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O mensalão inserido na teoria dos escândalos políticos midiáticos de Thompson Vevila Junqueira da Silva 1 Resumo Este artigo insere o episódio político brasileiro conhecido como escândalo do mensalão na teoria social dos escândalos políticos, desenvolvida por John Thompson (2002). Os elementos constitutivos desse episódio político foram extraídos das matérias de capa das revistas Carta Capital, Época, Istoé e Veja, nas edições subseqüentes ao surgimento desse escândalo na mídia – o marco referencial são as denúncias veiculadas pelo jornal Folha de S. Paulo em 6 de junho de 2005, repercutidas pelas referidas revistas nas edições de 13 de junho (Época) e 15 de junho (Carta Capital, Istoé e Veja). O estudo insere o mensalão na categoria de escândalos político-financeiros e verifica a pertinência dessa inserção analisando a conceituação do episódio feita pelas revistas. Foi levantado como as reportagens trataram o escândalo na perspectiva da teoria social do escândalo e se foram – e como – apontados os pontos importantes para a dinâmica do escândalo tais como esvaziamento da credibilidade, estratégias para driblar a crise, reações dos adversários políticos, estágios da crise, motivos da crise, prognóstico e apontamento conseqüências, e dissociação das “más companhias”. Palavras-chave: escândalo político midiático, mensalão, Thompson, revistas semanais 1. Introdução O surgimento de formas modernas de comunicação midiática e difusão da informação transformaram o estatuto social e político no qual vivemos. Thompson (2002), ao traçar uma teoria do escândalo político midiático, destaca como o uso contemporâneo da mídia transformou a conduta dos líderes políticos e a vida política em geral. Grande parte dessa mudança pode ser atribuída à transformação da visibilidade, ou seja, ao desbotamento das fronteiras entre o que é público e o que é privado. Como público passou a ser tudo o que pode ser captado e difundido pelos meios de comunicação social, os atores políticos, ao mesmo tempo em que podem dar uma publicidade e amplitude maior aos seus atos, se vêem, em contrapartida, em uma situação de maior fragilidade e vulnerabilidade. É nesse contexto de reconfiguração política e social que o autor coloca a questão do escândalo político midiático, reconfiguração esta que dá forma também ao modo como o poder é exercido em nossa sociedade. Thompson mostra que, no cenário atual, 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Unesp-Bauru e graduada em Comunicação Social / Jornalismo, UFMS. E-mail: [email protected]

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O mensalão inserido na teoria dos escândalos políticos midiáticos de Thompson

Vevila Junqueira da Silva1

Resumo

Este artigo insere o episódio político brasileiro conhecido como escândalo do mensalão na teoria social dos escândalos políticos, desenvolvida por John Thompson (2002). Os elementos constitutivos desse episódio político foram extraídos das matérias de capa das revistas Carta Capital, Época, Istoé e Veja, nas edições subseqüentes ao surgimento desse escândalo na mídia – o marco referencial são as denúncias veiculadas pelo jornal Folha de S. Paulo em 6 de junho de 2005, repercutidas pelas referidas revistas nas edições de 13 de junho (Época) e 15 de junho (Carta Capital, Istoé e Veja). O estudo insere o mensalão na categoria de escândalos político-financeiros e verifica a pertinência dessa inserção analisando a conceituação do episódio feita pelas revistas. Foi levantado como as reportagens trataram o escândalo na perspectiva da teoria social do escândalo e se foram – e como – apontados os pontos importantes para a dinâmica do escândalo tais como esvaziamento da credibilidade, estratégias para driblar a crise, reações dos adversários políticos, estágios da crise, motivos da crise, prognóstico e apontamento conseqüências, e dissociação das “más companhias”. Palavras-chave: escândalo político midiático, mensalão, Thompson, revistas semanais 1. Introdução

O surgimento de formas modernas de comunicação midiática e difusão da

informação transformaram o estatuto social e político no qual vivemos. Thompson

(2002), ao traçar uma teoria do escândalo político midiático, destaca como o uso

contemporâneo da mídia transformou a conduta dos líderes políticos e a vida política

em geral. Grande parte dessa mudança pode ser atribuída à transformação da

visibilidade, ou seja, ao desbotamento das fronteiras entre o que é público e o que é

privado. Como público passou a ser tudo o que pode ser captado e difundido pelos

meios de comunicação social, os atores políticos, ao mesmo tempo em que podem dar

uma publicidade e amplitude maior aos seus atos, se vêem, em contrapartida, em uma

situação de maior fragilidade e vulnerabilidade.

É nesse contexto de reconfiguração política e social que o autor coloca a questão

do escândalo político midiático, reconfiguração esta que dá forma também ao modo

como o poder é exercido em nossa sociedade. Thompson mostra que, no cenário atual,

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Unesp-Bauru e graduada em Comunicação Social / Jornalismo, UFMS. E-mail: [email protected]

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os alicerces sobre os quais o poder se fundamenta e os tipos de recursos regem a

“cotação” dessas fontes de poder simbólico estão também fortemente ligados à natureza

e à configuração dos escândalos políticos midiáticos.

O objetivo deste estudo é verificar se a dinâmica e os elementos caracterizadores

do escândalo político midiático propostos por Thompson se estendem ao tratamento

dado pela mídia a esse fenômeno. Para tanto, tomou-se como objeto o escândalo do

mensalão e as reportagens das revistas Carta Capital, Época, Istoé e Veja.

2. Desenvolvimento

2.1 Conceito de escândalo político

De acordo com Thompson (2002), atualmente, o termo escândalo é entendido

como revelação, através da mídia, de algum ato, procedimento ou atividade, que

estavam antes ocultos, mas que implicam em transgressões a normas, valores, leis ou

obrigações. Trata-se não meramente da divulgação de um segredo, mas desta

divulgação configurada como um evento midiático, no qual não só o ato em si, mas o

conjunto dos comentários reprovadores, imagens acusatórias, fotos comprometedoras e

manchetes dramáticas veiculadas passam a ser parte constitutiva do próprio escândalo.

Em linhas gerais, o autor define escândalo político como lutas pelo poder

simbólico, em um contexto no qual aquilo que dá valor a esse poder simbólico é a

reputação e a confiança. O acúmulo de capital simbólico está baseado na manutenção de

uma boa reputação pessoal e na crença na probidade moral do indivíduo, ou seja, o

exercício do poder simbólico depende de capital simbólico, que abastece a reputação,

fonte vital desse tipo de poder. Os escândalos políticos são maléficos aos homens que

almejam revestir-se de poder simbólico justamente porque esvaziam a cota de

confiabilidade depositada neles.

As normas mais suscetíveis a renderem escândalos são as que governam as

relações sexuais, o exercício do poder e as transações financeiras. O autor separa então

os escândalos políticos em três categorias: político-sexual, escândalo de poder e

escândalo político-financeiro.

Um exemplo recente de escândalo político-sexual na história política

internacional foi o envolvimento do ex-presidente norte-americano Bill Clinton com a

estagiária da Casa Branca, Monica Lewinsky. Na época, instaurou-se um clima geral de

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crise no governo dos Estados Unidos, com ameaça de impeachment, e aquele tornou-se

o mais importante escândalo sexual da história política do país, mais pelo fato de se ter

tentado negar o fato – mentindo durante testemunho sob juramento diante de uma juíza

federal e tentando manipular testemunhas – do que pelo adultério em si, já que Bill

Clinton tinha um histórico de envolvimentos fora do casamento.

O amplamente citado caso Watergate é um exemplo de escândalo de poder.

Trata-se do envolvimento da Casa Branca (EUA) no episódio de escuta ilegal instalada

no quartel-general do Comitê Democrático Nacional, no complexo de apartamentos em

Washington chamado Watergate. O episódio freou repentinamente a carreira política do

então presidente Richard Nixon, que renunciou no dia 8 de agosto de 1974, após

período de intensa investida da imprensa sobre o caso. O grande paradoxo é que Nixon

nunca foi indiciado por acusações criminosas nem condenado por ser mandante da

instalação; seus delitos foram transgressões de segunda ordem, como encobrimento e

reiteradas negações que se provaram falsas no decorrer das investigações.

Para referir um exemplo brasileiro vale mencionar o escândalo do Orçamento no

governo Itamar Franco, caracterizado como escândalo financeiro, que diz respeito a

esquemas de corrupção no Congresso comandado pelos chamados anões do Orçamento,

um grupo de parlamentares que se revezava nos postos-chave da comissão do

Orçamento. O episódio resultou na cassação de seis deputados e quatro renúncias antes

do julgamento.

Os escândalos políticos podem ser colocados em três patamares. O primeiro se

resume a um evento restrito, localizado, que não extravasa as dimensões de uma

instituição, grupo ou comunidade. O segundo tipo é caracterizado pela intervenção da

imprensa, a partir dos séculos XVI e XVII, num contexto em que o escândalo era

difundido pelos meios de comunicação sem que, no entanto, esta difusão interferisse em

sua dinâmica própria. Além disso, no tempo dos panfletos nas monarquias, o escândalo

era mal visto, pois sua veiculação tinha um caráter jocoso ou denunciatório que beirava

a subversão. O terceiro tipo, os atuais escândalos políticos, difere do segundo tipo,

porque são constituídos por formas midiáticas de comunicação que se confundem, elas

próprias, com o desenvolvimento do escândalo. Outra diferença é que, com o prestígio

do jornalismo investigativo, criou-se uma cultura em que é bem-visto trazer a público

atos imorais ou ilícitos antes encobertos.

Para um tratamento dos escândalos, Thompson sugere o que chama de teoria

social do escândalo, na qual estão em jogo elementos de poder, reputação e confiança.

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Essa teoria pode ser formulada pelo seguinte enunciado: “escândalos são lutas pelo

poder simbólico em que a reputação e a confiança estão em jogo” (Thompson, 2002, p.

296). Não é regra que escândalos destruam a reputação e enfraqueçam a confiança, mas

eles têm o potencial considerável de fazer isso.

2.6 Elementos de Thompson no escândalo do mensalão

Para verificar a possibilidade do escândalo do mensalão emoldurado na teoria

social dos escândalos políticos, desenvolvida por John B. Thompson (2002), foram

destacados alguns aspectos da dinâmica e dos elementos caracterizadores dos

escândalos políticos midiáticos enunciados pelo referido autor e averiguado se as

revistas tiveram a preocupação com as mesmas questões levantadas e como essas

questões foram tratadas. Este artigo vale-se de dois suportes oriundos da teoria de

Thompson para estabelecer os pontos de análise, o que chamamos de fatores integrados

e estrutura seqüencial.

Fatores integrados

No seu intento de desenvolver uma explicação analítica do escândalo político e

delinear uma teoria social de suas condições e conseqüências, John B. Thompson (2002)

faz um levantamento de fatores que permeiam os escândalos políticos como

acontecimentos contemporâneos. Conceituando o escândalo político como “lutas pelo

poder simbólico em que a reputação e a confiança estão em jogo” (p.296), ele aponta

uma série de fatores que constitui o conjunto de forças relativas ao contexto em que essa

“batalha” por gerir as “cotas” de reputação e confiança ocorrem. Na Figura 1, os três

retângulos sombreados constituem os elementos diretamente ligados ao escândalo

político: a visibilidade, a política da confiança e a busca da legitimação poder

simbólico, através da administração da cota de reputação.

Em torno de visibilidade, é possível averiguar que o papel central da mídia na

contemporaneidade criou novas formas de interação que ocasionaram transformações na

vida social e política. Se atualmente os políticos podem recorrer à mídia para dar uma

amplitude maior aos seus feitos, eles também estão mais expostos e portanto mais

vulneráveis a terem os seus deslizes amplificados pelos holofotes midiáticos.

Com relação à política da confiança, nas democracias liberais, é possível

entendê-la como resultado do declínio dos partidos políticos e do crescimento de

votantes desvinculados de partidos classistas, que fazem agora suas escolhas de maneira

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mais independente. Nesse quadro no qual sobrepuja a política da confiança, as eleições

regulares pressupõem uma reafirmação periódica da legitimidade do poder simbólico

exercido pelos homens políticos, na tentativa de angariar votos.

Figura 1 – fatores integrados: elementos incorporados que integralizam os escândalos políticos

Com base na figura acima, é possível fazer comentários a respeito de alguns

itens que serão úteis para traçar guias úteis à análise a que se propõe esse trabalho.

ADMINISTRAÇÃO DA “COTA” DE REPUTAÇÃO: Muitas vezes não só a

figura central de um escândalo político tem sua reputação prejudicada e sua carreira (ou

mesmo vida pessoal) arruinada. Os danos podem se estender a outras pessoas

implicadas em menor grau, ou mesmo instituições ou organizações políticas com as

quais essas pessoas estiveram ligadas. Nesse sentido, é pertinente um olhar acurado

sobre como a mídia retrata o se pode chamar de dissociação das “más companhias”, ou

seja, as referências feitas a um partido que tentar banir um membro que esteja com a

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imagem comprometida, um político que rejeita ligação com um aliado declarado, uma

diretoria que é dissolvida para tentar salvar a imagem de uma instituição, etc.

POLÍTICA DA CONFIANÇA: Com o enfraquecimento da política baseada em

partidos classistas que representavam interesses de distintas classes sociais, cresce a

política de confiança.

Cada vez mais os partidos e seus líderes têm de lutar para ganhar o apoio de uma crescente parcela de eleitores não comprometidos – isto é, de eleitores cujas afiliações políticas têm menos probabilidade de passarem de uma geração a outra e que mais provavelmente irão tomar suas decisões baseados nas opções a eles oferecidas (Thompson, 2002, p.146).

Nesse contexto de disputa, grupos de interesse estão continuamente empenhados

em atacar seus “concorrentes”. Qualquer infortúnio que venha prejudicar o desempenho

do adversário será celebrado pelo opositor. Por isso é importante estar atendo às

referências feitas às reações dos adversários políticos, ou seja, como a mídia retrata o

comportamento de líderes de partidos opositores, por exemplo, inclusive às vezes

assumindo declaradamente estratégias para se beneficiar do infortúnio que atinge o

concorrente.

LUTAS PELO PODER SIMBÓLICO: “O escândalo, seja ele político-sexual,

político-financeiro ou de poder, pode corroer e esvaziar essas fontes de poder simbólico,

que são a reputação e a confiança” (p.13-14). A mídia, consciente ou

inconscientemente, acaba empreendendo um nítido esforço para ressaltar a questão do

“esvaziamento” de credibilidade como forma de ameaça à reputação e à confiança.

VISIBILIDADE: Acontecimentos escandalosos de várias espécies acompanham

a história da sociedade civilizada. A diferença é que agora, porque a mídia passou a

ocupar papel central nas sociedades, esses episódios se confundem eles próprios com a

atuação da mídia, que se adianta em denunciar, trazer a público, reunir provas, etc.

Nesse sentido, um ato de corrupção por si só apenas se transfigura em um escândalo

político midiático quando tornado público pelos veículos de comunicação. Com base

nesse fenômeno, é válido observar como a mídia aponta os motivos da crise e lida com

o fato de ela própria ter comprometimento com o fato de tê-lo tornado público, como

quando, por exemplo, uma revista traz à tona gravações de câmera escondida em que

um funcionário aceita suborno, transfigurando um evento que tinha essencialmente

caráter privado. Como o caso torna-se um acontecimento público, conhecido por

milhões, e de caráter midiático, os próprios meios de comunicação, ao mesmo tempo em

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que imergem no escândalo e confundem-se eles próprios com a dinâmica dos

acontecimentos, colocam-se como agentes externos, capazes de fazer julgamentos por

vezes moralizadores, assim como arriscar prognósticos e apontamento de

conseqüências.

Estrutura seqüencial

Este artigo propõe, ainda, a usar a estrutura seqüencial dos escândalos políticos

como aliada no levantamento dos itens. Embora seja marcado por um constante contar e

recontar de histórias e consecutivas afirmações e contra-afirmações que podem se

estender por dias, semanas, meses e até anos, os escândalos políticos midiáticos

apresentam certa estrutura seqüencial. Isso se deve ao fato de ele ter um início – o

estopim, evento ou circunstância que provoca a série de acontecimentos que constitui o

escândalo – e um fim diagnosticáveis, ainda que esse fim possa traduzir-se em um

definhamento até exaurir o interesse público no caso. O maior benefício de tomar a

estrutura seqüencial como parte do trabalho é situar o analista, de modo que ele não se

perca na aparente desarranjo e desconexão de fatos relacionados ao escândalo. O

analista também pode avaliar o comportamento dos veículos de comunicação nos

termos da série estrutural de acontecimentos, que engloba quatro fases definidas por

Thompson, de acordo com a Figura 2:

Figura 2 - estrutura seqüencial dos escândalos políticos

O pré-escândalo é caracterizado por fofocas, boatos, rumores e comentários de

“bastidores”, fora do “espaço cênico”. Nesse sentido, o escândalo propriamente não

começa com a transgressão em si mesma, mas com a revelação (midiática) que a torna

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objeto de conhecimento público. Nessa fase (escândalo propriamente), os indivíduos

envolvidos, auxiliados por seus conselheiros, assessores, advogados, defensores ou

“padrinhos” se empenham em uma batalha estratégica (que será retomada no final do

item) para dirigir o curso dos acontecimentos para um desenlace o menos catastrófico

possível. A fase do clímax ou desenlace constitui o ponto crítico, às vezes revestida de

poder simbólico, que estabelece os componentes para o resultado final do escândalo,

como um julgamento, uma audiência ou evento de mídia transmitido ao vivo. Este

ponto crítico interrompe o fluxo normal dos acontecimentos e cria uma atmosfera

formal e solene, de alta expectativa. Na última fase do escândalo figuram as

conseqüências. Essa fase é diagnosticável porque é conseguinte a uma confissão,

renúncia, julgamento ou até mesmo se caracteriza pelo definhamento do caso.

Geralmente neste momento menos “acalorado” é possível pensar retrospectivamente e

os jornalistas, e até mesmo os protagonistas do escândalo ou pessoas indiretamente

envolvidas, dedicam-se a uma reflexão sobre os acontecimentos e suas implicações.

A batalha estratégica travada durante o desenvolvimento do escândalo

propriamente é um fator que tem muito a acrescentar se for levado em consideração

pelo analista. Podemos chamar isso de estratégias para driblar a crise. Um olhar mais

acurado do pesquisador sobre referências a tipos de atitudes estratégicas pode ajudar a

manter o foco em questões pertinentes à dinâmica do escândalo. As estratégias citadas

por Thompson são: negar firme e repetidamente o envolvimento nas atividades

referidas; trancar qualquer vazamento, impedindo de fazer-se pública uma notícia que

não se deseja que seja divulgada; prevenir toda evidência de incriminatória; fechar

linhas de investigação; cortar o fluxo de informação; e reverter o jogo contra a

imprensa, colocando em dúvida sua credibilidade e imparcialidade.

É importante ressaltar que a mídia continua fazendo pressão contrária a essas

estratégias e que em muitos casos elas podem inclusive se reverter contra as pessoas que

as adotam. Quando, por exemplo, uma negação prova-se falsa posteriormente, fica

irremediavelmente afetada credibilidade de quem tentou usar de maneira mal-

intencionada esse recurso.

2.7 Reportagens na perspectiva da teoria social do escândalo

Foi levantado como as reportagens trataram o escândalo na perspectiva da teoria

social do escândalo e se foram – e como – apontados os pontos importantes para a

dinâmica do escândalo tais como esvaziamento da credibilidade, estratégias para driblar

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a crise, reações dos adversários políticos, estágios da crise, motivos da crise,

prognóstico e apontamento conseqüências, e dissociação das “más companhias”.

Antes de adentrar cada um dos itens, para verificar a pertinência da classificação

do episódio do escândalo do mensalão como um escândalo político-financeiro, foi

assinalado como cada uma das revistas conceituou o mensalão. Depois, em se tratando

dessa conceituação, para delimitar em que categoria de escândalo o episódio está, foram

apontados quais os aspectos de poder, finanças ou sexo foram mencionados.

Na etapa seguinte, foi feito um levantamento do tratamento dado pelas revistas

aos itens mencionados no primeiro parágrafo: esvaziamento da credibilidade, estratégias

para driblar a crise, reações dos adversários políticos, estágios da crise, motivos da

crise, prognóstico e apontamento conseqüências, e dissociação das “más companhias”.

Levando em conta que uma leitura prévia apontou várias referências a esses itens, foram

reportados apenas os mais representativos. Todo o estudo se dá por meio da construção

de tabelas.

Conceituação do escândalo do mensalão

É bastante evidente que as revistas deram destaque à questão do suborno, ao ato

imoral ou “escandaloso” de se comprar a fidelidade dos aliados. O termo “traficar”,

usado pela revista Veja, no sentido de praticar negócio clandestino e fraudulento, dá o

tom do ponto de vista reprovador calcado na questão financeira: “A pergunta inevitável

é se Lula sabia das traficâncias do tesoureiro do PT” (ver anexo 1). Época e Carta

Capital usaram termos mais amenos como “mesada” e “repasse” de dinheiro. A Istoé

chama o tesoureiro do PT, Delúbio Soares de “morcego petista” – no sentido jocoso de

indivíduo que tem o hábito de somente sair à noite, ou seja, que age na surdina – que

sobrevoava estatais recolhendo contribuições.

Esvaziamento da credibilidade (ameaça à reputação e à confiança)

“O escândalo, seja ele político-sexual, político-financeiro ou de poder, pode

corroer e esvaziar essas fontes de poder simbólico, que são a reputação e a confiança”

(Thompson, 2002, p.13-14). Os termos “cheque em branco”, “fissura”, “patrimônio

ético”, “desencanto”, “estandarte ético” demonstram o enfoque dado à questão do

“esvaziamento” de confiança e reputação, mencionado por Thompson.

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A questão do esvaziamento de credibilidade e quebra de confiança é bastante

nítido nas abordagens das revistas. Carta Capital menciona que “o homem a quem o

presidente Lula disse que entregaria um cheque em branco lançou o governo e o

Congresso na mais profunda crise desde a posse” (ver anexo 2). Diz ainda que Jefferson

“atingiu em cheio o patrimônio ético construído nos últimos 25 anos pelo PT”. A revista

Época menciona que Lula tem medo de entrar para a História como o sindicalista que

fracassou ao chegar no poder. A Istoé, em referência ao estandarte ético do Partido dos

Trabalhadores, lança: “até tu, PT?”. A revista Veja reforça: “Logo o PT, que, em todas

as pesquisas de opinião, sempre apareceu em primeiro lugar como o partido mais

‘idôneo’ e mais ‘confiável’ do país”.

Estratégias para driblar a crise

Thompson define escândalo político midiático como “lutas pelo poder simbólico

em que a reputação e a confiança estão em jogo”. O poder simbólico, essencial à luta

pelo poder político, é usado “para persuadir e confrontar, para influenciar ações e

crenças, cultivar relações confiança e influenciar, o mais que puderem, o curso dos

acontecimentos” (2002, p.134). Nesse sentido, é previsível que os indivíduos que se

encontram no centro do escândalo, junto com seus conselheiros, advogados e

defensores, armem estratégias para tentar direcionar o decurso de afirmações e contra-

afirmações para uma conseqüência o menos desfavorável possível. E é na fase em que

começa o escândalo propriamente dito, com a divulgação pública de uma ação ou

acontecimento, que a adoção dessas estratégias se torna mais visível. As revistas

mostraram preocupação em apontar as estratégias do governo para driblar a crise que se

principiava. Mencionaram uma certa desarticulação e declarações desacertadas – “A

reação do governo e do PT acabou por piorar a situação e tumultuar o cenário” (Carta

Capital) –, além da estratégia de implementação de mudanças estruturais no governo

através da reforma política e ministerial, e até na política econômica, para tentar reaver

o controle da situação. A revista Época chegou a falar em desistência da reeleição do

presidente Lula como uma carta na manga para evitar degringolamento na

administração. Esse degringolamento ao qual a revista se refere tem a ver com o que

Thompson diz: “Mas pior que tudo é quando o escândalo político leva a uma gradual

corrosão das formas de confiança social, da qual depende a ação política cooperativa”

(2002, p.18). Também foi bastante mencionada as artimanhas para, num primeiro

momento, tentar barrar uma CPI e, num segundo momento, sem margem de manobra e

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com ela já instalada, tentar brigar pela relatoria e pela presidência – como neste trecho

de Istoé: “num contorcionismo inédito para um partido que brigava havia dias para

abafar a CPI e foi forçado pelo próprio Lula a engolir a investigação que pode devassar

suas entranhas” (detalhes no anexo 3).

Reações dos adversários políticos

Enquanto a Veja não menciona a satisfação e possíveis articulações dos

adversários políticos com os infortúnios do PT, as outras três revistas apontam a

estratégia do PSDB como moderada, na intenção de não se precipitar e por reconhecer a

força da ligação do presidente Lula com o povo, ou seja, ele é um alvo que não pode ser

aberta e publicamente rechaçado e banido: “O PSDB teme que uma eventual

radicalização dos ataques ao presidente acione o relé que liga Lula ao povo” (Carta

Capital). Na abordagem da revista Istoé, o contentamento com o infortúnio do

adversário não sobrepuja uma fria lógica estratégica para tentar tirar proveito da

situação. A revista menciona que o ex-presidente Fernando Henrique telefonou pra

diversos tucanos pedindo moderação: “O medo do PSDB é que, com o agravamento da

crise, sobrevenha o caos, pondo por terra até mesmo os planos dos tucanos de vencer as

eleições de 2006”. Veja detalhes no anexo 4.

Estágios da crise

Thompson salienta que a transgressão a normas, leis ou obrigações em si não

principia o escândalo midiático; figuram, na verdade, na fase do pré-escândalo. O

escândalo propriamente dito começa quando a violação se torna objeto de conhecimento

público, ou seja, quando os veículos de comunicação noticiam o fato. Seguindo essa

linha, as revistas se referem a um “antes” e um “depois” da denúncia, colocando a

veiculação da denúncia de Roberto Jefferson à Folha de S. Paulo como estopim. Elas

fazem alusão a conversas de bastidores pré-escândalo, retratando o comportamento dos

políticos antes do caso vir à público. Um indício importante do conceito de Thompson

sobre o escândalo político pressupor envolvimento de líder ou figura política e uma

ação transgressora vindo à público é o fato de esse assunto já ter sido noticiado pelo

Jornal do Brasil em 24 de setembro de 2004, mas como o denunciante Miro Teixeira

negou que tivesse feito tais declarações ao jornal, o caso foi arquivado na Câmara e caiu

no esquecimento da opinião pública. Em outras palavras, como a figura política que

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poderia dar sustentação à denúncia se esquivou, o escândalo político perdeu o seu

“princípio criador”. Os recortes dos demais trechos relevantes estão no anexo 5.

Motivos da crise

Thompson acredita que o escândalo possa acontecer em qualquer sistema de

governo, mas reconhece que nas democracias liberais há maior propensão, por conta

das forças competitivas que estão no cerne de sua estrutura. Ele salienta nesse contexto

de eleições em intervalos regulares, uma boa reputação é um recurso vital, na mesma

medida em que a confiança é um aspecto do capital social, um componente importante

das relações e interações sociais em muitas esferas da vida social. No campo político,

facilita “as formas de interação e cooperação que devem ser desenvolvidas e mantidas

entre representantes políticos dentro do campo restrito dos políticos profissionais”

(2002, p.305). Embora não seja mencionado por Thompson, as revistas trazem à tona

outra questão: se a reputação é um recurso vital, o caixa para a campanha política

igualmente o é. E se a confiança genuína não existe, existem riscos em tentar forjá-la,

ou melhor dizendo, comprá-la. A Carta Capital atribui as denúncias a um ato

politicamente defensivo de Roberto Jefferson – envolvido em escândalo precedente, o

dos Correios e Instituto de Resseguros do Brasil – dizendo que por isso ele age como

franco-atirador. A definição do dicionário Houaiss ajuda a entender o tom desse

adjetivo: franco-atirador é aquele que, numa campanha militar, se envolve em atos de

hostilidade contra o inimigo, sem que pertença ao exército legalmente constituído ou

ainda aquele que trabalha por algum objetivo, sem que faça parte de qualquer grupo ou

organização. A Carta Capital diz ainda que manter a política econômica do governo

anterior manteve o PSDB “insepulto” e não permitiu que Lula empreendesse as

transformações exigidas por seus eleitores. A Época diz que a motivação das denúncias

de Jefferson é política: a eleição presidencial de 2006. A Istoé, por sua vez, considera a

crise produto das alianças – “É mais barato pagar o exército mercenário do que dividir

poder” – e a Veja não menciona motivos para a crise (detalhes no anexo 6).

Prognóstico e apontamento conseqüências

“Uma vez aceso, um escândalo midiático pode rapidamente se transformar em

um incêndio incontrolável” (2002, p.117). As reportagens reconhecem a

imprevisibilidade do desenrolar dos fatos – “conseqüências estão longe do controle do

Palácio do Planalto” (Carta Capital) –, mas apontam alguns possíveis desdobramentos.

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Prevendo o desgaste em sua reputação, o governo e as próprias revistas tentam traçar o

provável desenvolvimento futuro do escândalo e o impacto que terá nas eleições que

estavam por vir: “Lula prevê meses de crise política, vê riscos para obter segundo

mandato e se distancia do PT” (Época). Outro aspecto mencionado é a preocupação do

presidente com sua reputação e uma possível comparação ao desmoralizado governo

Collor: “O presidente acha que a crise durará meses e teme sinceramente que a

população passe a comparar seu governo com a roubalheira dos anos Collor” (Época)

ou ainda “O escândalo do ‘mensalão’ fez com que o medo invadisse a constelação

petista, hoje assustada com o exemplo dos venerandos partidos socialistas europeus que

nos anos 80 e 90 se afundaram em denúncias de corrupção” (Istoé). Uma conseqüência

concreta já consolidada na época das edições das revistas foi a derrubada pelo TSE do

dízimo cobrado por partido político de filiado em cargo comissionado, praticado pelo

PT. Detalhes no anexo 7.

Dissociação das “más companhias”

Muitas vezes não só a figura central de um escândalo político tem sua reputação

prejudicada e sua carreira (ou mesmo vida pessoal) arruinada. Os danos podem se

estender a outras pessoas implicadas em menor grau, ou mesmo instituições ou

organizações políticas com as quais essas pessoas estiveram ligadas. Nessa mesma

direção, muito se falou sobre a tentativa de desvincular o Partido dos Trabalhadores de

algumas figuras comprometidas. De acordo com o publicado nas revistas, prevalece o

ditado “diga-me com quem andas e eu te direi quem és”, como este trecho de Carta

Capital: “Olívio Dutra, das Cidades, afirmou que a crise era conseqüência das ‘más

companhias’”. Diante das denúncias e do escândalo, o governo petista quis desvincular-

se do Partido dos Trabalhadores e vice-versa, jogando a responsabilidade da mesada um

para o outro. Como a lógica do mensalão foi formulada com um enunciado que fez a

culpa recair sobre o tesoureiro do PT, Delúbio Soares (ele é quem distribuía mesada

para que parlamentares da base aliada votassem a favor do governo), Lula se sentiu,

segundo as reportagens, fortemente impelido a afastá-lo do partido: “O presidente Lula

queria uma resposta mais firme e irritou-se com a decisão do PT de manter Delúbio

Soares no cargo de tesoureiro” (Veja).

3 Considerações finais

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Este estudo permitiu um deslocamento da perspectiva sociológica dos

escândalos políticos midiáticos desenvolvida por John B. Thompson para o tratamento

dado por revistas semanais ao episódio político brasileiro conhecido como escândalo

do mensalão. Observou-se que os itens abordados pelas reportagens coincidiu com os

elementos caracterizadores dos escândalos políticos apontados por Thompson.

O que se pode apontar é que a mídia se prevalece, consciente ou

inconscientemente, do “calcanhar-de-aquiles” do homem político que precisa construir

uma imagem pública calcada na reputação e confiança, usando seu poderio para atacar

justamente as fontes de poder simbólico que estão em jogo quando eclode um

escândalo político. Neste caso específico, foi confirmada a premissa de que as

reportagens tratam o escândalo na perspectiva da teoria social do escândalo, colocando

em questão a reputação e a confiança dos envolvidos, e trazendo à tona as estratégias

por vezes desleais e pérfidas que os envolvidos se valem para tentar escapar da culpa.

Além disso, a mídia alia-se à sociedade ao exigir o cumprimento de compromisso ético

e cobrar de seus representantes um comportamento confiável e ilibado. Tendo em vista

esse fenômeno de que a mídia opera de modo concordante com a teoria social do

escândalo, esse estudo é bastante pertinente para análise de eventos políticos

caracterizados como escândalos midiáticos, pois pode-se preestabelecer elementos

estruturais que servirão como pontos de partida, verdadeiras guias capazes de balizar o

desenvolvimento da pesquisa.

Referências bibliográficas CABRAL, Otávio. O PT assombra o Planalto. Veja, São Paulo, v.38, n. 24, p. 52-63, jun. 2005. COSTA, Florência; CUNHA, Luiz Cláudio. Desencanto Petista. Istoé, São Paulo, n.1861, p. 26-33, jun. 2005. LO PRETE, Renata. Jefferson denuncia mesada paga pelo tesoureiro do PT. São Paulo, 06 de junho de 2005. Folha de S. Paulo (conteúdo on-line). Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0606200502.htm> 4 de março de 2007 SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Novo caso amoroso ameaça Clinton. Folha de S. Paulo (conteúdo on-line). São Paulo, 22 de janeiro de 1998. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft220107.htm> 4 de março de 2007.

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THOMPSON, John B. O escândalo político: poder e visibilidade na era da mídia. Trad. de Pedrinho A. Guareschi. Petrópolis, PJ: Vozes, 2002. TRAUMANN, Thomas; ULHÔA, Raquel. A reeleição de Lula corre riscos. Época, São Paulo, n. 369, p.34-38, jun. 2005. WEBER, Luiz Alberto; LIRIO, Sergio. A sombra do mensalão. Carta Capital, São Paulo, v. 11, n. 346, p. 26-30, jun. 2005.

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ANEXO 1

Conceituação do mensalão Carta Capital “Delúbio Soares, tesoureiro do PT, pagava uma mesada de até R$ 30

mil a parlamentares do PP e PL em troca de fidelidade aos projetos do governo”

Época “acusando o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de distribuir mesadas a deputados do PP e do PL” “o PT realmente teria repassado dinheiro para partidos aliados” “acusa o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de pagar mesada a parlamentares do PP e do PL para votarem a favor do governo”

Istoé “denúncia de uma mesada para comprar a fidelidade de deputados da base aliada à custa dos cofres de empresas estatais” “o morcego petista – na figura do tesoureiro do partido, Delúbio Soares – sobrevoava algumas estatais, retalhadas entre os partidos e seus aliados, recolhia contribuições e as repassava para mãos de confiança em Brasília”

Veja “o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava mesada de 30.000 reais aos deputados do PP e do PL” “traficâncias do tesoureiro do PT” “Pagando um preço, literalmente: são 30.000 reais por mês para um plantel estimado de uns noventa deputados, o que daria cerca de 2,7 milhões de reais mensais. A mesada, que na gramática de Jefferson é mensalão, uma irônica referência ao apelido dado ao pagamento antecipado de imposto por contribuintes com mais de uma fonte de renda, é um segredo de polichinelo no Congresso.”

Tabela 1 – Conceituação do escândalo do mensalão

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ANEXO 2

Esvaziamento da credibilidade (ameaça à reputação e à confiança) Carta Capital “O homem a quem o presidente Lula disse que entregaria um cheque

em branco lançou o governo e o Congresso na mais profunda crise desde a posse” “Jefferson, de uma só vez, provocou uma fissura irreparável na base aliada, tornou inevitável que a CPI dos Correios amplie suas investigações a outras estatais e atingiu em cheio o patrimônio ético construído nos últimos 25 anos pelo PT, para deleite da oposição”

Época “É a minha história que está em jogo. Não vou ser candidato como Fernando Henrique, que não fez nada no segundo governo” “O presidente acha que a crise durará meses e teme sinceramente que a população passe a comparar seu governo com a roubalheira dos anos Collor – e que ele entre para a História como o sindicalista que fracassou ao chegar ao poder.” “Falou com o tesoureiro Delúbio Soares e José Genoíno. Lula saiu das conversas crente na inocência dos amigos de décadas.”

Istoé “O desencanto venceu a esperança.” “o Brasil começou a se debater com uma dúvida impensável na crônica corrupção que assola o País: até tu, PT?” “a perda do estandarte ético no lamaçal do “mensalão” pode ser uma trombada fatal com sua história e sua militância mais fiel”

Veja “o PT vê desmoronar seu discurso ético” “o PT, essa legenda que, acalentada no berço por sindicalistas, estudantes e intelectuais e alçada ao comando do país aos 22 anos de vida, senta agora no banco dos réus para ser acusada de carregar a mala preta, imagem-síntese da roubalheira nacional, para corromper e subornar políticos” “Logo o PT, que, em todas as pesquisas de opinião, sempre apareceu em primeiro lugar como o partido mais “idôneo” e mais “confiável” do país.” “O partido que encarnou as aspirações nacionais de ética na política e construiu uma liderança moral agora enfrenta o desafio de reinventar-se, sob pena de virar cinzas.” “Terá o PT se degenerado numa máquina glutona que corrompe até seus militantes mais antigos?”

Tabela 2 – Esvaziamento da credibilidade

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ANEXO 3

Estratégias para driblar a crise Carta Capital “A reação do governo e do PT acabou por piorar a situação e

tumultuar o cenário. Na segunda 6, enquanto os dirigentes do partido negavam conhecer a existência do mensalão, ministros se contradiziam sobre se Jefferson havia ou não informado ao Planalto o pagamento de mesada a parlamentares.” “Para uma parcela dos dirigentes petistas, principalmente os representantes de tendências mais à esquerda, uma saída para a crise estaria em mudanças profundas na política econômica.” “Além de mudanças na política econômica, [o ex-prefeito de Porto Alegre Raul] Pont sugere uma ampla reforma ministerial.” “Palocci, afirma um graduado assessor palaciano, manteve o jogo sob controle. O ministro teria mostrado ao presidente Lula a capacidade de amortecimento de crises da política econômica adotada.” “A estratégia para tentar reagir à crise concentrou-se em três linhas.” “Em primeiro lugar, a Polícia Federal voltou a mostrar serviço.” “Em outra frente, Lula pediu que os ministros da área política apresentassem em 45 dias uma proposta de reforma política que incluísse a fidelidade partidária e o financiamento público de campanha.” “Por último, o Planalto deixou florescer a hipótese de uma ampla reforma ministerial” “Factíveis ou não, o fato é que as propostas são uma tentativa do governo de vencer a paralisia e recuperar o controle da situação” “‘Estamos desconcentrados, desorganizados e dispersos. Não sabemos se nos posicionamos no flanco ou na retaguarda’, lamenta um expoente petista do Congresso Nacional.”

Época “a desistência da reeleição seria, em último caso, a carta na manga para evitar o degringolamento da economia e a perda do controle da administração” “Nas últimas semanas, Lula voltou a ser pressionado a realizar uma reforma ministerial que inclua o corte de cabeças petistas” “Com o agravamento da crise, o partido do presidente Lula decidiu apoiar e tentar controlar a CPI dos Correios” “O governo briga pela relatoria e pela presidência da CPI. A oposição ameaça obstruir a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias caso o PT tente minar a CPI” “O governo tenta ‘matar’ a CPI na CCJ da Câmara, argüindo sua inconstitucionalidade.” “O governo recua e defende a CPI. A cúpula do PT discorda.”

Istoé “num contorcionismo inédito para um partido que brigava havia dias para abafar a CPI e foi forçado pelo próprio Lula a engolir a investigação que pode devassar suas entranhas.” “No rastro do incêndio, o Planalto desencadeou uma reforma política de emergência para, em 45 dias, tentar modelar um novo sistema partidário imune à roubalheira e à compra de consciências, que o próprio PT estimulou para não repartir os gabinetes do poder com os

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aliados” “oposição e governo tentarão um acordo para escolher o presidente e o relator da CPI mista de deputados e senadores que vai investigar a corrupção nos Correios” “O impacto da denúncia foi tão grande que o presidente Lula dobrou a resistência do PT, obrigando-o a engolir a CPI exigida pela opinião pública.” “Contrariando uma antiga tradição das duas Casas, em que oposição e governo se revezam nos cargos estratégicos de presidente e relator, o PT manobrava para excluir a oposição das duas cadeiras.” “Experiente advogado criminalista e amigo do presidente, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi o seu principal conselheiro, uma bússola em meio à tempestade.” “O PT agiu como barata tonta. Nos dois primeiros dias da crise, isolou Delúbio. Só mudou de idéia na quarta-feira: colocou-o diante das câmeras para se explicar.”

Veja “Houve desde ministro que fez silêncio sobre o assunto (José Dirceu) até ministro que confirmou tudo mas nada fez por falta de provas (Ciro Gomes). Houve ministro que confirmou só uma parte (Mares Guia) e ministro que negou tudo (Antonio Palocci). Houve, ainda, quem tenha confirmado até mais do que lhe foi perguntado.” “Na quarta-feira, depois de dois dias escondido da imprensa, o tesoureiro, diligentemente escoltado pelo presidente do PT, José Genoino, apareceu diante de uma centena de jornalistas para explicar-se.” “Na segunda-feira de manhã, tão logo a entrevista-bomba de Jefferson chegou às bancas, o PT levou quase quatro horas reunido para, ao fim, lançar uma nota pífia.” “na semana passada, finalmente adotou uma linha correta e mais vigorosa. Demitiu as diretorias das duas estatais sob suspeita, mandou os governistas apoiarem a criação da CPI dos Correios e defendeu a reforma política” “Tudo o que Lula dizia querer, na semana passada, era lutar para preservar sua biografia, marcada por uma honestidade de propósitos e pela defesa da ética.”

Tabela 3 – Estratégias para driblar a crise

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ANEXO 4

Reações dos adversários políticos Carta Capital “A desorientação petista contrasta com a unidade de ação dos tucanos.

O PSDB teme que uma eventual radicalização dos ataques ao presidente acione o relé que liga Lula ao povo.” “Ao mesmo tempo, os tucanos querem vestir o uniforme de oposição responsável.”

Época “‘O erro do PT foi não ter deixado Collor sangrar. Eles teriam vencido as eleições. Não vamos cometer o mesmo erro. Vamos deixar Lula sangrando e vencer as eleições’ , disse FHC a aliados.”

Istoé “Na segunda-feira em que saiu a entrevista, o ex-presidente Fernando Henrique telefonou para diversos tucanos pedindo moderação.” “O medo do PSDB é que, com o agravamento da crise, sobrevenha o caos, pondo por terra até mesmo os planos dos tucanos de vencer as eleições de 2006” “‘Não interessa a nenhum de nós um fracasso completo das instituições, que só beneficiaria opções extravagantes e aventureiras de poder’, explica o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante.”

Veja (Não menciona) Tabela 4 – Reações dos adversários políticos

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ANEXO 5

Estágios da crise Carta Capital “a entrevista do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) à Folha de S.

Paulo na segunda-feira 6, desencadeou uma série de acontecimentos” “Acuado pelas acusações de corrupção nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), empresas nas quais teria montado um esquema de propina, Jefferson, desde a segunda-feira 6, age como um franco-atirador.”

Época “Lula não chorou ao ser chamado num canto e ouvir de Jefferson que havia um ‘boato de mesada no Congresso’. Ficou intrigado, mas depois de conversar com Aldo e o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, considerou que se tratava de um rumor.” “há muita expectativa em relação ao depoimento que ele [Roberto Jefferson] dará nesta semana na Câmara”

Istoé “Cinco ministros, um governador de Estado e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegaram a tomar conhecimento do “mensalão” ainda no ano passado, mas nenhuma providência foi tomada.”

Veja “As denúncias explosivas do deputado Roberto Jefferson, o homem-bomba do PTB, detonaram a mais grave crise política dos últimos anos” “O presidente Lula, por sua vez, admitiu ter ouvido falar da mesada, porém ressalvou que não recebera uma denúncia, mas só um ‘comentário genérico’, sendo que Jefferson não apontou ‘fatos’ nem ‘pessoas’. Lula mandou dizer que, ao tomar conhecimento disso, pediu a dois auxiliares que examinassem o assunto. Os dois souberam que a Câmara faria uma investigação quando o caso foi denunciado por Miro Teixeira ao Jornal do Brasil, em setembro de 2004. Mas, como Miro disse que não disse o que dissera ao JB, o caso foi arquivado na Câmara. E o governo se deu por satisfeito.”

Tabela 5 – Estágios da crise

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ANEXO 6

Motivos da crise Carta Capital “Acuado pelas acusações de corrupção nos Correios e no Instituto de

Resseguros do Brasil (IRB), empresas nas quais teria montado um esquema de propina, Jefferson, desde a segunda-feira 6, age como um franco-atirador.” “A crise é produto mais da continuidade do que da eventual ruptura provocada pela chegada do PT ao Planalto. Ao optar pelo manual econômico de Fernando Henrique e pelo mesmo perfil de alianças políticas, Lula manteve o PSDB insepulto e não conseguiu catalisar as transformações exigidas por seus 52,4 milhões de eleitores.”

Época “O presidente está convencido de que o combustível das denúncias é a eleição presidencial de 2006”

Istoé “‘É mais barato pagar o exército mercenário do que dividir poder. É mais fácil alugar um deputado do que discutir um projeto de governo. Quem é pago não pensa’, definiu, impiedoso, o acusador [Roberto Jefferson]. Ou numa declaração anterior, mais branda, de outro aliado mais refinado, o ex-presidente José Sarney”

Veja (Não menciona) Tabela 6 – Motivos da crise

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ANEXO 7

Prognóstico e apontamento de conseqüências Carta Capital “conseqüências estão longe do controle do Palácio do Planalto”

“O presidente do PTB enfrentará um processo de cassação.” Época “Lula prevê meses de crise política, vê riscos para obter segundo

mandato e se distancia do PT” “Mais de uma vez ele [Lula] mencionou a auxiliares a possibilidade de não ser mais candidato à reeleição.” “O presidente acha que a crise durará meses e teme sinceramente que a população passe a comparar seu governo com a roubalheira dos anos Collor” “uma vez instalada, uma CPI torna-se incontrolável.” “O risco de um processo de impeachment de Lula só é descartado por ora porque não interessa a ninguém.”

Istoé “A denúncia incendiou o Congresso, paralisou o governo, derrubou a Bolsa de Valores, disparou o dólar, chamuscou a bandeira ética do PT, ocupou manchetes da imprensa internacional e, mais do que tudo, chocou o País.” “O tsunami da Esplanada pode varrer José Dirceu e Aldo Rebelo de suas cadeiras na Casa Civil e na Coordenação Política.” “Outros membros do primeiro escalão que estão sendo investigados também devem perder os cargos, como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência, Romero Jucá.” “ele [Lula] pode não disputar a reeleição” “O escândalo do ‘mensalão’ fez com que o medo invadisse a constelação petista, hoje assustada com o exemplo dos venerandos partidos socialistas europeus que nos anos 80 e 90 se afundaram em denúncias de corrupção” “o TSE derrubou o dízimo cobrado por partido político de filiado em cargo comissionado – prática que só o PT tem.” “‘Quem dá golpe, hoje, é o povo nas urnas’, ecoou o baiano ACM.” “‘Esta CPI não vai terminar em pizza. Vai começar em pizza’, desconfia [o líder da minoria, José] Jorge.”

Veja “no seu desdobramento mais dramático, pode afundar o governo junto” “jogaram uma espessa nuvem de fumaça sobre o futuro próximo.” “Agora, porém, a natureza ética da crise torna as coisas ainda mais confusas e imprevisíveis.” “[o presidente Lula] perdera o ânimo para disputar a reeleição e que seu objetivo, agora, teria passado a ser encerrar bem seu mandato e evitar um processo de impeachment.” “Sim, falou-se na palavra impeachment, uma possibilidade que passou a ser discutida não apenas nas rodas de oposição, mas também no principal gabinete do Palácio do Planalto.”

Tabela 7 – Prognóstico e apontamento de conseqüências

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ANEXO 8

Dissociação das “más companhias” Carta Capital “O ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, chegou a dizer que

o problema não era do governo, mas do Partido dos Trabalhadores, como se fosse possível dissociar um e outro em meio às acusações do petebista.” “em reunião com ministros e assessores no Palácio do Planalto, o presidente Lula, ainda na terça-feira 7, manifestou a vontade de ver Delúbio Soares afastado da tesouraria do partido até a conclusão das apurações.” “Mesmo assim, segundo petistas que estiveram na reunião, seu afastamento do partido nem chegou a ser cogitado.” “No Planalto, a permanência de Delúbio, peça-chave na estrutura de arrecadação do PT e ativo participante do time de negociadores que solidificou as alianças com o PTB, PL e PP, causou desconforto.” “Olívio Dutra, das Cidades, afirmou que a crise era conseqüência das ‘más companhias’.”

Época “Exasperado com a tática do Planalto de se distanciar do PT, Dirceu fala em deixar o governo.” “Mas, segundo avisou [Lula], não protegerá ninguém. “Cortaria na própria carne”, discursou na terça-feira.” “‘O governo está pagando o preço das más companhias’, acusou o ministro petista Olívio Dutra.” “Contrariando Lula, a direção do PT mantém Delúbio Soares no partido. Delúbio nega as acusações de Jefferson”

Istoé “Para atenuar a crise, deve anunciar uma reforma, que promete sangrar até os ‘companheiros’, como Dirceu e Aldo Rebelo” “‘Não vamos acobertar ninguém’, avisou, apontando o dedo para o partido ao qual ajudou a fundar, 25 anos atrás, envolto na bandeira da ética política. ‘Cortarei na própria carne, se necessário.’” “Lula também não gostou da decisão da cúpula petista de manter Delúbio no cargo.” “O ministro Jacques Wagner deu o recado do Planalto: ‘Ele (Delúbio) deveria fazer um julgamento para ver se ajuda ou atrapalha o PT.’” “Integrantes do partido, por sua vez, reclamavam que o governo é que deixava o PT em situação delicada.”

Veja “O presidente Lula queria uma resposta mais firme e irritou-se com a decisão do PT de manter Delúbio Soares no cargo de tesoureiro.” “Lula acusou o PT de estar ‘acabando com o governo’ e exigiu que o partido afastasse o tesoureiro do cargo enquanto as investigações fossem realizadas.” “Lula disse que, se for necessário, vai ‘cortar na própria carne’ e, demonstrando clareza, diagnosticou: ‘O que está em jogo é a respeitabilidade das nossas instituições, das quais sou o principal guardião’.” “Lula comentou: ‘Não vou segurar ninguém acusado de corrupção. Esse governo não é conivente com corruptos e não vou manchar minha biografia’.”

Tabela 8 – Dissociação das “más companhias”

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