da matemática; foram os inventores da álgebra, desenvolvendo

cálculos de divisão e multiplicação, incluindo a criação da raiz quadrada e da raiz

cúbica. Também dividiram o círculo em 360 graus e criaram um calendário com o ano

de doze meses. Inventaram medidas de comprimento, superfície, capacidade de peso e

Page 8: O Mundo Antigo Oriental

calculavam a hipotenusa.

As Artes

Na arquitetura, os mesopotâmicos foram inovadores com a aplicação de

arcos. Os palácios eram grandiosos. Desenvolveram a arquitetura e a pintura onde

usavam cores claras e reproduziam caçadas, batalhas e cenas da vida dos reis e dos

deuses. A produção de cerâmica alcançou notável desenvolvimento.

Na literatura, construída principalmente de poemas e narrativas

épicas,destacam-se duas obras : a Epopéia de Gilgamés, a mais antiga narrativa sobre

o dilúvio, e o Mito da Criação que narra a origem do mundo.

Com relação à medicina, acreditavam que as doenças eram o resultado da

ação dos demônios. Cabia aos médicos curar os doentes, livrando-os dos maus

espíritos. Receitavam diversas beberagens feitas com ervas e outras substâncias que

tinham eficácia sobre várias moléstias.

A Civilização Egípcia

Na mesma época em que se desenvolviam as civilizações mesopotâmicas,

entre o rio Tigre e o rio Eufrates, outra importante civilização se desenvolvia às

margens do rio Nilo: a Civilização Egípcia. Ela nos deixou numerosos monumentos,

como pirâmides, templos e estátuas. E muitos aspectos de sua história, do seu povo,

de seus faraós, chegaram até nós através dos hieroglífos, sua escrita particular, que foi

decifrada pelo cientista francês Jean François Champollion, em 1822.

Situada no nordeste da África, numa região predominantemente desértica,

a Civilização Egípcia desenvolveu-se no fértil vale do Nilo, beneficiando-se do seu

regime de cheias. As abundantes chuvas que caem durante certos meses na nascente

do rio, ao sul do território egípcio, atual Sudão, provocam o transbordamento de suas

águas. Essas cheias, ao ocuparem as margens do rio, depositam ali o “húmus”

fertilizante. Quando termina o período chuvoso e o rio volta ao seu leito normal, as

margens ficam prontas para uma agricultura farta.

Page 9: O Mundo Antigo Oriental

O historiador grego Heródoto afirmou, em célebre frase, que o EGITO É UMA

DÁDIVA DO NILO. De fato, são as periódicas cheias do Nilo que fornecem água e terra

arável ao país. Entretanto, isso não era suficiente para modelar uma civilização. Foi

preciso acrescentar o esforço e a criatividade do trabalho humano. Assim, foi por meio

do trabalho humano, associado ao fator geográfico, que egípcios conseguiram

desenvolver uma das mais antigas civilizações da história.

Características geográficas do Egito

O Egito Antigo é caracterizado por três elementos: oásis, clima árido e

território comprido.

- Oásis : O Egito, em meio a um grande deserto do Saara, situa-se em uma

região fértil, um verdadeiro oásis.

- Clima árido : O Egito possui clima quente e seco, próprio do deserto.

- Território comprido : O Egito tem um território que acompanha a curso do

rio Nilo. Esse território é dez vezes mais comprido (sentido norte-sul) do que largo

(sentido leste-oeste), tendo a aparência de um longo tubo que se estende pelas

margens do Nilo.

Organização política do Egito antigo

Período Pré-Dinástico

Desde 5000 a.C. o Egito era habitado por povos que viviam em tribos, os

nomos (comunidades autônomas que desenvolviam uma agricultura rudimentar e

eram chefiados pelos monarcas. Para agregar esforços na construção de diques e

canais de irrigação, deu-se a reunião dos nomos, originando a formação de dois reinos,

o reino do alto Egito, localizado ao sul do Nilo e do baixo Egito, ao norte.

Menés, fundador da primeira dinastia dos faraós, unificou os reinos do norte

e do sul, por volta de 3200 a.C. Com a unificação iniciou-se o período dinástico da

história egípcia. O faraó adquiriu o papel de supremo mandatário, concentrando todos

os poderes em suas mãos e apropriando-se de todas as terras, a população deveria

pagar tributos a ele e servi-lo. Reforçando seu poder, o faraó encarnava também o

Page 10: O Mundo Antigo Oriental

elemento religioso, passando a ser considerado um deus vivo, sendo cultuado como

tal. Daí chamarmos monarquia teocrática, o regime político do Egito antigo.

Antigo Império (3200 - 2300 a.C.)

Nesse período, os faraós centralizavam todo o poder político e religioso,

impunham suas vontades e decisões de forma absoluta, a fim de concretizarem

grandes obras, como diques e canais de irrigação, além de armazéns e celeiros para

estocagem de cereais e gigantescos túmulos em forma de pirâmides. Para tanto,

tiveram de exigir altos impostos e dispor de milhares de trabalhadores. São desse

período as imponentes pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos.

Nesse período os egípcios avançavam em suas relações com outros povos

da África e do Oriente, trocando seus excedentes em cereais, trigo e papiro por metais

e pedras preciosas, marfim, madeiras raras e especiarias. A capital do Antigo Império

fixou-se primeiramente em Tínis e depois em Mênfis.

O fim do Antigo Império foi provocado por uma série de revoltas lideradas

pelos administradores das províncias contra a autoridade central do faraó. Em

decorrência, surgiu a quebra da unidade administrativa do Egito.

Médio Império (2000 - 1580 a. C.)

Depois de um período marcado por lutas e por divisões políticas,

representantes da nobreza de Tebas conseguiram chegar ao poder e reunificar as

forças do Império. Tebas tornou-se a capital do Egito. Os faraós tebanos organizaram

uma sólida estrutura centralizadora de poder. O Médio Império conheceu, então, um

período de prosperidade econômica, de expansão territorial e florescimento literário.

Por volta de 1750 a.C. o Egito enfrentava crises políticas internas. Valendo-

se disso, os HICSOS, povo nômade, vindo da Ásia, invadiram o Egito. Aparelhados com

carros de combate puxados a cavalo e com armas de metal, equipamentos que até

então eram desconhecidos no vale do Nilo. Os exércitos hicsos dominaram a região

norte do Egito, lá permanecendo por cerca de 170 anos e fixando a capital em Ávaris.

Page 11: O Mundo Antigo Oriental

Novo Império (1580 a.C. - 525 a.C.)

Através da reorganização do exército e da assimilação das técnicas dos

invasores, os egípcios conseguiram expulsar os hicsos em 1580 a.C. E foi novamente

uma família da nobreza de Tebas que conseguiu unificar o Império Egípcio. Esse

período foi agressivo e militarista, a começar pela expulsão dos hicsos e pela

escravização dos Hebreus, que haviam penetrado no Egito durante o Médio Império. Os

Hebreus só conseguem deixar a região por volta de 1250 a.C. sob o comando de

Moisés, no chamado Êxodo.

O expansionismo egípcio estendeu seu império em várias direções,

invadiram a Ásia, conquistando a Síria, Fenícia e Palestina.

O Novo Império começou a decair devido às lutas internas, às invasões

estrangeiras e às revoltas dos povos dominados contra a cobrança abusiva de

impostos. Em 670 a.C. o Egito foi conquistado pelos assírios.

O Renascimento Saíta

Expulsos os assírios, a cidade de Saís, no delta do Nilo, tornou-se a capital

do Império. Iniciou-se então um período de prosperidade econômica, graças ao

comércio que se desenvolvia no Mediterrâneo, principalmente com os gregos. Em

virtude desse intercâmbio, a cultura alcançou grande desenvolvimento e, por isso,

chama-se a essa fase de Renascimento Saíta.

No entanto, as lutas continuaram a enfraquecer o poder central, permitindo,

a partir de 525 a.C. que o Egito fosse dominado pelos Persas. Seguiram-se os gregos,

macedônicos, romanos (30 a.C.) e pelos árabes (povo que constitui hoje a maioria da

população).

Economia do Egito antigo

O Nilo movia a economia. Garantia unidade à Civilização Egípcia. Devido as

inundações do Nilo e os canais de irrigação, o solo era fértil, produzindo abundantes

Page 12: O Mundo Antigo Oriental

colheitas de cevada, trigo, legumes, algodão, frutas, linho e papiro (planta que servia

para a fabricação de um tipo de papel).

A pirâmides permitem concluir que os egípcios dispunham de pedreiras

bem organizadas. Jazidas de ouro entre o Nilo e o Mar Vermelho deram origem a uma

diversificada indústria de ourivesaria, criaram magníficas jóias. Fabricavam móveis,

sarcófagos, carros de guerra de madeira, armas de bronze e objetos de cerâmica.

Comercializavam com a Ilha de Creta, Palestina, Síria e Fenícia. Exportavam

cereais, vinho, óleos vegetais e papiro. Importavam pedras preciosas, marfim, peles de

animais e madeira.

O sistema econômico do Egito antigo era do tipo “dirigido”. O Estado

egípcio exercia grande interferência nas atividades econômicas, já que era o dono das

terras e comandava a força de trabalho nela empregada. Através de seus inúmeros

funcionários, administrava as grandes pedreiras, as minas, as construções de canais e

diques, os templos, as pirâmides e as estradas. Controlava ainda, o comércio exterior.

Assim, não existiam no Egito pessoas ou empresas atuando independentemente do

controle unificador do Estado.

Organização Social, Religiosa e Cultural

A hierarquia social

O Faraó era considerado filho de Amon-Rá, o deus Sol. Por isso o governo do

Egito antigo é chamado Teocrático. Os egípcios julgavam que toda felicidade dependia

do Faraó, diante dele se prostavam em freqüentes cerimônias. Parentes do Faraó, altos

funcionários do palácio, oficiais do exército, chefes administrativos e sacerdotes

formavam a Nobreza. Os Escribas formavam-se nas escolas do palácio e aprendiam a

traçar os complicados caracteres da escrita, os Hieróglifos. Graças à sua cultura,

transformavam-se em Magistrados, Inspetores, Fiscais e Coletores de Impostos. Os

Soldados não eram muito estimados pela população. Viviam dos produtos recebidos

como pagamento e dos saques realizados durante as conquistas. A camada inferior da

sociedade era composta de Camponeses e Artesãos. Deles dependia a prosperidade do

país. Recebiam míseros pagamentos em forma de produtos, moravam em cabanas,

vestiam-se pobremente e comiam pouco. Os Escravos, em geral, eram bem tratados.

Page 13: O Mundo Antigo Oriental

Mais tolerantes que outros povos da mesma época, os egípcios ofereciam certa

segurança a seus escravos, numerosos em tempo de guerra.

A Religião

Os egípcios eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses. E os deuses eram

antropo-zoomórficos: apresentavam forma de homem e animal.

O povo egípcio acreditava na imortalidade da alma e do corpo, por isso, seus

mortos eram mumificados e dispostos em túmulos, com vestimentas, objetos pessoais

e alimentos. Para servir-lhes de guia na viagem além-túmulo, colocava-se a seu lado o

Livro dos Mortos, que continha ensinamentos relativos à viagem à terra dos mortos.

As principais divindades egípcias eram: Amon-Rá (Sol); Osíris (deus da

vegetação e dos mortos); Íris (esposa e irmã de Osíris); Hórus (filho de Íris e Osíris).

As Artes e as Ciências

As grandes manifestações da Agricultura egípcia foram os Templos, as

Pirâmides, as Mastabas e os Hipogeus, túmulos subterrâneos cavados nas barrancas

do Nilo. A Escultura também era predominante religiosa e atingiu o auge com os

sarcófagos, de pedra ou madeira. A Pintura tinha função decorativa e retratava cenas

do dia-a-dia, o que permite reconstituir o gênero de vida dos egípcios.

Os estudos de Matemática e Geometria tinham finalidade prática: a construção

civil. Os egípcios conheciam a raiz quadrada e as frações e chegaram a calcular a área

do círculo e a do trapézio.

A preocupação com as cheias e vazantes do Nilo e com a natureza estimulou-

os a estudar Astronomia. Localizaram alguns planetas e constelações. Construíram um

relógio de água e organizaram um calendário solar. Dividiram o dia em 24 horas e a

hora em minutos e segundos. O ano, de 365 dias, dividia-se em estações agrárias:

cheia, inverno e verão. Na Medicina, os egípcios realizaram progressos razoáveis. Os

médicos faziam operações até no crânio. Conheciam a circulação do sangue e as

Page 14: O Mundo Antigo Oriental

infecções dos olhos e dentes.

A Civilização Hebraica – A Palestina

Localizada entre o Egito, a Mesopotâmia, a Fenícia e a Arábia, a Palestina foi

sucessivamente invadida e conquistada. Nesta terra, situada entre o Rio Jordão e o Mar

Mediterrâneo, os Hebreus fundaram o Reino de Israel, construíram o Templo de

Jerusalém e legaram ao Ocidente dois monumentos imperecíveis: a Bíblia e a Religião

Monoteísta.

A História dos Hebreus pode ser conhecida através do Antigo Testamento da

Bíblia, cujas informações tem sido muitas vezes confirmadas pela Arqueologia. Sabe-se

que três etapas marcaram a história dos Hebreus: a dos Patriarcas, a dos Juízes e a dos

Reis.

A Fase dos Patriarcas

Os Patriarcas eram os membros mais velhos e os líderes das tribos. O primeiro

Patriarca foi Abraão. Por volta do II milênio a.C. os hebreus liderados por Abraão

emigraram da Mesopotâmia (Ur) e instalaram-se às margens do Mar Mediterrâneo,

numa região chamada PALESTINA. Era uma estreita faixa de terra entre o deserto da

Arábia e o Mar, pouco propícia à agricultura, que servia de passagem entre a Europa e

a Ásia Menor. Após a migração para a Palestina, os Hebreus, devido ao próprio

crescimento demográfico, tiveram um avanço em sua condição social de clãs para

tribos independentes, embora preservando costumes e tradições comuns. Por volta de

1.700 a.C. devido a um longo período de seca e fome, os hebreus emigraram para o

Egito, na época sob domínio dos Hicsos. Aí os hebreus prosperaram e chegaram a

ocupar altos postos na administração. Após a expulsão os hicsos do Egito, os hebreus

foram escravizados, permanecendo no Egito por aproximadamente 400 anos. O

Cativeiro no Egito só terminou quando o Patriarca Moisés libertou os hebreus e os

reconduziu à Palestina. Esse episódio recebeu o nome de ÊXODO. (+ ou – 1.250 a.C.).

Segundo a tradição bíblica, foi no monte Sinai, na península de mesmo nome,

que Moisés recebeu do deus Jeová os Dez Mandamentos, que regulavam a moral e os

costumes do povo hebreu. Moisés foi o responsável pela implantação do Monoteísmo

Page 15: O Mundo Antigo Oriental

entre seu povo. Após a morte de Moisés, os hebreus chegaram à Palestina,

encontrando-a, porém, povoada pelos Cananeus. Para enfrentá-los de forma mais

unida e organizada, os hebreus escolheram Juízes para comandá-los.

A Fase dos Juízes

Josué, sucessor de Moisés, iniciou a luta pela reconquista da Palestina. As

necessidades da guerra levaram a uma gradual centralização da autoridade nas mãos

de líderes políticos e militares que recebiam o título de Juízes. Liderados por eles,

conseguiram conquistar a Palestina. Os Juízes mais conhecidos foram Sansão e

Samuel. Quando a Palestina foi invadida pelos Filisteus, ficou evidente a necessidade

de um governo mais centralizado para combater os inimigos. Foi instituída, então, a

Monarquia.

A Fase dos Reis – A Monarquia

Os primeiros reis, Saul e Davi, lutaram contra os Filisteus, consolidando a

conquista da Palestina e fazendo de Jerusalém sua capital. Em 996 a.C. Davi foi

sucedido por Salomão.

O reinado de Salomão representou o apogeu da monarquia, com a existência

de amplo comércio com povos vizinhos, reforço do exército e a construção de

grandiosas obras, como o Templo de Jerusalém. Esse grande poder, no entanto,

dependeu do aumento de impostos e da utilização de grande número de indivíduos

sujeitos a trabalhos forçados. Após a morte de Salomão (926 a.C.), as tribos hebraicas,

insatisfeitas com essa situação, se dividiram, formando os Reinos de Israel (norte) e de

Judá (sul). Essa separação das tribos hebraicas em dois reinos é chamada de cisma. O

cisma representou o rompimento da unidade política do povo hebreu.

O Reino de Israel tinha sua capital em Samaria.

O Reino de Judá tinha sua capital em Jerusalém.

Enfraquecidas pela divisão e pelas revoltas devido à permanência dos

desajustes sociais e dos altos impostos, as tribos hebraicas eram presas fáceis dos

impérios vizinhos. Assim, em 722 a.C. o Reino de Israel foi conquistado pelos Assírios,

Page 16: O Mundo Antigo Oriental

as tribos desapareceram totalmente, uma vez que seus integrantes foram mortos ou

deportados. O Reino de Judá durou um pouco mais, sendo dominado pelos Babilônios

em 587 a.C. que escravizaram os hebreus, levando-os para a Babilônia. Esse episódio

ficou conhecido como CATIVEIRO DA BABILÔNIA (587 a 538 a.C.). Quando os Persas

comandados por Ciro conquistaram a Babilônia em 539 a.C. , os Hebreus foram

libertados e tiveram permissão para retornar à Palestina. Posteriormente, a Palestina

foi conquistada por Alexandre Magno, da Macedônia (333 a.C.) e pelos romanos (63

a.C.).

Durante a dominação romana, ocorreu o nascimento de Jesus Cristo (ano 1),

cujos ensinamentos deram início ao Cristianismo.

Em 70 d.C. os romanos destruíram o Templo de Jerusalém, provocando a

revolta dos hebreus. A cidade de Jerusalém foi arrasada pelos romanos.

Mais tarde, em 131 d.C., o imperador romano Adriano empreendeu violenta

repressão aos hebreus, levando-os a se dispersar pelo mundo. Esse episódio é

conhecido como DIÁSPORA.

Os judeus passaram a viver em diferentes países, mas, apesar disso,

conseguiram manter a unidade cultural.

Somente em 1948, os judeus voltaram a se estabelecer na antiga Palestina,

fundando o Estado de Israel.

Atividades Econômicas dos Hebreus

A localização geográfica privilegiada da Palestina, região situada entre o Egito

e a Mesopotâmia assim como entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho, desempenhou

um importante papel nas atividades econômicas desenvolvidas pelos hebreus. Ao lado

do pastoreio e da agricultura, desenvolvidos principalmente nas terras férteis do vale

do Rio Jordão, os hebreus estabeleceram também intensas relações comerciais com os

povos do Oriente Antigo, o Egito, a Fenícia, a Síria, a Ásia Menor, a Mesopotâmia, a

Arábia e o Reino de Sabá (atual Etiópia) eram os principais parceiros comerciais dos

Page 17: O Mundo Antigo Oriental

hebreus. Esse comércio atingiu o apogeu no reinado de Salomão.

O Legado Cultural

A mais importante e original realização dos hebreus foi no campo religioso.

Essa civilização elaborou uma religião, o Judaísmo, baseado na idéia da existência de

um único Deus e os hebreus se tornaram o único povo monoteísta da história do

Oriente Antigo. O Judaísmo caracterizou-se por valorizar as virtudes morais humanas

como a honestidade, a bondade e a justiça, pela crença na vinda de um salvador da

humanidade, o Messias; pela crença na imortalidade da alma, que seria recompensada

ou castigada após a morte, e no Juízo Final; pela crença num Deus justo e presente em

todos os lugares. O Judaísmo influenciou o Cristianismo e o Islamismo. A literatura dos

hebreus foi a mais rica do Oriente Antigo: destaca-se: Os Salmos, Cântico dos Cânticos,

Livro de Jó.

A Civilização Fenícia

A Fenícia é constituída por uma estreita faixa de terra, situada entre o Mar

Mediterrâneo e as Montanhas do Líbano. Corresponde, aproximadamente, à região

onde se encontra o atual Líbano.

O solo montanhoso da Fenícia não era favorável ao desenvolvimento agrícola

ou pastoril. Assim, vivendo como que espremido em seu território, o povo fenício

compreendeu a absoluta necessidade de se lançar ao mar e desenvolver o comércio

pelas cidades do mediterrâneo.

Entre os principais fatores que favoreceram o desenvolvimento do comércio

marítimo da Fenícia, destacamos:

<!--[if !supportLists]-->· a Fenícia era uma encruzilhada de rotas comerciais, o

escoadouro natural das caravanas de comércio que vinham da Ásia em direção ao

mediterrâneo;<!--[endif]-->

<!--[if !supportLists]-->· era rica em Cedros, madeira valiosa para a construção de

navios;<!--[endif]-->

Page 18: O Mundo Antigo Oriental

<!--[if !supportLists]-->· possuía bons portos naturais em suas principais cidades;<!--

[endif]-->

<!--[if !supportLists]-->· tinha praias repletas de um molusco (múrice), do qual se

extraía a púrpura, corante de cor vermelha utilizado para o tingimento de tecidos,

muito procurado entre as elites de regiões da antiguidade;<!--[endif]-->

<!--[if !supportLists]-->· pobreza do solo, a Fenícia possuía escassas terras férteis, seu

solo era montanhoso.<!--[endif]-->

Desenvolvimento Econômico dos Fenícios

As principais atividades econômicas desenvolvidas pelos fenícios foram o

Comércio e o Artesanato.

O Comércio atingia o Mar Negro, o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico. Por

terra, esse comércio era feito através das rotas de caravanas que ligavam a Fenícia à

Síria, Mesopotâmia e Arábia.

Na Indústria, desenvolveram-se os setores ligados à construção naval, à

produção têxtil e à metalurgia. Os fenícios fabricavam também, uma famosa púrpura,

tintura extraída de um molusco, que era utilizada na coloração de tecidos.

Os Fenícios estabeleceram colônias comerciais em várias Ilhas do

Mediterrâneo, como Creta, Chipre, Sardenha e também nas costas da Europa, Ásia e

África (Cartago).

Exportavam: pescado, vinhos, ouro, prata e armas; Importavam: tecidos e

vestimentas da Mesopotâmia; marfim, essências aromáticas e pedras preciosas da

Arábia; pelo mediterrâneo desenvolviam um intenso comércio de escravos.

Os Fenícios eram exímios navegadores em função de suas atividades

comerciais.

Segundo Heródoto, esse povo foi o primeiro a contornar o continente africano

a serviço do Faraó Necao.

Page 19: O Mundo Antigo Oriental

Os Fenícios foram responsáveis pela difusão cultural na Antiguidade. Como

comerciantes, os Fenícios desenvolveram o espírito prático. Para facilitar os registros

necessários aos seus negócios, criaram, a partir principalmente dos cuneiformes

mesopotâmicos e da escrita egípcia, um novo sistema de escrita, muito mais simples e

prático, e que serviu de base para o alfabeto grego e, posteriormente, para o alfabeto

atual.

As Cidades-Estados da Fenícia

Na Fenícia não havia unidade política, isto é, não havia um Estado unificado. A

Fenícia era formada por um conjunto de cidades-estados autônomos, independentes.

Cada cidade era um verdadeiro Estado independente, com leis e administração própria.

As principais cidades-estados da Fenícia eram Bíblos, Sidon, Tiro e Ugarit.

O sistema de governo das cidades era a Monarquia. O soberano, pertencente

às famílias mais ricas, transmitia o cargo por hereditariedade. O monarca era auxiliado

por um conselho de anciãos.

Tiro, foi a mais importante cidade fenícia, por sua localização, sua força e sua

expansão comercial e colonial. Teria sido fundada em cerca de 2.700 a.C. e teve seu

apogeu entre os anos 1000 e 700 a.C.

Por volta do ano 1000 a.C., Tiro acumulou imensa riqueza e sofreu numerosas

reformas, especialmente no porto, onde as atividades comerciais se concentravam. A

partir dessa época os fenícios fundaram numerosas colônias, entre elas a cidade de

Cartago, no norte da África, em 814 a.C.

A partir do século VIII a.C. as cidades fenícias sofreram sucessivas

dominações: dos assírios, dos persas, dos gregos e macedônios.

A Civilização Persa

A Pérsia antiga foi formada por povos de origem indo-européia que, por volta

de 2.000 a.C. migraram do sul da Rússia e começaram a se fixar no grande planalto

iraniano. A região é cercada por cadeias de montanhas, ricas em minérios como cobre,

ferro, chumbo e metais preciosos. São poucas as terras férteis, propícias ao

desenvolvimento da agricultura. Exceto nos vales entre as montanhas onde se

Page 20: O Mundo Antigo Oriental

cultivam cereais e árvores frutíferas, grande parte da área central do planalto é

dominada por desertos e terras salgadas.

Na região onde se estabeleceram os persas na Antiguidade, situa-se hoje o Irã.

Foi somente em nosso século que este país deixou de se chamar Pérsia.

Primitivamente, os iranianos se dividiam em dois grupos principais, os Medos e

os Persas, que formavam reinos independentes.

No ano de 559 a.C. os persas chefiados por Ciro, dominaram os medos.

A Construção do Império Persa

Liderados por Ciro, os persas começaram a se expandir para fora do

planalto iraniano, pressionados pelo crescimento demográfico e pela carência de terras

férteis.

Por volta de 546 a.C. os persas conquistaram sucessivamente a Lídia (Ásia

Menor), as cidades gregas da Ásia Menor, a Mesopotâmia, a Fenícia, a Palestina.

Num período extremamente curto formou-se o maior império já conhecido,

com territórios que se estendiam do rio Indo e do Golfo Pérsico até o Egito e a Ásia

Menor.

Em 539 a.C. Ciro tomou a Babilônia, e os povos que se encontravam sob o

domínio babilônico ficaram sob a hegemonia da Pérsia. Foi aí que se deu o fim do

lendário Cativeiro Babilônico dos judeus, pois Ciro permitiu que eles voltassem para

Jerusalém e ajudou-os na reconstrução do templo, em 538 a.C.

Cambises, filho e sucessor de Ciro, iniciou uma difícil campanha militar

contra o Egito, em 525 a.C., finalmente vencida pelos persas na Batalha de Pelusa.

Os persas não usaram uma política de saques e terror sistemático, como

era comum na época, para manter dominados os vários povos. Mesmo assim as nações

conquistadas eram obrigadas a pagar pesados tributos e a fornecer homens para

trabalhos forçados e para o exército persa.

Page 21: O Mundo Antigo Oriental

Civilização guerreira e expansionista, os persas construíram um império de

cerca de 5 milhões de km2, cuja principal característica foi a diversidade geográfica,

étnica e cultural.

O império persa era governado por uma Monarquia Absoluta Teocrática,

caracterizada pela união entre o Estado e a Igreja.

O imperador persa mantinha uma política de tolerância em relação às leis,

costumes e religiões dos povos conquistados. Essa política de tolerância estendia-se

também às atividades econômicas, onde a liberdade de troca, impulsionou o

desenvolvimento de intensas relações comerciais entre os diversos povos do império. A

existência de uma moeda padrão e de um adequado sistema de transportes, ligando os

grandes centros econômicos do império, foram outros fatores que contribuíram para

incrementar o livre comércio. Pelo império persa passavam as rotas de caravanas que,

através do comércio, ligavam a Índia e a China ao Mar Mediterrâneo.

A Organização do Império

Dario I, sucessor de Cambises, que reinou de 521 a 486 a.C. procurou

manter o controle sobre o vasto Império, criando uma eficiente organização político-

administrativa.

A administração foi fortemente centralizada. Em todo o Império foram

criadas 20 províncias, chamadas “Satrápias”, cada uma governada por um “Sátrapa”,

cujas ações eram fiscalizadas por funcionários reais denominados “olhos e ouvidos do

rei”, que contavam com exércitos e podiam até mesmo depor os governantes

provinciais.

A unidade do Império foi consolidada por um eficiente sistema de estradas

que ligavam as principais cidades das mais diferentes regiões. A mais importante era a

“Estrada Real”, que ligava Susa, perto do Golfo Pérsico, a Sardes, na Ásia Menor, com

2500 km, dispondo de pontos de parada com guarnições, instalações para pousada e

para a troca de cavalos a cada 20 km.

Dario I introduziu também uma moeda denominada “Darico”, facilitando o

comércio.

Page 22: O Mundo Antigo Oriental

A Decadência do Império Persa

A conquista da Ásia Menor pelos persas prejudicou o intenso comércio

grego na região. O clima de tensão entre várias cidades gregas e o Império Persa

transformou-se em longa guerra. Nas chamadas Guerras Médicas ou Greco-Pérsicas, os

persas foram derrotados e o seu expansionismo para o ocidente chegou ao fim.

Em 490 a.C. Dario tentou invadir a Grécia, mas foi derrotado pelos gregos

na Batalha de Maratona.

Xerxes, filho de Dario, que continuou a luta contra os gregos foi derrotado

em 480 a.C. e 479 a.C. nas Batalhas de Salamina e Platéia.

Após sucessivas derrotas, os persas foram obrigados a se retirar e

reconhecer a hegemonia grega no mar Egeu e na Ásia Menor.

A Religião dos Persas

Foi no campo religioso que se deu a contribuição mais original dos persas.

“Zoroastro” ou “Zaratustra”, fundou uma religião cuja doutrina foi exposta no livro

sagrado “Avesta”.

A doutrina de Zoroastro pregava a existência de uma incessante luta entre

“Ormuz”, deus do bem, e “Arimã”, deus do mal. Zoroastro afirmava que somente no

dia do juízo final, quando todos os homens seriam julgados por suas ações. Ormuz

venceria definitivamente Arimã.

O Zoroatrismo valorizava o “livre arbítrio” do homem, na medida em que

cada pessoa era livre para escolher entre o caminho do bem ou do mal. É claro que

conforme sua escolha, responderia pelas conseqüências no dia do juízo final.

A Civilização Cretense

Creta é a maior Ilha do mar Egeu e está situada a sudeste da península

Balcânica. Esta Ilha foi o centro onde se desenvolveu uma das mais brilhantes

civilizações da antiguidade: a Civilização Cretense.

Page 23: O Mundo Antigo Oriental

O povo cretense tinha uma vida bastante ligada às comunicações

marítimas. Aproveitando a localização da Ilha, tornou-se um ponto de encontro entre a

Grécia e as Civilizações do crescente fértil. Expandindo-se pelo mar, os cretenses

fundaram diversas colônias, entre as quais Micenas e Tróia.

Nossos conhecimentos sobre a história cretense ainda são bastante

limitados, pois os sistemas de escrita utilizados nessa civilização somente começaram

a ser decifrados a partir de 1950. As principais fontes históricas na qual se baseiam os

estudos da civilização cretense são os relatos dos antigos gregos e as escavações

arqueológicas.

A Ilha de Creta começou a ser povoada por volta de 3000 a.C. por grupos

que se encontravam em estágio neolítico, provavelmente migrantes da Anatólia e da

Síria.

A Civilização Cretense atingiu o seu apogeu cultural entre os anos 2000 a

1400 a.C. A posição geográfica de Creta tornou-a importante ponto de contato cultural

e comercial entre várias civilizações, ligando Europa, Ásia e África.

Vida Econômica e Social

Os Cretenses cultivavam cereais, vinhas e oliveiras. Tinham grande

habilidade no trabalho com metais e cerâmica. Seus vasos de cerâmica ou bronze,

eram vendidos em todo o mediterrâneo oriental.

Apontados como fundadores do primeiro império marítimo, construíam

navios de até 20 metros de comprimento. Seus mercadores vendiam vasos com azeite

e vinho e artigos de bronze. Compravam minérios, marfim e perfume. Tinham o

monopólio do comércio no mar Egeu. Os faraós do Egito lhes deram exclusividade no

transporte do cedro do Líbano para o Egito.

É importante observar que o predomínio das atividades artesanais e do

comércio marítimo gerou oportunidades para que um maior número de indivíduos

conquistassem sua autonomia econômica. O mesmo não se deu em regiões como o

Egito e a Mesopotâmia, onde predominaram durante muito tempo atividades agrícolas,

que dependiam de grandes obras de irrigação construídas sob o comando do Estado.

Page 24: O Mundo Antigo Oriental

Nessas regiões, as classes dominantes que controlavam a administração do Estado

impediram a iniciativa econômica dos indivíduos das classes menos favorecidas.

A Civilização Cretense tinha uma vida predominantemente urbana. As

ruínas encontradas pelos arqueólogos revelam a existência de cidades bem

planejadas, com ruas calçadas, sarjetas, lojas de comércio e bairros residenciais. Entre

as principais cidades citam-se Cnossos, Faístos, Mália e Tilisso.

A numerosa população das cidades de Creta tinham uma vida menos

opressiva comparada à de outras civilizações da antiguidade. Isso se explica, em

grande parte, devido ao caráter da economia dominante ( artesanato e comércio

marítimo), que escapava ao dirigismo do Estado e estimulava o individualismo.

Quanto às mulheres da Ilha de Creta, pode-se dizer que possuíam um nível

de liberdade social inexistente em outras regiões da antiguidade. A análise das obras

de arte cretenses revela mulheres passeando pelas ruas, ocupando lugar de relevo nos

teatros e nos circos. Elas podiam desempenhar diversos trabalhos, ao lado do homem,

ou participar de espetáculos esportivos como toureiras ou lutadoras. Cabia também, às

mulheres sacerdotisas, o principal papel nas cerimônias religiosas.

Vida Cultural

Os Cretenses revelaram grande brilho e originalidade no setor artístico,

produzindo obras extraordinárias. Na pintura, destaca-se a decoração de vasos

cerâmicos e de murais dos palácios. A pintura foi a arte por excelência dos cretense, os

pintores se inspiravam nas flores, nos pássaros e na vida do mar. Na escultura,

destacam-se estatuetas bem trabalhadas feitas com argila, bronze e marfim. Na

arquitetura, construíram-se elegantes palácios, confortáveis e arejados.

Nas Ciências, foram grandes os conhecimentos dos cretenses em termos de

matemática e engenharia civil. O planejamento urbano das cidades e a construção dos

palácios revelam muitos desses conhecimentos. Além disso, desenvolveram um

eficiente sistema de canalização de água e esgotos, implantado nos palácios.