O MODELO PROJECT FINANCE : APLICAÇÃO À IMPLANTAÇÃO...

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA ANA FLÁVIA PEÇANHA DE AZEREDO O MODELO PROJECT FINANCE: APLICAÇÃO À IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA METROVIÁRIO BRASILEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes. Orientador: Prof. Luiz Antônio Silveira Lopes- D.Sc. Rio de Janeiro 2003

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

ANA FLÁVIA PEÇANHA DE AZEREDO

O MODELO PROJECT FINANCE: APLICAÇÃO À IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA METROVIÁRIO BRASILEIRO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes. Orientador: Prof. Luiz Antônio Silveira Lopes-D.Sc.

Rio de Janeiro

2003

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c2003

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro – RJ CEP: 222290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Milita r de

Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar

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A993 Azeredo, Ana Flávia Peçanha de. O Modelo Project Finance : Aplicação à

Implantação de Sistema Metroviário Brasileiro / Ana Flávia Peçanha de Azeredo – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2003.

205 p.: il.,tab.

Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia, 2003.

1. Planejamento de transporte. 2. Sistema

metroviário. 3. Financiamento. I. Instituto Militar de Engenharia. II. Título.

CDD 388.428

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A Deus pelo meu passado, meu presente

e meu futuro, aos meus pais Albuino e

Waldicéa pelo amor, carinho e

incentivo, aos meus irmãos, sobrinho

e cunhada, Alba Letícia, Junior,

Lucca e Giovana pela alegria de tê-

los e aos inesquecíveis amigos Ana

Maria Rangel e Willian Aquino pelo

grande apoio.

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AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Militar de Engenharia, pela oportunida de de

realização do curso de Mestrado em Engenharia de Tr ansportes.

À CAPES pelo apoio financeiro ao longo do curso.

Ao Professor Cel Luiz Antônio Silveira Lopes pela a mizade,

orientação, incentivo, perseverança, dedicação e

principalmente por me ter estendido a mão quando ma is

precisei.

Ao Chefe do Departamento de Ensino e pesquisa, Cel Paulo

Roberto Dias Morales minha gratidão pelo aprendizad o acadêmico

e de vida.

Aos professores Fernando Mac Dowell e Paulo Afonso Lopes

pela atenção, contribuição e principalmente pelo

engrandecimento do trabalho.

Aos professores do Curso de Mestrado em Engenharia de

Transportes do IME pelos ensinamentos transmitidos ao longo do

mesmo, especialmente os professores Bustamante, Alc eu, Laerte,

Maj Ferreira Filho, Marcio e Cap Rogério.

Aos professores da UFES: Maria Inês, José Heleno, J osé

Maria, João Calmon e Antônio por terem contribuído muito com

os ensinamentos durante a graduação.

Aos amigos do DNIT, Saul e Angela, Rafael, Paulo.

Aos amigos da turma de 1999, Inês, Zé Luiz e Flávia .

Aos amigos da turma de 2000, Glaydston, Renata e Se rgio.

Aos amigos da turma de 2001, em especial Telma, Aur élio,

Ione, Marcelo, Jolival e Reis pelo grande companhei rismo.

Aos amigos da turma de 2002, Rachel, Isolina, Kary, Chagas,

Fernando, Veiga, Vladimir, Simone, Luiz e Renata.

Agradeço em especial à Flavia, Bruna, Iva e Paulo p ela

presteza e boa vontade dedicados na reta final do t rabalho.

Ao pessoal da secretaria da PG de transportes D a Lucinda,

Ana Paula, Lauro, Oazen e Maria José.

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A Doutora Ana Maria pelo incentivo e apoio durante o curso.

Ao inesquecível Mestre Willian Aquino minha eterna gratidão

pela grande contribuição neste trabalho.

Ao apoio dos amigos da SINERGIA, Lívia, Cláudio e P aulo.

Aos amigos da RIOTRILHOS em especial Sidney, Angéli ca, Mario

e Sheila.

Às amigas do LPU Renata e Gláucia.

À professora Wilma e ao professor Luis Paulo pela a tenção e

pelo grande voto de confiança.

Aos meus familiares, principalmente ao meu tio Salv ador, tia

Juraci e Juliana.

Ao Pastor Josiel e sua esposa e Marta pelas muitas orações.

Ao meu pai e espelho de vida, o meu mestre companhe iro por

me proporcionar as melhores coisas da vida me repas sando todos

os seus conhecimentos técnicos e de vida, ensinando -me acima

de tudo a ser humilde e perseverante.

À minha mãe, grande e inseparável amiga, pela força , amor,

carinho e cumplicidade em todos os momentos da minh a vida.

Aos meus irmãos Albuino Junior e Alba Letícia, ao m eu

sobrinho Lucca, e a Giovana, minha cunhada, pelos g randes

momentos de alegria.

Ao Autor da minha vida por ter me mostrado que sou forte

quando penso que estou fraca.

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“ Pelo que Deus lhe disse:

porquanto pediste isso, e não pediste

para ti muitos dias, nem riquezas,

nem a vida de teus inimigos, mas

pediste entendimento para discernires

o que é justo, eis que faço segundo

tuas palavras… Te dou um coração

sábio e entendido… também te dou o

que não pediste, assim, riquezas como

glória…”

I REIS 3: 12-13

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................... ........... 13

LISTA DE TABELAS................................... ........... 14

LISTA DE ABREVIATURAS.............................. ........... 16

LISTA DE SIGLAS.................................... ........... 17

1 INTRODUÇÃO................................. ........... 22

1.1 .1.1 Considerações Gerais.............................. .... 22

1.2 .1.1 Objetivo.......................................... .... 25

1.3 .1.1 Justificativa..................................... .... 25

1.4 .1.1 Desenvolvimento da Dissertação.................... .... 26

2.1.1.1 O SISTEMA METROVIÁRIO............................. .... 28

2.1 .1.1 Considerações Gerais.............................. .... 28

2.2 .1.1 Sinopse da História do Metrô no Mundo............. .... 28

2.3 .1.1 O Trem de Subúrbio, o Metrô Pesado e o Metrô Leve. .... 30

2.3.1 O Trem de Subúrbio......................... ........... 30

2.3.2 O Metrô Pesado............................. ........... 31

2.3.3 O Metrô Leve............................... ........... 33

2.4 O Sistema Metroviário Internacional e os Re cursos

não Tradicionais de Financiamento.......... ........... 34

2.4.1 Metrô de Bangcoc ............................ ......... 35

2.4.2 Metrô de Hong Kong .......................... ......... 36

2.4.3 Metrô de Tóquio ............................. ......... 36

2.4.4 Metrô de Berlim ............................. ......... 36

2.4.5 Metrô de Copenhagen ......................... ......... 37

2.4.6 Metrô de Londres ............................ ......... 37

2.4.7 Metrô de Madri .............................. ......... 38

2.4.8 Metrô de Paris .............................. ......... 38

2.5 O Sistema Metroviário Nacional ................ ....... 38

2.5.1 Metrô de São Paulo .......................... ......... 39

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2.5.2 Metrô do Rio de Janeiro ...................... ......... 38

2.5.3 Metrô de Belo Horizonte ...................... ......... 39

2.5.4 Metrô de Salvador ............................ ......... 40

2.5.5 Metrô de Fortaleza ........................... ......... 42

2.5.6 Metrô de Recife .............................. ......... 42

2.5.7 Metrô de Porto Alegre ........................ ......... 43

2.5.8 Metrô de Brasília ............................ ......... 44

2.6 Algumas Considerações .......................... ....... 44

3.2.1.1 FONTES TRADICIONAIS DE FINANCIAMENTO....... ........... 45

3.1 Considerações Gerais .......................... ....... 45

3.2 Fontes Internacionais de Financiamento ........ ....... 46

3.2.1 Banco Mundial ............................... ......... 46

3.2.1.1 Banco Internacional de Reconstrução e Desen volvimento. 47

3.2.1.2 Corporação Financeira Internacional........ ........... 48

3.2.1.3 Agência Multilateral de Garantia de Investi mento...... 49

3.2.2 Banco Interamericano de Desenvolvimento ...... ......... 49

3.2.3 Japan Bank International Cooperation .................. 50

3.2.4 Banco Europeu de Investimento ................ ......... 50

3.2.5 Banco de Exportação e Importação dos EUA ..... ......... 51

3.2.6 Bancos Comerciais Internacionais ............. ......... 51

3.3 Fontes Nacionais de Financiamento .............. ....... 52

3.3.1 Financiadora de Estudos e Projetos ........... ......... 52

3.3.2 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social .. 53

3.4 Financiamentos de Metrô no Brasil .............. ....... 55

3.5 Alternativas Utilizadas pelo Brasil para Minimi zar a

Participação do Governo no Sistema Metroviário ..... ... 56

3.5.1 Terceirização ................................ ......... 57

3.5.2 Concessão .................................... ......... 57

3.6 Análise Complementar ........................... ....... 58

4 O MODELO PROJECT FINANCE .............................. 60

4.1 Considerações Gerais ........................... ....... 60

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4.2 Conceituação ................................... ....... .62

4.3 Histórico ...................................... ....... .65

4.4 Estrutura ...................................... ....... .66

4.5 Aplicabilidade ................................. ....... .70

4.6 Riscos ......................................... ....... .70

4.6.1 Riscos Financeiros ........................... ......... .72

4.6.2 Riscos Ambientais, de Patrimônio e de

Responsabilidade Civil ............................. ... .73

4.6.3 Riscos Operacionais .......................... ......... .74

4.6.4 Riscos Políticos e de Negócios ............... ......... .74

4.6.5 Alocação, Distribuição e Mapeamento dos Risco s ........ .76

4.7 Classificação das Garantias .................... ....... .77

4.8 Diferenças entre um financiamento direto ( Corporate

Finance ) e um Project Finance ......................... .79

4.9 Vantagens e Desvantagens ....................... ....... .82

4.10 Lógica, Dificuldades e Aplicação .............. ........ .83

4.11 Tipos de Financiamentos ....................... ........ .84

4.12 Considerações Complementares .................. ........ .87

5 O MODELO PROJECT FINANCE PROPOSTO PARA VIABILIZAR A

IMPLANTAÇÃO E OU EXPANSÃO DO SISTEMA METROVIÁRIO

BRASILEIRO ......................................... ... .88

5.1 Considerações Gerais ........................... ....... .88

5.2 Modelagem Proposta ............................. ....... .89

5.3 Módulo 1 – Análise da Demanda .................. ....... .90

5.4 Módulo 2 – Aplicação do Modelo Project Finance ........ .93

5.4.1 Caracterização da Estrutura .................. ......... .93

5.4.2 Distribuição dos Riscos ...................... ......... .95

5.4.3 Estrutura de Financiamento ................... ......... .96

5.4.4 Definição das Garantias ...................... ......... .98

5.5 Módulo 3 – Estudo de Viabilidade Econômica ..... ....... .98

5.5.1 Quantificação dos Benefícios Econômicos ...... ......... .99

5.5.1.1 Benefícios Econômicos Diretos.............. ........... 100

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5.5.1.2 Benefícios Econômicos Indiretos............ ........... 111

5.5.1.3 Benefícios Econômicos Globais Monetários... ........... 115

5.5.2 Externalidades .............................. ......... 116

5.5.3 Quantificação dos Custos ..................... ......... 116

5.5.3.1 Investimentos.............................. ........... 116

5.5.3.2 Custos Operacionais........................ ........... 116

5.5.3.2 Custos Globais Monetários.................. ........... 118

5.5.4 Análise Econômica ............................ ......... 118

5.6 Módulo 4 – Estudo de Viabilidade Financeira .... ....... 118

5.6.1 Fontes de Recursos ........................... ......... 119

5.6.1.1 Fontes Orçamentárias....................... ........... 120

5.6.1.2 Parcerias.................................. ........... 124

5.6.1.3 Mercado de CERs............................ ........... 128

5.6.1.4 Empreendimentos Conjuntos Vinculados ao Pro jeto....... 129

5.6.1.5 Negociações de Glebas não Diretamente Vincu ladas ao

Projeto ............................................ ... 131

5.6.1.6 Receitas................................... ........... 133

5.6.2 Análise Financeira ........................... ......... 134

5.6.2.1 Fluxo de Caixa............................. ........... 134

5.6.2.2 Taxa Mínima de Atratividade................ ........... 135

5.6.2.3 Valor Presente Líquido..................... ........... 135

5.6.2.4 Taxa Interna de Retorno.................... ........... 136

5.6.2.5 Período de Recuperação de Investimento..... ........... 136

5.7 Algumas Considerações .......................... ....... 136

6 ESTUDO DE CASO: PROJECT FINANCE NA LINHA 4 DO METRÔ

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ........................ ... 137

6.1 Considerações Gerais ........................... ....... 137

6.2 O projeto da Linha 4 ........................... ....... 137

6.3 Recursos Tradicionais de Financiamento ......... ....... 142

6.4 O Project Finance na L4 ............................... 142

6.5 Aplicação da Modelagem ......................... ....... 144

6.5.1 Módulo 1: Estudo da Demanda de L4 ............ ......... 146

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6.5.2 Módulo 2: Aplicação do Modelo Project Finance

Proposto na L4 ..................................... ... 150

6.5.3 Módulo 3: Estudo de Viabilidade Econômica da L4 ....... 152

6.5.3.1 Quantificação dos Benefícios Diretos e Indi retos...... 153

6.5.3.2 Benefícios Econômicos Globais Monetários... ........... 157

6.5.3.3 Os Investimentos da L4..................... ........... 159

6.5.3.4 Custos Operacionais........................ ........... 162

6.5.3.5 Custos Monetários Globais.................. ........... 167

6.5.3.6 Externalidades............................. ........... 169

6.5.3.7 Análise Econômica.......................... ........... 170

6.5.4 Módulo 4: Estudo de Viabilidade Financeira da L4 ...... 170

6.5.4.1 Fontes Orçamentárias....................... ........... 170

6.5.4.2 Parcerias.................................. ........... 174

6.5.4.3 Mercado de CERs............................ ........... 177

6.5.4.4.Empreendimentos Conjuntos Vinculados ao Pro jeto....... 179

6.5.4.5 Negociações de Glebas não Diretamente Vincu ladas ao

Projeto ............................................ ... 183

6.5.4.6 Receitas................................... ........... 184

6.5.4.7 Análise Financeira......................... ........... 185

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................ 191

7.1 Considerações Gerais ........................... ....... 191

7.2 Conclusões ..................................... ....... 191

7.3 Recomendações .................................. ....... 192

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................ 194

9 ANEXO ................................................. 20 0

9.1 Procedimento para Implementação de um Project Finance . 201

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 2.1 Trens de Subúrbio......................... .......... 29

FIG. 2.2 Metrô Subterrâneo......................... .......... 30

FIG. 2.3 Metrô de Superfície....................... .......... 30

FIG. 2.4 Metrô Leve em Via Compartilhada........... .......... 32

FIG. 2.5 Metrô Leve em Via Segregada............... .......... 32

FIG. 2.6 Distribuição Acionária do Metrô do Rio de Janeiro... 39

FIG. 2.7 Distribuição Acionária do Metrô de Belo Ho rizonte... 40

FIG. 2.8 Distribuição dos Investimentos na Implanta ção do

Metrô de Salvador.................................. . 41

FIG. 4.1 Estrutura Básica de Direitos e Obrigações de um

Project Finance ..................................... 67

FIG. 4.2 Riscos de um Project Finance ........................ 72

FIG. 4.3 Classificação das Garantias de um Project Finance ... 78

FIG. 4.4 Tipos de Financiamentos................... .......... 85

FIG. 5.1 Etapas do Modelo.......................... .......... 89

FIG. 5.2 Estrutura Proposta Do Project Finance ............... 94

FIG. 5.3 Distribuição da Participação dos Patrocina dores..... 95

FIG. 5.4 Distribuição dos Riscos no Project Finance Proposto. 96

FIG. 5.5 Estrutura do Financiamento no Modelo Project

Finance Proposto.................................... 97

FIG. 6.1 Traçado Licitado da L4.................... .......... 139

FIG. 6.2 Estrutura Proposta do Project Finance na L4......... 150

FIG. 6.3 Planta de Localização da Gleba Estadual na

Interseção entre a Av. Ayrton Senna e Av. das

Américas (Cebolão)................................. . 180

FIG. 6.4 Gleba Pública Estadual (Cebolão).......... .......... 180

FIG. 6.5 Taxa Mínima de Atratividade (TMA)......... .......... 189

FIG. 6.6 Valor Presente Líquido(VPL)............... .......... 189

FIG. 6.7 Taxa Interna de Retorno (TIR)............. .......... 190

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LISTA DE TABELAS

TAB. 2.1 Financiamento das Linhas do Metrô de São P aulo...... 38

TAB. 3.1 Condições de Financiamento BNDES/FINAME-FI NEM....... 54

TAB. 3.2 Financiamentos Existentes ou Prometidos no País..... 55

TAB. 4.1 Comparação entre Corporate Finance e o Project

Finance ............................................. 80

TAB. 6.1 Regiões Administrativas da Área de Influên cia da L4. 145

TAB. 6.2 População Residente na Área de Influência da L4..... 146

TAB. 6.3 Demanda Desviada do Modo Rodoviário com a

Implantação da L4.................................. . 148

TAB. 6.4 Demanda Futura da L4...................... .......... 149

TAB. 6.5 Renda Média da Demanda Desviada........... .......... 156

TAB. 6.6 Benefícios Globais Monetários referentes à

Implantação da L4.................................. . 158

TAB. 6.7 Cronograma de Investimentos da l4......... .......... 161

TAB. 6.8 Custo Anual de Mão de Obra para L4........ .......... 162

TAB. 6.9 Custo Anual de Energia de Tração para L4.. .......... 164

TAB. 6.10 Custo Anual de Manutenção de Material Rod ante na L4. 165

TAB. 6.11 Taxas de Depreciação..................... ........... 167

TAB. 6.12 Custos Monetários Globais................ ........... 168

TAB. 6.13 Externalidades da L4..................... ........... 169

TAB. 6.14 Número de Domicílios nas Regiões Administ rativas da

Área de Influência da L4........................... . 171

TAB. 6.15 Arrecadação de IPTU nas Regiões Administr ativas da

Área de Influência da L4........................... . 173

TAB. 6.16 Frota de Veículos do Município do Rio de Janeiro

por Tipo de Combustível............................ . 177

TAB. 6.17 Estimativa dos Veículos Desviados com a I mplantação

da L4 por Tipo de Combustível...................... . 178

TAB. 6.18 Operações Urbanas Consorciadas........... ........... 182

TAB. 6.19 Glebas Estaduais na Área de Influência da L4........ 183

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TAB. 6.20 Fluxo de caixa do empreendimento......... ........... 186

TAB. 6.21 Parâmetros para empresa.................. ........... 188

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LISTA DE ABREVIATURAS

CO Monóxido de Carbono

CO2 Gás Carbônico

CO2/km Gás Carbônico por quilômetro

DA Demanda desviada de Automóveis

DO Demanda desviada de Ônibus

g/km Gramas por quilômetro

km Quilômetro

km/h Quilômetros por hora

Kwh Quilowatt-hora

m Metro

m2 Metro Quadrado

O/D Origem – Destino

R$ Reais

R$/km Reais por quilômetro

UCP Unidade Carro de Passageiro

US$ Dólar Americano

V Velocidade

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LISTA DE SIGLAS

AID Associação Internacional de Desenvolvimento

AMGI Agência Multilateral de Garantia de Investimen to

ANP Agência Nacional do Petróleo

ANTP Associação Nacional de Transportes Públicos

ANTT Agência Nacional dos Transportes Terrestres

AP Áreas de Planejamento

ASEP Agência Reguladora de Serviços Públicos c oncedidos

ao Estado do Rio de Janeiro

BEI Banco Europeu de Investimento

BID Banco Internacional de Desenvolvimento

BIRD Banco Internacional de Reconstituição e

Desenvolvimento

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BOT Build Operate and Transfer

CAF Construcción y Auxiliar de Ferrocarriles

CAPM Capital Asset Pricing Model

CBTU Companhia Brasileira de Trens Urbanos

CERS Certificad Emissions Reductions

CET Companhia de Engenharia de Tráfego

CFI Corporação Financeira Internacional

CIADI Centro Internacional para Arbitragem de Dispu ta

sobre Investimentos.

CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômi co

CMPC Custo Médio Ponderado de Capital

CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científic o e

Tecnológico

CPM Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

COFINS Contribuição Social sobre o Faturamento

DETRAN Departamento Estadual de Trânsito

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DETRO Departamento de Transporte Rodoviário de Esta do de

Rio de Janeiro

EBTU Empresa Brasileira de Transporte Urbano

ECA Export Credit Agancy

EXIMBANK Banco de Exportação e Importação dos EUA

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais

e Financeiras

FUNDERJ Fundação de Departamento de Estradas e Roda gem do

Rio de Janeiro

GISTRAN Gerenciamento de Informações e Sistemas de

Transportes

HCM Highway Capacity Manual

HSST High Speed Surface Transportation

IADB Inter-American Development Bank

ICF Imensiones em Concessiones Ferroviárias

ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços

IFC Internacional Finance Corporation

IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado

IPEA Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada

IPP Instituto Pereira Passos

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

JBIC Japan Bank Internacional Coopeporation

KFW Kreditranstalt für wie Deraufbau

MIGA Multilateral Investiment Garanties Agency

PIB Produto Interno Bruto

PIS Programa de Integração Social

PIT Plano de Investimento do Metrô

PPA Power Purchase Agreement

PRG’s Garantias Parciais de Risco

PTI Poverty Targeted Investiment

PTM Plano de Transporte de Massa

PUC Ponticífia Universidade Católica

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PWHC Price Water House Coopers

SM Salário Mínimo

SMTU Superintendência Municipal de Transportes Urba nos

SPE Sociedade Propósito Específico

STU/SAL Sistema de Trens Urbanos de Salvador

TIP Terminal Integrado de Passageiros

TIR Taxa Interna de Retorno

TMA Taxa Mínima de Atratividade

UNFCCC United Nations Framework Convention on Clima te

Change

VALIA Fundo de Pensão da Companhia Vale do Rio Doce

VPL Valor Presente Líquido

WACC Weighted Avarage Cost of Capital

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RESUMO

O sistema de transporte metroviário tem sido uma bo a solução para os grandes centros que cresceram sem planejame nto urbano e para os quais a geografia não oferece possibilida des ou a expansão rodoviária não é mais viável técnica e economicamente. Nesse cenário, o metrô se insere co mo um meio de transporte capaz de criar novos caminhos de desl ocamentos.

A escassez de recursos por parte dos governos, nas últimas décadas, gerou uma acentuada redução dos investimen tos no sistema metroviário brasileiro, tendo em vista o al to custo para a sua implantação.

Aliados à redução dos recursos, o caos no trânsito, a desordem e a poluição fazem com que o governo busqu e novas decisões para solucionar a situação problemática em que se encontram os transportes públicos.

Esta dissertação tem como objetivo propor um modelo alternativo para ajudar a viabilizar a implantação e expansão de sistemas metroviários no País.

Para atingir tal objetivo, é sugerido um modelo Project Finance , que é uma modalidade de financiamento de projetos , onde o fluxo de caixa é a fonte primária para salda r as dívidas e empréstimos.

Esse modelo se difere do modelo tradicional de financiamento, o Corporate Finance , principalmente pela segregação dos riscos e das atribuições de um proje to, o que permite a participação da iniciativa privada contan do com uma vasta fonte de recursos. Alguns metrôs utilizaram o u utilizam esses tipos de recursos para financiar o sistema.

Para validar a proposta foi apresentada uma aplicaç ão do Project Finance na Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, que liga o Centro da Cidade à Barra da Tijuca.

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ABSTRACT

The system of subway transportation has been a good solution for the huge cities that had grown without urban pl anning and for which the geography does not offer options nor the road expansion is more viable regarding the techniques a nd the economic point of view. In this scenario, the subw ay is a way of transportation options.

The scarcity of resources from the government in th e last decades has generated reduction in the Brazilian su bway system, because of the high cost for its implantati on. Jointly with the resources reduction, the chaos in the transit, the disorder and also the pollution impose r the government to search new decisions for solving the situation problematic where the public transport is inserted.

This dissertation has the objective of proposing an alternative model for helping to make possible the implantation and expansion of subway systems in the country. To reach such objective, is suggested the Project F inance model, where the cash flow is the primary source fo r paying debts and loans.

This model differs from the traditional model of fi nancing, the Corporate Finance, mainly for the risk segregat ion, and the attributions of a project, allowing the partici pation of the private capital which has a vast source of reso urces. Some subways had used or use these kinds of resourc es to finance the system.

To validate this proposal, an application of the Pr oject Finance in the Subway of Rio De Janeiro, Line 4 was presented, that unites Downtown to Barra da Tijuca.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Previsto na Constituição Federal (1988), o transpor te de

passageiros é importante por ser uma função essenci al do

exercício de cidadania e da qualidade de vida das p essoas.

Esta, por sua vez, é influenciada pelos transportes , em função

das perdas de tempo, do desgaste físico e psicológi co, medo e

insegurança, desconforto, da vibração e do deslocam ento brusco

e restrições no orçamento familiar para o consumo d e bens e

serviços.

Em termos quantitativos e qualitativos, os transpor tes põem

em jogo os direitos civis, sociais e econômicos do cidadão. A

falta de transporte ou a sua ineficiência afetam, p or

conseguinte, a liberdade dos cidadãos e a capacidad e do

aparelho econômico de reproduzir o capital.

De acordo com a Associação Nacional dos Transportes Públicos

(ANTP, 1999), os grandes centros do mundo, principa lmente o

Brasil, passam por problemas sérios devido aos

congestionamentos gerados pela falta de transporte adequado.

Esses são frutos de vias e ruas estreitas que se to rnaram

insuficientes para tantos veículos, principalmente os

individuais, que aumentam a poluição atmosférica e sonora,

além de diminuírem cada vez mais a velocidade de de slocamento.

Segundo GÖLITZ (2000), o transporte metroviário é u ma boa

solução para os grandes centros que cresceram sem p lanejamento

urbano. São também conhecidos como sistemas troncai s, isto é,

recebem e transportam seus usuários às extremidades das

cidades e suas intermediações. O metrô permite, ain da, uma

fluidez constante mesmo nos horários de pico em vir tude de sua

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via segregada, além de não emitir gases poluentes, devido à

tração elétrica.

Em contrapartida às vantagens apresentadas, para a

implantação desse sistema são necessários grandes

investimentos, o que dificulta sua viabilização, te ndo em

vista a carência de recursos públicos.

BORGES (2001) faz algumas considerações das últimas três

décadas para os países em desenvolvimento, relativa s à origem

dessa escassez de recursos.

A década de 70 pode ser caracterizada como um perío do de

alta inflação no Brasil, em que os grandes projetos

necessitavam de recursos superiores aos que seus

empreendedores disponibilizavam. Tal período foi ma rcado pela

expansão da participação do Estado na economia, mes mo

utilizando recursos externos.

Progressivamente, verificou-se o esgotamento do reg ime de

acumulação de capital, o que determinou um processo de

reestruturação da economia em todo o mundo. Além di sso, foram

afetadas as funções do governo, cuja atuação foi pr ofundamente

modificada.

A década seguinte, ou seja, a década de 80, foi mar cada pela

baixa inflação no mundo em geral. No Brasil, foi vi venciada a

experiência da chamada “década perdida”, após a cri se iniciada

com a quebra financeira e operacional do setor públ ico.

Com o seu agravamento, a capacidade de investir da

administração pública foi significantemente reduzid a, forçando

as empresas e os setores governamentais, vinculados ao

transporte coletivo, recorrerem ao endividamento in terno e

externo.

A continuidade da crise, entretanto, limitou a manu tenção da

política do endividamento e o fluxo de recursos orç amentários,

levando os responsáveis pela implantação dos sistem as de

transportes coletivos a buscar novas fontes de fina nciamento.

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Dessa forma surgiu à necessidade de se criar mecani smos mais

adequados para aportar recursos para o transporte p úblico.

Em 1988, com a Constituição Federal, surgiu a Refor ma

Tributária, que gerou uma modificação na repartição das

receitas dos tributos em favor dos Estados e princi palmente

dos municípios, em detrimento da União.

Nos anos 90, a globalização surgiu como uma expansã o

internacional de atividades privadas caracterizadas pela

redução do papel do Estado, onde os recursos financ eiros para

os investimentos deveriam ser provenientes de fonte s não

tradicionais em virtude do esgotamento dos recursos .

Com a finalidade de obter recursos cada vez mais es cassos,

diante da economia mundial, minimizar investimentos e riscos

por parte do Poder Público, o modelo Project Finance tem sido

aplicado em projetos de grande porte no mundo.

Para FINNERTY (1998), esse modelo é definido como a captação

de recursos para financiar um projeto de investimen to que seja

economicamente separável, ou seja, os ativos possam pertencer

a uma empresa criada com o propósito específico de implantar o

projeto, no qual os provedores de recursos têm o fl uxo de

caixa como a fonte primária de receitas que servem para saldar

os empréstimos e obter o retorno sobre o capital in vestido no

empreendimento.

Segundo o CRÉDIT LYONNAIS (1998), instituições fina nceiras

tratam com prudência o financiamento de projetos de transporte

devido aos riscos de construção e de tráfego, embor a o maior

Project Finance tenha sido feito no setor de transportes

(Eurotunnel). Apesar dessa consideração, em diverso s casos, o

Project Finance não é uma opção, mas a única maneira de

financiar certos projetos.

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1.2 OBJETIVO

A presente dissertação tem como objetivo mostrar a

aplicabilidade de um modelo Project Finance para viabilizar a

implantação e/ou expansão do sistema metroviário no Brasil,

proporcionando assim, um modelo que assegure retorn o ao

financiamento e atraia, ou estimule, a aplicação do capital

privado em infra-estrutura, tendo-se, também, como

pressuposto, que há nesse setor recursos a serem ca nalizados e

garantias reais oferecidas aos organismos de crédit o.

1.3 JUSTIFICATIVA

A escassez de recursos governamentais no Brasil tem

refletido em importantes áreas que necessitam de

investimentos, como os transportes.

A importância de investimentos nos transportes urba nos

cresce na medida que este proporciona alterações na qualidade

de vida da população, pois com a melhora do transpo rte de

massa, reduz-se o tráfego de veículos particulares, da frota

de ônibus, bem como a chamada “deseconomia em

congestionamentos”, representada por excesso de tem po perdido,

consumo de combustível e emissão de gases poluentes .

De acordo com RODRIGUES JR. (1999), o diagnóstico é que o

papel do governo no fomento a esses projetos deve d ar-se de

maneira complementar à ação dos mercados, sobretudo se

efetivada em conjunto com novas formas de atuação n os mercados

de capitais. A importância dessa participação deve- se à

necessidade de eficiência tanto micro quanto macroe conômica. A

recuperação da capacidade financeira do governo, po rtanto,

entra como ponto fundamental para essa contrapartid a.

Para FINNERTY (1998) o Project Finance é adequado como um

recurso de financiamento para países em desenvolvim ento, por

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ser mais seguro para todas as partes, que já entram no

empreendimento cientes dos riscos, de modo a alcanç ar um

negócio que seja aceitável tanto para os financiado res quanto

para os investidores.

Uma política de transportes tem que observar, como elemento

fundamental, a estruturação do espaço urbano. Suas propostas

devem ser dirigidas para a garantia de um melhor us o desse

espaço, pela ordenação ditada pelo traçado dos tran sportes de

massa.

Esse estudo visa contribuir para valorizar o transp orte de

massa diminuindo assim, o transporte individual, fe ito por

táxis e carros particulares e, finalmente as vans, surgidas no

vácuo deixado pelo mau funcionamento dos modos de m édia e

grande capacidade.

1.4 DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação desenvolve-se em sete capítulos, s eguidos

de Referências Bibliográficas e ANEXO.

No Capítulo 1 são apresentados o problema a ser est udado,

seu objetivo e justificativa.

No Capítulo 2 é apresentada uma sinopse do sistema

metroviário, abordando questões referentes ao surgi mento e ao

funcionamento do sistema, traçando um paralelo entr e alguns

países que adotaram fontes não tradicionais de fina nciamento

para viabilizar a implantação do sistema metroviári o e o

financiamento tradicional aplicado nos metrôs brasi leiros.

No Capítulo 3 são apresentadas as fontes tradiciona is de

financiamento no sistema metroviário brasileiro, be m como as

alternativas adotadas pelo governo para diminuir su a

participação nos investimentos necessários.

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No Capítulo 4 apresenta-se um estudo do histórico, conceito,

características de um modelo Project Finance , bem como

experiências na utilização deste modelo.

No Capítulo 5 apresenta-se o modelo proposto, detal hando-se

os passos para a aplicação do Project Finance no sistema

metroviário brasileiro, bem como os recursos advind os de

outras fontes que sejam plausíveis de aplicação no sistema.

No Capítulo 6 é apresentada a aplicabilidade do mod elo

proposto, na análise da expansão do sistema metrovi ário

brasileiro, no qual foi selecionado o projeto da Li nha 4 do

Metrô-RJ, que prevê a ligação do Centro da Cidade à Barra da

Tijuca. Com este estudo de caso pode-se verificar a aplicação

do modelo Project Finance para o referido projeto, analisando-

se e discutindo-se os possíveis resultados.

No Capítulo 7, apresentam-se as conclusões deste es tudo e

recomendações para futuros trabalhos.

Este trabalho se enquadra na linha de Pesquisa de

Planejamento de Transporte do Mestrado em Engenhari a de

Transportes do Instituto Militar de Engenharia e na s

diretrizes de pesquisa estabelecidas no III Plano B ásico de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico, elaborado pelo

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e T ecnológico

(CNPQ), que contemplam o desenvolvimento de pesquis as,

processos e medidas para estimular o uso do transpo rte

coletivo de passageiros e, além disso, objetivando o cálculo e

comparação dos parâmetros que caracterizam os nívei s de

serviço deste sistema.

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2 O SISTEMA METROVIÁRIO

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Por razões técnicas, econômicas e sociais, o sistem a de

transporte metroviário vem se destacando como uma b oa solução

para os problemas de transporte de massa nas áreas

metropolitanas, tanto para melhorar a qualidade e a velocidade

do transporte quanto para aliviar os congestionamen tos, em

função da sua atratividade para o usuário do automó vel e do

ônibus (ANTP, 1999).

No caso dos ônibus, a qualidade dos veículos e a

confiabilidade da operação dos serviços existentes são

normalmente precários. Conseqüentemente, a melhor i magem do

sistema de metrô acaba sendo refletida nas pesquisa s de

opinião dos usuários.

O modo metroviário permite conforto, segurança e

confiabilidade, além de reduzir os congestionamento e os

acidentes, pela retirada de veículos das vias públi cas,

melhorar o acesso, possibilitando, assim, o aumento do número

de empregos e minimizar os gastos públicos com a ma nutenção de

infra-estrutura viária.

2.2 SINOPSE DA HISTÓRIA DO METRÔ NO MUNDO

O primeiro metrô do mundo, o metrô de Londres, entr ou em

operação em 1863, com uma linha subterrânea para al iviar o

congestionamento na região central da cidade nos ho rários de

maior movimento (FERRAZ & TORRES, 2001).

Pela mesma razão, vários países resolveram implanta r esse

modo. Paris inaugurou seu metrô em 1900, Boston em 1901,

Berlim em 1902, Liverpool em 1903, Nova Iorque em 1 903,

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Filadélfia em 1907, Hamburgo em 1912 e Buenos Aires em 1913

(ALOUCHE, 1996).

Até a Segunda Guerra Mundial, as cidades anteriorme nte

citadas, mais Chicago, Budapeste, Moscou e Atenas, dentre

outras, já haviam implantado suas redes e linhas de metrôs

subterrâneos.

ALOUCHE (1996) relata que durante a Segunda Guerra, os

metrôs ficaram praticamente estagnados, tornando-se famosos

por servirem de abrigo subterrâneo contra bombas.

Em 1950, Estocolmo marca a geração dos metrôs pós-G uerra,

seguido por Tóquio, Leningrado, Roma, Montreal, Rot erdam e

México. Na mesma década, ocorreu o desenvolvimento da

indústria automobilística (GÖLITZ, 2000).

Segundo ALOUCHE (1996), a crise do petróleo, nos an os 70,

freou a expansão indiscriminada do uso do automóvel particular

nos grandes centros e, praticamente, todas as cidad es do mundo

com uma população entre um e dois milhões de habita ntes

iniciaram a construção de metrôs.

As redes mais antigas e os metrôs foram modernizado s sendo

implantados nas cidades de países em desenvolviment o, como o

Rio de Janeiro e São Paulo.

Estas cidades, aliadas a cidade de São Francisco, m arcam o

surgimento dos metrôs pesados. Esses metrôs apresen tavam

composições maiores, com capacidade para 2.000 pass ageiros e

operação automática.

Com o avanço tecnológico, os metrôs ficaram mais le ves e a

construção de túneis permitiu o cruzamento de vária s linhas

nas estações, que, por sua vez se transformaram em grandes

aglomerados comerciais.

A década seguinte, anos 80, foi marcada pelo surgim ento dos

metrôs leves e modernos como o VAL, de Lille (Franç a), sendo o

primeiro exemplo de metrô totalmente automatizado ( GÖLITZ,

2000).

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Na década de 90, os metrôs leves foram implantados em

cidades de médio e pequeno porte, como na região de Docklands

(Londres).

A tecnologia foi desde o bonde clássico até o siste ma

totalmente automatizado (Docklands). Concomitanteme nte, surgiu

o motor linear na cidade de Vancouver e a cidade de Lyon

implantou a primeira linha do metrô pesado, sem con dutor. A

informática expandiu-se no sistema metroviário.

2.3 O TREM DE SUBÚRBIO, O METRÔ PESADO E O METRÔ L EVE

Segundo LIMA (2000), apesar de apresentarem caracte rísticas

diferentes como será mostrado no decorrer deste ite m, o metrô

e o trem de subúrbio passaram a permear a opinião p ública e

especializada como se tratassem de serviços distint os, ou com

equipamentos urbanos diferentes, chegando-se a cons iderar que

o metrô é alimentado pelo terceiro trilho (e subter râneo), e o

trem de subúrbio, aquele que circula na superfície e utiliza

para captação de energia, a rede aérea.

LIMA (2000) relata, ainda, que ambas as tecnologias

pertencem a uma única modalidade de transporte, den ominada

transporte urbano de passageiros sobre trilhos.

De acordo com GÖLITZ (2000), os transporte sobre tr ilhos

podem ser diferenciados principalmente pela capacid ade de

transporte.

2.3.1 O TREM DE SUBÚRBIO

O trem de subúrbio, conforme mostra a FIG. 2.1, dif erencia-

se do metrô, segundo ALOUCHE (1996), por atender zo nas mais

afastadas do centro urbano.

Para GRIECO (2000), as diferenças estão representad as pelas

altas densidades de passageiros no sistema, acelera ções,

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desacelerações e distância entre as estações.

FIG. 2.1 Trens de subúrbio

Fonte: D’Agosto (2001)

Foi a tecnologia pioneira no Brasil, em termos de t ransporte

de massa. A capacidade desse modo varia entre 60 a 80 mil

passageiros/hora/sentido (ALOUCHE, 1996).

Segundo D’AGOSTO (2001), uma composição varia de 8 a 12

carros (corpo e truques), tendo dimensões em metros de: 22,00

(comprimento), 3,00 a 3,50 (largura) e 4,50 (altura ) para cada

carro. A via é segregada com bitola de 1,60 m.

GRIECO (2001) relata que no Brasil os trens de subú rbio

possuem tração elétrica, embora no mundo sejam util izadas

algumas locomotivas à diesel.

Por ser uma tecnologia de superfície, com estações

distanciadas entre 1.500 a 2.500 m, requer um espaç o físico

superior aos necessários aos demais modos de transp orte.

Quanto aos aspectos do impacto ambiental, possui um dos

maiores índices de poluição sonora e intrusão visua l.

2.3.2 O METRÔ PESADO

Para FERRAZ & TORRES (2001), o metrô é um trem urba no que se

movimenta por vias segregadas, geralmente com bitol a de 1,60

m, podendo ser subterrâneas conforme a FIG. 2.2 ou de

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superfície segundo a FIG. 2.3. A operação é automát ica

possibilitando assim, o desenvolvimento de maiores velocidades

e capacidade de transporte.

FIG. 2.2 Metrô subterrâneo FIG. 2.3 Metrô de superfície

Fonte: D’AGOSTO (2001) Fonte: D’AGOST O (2001)

O metrô é formado por composições de 4 a 10 carros (corpo e

truques). Cada carro possui as seguintes dimensões em metros:

22,00 a 23,00 (comprimento), 3,00 a 3,20 (largura) e 3,50

(altura) podendo ser classificados por tipo A (com a motriz) e

tipo B (com maior capacidade) (D’AGOSTO, 2001).

No que diz respeito à poluição ambiental, há de se destacar

a intrusão visual, no caso das vias elevadas e em s uperfície,

devido ao tamanho da composição.

ALOUCHE (1996) define o metrô como um sistema elétr ico (não

emitem gases poluentes) sobre trilhos, que atende a s zonas

urbanas e tem uma capacidade que pode variar entre 40 a 80 mil

passageiros/hora/sentido com estações próximas que variam

entre 500 a 1.000 m.

Por oferecerem elevada capacidade de transporte, ex igem

infra-estrutura complexa, o que significa altos inv estimentos

(GÖLITZ, 2000).

Tendo em vista, os altos custos dos investimentos r equeridos

por linhas de metrô, que variam de US$ 50 a 110 mil hões por

km, raramente a iniciativa privada participa de seu

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desenvolvimento. O aporte de recursos do setor priv ado limita-

se ao apoio a construções de estações em áreas próx imas a

algum ponto atrativo de demanda (GRIECO, 2000).

De acordo com ALOUCHE (1996), os sistemas metroviár ios são

quase na totalidade dos casos implantados pelo pode r público,

que também é responsável pela expansão, operação e manutenção.

2.3.3 O METRÔ LEVE

Para FERRAZ & TORRES (2001), o metrô leve é um impo rtante

modo de transporte público situa-se entre o bonde e o metrô

pesado. Os veículos possuem um comprimento que pode variar de

14 metros (sem articulação) a 30 metros (com articu lação).

O metrô leve é preferencialmente utilizado como sis tema

alimentador, às vezes, são denominados pré-metrô po r servirem

de fase preparatória para estabelecimentos de futur os sistemas

troncais. (GÖLITZ, 2000).

A capacidade desse sistema pode variar de 20 a 35 m il

passageiros/hora/sentido. Podem dividir o espaço vi ário com

outros modos, de acordo com a FIG. 2.4 ou trafegar por vias

segregadas, como o sofisticado VAL de Lille, na Fra nça, sendo

o primeiro a operar sem condutor e totalmente autom atizado

conforme mostra a FIG. 2.5 (ALOUCHE, 1996).

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FIG. 2.4 Metrô leve em via compartilhada

Fonte : D’AGOSTO (2001)

FIG. 2.5 Metrô leve em via segregada

Fonte: D’AGOSTO (2001)

2.4 O SISTEMA METROVIÁRIO INTERNACIONAL E OS RECUR SOS NÃO

TRADICIONAIS DE FINANCIAMENTO

De acordo com ALOUCHE (1996), o sistema metroviário é um dos

mais usados no mundo inteiro, devido as suas caract erísticas e

vantagens anteriormente descritas.

Os países desenvolvidos vêm ampliando suas extensõe s

metroviárias, construindo novas linhas, com a final idade de

suprir as necessidades sociais, ambientais e econôm icas. Com

isso, proporcionam um transporte de qualidade e con forto tanto

para seus habitantes como para os visitantes.

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Grande parte integra-se com outros modos fazendo co m que o

transporte de menor capacidade possa atuar de manei ra

complementar.

A seguir, apresentam-se alguns metrôs internacionai s, nos

quais os governos buscaram recursos advindos de fon tes não

tradicionais para financiar ou subsidiar o sistema. Essas

fontes encontram-se detalhadas no modelo proposto, no capitulo

cinco.

2.4.1 METRÔ DE BANGCOC

O governo tailandês contou com a participação de em presas

construtoras, fornecedores e bancos (incluindo o KF W1-

Kreditanstalt für Wiederaufbau ) para viabilizar a implantação

do sistema metroviário (GISTRAN 2, 2003).

Segundo o METROPLANET3 (2003), o Tanayog Mass Transit ou

metrô de Bangcoc é subdividido em metrô de superfíc ie e

subterrâneo. O único que está em operação é o metrô de

superfície que foi construído em parceria com a Sie mens

(empresa alemã de equipamentos metroviários).

O trecho em operação, também conhecido como Linha V erde, tem

23 km de extensão com 23 estações.

A linha subterrânea, a Linha Azul, encontra-se em c onstrução

com previsão de operação para agosto de 2004. A out ra linha de

superfície, a Linha Vermelha, apesar de ter começad o as obras

antes (em 1990), teve problemas com financiamento q ue provocou

a paralisação da construção (em 1998).

1 Banco governamental de investimento que tem seus f inanciamentos

associados à participação de empresas da Alemanha ( como por exemplo, carros

de metrô e equipamentos da Siemens). 2 Consultora de Gerenciamento de Informações e Siste mas de Transporte. 3 Site de sistema metroviário mundial.

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2.4.2 METRÔ DE HONG KONG

O sistema metroviário de Hong Kong começou a ser co nstruído

em 1974, porém só começou a operar em 1979.

Até 2001 a extensão da rede metroviária era de 82,2 km,

incluindo a linha do aeroporto, mas em agosto de 20 02 foi

inaugurado um ramal com 12,5 km que aumentou a malh a

metroviária para 94,7 km (METROPLANET, 2003).

Segundo SANTANA (2000), para financiar a expansão d o sistema

metroviário, o governo chinês aplica recursos prove nientes da

participação dos benefícios do desenvolvimento.

Esses recursos são obtidos com o aluguel e/ou venda de

edificações nas áreas lindeiras ao sistema, que for am

compradas pela operadora.

2.4.3 METRÔ DE TÓQUIO

De acordo com o METROPLANET (2003), o metrô de Tóqu io entrou

em operação em 1927.

Atualmente, o governo japonês vem viabilizando a ex pansão do

sistema metroviário com recursos oriundos da venda e/ou

alugueis de grandes empreendimentos do setor reside ncial,

comercial, hoteleiro, dentre outros nas estações me troviárias

(participação dos benefícios do desenvolvimento) (S ANTANA,

2000).

2.4.4 METRÔ DE BERLIM

Berlim tem uma das mais antigas malhas metroviárias da

Europa, mesmo com todas as dificuldades encontradas devido ao

socialismo, o modo vem se expandindo significativam ente

(METROPLANET, 2003).

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Segundo ARAGÃO (1999), essa expansão tem sido viabi lizada

com recursos advindos de impostos sobre combustívei s recolhido

pelo governo alemão. Tal recurso é o principal meio de

financiamento para construção de ferrovias e metrôs . Nesse

financiamento o Estado interessado é obrigado a ced er uma

parcela para garantir seu interesse no empreendimen to.

2.4.5 METRÔ DE COPENHAGEN

A capital dinamarquesa, Copenhagen, foi a primeira cidade do

país a implantar uma linha metroviária totalmente a utomática,

que entrou em operação em outubro de 2002. O projet o ainda não

foi concluído, sendo previsto para o final de 2003

(METROPLANET, 2003).

Para implantação desse sistema, o governo dinamarqu ês

aplicou recursos provenientes da participação dos b enefícios

do desenvolvimento, vendendo terrenos em áreas a se rem

urbanizadas, para financiar o sistema metroviário ( AZEREDO,

2002).

2.4.6 METRÔ DE LONDRES

Segundo FERRAZ & TORRES (2001), a capital da Inglat erra tem

grande importância no cenário mundial para o sistem a

metroviário, devido a sua primogenitura (1863).

Primeiramente, as máquinas eram movidas a vapor e s omente

dezessete anos após a implantação desse sistema, a primeira

linha subterrânea do mundo com tração elétrica ( City & South

London Railway ) entrou em operação na mesma cidade (Londres)

(ALOUCHE, 1996).

SANTANA (2000) relata que para financiar a expansã o do

sistema, o governo britânico aplica recursos proven ientes da

receita de estacionamentos (benefícios do desenvolv imento).

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2.4.7 METRÔ DE MADRI

A capital espanhola, Madri, situa-se na região cent ral do

país e possui um sistema metroviário com 175 km de extensão e

previsão, para o final de 2003, de ampliação de mai s 53 km,

totalizando 228 km de malha metroviária (METRÔ SP, 2002).

Para viabilizar a expansão do sistema metroviário, o governo

adotou um modelo de financiamento, no qual os empré stimos são

obtidos com taxas reduzidas devido ao fornecimento de

garantias reais (glebas públicas e emissão de títul os)

(GISTRAN, 2003).

O pagamento do empréstimo é feito pela receita advi nda da

tarifa durante o período de concessão.

2.4.8 METRÔ DE PARIS

Esse sistema metroviário destaca-se pela sua qualid ade de

operação, chegando a ter um dos menores headways (95 segundos)

do mundo, perdendo apenas para Moscou (90 segundos) (METRÔ SP,

2002).

Para subsidiar o sistema metroviário, o governo fra ncês

aplica taxação de empresas para compor o fundo de t ransportes

urbanos (SANTANA, 2000).

2.5 O SISTEMA METROVIÁRIO NACIONAL

Na década de 90, o sistema metroviário brasileiro, iniciou o

processo de privatização e concessão com o objetivo de reduzir

a participação do governo. Essa redução não acontec eu de

maneira como os governos esperavam, o que vem sendo motivo

para atrair a iniciativa privada, minimizando assim a

participação e os riscos por parte do governo (CBTU , 1999).

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Além dos sistemas metroviários que se encontram des critos no

decorrer deste item, cabe ressaltar que existem est udos no

Banco Mundial para viabilizar a implantação de metr ôs em

Curitiba e Goiânia (DIAS, 2003).

2.5.1 METRÔ DE SÃO PAULO (COMPANHIA DO METROPOLITA NO DE SÃO

PAULO)

O Metrô de São Paulo é uma das empresas vinculadas à

Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São

Paulo. É formado por 4 Linhas, sendo que a Linha 1 começou a

operar em 1974 e hoje tem 20,2 km de extensão e 23 estações, a

Linha 2 tem apenas 7 km de extensão e 8 estações e com inicio

de operação em 1991. A Linha 3 começou a operar em 1979 é a

mais extensa de todas com 22 km e 18 estações e a L inha 5

entrou em operação no final do ano passado (METROPL ANET,

2003). A Linha 4 foi concedida a iniciativa privada pelo

modelo BOT 4 e encontra-se em fase inicial de implantação.

Segundo AZEREDO (2002), as linhas descritas acima f oram

financiadas conforme mostra a TAB. 2.1.

4 Modelo de concessão BOT ( Build Operate and Transfer ). Neste modelo de

concessão, a iniciativa privada constrói, opera e d epois repassa para o

governo o empreendimento.

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TAB. 2.1 FINANCIAMENTO DAS LINHAS DO METRÔ DE SÃO PAULO

PROJETO METROVIÁRIO PARTICIPAÇÃO NO

FINANCIAMENTO

INVESTIMENTO

(US$ x 10 6)

Linha 1

33% Governo Municipal, 25%

Governo F ederal, 23%

financiamento externo, 10 %

BNDES e 9 % de financiamentos

internos.

3000

Linha 2 77% do Governo E stadual, 23%

BNDES. 1400

Linha 3

50% Governo E stadual, 27 %

BNDES, 16% Governo f ederal, 4%

financiamento externo, 1 %

fina nciamento interno e 2%

Governo Municipal.

3600

Linha 4

26% Governo Federal , 16%

financiamento BIRD, 16%

financiamento JBIC e 42%

iniciativa privada.

1262

Linha 5 Governo Estadual e BID e JBIC. 646

Fonte: AZEREDO (2002)

Esse sistema é tido como um bom exemplo de operação devido à

sua regularidade, capacidade, integração com a ferr ovia,

terminais de ônibus e terminais rodoviários e estac ionamentos

de automóveis.

2.5.2 METRÔ DO RIO DE JANEIRO (COMPANHIA DE TRANSP ORTES SOBRE

TRILHOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RIOTRILHOS)

De acordo com o METROPLANET (2003), em dezembro de 1997, o

Consórcio Opportrans adquiriu o direito de explorar o serviço

metroviário (Licitação) durante um período de 20 an os, ficando

as expansões da rede metroviária a cargo da Companh ia do

Metropolitano (Governo do Estado).

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Segundo a RIOTRILHOS (2003), a distribuição acionár ia atual

é formada pela União, o Governo Estadual e Municipa l, conforme

a FIG. 2.6.

FIG. 2.6 Distribuição acionária do Metrô do Rio de Janeiro

Fonte: RIOTRILHOS (2003)

O sistema possui um total de 31 estações sendo 16 ( incluindo

a Estação Siqueira Campos inaugurada em 2003) para a Linha 1 e

15 para Linha 2, com um headway de 4 e 4,55 minutos

respectivamente para cada linha.

2.5.3 METRÔ DE BELO HORIZONTE (DEMETRÔ)

Na década de 90, o sistema foi descentralizado, pas sando a

cargo ao Governo Estadual, Municipal de Belo Horizo nte e

Municipal de Contagem num montante de US$ 198 milhõ es,

conforme mostra a FIG. 2.7 (GARCIA & BENITES, 1999) .

92,26% Estado

1,25% Município

6,49% União

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FIG. 2.7 Distribuição acionária do Metrô de Belo Horizonte

Fonte: GARCIA & BENITES (1999)

Grande parte do desenvolvimento dos projetos de imp lantação

e expansão do sistema é de responsabilidade do seto r público

com recursos advindos da União, porém o governo não dispõe do

montante necessário. Tal escassez de recursos provo cou o

cancelamento do financiamento com o Banco Mundial ( DIAS,

2003).

O sistema metroviário de Belo Horizonte é formado p or 21,3

Km de linhas duplas eletrificadas, 14 estações, ope rando trens

com intervalo de 7,5 minutos nos períodos de pico.

A empresa vem investindo na ampliação da integração com o

sistema de ônibus urbanos e na expansão no sentido da região

norte de Belo Horizonte, transportando atualmente, uma média

de 84 mil passageiros/dia útil (METROPLANET, 2003).

2.5.4 METRÔ DE SALVADOR

Primeiramente, o projeto de descentralização do STU /SAL

(Sistema de Trens Urbanos de Salvador) teve a parti cipação do

Governo Federal, Estadual, Municipal e pelo Banco M undial.

De acordo com a CBTU (1999), para a descentralizaçã o firmou-

se um empréstimo com o Banco Mundial no valor de US $ 150

milhões com a finalidade de conceder um suporte à c onstrução

Metrô de BH

Prefeitura de BH

35%

Governo Estadual

55%

Prefeitura de Contagem

10%

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do sistema metroviário.

O contrato total segundo a REVISTA FEROVIÁRIA (1999 ), como

mostra a FIG. 2.8, foi de US$ 350 milhões, sendo di stribuído

entre a União, o Governo Estadual e Municipal, a in iciativa

privada e o BIRD 5.

FIG. 2.8 Distribuição dos investimentos na implantação do

Metrô de Salvador

Fonte: REVISTA FERROVIÁRIA (1999)

A iniciativa privada vencedora da Licitação pelo mo delo BOT,

em 1999, foi CAF ( Construcción y Auxiliar de Ferrocarriles ) e

sua subsidiária para privatizações ICF ( Imersiones em

Concessiones Ferrovias ) e Dimetronic (REVISTA FERROVIÁRIA,

2000).

A primeira etapa das obras começou no segundo semes tre de

1999 e só está tendo continuidade devido ao empenho do Governo

Estadual, pois a União não tem verba e o contrato c om o BIRD

foi cancelado (DIAS, 2003).

5 Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvime nto, instituição do Banco Mundial que financia projetos do setor públic o.

Investimentos no Metrô de Salvador

Estado e Prefeitura de

SalvadorUS$ 67 milhões União

US$ 40 milhões

Empréstimo BIRD

US$ 150 milhões

Iniciativa Privada

US$ 50 milhões

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2.5.5 METRÔ DE FORTALEZA (METROFOR - COMPANHIA CEA RENSE DE

TRANSPORTE METROPOLITANO)

Segundo VIEIRA et al. (1999), o Governo Federal juntamente

com o Governo Estadual desde a década de 90, vem de senvolvendo

uma série de ações com o sentido de buscar a viabil idade

técnica e financeira para a implantação do sistema, que liga

Fortaleza aos municípios de Pacatuba, Maracanaú e M aranguape

na Linha Sul e ao município de Caucaia na Linha Oes te.

Conforme a REVISTA FERROVIÁRIA (1999), com o progra ma de

estadualização, o Governo Federal transferiu para o Governo

Estadual o sistema, em um programa que conta com o

financiamento do antigo Eximbank Japonês, atual Japan Bank

International Cooperation (JBIC), da ordem de US$ 326 milhões,

no primeiro estágio do projeto contando com uma con trapartida

do Governo do Estado do Ceará de US$ 58 milhões.

O METROFOR é um empreendimento de cunho social e ec onômico

de grande importância para o estado do Ceará. Foi c riado pelo

Governo Estadual com a finalidade de receber o anti go sistema

de trens metropolitanos, anteriormente operados pel a CBTU

(Companhia Brasileira de Trens Urbanos) (BENITES & PICANÇO,

1998).

De acordo com DIAS (2003), as obras que foram inici adas em

maio de 1999, encontram-se paralisadas desde meados do ano de

2002, justamente por problemas orçamentários e pelo

cancelamento do financiamento com o BIRD.

2.5.6 METRÔ DE RECIFE (METROREC)

De acordo com o METROPLANET (2003), o sistema tem u ma

extensão de 52 km, sendo 21 km de linha eletrificad a (Linha

Centro) e 31 km de linha não eletrificada (Linha Su l).

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A Superintendência de Trens Urbanos de Recife atua na Região

Metropolitana do Recife. O subsistema metropolitano ,

denominado Linha Centro, atende a dois municípios: Recife e

Jaboatão e transporta 115 mil passageiros/dia útil. Possui

também, um segmento que atende ao TIP (Terminal Int egrado de

Passageiros).

O outro subsistema, Linha Sul, atende aos município s do

Recife, Jaboatão e Cabo e transportou cerca de 5 mi l

passageiros/dia útil em 1998. Atualmente, com as ob ras

implementadas pela CBTU transporta 128 mil passagei ros/dia

útil.

O custo do projeto de expansão é de US$ 204 milhões , sendo

50% financiado pelo BIRD (contrato cancelado em 200 2) e a

outra metade pela União (DIAS, 2003).

2.5.7 METRÔ DE PORTO ALEGRE (TRENSURB-EMPRESA DE T RENS

URBANOS DE PORTO ALEGRE)

Conforme o METROPLANET (2003), o sistema começou a operar

oficialmente, com 15 estações atendendo às cidades de Porto

Alegre, Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul. Atualment e, o

sistema TRENSURB possui uma extensão total de 33,8 km com 17

estações, implantadas em intervalos médios de 2,1 k m, estando

integradas ao sistema de transporte urbano e interu rbano com

plataformas de embarque e desembarque de 190 metros de

extensão, e são compatíveis com a operação de dois trens

acoplados.

A Linha 1 em operação do metrô abrange os município s de

Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul e São Leopoldo.

A expansão do sistema teve início em 1989 e os dema is

contratos em 1995 com um custo de R$ 273,277 milhõe s (REVISTA

FERROVIÁRIA, 1999).

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2.5.8 METRÔ DE BRASÍLIA

Depois de nove anos de obra, o mais novo metrô bras ileiro

foi inaugurado em 31 de março de 2001, entrando em operação

somente em setembro do mesmo ano (METROPLANET, 2003 ).

Para implantar esse sistema investiu-se R$ 1,25 bil hão,

sendo R$ 1,23 bilhão para obras e equipamentos e R$ 22 milhões

para operação experimental (REVISTA FERROVIÁRIA, 19 99).

Possui uma extensão de 41 km com 11 estações, parti ndo do

terminal rodoviário no sentido Asa Sul–Guará. Em Ág uas Claras

se bifurca sendo que o ramal que vai até a Ceilândi a deve

ficar pronto até o final do ano de 2003 (METROPLANE T, 2003).

2.6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Neste capítulo foram apresentados aspectos sobre a história

do metrô no mundo, a importância desse modo de tran sporte de

passageiros nos grandes centros, as diferenças entr e trens de

subúrbio, metrô pesado e o metrô leve.

Foram descritos também o funcionamento de metrôs qu e

buscaram novos horizontes para financiar e subsidia r o sistema

além de uma síntese do diagnóstico no sistema metro viário

brasileiro.

Para que haja um entendimento da baixa representati vidade do

sistema metroviário no Brasil, torna-se necessário conhecer as

fontes de financiamento adotadas para viabilizar su a

implantação.

No próximo capítulo serão apresentadas as fontes

tradicionais de financiamento adotadas para o siste ma

metroviário.

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3 FONTES TRADICIONAIS DE FINANCIAMENTO

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Financiamentos e empréstimos são definidos como ope rações de

crédito que constituem um importante instrumento pa ra obter

recursos. No setor de transporte tem como principal objetivo

contribuir para viabilizar a implantação ou a melho ria dos

modos e serviços.

Geralmente são utilizados quando os recursos orçame ntários

próprios são insuficientes para viabilizar projetos e

serviços.

A obtenção de empréstimos na é condicionada na capa cidade de

endividamento do credor, ou seja, se este é capaz d e absorver

o endividamento pretendido (inclusive juros e taxas ), e na

existência de garantias e disponibilidade de recurs os que

atendam a contrapartida que vier a ser exigida (ANT P, 1999).

Os empréstimos podem ser diretos (quando são contra tados com

instituições públicas ou privadas) ou outorgados pe lo setor

privado (AZÚA, 2002).

Segundo SCHARINGER (1997), os financiamentos para o sistema

de transporte englobam agentes como o governo (plan ejamento e

operação), beneficiários diretos (usuários, emprega dores,

indústria, comércio e serviços) e indiretos (propri etários de

terra e industria imobiliária) além dos operadores (empresa de

transporte e indústria).

A origem dos financiamentos ou repasse de recursos poderá

definir o contexto jurídico-institucional da organi zação desse

serviço. A existência de um poder metropolitano par a o

transporte público e o financiamento do setor estão

intrinsecamente ligados, e somente por uma visão co njunta, de

organização e financiamento pode-se avaliar a eficá cia de sua

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gestão.

Essas operações têm um peso representativo, pois po dem

abalar a estrutura financeira da empresa tomadora d o

empréstimo, inviabilizando assim a continuidade des sa política

de captação de recursos (ANTP, 1999).

3.2 FONTES INTERNACIONAIS DE FINANCIAMENTO

Existem vários bancos que operam com financiamentos

internacionais e dispõem de recursos, sob condições

favoráveis, para aplicação em projetos de infra-est rutura.

Geralmente estão vinculados ao atendimento de áreas onde a

população é de baixa renda.

Para a realização de empréstimos e financiamentos p or parte

do Poder Público é necessário que o governo brasile iro faça

uma avaliação, além de uma análise das dívidas inte rna e

externa, e do risco País.

3.2.1 BANCO MUNDIAL ( WORLD GROUP)

Foi concebido durante a 2ª Guerra Mundial com objet ivo de

reconstruir a Europa pós-Guerra.

No Brasil, começou a atuar em 1949, financiando até hoje um

montante aproximado de US$ 33 bilhões em mais de tr ezentos e

oitenta operações de crédito.

Atualmente, a principal função do grupo é reduzir a pobreza

no mundo e principalmente em países que se encontra m em

desenvolvimento.

Além de financiar projetos, o Banco Mundial oferece também

experiência internacional em diversos setores de

desenvolvimento, assessorando o mutuário em todas a s fases do

projeto.

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O Grupo é formado por cinco instituições, Banco

Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimen to (BIRD),

a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) ,

Corporação Financeira Internacional (CFI 6), Agência

Multilateral de Garantia de Investimento (AMGI 7) e o Centro

Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Inv estimento

(CIADI), que estão estreitamente relacionadas com u ma única

presidência (BANCO MUNDIAL, 2003).

3.2.1.1 BANCO INTERNACIONAL DE RECONSTRUÇÃO E DESE NVOLVIMENTO8

(BIRD)

Segundo a PWHC 9 (2003), o BIRD é uma instituição financeira

multilateral que participa ativamente em projetos d e infra-

estrutura em todo o mundo com objetivo de promover o

desenvolvimento econômico e social.

Conforme CHAGAS (2002), o BIRD tem atuação mais vol tada para

a promoção do desenvolvimento econômico, em vez do

desenvolvimento comercial.

Os empréstimos são concedidos para entidades govern amentais

responsáveis por projetos de infra-estrutura. As co ndições do

empréstimo são avaliadas de acordo com a importânci a

estratégica do projeto e suas exigências econômicas (PWHC,

2003).

Apesar do empréstimo ser complexo, está sendo exigi da pelo

Banco a participação do setor privado em projetos d e infra-

estrutura. Deste modo, o BIRD só participa de finan ciamentos

de projetos junto com fontes privadas (AZÚA, 2002).

6 Aplica-se mais a sigla referente a terminologia em inglês (IFC). 7 Assim como a CFI, usa-se mais MIGA. 8 Em inglês é conhecida como Iternational Bank for Reconstruction and Development . 9 Price Water House Coopers é uma consultora internacional que atua como assessora financeira na implementação de Project Finance .

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FINNERTY (1998) relata que o BIRD evitava financiar trens e

metrôs, mas recentemente vem mudando sua filosofia. À medida

que se preocupa com a qualidade de vida, meio ambie nte e

problemas sociais.

Atualmente, promove a idéia de transferir para a i niciativa

privada responsabilidades operativas dos governos n o atinente

a transportes. Nesse sentido atuou no Brasil em alg umas

capitais, como Recife, Belo Horizonte e Salvador (R EVISTA

FERROVIÁRIA, 1999).

3.2.1.2 CORPORAÇÃO FINANCEIRA INTERNACIONAL (IFC)

Conforme CHAGAS (2002), a Corporação foi concebida em 1956,

atuando em setores de infra-estrutura (telecomunica ção,

energia, saneamento, transportes), mineração, turis mo dentre

outros.

BONOMI & MALVESSI (2002) definem como sendo uma ent idade do

Banco Mundial que tem por finalidade investir em pr ojetos do

setor privado nos países em desenvolvimento.

Essa operação é feita por intermédio de empréstimos diretos

e investimentos patrimoniais nas empresas privadas, sem

garantia dos governos.

A IFC ( Internacional Finance Corporation) atrai fontes de

recursos para projetos, além de prestar consultoria e

assistência técnica a governos e empresas. Esses re cursos

financiam empreendimentos ligados à iniciativa priv ada no

setor ferroviário.

Geralmente os empréstimos são feitos com taxas flut uantes,

baseadas no seu próprio custo de tomada de recursos . Esses

estão disponíveis em praticamente qualquer uma das principais

moedas (PWHC, 2003).

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A Corporação também oferece uma gama de serviços de

consultoria, funcionando como banco mercantil de es cala

internacional (VIEIRA et al. 1999).

3.2.1.3 AGÊNCIA MULTILATERAL DE GARANTIA DE INVEST IMENTO

(MIGA)

A Agência foi concebida em 1988 com a finalidade de

minimizar os riscos políticos (quebra de contrato, comoções

civis, expropriações ou guerras), assegurando os in vestimentos

nos países em desenvolvimento (CHAGAS, 2002).

É a instituição do Banco Mundial que tem como objet ivo

estimular investimentos estrangeiros nos países em

desenvolvimento por meio de garantias a investidore s

estrangeiros contra prejuízos comerciais. Também pr oporciona

assistência técnica para ajudar e divulgar informaç ões sobre

oportunidades de investimento (BANCO MUNDIAL, 2003) .

ARAGÃO et al. (2001) relatam que a Agência pode oferecer

serviços para articulações com outras fontes de rec ursos

nacionais ou internacionais, complementando assim, o

financiamento dos empreendimentos.

A MIGA faz parte do BIRD e junto com a IFC montam p acotes de

financiamento para projetos (PWHC, 2003).

3.2.2 BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO10 (BID)

Conforme CHAGAS (2002), o BID é um órgão multilater al,

criado em 1959, que tem como objetivo promover o

desenvolvimento econômico e social na América Latin a e no

Caribe.

10 Em inglês é conhecido como Inter-American Development Bank (IADB).

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Desenvolveu uma nova política de conceder empréstim os

diretamente ao setor privado. Nessa nova política, os prazos e

as condições padrões aplicáveis ao financiamento pr oveniente

do BID são flexíveis, embora o vencimento seja de a té 12 anos,

a carência está aberta ao fluxo de caixa do projeto e a

amortização não deve ser necessariamente baseada em parcelas

iguais podendo ser resgatada (PWHC, 2003).

O BID não financia qualquer pagamento feito ao Pode r

Concedente, como no caso de uma concessão onerosa, onde as

taxas de concessão são pagas ao Poder Concedente.

Além disso, o BID está desenvolvendo as Garantias P arciais

de Risco (PRGs), elaboradas para facilitar o emprés timo

comercial para a América Latina. A PRG é uma forma de

aperfeiçoamento de crédito na qual o BID suporta pa rte do

risco de crédito do tomador de empréstimo, podendo ser

ajustada para atender os requisitos específicos de um projeto.

3.2.3 JAPAN BANK INTERNATIONAL COOPERATION (JBIC)

Segundo a GISTRAN (2003), O JBIC é um banco governa mental de

investimento que tem como foco principal a Ásia, ma s fornece

financiamento em todos os continentes, pois o Japão tem

recursos de crédito abundantes.

Fornece linhas de crédito ao BNDES para repasse em projetos

sociais.

Para a PWHC (2003), o JBIC é um órgão do governo ja ponês que

faz parte da política de ajuda econômica mundial, l eva as

mesmas considerações do BIRD, operando para o desen volvimento

social dos países em desenvolvimento.

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3.2.4 BANCO EUROPEU DE INVESTIMENTO (BEI)

Esse banco participa como fonte de capital adiciona l, pode

ser utilizado na redução da exposição dos patrocina dores e

reduzir o requisito para financiamento da dívida. O BEI tem

vencimento de 15 a 20 anos, em casos excepcionais t em juros

baseado no próprio custo de financiamento do banco mais a

margem. A carência gira em torno de um quarto a um terço do

período do empréstimo, sobre o pagamento do princip al.

A grande vantagem é a cobertura de risco político p ara os

bancos comerciais preparados para assumir o risco c omercial de

um projeto. O custo global para o financiamento é, portanto, o

custo do empréstimo do BEI mais a taxa de garantia cobrada

pelos avalistas do banco comercial (PWHC, 2003).

3.2.5 BANCO DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO DOS EUA ( EXIMBANK)

De acordo com a ANTP (1999), cada uma das principai s nações

desenvolvidas estabeleceu um banco de exportação e importação.

Tais instituições foram criadas para promover a exp ortação de

equipamentos.

O financiamento de crédito à exportação pode tomar a forma

de “créditos ao comprador” ou “créditos ao forneced or”, sendo

que esses bancos relutam em assumir o risco de créd ito

associado a um projeto iniciante sem alguma forma

identificável de suporte de crédito.

3.2.6 BANCOS COMERCIAIS INTERNACIONAIS

Os bancos comerciais são aqueles que aceitam depósi to tanto

à vista (conta corrente) como depósito a prazo (pou pança).

Também oferecem contas com pedido de resgate negoci ável, que

não são contas de poupança, mas rendem juros. Além disso,

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oferecem contas de depósito no mercado monetário, n o qual as

taxas de juros são competitivas em relação aos dema is

instrumentos de investimentos em curto prazo. Nesse tipo de

banco, os empréstimos são concedidos diretamente ao s tomadores

de fundos ou pelo mercado financeiro (GITMAN, 1997) .

Existem vários bancos comerciais internacionais com

operações no Brasil e empréstimos para infra-estrut ura. Para

essas operações estão os seguintes bancos: ABN AMRO , Banco

Santander, BBVA, BNP, Caixa Geral, Citibank, HSBC, dentre

outros (PWHC, 2003).

A principal preocupação para os bancos comerciais

internacionais ao considerar propostas de empréstim os para

projetos no Brasil é o risco político.

3.3 FONTES NACIONAIS DE FINANCIAMENTO

Segundo a ANTP (1999), existem fontes nacionais

reembolsáveis (Finep e BNDES) e foram extintas as f ontes não

reembolsáveis (Sepurb e GEIPOT). A principal fonte de

financiamento nacional é o Banco Nacional de Desenv olvimento

Econômico e Social (BNDES).

3.3.1 FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS (FINEP)

Conforme a ANTP (1999), a Finep possui duas linhas de

créditos específicas para projetos de estruturação, formação

de órgãos de gerência, elaboração de planos municip ais de

transporte e detalhamento de projetos básicos de tr ansporte e

trânsito. Os empréstimos relacionados aos estudos d e

transporte têm taxa de juros a longo prazo acrescid as de 4 a

6% ao ano e com carência de 2 a 3 anos. Quanto à am ortização

está entre 3 a 7 anos.

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3.3.2 BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL

(BNDES)

BONOMI & MALVESSI (2002) definem o BNDES como uma e mpresa

pública federal que responde ao Ministério do Desen volvimento

Indústria e Comércio, com o principal objetivo de f inanciar em

longo prazo os empreendimentos que contribuem para o

desenvolvimento do país.

A operação ocorre por intermédio do BNDESPAR que co mpra as

ações das empresas privadas com a finalidade de des envolver o

mercado de capitais.

Desde sua fundação em 1952, o BNDES vem financiando grandes

empreendimentos principalmente na área de infra-est rutura

(STUBER, 1996).

Atualmente financia os investimentos em transportes urbanos

pesados, com fundos específicos como FINAME e FINEM conforme

mostra a TAB. 3.1.

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TAB. 3.1 Condições de Financiamento BNDES/Finame-Finem

Prazo (meses) Programa Objetivo

Participação

(%) Total Carência

Juros

(% a.a )

BNDES

Finem

Infra-estrutura

- Obras paralisadas

- Implantação,

modernização e

expansão

70

65

120 1

120 1

62

62

6

6

Finame

especial

Equipamentos em

projetos integrados

e de racionalização

• Veículos de

tração

elétrica

• Padron,

articulado,

biarticulado

• Convencionais

90

85

85

3

12 a

96

12 a

72

3

3 a

12

3 a

6

6,5

6,5

6,5

Finame

automático

Equipamentos em

projetos não

integrados,

renovação de frota

(qualquer item)

70

12 a

48

3 a

6

6,5

Fonte: ANTP (1999)

1-Prazo que inclui a liberação, carência e amortiza ção. Determinado em

função de análises, portanto os de longa maturação poderão ter prazos

superiores.

2-A Carência terminará após seis meses, a contar o inicio da operação.

3-A ser definido por análise, podendo acompanhar os prazos da Finem.

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3.4 FINANCIAMENTOS DE METRÔ NO BRASIL

Com base na REVISTA FERROVIÁRIA (1999), foram levan tados

financiamentos de metrôs existentes ou prometidos n o Brasil

que foram atualizados e encontram-se na TAB 3.2.

TAB. 3.2 Financiamentos existentes ou prometidos no País.

CIDADES TIPO DE OBRA VALOR APROXIMADO

(US$ x 10 6)

ÓRGÃO FINANCIADOR

Fortaleza Metrô 592 JBIC

Recife Metrô 300 BIRD

Salvador Metrô 307 BIRD

Brasília Metrô 700 BNDES

Belo Horizonte Metrô 198 BIRD

Rio de Janeiro Metrô (Linha 1) 120 BNDES

Rio de Janeiro Metrô (Linha 3) 1200 A definir

Rio de Janeiro Metrô (Linha 4) 500 A definir

São Paulo Metrô (Linha 4) 1262 BIRD e JBIC

Porto Alegre Metrô (Linha 1) 150 BIRD

Porto Alegre Metrô (Linha 2) 962 BIRD e BID

Fonte: METROPLANET (2003)

Conforme a tabela anterior, observa-se que a maiori a dos

financiamentos são feitos pelo Banco Mundial (BIRD) , seguido

do BNDES, BID e JBIC.

De acordo com a REVISTA FERROVIÁRIA (1999), cabe sa lientar

que tanto os financiamentos do BNDES como os dos de mais bancos

internacionais, exigem contrapartidas da ordem de 3 0 a 50 % do

governo brasileiro. E tanto o Governo Federal como os governos

estaduais debatem-se em sérios problemas de falta d e recursos.

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3.5 ALTERNATIVAS UTILIZADAS PELO BRASIL PARA MINIM IZAR A

PARTICIPAÇÃO DO GOVERNO NO SISTEMA METROVIÁRIO

De acordo com VIEIRA et al. (1999), no Brasil, o governo

atuou de maneira significativa nas atividades ligad as à infra-

estrutura econômica desde o final da década de 40 a té o início

dos anos 80.

No entanto, a partir dos anos 80, o papel do govern o na

economia começou a ser modificado por uma série de razões. De

um lado, a redução do ritmo de crescimento econômic o mundial

e, de outro, o questionamento quanto à eficiência d e atuação

do estado nos setores de infra-estrutura.

Em relação ao contexto internacional, com o aumento das

taxas de juros no final dos anos 70, os encargos fi nanceiros

das dívidas contraídas anteriormente aumentaram mui to, fazendo

com que houvesse um desequilíbrio financeiro dos pa íses. Além

disso, a partir da eclosão da crise da dívida, com a moratória

mexicana em 1982, houve um racionamento do crédito bancário

internacional comprometendo seriamente os programas de

investimento. Com isso, as fontes de captação de re cursos, até

então utilizadas, foram sendo drasticamente reduzid as.

Em paralelo, o questionamento quanto à eficiência d o governo

na gestão de empresas estatais de infra-estrutura, juntamente

com o interesse de abertura à concorrência em algun s

segmentos, fizeram com que se iniciasse uma reformu lação

quanto à estrutura organizacional das indústrias ou empresas

de infra-estrutura.

Em um grande número de países, iniciou-se um proces so de

reestruturação dessas indústrias, visando ampliar a

participação do capital privado, substituindo o est ado na sua

gestão e operação principalmente por terceirização e

concessão.

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3.5.1 TERCEIRIZAÇÃO

Segundo a ANTP (1999) terceirização pode ser defini da como o

repasse a terceiros de atividades que normalmente s ão

executadas pelo governo, como por exemplo, a montag em,

manutenção e operação de sistemas de metrô.

Deve ser aplicada quando os recursos estão escassos para

operar serviços específicos, quando tiver gastado

excessivamente com determinados serviços que poderi am ser

entregues a terceiros e quando existe uma necessida de de

redução das despesas, sem que caia o padrão da qual idade na

prestação dos serviços.

3.5.2 CONCESSÃO

Para a ANTP (1999), concessão é a delegação da pres tação de

serviços públicos para a iniciativa privada com exi gência de

investimentos por parte da mesma.

É definida por um processo de parceria de longa dur ação

entre a autoridade pública e uma empresa privada.

Recentemente ressurgiu nos transportes sobre trilho s, à

figura do concessionário, que outrora foi responsáv el pela

implantação e operação da infra-estrutura de transp ortes e que

havia saído desse mercado há quarenta anos. Esse ti po de

parceiro já atua no metrô dentro da Região Metropol itana do

Rio de Janeiro, nas barcas e nos trens.

Talvez o principal aspecto negativo associado a tal origem

dos controladores das concessões de trens e metrô s eja a falta

de cultura de prestação de serviços públicos, ativi dade

próxima das funções de governo, em que o interesse dos

usuários deve prevalecer ainda que em ambiente de m onopólios

naturais. Em contrapartida, os novos atores ligados a bancos e

fundos de investimentos trazem a preocupação positi va com

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factibilidade dos projetos.

A principal preocupação política pública, ora propo sta em

relação aos concessionários atraídos para atuarem n o setor de

transportes é com a capacidade de investimento futu ra. Do

ponto de vista administrativo, já demonstraram que atuam

melhor do que as administrações estatais anteriores . Porém, há

um grau de incerteza sobre a disposição de enfrenta r os

desafios dos compromissos assumidos e aumentarem su as

participações na matriz de transporte de passageiro s.

O instinto da concessão pode ser também uma base im portante

para a captação de recursos do setor privado (SCHAR INGER,

1997).

3.6 ANÁLISE COMPLEMENTAR

Muito pouco se contribui para suportar os custos do

transporte. Mesmo que o governo disponha de recurso s, o que

não é o caso, não parece socialmente justo que inve stimentos

geradores de tantos benefícios sejam exclusivamente suportados

pelo setor público.

Os investimentos em sistemas de transporte coletivo sobre

trilhos sempre estiveram no Brasil a cargo do Poder Público.

Porém no ambiente econômico pelo qual o país passa é notório o

fato do governo não possuir mais recursos financeir os para

atender as necessidades de serviços da população,

principalmente de transportes.

Este capítulo abordou as principais fontes tradicio nais de

financiamento para o sistema metroviário.

Os recursos financeiros para investimentos no trans porte

metroviário devem ser obtidos de fontes não tradici onais em

virtude das grandes dificuldades financeiras que pa ssa o País.

De fato, no passado, a capacidade de investimento f oi

comprometida por uma busca sem critério de recursos não

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definitivos, na forma de operações de crédito, ou s eja,

crédito e financiamentos, cujos encargos começam a pesar de

tal maneira, que novas operações precisam ser reali zadas

apenas para sua própria cobertura.

O desafio para implantação e expansão do sistema me troviário

brasileiro é de conseguir recursos para que essas o bras possam

ser viabilizadas. Diversos mecanismos, como as part icipações

da iniciativa privada e das comunidades beneficiada s estão

sendo estudadas. Concomitantemente, a redução dos c ustos com a

construção e operação, por intermédio do avanço tec nológico

será primordial para viabilizar a implantação de ma is linhas

nos países em desenvolvimento, onde a demanda de tr ansportes é

maior. Preparar o futuro é obrigação de todos os qu e querem

construir uma sociedade moderna, com uma melhor qua lidade de

vida.

O capítulo a seguir tem por finalidade apresentar u m modelo

de financiamento, ainda incipiente para o sistema m etroviário

brasileiro, que segrega os riscos e participação do poder

público nos financiamentos.

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4 O MODELO PROJECT FINANCE 11

4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

De acordo com AZÚA (2002), a falta de recursos para investir

nos transportes tem feito com que o governo busque transferir

os serviços a terceiros, privatizando o sistema.

A privatização não vem ocorrendo de maneira complet a como se

esperava, pois os terceiros necessitavam de altos

investimentos de capitais que na maioria das vezes não eram

suficientemente supridos pelos bancos nacionais. Co m isso, se

fez necessária a participação de investidores estra ngeiros,

que até então não faziam grandes empréstimos ao set or privado,

para os chamados países emergentes.

Segundo FINNERTY (1998), a década de 80 foi marcada pela

disponibilidade dos bancos comerciais em aceitar pr azos de

resgate mais longos, isso trouxe como conseqüência, o

crescimento da utilização de empréstimos desses ban cos, que se

tornaram principal fonte de endividamento de longo prazo.

AZÚA (2002) relata que, no início da mesma década, o Project

Finance , modelo de financiamento onde a iniciativa privada é o

protagonista que visa a lucratividade do fluxo de c aixa do

empreendimento e o governo se posiciona de maneira

complementar, adquiriu notoriedade nos Estados Unid os da

América, isso devido à sanção em 1978, da Public Utility

Regulatory Policies Act 12. Essa por sua vez, dava incentivos à

iniciativa privada para desenvolver projetos de ene rgia

elétrica, bem como no campo da exploração de petról eo, onde os

11 Também são aplicadas as terminologias Project Oriented Finance e Project Financing , sendo que no Brasil a terminologia Project Finance é mais aplicada. 12 Também é conhecida como Lei PURPA que obrigava as utilities a comprarem a produção e as impedia de ter participação majoritár ia na empreitada (BORGES & FARIA, 2002).

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bancos davam empréstimo e tinham como garantia as r eservas de

energia e de petróleo (fluxo de caixa futuro),

respectivamente. A mesma atividade foi expandida no s setores

de minas e de infra-estrutura.

Em 1989, os bancos comerciais tornaram seus regimen tos mais

rigorosos, o que provocou a redução de empréstimos, diminuindo

assim a disponibilidade de financiamento bancário p ara

projetos de grande porte (FINNERTY, 1998).

Nos anos 90, havia uma certa necessidade de investi mento

nesses projetos, isso fez com que os bancos comerci ais, que

tinham se ajustado a normas mais rígidas de capital ,

expandissem seu papel em Project Finance , fornecendo

consultoria além de empréstimos.

Concomitantemente, os órgãos multilaterais, tais co mo o

Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvime nto,

aumentaram seus esforços para conjugar fontes de ca pitais

públicos e privados. Tal parceria tinha como objeti vo

financiar projetos de infra-estrutura, podendo-se a té dizer

que com uma intensidade jamais aplicada anteriormen te.

A partir de então, segundo o CRÉDIT LYONNAIS (1998) , o

Project Finance tornou-se um meio estratégico de financiar

projetos. Tal estratégia partia do princípio de que o pacote

de financiamento para um projeto, provavelmente, se valha de

várias fontes de fomento, para que sejam elaboradas sob medida

e cumpram as exigências e necessidades tanto dos

patrocinadores como dos investidores.

Essa estratégia, aliada às oportunidades ofertadas pelo

mercado bancário, permitiu a expansão do modelo, de senvolvendo

projetos cada vez maiores.

Tal expansão permitiu a chegada dessa estrutura de

financiamento na América Latina.

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No Brasil, em particular, TÁPIAS (2002) relata que nessa

mesma década, o próprio BNDES ao ter participado do s processos

de privatizações, cumprindo o papel de fomentador d o

desenvolvimento social e econômico, reconheceu que o modelo

tradicional de financiamento estava esgotado. Isso permitiu

então, que o BNDES viabilizasse as primeiras operaç ões de

Project Finance no Brasil.

O empreendimento pioneiro no setor de transporte fo i a

concessão de manutenção e operação da Rodovia Presi dente

Dutra, que com seus 402 km passa pelas regiões mais ricas do

país (que respondem a 50 % do PIB brasileiro).

Essa operação contou com a participação da IFC, do BNDES e

do Governo Federal, que ofereceu instrumentos contr atuais

satisfatórios para a mitigação do risco político, a lém de

inserir cláusulas de equilíbrio econômico financeir o da

concessão passíveis de aplicação.

Em seguida, veio a concessão de manutenção e operaç ão da

Ponte Rio Niterói, que com seus 13 km, liga o munic ípio de

Niterói ao Rio de Janeiro. Foi um dos primeiros cas os de

Project Finance financiado exclusivamente pelo BNDES, em sua

estruturação financeira.

Simultaneamente, outros setores da economia, tais c omo

energia e petróleo começaram a implantar o modelo, que se

mostra propício para o país.

4.2 CONCEITUAÇÃO

Conforme PRADO (1997), um modelo Project Finance nasce da

transferência do serviço público para a iniciativa privada,

como por exemplo, mediante a concessão pública.

Essa modalidade de financiamento tomou impulso como forma de

viabilizar a parceria público-privada em projetos d e infra-

estrutura, em face das dificuldades quanto à provis ão de

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financiamento via governo, bem como pelo fato de qu e a simples

delegação do serviço público ao privado não resolve o

equacionamento de fonte para os projetos de infra-e strutura.

“O Project Finance consiste em uma

modalidade específica de financiamento. A expressão financiamento de projeto pode abranger não só o Project Finance como também alternativas disponíveis, tais como a utilização de recursos próprios dos sócios para toc ar um projeto sob a forma de subscrição de títulos subord inados, empréstimos corporativos, emissão de títulos com ga rantias corporativas ou instrumentos mais elaborados como a securitização de recebíveis” (AZEREDO, 1999).

Segundo CHAGAS (2002), Project Finance é um modelo que

levanta recursos para financiar a entidade-projeto, baseado no

próprio mérito do projeto, onde o fluxo de caixa é a fonte

principal de pagamento dos credores e de retorno ao s

acionistas.

AZÚA (2002) conceitua um Project Finance como um

financiamento que permite ao patrocinador do projet o ( sponsor )

obter créditos sem necessidade de registrá-los no s eu passivo.

Parte-se do princípio de que o projeto a ser financ iado será

altamente lucrativo, o que leva o agente financiado r a confiar

que será pago com os lucros do mesmo projeto, sem n ecessidade

de garantias por parte dos patrocinadores.

Cabe ressaltar que um Project Finance é exclusivo para cada

projeto, que tenha valor intrínseco independentemen te de todas

as outras atividades do patrocinador, além de uma g rande

previsão de lucros permanentes e de um enquadrament o

contratual que garanta os bons andamentos da constr ução,

operação e manutenção.

BONOMI & MALVESSI (2002) relatam que esse modelo de

financiamento é um exercício de engenharia financei ra que

permite que as partes envolvidas no empreendimento possam

realizá-lo assumindo diferentes responsabilidades, ou

diferentes combinações de riscos e retorno de acord o com suas

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respectivas preferências.

Do ponto de vista de FINNERTY (1998), um Project Finance

pode ser um meio eficaz de levantar recursos em ter mos de

custo, envolvendo o financiamento de projetos, de f orma que a

atenção especial deva ser dada a quem assume os ris cos e a

quem colhe os retornos.

FINNERTY relata ainda, que, esse modelo pode ser de finido

como a captação de recursos para financiar um proje to de

capital economicamente separável, no qual os proved ores de

recursos vêem o fluxo de caixa do projeto como font e primária

de recursos para atender ao serviço de seus emprést imos e

fornecer o retorno sob o capital investido.

Para RODRIGUES JR. (1997), um Project Finance definido

poderá constituir uma estratégia quando o projeto f or de

grande porte e capaz de se sustentar por si só, com o unidade

econômica independente.

“Para o governo, esse modelo de financiamento permite maior alavancagem 13 e diversificação de fontes de recursos, ampliando a capacidade de finan ciamento de investimento na economia brasileira” (MONTEIRO F a & CASTRO, 2000).

HOWERCROF & FADHLEY (1998) concluem que um Project Finance

deve ser visto como um modelo de distribuição de ri scos, para

que seja alcançado um negócio aceitável para todo o s

participantes.

13 De acordo com CHAGAS (2002), alavancagem é dada pel o fator dívida/

capital próprio.

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4.3 HISTÓRICO

Segundo FINNERTY (1998), o Project Finance não é uma nova

técnica de financiamento. Teve origem no século XII I, na

Inglaterra, quando a Coroa Britânica negociou empré stimo junto

a Frescobaldi (um dos principais bancos de investim ento

italianos da época) para o desenvolvimento das mina s de prata

da Região de Devon, tal empréstimo era pago com a p rodução.

BONOMI & MALVESSI (2002) relatam que, o princípio d esse

modelo encontra-se no mercantilismo, onde os mercad ores eram

financiados pelos banqueiros florentinos e venezian os que

entre outros partiam pela região do Mediterrâneo a fim de

vender mercadorias repartindo entre si os riscos e retorno do

empreendimento.

No século XV, o comércio entre a Europa e o Oriente feito

pelo Mediterrâneo, tornou-se insuficiente para gera r riquezas

que solucionassem a crise Européia. Foi então, que a nova

burguesia européia e parcela da nobreza, buscaram n ovos

mercados produtores e consumidores para sair da cri se

econômica do continente.

O objetivo dessa burguesia comercial era alcançar a África

(fontes de ouro e prata) e as Índias (terra das esp eciarias,

sedas e pedrarias).

Tal empreendimento era dispendioso e arriscado, sai r do

Mediterrâneo e enfrentar o desconhecido Atlântico.

Entre todos os povos que se organizavam para o

empreendimento “aventureiro”, os portugueses saíram na frente,

seguido por espanhóis, ingleses, franceses e holand eses.

O financiamento dessas expedições visava à expansão

ultramarina e envolvia somas milionárias. Para fina nciá-las, a

Coroa Portuguesa utilizava artifícios como o aument o de

impostos, empréstimos junto a grandes comerciantes e

banqueiros, inclusive italianos, e aos recursos acu mulados

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pela Ordem de Cristo, herdeira da Ordem dos Templár ios. Esta

era o braço armado da Igreja que enriquecia com os saques

realizados no Oriente Médio durante as Cruzadas, no s séculos

XII e XIII.

Partindo desse princípio, BONOMI & MALVESSI (2002),

exemplificam o descobrimento do Brasil como um Project

Finance , pois o Rei de Portugal financiava as expedições

juntamente com banqueiros de toda a Europa e mercad os, que em

conjunto com o capitão e sua tripulação dividiam ri scos e

ganhos do empreendimento.

BONOMI & MALVESSI relatam ainda, que de forma concr eta o

Project Finance surgiu na década de 70, no Reino Unido, em

virtude da expansão de plataformas de petróleo, com o objetivo

de segregar os riscos e levantar recursos.

Finalmente, o modelo chegou ao Brasil, na década de 90,

depois do processo de privatização, conforme descri to no

início deste capítulo.

4.4 ESTRUTURA

A estrutura de um Project Finance baseia-se, segundo MOREIRA

(1999), na atratividade de um projeto específico e não na

análise de crédito de uma corporação em seu todo,

diferenciando-se assim do financiamento tradicional ( Corporate

Finance ).

Conforme BORGES & FARIA (2002), um modelo começa a ser

estruturado quando existem credores que se interess am pelo

projeto e decidem financiá-lo baseados na capacidad e do

projeto gerar recursos que sejam capazes de garanti r o

pagamento e a remuneração do capital, independentem ente dos

outros fluxos compostos no balanço dessas empresas.

Para BONOMI & MALVESSI (2002), uma estrutura típica de um

Project Finance é composta por várias partes, dentre as quais,

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estão presentes instituições financeiras, investido res, o

governo (poder concedente), construtores, fornecedo res de

equipamento, operador, agente fiduciário 14 ( trustee ),

seguradores e usuários, conforme mostra a FIG. 4.1.

FIG 4.1 Estrutura básica de direitos e obrigações de um

Project Finance

Fonte: BONOMI & MALVESSI (2002)

De acordo com BORGES & FARIA (2002), os patrocinado res ou

acionistas, são representados pelas partes interess adas no

projeto, servindo como exemplo os transportadores, operadores,

fornecedores dentre outros.

O interesse é focado para o projeto que passa a ser mais uma

oportunidade de negócio, permitindo assim, o envolv imento dos

mesmos desde serviços, garantias, até o desembolso do capital

diretamente para executar o projeto.

14 A figura de trustee não existe no Brasil. O “agente fiduciário” é uma aproximação, sendo, portanto necessário qualificar suas obrigações e direitos em contrato, no qual ele deve entrar como interveniente com “obrigação de fazer” (MONTEIRO F a & CASTRO, 2000).

Acionistas

(sponsors)

Financiadores Concessionária

SPE

Seguradores

Construtores

Fornecedores de

equipamentos

Tarifa Desempenho/assunção

de riscos Contratos de

operação/consultoria

Usuários

Prêmios

Operador/

consultores

Contratos de

fornecimentos

Dividendos

Contratos de

construção Repagamento

Principal+juros

Poder

Concedent e

Agente

fiduciário

Contrato de

Serviços

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Os acionistas formam uma pessoa jurídica, conhecida como

Sociedade com Propósito Específico 15 (SPE) (BONOMI & MALVESSI,

2002).

Essa empresa terá por finalidade única executar o p rojeto

sob forma de sociedade anônima no Brasil. Por ter s ido criada

exclusivamente para a execução do projeto não poder á

participar de nenhuma atividade fora dele. A SPE te m prazo de

existência determinado, acabando quando o projeto f or

concluído.

Também é de responsabilidade da SPE buscar financia mentos

tomando assim, a responsabilidade financeira dos

patrocinadores junto aos financiadores (BONOMI & MA LVESSI,

2002).

O Poder Concedente realiza então uma licitação para outorgar

a concessão do projeto.

Segundo CHAGAS (2002), existem diversos modelos apl icados

entre o setor público e privado, que se baseiam no grau de

compartilhamento das responsabilidades, riscos assu midos e

exigidos. Dentre esses modelos, está o BOT ( Build, Operate and

Transfer ), que tem o período pré-determinado. Quando encerr a

este período pode ser prorrogado por alteração cont ratual ou

os ativos e direitos de exploração retornam ao pode r

concedente.

“O BOT é uma forma de estruturar um Project Finance , no qual a empresa recebedora do dinheiro empresta do assume a obrigação de construir e operar um projeto e depois de recuperados os custos e obtidos um determinado l ucro, transferi-lo ao governo” (AZÚA, 2002).

Depois de formada a SPE, licitado o empreendimento, cabe

buscar recursos para viabilizá-lo. Nesse momento en tra no

esquema a figura dos financiadores que podem ser re presentados

15 Pode-se assumir denominações como: SPC ( Special Pourpose Company ), CPE (Companhia de Propósito Específico) dentre outras ( VIEIRA et al. , 1999).

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por bancos e terceiros que tenham interesses no

empreendimento. Esses receberam o retorno do invest imento em

longo prazo (BORGES & FARIA, 2002).

Segundo MOREIRA (1999), deve existir um banco líder

( arranger ), que é representado por um dos bancos

financiadores, tendo como função estruturar o finan ciamento e

negociar os termos do empréstimo preparando toda a

documentação.

MOREIRA relata ainda, a presença de um agente contr atual

( developer ), responsável pela formação de idéias e dos

contratos iniciais do empreendimento, coordenando-o até a

entrada do projeto em operação. Geralmente não entr am com o

capital e recebem somente quando o projeto se inici a. Pode

estar na figura de patrocinador.

Deve existir ainda um conselheiro financeiro ( financial

advisor ), que terá como papel principal, instruir os

patrocinadores advertindo dos riscos envolvidos e i nformando

quais as técnicas a serem utilizadas e as possíveis fontes de

fomento.

A presença de um agente de dívidas ( quasi-equity ), serve

para deter parte da dívida e em caso de imprevistos , recebem

depois dos financiadores e antes dos patrocinadores .

Esses usam como suporte os seguintes instrumentos: títulos,

bônus e debêntures (valores mobiliários emitidos po r

sociedades por ações, representando um empréstimo p or elas

contraído). É muito usado com fundos de pensão e de

investimento.

Também fazem parte da estrutura, segundo BORGES & F ARIA

(2002), construtores que sejam qualificados para ex ecutar o

projeto, seguradores para mitigar os riscos e o age nte

fiduciário que será responsável pela coordenação do s fluxos do

projeto em uma conta para entrada e saída do capita l,

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responsabilizando-se pelos pagamentos e controlando as

receitas.

4.5 APLICABILIDADE

De acordo com MOREIRA (1999), um Project Finance é uma

ferramenta aplicada somente em grandes empreendimen tos, dentre

os quais o capital próprio a ser investido pelo pat rocinador

não terá a mesma relevância que a performance esperada do

próprio projeto. Isto significa que o importante se rá a

viabilidade do projeto e a estrutura escolhida para contornar

as dificuldades que se encontrarão ao longo de sua execução.

Para VIEIRA et al. (1999), um projeto financiado por Project

Finance é regulado por uma rede de normas rígidas que

configuram um sistema de monitoramento, visando max imizar as

possibilidades de sucesso do empreendimento. Monito rando

cautelosamente os riscos, o projeto será economicam ente viável

e poderá ser financiado, empenhando o patrocinador, um

investimento menor.

Partindo desta filosofia, os patrocinadores no mome nto em

que idealizarem o empreendimento deverão fazer uma análise

prévia de sua viabilidade econômica e financeira, d eterminando

com um certo nível de certeza prévia, quais são as

possibilidades de conduzir o projeto sob forma jurí dica de

Project Finance .

4.6 RISCOS

A estrutura de riscos é o cerne da montagem de um Project

Finance . É dela que dependerá o envolvimento dos diferente s

participantes.

Para o poder público, os riscos essenciais são uma queda na

qualidade, ou até mesmo uma parada do serviço públi co e os

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custos adicionais orçamentários.

O procedimento deve ser efetuado em várias etapas, desde a

identificação dos riscos, avaliação de seu impacto, limite

pela ação conjunta dos parceiros até a alocação dos riscos

residuais.

Cabe salientar que, a tomada de risco tem um preço e é de

interesse do governo participar da redução dos mesm os, e

somente transferir à operadora e aos bancos de risc os os que

não puderem assumir sem procurar transferi-los na t otalidade.

A otimização para o poder público deve se fazer ent re os

riscos a serem transferidos para o setor privado, o s lucros a

serem extraídos do projeto e o custo do projeto par a sua

coletividade.

Para BONOMI & MALVESSI (2002), os riscos de um

empreendimento podem influenciar no sucesso do proj eto,

geralmente tem difícil mensuração, sendo generaliza dos de

acordo com a FIG. 4.2, por financeiros, ambientais, de

patrimônio e de responsabilidade civil, operacionai s,

políticos e de negócios.

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FIG 4.2 Riscos de um Project Finance

Fonte: BONOMI & MALVESSI (2002)

4.6.1 RISCOS FINANCEIROS

De acordo com GITMAN (1997), são riscos que a empre sa corre

de ser incapaz de cumprir com os compromissos finan ceiros

exigidos (juros, pagamentos de empréstimos, dividen dos de

ações preferenciais).

Esse tipo de risco insere-se na fase de concepção-

construção. Inicialmente residem nos parâmetros ext erno ao

contrato que fixam as condições de financiamento, q ue são

divididos da seguinte forma:

Riscos

Financeiros

Ambientais, de

patrimônio e de

responsabilidad

e civil

Operacionais

Políticos e

de negócio

• Taxa de juros • Taxa de câmbio • Disponibilidade de

crédito • Falta de pagamento

• Acidente e saúde • Tóxico e ambiental • Interrupção dos

negócios • Patrimônio (ativo

fixo)

• Abastecimento dos fornecedores

• Falha nas operações

• Alavancagem operacional

• Político/país • Reputação • Regulamentação

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• Risco cambial

Conforme GITMAN (1997), é o perigo de que uma inesp erada

mudança na taxa de câmbio entre a moeda do investid or e a

moeda na qual o fluxo de caixa de um projeto.

• Risco de taxa de juros

Ocorrem quando as taxas das dívidas são flutuantes, que é

bem comum nos empréstimos bancários. É de extrema i mportância

por poder provocar impactos no fluxo de caixa do pr ojeto

(CHAGAS, 2002).

• Risco de disponibilidade de crédito

Para CHAGAS (2002), esse tipo de risco envolve todo s os

participantes do empreendimento, no que tange a cap acidade

creditícia, isso é se cada participante será capaz de arcar

com o crédito que lhe foi designado.

4.6.2 RISCOS AMBIENTAIS, DE PATRIMÔNIO E DE RESPON SABILIDADE

CIVIL

São riscos de responsabilidade do setor público e d evem ser

minimizados por garantias oferecidas pelo governo l ocal, pois

podem provocar significativas perdas nas despesas o peracionais

do projeto, prejudicando a rentabilidade do mesmo. (MOREIRA,

1999).

De acordo com CHAGAS (2002), são exigidas pelas agê ncias

multilaterais uma lista contendo os aspectos ecológ icos,

sociais e culturais, que devem ser analisados duran te a

construção e operação.

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Para BONOMI & MALVESSI (2002), as atividades deverã o estar

sujeitas às leis ambientais federais e estaduais. C aso não

ocorra o cumprimento de tais leis e regulamentações , ou

ocorram acidentes que afetem o meio ambiente, podem resultar

em penalidades administrativas e/ou criminais, bem como

responsabilidade por perdas e danos.

4.6.3 RISCOS OPERACIONAIS

Este tipo de risco pode estar inserido tanto na fas e de

concepção e construção como na fase de operação do sistema.

GITMAN (1997) relata que os riscos operacionais são riscos

que a empresa corre se for incapaz de cobrir os cus tos com a

operação.

Divide-se em risco técnico (ou risco de construção, que são

decorrentes das escolhas tecnológicas e do desenvol vimento do

canteiro de obra), de custo (que podem ser provenie ntes de

atrasos, incidentes geológicos, má estimativa do co ntexto

local, falha de um fornecedor ou de uma empresa sub contratada)

e de gerência (pode estar ligado à incapacidade da

operacionalidade do processo) (MONPERT, 2000).

Para CHAGAS (2002), esse tipo de risco pode ser min imizado

com a contratação de uma empresa de operação e manu tenção, que

seja formada por patrocinadores ou operadores com q ualificação

suficiente.

4.6.4 RISCOS POLÍTICOS E DE NEGÓCIOS

Estes ricos não estão ligados aos protagonistas do projeto,

mas podem ter repercussões financeiras e comerciais sobre

parceiros privados, e repercussões sobre a execução do serviço

público e sobre os custos do projeto para o poder p úblico.

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Segundo MONPERT (2000), relaciona-se com o não cump rimento

pelo poder público de compromissos particulares que foram

assumidos, portanto é específico ao setor privado.

Os investidores devem prestar atenção particular às

obrigações contratuais pelo parceiro público cuja r uptura tem

origem no risco político.

Podem ser cobertos diretamente ou indiretamente pel a

intervenção, ou pela agência de organismos nacionai s ou

internacionais, representados por instituições de c rédito,

instituições financeiras multilaterais.

Conforme BONOMI & MALVESSI (2002), classificam-se d a

seguinte maneira:

• Risco país/político

É o risco que emerge do perigo de que o governo anf itrião

possa adquirir ações que venham afetar investidores

estrangeiros ou da possibilidade de problemas polít icos no

País possam pôr em perigo os investimentos realizad os no país

por investidores estrangeiros (GITMAN, 1997).

Para NEVITT & FABOZZI (1995), está representado por boicotes

ou embargos políticos ao projeto, gerando o impedim ento de

remessas de divisas ao exterior.

• Risco reputação ou soberano

Conforme BORGES & FARIA (2002) este risco também é conhecido

como Risco de Atos do Império ou Atos de Poder do P ríncipe.

Ocorre com a interferência em relações já compactua das, ou

seja, com a quebra de acordos.

Esse risco se faz presente quando o governo tem par ticipação

total ou parcial do projeto (CHAGAS, 2002).

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• Risco de regulamentação

Deve ser minimizado com o conhecimento e acompanham ento da

legislação local específica para o empreendimento, para que

sejam obtidas as licenças e autorizações governamen tais

(CHAGAS, 2002).

• Os riscos de força maior

Para CHAGAS (2002), estes riscos podem ser provocad os por

atos da natureza, do homem, do governo e impessoais .

Referem-se a eventos originários da força maior clá ssica,

tais como catástrofes naturais, mas pode igualmente se tratar

de causas políticas, como embargo na entrega de mat érias-

primas, dentre outras.

4.6.5 ALOCAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E MAPEAMENTO DOS RISC OS

Além da visão do retorno do capital investido pelos

patrocinadores e financiadores, os empreendedores b uscam

técnicas envolvidas tais como de construção e opera ção, para a

mitigação dos riscos e responsabilidade sobre o pro jeto

(MOREIRA, 1999).

Os riscos são alocados segundo a capacidade específ ica de

gerenciamento de cada agente e segundo as partes me nos

vulneráveis aos eventos subjacentes aos riscos. Os riscos

restantes ficam para os patrocinadores do empreendi mento.

As cláusulas contratuais têm por obrigação e

responsabilidade punir aqueles que vierem a descump rir os

contratos, ressarcindo os demais pelos prejuízos ca usados, de

maneira que os riscos assumidos por um determinado agente não

sejam exercidos ou penalizados por outro.

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Os contratos servem para distribuir os riscos entre os

participantes, porém essa distribuição não é feita tão

facilmente.

Sua difícil execução pela determinação das variávei s é um

fator que influência diretamente no custo de implan tação de um

Project Finance , tornando-os bem onerosos.

No que tange a parte jurídica do projeto, deve ser

especializada, e as instituições financiadoras deve rão

contratar consultoria capaz de indicar a viabilidad e dos

riscos com a finalidade de adquirir capital compatí vel, tendo

em vista que a análise é feita na capacidade do pro jeto gerar

receitas que sejam capazes de cobrir os investiment os.

4.7 CLASSIFICAÇÃO DAS GARANTIAS

Como o endividamento não é assumido com base no cré dito,

são necessárias garantias aos participantes que apr esentam-se

sob a forma de contrato.

Requer uma gama de instrumentos financeiros, comerc iais e

legais para minimizar os riscos, incluindo a criaçã o de uma

conta bloqueada ( escrow-account ).

De acordo com MOREIRA (1999), BORGES & FARIA (2002) ,

MONTEIRO Fa & CASTRO (2000) a classificação pode ser feita com o

mostra a FIG 4.3.

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FIG. 4.3 Classificação das garantias de um Project Finance

● Sem garantias fora do empreendimento ( Non-recourse );

neste caso o financiamento tem como garantia única o fluxo de

recursos do empreendimento. Não permite que os cred ores

acessem o patrimônio dos acionistas ou dos patrocin adores do

empreendimento É muito raro este tipo de garantia.

● Garantias parciais vinculadas ao empreendimento( Limited-

recourse ): para estes credores as garantias são os recursos

gerados pelo empreendimento e outras garantias pess oais e

reais cedidas pelos patrocinadores e acionistas tai s como

penhor, hipoteca, fiança que possam permanecer váli das por

parte do período do financiamento e que em conjunto , garantem

as obrigações da tomada de recursos.

● Garantias totais vinculadas ou não ao empreendiment o

( Full-recourse ): nesta, os credores contam com garantias

convencionais concedidas pelos acionistas e/ou sponsors do

empreendimento que cobrem a totalidade das obrigaçõ es da

tomada de recursos, independentemente de o empreend imento

gerar recursos suficientes.

Garantias parciais vinculadas ao

empreendimento

(Limited-recourse)

Project Finance

Sem garantias fora do empreendimento

(Non-recourse)

Garantias totais vi nculadas ou não ao

empreendimento

(Full-recourse)

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Um Project Finance puro é do tipo non-recourse , pois tem

como base o fluxo de caixa do projeto.

Sendo mais realista pode-se usar ainda para um Project

Finance o tipo limited-recourse , quando visa o regresso

parcial da dívida aos credores em situações adversa s.

4.8 DIFERENÇAS ENTRE UM FINANCIAMENTO DIRETO ( CORPORATE

FINANCE) E UM PROJECT FINANCE

Segundo FINNERTY (1998), deve-se comparar um modelo Project

Finance com um financiamento direto com base no nível geral de

crédito do patrocinador, quando se está decidindo q ual o

melhor modelo para financiar um projeto.

As principais diferenças entre um financiamento dir eto e um

Project Finance estão distribuídas de acordo com a TAB. 4.1.

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TAB. 4.1 Comparação entre um Corporate Finance e um Project Finance

DIFERENÇAS Corporate Finance Project Finance

Organização Formado por grandes empresas de

forma coorporativa, onde o fluxo

de caixa de diferentes ativos e

negócios se misturam.

Organizado sob forma de parceria ou como

empresa de responsabilidade limitada. Os

ativos e os fluxos de caixa r elacionados

ao projeto são segregados das demais

atividades do patrocinador.

Controle e

monitoramento

Está na gerência, onde o conselho

administrativo monitora a

performance da corporação em nome

dos acionistas, sendo feita pelos

acionistas de maneira dir eta e

limitada.

A gerência permanece no controle, sendo

que fica sujeita a um maior monitoramento

do que numa corporação típica, a

segregação de ativos e fluxos de caixa

facilita uma maior centralização pelos

investidores. Suas condições contratuais

que go vernam os investimentos em dívida e

patrimônio contêm compromissos e outras

disposições que facilitam o monitoramento.

Flexibilidade

financeira

Pode ser rapidamente montado, e os

recursos gerados internamente

podem ser usados para financiar

outros projeto s, evitando a

disciplina do mercado de capitais.

Envolve um maior volume de informações,

contratação e custos de transação. No que

diz respeito aos arranjos financeiros

eles são altamente estruturados e grandes

consumidores de tempo. Os fluxos de caixa

gerados internamente podem ser reservados

para projetos proprietários.

Fonte: FINNERTY (1998)

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TAB. 4.1 Comparação entre o Corporate Finance e o Project Finance

DIFERENÇAS Corporate Finance Project Finance

Fluxo de caixa

líquido

Os gerentes têm amplo arb ítrio com

relação à alocação do fluxo de

caixa líquido entre dividendos e

reinvestimentos. Os fluxos de

caixa se misturam e depois são

alocados de acordo com a política

corporativa.

Os gerentes têm arbítrio limitado, ou

seja, por contrato o fluxo de caixa

líquido deve ser distribuído aos

investidores de capital.

Agente de custos Investidores de capital estão

expostos aos agency costs do fluxo

de caixa líquido, sendo assim mais

difícil fa zer com que os

incentivos à gerê ncia sejam

específicos do projeto.

Os agency costs do fluxo de caixa líquido

são reduzidos, os incentivos à gerência

podem ser atrelados ao desempenho do

projeto. O monitoramento mais rigoroso por

parte dos investidores é facilitado,

fazendo com que o problema do

subinvestimento seja atenuado.

Contratos da

dívida

Os credores se valem de toda a

carteira de ativos do patrocinador

para o serviço da dívida,

geralmente a dívida não é

garantida (quando o tomador é uma

rande corporação).

Os credores se valem de um ativo ou

conjunto de ativos especí ficos para o

serviço da dívida. De modo geral a dívida

é garantida, os contratos da mesma são

elaborados sob medida para as

características específicas do projeto.

Fonte: FINNERTY (1998)

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4.9 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Segundo MOREIRA (1999), as vantagens e desvantagens

relativas aos meios alternativos de financiamento d evem ser

cuidadosamente pesadas para que se determine qual a técnica

mais vantajosa para os acionistas do patrocinador d o projeto.

O modelo oferece uma série de vantagens sobre o

financiamento direto do projeto em bases tradiciona is. Os

benefícios decorrentes podem ser realizados apenas após

análise cuidadosa e uma habilidosa engenharia finan ceira.

Para BORGES & FARIA (2002), a organização do projet o, sua

estrutura jurídica e seu plano de financiamento dev em refletir

a sua natureza, seus riscos identificáveis, a capac idade de

obtenção de crédito dos vários participantes, as ex igências de

suporte.

Em última análise, as recompensas econômicas prospe ctivas

para cada parte devem ser proporcionais aos riscos.

As principais vantagens de um Project Finance são a melhor

alocação dos riscos e o fato dos financiamentos ser em

estruturados especificamente para cada empreendimen to.

No que tange aos patrocinadores essas vantagens pod em ser:

● Estabelecida a SPE que fica encarregada pelo proj eto, o

patrocinador pode, sob certas regras contábeis, ati ngir uma

estrutura não consolidada no balanço patrimonial. E sta

estrutura é interessante especialmente quando o val or do

projeto é significativo.

● Limita os riscos dos patrocinadores, principalment e quando

o projeto é relacionado, mas não parte do negócio p rincipal da

empresa como por exemplo: o financiamento de uma co ncessão de

uma rodovia para uma construtora.

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● Assegura uma grande probabilidade de se atingir o fluxo

de caixa previsto, podendo atingir maiores índices de

alavancagem (endividamento/patrimônio líquido) e um aumento no

prazo de endividamento.

● Nos países com poucos recursos nacionais disponív eis,

como é o caso do Brasil, o Project Finance pode ser a única

possibilidade de financiar alguns projetos.

Como desvantagem pode-se mencionar a complexidade d as

estruturas de financiamento, o prazo necessário par a sua

estruturação e as dificuldades influenciadas pelas trocas de

governo.

As desvantagens para os patrocinadores a estruturaç ão desse

modelo é complicada, implicando muitas pessoas e de morando

geralmente um ano para ser elaborado. As fontes de recursos

geralmente são mais onerosas que a maioria dos outr os tipos de

financiamento, não só em termos de taxas de juros, mas também

considerando o custo dos vários consultores (legal, técnico,

financeiro, dentre outros).

Além disso, o projeto deve ser bem definido desde o início

da estruturação e todas as possibilidades futuras

consideradas. A transferência de riscos para os ban cos, sempre

tem como contrapartida uma transferência de poder, reduzindo a

liberdade de ação dos patrocinadores na administraç ão do

projeto.

4.10 LÓGICA, DIFICULDADES E APLICAÇÃO

Segundo VIEIRA et al . (1999), um Project Finance requer

garantias, isso implica em uma receita de venda do produto

final, garantida pelo menos durante o pagamento das dívidas.

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Em projetos de infra-estrutura, são necessários rec ursos

intensivos para a execução e contam com a maior

previsibilidade da demanda.

Do ponto de vista dos patrocinadores, o alto índice de

alavancagem se dá devido o capital inicial que cont a com a

participação de investidores interessados no projet o,

diminuindo o problema da escassez.

Já para o credor, deve ser escolhido um fluxo de ca ixa do

projeto que garanta o pagamento de dívidas por meio de sua

receita, exigindo assim uma estrutura jurídica capa z de alocar

corretamente os riscos.

As principais dificuldades encontradas para a aplic ação de

um Project Finance são representadas pela variação cambial e o

risco Brasil que dificulta o investimento de capita l externo.

Para MOREIRA (1999), um Project Finance pode servir de opção

para diversos setores da economia, porém possui uma particular

atratividade nos seguintes ambientes:

• Investimentos de grande porte;

• Empresas que associadas representam um potencial elevado

de mercado, tecnologia, experiência, na execução e montagem do

projeto e capacidade operacional;

• Implantação de projetos de infra-estrutura que e stejam

sob regime de concessão em parceria com capital pri vado. O

envolvimento de muitas empresa e agências govername ntais

solidificam e estabilizam as regras de concessão.

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4.11 TIPOS DE FINANCIAMENTOS

MOREIRA (1999) faz uma relação dos tipos de financi amentos,

ou seja, uma relação das origens de recursos confor me mostra a

FIG. 4.4.

FIG. 4.4 Tipos de Financiamentos

Segundo MOREIRA (1999), a dívida sênior é represent ada por

créditos oferecidos pelos bancos e geralmente const ituem a

maior parcela no financiamento de longo prazo em um Project

Finance , podendo ter ou não garantias.

TIPOS DE

FINANCIAMENTOS

Dívida Sênior

Dívida Subordinada

Dívida Júnior

Título de alto risco

(Junk bonds)

Supliers Credit e tied

creditst

Sweat Capital

Leasing

Financiamento de

bancos e agências

de fomento

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Na legislação brasileira podem caracterizá-la somen te por

hipoteca. Este tipo de crédito é oferecido pelos ba ncos na

estruturação do empreendimento

A dívida subordinada também é conhecida como mezani no pois

encontra-se entre a dívida sênior e o empréstimo ba ncário. São

créditos fornecidos pelos patrocinadores que se enc ontram

subordinados a dívida sênior. Pode ser representada por

debêntures com remuneração viável ou com cláusula d e

conversibilidade (CHAGAS, 2002).

Outra fonte de recursos para financiamento é a dívi da júnior

que são créditos provenientes de bancos, que cobram taxas mais

elevadas por possuir maior exposição de risco.

Os títulos de altos riscos ( junk bonds ) são créditos

incorporados que elevam as taxas, tipicamente com g anhos

superiores aos das empresas com nível de crédito de melhor

qualidade. Os projetos de ranting (classificação do risco

visando ajudar a tomada de decisão de administrador es de

carteira de investimento e, no caso de administrado res de

fundos, afastar a responsabilidade civil em caso de perdas na

transação) podem ser enquadrados nesse tipo de fina nciamento

(GITMAN, 1997).

Segundo BORGES & FARIA (2002), muitas agências

governamentais, como o Eximbank , oferecem diretamente ou por

intermédio de fabricantes de equipamentos créditos

condicionados a compra de certos produtos ou serviç os

( Supliers credit e tied creditst )

A operação de Leasing , também conhecida como arrendamento

são créditos concedidos pelos fornecedores ou empre sas

(RODRIQUES JR, 1997).

Para BORGES & FARIA (2002), o Sweat Capital é um contrato

com fornecedores de equipamentos e serviços em que os

financiamentos que aplicam taxas de juros para que esse valor

seja transformado em capital.

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Os financiamentos com os bancos e agências de fomen to foram

descritos no capítulo anterior.

4.12 CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES

O Project Finance não é apenas uma evolução na forma de

financiamento de empreendimentos, na verdade é um i nstrumento

no qual o capital pode escolher com precisão, a par cela de

risco e o correspondente retorno que deseja do empr eendimento.

O que importa é a capacidade de geração de resultad os do

empreendimento exigindo-se até mesmo a criação de u ma nova

empresa chamada SPE, que é criada no intuito de sep arar os

resultados obtidos.

À medida que o ambiente financeiro continue a evolu ir, o

Project Finance gozará de um lugar de destaque entre as

principais técnicas de financiamento bem-sucedidas.

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5. O MODELO PROJECT FINANCE PROPOSTO PARA VIABILIZAR A

IMPLANTAÇÃO E/OU EXPANSÃO DO SISTEMA METROVIÁRIO BRASILEIRO

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

No capítulo anterior, foi caracterizado de forma su cinta o

que consiste um Project Finance .

Conforme IZQUIERDO (1997) in ARAGÃO et al . (2001), nos

diversos países, apesar do governo ter grande

representatividade no financiamento de infra-estrut uras de

transporte, o capital privado se faz cada vez mais presente,

dando origem a variados modelos de parceria pública -privada.

Ainda, segundo o autor, esse modelo de parceria é i mportante

para o Brasil devido à escassez de recursos por par te dos

governos.

MONPERT (2000) relata que apesar da redução da pres ença do

governo, esta se faz necessária para que sejam defi nidas a

consistência e qualidade do serviço, a política tar ifária e as

exigências de segurança.

Dentro desses conceitos este capítulo tem como obje tivo

mostrar a aplicabilidade de um modelo Project Finance como uma

alternativa capaz de viabilizar a implantação e/ou expansão do

sistema metroviário brasileiro.

Inicialmente, mostra-se como implementar o modelo,

identificando seus participantes e respectivas funç ões.

A seguir, descrevem-se as etapas que são de extrema

importância para que o modelo possa ser implementad o.

Finalmente, mostra-se a estrutura de financiamento, bem como

as possíveis fontes de recursos, baseadas em modelo s aplicados

no País e no exterior.

Cabe salientar que, quando um projeto como esse de

implantação e expansão do sistema metroviário não p ossui

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história operacional no momento do financiamento da dívida

inicial, sua confiabilidade creditícia dependerá da

lucratividade projetada, do nível de riscos existen tes e do

suporte de crédito indireto fornecido por terceiros , por

intermédio de diversos arranjos contratuais.

5.2 MODELAGEM PROPOSTA

A seguir, apresentam-se na FIG. 5.1, os módulos que

representam a seqüência de passos realizados na exe cução do

modelo proposto.

A proposta de aplicabilidade deste modelo tem por o bjetivo

mostrar uma alternativa para viabilizar a implantaç ão e/ou

expansão do sistema metroviário brasileiro.

FIG. 5.1 Etapas do modelo proposto

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92

Para melhor entendimento do desenvolvimento do mode lo, os

módulos apresentados são a seguir descritos.

5.3 MÓDULO 1 – ANÁLISE DA DEMANDA 16

Para KAWAMOTO (1994), demanda por transportes é o d esejo de

uma entidade (uma pessoa ou um grupo de pessoas fís icas ou

jurídicas) de locomover alguma coisa (a si próprio, outras

pessoas ou cargas), de um lugar para outro. Em comp lementação,

essa demanda pode estar relacionada a uma dada moda lidade de

transporte ou uma determinada rota.

Nos transportes públicos urbano varia ao longo do t empo. É o

item de maior importância para qualquer projeto, po is por esta

variação pode ser feito um planejamento adequado da oferta de

transporte, proporcionando assim, um atendimento qu e seja

eficiente e de qualidade, com economia de recursos e

satisfação dos usuários (FERRAZ & TORRES, 2001).

Dentre os modelos de análise da demanda existentes para este

item adotou-se o modelo aplicado para a expansão da Linha 1

Metrô-RJ (Siqueira Campos-General Osório)

Conforme BRITO (2003), para se obter uma determinad a demanda

é necessário levantar cuidadosamente informações es tatísticas

para que seja formado um banco de dados.

Nesta fase, o primeiro passo a ser dado é a identif icação da

área de estudo que abrange todos os bairros em que o traçado

se insere, que por conseqüência da implantação da l inha

sofrerão diretamente nos deslocamentos da população e na

mudança de hábito de viagem.

Conforme o METRÔ-RJ (2000), a área de influência di reta é

considerada como aquela que está no interior da isó crona de 10

minutos de caminhada a pé, ou seja, a um raio de 60 0 metros.

16 Este item está fortemente baseado no item de análi se da demanda da L4 que se encontra no Estudo de Impacto Ambiental.

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Para o meio sócio-econômico deve-se definir esta ár ea com a

implantação da linha metroviária, no contexto urban o, como uma

área onde deverão incidir impactos de natureza vari ada,

positivos ou adversos, que serão observados desde a etapa do

planejamento até a entrada em operação do empreendi mento.

Concentram-se os principais impactos sobre a popula ção

residente e usuária desse setor da cidade, a ser be neficiada

pela operação da linha.

A área de influência indireta abrange as repercussõ es e

efetivos da linha a partir de sua entrada em operaç ão,

coincidindo geralmente, em termos territoriais com o

município. Os impactos serão decorrentes, principal mente, da

melhoria das condições de acessibilidade (METRÔ-RJ, 2000).

Depois de delimitada a área de influência deve-se p esquisar

os seguintes itens para possam ser inseridos no ban co de dados

relatado anteriormente.

a) Sócio economia da área de influência: nesta etap a deve-se

obter os dados sócio-econômicos da área de influênc ia para que

se possa prever a demanda futura. Esses dados devem ser

referentes aos dados demográficos, atividades econô micas e uso

do solo bem como os pólos atratores de viagem.

b) Projeções de crescimento sócio-econômico: Nesta etapa a

deve ser feita a projeção da população a partir das tendências

de crescimento de cada zona/bairro, analisando-se

concomitantemente, os dados levantados e comparando -os com

projeções anteriores, cabendo observar se ocorrerem alterações

do zoneamento e nas tendências de crescimento das z onas.

c) Pesquisa origem e destino: Devem ser realizadas pesquisas

específicas, bem como fontes alternativas de dados, para se

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94

ter uma maior abrangência na análise das origens e destinos

dos deslocamentos.

d) Modelo de escolha modal: Este item é de extrema importância

por afetar diretamente no nível da demanda futura. Devem ser

definidas as demandas desviada de automóveis e ônib us para o

sistema metroviário.

f) Taxas de geração de viagem para projeção da dema nda: Neste

item, calcula-se a taxa de geração de viagens como função da

população residente, da taxa de motorização e do ta manho médio

do domicílio, por zona de tráfego.

g) Estimativa de demanda: A estimativa da demanda p arte de

pesquisas realizadas, das matrizes de origem e dest ino e do

modelo de escolha do modal, para que então possam s er

realizadas simulações que mostrem os fluxos e tendê ncias. A

estimativa da demanda atual deve ser proveniente da s viagens

realizadas na área de influência e que poderão ser convertidas

em viagens de metrô.

h) Tendências de crescimento: São necessárias para que possam

ser calculadas às taxas de crescimento para a deter minação da

demanda futura. Geralmente, aplicam-se tendências d e

crescimento populacional censitário.

A partir dos dados existentes aliados aos dados lev antados

estima-se, analisa-se e se prevê o comportamento da demanda de

viagens no trecho estudado, bem como se estipula a parcela da

demanda que estará propensa à utilização do sistema

metroviário.

i) Demanda futura: Com base no número de viagens ge radas para

o sistema metroviário previsto para cada bairro da área de

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95

influência, determina-se o número de passageiros em cada

estação.

5.4 MÓDULO 2 – APLICAÇÃO DO MODELO PROJECT FINANCE

Conforme BONOMI & MALVESSI (2002), um Project Finance é

específico para cada projeto, isto devido às peculi aridades,

montante a ser investido, dos riscos e retorno.

Tendo em vista estas restrições, propõe-se um model o Project

Finance que venha atender o sistema metroviário brasileiro

como um todo.

Para implantar o modelo, primeiramente, analisa-se os

tópicos inseridos no ANEXO 1 e posteriormente execu ta-se as

etapas a seguir:

5.4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA

Segundo BONOMI & MALVESSI (2002), a estruturação de um

modelo Project Finance é tarefa complexa, dispendiosa que

demanda tempo e o concurso de vários tipos de parti cipantes.

A estrutura montada na FIG 5.2 tem como finalidade

principal fundamentar arranjos necessários, para vi abilizar a

participação dos potenciais entrantes e assim ident ificar os

riscos e respectivas alocações para que estes sejam

otimizados.

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FIG. 5.2 Estrutura proposta do Project Finance

De acordo com a estrutura proposta, cabe ao governo conceder

o projeto à iniciativa privada, por intermédio de l icitação

pública.

As partes interessadas no empreendimento, represent adas

pelas empresas fornecedoras de energia e equipament os, ao

governo, a construtoras formando então, um grupo de nominado

patrocinadores.

Forma-se então, uma empresa com propósito específic o (SPE)

de executar o projeto e operar o sistema.

A participação dos patrocinadores distribuí-se de a cordo com

a FIG. 5.3.

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FIG 5.3 Distribuição da participação dos patrocinadores.

As fontes descritas na distribuição da participação dos

patrocinadores encontram-se definidas no item de fo ntes de

recursos do estudo de viabilidade financeira.

5.4.2 DISTRIBUIÇÃO DOS RISCOS

A distribuição dos riscos do Project Finance proposto deverá

seguir a classificação descrita por BONOMI & MALVES SI (2002)

no capítulo 4.

Os riscos deverão ser distribuídos entre os financi adores,

patrocinadores, agência reguladora, governo e segur adoras,

conforme mostra FIG. 5.4, para que assim possam ser mitigados.

GOVERNO

INICIATIVA

PRIVADA

•Taxas

•Financiamentos

•Impostos

•Empreendimentos conjuntos vinculados ao

projeto

•Negociação de glebas

•Mercado de CERs ( Certified Emissions

Reductions )

•Construtora

•Fornecedores de energia e equipamentos

•Parceria com empreendimentos lindeiros

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FIG. 5.4 Distribuição dos riscos no Project Finance

proposto

5.4.3 ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO

A estrutura de financiamento proposta conforme most ra a FIG.

5.5 baseia-se nos tipos de financiamento mencionado s no

capítulo anterior, dentre os quais escolheu-se as q ue melhor

se enquadram em um Project Finance .

Riscos

Financeiros

Ambientais, de patrimônio

e de responsabilidade

civil

Operacionais

Políticos e de

negócio

Patrocinadores e

Financiadores

Governo,

patrocinadores e

seguradoras

Operadora

Governo, Agências

reguladoras e

Seguradoras

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FIG. 5.5 Estrutura do financiamento no modelo Project

Finance proposto

Conforme a figura acima, o financiamento conta com a dívida

sênior hipotecando o empreendimento e dívida Junior devido ao

risco do mesmo.

O capital será proveniente de varias fontes, que de acordo

com NEVITT & FABOZZI (1995), podem ser representada s por

companhias de arrendamento ( leasing ), investidores

individuais, fornecedores de matérias-primas, empre iteiros, o

próprio governo hospedeiro do projeto dentre outros .

Para CHAGAS (2002), os maiores provedores de capita l são os

patrocinadores que também tem participação exigida pelos

credores nos financiamentos com capital próprio, de forma que

estes se comprometam com o sucesso do projeto.

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5.4.4 DEFINIÇÃO DAS GARANTIAS

Para tornar o empreendimento mais seguro o modelo p roposto

classifica-se como limited recourse , onde os patrocinadores

deverão listar os possíveis bens de penhora e hipot eca caso o

projeto não venha a ser concluído.

Outra grande garantia dar-se-á com a presença de um agente

fiduciário para que este venha administrar o fluxo de caixa do

projeto por intermédio de uma conta bloqueada ( escrow-account )

que disponibilizará o capital de maneira hierárquic a.

5.5 MÓDULO 3 – ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA 17

A análise econômica de um projeto, segundo GIAMBINI & ALÉM

(2000), possui dois objetivos básicos denominados e ficiência e

eqüidade.

A eficiência está relacionada a fatores econômicos e tem por

finalidade alocar e aplicar os recursos da maneira mais

produtiva para que a sociedade venha ter uma boa qu alidade de

vida.

Nos transportes, pode ser exemplificada com a reduç ão das

“deseconomias em congestionamentos” (acidentes de t rânsito,

poluição, tempo de viagem dentre outros).

A eqüidade é definida, segundo seu conceito, pela m aneira

mais apropriada de alocação dos custos e benefícios , onde cada

indivíduo deve contribuir com uma parcela para que os custos

por parte do poder público sejam cobertos. Esta par cela

compreende duas abordagens principais na teoria do setor

público definidas como “princípio do benefício” e “ princípio

da capacidade de pagamento” (eqüidade horizontal e vertical).

17 Este item está fortemente baseado no Estudo de Via bilidade Técnica e Econômica (enquadramento no BNDES) da expansão da L inha 1 do Metrô-RJ (Estação Siqueira Campos a Estação General Osório) (METRÔ-RJ, 2000).

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No “princípio do benefício”, os benefícios são prop orcionais

a quantia paga pelos serviços. Este princípio mesmo em

condições ideais só pode ser associado à função alo cativa, no

que tange o financiamento dos serviços públicos.

Já o “princípio da capacidade de pagamento” sugere que a

comunidade como um todo deve pagar pelos benefícios , atuando

na alocação e distribuição dos custos. Esta distrib uição pode

ser feita com tratamento igual entre os usuários e não

usuários (eqüidade vertical), isto é todos pagam pe lo serviço,

e de maneira diferenciada atribuindo os custos some nte aos

usuários (eqüidade horizontal).

5.5.1 QUANTIFICAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS

De acordo com LITMAN (1999) in METRÔ-RJ (2000), os

benefícios econômicos gerados pelos transportes púb licos à

sociedade ultrapassam os custos empregados ao siste ma.

Para ANTP (1999), os benefícios do transporte públi co são

resultantes da mobilidade (aumento da oferta de tra nsporte) e

eficácia (uso de transporte público ao invés dos me nos

eficientes), portanto, a viabilidade econômica de u m projeto

baseia-se na análise benefício/custo, permitindo as sim,

verificar uma aplicação mais eficiente de recursos de capital

nas decisões de alocação e distribuição de recursos ,

identificada por um indicador sintético quantitativ o (taxa de

retorno).

Portanto, se faz necessário mensurar os benefícios

econômicos por mais complexo que seja.

A seguir, descreve-se detalhadamente os passos para chegar

aos parâmetros necessários para se fazer uma anális e

econômica.

Antes do detalhamento deste item é importante ressa ltar que

existem algumas metodologias que quantificam os ben efícios

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econômicos dentre as quais podem ser citadas o enqu adramento

por critério internacional ao PTI ( Poverty Targeted

Investiment 18), feito para Linha 3 do Metrô-RJ por MAC DOWELL

(2003) e a documentação de enquadramento do BNDES.

Para este modelo aplica-se o modelo referente a exp ansão da

Linha 1 do Metrô-RJ (Siqueira Campos-General Osório ) eu

quantificou os benefícios econômicos no estudo de v iabilidade

técnico-econômica para documentação de enquadrament o do BNDES.

Será feita uma comparação entre os custos operacion ais dos

usuários no sistema rodoviário que serão desviados para o

metroviário, considerando as características da lin ha em

questão.

Como premissas básicas será tratada a demanda desvi ada de

automóveis = Da, e demanda desviada de ônibus = Do .

5.5.1.1 BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DIRETOS

O Metrô-RJ(2000) classifica como benefícios econômi cos

diretos, a redução dos custos operacionais, dos cus tos de

conservação de vias, de manutenção de vias e a redu ção dos

custos de tempo de viagem.

A seguir será detalhado o modelo de mensuração apli cado pelo

IPEA 19/ANTP (1997) in METRÔ-RJ (2000).

• Redução do custo operacional de ônibus ( Rcopônibus )

Este custo, segundo METRÔ-RJ (2000), representa em termos

monetários o custo operacional anual de ônibus, pod endo ser

representado segundo a seguinte equação:

18 Investimentos voltados para a pobreza . 19 Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada.

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103

( )

××××

××= mdVeFCpDoCoR ônibus

ônibusônibuscopônibus (EQ 5.1)

Onde,

Coônibus - custo operacional médio de um ônibus (R$/km)

Do - demanda desviada dos ônibus (passageiros)

Cpônibus - capacidade adotada para veículos tipo urbano

(passageiros)

F - fator de rotatividade para a linha (adimensional )

eônibus - quilometragem média do itinerário das linhas de

ônibus que atendem aos usuários da linha (em quilôm etro)

V - número de voltas percorridas em um ciclo (adimen sional)

d - dias de funcionamento mensal do metrô (adimensio nal)

m - meses de funcionamento do metrô em um ano (adime nsional)

• Redução do custo operacional de automóveis ( eiscopautomóvR )

( )

×××

×= mdeCpDaCoR automóveis

automóveisautomóveiseiscopautomóv (EQ 5.2)

Onde,

Coautomóvel - custo operacional médio de um automóvel (R$/km)

Da - demanda desviada dos automóveis (passageiros)

Cpautomóvel - capacidade média por veículo (passageiros)

eautomóvel - percurso médio (média dos deslocamentos radiais na

área de influência do metrô) (em quilômetro)

d - dias de funcionamento mensal do metrô (adimensio nal)

m - meses de funcionamento do metrô em um ano (adime nsional)

A seguir calcula-se os benefícios referentes ao imp acto no

sistema viário e na ocupação do espaço urbano.

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Um maior fluxo de veículos leva a necessidade de au mento na

demanda por espaço viário, tanto para circulação qu anto para o

estacionamento. Além da implantação desta infra-est rutura

adicional, que fica ociosa uma grande parte do dia, há

necessidade de sua manutenção física, de seu contro le e

operação. Como base, no estudo do IPEA/ANTP (1997) in METRÔ-RJ

(2000) são adotados os seguintes indicadores para a valiação.

• Redução dos custos de conservação de vias

Para este cálculo, segundo o IPEA/ANTP (1997) in ME TRÔ-RJ

(2000), deve-se escolher uma via expressa, que não tenha custo

diluído sendo então confiável para que possa ser us ado nas

análises que deverão ser representadas nas seguinte s equações:

nF

F diaveículosfdia

/= (EQ 5.3)

Onde,

Ffdia - Fluxo por faixa por dia (em Unidade Carro de

Passageiro – UCP)

Fveículo/dia - Fluxo de veículo por dia da via expressa adotada

(UCP)

n - número de faixas da via expressa adotada (adimen sional)

( )eFCC

fdia

mUCPfkm ×= (EQ 5.4)

Onde,

CUCPfkm - custo por UCP equivalente por faixa e por quilôm etro

por dia

mC - custo mensal de manutenção por faixa por dia

Ffdia - Fluxo por faixa por dia (em Unidade Carro de

Passageiro – UCP)

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e – extensão da via expressa adotada (em quilômetro)

mdVeFCpDoCR ônibus

ônibusUCPfkmmônibus ××××

××= (EQ 5.5)

Onde,

mônibusR - Redução do custo de manutenção de via referente a

ônibus (R$)

UCPfkmC - custo por UCP equivalente por faixa e por quilôm etro

por dia (R$)

Do - demanda desviada dos ônibus (passageiros)

Cpônibus - capacidade adotada para veículos tipo urbano

(passageiros)

F - fator de rotatividade para a linha (adimensional )

eônibus - quilometragem média do itinerário das linhas de

ônibus que atendem aos usuários da linha (em quilôm etro)

V - número de voltas percorridas em um ciclo (adimen sional)

d - dias de funcionamento mensal do metrô (adimensio nal)

m - meses de funcionamento do metrô em um ano (adime nsional)

mdeCpDaCR automóveis

automóveisUCPfkmiscoautomóve ×××

×= (EQ 5.6)

Onde,

smautomóveiR - Redução do custo de manutenção de via referente a

automóveis (R$)

UCPfkmC - custo por UCP equivalente por faixa e por quilôm etro

por dia (R$)

Da - demanda desviada dos ônibus (passageiros)

Cpautomóveis - capacidade adotada para veículos tipo urbano

(passageiros)

eautomóveis - quilometragem média do itinerário das linhas de

ônibus que atendem aos usuários da linha (em quilôm etro)

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d - dias de funcionamento mensal do metrô (adimensio nal)

m - meses de funcionamento do metrô em um ano (adime nsional)

A redução total dos custos com manutenção se dá pel a soma da

redução dos custos de manutenção com ônibus e autom óveis.

• Redução dos custos de controle de operação

( )dnCoCfaixa ×= (EQ 5.7)

Onde,

Cfaixa – custo por faixa de rolamento por dia (R$/faixa/di a)

Co – custo de operação da via adotada por mês (R$)

d – dias do mês de funcionamento da via adotada (di a)

n – número de faixas da via expressa adotada (faixa )

( )( )eF

VpCCfdia

ônibusfaixaKmônibus ×

××=/ (EQ 5.8)

Onde,

Cônibus/km - custo por quilômetro para ônibus

Cfaixa – custo de manutenção de uma faixa da via adotada por

mês (R$/km ônibus)

pônibus – fator de pessoal para controlar o tráfego de ôni bus

Ffdia – fluxo de faixa por dia (UCP)

e – extensão da via expressa adotada (em quilômetro )

v – número de voltas percorridas em um ciclo

××= eF

pCCfdia

automoveisfaixaKmautomóveis / (EQ 5.9)

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Onde,

Cauto/km - custo por quilômetro para automóveis (R$/mês)

Cfaixa – custo de manutenção de uma faixa da via adotada por

mês (R$/km)

pauto – fator de pessoal para controlar o tráfego

Ffdia – fluxo de faixa por dia (UCP)

e – extensão da via expressa adotada (em quilômetro )

mdVeFCpDoCRC ônibus

ônibusônibusfkmcopônibus ××××

××= (EQ 5.10)

Onde,

RCco – redução do custo anual para controle de operação de

ônibus

Cônibus/km - custo por quilômetro para ônibus

eônibus - quilometragem média do itinerário das linhas de

ônibus que atendem aos usuários da L4 (em quilômet ro)

v – número de voltas percorridas em um ciclo

d – dias de funcionamento mensal do metrô (dias)

m – meses de funcionamento no ano

Cpônibus – capacidade adotada para veículos tipo urbano

(passageiros)

F – fator de rotatividade para a L4 (adimensional)

mdeCpDaCRC automóveis

automóveisfkmautomóveisscautomóvei ×××

×= (EQ 5.11)

Onde,

RCca – redução do custo anual de operação para automóvei s

(R$)

Coautomóvel – custo operacional médio de um automóvel (R$/km)

eautomóvel – percurso médio (média dos deslocamentos radiais na

área de influência do metrô) (em quilômetro)

d – dias de funcionamento mensal do metrô (dias)

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m – meses de funcionamento no ano

Cpautomóvel – capacidade média por veículo (passageiros)

• Redução dos custos de tempo de viagem

O tempo de viagem do sistema rodoviário depende da

capacidade das vias e das distribuições dos volumes horários

durante o dia, já o sistema metroviário depende do desempenho

no traçado e da localização das estações MAC DOWELL (2003).

Conforme METRÔ-RJ (2000), este item baseia-se na me todologia

do Manual de Avaliação de Transportes Urbanos (1986 ), da

Empresa Brasileira de Transporte Urbano (EBTU) que foi

utilizada no projeto BIRD IV. Apesar de recomendada esta

metodologia necessita da renda média da população,

independente daquelas específicas dos usuários de ô nibus e

autos, deve-se então aproveitar valores de renda pa ra cada

tipo de usuário, conforme os valores apresentados n os dados

sócio econômicos referentes a demanda da área de in fluência.

A partir de então estima-se a renda média em salári os

mínimos multiplicado pelo valor do salário mínimo a crescidos

de encargos sociais que o mesmo estudo considera 95 , 2% e

assim dividir pelo número da média de horas trabalh adas por

mês.

Portanto, o valor da hora por usuário se dá para ca da

situação pelas seguintes equações:

××= h

SMESRMV ônibushônibus (EQ 5.12)

Onde,

Vhônibus – valor da hora por usuário (R$)

Mônibus – renda média em salários mínimos dos usuários de

ônibus que atendem o itinerário da linha (R$)

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ES – encargos sociais (%)

SM – salário mínimo (R$)

H – horas trabalhadas por mês (horas)

××= h

SMESRMV automóveisshautomóvei (EQ 5.13)

Onde,

Vhautomóveis – valor da hora por usuário (R$)

M – renda média em salários mínimos dos usuários de ônibus

que atendem o itinerário da linha (R$)

ES – encargos sociais (%)

SM – salário mínimo (R$)

H – horas trabalhadas por mês (horas)

Posteriormente, obtidos os valores da hora por usuá rio de

ônibus e automóveis, deve-se colocar por forma de t abela as

estimativas de distribuição de viagens por tipo de

deslocamento, a porcentagem das viagens a trabalho, casa-

trabalho.

Considerando que o período de operação do metrô é g eralmente

de 19 horas, os estudos de viabilidade econômica de vem se

limitar às 16 horas de maior utilização contínua se r adotado

90% da demanda diária.

Conforme o BIRD e BID apenas 75% das viagens casa-t rabalho

deverão ser consideradas no cálculo, face ao alto p eso do

custo do tempo em estudos urbanos.

Neste mesmo sentido, recomenda-se considerar apenas 30% dos

salários médios, para cálculo dos benefícios dos te mpos

reduzidos.

Com isto, o valor hora a ser usado, para cada situa ção é

função das seguintes equações:

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( ) 3,09,075,0 21 ××+××= DDVC hônibushônibus (EQ 5.14)

Onde,

Chônius – valor hora a ser usado para ônibus (R$/hora)

Vhônibus – valor da hora por usuário (R$)

D1 – deslocamento casa-trabalho (%)

D2 – deslocamento à trabalho (%)

( ) 3,09,075,0 21 ××+××= DDVC shautomóveishautomóvei (EQ 5.15)

Onde,

Chautomóveis – valor hora a ser usado para automóveis (R$/hora)

Vhautomóveis – valor da hora por usuário (R$)

D1 – deslocamento casa-trabalho (%)

D2 – deslocamento à trabalho (%)

Após mensurar o valor da hora para ônibus e automóv eis

considera-se a velocidade média de ônibus e automóv eis nas

horas de pico iguais, conforme estudo IPEA/ANTP (19 97)in

METRÔ-RJ (2000), considerando-se então a velocidade média

comercial dos ônibus de 18 km/h, um deslocamento mé dio de 9 km

e uma velocidade comercial média do metrô de 35 km/ h, tem-se

que a seguinte redução do tempo de viagem para os u suários

vindos dos ônibus:

=∆

cmetrô

ônibus

cônibus

ônibusônibus Vm

DmVm

Dmt (EQ 5.16)

Onde,

∆t ônibus – redução do tempo de viagem do ônibus para o metr ô

(horas)

DM ônibus – deslocamento médio dos usuários de ônibus (9 km)

VMc ônibus – velocidade média comercial dos ônibus (18 km/h)

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111

VMcmetrô – velocidade média comercial co metrô (35 km/h)

No caso dos automóveis, admite-se uma velocidade mé dia

comercial de 23 km/h para um deslocamento de 10 km.

=∆

cmetrô

automóveis

scautomóvei

automóveisautomóveis Vm

DmVm

Dmt (EQ 5.17)

Onde,

∆t automóveis – redução do tempo de viagem do automóvel para o

metrô (horas)

DMautomóveis – deslocamento médio dos usuários de automóveis

(10 km)

VMcautomóveis – velocidade média comercial dos automóveis (23

km/h)

VMcmetrô – velocidade média comercial do metrô (35 km/h)

Mediante a redução de tempo da transferência do ôni bus e do

automóvel para o metrô calcula-se então, a redução global de

tempo por ano para ônibus e automóvel são fornecida s pelas

respectivas equações:

ônibusônibus tmdDoRt ∆×××= (EQ 5.18)

Onde,

Rt ônibus – redução global de tempo por ano

DO – demanda desviada do ônibus para o metrô

d – dias de funcionamento mensal do metrô (dias)

m – meses de funcionamento no ano

∆t ônibus – redução do tempo de viagem do ônibus para o metr ô

(horas)

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112

automóveisautomóveis tmdDaRt ∆×××= (EQ 5.19)

Onde,

Rt automóveis – redução global de tempo por ano

DA – demanda desviada do ônibus para o metrô

d – dias de funcionamento mensal do metrô (dias)

m – meses de funcionamento no ano

∆t automóveis – redução do tempo de viagem de automóveis para o

metrô (horas)

Mediante as reduções globais de tempo por ano deve- se então

mensurar os benefício econômico da redução dos temp os de

viagem pelas seguintes equações:

hônibusônibusônibus CRtBet ×= (EQ 5.20)

Onde,

BEt ônibus – benefício econômico da redução dos tempos de

viagem por ônibus (R$)

Rt ônibus – redução global de tempo por ano (horas)

Chônibus – valor hora para ônibus (R$/hora)

shautomóveiautomóveisautomóveis CRtBet ×= (EQ 5.21)

Onde,

Bet automóveis – benefício econômico da redução dos tempos de

viagem por ônibus (R$)

Rt automóveis – redução global de tempo por ano

Ch automóveis – valor hora para ônibus (R$/hora)

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5.5.1.2 BENEFÍCIOS ECONÔMICOS INDIRETOS

• Redução dos custos com acidentes

Segundo o estudo de LITMAN (1999) in METRÔ (2000), deve-se

levar em consideração os custos não monetarizáveis como a dor

causada pelos acidentes, a redução da qualidade de vida, etc.

Os custos dos acidentes causados pelos veículos aut omotores

é o que segue:

mdVeFCpDoCMaRca ônibus

ônibusônibusônibus ××××

××= (EQ 5.22)

Onde,

Rcaônibus – Redução do custo com acidentes de ônibus (R$/km)

CMaônibus – custo médio com acidente de ônibus (R$/km)

eônibus - quilometragem média do itinerário das linhas de

ônibus que atendem aos usuários da linha (em quilôm etro)

v – número de voltas percorridas em um ciclo

d – dias de funcionamento mensal do metrô (dias)

m – meses de funcionamento do metrô em um ano

Cpônibus – capacidade adotada para veículos tipo urbano

(passageiros)

F – fator de rotatividade para a linha (adimensional )

mdeCpDaCMaRca automóveis

automóveisautomóveisautomóveis ×××

×= (EQ 5.23)

Onde,

Rcaautomóvel – custo operacional médio de um automóvel (R$/km)

CMaautomóvel – custo médio com acidente de automóvel (R$/km)

eautomóvel – percurso médio (média dos deslocamentos radiais na

área de influência do metrô) (em quilômetro)

d – dias de funcionamento mensal do metrô (dias)

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114

m – meses de funcionamento do metrô em um ano

Cpautomóvel – capacidade média por veículo (passageiros)

• Redução dos custos com poluição ambiental

De acordo com IPEA/ANTP (1997) in METRÔ-RJ (2000), a

monetarização da poluição ambiental é bastante comp lexa, pois

além de demandar estudos relativos aos reflexos da poluição

sobre o ser humano, também apresenta uma variedade de efeitos

de diversas fontes de poluição.

No mesmo estudo concluiu-se que os coeficientes de emissão

dos poluentes por veículos automotores variam muito em função

das condições de combustíveis e dos veículos, conce ntrando-se,

neste sentido, na emissão dos quatro poluentes noci vos à

saúde.

No caso de automóveis, definiu-se três equações par a

velocidade (V) menor ou igual a 80 km/h.

Emissão de Hidrocarbonetos

( )VkmgHC 48,6228,0)/( += (EQ 5.24)

Emissão de Monóxido de Carbono

( ) 231034,172751,4)/( VVkmgCO −×++−= (EQ 5.25)

Emissão de Óxido de Nitrogênio

2510477,703,1)/( VkmgNOx −×+= (EQ 5.26)

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No caso de ônibus à diesel foram considerados todos os

poluentes citados anteriormente com o acréscimo de

particulados.

Para este estudo admite-se velocidades (V) de até 4 5 km/h.

A seguir, apresentam-se as equações para o calculo da

redução da emissão de hidrocarbonetos, monóxido de carbono,

óxido de nitrogênio e particulados.

Emissão de Hidrocarbonetos

vkmgHC ln67,314,14)/( −= (EQ 5.27)

Emissão de Monóxido de Carbono

vkmgCO ln98,834,43)/( −= (EQ 5.28)

Emissão de Óxido de Nitrogênio

vkmgNOx ln46,621,37)/( −= (EQ 5.29)

Emissão de Particulados

vkmgosParticulad ln32,074,1)/( −= (EQ 5.30)

Após calcular a quantidade emitida de poluentes cal cula-se

então, a redução de rodagem correspondente a demand a que

deixará de circula em ônibus e automóveis desviada para o

metrô multiplicando-se pelo custo/km da emissão de poluentes,

tem-se o seguinte benefício:

mdVeFCpDoCR ônibus

ônibuspônibuscopônibus ××××

××= (EQ 5.31)

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Onde,

Rcpônibus – Redução do custo com poluição de ônibus (R$/km)

Cpônibus – custo com poluição por km proveniente de ônibus

(R$/km)

eônibus - quilometragem média do itinerário das linhas de

ônibus que atendem aos usuários da linha (em quilôm etro)

v – número de voltas percorridas em um ciclo (adime nsional)

d – dias de funcionamento mensal do metrô (dias)

m – meses de funcionamento do metrô em um ano

Cpônibus – capacidade adotada para veículos tipo urbano

(passageiros)

F – fator de rotatividade para a linha (adimensional )

mdeCpDaCR automóveis

automóveisspautomóveiiscpautomóve ×××

×= (EQ 5.30)

Onde,

Rcpautomóvel – Redução do custo com poluição de um automóvel

(R$/km)

Cpautomóvel – custo médio com poluição de automóvel por

quilômetro (R$/km)

eautomóvel – percurso médio (média dos deslocamentos radiais na

área de influência do metrô) (em quilômetro)

d – dias de funcionamento mensal do metrô (dias)

m – meses de funcionamento do metrô em um ano

Cpautomóvel – capacidade média por veículo (passageiros)

5.5.1.3 BENEFÍCIOS ECONÔMICOS GLOBAIS MONETÁRIOS

Os benefícios globais monetários serão representado s pelo

somatório de todos os benefícios diretos e indireto s obtidos

no item anterior.

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Deve-se corrigir os benefícios econômicos globais m onetários

a uma taxa de juros equivalentes os benefícios para cada ano

da concessão pela seguinte equação:

I k =(1 + r) n/k – 1 (EQ. 5.31)

onde,

I k = taxa de juros para o período k (%)

K = período referente à taxa aplicada (mês)

r = taxa de juros efetiva anual (%)

n = período acumulado referente à taxa de juros (mê s)

5.5.2 EXTERNALIDADES

Conforme GIAMBINI & ALÉM (2000), são comuns os caso s em que

a ação de um indivíduo ou de uma empresa afetam dir eta ou

indiretamente outros agentes do sistema econômico.

As situações das quais essas ações implicam benefíc ios a

outros indivíduos ou firmas da economia são caracte rizados

como externalidades positivas. Podem ser exemplific adas também

investimentos no setor de infra-estrutura que, gara ntindo o

aumento da oferta de insumos importantes como os tr ansportes,

traz benefícios para outros setores da economia.

As externalidades negativas acontecem quando a ação de um

determinado agente da economia prejudica os demais indivíduos

ou empresas.

5.5.3 QUANTIFICAÇÃO DOS CUSTOS

Considera-se para este item os custos de investimen tos e os

custos operacionais que encontram-se descritos a se guir:

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5.5.3.1 INVESTIMENTOS

BUARQUE (1984) relata que nesta etapa determinam-se as

necessidades de recursos financeiros para que o pro jeto venha

se materializar, garantindo o funcionamento do empr eendimento.

Já SOUZA & CLEMENTE (2001) descrevem que para uma e mpresa o

investimento é o desembolso feito para que possa ge rar

futuramente um fluxo de benefícios. Os autores aind a relatam

que a lógica subjacente é que para se ter benefício s futuros

existe a necessidade de sacrifícios presentes.

Conforme BRITO (2003), em um investimento são aplic ados os

recursos de inversões fixas (terrenos, equipamentos , móveis,

instalações, etc) e capital de trabalho (necessidad es

permanentes de crédito).

Portanto, nesta etapa apresentam-se as estimativas de

investimentos da linha selecionada, elaboradas leva ndo-se em

conta as exposições definidas ao longo do trabalho e os custos

da linha.

Para tal elabora-se um cronograma contendo os inves timentos

necessários para despesas anteriores e pré-operacio nais, obras

civis, sistemas, vias permanentes, material rodante ,

gerenciamento e outras despesas, estabelecendo a pa rcela de

investimento para o poder público e a concessionári a.

5.5.3.2 CUSTOS OPERACIONAIS

BRITO (2003) relata que os custos são provenientes da

realização de investimentos, como foi visto no iníc io do

estudo de viabilidade financeira, e custos para ope ração do

empreendimento.

O cálculo dos custos operacionais, para BUARQUE (19 84), é

uma etapa de extrema importância e que deve ser fei ta

detalhadamente. Estes custos dependem de etapas do estudo de

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viabilidade financeira assim como influenciará em o utras

etapas, ou seja, o cálculo destes custos dependem d a estrutura

de financiamento dos investimentos e esta por conse guinte

depende do capital de trabalho que depende dos cust os totais.

BRITO (2003) E BUARQUE (1984) relatam que os custos

operacionais se dividem em custos variáveis (mão de obra

direta, respectivos encargos, energia, água, matéri a-prima,

propaganda, impostos, etc.) e custos fixos (manuten ção,

depreciação, mão-de-obra indireta, encargos sociais , custos

financeiros em longo prazo, etc.).

Para efeito de cálculo nesta etapa os custos deverã o ser

divididos em custos de mão-de-obra, de energia, de manutenção,

custos diretos de operação, água e esgoto, de aquis ição de

bilhete, de estocagem de bilhetes e transporte de v alores e

depreciação.

5.5.3.3 CUSTOS GLOBAIS MONETÁRIOS

Neste item devem estar todos os custos relativos ao

empreendimento adotando-se uma taxa de juros equiva lente,

conforme o cálculo dos benefícios econômicos globai s

monetários.

5.5.4 ANÁLISE ECONÔMICA

Após quantificar e atualizar os benefícios e custos para

cada ano do período de concessão, calcula-se o índi ce

Benefícios/Custos real e no cenário otimista com 20 % a mais

para os benefícios e 20% a menos para os custos e n o cenário

pessimista com 20% a menos dos benefícios e 20% a m ais dos

custos. Se estes índices forem maiores que um, isto é, se os

benefícios relativos a implantação do sistema forem maiores

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120

que os custos, classifica-se o empreendimento como

economicamente viável (METRÔ-RJ, 2000).

5.6 MÓDULO 4 –ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA

Para BUARQUE (1984), o estudo de viabilidade financ eira é a

avaliação do ponto de vista exclusivo da iniciativa privada.

Segundo BRITO (2003), este estudo é uma análise fei ta pelo

grupo empreendedor com a finalidade de verificar se o

empreendimento é rentável.

A análise é feita conforme os interesse da iniciati va

privada, o que não impede que o poder público també m possa

promovê-la com objetivo de hierarquizar projetos de acordo com

sua eficiência.

De acordo com SOUZA & CLEMENTE (2001), a primeira i déia que

surge é se o empreendimento trará o retorno esperad o, pois

dependendo dos ganhos futuros pode ser investido um

determinado montante e se tornar mais atraente para qualquer

investidor.

Neste item devem ser considerados tanto os custos d e

investimento como os custos operacionais descritos

anteriormente e as fontes de recursos e receitas in seridas

neste item e conter a análise financeira da linha p roposta,

opção escolhida para o estudo de viabilidade.

5.6.1 FONTES DE RECURSOS

Inicialmente, faz-se uma explanação dos recursos

tradicionais e posteriormente de outros recursos pr ovenientes

de fontes não tradicionais de financiamento que sej am

aplicáveis nos sistemas metroviários brasileiros.

Essas fontes não tradicionais serão descritas a seg uir e

poderão ser aplicadas para viabilizar a implantação e/ou

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121

expansão do sistema metroviário brasileiro dependen do da

disponibilidade.

Cabe salientar que a disponibilidade de recursos fi nanceiros

para um projeto metroviário dependerá da capacidade do Poder

Público de convencer tanto os empreendedores intere ssados

quanto os provedores de recursos que o projeto será

financeiramente viável como será mostrado na anális e

financeira do projeto.

5.6.1.1 FONTES ORÇAMENTÁRIAS

Segundo SCHARINGER (1997), as fontes orçamentárias são

constituídas principalmente por taxas e impostos, s eja

municipal, estadual ou federal.

Quando estes recursos são devidamente gerenciados e

aplicados constituem a principal fonte de recursos para infra-

estrutura e serviços de transporte.

Servem principalmente para a definição de investime ntos nos

sistemas de transporte público como também na gestã o do

transporte urbano.

A seguir serão descritos alguns exemplos de fontes

orçamentárias que poderão ser aplicadas como recurs os

adicionais no sistema metroviário brasileiro.

• Desconto de débitos fiscais vencidos ou futuros

Permite a empresas participantes da SPE ou forneced ores do

projeto a cobertura de valores nele aplicados por m eio de

débitos fiscais, descontados a taxas acordadas como poder

público. A total transparência do processo é fundam ental para

minimizar riscos políticos e sociais.

A taxa de desconto deve ser calculada pela metodolo gia

definida e de ampla divulgação.

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Participa no aporte de recursos para a SPE e no for necimento

de equipamentos e serviços.

Conforme a GISTRAN (2003), essa modalidade de funding tem

sido aplicada em projetos de desenvolvimento, geral mente no

nível de tributação estadual e municipal (ICMS/ISS/ IPTU).

• Taxação sobre valorização imobiliária (contribui ção de

melhoria)

De acordo com SCHARINGER (1997), consiste na criaçã o, em

bairros de maior renda, de uma contribuição para im plantar ou

melhorar os serviços de trens ou metrô.

Para tanto, a proposta seria apresentada para a pop ulação,

identificando intenções, desenvolvimento, para a pa rticipação

de todos, acatando sugestões e respondendo a crític as.

Particularmente, a questão dos custos e a forma com o seriam

bancados assume especial relevância.

Essa contribuição teria o prazo definido e abrangên cia

geográfica bem delimitada.

A contribuição de melhoria está prevista no ESTATUT O DA

CIDADE (2003), porém o mesmo não determina condiçõe s para sua

operacionalização, remetendo a legislação que lhes é própria

(decreto-lei 195/67), cuja aplicação não tem sido e fetiva.

A participação se dá pela presença do poder público na SPE.

Para BITTENCOURT & HALLIDAY (1989), a propalada con tribuição

de melhorias seria uma das formas mais importantes para o

financiamento do sistema metroviário, pois por inte rmédio de

pessoas e entidades beneficiadas direta ou indireta mente por

esses investimentos devem participar dos seus finan ciamentos.

A valorização de terrenos e imóveis, as benfeitoria s

advindas da urbanização de vias, entre outras, deve m ser

pagas, também, pelos favorecidos pela melhoria.

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• Participação em acréscimo de valoração do IPTU 20

Cabe ao município a cobrança de imposto sobre a pro priedade

urbana, cujos valores são acrescidos em função da i mplantação

de uma estação de metrô em área próxima.

O IPTU tem seu crescimento garantido pela maior val orização

proporcionadas aos imóveis dessa área, desde que co brado pelo

valor de venda atual de cada imóvel.

Segundo ANTP (1999), esse acréscimo de valor tem ra zão

direta na proximidade desse local em relação a todo s os pontos

de cidade servidos pelo metrô. Com a inauguração da estação,

haverá uma redução sensível do tempo percebido, ent re aquele

bairro e a are central ou a outros bairros da cidad e.

Por outro lado, a inauguração de uma estação de met rô

acompanhado de melhoria em toda a área adjacente, c om isto

valorizando ainda mais os imóveis em sua faixa de d omínio,

determinando o valor do IPTU cobrado sobre o valor venal

atual.

A proposição a ser feita pelos órgãos que arcam com os

custos de implantação de transporte sobre trilhos é que uma

parcela desse acréscimo retorne para novos investim entos

ferroviários.

Sendo este um recurso municipal, dependerá de mecan ismo de

apropriação dos acréscimos e de transferência desse s valores

para o projeto.

Esse recurso servirá para cobertura do custeio oper acional

(contribuição anual).

A vinculação de parte do IPTU a investimentos e cus teio do

transporte metroviário é perfeitamente justa e fact ível

(BITTENCOURT & HALLIDAY, 1989).

20 Imposto Predial e Territorial Urbano.

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• Imposto sobre combustíveis

De acordo com ARAGÃO (1999), no exterior esse tipo de

imposto é o principal financiador do programa alemã o de

transportes.

Esse artifício é caracterizado pela possibilidade d e

transferência de recursos interna ao setor (do tran sporte

privado para o público).

Ocorre com a transferência de recursos do Tesouro p ara

programas governamentais da área de transporte, mas não no

financiamento da SPE.

Ë ecologicamente adequado (imposto verde), pois con tribui

para a redução de emissão de gases poluentes, sobre tudo na

transferência de usuários do modal rodoviário para o

transporte sobre trilhos.

Para esse artifício já existe legislação própria (C IDE –

Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), ainda não

foi obtida nenhuma informação da aplicação da CIDE no

transporte urbano sobre trilhos (DIAS, 2003).

• Taxação de empresa para compor Fundo de Transpor te

Segundo a GISTRAN (2003), esse recurso deve ser pro veniente

das empresas que possuem número de empregados super ior a um

limite fixado na Lei, como acontece na França. Cons titui-se

pela abrangência do campo de taxação, em receita al tamente

relevante.

Necessita de legislação específica, que contraria a atual

estratégia de taxação social pelo faturamento para evitar a

informalidade no emprego. Poderia ser considerada b i-

tributação, face à Lei do Vale Transporte.

Esse recurso pode servir como cobertura de parte do s custos

operacionais.

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5.6.1.2 PARCERIAS

Conforme ANTP (1999), parceria pode ser definida co mo a

divisão de responsabilidades e o intercâmbio de ben efícios

entre os setores público e privado, tendo em vista o

desenvolvimento da infra-estrutura das cidades, dev ido ao

complemento adicional aos cofres públicos provenien tes do

capital privado.

De acordo com FERRAZ & TORRES (2001), existem parce rias

espontâneas (acontece quando o setor privado procur a o poder

público para implantar um projeto ou serviço de seu interesse,

tendo como exemplo um calçamento de um trecho viári o, ou o

serviço de ônibus gratuito para atender acesso ao s hopping),

incentivadas (o poder local oferece algum tipo de b enefício

para que o capital privado participe) e compulsória s (o poder

público busca o capital privado para aprovação de g randes

empreendimentos implantados na cidade, sem nenhuma

indenização, como por exemplo, a construção de pass arelas

sobre vias públicas ou ferrovias).

A seguir serão descritas algumas parcerias aplicáve is ao

modelo.

• Créditos obtidos por intermédio de fornecedores

Segundo a CHAGAS (2002), os créditos fornecidos por agência

de crédito de exportação ( Export Credit Agency – ECA) permitem

a realização da venda com pouco, ou mesmo sem, comp rometimento

financeiro do fornecedor de equipamento.

Essa parceria é válida para o financiamento de equi pamentos.

Várias empresas como Siemens, Breda, Alston, Bombar dier dentre

outras são grandes fornecedoras que são suportadas por ECAs de

seus países de origem.

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• Operação de cross-border leasing

Conforme a GISTRAN (2003), esse tipo de operação pe rmite

ajustar o fluxo de caixa do projeto, podendo conced er

benefícios tributários ao tomador do leasing , além de permitir

ao fornecedor do leasing os benefícios da depreciação no seu

país de origem.

É caracterizado pelo fornecimento de equipamentos, e tem

sido muito praticado nos EUA, onde não existe taxaç ão sobre os

benefícios recebidos pelo fornecedor de leasing em seu país de

origem.

• Empresas participantes de acordo de compra de en ergia ( PPA-

Power Purchase Agreement )

A participação desse artifício pode ser pelo aporte de

capitais para a SPE em contrapartida de contratos f uturos de

compras de energia, principalmente no horário de pi co.

Essa modalidade de funding tem sido muito empregada no

exterior, principalmente em projetos de energia ( Subic Bay nas

Filipinas e Hub no Paquistão). No caso do metrô o processo

deve ocorrer de maneira inversa, isto é, a garantia da compra

de energia permitirá o financiamento pelo fornecedo r (GISTRAN,

2003).

• Investidores institucionais (Fundos)

Esses investidores visam o longo prazo, tendo perfi l

adequado dos projetos de transporte urbano sobre tr ilhos.

De acordo com GITMAN (1997), esses fundos foram

estabelecidos para que funcionários de várias empre sas ou

dependências do governo recebam uma renda após apos entadoria.

Freqüentemente, os empregadores contribuem a um Fun do de

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127

Pensão em conjunto com seus empregados. Às vezes, o s fundos

são transferidos diretamente aos tomadores de empré stimo, mas

a maior parte é financiada ou investida por intermé dio de

mercados financeiros.

Nessa contribuição, os financiadores sabem onde est ão sendo

emprestados ou investidos os fundos.

A partir da Reforma da Previdência devem aumentar s eus

aportes de recursos, passando a procurar novas form as de

investimento. O baixo retorno dos investimentos em transporte

urbano deve dificultar a captação em mercado financ eiro de

altas taxas e elevada demanda.

Esses recursos podem participar no aporte de capita is para a

SPE.

O termo fundo de pensão é originário dos sistemas

internacionais, basicamente o americano, é o nome t écnico que

se dá a Entidades Fechadas de Previdência Privada, tendo por

objetivo conceder pecúlio e benefícios, sendo que e sses

benefícios podem ser complementares ou similares ao s

benefícios oferecidos pela previdência social (GITM AN, 1997).

• Empresas construtoras

As empresas construtoras possuem capacitação técnic a e

administrativa para a execução do projeto, além de terem

conhecimento específico sobre o custeio dos serviço s, o que

pode minimizar riscos e maximizar o retorno nas rel ações

contratuais com o poder público.

Pode participar na formação da SPE, que é responsáv el pelo

projeto, como emprego do capital próprio ( equity ).

Segundo BONOMI E MALVESSI (2002), as concessões rod oviárias

no Brasil foram implementadas com SPE’s formadas po r

empreiteiras de obras rodoviárias.

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No exterior, as empresas construtoras ficam respons áveis

pela gestão da SPE, como por exemplo, o Tanayong Mass Transit

(Bangcoc) e o Sistema de Rouen (França) (SANTANA, 2000).

• Operadores privados de transporte

Conforme a GISTRAN (2003), essa participação não te m muita

tradição em grandes projetos de engenharia e seu in teresse na

participação das SPE’s está geralmente vinculado a estratégias

ofensivas e ou defensivas de seus próprios mercados .

A participação desses operadores pode ser por inter médio do

aporte de capitais próprios para a SPE, podendo tam bém assumir

a gestão do projeto na fase operacional, na qual de tém a

tecnologia.

As experiências brasileiras não foram ainda bem suc edidas,

como os Corredores de Transporte por ônibus em SP, mas em

Salvador, há participação da concessionária, em con junto com o

governo e o BID.

• Indústria, comércio e serviços

Segundo a ANTP (1999), o comércio e os serviços são

fortemente afetados pela disponibilidade dos transp ortes

públicos em suas proximidades. Não é sem motivo que a

localização de uma estação de metrô, cuja localizaç ão pode

determinar ou deslocar o centro dos bairros suburba nos ou de

pequenas cidades, formam principais corredores come rciais de

serviços da cidade.

Ainda que em menor escala, a indústria também tem i nteresse

nos transportes públicos, tendo em vista as facilid ades e os

custos do deslocamento de seus empregados. Por tudo isto as

empresas dos três ramos de atividades devem ser vis tas como

coadjuvantes importantes, sejam como financiadores do vale-

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transporte para seus funcionários, sejam como parce iros em

estações e terminais de embarque e desembarque de p assageiros,

sobre diferentes tipos de participação (co-concessi onários

operadores, em troca de isenções temporárias de imp ostos,

deferimento de aluguéis, etc.).

• Parcerias com empreendimentos lindeiros já impla ntados ou a

implantar

Em estabelecimentos comerciais de grande porte como os

shoppings, podem ser ampliados o mercado com inclus ão de

clientes que não possuem veículos, além de possibil itar

alternativa de acesso onde existe ou existirá restr ição de

estacionamento.

Os recursos provenientes podem participar como capi tais

próprios na SPE, e na participação em empreendiment os no

entorno das estações (empreendimentos a implantar).

Como exemplo pode ser citado o shopping Nova Améric a na

Linha 2 do Metrô-RJ, o Shopping Tatuapé, Santa Cruz no Metrô-

SP e no exterior é usual a interação comércio/metrô , por outro

lado, a falta de uma política clara indeferiu a est ação no

Shopping Rio Sul (Rio de Janeiro).

5.6.1.3 MERCADO DE CERS

Segundo a PWHC (2003), baseia-se na United Nations Framework

Convention on Climate Change (UNFCCC), estabeleceu-se um

mecanismo (MDL- Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, artigo 12

do Protocolo de Quioto) de troca de benefícios das ações de

redução de poluição ambiental entre países desenvol vidos e

países em desenvolvimento.

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Esse mecanismo é consubstanciado pela emissão de

certificados negociáveis ( Certified Emissions Reductions –

CER).

O mercado de CERs está em expansão, sendo que, segu ndo a

PWHC (2003), a compra de CERs pelos países desenvol vidos será

de US$ 32 bilhões em 2010, incluindo o Brasil.

Esses certificados podem participar na cobertura de custos

operacionais, pois o mecanismo só permite a emissão de CERs

após certificação (pelas entidades credenciadas) da redução de

emissões (no caso de transporte metroviário, a redu ção dos

volumes de tráfego automotivo), sendo necessário va lidar (por

certificadora) a situação existente antes da implan tação do

projeto.

Conforme MELLO (2003), algumas instituições finance iras

bilaterais como o Banco Mundial, Asian Development Bank , a IFC

podem reger as transações.

5.6.1.4 EMPREENDIMENTOS CONJUNTOS VINCULADOS AO PROJETO

Uma das opções de recursos adicionais não público q ue ajuda

a viabilizar o negócio é a que se refere ao resulta do dos

empreendimentos associados ao negócio principal, ou seja, o

transporte de pessoas.

No mundo o metrô que mais se utiliza desse mecanism o é o de

Hong Kong onde a construção e comercialização de gr andes

empreendimentos imobiliários, sejam escritórios, sh oppings ou

mesmo residenciais, entram na equação das despesas e receitas

do negócio e ajudam na sua viabilidade (SANTANA, 20 00).

• Operações Urbanas Consorciadas

Para a ANTP (1999) operações urbanas são os projeto s

públicos de infra-estrutura vinculados a empreendim entos

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imobiliários privados, que de maneira indireta rece bem

benefícios e por isso participam dos investimentos.

Envolvem grandes construtoras, incorporadoras imobi liárias,

como o caso das primeiras linhas de bonde do estado do Rio de

Janeiro financiadas pelo capital privado com objeti vo de levar

o transporte do centro da Cidade para a Zona Sul on de estavam

construindo seus empreendimentos valorizavam mais o s imóveis.

De acordo com o ESTATUTO DA CIDADE (2003), o instit uto da

operação urbana consorciada permite modificar o par celamento,

uso e ocupação do solo e subsolo, bem como as norma s

edilícias, o que poderá acrescer valor às glebas na área do

projeto, desde sejam incluídas na área da operação urbana.

Esse valor acrescido poderá ser aportado ao projeto por

intermédio da venda, pela prefeitura, de certificad os de

potencial adicional de construção na área da operaç ão.

É um recurso municipal que deve estar prevista a

transferência dos recursos para o projeto.

Se o governo adquirir terras na área, antes da oper ação,

essas poderão ser vendidas dentro do novo padrão de uso de

solo, gerando maiores recursos diretos para o proje to.

Esses recursos podem entrar na participação da SPE e no

pagamento de serviços efetuados na área de operação urbana.

• Inclusão de faixa de domínio e entorno das estaç ões

(desapropriações) na “Concessão Ampliada”

Essa fonte de recursos pode ser gerada para o proje to, pela

inclusão, na concessão, com ou sem reversão para o concedente

(a não reversão permite a venda de imóveis pelo

concessionário, mas dependerá de reformulação dos m ecanismos

da concessão).

O ESTATUTO DA CIDADE (2003) preconiza a alienação d e imóveis

desapropriados, antes questionada na esfera jurídic a. Pode

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atender a demanda do mercado terciário, podendo sup rir,

também, demandas do mercado habitacional, desde que haja

autorização de venda de propriedades.

Esses recursos podem servir como aporte para a SPE e na

cobertura de custos operacionais.

É muito utilizado nos EUA, onde é possível, inclusi ve, a

venda pelo concessionário de imóveis adquiridos com fundos

federais ( Policy on Transit Development , 1997).

Em Hong Kong a operadora de transporte (MRT) criou empresa

imobiliária MRT Properties para explorar seus inúmeros

empreendimentos entorno das estações (METROPLANET, 2003).

5.6.1.5 NEGOCIAÇÕES DE GLEBAS NÃO DIRETAMENTE VINC ULADAS AO

PROJETO

• Venda de glebas públicas ou sua utilização em ga rantias

Essas glebas estão sujeitas a risco de invasões ou ocupações

indevidas, podendo se transformar em participação f uturamente

negociável no projeto.

Pode participar como aporte de recursos para a SPE.

Segundo a SANTANA (2000), um grande exemplo da util ização

dessa fonte de recursos é a empresa ARPEGIO, criada para

operacionalizar o funding do Metrô de Madri que será descrito

a seguir.

Foi desenvolvida na Espanha, ao longo dos últimos a nos, um

método de financiamento de obras públicas que tem s ido

considerado o responsável pelo enorme sucesso dos s eus 37,5 km

de metrô subterrâneo, com 35 estações, construídos em 39 meses

em Madri. Os custos, surpreendentemente reduzidos ( menos de

US$ 40 milhões por km), devem ser comparados com os da Jubilee

Line , de Londres (US$ 209 milhões/km), Los Angeles (US$ 190

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milhões/km), Lisboa (US$ 115 milhões/km) e Atenas ( US$ 170

milhões/km).

A questão em Madri foi à extensão do desafio: reali zar,

entre 1995 e 1999, um programa de 37,5 km de obras de metrô na

área urbanizada de Madri, sendo que existia uma out ra linha

com 20 km de extensão, de superfície, que foi soluc ionada de

outra forma, e será comentada em outro parágrafo.

Inexistiam recursos para essa obra por fontes habit uais da

receita das taxas existentes para a atividade, foss e do

orçamento da Comunidade Autônoma de Madri. Lançaram mão então

de uma empresa já existente, a ARPEGIO, cujas quota s eram

todas subscritas pela Comunidade Autônoma. Essa emp resa atua

como agente para o governo, não sendo responsável p ela obra,

mas respondendo por toda a negociação financeira co m as

empreiteiras.

A ARPEGIO levanta empréstimos no mercado financeiro e paga

pelas obras realizadas, depois de aceitas pelo gove rno. No

orçamento anual do governo aparecem somas que são t ransferidas

para a ARPEGIO para mantê-la financeiramente.

O grande segredo da ARPEGIO, e a razão do seu suces so é um

enorme patrimônio em terras, da ordem de milhares d e hectares,

urbanizadas ou potencialmente urbanizáveis. Isto pr oporciona

garantias reais, que facilita enormemente a tomada de

empréstimos, sem exigir garantias extras do governo . O

resultado é a ARPEGIO obter taxas de juros de 0,2% a.a.,

impressionantes em todos os sentidos. Para empresta r para a

ARPEGIO foi formado um sindicato de crédito, com ce rca de 20

instituições financeiras.

Uma segunda vantagem da ARPEGIO foi a rapidez na ne gociação

dos contratos e no processo de pagamento, resultand o em obras

menos onerosas por estarem livres das amarras retar datárias da

burocracia governamental.

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O sucesso da ARPEGIO tem sido divulgado e estimulad o pelo

Banco Mundial, para que outros países, mesmo o Bras il, busquem

formulações similares.

Observação adicional: em outras Comunidades da Espa nha as

funções dessa companhia são acrescidas da responsab ilidade de

contratar e supervisionar a obra e os fornecedores, como é o

caso da GISA, comunidade da Catalunha.

• Negociação com glebas privadas adquiridas

A compra de glebas pelo Poder Público, inclusive a

utilização do direito de preempção (ESTATUTO DA CID ADE, 2003),

pode gerar, quando a sua venda, recursos a serem al ocados ao

projeto. As modificações de uso do solo resultantes das

operações urbanas podem acrescer valor aos imóveis, aumentando

o volume de recursos para o projeto.

Os recursos provenientes dessas negociações podem s er

alocados na SPE e na cobertura de encargos com depr eciação.

Podem ser citados os mesmos exemplos da inclusão de faixa de

domínio e entorno das estações.

5.6.1.6 RECEITAS

São os fluxos de recursos financeiros gerados pela operação

do empreendimento direta ou indiretamente durante c ada ano de

sua vida útil (BUARQUE 1984).

As receitas operacionais deverão ser calculadas a p artir das

estimativas de demanda, tendo como dados básicos os constantes

da matriz O/D do item de análise de demanda.

A principal receita operacional é resultante da tar ifa sendo

proporcional a demanda.

Nestes cálculos devem conter as receitas operaciona is e não

operacionais que, segundo BRITO (2003), são calcula das por ano

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de operação e representam os ganhos com aluguéis de áreas

pertencentes à estação para estabelecimentos comerc iais,

publicidade além das fontes descritas no item anter ior.

5.6.2 ANÁLISE FINANCEIRA

Conforme SOUZA & CLEMENTE (2001), os métodos de ava liação

das oportunidades de investimento são baseados na c omparação

da magnitude do investimento, ou seja, no montante a ser

investido e com os lucros esperados durante um cert o período

de tempo (horizonte).

Os projetos, por sua natureza, diferem muito em rel ação a

vida útil, os de ferrovias costumam ter vidas super iores a 50

anos, requerendo uma avaliação dos custos e receita s para tal

período.

Quanto mais distantes no tempo mais imprecisas são as

estimativas, porém quanto mais distantes menores se rão os

impactos sobre a avaliação que se faz hoje da oport unidade de

investimento.

Portanto neste item deverão ser calculados os indic adores

financeiros para que o projeto seja analisado.

5.6.2.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA)

Para CLEMENTE & SOUZA (2001), a TMA é a melhor taxa , com um

grau de risco baixo e disponibilidade para a aplica ção do

capital. Serve como alternativa se deverá investir no projeto

ou na TMA, o que determina que o capital não fique mais no

caixa e sim aplicado a uma taxa.

Entendida a TMA pode-se analisar se é mais vantagem investir

no projeto ou na TMA, se esta for maior que a TIR.

Existem alguns modelos para o cálculo desta taxa, c omo o WACC

( Weighted Average Cost of Capital ) ou CMPC (Custo Médio

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Ponderado de Capital), o CAPM ( Capital Asset Pricing Model ) e

o Modelo de Gordom.

5.6.2.2 FLUXO DE CAIXA

Para BRITO (2003), o fluxo de caixa é a melhor mane ira de

resumir a administração financeira administração de um

projeto.

De acordo com GITMAN (1997), o fluxo de caixa é for mado

pelos fluxos de investimento (associados à compra e venda de

ativos imobilizados e participação societária), flu xos de

financiamento (resultantes das operações de emprést imos e

capital próprio) e fluxos operacionais (entradas e saídas

diretamente relacionadas à produção e venda dos ser viços).

Portanto nesta etapa será necessário definir todos os fluxos

acima mencionados para o projeto a ser implementado .

5.6.2.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

Segundo GITMAN (1997), o valor presente líquido é u ma

técnica sofisticada de análises de orçamentos de ca pital,

obtida pela diferença entre o investimento inicial de um

presente e o valor presente das entradas de caixa, descontados

a uma taxa igual ao custo de capital da empresa.

Para SOUZA & CLEMENTE (2001), o VPL é a concentraçã o de

todos os valores de um fluxo de caixa descontados a data

presente usando-se como a taxa de desconto a TMA. O VPL

representa os valores monetários de hoje, a diferen ça entre os

recebimentos e pagamentos de todo o projeto.

Ainda, segundo os autores, se o VPL for positivo is to

significa que os investimentos iniciais foram recup erados e a

parcela que teria se esse capital tivesse sido apli cado à TMA.

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5.6.2.4 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

Para BRITO (2003), esta taxa é definida como uma ta xa média

a que o investimento retorna.

Pode ser definida também, conforme SOUZA & CLEMENTE (2001),

como a taxa que anula o VPL de um fluxo de caixa, i sto é

representa um limite para a variabilidade da TMA. O risco do

projeto aumenta na medida que a TMA se aproxima da TIR.

A TIR também pode ser vista como uma estimativa do limite

superior da rentabilidade do projeto.

5.6.5.5 PERÍODO DE RECUPERAÇÃO DE INVESTIMENTO ( PAYBACK)

O Payback é conhecido como o período exato de tempo

necessário para a empresa recuperar o investimento inicial do

projeto, a partir das entradas de caixa. Considera o fluxo de

caixa ao invés dos lucros contábeis (GITMAN, 1997).

Para SOUZA & CLEMENTE, pode ser representado como u ma medida

do risco do projeto, ou seja, projetos em que o payback se

aproxima do final de sua vida econômica, apresentam um grau

elevado de risco.

5.7 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Mediante os passos do modelo proposto descritos no decorrer

deste capítulo deve-se então, aplicá-lo em um siste ma

metroviário brasileiro com intuito de validá-lo.

Partindo deste princípio, o próximo capítulo descre ve

aplicação do Project Finance no sistema metroviário do Rio de

Janeiro.

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6 ESTUDO DE CASO: PROJECT FINANCE NA LINHA 4 DO METRÔ DO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Este capítulo tem por finalidade mostrar a aplicaçã o do

modelo Project Finance proposto no capítulo anterior,

selecionando, portanto, as possíveis fontes de recu rsos não

tradicionais que venham completar o montante necess ário para

viabilizar a implantação e/ou expansão do sistema m etroviário

brasileiro.

O trabalho será realizado de uma forma compatível c om uma

dissertação de mestrado.

O projeto escolhido para aplicação do modelo foi a Linha 4

do Metrô do Rio de Janeiro (Barra da Tijuca-Botafog o). A

partir deste ponto, designar-se-á a Linha 4 por L4.

Primeiramente apresenta-se uma visão geral do proje to, sua

importância, dificuldades com o financiamento tradi cional,

partindo-se então para aplicação do modelo proposto .

6.2 O PROJETO DA L4

O desenvolvimento do tecido urbano e suburbano do R io de

Janeiro, de um modo geral, teve como catalisador a facilidade

dos meios de transporte.

A conjugação de trens e bondes representou o mais i mportante

meio de interiorização populacional da cidade, rest rito, a

princípio do seu centro original.

No início do século passado, as linhas de bonde exi stentes

já alcançavam 290 km, chegando quatro anos após, 43 0 km que

somados a malha ferroviária, propiciaram o aparecim ento de

bairros e localidades antes inatingíveis (GONÇALVES , 1999).

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Entretanto, a Barra da Tijuca nunca chegou a recebe r estes

benefícios, que se limitavam a atingir a Taquara e a

Freguesia.

A administração de Francisco Pereira Passos (1903-1 906), foi

responsável pela melhoria no calçamento do primitiv o caminho

da Boa Vista (Alto da Boa vista), até a estrada da Barra da

Tijuca, que mais tarde, seria a ligação com a Zona Sul, com a

construção da estrada do Joá.

Adiante, com o prefeito Antônio Augusto de Azevedo Sodré

(1916-1917), o Rio de Janeiro recebeu, do rico port uguês

Conrado Jacob Niemeyer, o caminho parcialmente aber to por ele

na montanha, junto ao mar, que constitui a atual av enida

Niemeyer.

Em 1969, Francisco Negrão, governador do Estado da

Guanabara, implantou o Plano Lúcio Costa, no qual e ste

arquiteto estabelecia dentro da filosofia urbanísti ca de Le

Courbousier , a verticalização na ocupação da Barra da Tijuca.

A década de 80 é marcada com a obra maior do govern o Chagas

Freitas, a abertura definitiva e direta do sistema viário

ligando Barra-Lagoa com a construção dos túneis sob os morros

dois irmãos e Joá, a passagem da estrada por trás d a PUC

(Pontifícia Universidade Católica) (GONÇALVES, 1999 ).

Em 1990, outro grande projeto foi construído, a Lin ha

Amarela, idealizada no governo do Carlos Lacerda, e ntão

governador do Estado do Rio de Janeiro, acolhendo a proposta

do arquiteto e urbanista grego Doxiadis que previa a ligação

da Barra da Tijuca com a Cidade Universitária, no F undão, com

túneis e três pistas superpostas, duas superiores p ara

automóveis e a mais inferior para transporte coleti vo que pela

proposta, seria uma linha de metrô.

Em 1995 falava-se em “trem bala”, ou mais precisame nte HSST

( Hight Speed Surface Transportation ), japonês, ligando a Barra

à praça do Expedicionário, no Centro da Cidade, pas sando por

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três túneis, em um total de 6 km, com trens de levi tação

magnética (GONÇALVES, 1999).

Na mesma década surge o projeto da L 4, cujo traçad o

licitado em 1998 conforme mostra a FIG 6.1 inicia-s e na

Estação Morro de São João, em Botafogo, passando pe las

Estações intermediárias de Humaitá, Gávea, São Conr ado até a

Estação Jardim Oceânico, com aproximadamente 16,3 k m de

extensão.

FIG. 6.1 Traçado licitado da L4

Fonte: CONCESSIONÁRIA RIO BARRA (2003)

O traçado licitado que é caracterizado como um

empreendimento de transporte de alta capacidade, de stinado a

atender à ligação da Zona Sul (Botafogo), área de u rbanização

consolidada, com a Barra da Tijuca (Alvorada), área de

expansão urbana da cidade. A ligação com o Centro d a Cidade

será realizada por uma conexão com a Linha 1, pela estação

Morro de São João (CONCESSIONÁRIA RIO BARRA, 2002).

O motivo pelo qual a L4 torna-se uma boa alternativ a de

transporte é que fluxo de tráfego na interligação r odoviária

entre os bairros da Zona Sul da cidade com a Barra da Tijuca

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há muito atingiu o ponto de saturação de sua capaci dade,

deixando de oferecer condições operacionais adequad as tanto

para o tráfego de veículos particulares como coleti vos.

É comum que se resolva o problema de transportes, b em como

de congestionamentos, implementando novas vias urba nas ou

ampliando a capacidade das vias existentes como a d uplicação

da Auto-Estrada Lagoa-Barra, o que, por sua vez, fa cilita e

incentiva o aumento do número de veículos em circul ação em

grande parte em função da facilidade de execução e pelos

baixos custos.

Recria-se, dessa forma, problemas que devem ser evi tado:

congestionamentos, estresses dos motoristas e passa geiros,

níveis altos de poluentes no ar, de ruídos, aumento do risco

de acidentes, dentre outros.

Verifica-se, portanto, que a exclusiva ampliação da s

ligações rodoviárias existentes entre a Zona Sul e a Barra da

Tijuca, apesar de necessária, significa uma melhori a apenas em

curto prazo nas condições de tráfego, sem constitui r-se em

alternativa eficaz para solução do problema a médio e longo

prazos.

Nesse contexto, a L4, com 80% de seu traçado em tún el

escavado em rocha, segundo a CONCESSIONÁRIA RIO BAR RA (2002),

minimiza significativamente a necessidade de desapr opriações e

as interferências socioeconômicas e ambientais da s uperfície,

constituindo-se como uma solução adequada tanto téc nica e

economicamente como ambientalmente, para viabilizar o

transporte de alta capacidade de passageiros na int erligação

Barra da Tijuca e Zona Sul.

A implantação da L4 irá inaugurar a oferta de trans porte de

massa nessa região, bem como proporcionar dos benef ícios

econômicos, contribuirá significativamente para a m elhoria dos

padrões ambientais e de qualidade de vida da popula ção da

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área, tendo as seguintes principais conseqüências d e operação

(CONCESSIONÁRIA RIO BARRA, 2002):

• Diminuição significativa dos problemas de congest ionamento

do tráfego rodoviário entre a Zona Sul e a Barra da Tijuca, ao

reduzir ou até mesmo retirar de circulação nas vias urbanas um

enorme contingente de carros particulares, ônibus e speciais e

ônibus convencionais;

• A melhoria da qualidade do ar (diminuição da polu ição

atmosférica) e do conforto sonoro (diminuição de fo ntes de

poluição sonora) em decorrência da redução da frota de

veículos em circulação;

• Redução significativa do tempo de percurso entre a Barra da

Tijuca e Botafogo e, através da Linha 1, com o Cent ro da

cidade;

• Redução do consumo de derivados de petróleo;

• Redução na necessidade de manutenção das vias urb anas,

trazendo economia para os cofres públicos.

Os benefícios resultantes são evidentes, já que os usuários

terão condições de se deslocar ao longo do trecho d entro de

condições operacionais ideais, em termos de seguran ça e de

elevado padrão de conforto, reduzindo o estresse ca usado pelas

atuais condições de tráfego na área.

Por outro lado, a população residente na área de

influência 21 e não usuária dos serviços também será

beneficiada, em função das melhorias no trânsito, d o aumento

da qualidade ambiental da área e da descaracterizaç ão de

alguns bairros como de passagem.

21 Será definida na aplicação do modelo no módulo do estudo de demanda.

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6.3 FALTA DE RECURSOS PELOS MEIOS TRADICIONAIS DE

FINANCIAMENTO

O maior provedor de recursos para viabilizar a impl antação e

expansão da malha metroviária do Rio de Janeiro é o Estado,

com recursos orçamentários e o BNDES.

Com a concessão, surgiram recursos para a Linha 1 e Linha 2,

provenientes das outorgas, uma paga no início da co ncessão e a

outra paga com a expansão das linhas e proporcionai s a demanda

tendo adiantamento firmado no Protocolo de Intençõe s entre o

Governo do Estado, a Opportrans (concessionária da Linha 1 e

Linha 2) e o Metrô-RJ (Companhia Metropolitana do R io de

Janeiro, hoje RIOTRILHOS)(METRÔ-RJ, 2000).

Apesar das fontes recursos descritas acima, o Estad o

encontra-se inadimplente com o BNDES e o adiantamen to da

outorga 2 é exclusivo das Linhas 1 e Linha 2, acent uando-se

assim cada vez mais a escassez de recursos.

Essa escassez de recursos, assim como as restrições nos

balanços de pagamento, constituem fortes obstáculos para

implantação de transporte de massa sobre trilhos, q ue envolvem

tecnologias de uso intensivo de capital (BARAT, 199 1).

Nesse cenário, se insere a L4 que foi concedida à i niciativa

privada pelo modelo BOT durante um período de 25 an os, desde

1998, mas até hoje não iniciaram as obras. As pers pectivas de

disponibilidade de recursos para viabilizar investi mentos em

transportes públicos, parecem pouco alentadoras qua ndo

definidas pelo prisma das análises condicionais (AN TP, 1999).

6.4 O PROJECT FINANCE NA L4

O principal motivo para o engavetamento dos projeto s

metroviários do Rio de Janeiro, segundo TEIXEIRA (2 003), é o

déficit estadual que se torna cada vez mais acentuado. Ain da

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segundo o Autor, no ano passado, o Estado teve um déficit de

cerca de R$ 2 bilhões, o que deixou mais claro que o governo

não terá como arcar com os projetos sozinho, justi ficando-se

portanto, a aplicação de um modelo Project Finance para que a

L4 venha ser implantada.

Outra justificativa ao uso de um modelo Project Finance é

que o investimento em infra-estrutura possui elevad os

potenciais de lucratividade pelo setor privado dada s as

tarifas atualmente praticadas pelo setor público.

Essa é uma atratividade considerável e dá uma aprox imação da

potencialidade de financiamento por meio desse mode lo. Possui

vários pontos favoráveis como a instabilidade dos m ercados

tradicionais, a redução das alternativas de aplicaç ões, a

dependência em relação à política de juros do gover no

americano, as expectativas de altas taxas de intern as de

retorno (TIR) em projetos do tipo Project Finance , a

possibilidade de contratos que assegurem fluxo de c aixa

seguros e estáveis, e possíveis garantias contratua is

fornecidas por empresas que participam do mercado s egurador

mundial, portanto, com mais credibilidade e reputaç ão além do

interesse do governo de entrar com suas contraparti das (VIEIRA

et al. , 1999).

Para este tipo de projeto de infra-estrutura são ne cessários

financiamentos de longo prazo, que requer um govern o mais

adaptado a novos instrumentos de alavancagem financ eira

(GITMAN,1997).

De acordo com RODRIGUES JR. (1997), a participação de

recursos governamentais nesses projetos deve dar-se de maneira

complementar à ação dos mercados, sobretudo se efet ivadas em

conjunto com novas formas de atuação nos mercados d e capitais.

É de extrema importância a sua participação pela ne cessidade

de eficiência tanto micro quanto macroeconômica, fa zendo com

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145

que a recuperação da capacidade financeira do Estad o, entre,

portanto, como ponto fundamental para essa contrapa rtida.

6.5 APLICAÇÃO DA MODELAGEM

Para efeito de estudo de caso, a área de influência em que o

traçado da L4 se insere teve como referência o Plan o Diretor

da Cidade do Rio de Janeiro (aprovado em 1992 e enc ontra-se em

processo de revisão desde outubro de 2001).

Este por sua vez, estabeleceu como diretrizes básic as de

ocupação do espaço urbano e dividiu o município, a partir de

características socioeconômicas homogêneas em cinco Áreas de

Planejamento (AP) que são compostas por Regiões

Administrativas (CONCESSIONÁRIA RIO BARRA, 2002).

A definição da área de influência dos estudos da L4 foi

realizada a partir do zoneamento de tráfego da Regi ão

Metropolitana do Rio de Janeiro, adotando o Plano d e

Transporte de Massa (1994), nesta área concentram-s e os

principais impactos sobre a população residente e u suários do

setor da cidade, a serem beneficiados pela operação da L4.

Sendo assim, para o meio sócio-econômico, a implant ação da

L4 define, no contexto urbano, uma área onde deverã o incidir

impactos de natureza variada, positivos ou adversos , que serão

observadas desde a etapa de planejamento até a entr ada em

operação do empreendimento.

Segundo MAC DOWELL (2002),territorialmente, corresp onde à

Região Administrativa de Botafogo, Copacabana, Lago a e Rocinha

da AP2 e pela Região Administrativa da Barra da Tij uca,

componente da AP4 conforme mostra a TAB. 6.1, cujo s bairros

serão atravessados pelo empreendimento.

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TAB. 6.1 Regiões Administrativas da área de influência da L 4

Regiões

Administrativas Bairros

Botafogo

Catete

Cosme Velho

Flamengo

Glória

Humaitá

Urca

IV Botafogo

Laranjeiras

Ipanema

Lagoa (parte)

Leblon

Vidigal

Lagoa (parte)

Jardim Botânico

Gávea

VI Lagoa

São Conrado

XXVII Rocinha Rocinha

Joá

Itanhangá

Barra da Tijuca

Camorim

Vargem Pequena

Vargem Grande

Recreio dos Bandeirantes

XXIV Barra da

Tijuca

Grumari

Fonte: INSTITUTO PEREIRA PASSOS (2003)

Para este estudo de caso, considerou-se como área d e

influência direta, a área inclusa na isócrona de 10 minutos de

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caminhada e área de influência indireta todos os ba irros em

que o traçado se insere.

6.5.1 MÓDULO 1: ESTUDO DE DEMANDA DA L4

Delimitada a área de influência do empreendimento f ar-se-á

uma análise sobre a sócio economia, projeções de cr escimento

sócio-econômico, pesquisa origem e destino, modelo escolha

modal, taxas de geração de viagens, estimativa da d emanda,

tendências de crescimento para obter a demanda futu ra na área

de Influência.

a) Sócio economia da Área de Influência

Para análise demográfica foram aplicados os dados

censitários do IBGE desde o Censo de 1970 até o últ imo

realizado em 2000.

Com estes dados pode-se fazer uma comparação entre a

população do município do Rio de janeiro e as Regiõ es

Administrativas inseridas na Área de Influência do

empreendimento conforme mostra a TAB. 6.2.

TAB. 6.2 População residente na área de influência da L4

Áreas de Planejamento

e População residente Variação

Regiões

Administrativas 1970 1980 1991 2000 2000/1970

Total 4 251 918 5 090 790 5 480 778 5 857 904 37,77

Área de Planejamento

2 1 021 165 1 130 135 1 034 612 997 478 -2,32

IV Botafogo 256 250 295 261 251 668 238 895 -6,77

VI Lagoa 175 586 239 263 177 072 174 062 -0,87

XXVII Rocinha ... ... 42 892 56 338 -

Área de Planejamento

4 241 017 356 349 526 302 682 051 182,99

XXIV Barra da Tijuca 5 779 40 726 98 229 174 353 2917,01

Fonte: INSTITUTO PEREIRA PASSOS (2003)

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Mediante aos dados apresentados percebe-se que nas últimas

três décadas, houve um significativo crescimento po pulacional

na Região Administrativa da Barra da Tijuca, enquan to que nas

demais Regiões Administrativas apresentaram um decr éscimo.

Quanto às atividades econômicas e o uso do solo tev e como

identificação os pólos comerciais, industriais e re sidenciais,

mercado imobiliário e outros, que apresentaram um

desenvolvimento no potencial de crescimento.

A Região da Barra da Tijuca apresenta um grande núm ero de

pólos que atraem demanda sendo esses, industriais, shopping

centers, mercado imobiliário, ensino superior e laz er.

b) Projeções de crescimento sócio-econômico

Com base nos dados do PTM pôde ser feita à projeção da

população a partir das tendências de crescimento de cada

zona/bairro.

c) Pesquisa O/D

Para simulação da demanda foram utilizadas as matri zes de

O/D com base em 1999, para automóveis, ônibus conve ncionais,

vans, kombis, ônibus de condomínios e frescões, par a a

determinação de seu crescimento por zona de tráfego , foi

aplicada a taxa de geração de viagens em função da população

residente (renda média em salários mínimos/domicíli o), da taxa

de motorização (média autos/domicílio) e do tamanho médio do

domicílio (média habitante/domicílio), dados obtido s no PTM,

por zona de tráfego.

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d) Modelo de escolha modal

A previsão da demanda do metrô na L4 de acordo com a TAB.

6.3 é a proporção estimada da demanda que será desv iada dos

automóveis como também dos ônibus. Para estimar o d esvio

dessas demandas adotou-se o modelo Logit Binomial que, sendo

calibrados em dois grupos, os cativos do transporte coletivo

(não possuem automóveis) e os não cativos (possuem

automóveis), sendo obtidos pelos dados dos censos e obteve-se

a seguinte captação dos usuários do modo rodoviário .

TAB.6.3 Demanda desviada do modo rodoviário com a

implantação da L4

MODAL DEMANDA DE 2002 DEMANDA DE 2008

Automóvel 65.187 82.484

Ônibus especial 15.831 20.032

Ônibus convencional 10.244 12.962

Outros 1.862 2.357

Demanda reprimida 23.281 29.458

Fonte: CONCESSIONÁRIA RIO BARRA (2002)

e) Taxa de geração de viagem para projeção da deman da

A taxa de geração de viagens foi obtida pelos dados da

pesquisa domiciliar do PTM que relacionadas com a t axa de

motorização.

f) Estimativa de demanda

A partir das pesquisas, das matrizes de origem e de stino e

do modelo de escolha do modal estimou-se a demanda no ano-base

de 1999 tendo uma demanda total de 126.000 passagei ros/dia

para o cenário de 2000.

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g) Tendência de crescimento

A tendência de crescimento foi estimada em função d a

população, motorização e habitantes por domicílio n as zonas de

tráfego, segundo os dados obtidos no PTM.

h) Demanda futura

Obteve-se a demanda futura a partir taxa de tendênc ia de

crescimento sendo aplicado fator relativo ao cresci mento da

população da cidade do Rio de Janeiro, mediante os dados do

censo demográfico de 2000 que puderam estimar a dem anda futura

por simulações em um horizonte de 30 anos, distribu indo-se de

acordo com a TAB. 6.4.

TAB. 6.4 Demanda futura da L4

ESTAÇÕES

CENÁRIO

2010

CENÁRIO

2020

CENÁRIO

2030 % DE PASSAGEIROS

Morro de São

João 41.451 55.151 67.600 26,0

Humaitá 6.353 8.452 10.400 4,0

Gávea 41.691 55.469 68.120 26,2

São Conrado 6.987 9.296 11.440 4,4

Jardim Oceânico 62.829 83.592 102.440 39,4

TOTAL 159.311 211.960 260.000 100,0

Fonte : CONCESSIONÁRIA RIO BARRA (2002)

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6.5.2 MÓDULO 2: APLICAÇÃO DO MODELO PROJECT FINANCE PROPOSTO

- Caracterização da estrutura : a estrutura do modelo proposto

para este estudo de caso foi formada pelo Poder Con cedente,

patrocinadores, construtoras, operadora, fornecedor es de

equipamentos e material rodante, banco comercial e agências de

seguro conforme mostra a FIG. 6.2.

FIG. 6.2 Estrutura proposta do Project Finance na L4

Nesta estrutura não houve participação dos bancos d e

fomento, partindo-se do princípio de que os patroci nadores

dispõem do capital necessário para viabilizar o

empreendimento, necessitando somente de subsídios o peracionais

que serão descritos no estudo de viabilidade financ eira.

Conforme a estrutura apresentada anteriormente, os

patrocinadores são formados pelo Governo Federal, E stadual e

Municipal,e pelos acionistas da SPE representados p ela Light,

empresa fornecedora de energia, as construtoras Que iroz Galvão

e Constran, vencedoras da licitação, bem como a Ttr ans,

Governo do Estadodo Rio de Janeiro

Empresa L4

Governo FederalGoverno EstadualGoverno MunicipalShoppings CentersLightQueiróz GalvãoConstranAlstonTtransEstacionamento Rio Park

BIRDBID

EXIMBANKBANDES

Ttrans

Usuários

AlstonAlston

ConcessãoFomento

Construção dosistema

Fornecimento domaterial rodante

Manutenção domaterial rodante

Receitas

Operação emanutenção

Queiróz GalvãoConstran

Fornecimento deseguro

Itaú

Itaú SegurosMIGA

Agente fiduciário

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operadora que também faz parte da concessionária Ri o Barra.

Quanto a empresa fornecedora de equipamentos e mate rial

rodante escolheu-se a Alston, por ter uma fábrica n o estado do

Rio de Janeiro e a empresa de estacionamento Rio Pa rk que

opera no estacionamento do edifício onde se encontr a a sede da

RIOTRILHOS.

No que diz respeito ao controle e divisão do fluxo de caixa,

escolheu-se o Banco Itaú para administrar o fluxo d e caixa

(entradas e saídas) de maneira hierárquica entre os

financiadores e acionistas, mantendo a conta bloque ada, para

que seja evitada a inadimplência no decorrer do pro cesso.

Este banco foi escolhido por possuir uma seguradora com

participação em Project Finance no Brasil, na Hidrelétrica de

Machadinho em Pelotas (BONOMI & MALVESSI, 2002).

A MIGA como foi descrita no capítulo 3 é a segurado ra

responsável pelo risco político, tendo em vista a

instabilidade do País e a Itaú Seguros.

- Distribuição dos Riscos: os riscos financeiros são de

responsabilidade dos patrocinadores, os ambientais, de

patrimônio e de responsabilidade civil do Governo E stadual,

Municipal bem como dos patrocinadores e da Itaú Seg uros .

O risco de operação é de responsabilidade da operad ora

Ttrans, enquanto os políticos e de negócios são de

responsabilidade do governo estadual, da Asep (Agên cia

Reguladora de Serviços Públicos concedidos ao Estad o do Rio de

Janeiro) e a MIGA.

- Estrutura de Financiamento : o financiamento deste

investimento conta com o capital próprio, evitando a exposição

dos acionistas as altas taxas praticadas no mercado e o

comprometimento com os bancos.

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- Definição das garantias: a principal garantia é a presença

da conta bloqueada que irá reter o capital caso alg um dos

participantes não venham a cumprir com as cláusulas

contratuais. Outra importante garantia é a hipoteca e penhora

dos bens dos patrocinadores que serão indicados no mesmo valor

do capital a ser investido por cada um.

6.5.3 MÓDULO 3: ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DA L4

Neste item constam os custos e benefícios projetado s que se

referem a implantação da L4.

Os benefícios foram calculados com base na demanda a ser

captada pelo sistema metroviário, tanto do ônibus q uanto do

automóvel particular em função da implantação da L4 ,

considerando o período de concessão para o empreend imento, que

segundo o CONTRATO DE CONCESSÃO (1998), é de 25 ano s.

A avaliação econômica baseou-se, inicialmente, nas projeções

dos custos anuais de operação metroviária, seguido da

avaliação dos custos e da demanda a ser captada pel o sistema a

partir da implantação da L4, sendo, posteriormente,

incorporados os investimentos anuais necessários à implantação

deste sistema.

Com base nos dados gerados pela modelagem de demand a para os

níveis tarifários adotados, efetuo-se a análise eco nômica a

partir da projeção dos custos e benefícios associad os a este

novo cenário.

Finalmente, calculou-se o indicador de viabilidade econômica

para o projeto representada pelo índice B/C

(Benefícios/Custos), obtido a partir dos seguintes dados:

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6.5.3.1 QUANTIFICAÇÃO DOS BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DI RETOS E

INDIRETOS REFERENTES A IMPLANTAÇÃO DA L4

Primeiramente foi feita uma comparação entre os cus tos

operacionais dos usuários no sistema rodoviário que serão

desviados para o metroviário, considerando as carac terísticas

da L4.

Como premissas básicas foi tratada a demanda desvia da de

automóveis = Da e demanda desviada de ônibus = Do.

Segundo MAC DOWELL (2003), a obtenção da distribuiç ão da

demanda entre as modalidades de automóveis e ônibus é o ponto

inicial para calibrar o Modelo probabilístico tipo Logit com

finalidade de estimar a demanda que será desviada p ara o

sistema metroviário.

Conforme a CONCESSIONÁRIA RIO BARRA (2002), são nec essários

seis anos para concluir o projeto e o sistema entra r em

operação. Tendo em vista, este período tomou-se com o

referência o ano de 2004 para início das obras.

Cabe salientar que os custos encontram-se no final deste

item de acordo com a demanda estimada para cada ano e com uma

taxa de juros de 12% a.a.

Aplicando-se a metodologia usada pelo METRÔ-RJ (200 0), nas

expansões das Linhas 1 e 2 e os dados fornecidos pe lo mesmo

estudo, pode-se então quantificar os benefícios eco nômicos

diretos e indiretos com a implantação da L4.

a) Benefícios Diretos

• Redução do custo operacional

Segundo o METRÔ-RJ (2000), adota-se para veículos d o tipo

urbano convencional uma capacidade de 60 passageiro s. Quanto

ao fator de rotatividade dos ônibus adota-se um val or próximo

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de 1 para não superestimar os benefícios operaciona is de

transferência do ônibus para metrô. Partindo-se ent ão, deste

princípio, adotou-se um fator de rotatividade igual a 1,4.

Quanto à quilometragem média do itinerário dos ônib us que

atendem os usuários da área de influência da L4, es timou-se 30

km, referente ao percurso médio percorrido pelos ôn ibus que

perfazem o itinerário referente a L4.

O DETRO22 (2000) estimou o custo médio operacional por

quilômetro dos ônibus em R$ 1,70.

Considerou-se que o Metrô funciona 26 dias por mês e que em

um ciclo do ônibus é considerada ida e volta.

Para automóveis considerou-se conforme METRÔ-RJ (20 00), o

custo médio de R$ 0,82. A capacidade média de um au tomóvel

estimada pelo mesmo de 1,4 passageiros /veículo. Ad otando-se o

percurso médio de 25 km.

• Redução do custo de conservação de vias

Para efeito de cálculo, tomou-se como referência a Linha

Vermelha, que é uma via expressa com 42 km de exten são e com

um custo mensal de manutenção de R$ 55.000,00 (FUND ERJ23,

2000).

O fator de equivalência adotado seguiu o HCM 24 ( Highway

Capacity Manual ), sendo, portanto 2 para ônibus.

Levou-se em consideração que a seguinte via possui oito

faixas de rolamento em sua maior parte, portanto pa ra um mês

típico tem-se um custo de R$ 6.875,00/faixa/mês e R $

230,00/faixa/dia.

22 Departamento de Transporte Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro. 23 Fundação Departamento de Estradas de Rodagem. 24 Metodologia para cálculo de capacidade e nível de serviço.

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• Redução do custo de controle de operação

Para cálculo deste custo também foi adotada a Linha Vermelha

como referencial, que segundo a FUNDERJ (2000), tem um custo

operacional mensal de R$ 150.000,00, funcionando 24 horas por

dia. Este custo está subestimando por não incluir a mão-de-

obra de controladores de tráfego, por se tratar de uma via

expressa.

O METRÔ-RJ (2000) fez uma pesquisa empírica junto a CET

(Companhia de Engenharia do Tráfego), em relação às vias

arteriais principais e secundárias onde há necessid ade de

controladores de tráfego e chegou-se a conclusão de que para

controle de automóveis a necessidade é 3 vezes maio r devido

aos semáforos, estacionamentos e etc.

Para os ônibus utilizou-se os mesmos controladores dos

automóveis, sendo considerado somente aqueles espec íficos para

os coletivos, que segundo a SMTU (Superintendência Municipal

de Transportes Urbanos), que chega a proporção de 1 ,5 deste

valor.

• Redução do custo do tempo de viagem

Para este cálculo adota-se a metodologia do Manual de

Avaliação de Projetos de Transportes Urbanos, segun do a EBTU 25

(1986) aplicada no projeto BIRD IV 26.

Esta metodologia tem como parâmetro básico a renda média da

população. Para este cálculo este parâmetro foi obt ido por

intermédio do PIT (Plano de Investimento do Metrô) e das

pesquisas do PTM (Plano de Transporte de Massa) que

apresentaram os valores que se encontram na TAB. 6. 5.

25Empresa Brasileira de Transporte Urbano. 26Programa de Desenvolvimento de Atividades de Ensino e Pesquisas em Transportes Urbanos tendo a EBTU como financiadora.

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TAB. 6.5 Renda média da demanda desviada

Renda

individual

Valor em SM (Salário

Mínimo)

Ônibus 8,65

Automóvel 15,00

Fonte: Plano de Transporte de Massa (1994)

Nesta mesma metodologia, estimou-se o salário por h ora dos

usuários dos meios de transporte pelo produto da re nda média

em salário mínimo pelo valor atual do salário vigen te em julho

de 2003 de R$ 240, 00, acrescido dos encargos socia is (95,02%)

e dividido pelo número da média de horas trabalhada s por mês

(168 horas).

Considerou-se os estudos de viabilidade econômica 1 6 horas

de maior utilização contínua do sistema, adotou-se 90% da

demanda diária (METRÔ-RJ, 2000).

De acordo com as estimativas de distribuição de via gens por

tipo de deslocamento tem-se que 68,2% são de casa a o trabalho

e 25,5% a trabalho.

Seguindo-se orientações do BID e BIRD, segundo METR Ô-RJ

(2000), apenas 75% das viagens de casa ao trabalho são

consideradas no cálculo, devido ao alto peso do cus to do tempo

em estudos urbanos. Nesta mesma orientação recomend a-se

considerar apenas 30%, dos salários médios, para o cálculo de

tempos reduzidos.

Para o tempo de viagem, considerou-se para a L4 que as

velocidades médias de ônibus e automóveis nos horár ios de pico

são iguais, para vias arteriais, conforme IPEA/ANTP (1997) in

METRÔ-RJ (2000).

Foi considerada a velocidade média comercial dos ôn ibus de

18 km/h, um deslocamento médio dos usuários de 30 k m e uma

velocidade comercial média do metrô de 35 km/h.

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Para os automóveis considerou-se a velocidade média comercial,

conforme o estudo acima citado é de 23 km/h.

b) Benefícios indiretos

• Redução de custos com acidentes

Para este cálculo adotou-se a metodologia do IPEA/A NTP

(1997) in METRÔ-RJ (2000) para determinar o cálculo dos custos

unitários dos acidentes com automóveis e com ônibus . Segundo o

mesmo estudo os custos médios são de R$ 0,10 e R$ 0 ,04 para

ônibus e para automóveis respectivamente.

• Redução do custo com poluição ambiental

Segundo o IPEA/ANTP (1997)in METRÔ-RJ (2000), os cu stos da

emissão de CO, HC, NOx e Partículas são respectivam ente R$

0,32, R$ 1,95, R$ 1,91 e R$ 1,56. Cabe ressaltar qu e os

valores dos custos foram transformados para o dólar a R$ 2,90.

O mesmo estudo relata que a emissão dos poluentes n o horário

de pico, com velocidade média de 18 km/h para ônibu s e 23 km/h

para automóveis é de 17,38 g/km para CO, 3,53 g/km para HC,

18,54 g/km para NOx e 0,82 g/km para as Partículas.

6.5.3.2 BENEFÍCIOS ECONÔMICOS GLOBAIS MONETÁRIOS R EFERENTES A

IMPLANTAÇÃO DA L4

Calculado os benefícios diretos e indiretos e atual izando-os

a uma taxa de juros de 12% a.a., obteve-se os resul tados

encontrados na TAB. 6.6 ao longo dos 25 anos de con cessão com

as respectivas demandas para cada ano de operação.

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TAB. 6.6 Benefícios Globais Monetários referentes à implant ação da L4

Ano Benefícios Globais Monetários Totais Atualizados a uma taxa de juros de 12 % a.a.2004 -R$ -R$ 2005 -R$ -R$ 2006 -R$ -R$ 2007 -R$ -R$ 2008 -R$ -R$ 2009 -R$ -R$ 2010 500.019.536R$ 239.370.058R$ 2011 512.114.821R$ 218.893.152R$ 2012 524.502.686R$ 200.167.942R$ 2013 537.190.209R$ 183.044.580R$ 2014 550.184.639R$ 167.386.035R$ 2015 563.493.399R$ 153.067.001R$ 2016 577.124.093R$ 139.972.887R$ 2017 591.084.508R$ 127.998.910R$ 2018 605.382.621R$ 117.049.246R$ 2019 620.026.599R$ 107.036.271R$ 2020 635.024.810R$ 97.879.855R$ 2021 650.390.659R$ 89.507.391R$ 2022 666.128.318R$ 81.851.092R$ 2023 682.246.786R$ 74.849.699R$ 2024 698.755.276R$ 68.447.192R$ 2025 715.663.227R$ 62.592.344R$ 2026 732.980.303R$ 57.238.309R$ 2027 750.716.405R$ 52.342.248R$ 2028 768.881.671R$ 47.864.988R$ 2029 787.486.487R$ 43.770.704R$

TOTAL 12.669.397.053R$ 2.330.329.903R$

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160

6.5.3.3 OS INVESTIMENTOS DA L4

A implantação de todo o trecho da L4, considerando despesas

anteriores e pré-operacionais, a realização das obr as civis, a

implantação das vias permanentes, aquisição de sist emas e

material rodante, gerenciamento e outras despesas n ecessárias

para operação comercial do trecho, foi estimado em R$

1.414.735.000,00 (um bilhão, quatrocentos e catorze milhões e

setecentos e trinta e cinco mil reais), estando tod os os

preços referidos a março de 2002, conforme detalhad o a seguir

(CONCESSIONÁRIA RIO BARRA, 2002):

a) Despesas anteriores e pré-operacionais

As despesas anteriores e pré-operacionais incluem

desapropriações e tem um custo total de R$ 5.040.00 0,00 (cinco

milhões e quarenta mil Reais).

b) Obras civis

O custo total das obras civis do trecho, incluindo a

construção das estações e acessos para as mesmas, e

respectivos serviços de acabamento foi previsto em R$

691.792.000,00 (seiscentos e noventa e um milhões e setecentos

e noventa e dois mil reais).

c) Sistemas

Para a implantação dos sistemas, foi estimado o mon tante de

R$ 329.646.000,00 (trezentos e vinte e nove milhões e

seiscentos e quarenta e seis mil reais).

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161

d) Vias permanentes

A implantação das vias permanentes e terceiro trilh o ao logo

de todo o trecho, foi orçada em R$ 80.430.000,00 (o itenta

milhões quatrocentos e trinta reais).

e) Material rodante

Com relação ao material rodante necessário para a e xtensão

do trecho, foi previsto a aquisição de 10 trens do tipo metrô

de 4 carros, no valor de R$ 232.000.000,00 (duzento s e trinta

e dois milhões de reais).

f) Gerenciamento e outras despesas

O gerenciamento do empreendimento, bem como as even tuais

despesas que venham a surgir no decorrer da empreit ada, estes

custos são respectivamente da ordem de R$ 45.794.00 0,00 e R$

30.000.000,00.

A seguir apresenta-se na TAB. 6.7 o cronograma de

investimentos mencionados

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162

TAB. 6.7 Cronograma de Investimento

TOTAL 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

ITENS R$ x 103

R$ x 103

R$ x 103

R$ x 103

R$ x 103

R$ x 103

R$ x 103

R$ x 103

Despesas anteriores e pré-operacionais 5040 4440 600 0 0 0 0 0

Obras civis 691792 0 118763 180718 210444 140737 41130 0

Sistemas 329646 0 24843 86375 108579 61646 48203 0

Vias permanentes 80463 0 6064 21083 26503 15047 11766 0

Material rodante 232000 0 0 31320 31320 114840 31320 23200

Gerenciamento 45793 0 5633 10845 13652 8831 6183 649

Outras despesas 30000 0 5150 7837 9126 6103 1784 0

TOTAL DO INVESTIMENTO 1414734 4440 161053 338178 399624 347204 140386 23849

Fonte: CONCESSIONÁRIA RIO BARRA (2002)

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163

6.5.3.4 CUSTOS OPERACIONAIS

a) Custo de mão-de-obra

Segundo a CONCESSIONÁRIA RIO BARRA (2002), serão ne cessários

para o período de operação um efetivo de 90 funcion ários com

nível superior, 389 com nível técnico e 249 sem qua lificação.

A RIOTRILHOS (2003) adota um acréscimo de 27,5% do efetivo

para fazer face ao absenteísmo, férias e treinament o.

Esta empresa adota o valor unitário do salário de u m

funcionário com nível técnico e um sem qualificação R$ 700,00

e R$ 300, 00, respectivamente (RIOTRILHOS, 2003). Q uanto aos

encargos sociais admite uma taxa de 95,02% a.a. dos valores

dos salários, já incluindo dentro deste percentual de férias e

décimo terceiro (EBTU, 1986).

Para efeito de cálculo será adotado para funcionári os com

nível superior uma renda mensal de 7 salários mínim os,

admitindo o valor do salário mínimo vigente em julh o de 2003,

no valor de R$ 240,00, com as mesmas taxas aplicada s para as

demais categorias do efetivo. Portanto o custo anua l com mão-

de-obra encontra-se na TAB. 6.8.

TAB. 6.8 Custo anual de mão-de-obra

CATEGORIA

CONTINGENTE

NECESSÁRIO

SALÁRIO

UNITÁRIO

(R$)

SALÁRIO TOTAL

ANUAL

(R$)

ENCARGOS

SOCIAIS

(R$)

CUSTO ANUAL

(R$)

Nível

superior 115 1.680,00 2.318.400,00 2.202.943,68 4.521.343,68

Nível

técnico 496 700,00 4.166.400,00 3.958.913,28 8.125.313,28

Sem

qualificação 318 300,00 1.144.800,00 1.087.788,96 1.250.249,82

TOTAL 929 7.629.600,00 7.249.645,92 13.896.906,78

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164

Com a aplicação da metodologia de cálculo descrita acima

pode-se observar que o custo anual com mão-de-obra durante a

operação será da ordem de R$ 13.896.906,00.

b) Custo de energia

O custo de energia será calculado em duas etapas, s endo a

primeira o custo de energia gerado pela tração e a outra o

custo de energia consumido nas estações.

• Energia de tração

O consumo mensal de energia de tração, em Kwh, pode ser

obtido, segundo a RIOTRILHOS (2003), a partir do nú mero médio

mensal diferencial de trem-km percorrido no trecho.

O custo mensal de energia elétrica de tração é obti do pelo

produto do total de trem-km pelo coeficiente médio de consumo,

sendo de 47 kwh, para uma composição de 4 carros, p elo valor

cobrado pela empresa fornecedora de energia.

Admitindo-se que o material rodante funciona 16 hor as por

dia com um headway de 6 minutos para a L4, tem-se 10 partidas

por hora e um total de 160 partidas por dia por ter minal. Como

foi mencionado no início do capítulo o trecho licit ado é

composto por cinco estações, portanto cinco termina is.

Considerando que o Metrô funciona vinte e seis dias do mês,

como foi adotado para efeito de cálculo no item de

quantificação de benefícios econômico tem-se um tot al de 312

dias de funcionamento no ano.

Portanto o custo anual com energia de tração de aco rdo com a

TAB. 6.9 será de R$ 15.297.484,80.

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TAB. 6.9 Custo anual de energia de tração para a L4

DISCRIMINAÇÃO TOTAL

Média de partidas por dia por

terminal 160 partidas

Número de terminais 5 terminais

Número de dias de funacionamento

por ano 312 dias

Extensão da Linha 16,3 km

Número de trem-km por ano 1.627.392 trem-km

Coeficiente de consumo (Kwh/trem-

km) 47 Kwh/km

Consumo anual de energia de tração 76487424 Kwh/ano

Custo médio unitário de energia R$ 0,20

Custo anual de energia de tração R$ 15.297.484,80

• Energia consumida nas estações

De acordo com a RIOTRILHOS (2003), o consumo de ene rgia da

Estação Siqueira Campos é da ordem de 280 Kwh, func ionando 19

horas por dia, durante 26 dias no mês, totaliza 138 .320

Kwh/mês, ao custo de R$ 0,20 /Kwh tem-se um custo d a ordem de

R$ 27.664 de energia consumida por mês na Estação S iqueira

Campos.

Segundo a CONCESSIONÁRIA RIO BARRA (2002), no Proje to Básico

da L4 o traçado é composto pelas estações Botafogo, Humaitá,

Jardim Botânico, Gávea e Jardim Oceânico.

Admitindo-se o mesmo custo de energia da Estação Si queira

Campos para todas as estações da L4 tem-se um custo anual de

energia consumida nessas estações de R$ 1.659.840,0 0.

c) Custo de manutenção

Para efeito de cálculo no custo de manutenção foi

fragmentado em custo de manutenção de material roda nte e custo

de manutenção de equipamentos.

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166

Para o material rodante deve-se partir da quilometr agem

percorrida pelos trens e adotando um custo unitário de US$

0,36 por trem-km para os trens de 4 carros conform e a TAB.

6.10.

TAB. 6.10 Custo anual de manutenção de material rodante na

L4

TRECHO

(KM)

PERCURSO ANUAL DOS

TRENS (TREM-KM/ANO)

CUSTO UNITÁRIO DE

MANUTENÇÃO (US$/TREM-KM)

CUSTO ANUAL DE

TRENS-KM (R$)

16,3 1.627.392,00 0,36 1.698.997,25

Conforme calculado acima, para um percurso de 1.627 .392

trem-km percorrido em um ano na L4, tem-se um custo anual de

manutenção de material rodante de US$ 585.861,12. A dmitindo-se

uma taxa de câmbio de R$ 2,90 para US$ 1,00, conclu i-se que o

custo anual com manutenção de material rodante será da ordem

de R$ 1.698.997,25.

Já para o custo anual de manutenção de equipamentos adotou-

se um valor mensal de R$ 18.750,00 para cada estaçã o, mesmo

valor gasto com a Estação Siqueira Campos, conforme estudo da

RIOTRILHOS (2003).

Este custo abrange os custos de manutenção de equip amentos

na estação, inclusive peças de reposição e pequenos serviços,

aplicando para as cinco estações do traçado obteve- se um

montante anual de R$ 1.125.000,00.

d) Custos diretos de operação, água e esgoto

A principal parcela destes custos corresponde aos s erviços

de limpeza e higiene das estações. Admitindo-se o m esmo custo

médio mensal de direitos de operação da Estação Siq ueira

Campos de R$ 6.200,00, segundo a RIOTRILHOS (2003) para as

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estações do traçado da L4 tem-se um custo anual de direitos de

operação de R$ 372.000,00.

Além disto, admitiu-se um custo mensal referente à taxa de

água e esgoto de cada estação da ordem de R$ 2.000, 00, que

anualmente será de R$ 120.000,00.

Somando o custo de higiene e limpeza obteve-se um c usto

total de R$ 492.000,00.

e) Custo de aquisição de bilhete

A aquisição periódica de bilhetes tem um valor vari ável em

função da demanda, conseqüentemente será considerad o um custo

variável.

O custo médio unitário do bilhete segundo a RIOTRIL HOS

(2003) é da ordem de R$ 0,01 por bilhete, logo admi tiu-se para

o cenário de 2010 o custo de R$ 497.050,32 e para o cenário de

2020 R$ 661.315,20.

f) Custo de estocagem por bilhetes e de transporte de valores

Para estação Siqueira Campos, pertencente a Linha 1 do Metrô

do Rio de Janeiro, este custo foi estimado em R$ 3. 750,00 por

mês.

Para este cálculo considerou-se o mesmo custo da Es tação

Siqueira Campos para as cinco estações do traçado, o que

proporcionou um custo total anual de R$ 225.000,00.

g) Depreciação

Para a depreciação das obras civis, sistemas de ene rgia,

operacionais e auxiliares, do material rodante, do

gerenciamento, das despesas pré-operacionais foram calculadas

conforme estudo da ERNST & YOUNG (1999), no qual fo ram

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adotadas as taxas anuais aplicadas pela FIPECAFI 27 conforme

mostra a TAB. 6.11.

TAB. 6.11 Taxas de depreciação

DESCRIÇÃO TAXA ANUAL (%)

Obras civis 2,00

Sis temas de energia,

operacionais e auxiliares

2,50

Material rodante 3,33

Gerenciamento 10,0

Despesas pré-operacionais 10,0

Fonte: FIPECAFI in ERNEST &YOUNG (1999)

6.5.3.5 CUSTOS MONETÁRIOS GLOBAIS

Neste item aplicou-se todos os custos do projeto, t anto os

de investimento quanto os operacionais, trazendo-os a valor

presente.

Para tal, aplicou-se uma taxa de juros de 12% a.a. conforme

mostra a tabela a TAB. 6.12.

27Fundação Instituto de Pesquisas contábeis, Atuariai s e Financeiras.

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TAB. 6.12 Custos Monetários Globais

R$ (1.082.662.323)R $ (614 .013.135)R $ (1.416.658.977)TO T AL

R$ (1.706.302)R $ (30 .698.376)2029

R$ (1.911.058)R $ (30 .698.376)2028

R$ (2.140.385)R $ (30 .698.376)2027

R$ (2.397.231)R $ (30 .698.376)2026

R$ (2.684.899)R $ (30 .698.376)2025

R$ (3.007.087)R $ (30 .698.376)2024

R$ (3.367.937)R $ (30 .698.376)2023

R$ (3.772.089)R $ (30 .698.376)2022

R$ (4.224.740)R $ (30 .698.376)2021

R$ (4.731.719)R $ (30 .698.441)2020

R$ (5.300.315)R $ (30 .703.015)2019

R$ (5.936.353)R $ (30 .703.015)2018

R$ (6.648.715)R $ (30 .703.015)2017

R$ (7.446.561)R $ (30 .703.015)2016

R$ (8.340.148)R $ (30 .703.015)2015

R$ (9.340.966)R $ (30 .703.015)2014

R$ (10.461.882)R $ (30 .703.015)2013

R$ (11.717.308)R $ (30 .703.015)2012

R$ (13.123.385)R $ (30 .703.015)2011

R$ (27.019.111)R $ (30 .702.178)R $ (25.737.977)2010

R$ (75.270.478)R $ (140.386.000)2009

R$ (208.498.828)R $ (347.204.000)2008

R$ (268.774.760)R $ (399.624.000)2007

R$ (254.768.966)R $ (338.214.000)2006

R$ (135.875.697)R $ (161.053.000)2005

R$ (4.195.406)R $ (4.440.000)2004

Atua lizados a um a taxa de juros de 12 % a.a .C us tos operacio naisInves tim entosA no

R$ (1.082.662.323)R $ (614 .013.135)R $ (1.416.658.977)TO T AL

R$ (1.706.302)R $ (30 .698.376)2029

R$ (1.911.058)R $ (30 .698.376)2028

R$ (2.140.385)R $ (30 .698.376)2027

R$ (2.397.231)R $ (30 .698.376)2026

R$ (2.684.899)R $ (30 .698.376)2025

R$ (3.007.087)R $ (30 .698.376)2024

R$ (3.367.937)R $ (30 .698.376)2023

R$ (3.772.089)R $ (30 .698.376)2022

R$ (4.224.740)R $ (30 .698.376)2021

R$ (4.731.719)R $ (30 .698.441)2020

R$ (5.300.315)R $ (30 .703.015)2019

R$ (5.936.353)R $ (30 .703.015)2018

R$ (6.648.715)R $ (30 .703.015)2017

R$ (7.446.561)R $ (30 .703.015)2016

R$ (8.340.148)R $ (30 .703.015)2015

R$ (9.340.966)R $ (30 .703.015)2014

R$ (10.461.882)R $ (30 .703.015)2013

R$ (11.717.308)R $ (30 .703.015)2012

R$ (13.123.385)R $ (30 .703.015)2011

R$ (27.019.111)R $ (30 .702.178)R $ (25.737.977)2010

R$ (75.270.478)R $ (140.386.000)2009

R$ (208.498.828)R $ (347.204.000)2008

R$ (268.774.760)R $ (399.624.000)2007

R$ (254.768.966)R $ (338.214.000)2006

R$ (135.875.697)R $ (161.053.000)2005

R$ (4.195.406)R $ (4.440.000)2004

Atua lizados a um a taxa de juros de 12 % a.a .C us tos operacio naisInves tim entosA no

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170

6.5.3.6 EXTERNALIDADES

Quanto as externalidades, considerou-se algumas de difícil

mensuração que podem implicar em importantes benefí cios

sociais.

Neste sentido, nas avaliou-se os custos intangíveis , além

das possibilidades da rede de transporte e das pote ncialidades

de integração entre os diversos modos de transporte .

A seguir, na TAB.6.13 apresentam-se de maneira suci nta as

externalidades do presente projeto.

TAB. 6.13 Externalidades da L4

Forma urbana e

desenvolvimento

Mudança no uso do solo, valoração

das terras.

População Crescimento da população, mudanças

geográficas e melhor distribuição.

A comunidade e o governo Extensão de serviços e facilidades

públicas a comunidade.

Empregos Mudanças no emprego devido ao novo

uso do solo e aos deslocamentos

Ambiente Ruído, poluição do ar e vibrações.

Comércio, Indústria Desenvolvimento

Usuário do metrô Segurança, conforto,

confiabilidade.

Apesar de difícil mensuração, a avaliação multicrit erial

deve considerar os impactos descritos anteriormente , a simples

reflexão da abrangência dos mesmos mostra a importâ ncia dos

investimentos na Região Metropolitana do Rio de Jan eiro e a

melhoria na qualidade devida da população.

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171

6.5.3.7 ANÁLISE ECONÔMICA

A partir dos itens calculados anteriormente pôde-se então

fazer uma análise da viabilidade econômica dos inve stimentos.

Para esta análise os benefícios foram somados aos c ustos

durante o período de concessão e obtiveram-se os be nefícios

globais monetários totais, que foram reajustados a uma taxa

anual de 12%. Com os custos e benefícios reajustado s pôde-se

calcular a relação B/C (Benefícios/Custos) que foi maior que

um em todos os cenários propostos, no real, otimist a e

pessimista nos respectivos valores de 2,15, 3,23, 1 ,43.

6.5.4 MÓDULO 4: ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA N A L4

Face à escassez de recursos e à impossibilidade do Estado

financiar o empreendimento com recursos próprios, p ara

viabilização financeira do projeto em questão, fora m

utilizados recursos provenientes de fontes não trad icionais de

financiamento que se encontram descritas a seguir:

6.5.4.1 FONTES ORÇAMENTÁRIAS

• Desconto de débitos fiscais vencidos ou futuros

Com o intuito de atrair mais investidores adotou-se a

isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercad orias e

Serviços, de transporte estadual e intermunicipal e de

comunicações, previsto na Constituição Federal em s eu artigo

155 e regulamentado pela Lei complementar 87/96) du rante os

cinco primeiros anos de operação, o que proporciona rá como

será visto no fluxo de caixa um saldo maior para qu e os

investimentos possam ser recuperados pelas empresas

patrocinadoras em um prazo reduzido de tempo.

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• Taxação sobre valorização imobiliária (contribui ção de

melhoria)

Admitindo-se que o governo requeira deste imposto u m

montante equivalente a 50% do valor do investimento , portanto

o valor de R$ 640.000.000,00 (seiscentos e quarenta milhões de

reais).

A contribuição de melhoria será feita em função do número de

domicílios na área de influência em que a L4 se ins ere durante

a operação do período de concessão conforme mostra a TAB.

6.14.

TAB. 6.14 Número de domicílios nas Regiões Administrativas

da área de influência da L4

Domicílios particulares

permanentes

Áreas de

Planejamento e B Crescimento

Regiões

Administrativas

1991 2 000

2 000/1991

(%)

Total 1 560

324

1

802

347

15,51

Área de

Planejamento 2

345

978

363

800 5,15

IV RA Botafogo 88

189 92 171 4,52

VI RA Lagoa 70

683 63 686 -9,90

XXVII RA Rocinha - 16 731 -

Área de

Planejamento 4

143

249

204

396 42,69

XXIV RA Barra da

Tijuca

27

582 54 494 97,57

Fonte: INSTITUTO PEREIRA PASSOS (2003)

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173

Conforme a tabela acima, o número total de domicíli os nas

Regiões Administrativas da área de influência da L4 é de

294.273, portanto, o custo de R$ 640.000.000,00 div idido pelos

domicílios será a contribuição total durante os 19 anos de

operação do sistema que terá o valor de R$ 2.174,00 ,

anualmente a taxa cobrada será de R$ 114,47.

• Participação em acréscimo de valoração do IPTU

Conforme o METRÔ-RJ (1999), com a inauguração da Es tação

Cardeal Arcoverde, em 1998, os imóveis na região va lorizaram

30%.

Tomando por referência este percentual será aplicad o nas

Regiões Administrativas da área de influência da L4 mediante

os dados do IPP (2003) que encontra-se na TAB. 6.15 será

projetada uma valoração de 30% no IPTU que será des tinado a L4

anualmente.

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174

TAB. 6.15 Arrecadação de IPTU nas Regiões Administrativas da área de influência da L4

Áreas de

Planejamento e 1995 1996 1997 1998 1999

Regiões

Administrativas (R$) (%) (R$) (%) (R$) (%) (R$) (%) (R$) (%)

Total 303

583 014 100,00

342

031 772 100,00

357

784 929 100,00

435

506 780 100,00

651 180

285 100,00

Área de

Planejamento 2

129

422 930 42,63

147

018 932 42,98

151

037 390 42,21

183

324 760 42,09

288 482

079 44,30

IV - Botafogo 36 700

750 12,09

40 654

657 11,89

41

120 578 11,49

43 873

523 10,07

75 786

775 11,63

VI - Lagoa 43 801

741 14,43

51 166

521 14,96

52

372 187 14,64

67 409

153 15,48

102 392

233 15,72

XXVII - Rocinha - - - - - - 461

711 0,11 29 230 0,01

Área de

Planejamento 4

64 702

240 21,31

69 729

240 20,39

76

431 025 21,36

98 264

869 22,56

142 231

055 21,83

XXIV - Barra da

Tijuca

52 004

912 17,13

55 071

122 16,10

60

178 046 16,82

75 399

961 17,31

111 809

229 17,16

Fonte: INSTITUTO PEREIRA PASSOS (2003)

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175

O valor anual do IPTU com a valoração devido a impl antação

da L4 será da ordem de R$ 145.351.997,70, que aplic ou-se este

valor anualmente no fluxo de caixa do empreendiment o depois

que a L4 entrar em operação.

• Imposto sobre combustíveis

Conforme TEIXEIRA (2003), a conta da CIDE é da orde m de R$

17 bilhões, porém esta contribuição não tem sido cu mprida como

deveria ser em Lei que destina 70% deste recurso pa ra os

transportes.

Este recurso tem sido destinado ao Ministério da Fa zenda que

por sua vez ainda não tem uma posição clara a respe ito de

investimentos nos transportes.

Este recurso foi considerado como a participação da União

nos primeiros quatro anos do projeto, devendo o mes mo ser

combinado com o Congresso.

Quanto ao Governo Estadual considerou-se a Lei 407/ 2003

referente aos Royalts do Petróleo também para financiar os

quatro primeiros anos do projeto.

• Taxação de empresa para compor Fundo de Transpor te

Como ainda não existe legislação para compor o fund o de

transporte, este item será desconsiderado para este estudo de

caso.

6.5.4.2 PARCEIRAS

• Créditos obtidos por intermédio de fornecedores

Considerou-se esta para esta parceria créditos apor tados na

SPE para aquisição de material rodante e sistemas. A Alston

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deverá fornecer o material rodante e receberá do fl uxo de

caixa a proporção investida.

• Operação de cross-border leasing

Como foi descrito no item da estrutura de financiam ento,

para este estudo de caso não foram aplicadas negoci ações

bancárias, portanto, este recurso não entrará no fl uxo de

caixa.

Pode acontecer que depois de um certo período o sis tema

necessite de mais material rodante e sistemas, devi do ao

crescimento da demanda e expansão do mesmo, portant o poderá

ser uma fonte futura de recursos.

• Empresas participantes de acordo de compra de en ergia ( PPA-

Power Purchase Agreement )

Considerou-se a participação de 5% do custo de inve stimento

da ordem de R$ 70.736.750,00 (setenta milhões setec entos e

trinta e seis mi e setecentos e cinqüenta reais) pa ra a Light.

Determinou-se este percentual de acordo com os estu dos de

caso da aplicação de modelos Project Finance , onde houve

participação de empresas fornecedoras de energia (B ONOMI &

MALVESSI, 2002).

Sendo o metrô um cliente de elevado potencial para as

empresas fornecedoras de energia, esta poderá garan tir mais um

cliente.

• Investidores institucionais (Fundos)

Esta participação ainda não tem muita representativ idade,

portanto esse recurso poderá mais adiante, depois d a Reforma

da Previdência, entrar no fluxo de caixa com um per centual

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maior.

Primeiramente estima-se um percentual de 2% do valo r do

empreendimento, o que representa R$ 28.294.700 (vin te e oito

milhões duzentos e noventa e quatro mil e setecento s reais).

• Empresas construtoras

As empresas construtoras, representadas pela Queiro z Galvão

e Constran, serão responsáveis por todas as obras c ivis do

empreendimento e arcaram com os custos, porém em tr oca além da

proporção investida que receberão do fluxo de caixa , estas

empresas entrarão em parceria para construção de

empreendimentos imobiliários vinculados ao projeto como será

visto no item de operações urbanas, onde a incorpor ação lhe

proporcionará 80% do empreendimento construído em g lebas

públicas estaduais.

• Operadores privados de transporte

A empresa operadora, a Ttrans, irá arcar com os cus tos das

despesas anteriores e pré-operacionais, que represe ntam R$

5.040.000,00 (cinco milhões, e quarenta mil reais).

• Indústria, comércio e serviços

Considerou-se um investimento por parte dos shoppin gs

centers situados na área de influência.

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• Parcerias com empreendimentos lindeiros já impla ntados ou a

implantar

Para este item considerou-se a participação do Gove rno

Municipal com recursos orçamentários vinculados as melhorias

necessárias para os Jogos Pan Americanos de 2007.

6.5.4.3 MERCADO DE CERS

Conforme o DETRAN-RJ (2003), a frota do município d o Rio de

Janeiro é formada por 1.770.536 veículos movidos a álcool,

gasolina, diesel e híbridos (gasolina-gás natural e álcool-gás

natural) que se encontram distribuídos nas seguinte s

proporções conforme mostra a TAB. 6.16.

TAB. 6.16 Frota de veículos do município do Rio de Janeiro

por tipo de combustível

TIPO DE

COMBUSTÍVEL NÚMERO DE VEÍCULOS PERCENTUAL

Álcool 256.716 14,50

Gasolina 1.380.246 77,96

Diesel 68.845 3,89

Álcool-gás

natural 4.639 0,26

Gasolina-gás

natural 60.090 3,39

TOTAL 1.770.536 100,00

Fonte: DETRAN-RJ (2003)

Adotou-se esta mesma proporção para os veículos que circulam

no trajeto da L4 e sabendo a demanda desviada de au tomóveis e

ônibus como foi descrita no início do capítulo e qu e todos os

ônibus são movidos a diesel tem-se para cada cenári o o

percentual da TAB. 6.17.

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TAB. 6.17 Estimativa dos veículos desviados com a

implantação da L4 por tipo de combustível.

TIPO DE COMBUSTÍVEL

NÚMERO DE VEÍCULOS

Cenário de 2010

NÚMERO DE VEÍCULOS

Cenário de 2020

Álcool 5.766 7.347

Gasolina 31.003 39.500

Diesel (automóveis) 752 958

Diesel (ônibus) 795 1.013

Álcool-gás natural 103 132

Gasolina-gás natural 1.348 1.718

TOTAL 39.768 50.667

Devido esta redução da circulação destes veículos v ários

gases poluentes, alguns calculados anteriormente na

quantificação dos benefícios econômicos e o CO 2 (dióxido de

carbono) deixaram de ser emitidos. Com base neste f undamento e

no Art. 12 do Protocolo de Quioto a redução de CO 2 entrará como

fonte de recursos para complementar o pagamento dos custos

operacionais.

Segundo RIBEIRO (2003), um automóvel movido à gasol ina (22%

de etanol) emite 217 g de CO 2 /km. Conforme MATTOS (2001), os

valores para álcool, diesel e gás natural são respe ctivamente

175 g de CO 2 /km, 280 g de CO 2 /km e 133 g de CO 2 /km.

A GISTRAN (2003) relata que o mercado paga de US$ 3 a US$ 5

por tonelada de CO 2 não emitida, portanto para efeito de

cálculo adotou-se US$ 4 (US$= R$ 2,90).

Mediante esses dados, admitiu-se um montante propor cional ao

que foi concedido ao Projeto Plantar em Minas Gerai s, de venda

de 23% do total da redução de CO 2 no período da concessão.

Aplicou-se este recurso para investimento por parte do

governo.

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6.5.4.4 EMPREENDIMENTOS CONJUNTOS VINCULADOS AO PROJETO

• Operações Urbanas Consorciadas

Para este item foi escolhido a gleba pública estadu al

localizada na Barra de Tijuca, na interseção entre a AV.

Ayrton Senna e Av. das Américas conforme a planta d e

localização na FIG. 6.3.

FIG. 6.3 Planta de localização da gleba estadual na interseç ão

entre a Av. Ayrton Senna e Av. das Américas.

Fonte: DIAS (2001)

Esta gleba também conhecida como “Cebolão” apresent ada na

FIG. 6.4 possui uma área de 242.000 m 2 e será incorporada pela

iniciativa privada, mesmas construtoras responsávei s pela

execução do empreendimento.

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FIG. 6.4 Gleba pública estadual (“Cebolão”)

Fonte: DIAS (2001)

Levantamentos mostram que podem ser construídas nes ta área

375 lojas com 40 m 2 cada e 200 salas com 30m 2 cada. Admitiu-se

20% para o Estado da incorporação gerando anualment e uma

receita proveniente de aluguéis da ordem de R$ 1.18 8.000,00

(alugando as salas por R$ 600,00 e as lojas por R$ 1.000).

Admitiu-se outra parceira nesta gleba com empresa

exploradora de estacionamento que cobrará R$ 4,00 p or 4 horas

e R$ 1,00 na fração de cada hora acima das 4. Esta empresa

deve contar com 20% das vagas privativas com mensal idade de R$

240,00.

Para o estacionamento estimou-se uma área de 2.000 m2 com

potencial para 4 andares e com vagas unitárias de 8 m2,

totalizando 800 vagas.

Da receita total 20% será para cobrir os custos ope racionais

da L4.

Levando-se em conta essas considerações estimou-se que uma

receita anual de R$ 6.067.200,00, sendo R$ 1.213.44 0,00 para a

L4.

Adotou-se o mesmo procedimento para mais sete gleba s

estaduais situadas na área de influência da L4 conf orme mostra

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182

a TAB. 6.18, considerando-se as de maior valor, seg undo

levantamento feito por DIAS (2001).

TAB. 6.18 Operações Urbanas Consorciadas

LOCALIZAÇÃO DO

TERRENO EMPREENDIMENTO

INICIATIVA

PRIVADA

GOVERNO

ESTADUAL

Av. Ayrton Senna

(Horto mercado)

Comercial

2 pavimentos

240 lojas (40

m2)

60 lojas (40

m2)

Av. Ayrton Senna

(Sede Da Região

Administrativa)

Comercial

2 pavimentos

320 salas (30

m2)

80 salas (30

m2)

Av. das Américas

(Bosque)

Comercial

2 pavimentos

48 salas (40

m2)

32 lojas (30

m2)

12 salas (40

m2)

8 lojas (30

m2)

Estrada da Barra

(Itanhangá)

Comercial

10 pavimentos

32 salas (40

m2)

8 salas (40

m2)

Av. Padre Leonel

Franca

(Estacionamento

da PUC)

Estacionamento

5 pavimentos

1200 vagas (8

m2)

300 vagas (8

m2)

Av. Bartolomeu

Mitre

(Batalhão da PM)

Residencial

(4 blocos de 10

andares)

128

apartamentos

(200 m 2)

68

apartamentos

(200 m 2)

Rua Gilberto

Cardoso

(Cobal do Leblon)

Comercial e

Residencial

(4 blocos de 10

andares)

640 salas

192

apartamentos

(150 m 2)

160 salas

48

apartamentos

(150 m 2)

Admitiu-se conforme a tabela descrita anteriormente , o

aluguel das lojas, salas, vagas e apartamentos pert encente ao

Governo Estadual, gerando receitas complementares p ara cobrir

alguns custos.

Como as áreas escolhidas são nobres, tanto na Barra , como na

Gávea e Leblon, estimou-se o alugue para cada loja no valor de

R$ 1.000,00, sala R$ 600,00, vagas no estacionament o o mesmo

critério adotado no “cebolão”.

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Aplicou-se estes recursos como recursos operacionai s.

• Inclusão de faixa de domínio e entorno das estaç ões

(desapropriações) na “Concessão Ampliada”

Como 80% do traçado da L4 está inserido em rocha, s ão poucas

as áreas a serem desapropriadas, logo para este est udo de caso

desconsiderou-se tal recurso, porém se modificar o traçado e o

percentual fora da rocha aumentar poder-se-á aplica r este

recurso nas áreas lindeiras ao traçado.

6.5.4.5 NEGOCIAÇÕES DE GLEBAS NÃO DIRETAMENTE VINC ULADAS AO

PROJETO

• Venda de glebas públicas ou sua utilização em ga rantias

Conforme o levantamento feito por DIAS (2001), as g lebas que

não foram utilizadas nas operações urbanas da TAB. 6.18,

foram negociadas para recursos de investimentos, co nforme

mostra a TAB. 6.19.

Cabe ressaltar que os valores descritos a seguir sã o

referentes a setembro de 2001.

TAB. 6.19 Glebas estaduais na área de influência da L4

BAIRRO NÚMERO DE IMÓVEIS

ÁREA TOTAL

(m2) VALOR DOS TERRENOS

Botafogo 4 8440 R$ 15.354.750,00

Humaitá 1 1388 R$ 3.213.900,00

Jardim

Botânico 1 1813 R$ 7.835.100,00

Lagoa 1 637 R$ 1.966.800,00

TOTAL 7 12.278 R$ 28.370.550,00

Fonte: DIAS (2001)

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• Negociação com glebas privadas adquiridas

SMOLKA (2002) relata que o preço da terra urbanizad a é alto,

o preço de mercado do metro quadrado de um lote urb anizado por

agentes privados varia tipicamente entre US$ 32 e U S$ 172 nas

cidades latino-americanas (valores medianos mínimo e máximo

obtido em uma amostra de 10 diferentes cidades lati no-

americanas).

Em estudo realizado pelo mesmo Autor, em 1991, defi ne que na

Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, o valor do metro

quadrado alcançado por lotes de 250 a 600 m 2 seria algo como

seis vezes superior ao do metro quadrado de glebas com mais de

10.000 m 2.

Portanto, caso os patrocinadores venham adquirir gl ebas na

área de influência estas poderão futuramente, ser v endidas com

a valorização proporcionada pela implantação da L4.

6.5.4.6 RECEITAS

As receitas aplicadas no fluxo de caixa são referen tes a

tarifa, adotou-se o valor de R$ 4,00, segundo estud o de MAC

DOWELL (2002), já corrigidos pelo IGP-M, conforme r eza o

CONTRATO DE CONCESSÃO (1998).

Para receitas de publicidade adotou-se um percentua l de 0,2%

sobre a receita tarifária.

Aplicou-se as demais receitas segundo as fontes des critas no

item anterior.

Para obter a receita tarifária líquida aplicou-se t ributos

indiretos incidentes sobre o faturamento, conforme apresentado

a seguir:

CONFINS (Contribuição Social sobre o Faturamento)/P IS

(Programa de Integração Social): de acordo com a le gislação

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vigente é 3% e 0,65% respectivamente sobre a receit a bruta da

empresa (Lei Complementar 70/91)

ASEP (instituído pela Lei Estadual 2686 de 12/02/97 ),

considerado 0,5% sobre a receita bruta referente a taxa de

regulação.

ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e S erviços,

de transporte estadual e intermunicipal e de comuni cações):

previsto na constituição Federal em seu artigo 155 e

regulamentado pela Lei Complementar 87/96, consider a-se um

percentual de 5%.

Com relação aos tributos diretos, para o cálculo da

Contribuição Social considerou-se a alíquota vigent e na

legislação atual, a saber: 8% sobre o lucro antes d os

impostos; e para o cálculo do Imposto de Renda util izou-se

também a alíquota vigente na legislação atual (Lei 9.430 de 27

de dezembro de 1996), a saber: 15% sobre o lucro an tes dos

impostos e 10% sobre a parcela do lucro excedente a R$

240.000,00 (ERNST & YOUNG, 1999).

6.5.4.7 ANÁLISE FINANCEIRA

a) Taxa Mínima de Atratividade (TMA)

Calculou-se a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) pel o Custo

Médio Ponderado do Capital (CMPC) para poder trazer o valor

presente dos fluxos de caixa operacionais do empree ndimento,

correspondente ao do empreendimento.

Aplicou-se este modelo por refletir o custo oportun idade dos

provedores de capital, ponderado pela estrutura de capital do

empreendimento.

Para o cálculo foi aplicada a seguinte equação:

CMPC= [ E/ (E+D) x R E ] + [ D/ (E+D) X R D ] (EQ. 6.1)

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Onde,

E = capital próprio ( equity )

D = capital de terceiros ( debt )

RE = custo de financiamento com capital próprio

RD = custo de financiamento com capital de terceiros

Admitiu-se como parâmetros de 100% de capital própr io (E) e

0% de capital de terceiros (D). Como este parâmetro é igual a

zero foi necessário calcular somente o custo do fin anciamento

de capitais próprios (R E).

Este custo foi estimado pelo modelo Capital Asset Pricing

Model (CAPM), o qual relaciona o retorno esperado pelo

investidor com o nível de risco por este incorrido. O cálculo

deste risco considerou os fatores do risco Brasil, risco

setorial e risco de liquidez.

Considerou-se para este cálculo, a estrutura média das

empresas de capital aberto do setor de transporte f erroviário

do mercado norte americano, conforme o estudo de vi abilidade

financeira da Linha 3 do Metrô-RJ feito pela ERNST & YOUNG

(1999).

Segundo a ERNST & YOUNG (1999), os dados do mercado

brasileiro provocam distorções no modelo. Assim sen do,

acrescentou-se ao modelo o risco Brasil e retirou-s e a

expectativa da inflação norte-americana, tendo em v ista que

mesmo os dados norte-americanos possuem parcela de inflação.

Para o cálculo do custo do financiamento com capita is

próprios aplicou-se a equação característica do mod elo CAPM

que encontra-se descrita a seguir:

R E = R F + β x [ E (R M) – R F ] (EQ. 6.2)

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Onde,

RF= taxa de retorno de um ativo sem risco do mercado

brasileiro

β= risco sistemático das ações de empresas comparáve is

[ E (R M) – R F ]= retorno esperado do portfólio de mercado em

relação à taxa de retorno de um ativo sem risco (re torno

histórico do índice S & P 500 em relação ao 10 years Treasury

Bound ).

Com os parâmetros da TAB. 6.20, aplicados na metodo logia

anteriormente descrita chegou-se a uma TMA de 15,03 %.

TAB. 6.20 Parâmetros para a empresa

Parâmetros

RF(EUA) 6,66%

πΑΥΕ 2,68%

αΡΒ 7,92%

β 0,88%

[ E (R M) – R F ] 3,56%

RF(EUA) 10,46%

33,00%

Fonte: ERNST & YOUNG, MARKET GUIDE E BLOOMBERG (199 9)

b) Fluxo de caixa

Considerou-se para o fluxo de caixa do empreendimen to a

distribuição conforme reza o Contrato de Concessão da L4, onde

45% dos investimentos são de responsabilidade do go verno e 55%

da iniciativa privada.

Para tal, aplicou-se os 45% do governo nos primeiro s três

anos de investimento, ou seja, a iniciativa privada entrou

somente a partir do quarto ano.

A participação dos governos se fez pelos impostos d e

combustíveis, pela venda de glebas públicas, por or çamento de

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empreendimentos lindeiros e mercado de CERs. A inic iativa

privada pela forma de parcerias.

Analisou-se então, para todo o período de concessão (25

anos) todas as entradas e saidas do empreendimento conforme

mostra a TAB. 6.21

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190

c) Valor Presente Líquido (VPL)

Aplicou-se a TMA no saldo de caixa para encontrar o valor

presente do empreendimento que foi da ordem de

R$ 307.257.130,00, conforme mostra a FIG. 6.5.

O valor encontrado foi maior que zero, portanto, o

empreendimento merece ser analisado.

FIG. 6.5 Valor Presente Líquido

e) Taxa Interna de Retorno (TIR)

Obteve-se uma TIR de 21,91% igualando o VPL a zero.

Comparando a TIR com a TMA percebeu-se que é mais v antajoso

investir no empreendimento do que na TMA, logo o

empreendimento é financeiramente viável, conforme m ostra a

FIG. 6.6.

Análise de Risco

050

100150200250300350400450

0% 5% 10% 15% 20% 22%

Taxa

VP

L

TMA

R$ x 106

VPL = R$ 382.446.892

Análise de Risco

050

100150200250300350400450

0% 5% 10% 15% 20% 22%

Taxa

VP

L

TMA

R$ x 106

VPL = R$ 382.446.892

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191

FIG. 6.6 Taxa Interna de Retorno

f) Payback

O retorno para o investimento da iniciativa privada deu-se

entre o sexto e sétimo ano, conforme mostra o diagr ama de

fluxo de caixa da FIG. 6.7.

FIG. 6.7 Payback no diagrama de fluxo de caixa

Conclui-se, portanto mediante aos valores encontrad os que o

empreendimento e o período curto para o retorno do capital

investido, que o empreendimento é financeiramente v iável.

Análise de Risco

050

100150200250300350400450

0% 5% 10% 15% 20% 22%

Taxa

VP

LRISCO

TMA TIR

R$ x 106

VPL = R$ 382.446.892

Análise de Risco

050

100150200250300350400450

0% 5% 10% 15% 20% 22%

Taxa

VP

LRISCO

TMA TIR

R$ x 106

VPL = R$ 382.446.892

RR$$ 226677

RR$$ 334477

RR$$ 114400

RR$$ 118899

RR$$ 221188

RR$$ 221122

RR$$ 221155

RR$$ 221199

RR$$ 222233

RR$$ 221133

RR$$ 221177

RR$$ 222211

RR$$ 222255

RR$$ 222299

RR$$ 223322

RR$$ 223355

RR$$ 223388

RR$$ 224411

RR$$ 224444 RR$$ 225511

RR$$ 224477 RR$$ 225544

RR$$ 225588

Payback Legenda

Entrada anual em R$ 10 6

Saída anual em R$ 10 6

Período de concessão em ano

2004 2029

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192

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Este trabalho teve como objetivo propor a aplicabil idade de

um modelo Project Finance para o sistema metroviário

brasileiro.

Neste contexto, foi realizada uma pesquisa sobre o sistema

metroviário, seu surgimento, suas características, evolução

bem como suas diferenças dentre os demais modos de transporte

urbano sobre trilhos. Ainda, foi realizada uma pesq uisa com

intuito de obter o conhecimento da existência de re cursos não

tradicionais de financiamento no País para viabiliz ar a

implantação e/ou expansão do sistema metroviário br asileiro.

A partir dessas pesquisas, propõe-se a mostrar

aplicabilidade de um modelo Project Finance com as fontes

pesquisadas verificando-se assim, a viabilidade de execução

dos projetos metroviários no País.

7.2 CONCLUSÕES

Pode-se observar, pelo que foi exposto no decorrer da

dissertação, que um modelo Project Finance é uma forma de

financiamento que vem ganhando importância nas estr atégias de

captação de recursos para empreendimentos com risco s. Isso

porque esta estratégia possibilita uma repartição d e riscos

entre os agentes participantes do empreendimento, a inda,

dissocia os fluxos desse projeto da saúde financeir a da

empresa empreendedora.

Nesse sentido, um Project Finance proporciona vantagens

mútuas, pois permite aos empreendedores mitigar seu s riscos e

obter recursos, alavancando o empreendimento sem

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comprometimento da estrutura financeira, e quanto a os

credores, taxa de remuneração do capital compatívei s com o

risco de um projeto e não associadas à capacidade c reditícia

uma empresa.

Entretanto, essa técnica requer um arranjo contratu al

bastante complexo e oneroso, além de longos prazos para sua

elaboração. Tais arranjos necessitam de um ambiente onde

contratos sejam instrumentos confiáveis e respeitad os, pois

neles baseiam-se todas as garantias de divisão de r iscos e

responsabilidades.

Com isso o Project Finance tornou-se uma forma de

financiamento bastante difundida nos países desenvo lvidos,

onde a legislação propicia uma cultura em que os co ntratos têm

grande importância e incontestabilidade.

Porém, em países onde contratos são menos respeitad os, as

técnicas do Project Finance tornem-se frágeis, e atração de

financiadores para este ambiente é tarefa muito dif ícil.

Existe, porém, uma grande demanda por parte dos

empreendedores para este modelo de financiamento.

Entretanto, os empreendedores estão sujeitos ao des conforto

que os investidores ainda sentem em compatibilizar as técnicas

de um Project Finance ao cenário do sistema metroviário

brasileiro, além dos problemas políticos que muitas vezes

podem inviabilizar o empreendimento.

Mesmo com todos as dificuldades percebe-se que o Project

Finance no momento é a solução mais atraente para financia r a

implantação e expansão do sistema metroviário brasi leiro.

7.3 RECOMENDAÇÕES

Os aspectos abordados ao longo do trabalho serviram para

analisar em linhas gerais que o País possui um ambi ente

propício para a aplicação de um modelo Project Finance .

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As informações nele contidas servem como base para dar

continuidade a estudos que identifiquem novas fonte s não

tradicionais de recursos para viabilizar a implanta ção e/ou

expansão do sistema metroviário brasileiro.

Recomenda-se que seja feita uma análise referente a o valor

da tarifa e ao índice estabelecido para correção da mesma.

Também recomenda-se o desenvolvimento de um banco d e dados

unificado que contenha todas as fontes plausíveis d e serem

aplicadas no País para facilitar e agilizar a viabi lização da

implantação e/ou expansão do sistema metroviário br asileiro.

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195

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201

9 ANEXO

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9.1 ANEXO 1: PROCEDIMENTO PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJECT

FINANCE

Este procedimento baseia-se em AZÚA (2002).

1 FORMAÇÃO DA SOCIEDADE COM PROPÓSITO ESPECÍFICO

A Formação de uma pessoa jurídica exclusivamente pa ra o

empreendimento que deverá executar o projeto e faze r o

financiamento, cabe a mesma, ou seja, a SPE a respo nsabilidade

financeira dos patrocinadores junto aos bancos agen ciadores de

fundos. Evitando-se que os credores cujos créditos tenham

origem em outras atividades.

1.1 ELABORAÇÃO DO ACORDO DE ACIONISTAS

Deve-se incluir dispositivos legais que isolem a em presa

envolvida no projeto, do risco de confundir seus at ivos e suas

obrigações, com os patrocinadores.

Certos aspectos descritos abaixo devem também ser l evados em

consideração em um Project Finance sendo eles:

1.1.1 APORTE PONTUAIS DE CAPITAIS

Os aportes podem ser feitos durante a execução do p rojeto,

os bancos agenciadores do crédito são os responsáve is pelo

índice, dívida versus capital.

Terá que ter uma credibilidade entre os sócios, alé m da

capacidade financeira de enfrentar as futuras obrig ações de

integralizar o capital prometido.

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1.1.2 A POSSIBILIDADE DE CONTRIBUIÇÕES EM VALOR NÃ O-EFETIVO

É o caso de quando um ou mais acionista aportam imó veis nos

quais será executado o projeto, é importante fixar o valor a

ser atribuído ao imóvel.

1.1.3 DIREITO DE PREFERÊNCIA

Se algum dos acionistas quiser sair da sociedade,

primeiramente é oferecida aos demais acionistas par a que não

se perca o controle, senão é aportada a terceiros.

1.1.4 PREVISÕES PARA O CASO DE CONFLITO DE INTERES SES

Caso algum acionista entre com alguma empresa para executar

alguma atividade do projeto da SPE, esse deverá se abster de

qualquer decisão que se refere ao contrato da ativi dade.

1.1.5 CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA

Para evitar que qualquer atividade possa entrar em conflito

com interesses da SPE, não é de exclusividade e sim de boa fé.

Se houvesse concorrência entre acionistas, o compro metimento

seria duvidoso, o que não é bom já que o projeto é a base de

financiamentos.

1.2 CONTRATAÇÃO DE UM ASSESSOR FINANCEIRO

Deve-se contratar um assessor financeiro com a fina lidade do

mesmo preparar um pacote financeiro que vai além do controle

do patrocinador do projeto e seus gerentes.

Esse assessor deve atuar nas funções relacionadas a seguir.

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204

1.2.1 ESTUDOS PRELIMINARES

Onde se determina se o projeto é suficientemente co erente,

para receber investimento de longo prazo. O assesso r

financeiro vai determinar os objetivos dos patrocin adores,

fará um replanejamento e dará sugestão, se for o ca so, para

caminhos alternativos.

Esta etapa é de extrema importância, pois o assesso r

financeiro evitará gastos na análise dos projetos d e

viabilidade duvidosa, e também uma prematura rejeiç ão por

parte dos banqueiros.

1.2.2 O PLANEJAMENTO GLOBAL

Tendo como objetivo o financiamento, o assessor fin anceiro

participará com os banqueiros internacionais para p reparar o

modelo financeiro do projeto e planejar os cenários de risco.

1.2.3 OFFERING MEMORANDUM

Este será o documento de apresentação do projeto, e têm como

objetivo fornecer informações para uso no mercado f inanceiro.

É a principal ferramenta dos patrocinadores, para q ue possam

obter financiamentos para a execução do projeto.

1.2.4 CONTRATO DE UNDERWRITING

Na maioria das vezes, o assessor financeiro está

representado na figura de um banco comercial ou de

investimento, portanto há necessidade de escolher a quele que

conseguirá atender as necessidades financeiras do p rojeto por

intermédio de bônus não absorvidos pelo mercado.

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205

1.3 GROSS NEGLIGENCE NO CONTRATO DE UNDERWRITING

Um contrato firmado pelos assessores e os contratan tes em

que esse deverá indenizá-lo por qualquer perda ou i nformações

incorretas que sofrer no desempenho de sua função. Segundo o

teor desta cláusula, o assessor terá direito a hono rários e

não será responsabilizado caso o empréstimo não ten ha sido

efetuado com êxito.

O negociador brasileiro deve estar inteirado no con trato a

cláusula que isenta a responsabilidade por negligên cia existe

a possibilidade de ser questionado na justiça.

1.4 ELABORAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DO PROJETO

Representado pelo Offering Memorandum onde deve ser

enfatizada estritamente a realidade, depois da minu ciosa

análise de toda a documentação.Deve incluir no míni mo o

esquema do modelo, ou seja, os patrocinadores, as e mpresas que

irão participar do projeto, a localização do projet o,

estimativa dos custos de construção, prazo de execu ção e

critérios que estão baseados, além de uma breve des crição

sobre o plano de financiamento.

1.5 ESCOLHA DO AGENTE FINANCIADOR

Deve ser feito primeiramente uma lista com os possí veis

agentes, levando-se em consideração a relação entre o

banqueiro e o tomador de empréstimo e não a taxa de juros

oferecida.

O banco terá que ter flexibilidade e ser capaz de c riar

soluções para os possíveis problemas que vierem sur gir.