Faculdade Estcio de S Unidade Belo Horizonte

Allysson Alves Fernanda Graziella

O JORNALISMO CVICO NA RADIO ITATIAIA DE BELO HORIZONTE

Uma anlise do programa Planto da Cidade

Belo Horizonte 2011

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Allysson Alves Fernanda Graziella

O JORNALISMO CVICO NA RDIO ITATIAIA DE BELO HORIZONTE

Uma anlise do programa Planto da Cidade

Projeto Experimental apresentado em cumprimento parcial s exigncias do curso de graduao em Comunicao Social 2011 com habilitao em Jornalismo da Faculdade Estcio de S Unidade Belo Horizonte, para a obteno do grau de bacharel. Orientador: professor Ms. Getlio Neuremberg.

Belo Horizonte 2011

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Agradecimento Allysson Alves Agradeo primeiramente a Deus, que iluminou os meus caminhos e me entregou o jornalismo como um presente; Ao professor Gilvan Arajo, pela energia, competncia e arte de ensinar sem quase nunca perder o bom humor; professora Luciana Oliveira, pelo exemplo dado de dedicao e domnio de contedo; professora Hila Rodrigues, pelos ensinamentos valiosos e a participao marcante que incentivou a minha paixo que o radio jornalismo; Ao orientador, Getlio Neuremberg pela tranqilidade sempre transmitida; Aos meus colegas de faculdade, agora amigos para uma vida inteira.

Agradecimento Fernanda Graziella Ao professor Gilvan Arajo pelos ensinamentos valiosos, e por tornar mais leve a concluso deste trabalho; A minha amiga Pollyanna Ribeiro pelo apoio incondicional de sempre; Aos meus colegas de faculdade que se tornaram amigos nessa caminhada.

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Dedicatria Allysson Alves Dedico esse trabalho ao meu pai, Efignio Alves da Silva, meu amigo, meu parceiro, grande incentivador, presena constante mesmo que distante, exemplo de vida, lutador, figura que edificou em mim os mais slidos fundamentos de honestidade e coragem pelos quais honrarei enquanto possuir flego de vida. A voc meu Pai amado dedico essa vitria.

A minha me, Maria de Lourdes Alves da Silva, pelo seu amor to natural, por sua dedicao e fidelidade aos laos que unem uma me a um filho. Pela igualdade e pela bondade que sempre reservou para mim e para cada um dos meus irmos. Sua ajuda, sua fora e sua preocupao foram indispensveis nesse caminho. Os pedregulhos que feriram os meus ps no deixaram marcas, graas ao seu toque cheio de amor.

Dedicatria Fernanda Graziella Dedico este trabalho a minha famlia; minha me Tude pela firmeza e pela dedicao; Ao meu irmo Jos Victor pela ateno e pelo cuidado de sempre; Ao meu padrasto Henrique pelo apoio; Aos meus tios Gerson, Dia, Giane e Ins pelo incentivo; Mnica pela pacincia e pelo companheirismo; Aos meus amigos pela cumplicidade e pela energia.

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Allysson Alves Fernanda Graziella

O Jornalismo Cvico na Rdio Itatiaia de Belo Horizonte Uma anlise do programa Planto da Cidade

Aprovada em ________________________ Professor ____________________________ (Integrante da banca) Professor orientador ___________________

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RESUMOPor meio de um conjunto de autores que definem a prtica cidad no jornalismo, foi possvel investigar, de maneira clara, as diferentes prticas do jornalismo caracterizado como cvico no programa Planto da Cidade, apresentado pelo jornalista Carlos Viana na rdio Itatiaia de Belo Horizonte. Tais definies, porm, podem ser percebidas na prtica cotidiana do jornalismo tradicional uma vez que o rdio um veculo importante como prestador de servios sociais. Esta pesquisa proporcionou uma organizao das prticas cvicas comparando-as com as prticas da prestao de servios e possibilitou o estabelecimento de parmetros para identificar ou no a existncia do Jornalismo Cvico como um produto das intenes que devero ser primordiais para aqueles que buscam exerc-lo, dentre essas intenes salienta-se a construo de uma pauta com foco nos problemas regionais coletados diretamente do cidado, que age como fonte dessas informaes.

O programa Planto da Cidade, apresentado por Carlos Viana, exerce a prtica o Jornalismo Cvico conforme os dados coletados e comparados com quatro programas irradiados consecutivamente na primeira metade do ms de novembro de 2011, essa definio, se fez baseada nos princpios do Jornalismo Cvico em harmonia aos dados que essa pesquisa proporcionou coletar, organizar e definir.

Palavras Chave:Objetivos; Prtica; Cidad; Jornalismo tradicional; Prestador de servios; Problemas regionais; Cidado; Fonte informaes; Princpios do Jornalismo Cvico.

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ABSTRACTThrough a group of authors that define the citizens practice of the journalism, it was possible to investigate, on a clear way, the different practices of that kind of journalism on the Planto da Cidade program presented by the journalist Carlos Viana at Itatiaia Radio of Belo Horizonte. Those definitions, however, can be noticed at the daily practice of the traditional journalism considering the radio as an important vehicle as a renderer of social services. This research has provided an organization of the civic practices comparing them with the rendering services practices in order to make possible the establishment of parameters to identify, or not, the existence of the Civic Journalism as a product of the primordial intentions of those who are looking for to apply it. Among those intentions, we can point out the construction of a line focused on the regional problems collected directly from the citizen, which works as a source of that information.

The Planto da Cidade program, exercise the Civic Journalism practice as the collected and compared data of four programs irradiated consecutively at the first half part of the month of November at 2011. This definition were build based on the principles of the Civic Journalism in harmony with the data that this research allowed to collect, organize and to define.

KeywordsCitizens practice; Traditional Journalism; Regional problems; Citizen, information source; Principles of the Civic Journalism.

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SUMRIOINTRODUO..........................................................................................................................09 I SURGE O JORNALISMO 1.1 - O jornalismo que veio do velho mundo..........................................................................11 1.2 - Censura versus liberdade de imprensa............................................................................13 1.3 - O jornalismo no sculo XX............................................................................................ 15 1.4 - O Jornalismo Cvico........................................................................................................20 1.5 - O Jornalismo Cvico no Brasil.........................................................................................23 1.6 Jornalismo Cvico e o radio jornalismo...........................................................................25 1.7 - O Jornalismo Cvico no Brasil.........................................................................................23 1.8 - Jornalismo Cvico e o radio jornalismo...........................................................................25 1.9 - Definindo o Jornalismo Cvico........................................................................................28 II - RDIO ITATIAIA DE BELO HORIZONTE, A RDIO DE MINAS 2.1 - Conhecendo a Itatiaia......................................................................................................30 2.2 - Planto da Cidade, um compromisso com seus direitos.................................................32

III - O JORNALISMO CVICO NO PROGRAMA PLANTO DA CIDADE 3.1 - Metodologia de pesquisa................................................................................................34 3.2 - Levantamento de dados..................................................................................................35 3.3 - Planto da cidade versus Jornalismo Cvico..................................................................47 IV - CONCLUSO.....................................................................................................................64 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.....................................................................................70 8

INTRODUO

Esta pesquisa tem o objetivo de analisar o programa Planto da Cidade, irradiado de segunda a sbado na rdio Itatiaia AM/FM sob a tica do Jornalismo Cvico, uma vertente do jornalismo, originada nos Estados Unidos, nos anos de 1980, com o intuito de encurtar as distncias entre a sociedade e o meio onde esse jornalismo atuante, com o propsito de contribuir com o desenvolvimento social.

Vivemos em um perodo de incertezas, tempos que permitem supor que o jornalismo esteja enfrentando desafios de prognsticos desconhecidos. Mesmo cientes do que a histria nos conta, das vitrias provindas de grandes lutas, ainda assim, o desafio dos dias atuais no tem precedentes.

Ao optar por enumerar os motivos, se aceita comear pela no obrigatoriedade do diploma para o exercer da profisso. Se no bastasse, essa circunstncia motivo de dissidncias, no apenas em relao a polticos ou juristas, mas tambm, dentre os prprios jornalistas que acaloram as filas das discusses. Amide, o jornalismo, no advento das novas tecnologias se reinventa, adaptando-se a novos rumos, novos conceitos e plataformas que, quando do seu surgimento, nem em sonho eram possveis de se imaginar.

Dentre criticas e adaptaes, tecnolgicas e ideolgicas, o jornalismo na dcada de 1980 adquiriu uma nova frente de atuao que permitiu re-inserir sua trajetria como catalisador social. Surge o Jornalismo Cvico abraando a causa pblica e reinventando a maneira peculiar do fazer jornalstico, questionando muitos de seus mais slidos fundamentos.

Adquiriu adeptos, muitas de suas inovaes viriam a ser introduzidas nas linhas editoriais de inmeras produes jornalsticas. A prestao de servios, a interferncia na realidade por meio do enfraquecimento dos princpios do distanciamento e imparcialidade.

Mas o Jornalismo Cvico mais que uma corrente, um processo, um ciclo de incio, meio e fim, e dessa forma se permite engendrar seus conceitos principais, primeiramente identificando-os um a um para, finalmente, compar-los com a prtica jornalstica tradicional atuante e construir uma identificao positiva.

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Esse aspecto identifica a misso proposta por essa pesquisa. Por meio de trs captulos, esse trabalho busca, primeiramente, elaborar um panorama histrico. Uma mescla de histria e conhecimento tcnico, traando contextualmente o surgimento de seus valores no decorrer dos sculos. Ao trabalhar nas linhas mestras do tempo e construir uma fundamentao que permita abarcar finalmente no Jornalismo Cvico, o primeiro captulo permite, ento, que essa modalidade da profisso seja colocada em foco, por meio de pesquisa minuciosa para estabelecer solidamente as suas origens e conceituaes.

Uma vez estabelecido o conhecimento da prtica do Jornalismo Cvico, o captulo II nos leva ao tema principal dessa pesquisa. Identificar na Rdio Itatiaia AM/FM se, no Programa Planto da Cidade, apresentado pelo jornalista Carlos Viana, esse jornalismo acontece. Para isso, um panorama histrico contextual foi desenhado com intuito de tornar vvidos os passos da emissora, as linhas gerais de sua programao e, finalmente, os pormenores do programa Planto da Cidade que vai ao ar de segunda sbado, de 16h s 17 horas.

O captulo III estabelece a metodologia dessa pesquisa, permite o conhecimento das fundamentaes tericas com o intuito de garimpar as respostas que so o anseio dessa pesquisa. Um mergulho profundo no fazer jornalstico apresentado pelo jornalista Carlos Viana, permitindo um comparativo sagaz, entre o jornalismo proposto, e cada uma das definies da prtica do Jornalismo Cvico, expostas ao longo desse trabalho.

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I - SURGE O JORNALISMO

1.1 - O jornalismo que veio do velho mundoDe acordo com Kunczik (2001), consta que, na Europa Central, os primeiros jornalistas, aqueles que levavam as notcias de um ponto para o outro eram os bardos viajantes. Eles repercutiam os acontecimentos do dia nas feiras, mercados e tambm entre os aristocratas. Mensageiros e escrives pblicos, bem como editores de livros, administradores de correios, negociantes, diplomatas e outras pessoas que detinham o acesso informao tambm exerciam, no em tempo integral, o que poderia ser chamado de jornalismo.

Kunczik (2001) corrobora que os primeiros jornalistas-escritores foram correspondentes dos prncipes e governantes das cidades imperiais, cidades-estado e das grandes casas comerciais. Ele cita Donsbach (1987), que discorre sobre a primeira coleo e distribuio profissional e comercial de notcias para o pblico na cidade de Veneza no sculo XVI. Os ento jornalistas, que na poca receberam o ttulo de scrittori davvisi ou escritor de avisos, reuniam todo o tipo de informao, faziam cpias e vendiam. No mesmo contexto histrico, surgiram na Alemanha o Nurnberger Nachrichten que significa Notcias de Nurnberger, peridico escrito mo e o Ordinari-Zeitungen que, embora no tenham sido distribudos ao pblico, meream ser citados.

Kunczik comenta que as correspondncias particulares ou privadas e a informao que era destinada ao grande pblico eram flexveis. Houvera uma transio lenta entre a fixao dos noticiosos que vieram com a chegada da impresso com tipo mvel e os manuscritos, que eram mais vantajosos quando se tratava a evitar a censura e garantir exclusividade.Muito tempo se passou antes de se chegar s quatro caractersticas dos jornais modernos: 1. Publicidade; 2. Atualidade (ou seja, informao que se relaciona com o presente e o influencia); 3. Universalidade (sem excluir nenhum tema); 4. Periodicidade (distribuio regular). (KUNCZIK, 2001 p. 23).

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No sculo XVI, o interesse em relao a assuntos considerados maravilhosos ou assustadores j se consolidava como um maior atrativo para o pblico, com isso, os editores enfatizavam tais acontecimentos como verdadeiras raridades. Em 1609, surgiram, na Alemanha, os primeiros jornais regulares: Aviso, em Wolfenbuttel, e Relation, em Estrasburgo. O surgimento de

peridicos comeou a se tornar frequente em outros pases: em 1618 surgiram na Holanda; em 1620 na Frana e Inglaterra; na Itlia, os primeiros jornais regulares surgiram em 1636.

O primeiro jornal dirio surgiu no ano de 1650, era chamado de Einkommende Zeitung, de Leipzig. No sculo XVII h uma estimativa de que os jornais tinham uma tiragem aproximada entre cem e duzentos exemplares, com exceo do Frankfurter Journal, que j em 1680 tinha uma circulao de cerca de 1500 exemplares.

Kunczik (2001) trata tambm do surgimento da publicidade que foi de grande importncia para a imprensa. Com o crescimento dos mercados e o estabelecimento mais vigoroso da diviso do trabalho, o comrcio, bem como a necessidade de divulgao ao pblico se fizeram como uma necessidade e assim surgiram os anncios. No sculo XVII, surgiu nas cidades de Paris e Londres o que fora chamado de imprensa de inteligncia. Eram pginas unicamente de publicidade nos peridicos anexos a partes editoriais. Somente no sculo XIX o jornalismo ganhou dimenses que proporcionaram a sua prtica em tempo integral, isto , a possibilidade de sobrevivncia econmica unicamente exercendo a sua funo.

Engelsing (1976) apud Kunczik (2001) delineia que os jornalistas, devido a sua educao e s normas decorrentes do ofcio jornalstico, e tambm valorizao e atendimento das exigncias de seus empregadores e tambm leitores, eram considerados, independentemente de seus alinhamentos polticos, como eruditos. At 1880, redator jornalstico e doutor tinham o mesmo significado na Alemanha.

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1.2 - Censura versus liberdade de imprensaA imprensa possui uma histria que pode ser caracterizada como de uma luta ferrenha por sua liberdade contra os organismos de censura, principalmente na Europa Ocidental e nos Estados Unidos da Amrica. A censura se institucionalizou pouco aps o invento da mquina de imprimir com tipos mveis de Gutenberg. Com a impresso e publicao de folhetos anticlericais entre outros materiais de cunho crtico, a Igreja Catlica, em 1482, emitiu os primeiros editais de censura e, em 1487, o papa decretou que nada poderia ser publicado sem a censura da Cria romana que o termo que denomina a corte papal e os seus representantes. Em 1559, fora institudo o primeiro Index papal, que determinava a proibio no apenas da produo, mas inclusive, a leitura de alguns escritos. Nesse contexto, os escritos que sofriam maior censura eram as publicaes de Martinho Lutero, personagem histrico responsvel pelo surgimento do Protestantismo. Voltando a 1530, na Alemanha, o Reichstag, Assemblia Imperial de Augsburgo, tornou obrigatria a impresso de um selo que tornava possvel a identificao do editor e tambm o local da impresso. O jornalismo e a censura caminharam juntos sem considerveis movimentos combativos a legitimidade dos mecanismos de controle de informao e assim foi at o sculo XVIII. Tericos absolutistas como Thomas Hobbes (1588-1679) consideravam um estado contnuo da humanidade de guerra de todos contra todos, diante de uma motivao naturalmente humana de querer alcanar sempre mais e mais poder, disputa essa que no teria outra, seno a morte como concluso. Nesses termos, a funo do Estado era de assegurar a ordem, porque mesmo o mais fraco podia matar o mais forte, ignorando quaisquer princpios de moralidade, sendo assim, seria o papel fundamental do estado no garantir a liberdade, mas a segurana das pessoas.Se houvesse sido contrrio ao direito de domnio de qualquer homem que os trs ngulos do triangulo sejam iguais a dois ngulos de um quadrado, no h duvida de que essa doutrina teria que ser, se no questionada, suprimida pela queima de todos os livros de geometria, assim como dos interessados. (ENGELSING,1976, apud KUNCZIK, 2001)

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Kunczik acrescenta que, em 1784, o rei da Prssia, Frederico II, decretou uma ordem justificando a censura das notcias polticas proibindo a publicao de opinies crticas em material impresso. Justifica que o individualismo acerca dos pontos de vista por parte das publicaes no teriam o pleno conhecimento das circunstncias polticas e dos motivos, sejam eles quais forem quando relacionados a fatos envolvendo o Estado. A luta pela liberdade de imprensa que se refletia principalmente ao negar toda e qualquer influncia do Estado nas publicaes jornalsticas comeou na Inglaterra. Segundo Kunzick (2003) em 1649 um partido denominado Leveller defendeu um projeto de lei junto ao parlamento afirmando que se um governo busca atuar com justia e em conformidade com os princpios constitucionais, essencial seria dar ouvidos a todas as vozes e opinies possveis, a liberdade de imprensa seria a nica maneira para a garantia desses valores. Contextualmente, em 1644 foi assinado o tratado Aeropagilica de John Milton (1608-1674), ligado diretamente defesa dos direitos de liberdade de imprensa. Milton demonstrou a imperfeio da censura, que no poderia ser perfeita, uma vez que tenha sido desenvolvida pelo que ele chamou de "intelectuais subalternos", e isso levaria a uma incondicional supresso da verdade. A verdade seria fruto de uma relao coletiva de que outros tambm possam ter razo, argumentando e contra argumentando contextos para que, enfim, seja estabelecida a veracidade dos fatos. A censura finalmente deixou de existir na Inglaterra quando, em 1695, o parlamento decidiu pela no renovao da "Lei de Autorizao". A partir de 1771 foi determinada a liberdade plena nesse Parlamento. Declaraes dos Direitos Humanos, americana em 1776 e francesa em 1789, asseguraram a liberdade de imprensa, sendo essa, em 1791, acrescentada como a Primeira Emenda da Constituio dos Estados Unidos da Amrica. Em 1789, surgira o primeiro jornalismo e assim percorreu at a metade do sculo XIX, considerado iluminado pelo sentido de expor tudo aquilo que era considerado obscuro, proibido, levando luz esclarecimentos polticos e tambm ideolgicos. A dominao se fazia atravs do controle do saber e da informao, e estes se confirmavam como mecanismos de garantia da manuteno da autoridade e do poder, que por sua vez engendravam males como a servido e a submisso (MARCONDES, 2000).14

Para Marcondes, o desmoronamento do poder coercitivo da censura levou ao colapso do monoplio que garantia a no prospeco da verdade. Tudo passaria a ser exposto, superexposto, mostrado ou denunciado de maneira ostensiva, repetitiva. Ele trata, porm, a liberdade exacerbada como um mal que compromete a essncia pelas quais ela fora adquirida. "Tudo que demasiadamente exposto se queima," (MARCONDES, 2000, p. 11).

A Revoluo Industrial leva a um desenvolvimento notrio da imprensa. No sculo XVIII surgiram profissionais especializados e os interesses dos jornais eram em sua maioria polticos ou mercantis. A partir da Revoluo Francesa, os jornais se constituram como aqueles que so produzidos na contemporaneidade. Jornais com um maior nmero de pginas e uma diversidade abrangente de temas, sejam eles polmicos ou opinativos. A tiragem em larga escala se tornou outra caracterstica marcante desse contexto nos Estados Unidos onde foram publicados jornais com at 29 edies dirias e mais de 30 pginas, (TRAVANCAS, 1993). Travancas reitera que esse foi o perodo das inovaes, com o surgimento da impresso a vapor, que era capaz de rodar uma quantidade de 1100 folhas a cada hora, e tambm, a efetivao da publicidade paga que surgiu no jornal francs La Presse em 1836, levando a uma tiragem de 10 mil exemplares. Pouco depois, com o surgimento do linotipo, se fez possvel a publicao de jornais com tiragem de milhares de exemplares.

1.3 - O jornalismo no sculo XXNo florescer do sculo XX surgia nas palavras de Lippmann (1922) as primeiras atribuies do que depois seria chamado de agenda-setting, um elemento do que atualmente chamado de agenda pblica ou agenda miditica (TRAQUINA, 2003, p.18) Para Traquina, o entendimento do agendamento no jornalismo requer um embasamento que vislumbre o entendimento desse conceito na primeira metade do sculo XX, no tocante principal s questes polticas.15

No contexto da comunicao poltica, o conceito de agendamento defende, portanto, que o papel dos mdia se torna fulcral na deciso do voto devido crescente importncia das questes (os assuntos que so discutidos) nas campanhas polticas em detrimento da identificao partidria. (TRAQUINA, 2003, p.15)

Dessa forma, a problemtica dos efeitos dos veculos de comunicao, se tornou foco de interesse para o communication research1

norte-americano. O objetivo era a compreenso dos efeitos

da propaganda durante e depois da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto de busca pelo entendimento, paralelamente surgiam novos meios de comunicao capazes de atingir uma quantidade impressionante de pessoas. Essa amplitude contribuiu para o surgimento de expresses como mass communication e tambm mass media, que significam os meios de comunicao de massa, cujas denominaes incentivaram o surgimento de mais pesquisas para a compreenso do novo fenmeno. Com a expanso da necessidade de compreenso dos efeitos dos mdia 2, se inicia a era das definies, o perodo do surgimento de paradigmas e teorias que conduziam ao entendimento de seus resultados, dessa maneira estabelecida a teoria hipodrmica. A teoria hipodrmica defendia a viso de que as mensagens dos mass media carregam responsvel por reaes que poderiam ser facilmente prognosticveis (TRAQUINA, 2003). Todas as pessoas estariam submissas a esses efeitos, independentemente de atribuies sociais ou intelectuais, os efeitos da comunicao agregavam a massa de pessoas de maneira a convert-los em um conjunto nico, que respondia de maneira igualitria aos estmulos induzidos pela mdia. O surgimento do nazismo na Alemanha foi considerado uma afirmao desse paradigma. Traquina (2003) afirma que, ainda nos anos 1940, com o avano dos estudos, novas metodologias surgiram para enfraquecer a credibilidade da teoria hipodrmica. O impacto limitado dos mass a

caracterstica de gerar impacto direto nas pessoas por ela submetidas. Esse impacto seria

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Expresso inglesa que significa pesquisa em comunicao. Contextualmente equivale ao seguimento que realizava pesquisas e estudos a respeito da comunicao nos Estados Unidos.2

Termo que se refere aos meios de comunicao

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media era o foco do estudo. A poltica mais uma vez como objeto de estudos e seus efeitos levou experimentao do efeito das mensagens na campanha presidencial norte-americana daquele ano. Segundo os investigadores adeptos a essas novas ideologias, foi descoberto que a

propaganda eleitoral teve pouca influncia na mudana de opinio dos eleitores que, por sua vez, no mudaram a opo de voto. Dessa forma, se observa o papel dos mdia no como um alterador de opinies, mas um cristalizador daquelas que j existem. Em 1950, em uma publicao na revista acadmica Journalism Quarterly 3, surge o termo que seria um dos mais importantes marcos histricos no estudo do jornalismo no sculo XX. David Manning White aplica o conceito de gatekeeper, o que deu origem a uma tradio de intensas pesquisas sobre as notcias jornalsticas. Segundo White, o processo de produo das notcias se faz por meio de uma srie de escolhas. As notcias, para seguirem o fluxo que culmina na informao, precisam ser submetidas a barreiras, portes, gates, que se configuram na pessoa do jornalista que, por sua vez, se converte no responsvel pelo que e pelo que no noticivel, isto , exercendo a funo de um porteiro, aquele que permite ou no a passagem da notcia.

Ao final dos anos 1950, e por um perodo que se estendeu at os anos 1970, algumas das questes abordadas pelos estudiosos eram as relaes entre fontes e jornalistas. Esse tema adquiriu maior notoriedade com a publicao de livros especficos a essas problemticas. Outros temas como o carter da notcia por meio de narrativas e, posteriormente, j a partir dos anos 1970, essas linhas de investigao adquiriram maior expresso, o que levou criao de duas revistas acadmicas. Tambm na dcada de 1970, os estudiosos do jornalismo direcionaram seus estudos para os fundamentos da parcialidade, o que Traquina define como o oposto da objetividade. Para Traquina (2003) esses conceitos, tanto de parcialidade como de objetividade, esto associados ao papel do jornalismo.

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A hiptese do agenda setting tambm foi publicada pela primeira vez nessa revista em 1972.

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So conceitos que a maioria dos cidados associa ao papel do jornalismo e que so consagrados nas leis que estabelecem as balizas do comportamento dos rgos de comunicao social, em particular do setor pblico. Esto presentes pelo menos de uma forma implcita e no explicitamente, nos cdigos deontolgicos dos jornalistas e esto no centro de toda uma mitologia que coloca os jornalistas no papel de servidores do pblico que procura a verdade, no papel de ces de guarda que protegem os cidados contra os abusos do poder, no papel de contrapoderes que atuam doa a quem doer no papel de heris do sistema democrtico (UNGARO apud TRAQUINA, 2003).

Traquina (2003) cita Joseph Klapper depois de afirmar que, durante duas dcadas, a partir do surgimento da teoria dos efeitos limitados dos mass media, este se configurou como paradigma dominante. Klapper registrou concluses importantes que afirmam que os mass media no servem como causa necessria e suficiente de efeitos de audincia, embora exeram influencia. Essa caracterstica de influenciar, faz da comunicao de massa uma ferramenta de contribuio mas no, sobremaneira, a nica causa responsvel pela solidificao das condies existentes. Nos anos de 1970 surge o conceito de agendamento, que revigora a necessidade dos estudos vinculados problemtica dos efeitos. Mais uma vez oriundos de atribuies polticas, os iderios do agendamento partem do pressuposto que questiona as preocupaes sociais e polticas de um contexto e as respostas que o governo deveria apresentar s demandas. Essas conjecturas levaram ao surgimento de uma hiptese de que existiria uma relao causal entre a agenda miditica e a agenda pblica, como foi citado no incio deste captulo. A sntese mxima desse fenmeno se atribui interpretao de Traquina s palavras de Cohen. A imprensa pode, na maior parte das vezes, no conseguir dizer s pessoas como pensar, mas tem, no entanto, uma capacidade espantosa para dizer aos seus prprios leitores sobre o que pensar, (COHEN apud TRAQUINA, 2003). Traquina (2003) nomeia as diferentes vises para os estudos jornalsticos como files de estudo. Segundo ele, aqueles que se vinculam parcialidade partem do princpio de que as notcias devem refletir a realidade sem distoro. Dessa forma o objeto de pesquisa parte da possibilidade de que possam ocorrer essas distores, aceitando, assim, o princpio de que a realidade possa ser reproduzida. A partir desse marco, estudos de vrios autores comearam a apontar distores e, consequentemente, o enfraquecimento deste filo. No decorrer dos anos, porm ainda18

enraizados nos anos de 1970, outros seguimentos de pesquisa como a notcia como construo rejeitam as noticias como espelho. Elementos desses estudos apontam a impossibilidade de estabelecer uma distino radical entre a realidade e os elementos da mdia noticiosa, uma vez que ao refletir a realidade, a notcia ajuda a construir essa prpria realidade. Os anos de 1970 se afirmam como destaque para o desenvolvimento do estudo do jornalismo. Isso se relaciona diretamente s inovaes metodolgicas que contriburam para o engrandecimento das ferramentas de investigao, ainda assim a metodologia de anlise de contedo permaneceu como uma das tcnicas de abordagem mais utilizadas e eficientes. Ainda assim outra abordagem passou a ser utilizada, a abordagem etnometodolgica. Traquina cita Schelesinger ao explanar que as abordagens etnometodolgicas focam diretamente o que produzido pelo jornalismo. Esse foco leva a uma observao terica com maior riqueza de elementos relacionados s ideologias e as prticas dos mass media jornalsticos. Com o avano

dos estudos e o paralelismo de diferentes correntes paradigmticas, esses estudos colidem ou se anexam a outros como a teoria instrumentalista, que surge nos anos de 1970 e ganha fora na dcada seguinte. Esse seguimento observa a relao entre os agentes jornalsticos e trata as distores como fruto doloso e crucial para a elaborao das notcias. As notcias so um resultado de processos de interao social entre jornalistas, entre os jornalistas e a sociedade e entre os jornalistas e as suas fontes de informao (TRAQUINA, 2003, pag. 63). Segundo Silva (2000) comum associar o jornalismo atual a um cotidiano de grave crise. No Brasil, esse tema ganhou flego no advento do fim da obrigatoriedade legal da formao especfica em cursos superiores de jornalismo para exercer a profisso. Silva ressalta que tal exigncia foi responsvel por uma grande mobilizao da comunidade profissional de jornalistas, bem como suas organizaes dentre outros agentes sociais no pas. A suposta crise tambm se associaria a modelos que enfrentam crises diante de modalidades oriundas do avano tecnolgico. Declnio nas taxas de vendagem e de audincia de jornais e emissoras e o surgimento de novos veculos de informao. O advento e os recursos da internet tornaram-se capazes de competir com veculos da mdia tradicional. A capacidade de interao

que essas novas tecnologias proporcionaram eclodiu como um reforo nas prticas relacionadas a19

um peculiar jornalismo denominado partidrio (SILVA, 2000). Silva (2000) acrescenta que a emissora de notcias norte-americana Fox News se tornou um exemplo das mudanas proporcionadas pelas ferramentas tecnolgicas dispostas pela internet. Os blogs jornalsticos permitiram aos jornalistas profissionais o estabelecimento de um contato direto com o pblico. As ideologias das grandes organizaes jornalsticas j no mais alcanariam essa interao. Os leitores e consumidores da notcia, alm de absorver a informao, tambm informam, comentam e compartilham mutuamente suas opinies.No sculo 21, no ambiente do ciberespao, o discurso jornalstico, sustentado na tentativa de representao convincente do mundo real e amparado pela controvrsia de fontes que se colocam em dilogo, em verses e interpretaes muitas vezes conflitantes ou mesmo antagnicas, tem mais um elemento moral para se preocupar, no sentido de ainda defender sua especificidade como legtima, ausncia e credvel: a sucesso, variedade e intensidade de fiscalizaes morais ao prprio fazer jornalstico, em sua tcnica, sua tica e sua esttica. Os novos espaos e ambientes ciberjornalsticos, complementares ao dficit informacional de qualquer grande mdia hegemnica, propicia, potencialmente, uma aparente redefinio no conceito de mediao e de apurao, observados os princpios histricos, quais sejam, entre outros, o da verossimilhana, da acurcia, da preciso e da credibilidade, resumidos na legitimidade social da Instituio Jornalismo. (SILVA, 2000, pag.82)

1.4 - O Jornalismo CvicoO Jornalismo cvico uma proposta que busca exercer a prtica do jornalismo por meio de uma participao ativa da comunidade onde o jornalismo se aplica. Trata-se de uma constante interao entre comunidade e jornalista, pblico e notcia em prol de estmulos que levam o cidado para o conhecimento do meio em que vive, do que se passa no cotidiano de sua comunidade, proporcionando e ampliando a sua capacidade de participao. Dessa forma, a construo da notcia abandona o carter unicamente imparcial e informativo e passa a constituir um papel de agente catalisador de mudanas, de desenvolvimento. A informao adquire uma vertente nova que para ser construda, primeiro se faz por elaborar debates, sugestes e discusses entre os membros da sociedade para que finalmente seja elaborada a notcia. Dessa

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forma, esse civismo, essa participao ativa entre pblico e jornalista, contribui, de maneira efetiva, na aproximao da sociedade para a soluo de seus anseios e problemas. 4A liberdade de imprensa numa sociedade burguesa consiste na liberdade dos ricos para fraudar desmoralizar e ridicularizar sistematicamente e incessantemente, dia aps dia, em milhes de exemplares de jornais, as massas exploradas e oprimidas, os pobres. A questo saber se possvel combater um mal que chama aos cus, e como faz-lo. A resposta o monoplio estatal sobre as noticias particulares dos jornais. Por que no se implementa isso? Simplesmente porque a propriedade particular e os direitos estabelecidos dos patres capitalistas (aos lucros produzidos pelas notcias) so vacas sagradas? Dir-se-? Mas isso violao da liberdade de imprensa. No verdade. Seria a restaurao e a expanso da liberdade de imprensa. Porque liberdade de imprensa significa que as opinies de todos os cidados podem ser difundidas livremente. (WERKE apud KUNCZIK, 2001, p. 120).

Kunczik reflete acerca da liberdade de imprensa no como um patrimnio dos grandes empresrios manipuladores do que ou no notcia, mas fazendo uso de uma viso que vislumbra tanto produtor como receptor dos fatos como figuras de igual importncia, com direitos e deveres idnticos para assegurar o que ou no relevante, sendo assim, embasando fortemente os ideais desse estudo. Porm, outros importantes questionamentos surgem, uma vez que preciso definir at que ponto as necessidades dessas duas esferas podem interferir na construo da notcia. Se de interesse dos grandes empreendedores da mdia, fazer do jornalismo um provedor de riquezas, isto , colocando como fator primordial os prprios interesses, at que ponto as comunidades mantenedoras do Jornalismo Cvico tambm atuam como executoras desse papel.

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Disponvel em: http://www.educonufs.com.br/ivcoloquio/cdcoloquio/eixo_02/e2-14.pdf Acessado dia 26/08/2011

s 18h13min.

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O jornalismo cvico tem suas origens datadas no final da dcada de 1980 nos Estados Unidos. Essa expresso, que diferencia o Jornalismo tradicional de outro que busca uma maior interao entre pblico e notcia, surgiu como um movimento de intensas crticas ao cenrio poltico eleitoral e da cobertura desses temas pela mdia. Nesse contexto um movimento polmico eclodiu, o chamado Novo Jornalismo (TRAQUINA, 2003, p.171). Porm, j no final dos anos de 1950, tambm nos Estados Unidos, o termo Novo Jornalismo j havia sido descoberto. Tom Wolfe, considerado um dos fundadores desse novo estilo jornalstico, partia de um objetivo que era o desenvolvimento de uma tcnica textual capaz de envolver de uma maneira mais intensa a realidade no processo de gerao das notcias. Surgia ento um jornalismo escrito e tambm interpretado atravs de uma tcnica de produo muito semelhante s utilizadas para a criao de um romance. Segundo Resende (2002), mesmo sendo o Jornalismo Literrio j um formato utilizado nos primrdios da imprensa, essa iniciativa ocorreu com um interesse particular em intensificar essa relao. Traquina (2003) diz que o Jornalismo Cvico surgiu efetivamente como uma experincia ativa em um jornal do estado da Gergia, nos Estados Unidos, chamado Columbus ledger Enquirer, no ano de 1988. Houve uma dissidncia com o estilo tradicional jornalstico para a produo de um jornalismo com interesses no desenvolvimento da comunidade onde estaria inserido. Por meio de pesquisas orientadas diretamente para os conflitos daquela comunidade, suas problemticas eram direcionadas para os debates televisivos entre candidatos polticos daquela regio. Tudo isso sem o apoio ou interferncia de um jornalista. Em 1994, um noticioso norte-americano intitulado Charlotte Observer desenvolveu um projeto de Jornalismo Cvico em uma cidade com elevados ndices de criminalidade. Um crime que levou morte de dois policiais incentivou o jornal a produzir uma sequncia de reportagens nos bairros com maior ndice de violncia. Pesquisas e entrevistas foram realizadas para a coleta de dados e tambm foram organizados encontros com os residentes dessas comunidades. O resultado foram publicaes de pginas com objetivo de interao e ajuda a essas comunidades e entre elas pedidos de colaborao financeira, oportunidades de trabalho e servios bsicos. A iniciativa culminou com a instalao de centros de recreao e uma reduo efetiva da violncia nas22

comunidades privilegiadas. Nos dias de hoje, instituies financeiras na Flrida, Washington e em Nova York fomentam centenas de projetos voltados ao Jornalismo Cvico nos Estados Unidos. Todos voltados a um aspecto peculiar. A realizao renovada de um jornalismo que atue em p de igualdade e com a contribuio dos cidados e de suas comunidades.

1.5 - O Jornalismo Cvico no BrasilSegundo Abreu (2002), desde a redemocratizao no Brasil, que aconteceu no mesmo contexto histrico que levou ao enfraquecimento dos regimes comunistas e o fim das utopias para a construo de um modo de vida plenamente socialista, as iniciativas ligadas luta pela conquista de novos direitos e liberdades se galgaram por atuaes mais evidentes no campo poltico sem o princpio revolucionrio de outrora. Atualmente, no gozo de uma liberdade de imprensa considerada plena, o interesse por temas polticos no possui o mesmo vigor de antes. Para

Abreu, o grande pblico tem um interesse mais utilitrio da notcia, a preferncia est ligada mais diretamente a um tipo de jornalismo que agrega alguma possibilidade de ganho direto e imediato. Esse carter, cada vez mais seletivo no Brasil, criou uma necessidade de ampliao dos assuntos e temas abordados. Dessa maneira, o crescimento do interesse por parte do pblico tornou a evoluir. Abreu salienta ainda, que nesse contexto histrico que surge um profissional da imprensa brasileira com interesses em fazer valer profissionalmente o conceito de utilidade social da mdia. O jornalismo como base concreta para o desenvolvimento e atendimento dos interesses dos cidados, respondendo e participando, prontamente, de seus anseios. Para Abreu (2002), o Jornalismo Cvico no Brasil comea a trilhar os primeiros passos a partir da promulgao da Constituio de 1988, agindo como agente fiscalizador e atuando ativamente em denncias contra polticos, empresrios, policiais, militares e quaisquer outros processos considerados ilcitos. Essa prtica jornalstica, fiscalizatria, levou renncia de ministros, bem

como perda de cargos, do alto escalo da administrao pblica, cassao sistemtica de deputados e senadores, e tambm ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo, em 1992.23

Para Silva (2000), a utilidade social da mdia no Brasil, porm, no se desenvolveu conforme os princpios ligados ao jornalismo-cidado. Fenmenos de audincia em canais televisivos fizeram uso de uma prestao de servios de maneira contraditria ao desenvolvimento social. Silva acrescenta que a televiso promoveu uma guerra de audincia entre programas, no populares mas populistas, entre as grandes emissoras, em destaque apresentadores como Gugu, Fausto e Ratinho.Nada mais h a fazer. tempo perdido. O verbo satisfazer sufocou os demais (educar, entreter, formar, transformar, etc.) na pratica, no imaginrio e no devir dos meios de comunicao. Mesmo a seguimentao, tida por reduto derradeiro do elitismo, soa falsa e contenta-se, cada vez mais, em escolher a facilidade (SILVA, 2000, p.61).

A vulgaridade era a pea chave e os debates promovidos entre pessoas comuns na verdade se tratavam de simulaes a respeito da verdadeira discusso sobre algo falsamente decisivo. A satisfao e o entretenimento, dessa forma, alcanaram patamares como o de um circo de horrores (SILVA, 2000, p.61).Ao se aproximar da vida quotidiana dos cidados, de suas dificuldades, e tentar ajud-los, a imprensa estaria consolidando o tecido democrtico. Mas tambm verdade que as denncias e os escndalos fazem aumentar a venda de jornais e subir a audincia da televiso e do rdio. O jornalismo-cidado no , portanto, avesso ao lucro (ABREU, 2002, p.46).

Segundo Abreu (2002), o Jornalismo Cvico no Brasil caminha a passos lentos atravs de programaes miditicas que buscam a exposio das indignidades da classe poltica e a relao com o dinheiro pblico e os diversos mecanismos de financiamento eleitoral. Atravs dessas denuncias, a mdia estaria assegurando a transparncia dessas instituies e reforando o seu papel como articulador do contra-poder.

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1.6 - Jornalismo Cvico e o radio jornalismo

O jornalismo vive um perodo de transies. Movimentos em vrios setores apontam as prticas de elaborao e difuso da notcia atualmente como produtos criados especificamente para o espetculo e o enriquecimento. Outro atributo fundamental tem perdido fora: trata-se da valorizao e consolidao da democracia. Essa jornada para uma idade das trevas do jornalismo se d mais especificamente pelo fortalecimento das mdias atravs da especulao sensacionalista. Dessa forma, como resposta a essa sucesso de crises surge nos Estados Unidos o Jornalismo Cvico, tambm nomeado Jornalismo Pblico ou cidado. Essa nova vertente, que trata a notcia, objetiva a recuperao de uma relao mais intensa entre essa notcia e a democracia (Traquina 2003). Um novo formato que desafia tradies e elabora uma cartilha de produo jornalstica que inclui de maneira efetiva a participao do cidado por meio de mecanismos que se aproximam da comunidade para absorver as suas necessidades mais relevantes. Trata-se de uma incluso no papel do jornalista, na compreenso e apreenso das problemticas dessas comunidades e na busca de solues levando esses anseios para a esfera pblica. Uma re-aproximao de um dos fundamentos mais essenciais do Jornalismo, que a sua ao integrada com a comunidade no vis que proporciona uma melhor compreenso da realidade, da sociedade e do ambiente em que vivem, proporcionando alm de informao, conhecimento, cultura e discernimento.5

Para Traquina (2003), em suas anlises, fica definida a necessidade de um jornalismo que atue exatamente para a construo e o restabelecimento da harmonizao na vida pblica e isso se far somente depois de grandes mudanas, a elaborao, produo e execuo das notcias com objetivos que vo alm desse nico fim, noticiar. De acordo com Traquina (2003), o Jornalista Davis Merritt, citado diversas vezes em seus estudos, era um defensor da prtica participativa entre o jornalismo e a democracia, e um5

Disponvel em: http://www.fnpj.org.br/dados/grupos/jornalismo-civico-pratica-da-reportagem-comunitaria%5B165%5D.pdf Acessado em 09/04/2011 s 10h32min

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conceito tradicional do jornalismo colocado em questo como fundamento que precisa ser debatido. As vises de Merritt corroboram como o distanciamento do jornalismo tradicional com a vida pblica e atribui grandes males da sociedade a esse fatdico problema. Trata-se da objetividade. Esse conceito que tambm explica o afastamento torna o profissional como um observador cego, um profissional com uma deficincia admitida em ignorar uma atuao necessria, os meios em que vive e as pessoas que nos fatos se envolvem. O jornalismo no rdio, embora com os mesmos critrios fundamentais pelos quais fora proposto chamado de radio jornalismo. Esse meio tambm abraou os conceitos de um jornalismo novo, que transpe as atividades do tradicional jornalismo impresso, transformando, preparando e adaptando a notcia para um meio eletrnico. Sendo assim possvel afirmar que a rdio informativa no apenas um novo canal para a mesma mensagem do jornalismo, tambm um jornalismo novo, qualitativamente diferente, e a designao diversa procura dar conta dessa transformao. (MEDITSCH,1999, p. 20). Define-se ento, a partir dessas idias o conceito de rdio informativa, que apresenta uma compatibilidade com a viso do jornalismo cvico uma vez que defende uma mesma bandeira. Trata-se de um alargamento da atividade jornalstica como agente prestador de servios. Um exemplo bastante peculiar e que foge completamente das atribuies do jornalismo impresso a informao da hora certa. Meditsch acrescenta que o rdio aprofunda e contrape idias e opinies com facilidade e orienta as massas urbanas como o co de um cego. Pem em contato os mais remotos stios do interior e concede espao para o receptor se manifestar como nenhum outro meio. (MEDITSCH, 1999, p. 21). Segundo Ortriwano (1985), a natureza de aproximao do rdio com os meios onde atua data desde o surgimento da televiso. A substituio das brincadeiras de auditrio, astros e estrelas pelos servios de utilidade pblica foi um dos fatores que creditaram uma identidade particular, o atendimento s necessidades regionais. Diante disso, possvel admitir que o rdio, frente de outros veculos de informao, possui uma aproximao maior que proporciona o exerccio do jornalismo cvico nos moldes pelos quais fora criado.

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Traquina, ao interpretar as palavras do jornalista Jay Rosen, define o jornalismo cvico como uma arte ainda em desenvolvimento que conecta comunidade e jornalistas e tambm a comunidade poltica. Segundo Traquina, Rosen amplifica suas reflexes atribuindo aos jornalistas um papel adicional, alm do de meros observadores. Uma associao entre essas foras criaria uma comunidade conectada, essa unio agrega os valores cvicos fazendo dos seus participantes atores, protagonistas nos contextos sociais nos quais esto inseridos (TRAQUINA, 2003). Traquina confronta as definies de jornalismo cvico de Rosen com o jornalista David Merritt que, embora a favor das definies de Merritt, acerca da objetividade jornalstica gerar um afastamento do jornalista e dos temas sociais que o civismo prope, admite outro aspecto que, por sua vez, endossa a importncia da objetividade como critrio jornalstico essencial. A disseminao noticiosa atravs de verdades imparciais e de peculiar desinteresse por parte do jornalista importante para toda e qualquer comunidade poltica. Essa objetividade ento um mal necessrio que obstrui as prticas de reavivamento da comunidade e da vida pblica. Necessrio ento, seria a substituio da objetividade jornalstica por outro conceito de credibilidade equivalente. Rosen, segundo Traquina (2003), admite que em um futuro prximo o jornalismo passe a reverenciar o fim da neutralidade e imparcialidade, a fim de expressar opinies sobre determinadas questes. O Jornalismo Cvico segue um caminho de desafios para o fortalecimento de sua ideologia. Essas dificuldades, porm podem ser modificadas, uma vez que as rotinas e produo sofram influncia decisiva de novos paradigmas tericos da comunicao, ligados ao desenvolvimento da comunicao em rede, mais especificamente na internet. Essas novas dimenses propostas pela World Wide Web permitem uma amplitude de possibilidades. Uma vez que o jornalismo cvico tem como base um agendamento tambm dos cidados e da comunidade em que est inserido, esses meios podem ser aplicados na internet, assim como no jornal impresso, televiso e o rdio.

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1.9 - Definindo o Jornalismo Cvico

Uma definio que poderia ser considerada sublime em relao ao jornalismo cvico, cita por Traquina (2003) equipara uma harmonia de opinies entre o jornalista norte-americano Davis Merritt, profissional com mais de 30 anos de atuao, e Jay Rosen, professor da Universidade de Nova York. A definio : O Jornalismo Cvico a afirmao a reconstruo do jornalismo por meio de um papel mais ativo na construo de um espao pblico mais vibrante e na resoluo dos problemas da comunidade (TRAQUINA, 2003). A partir desse conceito, Traquina estabeleceu uma gama de adequaes que possibilitam definir as peculiaridades do Jornalismo Cvico, tais quais podemos dispor da seguinte maneira: - Encorajar o envolvimento do cidado na vida pblica; - Definir o cidado como personagem participante na resoluo dos problemas da sociedade; - Construo de uma pauta com foco nos problemas regionais coletados diretamente do cidado que age como fonte dessas informaes; - Discusso nos rgos de Comunicao Social os problemas identificados nas entrevistas com os cidados e identificar valores fundamentais e posies de conflito; - Desenvolver a Agenda dos cidados por meio de suas demandas; - Direcionar recursos para as relaes com as comunidades de maneira a buscar a interao entre o jornalismo e o cidado a fim de ir alm da busca pela soluo de problemas, mas rumo identificao desses conflitos; - Retomar as obrigaes do jornalismo para com a vida pblica efetiva; - Ir para alm da misso de dar as notcias para uma misso ainda mais ampla que ajudar a melhorar a vida pblica;28

- Abandonar os princpios clssicos de observao desprendida adotando um papel de participante justo, isto , enfraquecendo os princpios do afastamento rumo participao equilibrada como agente interventor. Assim sendo, e com base nessas definies, possvel estabelecer o Jornalismo Cvico como um Novo Jornalismo, que enxerga na notcia, o poder de opinar observando valores justos, ticos e morais para o bem da comunidade na qual est inserido. Por meio de uma natureza cvica, agua a comunidade participao nas questes pblico-polticas pertencentes a esse meio, com o objetivo de identificar, discutir, democratizar e solucionar problemas como agente pensador, interventor e fiscalizador.

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II - RDIO ITATIAIA DE BELO HORIZONTE, A RDIO DE MINAS

2.1 - Conhecendo a ItatiaiaFundada pelo jornalista e radialista Janurio Laurindo Carneiro no ano de 1952, que morreu aos 66 anos em 1994, a Rdio Itatiaia FM 95.7 que tambm opera na freqncia 610 kHz AM, privilegia uma programao esportiva, mas tambm se faz presente na cobertura de grandes eventos sempre com o foco no entretenimento do ouvinte. O jornalismo da rdio Itatiaia, comprovadamente reconhecido em Minas, sempre carregou as bandeiras da prestao de servios. Segundo dados coletados no site da emissora, a principal rdio do Estado figurando entre as cinco mais importantes do Brasil. Na metade do sculo XX, em um contexto onde as atenes estavam todas voltadas para o advento do surgimento da televiso, Janurio Carneiro, ainda jovem na poca, estava atento para a migrao dos artistas e cantores para o novo meio de comunicao. Essa percepo, levou o jornalista a acreditar que, desde ento, o rdio deveria se dedicar s notcias. Sem dinheiro ou prestgio e enfrentando uma difcil concorrncia, no ano de 1951, trabalhava no embrio que seria a rdio Itatiaia. A emissora entrou no ar experimentalmente em julho daquele ano. A programao estaria vinculada informao e ao esporte e, tambm, a promoo de torneios amadores, sendo essas, as primeiras vias de contato e interao ativa com os ouvintes (PRATA, 2010). Segundo Prata (2010) no decorrer da evoluo tecnolgica e na migrao das emissoras de rdio para as ondas FM e tambm, novas maneiras de interao com o pblico, as emissoras adeptas ao jornalismo se consolidavam. Essa consolidao, porm, no caso da Rdio Itatiaia, se desenvolveu de maneira singular. O sucesso da rdio mineira se deve manuteno de um fator muito particular entre direo da emissora e o seu corpo de funcionrios. Havia, e ainda h, um constante interesse no encurtamento dessas relaes. Em todos os escales da hierarquia profissional da emissora, a prtica principal seria harmonizar aes de comprometimento, independentemente das questes salariais ou financeiras. Prata confirma essa afirmao com um trecho de uma entrevista30

concedida pelo prprio fundador, Janurio Carneiro, a dois estudantes de comunicao poucos meses antes de falecer.

O rdio tem que ser amado, passionalmente, pelos que o realizam. Sem isso, nada feito. Os que so verdadeiramente do rdio esto dispostos a todas as lutas e todos os sacrifcios, aceitando com naturalidade as frustraes, os desafios. Esse trabalho fascinante oferece muita compensao, mas exige o suor todos os dias, pois o rdio nos coloca dentro das casas, na intimidade dos lares. Pode ser at que o rdio no encha os bolsos, mas rigorosamente certo que enche os coraes. S quem est no rdio sabe como isso verdade (PINTO JNIOR & SALLES Apud PRATA, 2010).

Janurio Carneiro tornou conhecida uma frase sua, que relaciona o contedo da emissora em detrimento as arrecadaes. Essa frase se encontra em evidncia na sede da emissora: Ns vendemos espao; no vendemos opinio (PRATA, 2010, p.25). Esse discurso altrusta se acumula a uma ideologia que prega a fidelizao de ouvintes de todas as idades, classes econmicas e sociais Prata (2010) confirma as prticas de fidelizao tradicionais da emissora, afirmando que tais manobras determinam o interesse da Itatiaia em cativar quem a rodeia. Cita que h espao em tempo real para que seja divulgado o roubo de um veculo ou o sumio de um co, alm de orientar sobre o trnsito da cidade ou figurar ativamente na cobrana de um secretrio municipal pelos reparos em um relgio pblico ou a implantao de um transporte pblico coletivo mais decente. As iniciativas sociais se fundem aos princpios do Jornalismo Cvico com a abertura de uma interao permanente via telefone e e-mail com os ouvintes. Segundo Prata, essa interao cvica acontece, tambm, de dentro para fora e no somente por meio da procura do ouvinte. A

emissora promove campanhas pblicas realizadas por rgos do governo e tambm campanhas realizadas pela prpria emissora. Citando especificamente algumas dessas campanhas, no ano de 2008, a emissora atuou efetivamente na obteno de verbas do metr de Belo Horizonte, para diminuio dos acidentes e mortes na BR262, regio do anel rodovirio e na construo de uma ala para gerar melhorias de trfego entre Belo Horizonte e a cidade de Nova Lima (PRATA, 2010, p.29).

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Atualmente a Rdio Itatiaia FM 95.7, que tambm opera na freqncia 610 kHz AM de Belo Horizonte, possui outras quatro emissoras que configuram a Rede Itatiaia, situadas nas cidades de Ouro Preto, Varginha, Juiz de Fora e Montes Claros, todas estas, cidades mineiras e tambm, transmite o sinal via internet. A potncia de seus transmissores equivale a 100Kw, com uma cobertura de 140 quilmetros.6 Sendo assim, possvel conceber que, a Rdio Itatiaia agrega em si, em suas definies institucionais e tambm na descrio de sua programao jornalstica, vrios elementos ligados ao Jornalismo Cvico, definies estas, pertencentes a essa pesquisa. Esse novo formato, que desafia tradies e elabora uma cartilha de produo jornalstica que inclui, de maneira efetiva, a participao do cidado, por meio de mecanismos que fazem os meios de comunicao se aproximar da comunidade para absorver as suas necessidades mais relevantes, uma proposta que este trabalho busca identificar, ou no, mais especificamente no programa Planto da Cidade, apresentado pelo jornalista Carlos Viana, de segunda a sbado, de 16 s 17 horas, na Rdio Itatiaia FM 95.7, que tambm opera na freqncia 610 kHz AM.7

2.2 - Planto da Cidade, um compromisso com seus direitosO programa Planto da Cidade, apresentado pelo jornalista Carlos Viana, foi irradiado pela primeira vez na rdio Itatiaia, no dia 29 de setembro de 2006. Na ocasio, o tema era Itatiaia s suas ordens, que mais tarde viria a se converter em um compromisso com seus direitos. Seu papel, voltado para o atendimento das demandas dos ouvintes levando ao pblico as suas reclamaes, agindo como intermediador com as autoridades e prestando servios de carter social, acompanhou essa trajetria que completou cinco anos em 2011. No dia 05 de novembro de 2007, quando procurado pela pesquisadora, Natlia Cristina Rosa 8 , Carlos Viana foi

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Informaes obtidas em www.itatiaia.com.br Informaes obtidas em www.itatiaia.com.br Natlia Cristina Rosa, na ocasio, realizava pesquisa apresentada ao Curso de Comunicao Social, habilitao em

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Jornalismo, do departamento de Cincias da Comunicao do Centro Universitrio de Belo Horizonte (UNI-BH)

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questionado sobre a misso do programa Planto da Cidade. Podemos dizer que o Planto da Cidade trata de um Jornalismo Pblico, no sentido que atente a demandas ligadas convivncia em sociedade e ao desenvolvimento de questes onde educao, sade, meio ambiente e saneamento bsico sejam as pautas principais. 9 O jargo do programa Planto da Cidade, Compromisso com seus direitos, est vinculado descrio disponvel no site da emissora.

Carlos Viana comanda o Planto da Cidade, o programa que tem compromisso com os direitos dos ouvintes da Rdio Itatiaia. Os fatos que so notcia em Belo Horizonte e na Regio Metropolitana so divulgados ao vivo, para que o cidado esteja sempre bem informado. As matrias do Planto da Cidade denunciam problemas sofridos pela populao e discutem solues nas reas de sade, transportes, educao e segurana. Sendo um espao para realizao do jornalismo pblico, o programa d voz aos ouvintes.Temas de comportamento e atualidade tambm so debatidos, enfocados, sempre, com muita independncia e bom humor de Carlos Viana.10

Segundo Traquina (2003), as correntes que defendem o jornalismo cvico tambm utilizam os Jornalismo Pblico ou Jornalismo Cidado, e ainda Novo Jornalismo como sinnimos.

como requisito parcial para obteno do ttulo de bacharel em Jornalismo, orientada pela professora ngela de Moura em 2008, com o tema Noticia sem algemas, a cobertura policial no programa Planto da Cidade da rdio Itatiaia.9

Disponvel em http://convergencia.jor.br/bancomonos/2008/natalia_rosa.pdf. Acessado em 16/10/2011 s 21h21. Disponvel em http://www.itatiaia.com.br/site/programacao/. Acessado em 14/09/2011 s 19h52.

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III - O JORNALISMO CVICO NO PROGRAMA PLANTO DA CIDADE

3.1 - Metodologia de pesquisaBuscando afirmar, se h ou no, a aplicao do Jornalismo Cvico no programa Planto da Cidade, da rdio Itatiaia FM, a pesquisa desse trabalho foi desenvolvida qualitativamente, onde se utilizando da anlise da linguagem transmitida pela emissora aos ouvintes, sero observados: o formato, matrias, temtica, publico-alvo, prestao de servios e contedo. Desenvolvendo uma discusso terica para nortear a pesquisa, que ser descritiva, essa metodologia se baseia tambm, nas referncias tericas citadas no trabalho. Sendo assim, a tcnica do estudo de caso ser utilizada, permitindo uma anlise minuciosa e detalhada, que ser construda utilizando, como objeto de pesquisa, quatro programas consecutivos com, no mais que, dois dias de diferena temporal entre um e o outro.

Gil (1999), afirma que, o estudo de caso um vis de investigao que possibilita verificar, por meio de exame, um fenmeno em sua forma natural. Essa verificao permite o emprego de variadas ferramentas de coleta e tratamento de dados, sejam grupos ou organizaes. Tais organizaes podem ser identificadas como meios de comunicao, no caso especfico dessa pesquisa, trata-se da Rdio Itatiaia AM/FM, por meio do programa Planto da Cidade, que ser o referido objeto emprico.

Para a realizao da anlise do programa Planto da Cidade, apresentado na rdio Itatiaia AM/FM, foram escolhidos quatro programas que foram apresentados nos dias 01/11, 03/11, 04/11 e 05/11/2011.

Embora a escolha das datas tenha sido aleatria, foi identificada a necessidade de adotar essa caracterstica de coleta de dados devido ao cotidiano compromisso do apresentador que informa ao aos ouvintes que, demandas que no sejam passveis de imediata soluo, sero atendidas nos seguintes, o que permite, dessa forma, observar e verificar a efetividade desses compromissos.34

Para a identificao do Jornalismo Cvico no programa Planto da Cidade foram estabelecidas categorias com base nas definies contidas nessa pesquisa no item.

- Definir o cidado como personagem participante na resoluo dos problemas da sociedade e dar visibilidade ao esforo dele. - Construo de uma pauta com foco nos problemas regionais coletados diretamente do cidado que age como fonte dessas informaes. - Discusso dos problemas identificados nas entrevistas com os cidados identificando valores fundamentais e posies de conflito dentro de cada comunidade - Direcionar recursos para as relaes com as comunidades de maneira a buscar a interao entre o jornalismo e o cidado a fim de ir alm da busca pela soluo de problemas, mas rumo identificao desses conflitos. - Retomar as obrigaes do jornalismo para com a vida pblica efetiva que o abrao s causas sociais. - Ir para alm da misso de dar as notcias para uma misso ainda mais ampla que ajudar a melhorar a vida social. - Abandonar os princpios clssicos de observao desprendida adotando um papel de participante justo, isto , enfraquecendo os princpios do afastamento rumo participao equilibrada como agente interventor.

3.2 - Levantamento de dadosPROGRAMA I - PLANTO DA CIDADE IRRADIADO EM 01-11-2011 Um programa que tem compromisso com os seus direitos, afirma Carlos Viana to logo inicia a apresentao.35

A primeira reportagem vai ao ar falando a respeito do sistema de transporte coletivo que a prefeitura esta criando denominado BRT. A matria segue informando que o BRT vai ser criado para facilitar o acesso da regio Norte at o centro de Belo Horizonte. A avenida Antonio Carlos j esta sendo preparada para o projeto. Talvez, ano que vem, fique pronto. O jornalista convida a populao para ver o dinheiro investido neste projeto. Clio Freitas, diretor de planejamento da BHTrans, afirma que o BRT um sistema de transporte pblico realizado por nibus, que aumenta a qualidade do transporte pela rapidez, diminuindo o tempo do passageiro dentro do nibus. As vias so expressas, no possuem sinais de transito. Com isso, o passageiro vai ter mais tempo para o lazer e para famlia. Ouvinte liga perguntando se o BRT no vai passar pela antiga Avenida Catalo, hoje Avenida Carlos Luz. Carlos Viana informa que no vai mais passar, porque a Prefeitura desistiu do projeto por l, essa deciso foi tomada h dois meses. A reportagem seguinte trata do feriado do dia de finados questionando o que funciona e o que no funciona nesse feriado e o cotidiano de quem mantm a tradio de ir visitar o cemitrio todo ano no dia 02 de novembro. Trata tambm do lucro obtido pelos floricultores nesse dia, enfatizando as recordaes e lembranas das pessoas que j partiram. Informa que o primeiro cemitrio da cidade foi o cemitrio do Bonfim, um dos cemitrios pblicos de Belo Horizonte. Um tema abordado, sendo considerado um absurdo que acontece no dia de finados, a compra de flores por meio de vendedores estacionados dentro do cemitrio, e logo aps, ver esse mesmo vendedor, roubar as flores anteriormente vendidas por ele sob os tmulos para revend-las. Dentre as informaes da matria, destacou que as variaes de preo das flores pode chegar a 200%. A dica dada aos ouvintes para evitar comprar as flores dentro do cemitrio. Carlos Viana orienta que o ideal compr-las fora dos cemitrios e evitar as flores descartveis, alegando que assim, se evita o acmulo de gua e a proliferao do mosquito da dengue.36

Solange Maria Campos, moradora do Barreiro, explica que, no dia 11 de junho 1974 o pai faleceu e foi sepultado no Cemitrio da Paz em Itabira. Em 1975 sua me comprou uma sepultura, fez um contrato de perpetuidade. Em 1987 o cemitrio vendeu a sepultura para outra famlia. Um prefeito da poca afirma que foi procedimento errado, mas o cemitrio no sabe onde foi parar os ossos do pai da ouvinte. Carlos Viana agradece, pelo fato da ouvinte ligar para radio contando sua historia e fala que a Prefeitura de Itabira est averiguando o caso. Carlos Viana alerta aos ouvintes em relao ao gasto de dinheiro, alertando que essas mudanas de comportamento so essenciais para que o Brasil comece a pensar como pas de primeiro mundo. A ouvinte Dirce, de Igarap, reclama sobre o itinerrio do nibus que faz a ligao entre as regies de Novo Horizonte e Novo Igarap. Afirma que o coletivo s passa uma vez por dia e que s tem um motorista na linha, que, alm disso, maltrata os idosos. O ouvinte Ronaldo, do Bairro Castelo, quer saber o que houve com as multas de Sabar. Carlos

Viana responde falando que as multas sumiram e logo aps afirma que as multas esto suspensas at o julgamento afinal. Pode ficar tranqilo, porque at a justia decidir como vai ficar, no sero retirados pontos na carteira e voc no ter que pagar nenhum valor. O ouvinte Divino, da cidade metropolitana de Santa Luzia, diz que os radares da Avenida Braslia esto multando que uma beleza, mas, a avenida continua a mesma droga. O ouvinte Jorge, da cidade metropolitana de Ibirit, reclama da cobertura dos pontos de nibus na avenida Amazonas por serem muito estreitos. Carlos Viana afirma que as coberturas so presentes de grego, por j ter tido reclamaes. O apresentador afirma que procurou o prefeito Marcio Lacerda, pediu mudanas e em resultado disso foram trocados todos os abrigos, mas ainda assim, o problema no foi resolvido efetivamente na capital.

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PROGRAMA II - PLANTO DA CIDADE IRRADIADO EM 03-11-2011 Carlos Viana comea o programa com dicas de trnsito alertando sobre alguns lugares que esto parados pelo grande fluxo de veculos. Alerta tambm, a respeito da mudana feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) onde o motorista que for pego dirigindo embriagado passa a ter cometido um crime. A Itatiaia que no para, noticia, que conhecimento, que opinio. Muita gente no concorda, muita gente concorda, muita gente aceita, outros se revoltam, mas a Itatiaia, meus amigos, a independncia da radio mineira, discursa Carlos Viana. O ouvinte Geraldo Alves da Fonseca, morador do Bairro Landi, situado na cidade metropolitana de Ribeiro das Neves, manda uma carta para o programa para pedir socorro. Afirma que sua rua est caindo aos pedaos, que s tem buracos. J entraram em contato com a Prefeitura, mas ainda nada foi feito. Pede ajuda a rdio para divulgao desse problema. Clsio Galvo, advogado especialista em causas de trnsito, afirma que dirigir bbado sempre foi crime e que no entende o porqu da discusso agora pelo fato do STF impor isso com a modificao da lei. Quando no houver bebida envolvida no acidente, o fato ser analisado como doloso ou culposo. Antigamente um acidente era chamado de tragdia, hoje em dia visto somente como acidente. Esto banalizando o assunto. Carlos Viana alerta que o problema se tornou cultural. As pessoas se acostumaram a ver outras embriagadas dirigindo e consideram o fato normal. A ouvinte Maria Izabel, moradora do bairro So Paulo, em Belo Horizonte, pede providencias da Polcia Militar. Segundo ela, seu comrcio foi assaltado duas vezes. Carlos Viana fala que a Polcia Militar responsvel pela parte ostensiva, quem investiga a Polcia Civil. Afirma que a Polcia Civil no tem material para investigar e que o nosso Governo deveria se preocupar com a reestruturao da parte investigativa da polcia. Carlos Viana muda de tema e fala a respeito da paralisao das obras na Savassi, bairro da zona Sul de Belo Horizonte, a partir do dia 01 de dezembro de 2011. Segundo ele, trata-se de um38

pedido dos comerciantes da regio durante esse perodo de comrcio to intenso, baseado nas comemoraes natalinas. A deciso foi tomada em uma reunio na Sudecap. Nadim Donato, presidente do Sindlojas, fala que foi muito bem recebido pela prefeitura, que exps os problemas dos comerciantes que tiveram suas vendas e lucros drasticamente diminudos devido s obras. Carlos Viana diz que a prefeitura estimou a data para a entrega da obra concluida para dia 27 de maro de 2012. Carlos Viana, nesse ponto do programa, inicia a leitura de alguns recados de ouvintes referentes prestao de servios, dentre eles, a busca por pessoas desaparecidas, reclamaes do no recebimento de correspondncias, buracos nas ruas e venda de automveis. Em seguida orienta o ouvinte com dvidas a respeito de penso alimentcia para ligar e deixar os seus questionamentos. A reprter Solange Bastos fala que foi discutido na Cmara Municipal a despoluio da Pampulha. Um ouvinte determina que, devido ao esgoto de restaurantes, clubes e residncias a lagoa fica, a cada dia, mais e mais poluda. Solange entrevista Eneida Magalhes que representa a COPASA. Eneida fala que j foi assinado um acordo entre Contagem e Belo Horizonte para comear a limpeza da lagoa. O projeto visa estar pronto antes da copa em 2014. Carlos Viana lamenta o descobrimento de nascentes, que alimentam a Pampulha com gua limpa, somente depois de 60 anos desde a criao da lagoa. Carlos Viana informa sobre a presena do advogado Arthur Gasperonni, que cuida da vara de famlia, no programa, respondendo as duvidas dos ouvintes. Esse quadro do Planto da Cidade chamado de Boa tarde doutor. O ouvinte Vitor, de Contagem, relata que a tia morreu sem deixar marido ou filhos, vivia sozinha, poucos parentes prximos. Como fica a questo dos bens dessa tia que morreu, j que ela tinha uma casa, um carro e uma caderneta de poupana que, segundo ele, tem uma boa quantia.

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Nesse caso, tem que se ajuizar o inventrio que a forma correta de se passar os bens da falecida para as pessoas que ficaram. Como ela no deixou herdeiros, no caso, os bens vo para a me do Vitor, que era a irm, e o irmo, mesmo no dando notcias, no deixa de ser herdeiro. Carlos Viana divulga o telefone do advogado Arthur. O Marcelo quer saber se durante a transio do processo alimentcio, ele no deve pagar a penso. O que acontece o seguinte: dentro do processo, que vai estipular a penso alimentcia, pode a

parte que est pedindo, pedir ao juiz que arbitre o que chamado de alimentao provisria, que seria anexado no incio do processo. Com a velocidade lenta de tramitaes, a pessoa no pode ficar sem o alimento nesse perodo. Se o Juiz deferir, o pagamento deve ser imediato. Muitas pessoas recebem esse pedido liminar determinando para pagar de imediato e no pagam achando que tem que pagar s no final do processo. Aquilo se acumula e vira um problema mais difcil de resolver. O Antonio separou, mas no tem condies de pagar a penso, pois paga aluguel e emprstimo. Voc pode tentar um acordo extrajudicial, ou seja, procurar a pessoa de que voc se separou e explicar a situao. Agora se a pessoa for intransigente e ajuizar uma ao, nesse caso, voc ter que provar ao juiz que voc no tem condies. Toda penso, todo valor que voc paga a ttulo de penso, vai ser fixado de acordo com o critrio possibilidade de quem est pagando e necessidade de quem est pedindo. Se voc prova que no tem condies, o juiz pode te exonerar da obrigao. O Rodrigo fez um acordo com a ex-mulher verbalmente. Passa a penso alimentcia e assina recibo e pergunta se deve formalizar isso na justia. Voc deve formalizar com certeza. Procure a outra parte para formalizar um acordo por meio de um advogado ou formalizar isso na justia. muito importante que, nesse perodo, voc pegue esses recibos e guarde pois eles comprovam que voc est tendo boa f e no est deixando de

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cumprir a suas obrigaes. Se isso virar uma ao judicial, voc tem como provar que no foi omisso nesse perodo. Outras perguntas de carter familiar foram feitas como, por exemplo, a porcentagem mnima

salarial que a justia exige para ser destinada ao pagamento de penso alimentcia dentre outras. Fabrcio Calazans participa falando do esporte.

PROGRAMA - III PLANTO DA CIDADE IRRADIADO EM 04-11-2011 Carlos Viana inicia o programa avisando aos motoristas a respeito das multas no anel rodovirio. O jornalista lamenta dizendo que, infelizmente, a maioria das multas esto corretas, seja por excesso de velocidade ou trafegar indevidamente pelas faixas. Fala tambm, do aspecto psicolgico do motorista infrator ao receber uma multa em casa. O apresentador alerta os motoristas de Belo Horizonte a respeito da 18 corrida rstica que ser realizada, no dia seguinte, na Avenida Afonso Pena, no centro da cidade. Trata-se de uma corrida para pessoas com deficincia e necessidades especiais. Ele defende a iniciativa. Marcelo Mendes, coordenador na corrida rstica para deficientes em Belo Horizonte, fala a respeito da corrida, que sempre acontece no segundo semestre e j 18 corrida. Fica localizada onde fica a feira Hippie, entre Rua da Bahia e Guajajaras. Marcelo afirma que mais de 1300 pessoas j fizeram inscries. Carlos Viana avisa os seus ouvintes a respeito do trnsito que vai ficar congestionado. Converte o tema abordado para as informaes a respeito do Governo do Estado, que est fazendo um planejamento de rotas tursticas por meio de um mapa do entorno de Belo Horizonte, cidades vizinhas e stios histricos. Essa iniciativa est voltada para que, em 2014, os turistas que venham para Copa, tenham um folheto informativo dos melhores lugares para se hospedar.

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O jornalista dialoga com os estudantes, donas de casa, pipoqueiros, taxistas, motoristas e ouvintes pela internet e agradece pelo prestgio da audincia. O programa abre espao para informaes a respeito do clima com o professor Ruibram dos Reis. Em seguida, informa sobre uma carteira que foi encontrada com todos os documentos no final da Via do Minrio, e informa o telefone para que seja possvel recuper-la, parabeniza a pessoa que encontrou pela cordialidade em procurar a emissora para devolver. Informa sobre uma professora de 20 anos de idade encontrada morta na cidade de Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul, em uma escola de informtica, e lamenta pela juventude da vtima. Abre espao na programao para divulgar a situao do trnsito em Belo Horizonte naquele instante. A reprter Edilene Lopes participa informando sobre a cobertura de um evento na cidade de Nova Lima. Trata-se da Conferncia Municipal de Polticas Pblicas sobre Drogas. A jornalista entrevista o prefeito da Cidade e questiona a respeito dos avanos de Nova Lima no combate s drogas nos ltimos anos. O Prefeito afirma a importncia que a ajuda das organizaes da sociedade civil, j experientes nesse trabalho, contribuiu nesse aspecto e fala dos detalhes desses avanos no municpio. Carlos Viana leva ao conhecimento do pblico, o recebimento de uma denncia. Porm, salienta que prefere ficar em silncio e alega que denncias antes devem ser investigadas para depois serem oportunamente divulgadas. Informa sobre os documentos de um taxista perdidos na regio do bairro Serra e divulga o telefone de contato para a conveniente devoluo. O apresentador relata fatos vividos pelo ouvinte Cludio. Ele conta que ao fazer um passeio em Brumadinho, em um lugar chamado Crrego das Areias, tivera uma desagradvel surpresa. Segundo ele, a cachoeira estava fechada com guardas. Ficou sabendo que seria construdo al um condomnio e que lamenta sobre o crescimento da regio metropolitana. Carlos Viana afirma que esse crescimento abocanha as reas verdes no entorno da capital.42

Carlos Viana entrevista o Secretrio de Turismo Agostinho Patrus. O secretrio fala que estudou a faixa etria das pessoas que vo as Copas do Mundo e percebeu que a maioria das pessoas so homens entre 25 e 45 anos, com uma boa renda familiar, e que viajam sozinhos ou em grupo de amigos. Com esses estudos, foi percebido que, alm da cidade sede, os turistas tambm passeiam por mais quatro cidades do entorno. Isso faz com que os folhetos informativos fiquem dentro do que os turistas vo precisar. A Belotur ir fazer um curso gratuito de qualificao para o mercado de trabalho para motoristas de txi de Belo Horizonte. O curso vai acontecer nos dias 10,11 e 12 de novembro. Carlos Viana fez um teste de honestidade com os taxistas de Belo Horizonte e todos foram honestos. O ouvinte Antnio reclama a respeito da falta de luz em alguns postes na avenida Afonso Pena. Carlos Viana pede a Cemig e a prefeitura que olhem essa questo. Comea agora Bom Tarde Doutor, dicas para o ouvinte viver melhor. Dr. Dimas Gonalves responde perguntas a respeito de direitos trabalhistas, vara da famlia, rea civil. Vrios ouvintes mandam suas duvidas e o advogado responde os questionamentos ao vivo. O Antnio de Venda Nova, regio de Belo Horizonte, estava na fila de um banco, uma pessoa simptica e elegante percebeu que ele iria sacar um cheque de R$ 600,00, pediu para trocar o cheque afim de evitar que o cidado enfrentasse a fila. Depois de algum tempo ele tirou um extrato e percebeu que foi sacado um cheque no valor de R$ 6000,00. O advogado Dimas inicia dizendo que o caso do Antnio deve servir de exemplo para os ouvintes do programa Planto da Cidade. Orienta que o Antnio procure um advogado e pea uma percia tcnica para, ento, entrar na justia com uma medida contra o banco. Carlos Viana interfere dizendo que as pessoas ainda acreditam que anjos apaream nos momentos mais necessrios. O advogado alerta sobre a existncia de uma caneta que pode ser desmanchada, tpica para ser usada em golpes.

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A senhora Jovina, da cidade de Contagem, regio metropolitana de Belo Horizonte conta que o filho estava preso e foi assassinado no presdio. O auxlio recluso que ela recebia est fazendo muita falta. Ela pergunta o que pode ser feito. O advogado orienta que ela tem direito a mover uma ao contra o Estado pedindo uma indenizao. Carlos Viana alerta que h jurisprudncias de famlias que perdem entes quando no sistema prisional. O advogado afirma que o Estado tem a obrigao de zelar pela segurana dos detentos. O Marcelo, do bairro Hava, diz que militar e que conseguiu emprego como segurana. Depois de ter a carteira assinada, ele foi mandado embora em um perodo de dois anos. Quando foi iniciar os trmites para acessar o seguro desemprego, recebeu uma notificao que deveria procurar a Polcia Federal. Agora ele est respondendo a um inqurito por improbidade. Segundo ele, est para ser expulso da corporao. O advogado afirma que o policial no pode ter outro emprego. Pode ser bico, mas no com carteira assinada. O advogado lamenta que realmente seja possvel a exonerao. O advogado prossegue com outras dvidas por parte dos ouvintes e Carlos Viana dialoga com o advogado a respeito dos temas, considerando os problemas e as possibilidades.

PROGRAMA IV - PLANTO DA CIDADE IRRADIADO EM 05-11-2011 Carlos Viana comea falando da sade dos homens que no do a devida importncia e automaticamente adoecem mais. Ele cita que ns temos uma preguia natural, uma sndrome de super-homem, o que faz com que os homens fiquem mais atingidos pelas doenas. Ele ironiza dizendo que as mulheres esto vivendo mais e que, ao ficarem vivas, recebem uma gorda penso e que, depois de uma semana, j podero ser vistas desfrutando das casas de forr. Informa que em seguida, vai irradiar uma matria do jornalista Eduardo Costa cujo tema o cncer de prstata.

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Carlos Viana fala tambm do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos) e que vai abordar com mais detalhes a festividade no decorrer do programa. O jornalista fala agora de uma chacina no bairro Glria. Carlos Viana alerta que o Estado no toma as devidas providencias e que, se continuar assim, Minas Gerais vai se tornar uma terra de ningum, cada um agindo da forma que achar melhor sem seguir as leis. Carlos Viana lamenta a quantidade de notcias ruins que Belo Horizonte vivenciou nessa semana. No decorrer da apresentao, Carlos Viana por meio de uma mensagem positiva, orienta aos ouvintes para manter uma viso voltada para o futuro, com confiana. De cabea erguida os brasileiros vencem os desafios, assim se faz um pas melhor. Encarando os problemas e dizendo Ns precisamos melhorar, assim que vamos tornar essa terra melhor para nossos filhos e netos. Alega que um otimista. Que apesar das dificuldades, de tudo que enfrenta, de um cotidiano com noticias to complicadas, a vida vale a pena, o sol brilha e a confiana, isso no pode ser perdido. Confiana e esperana de que possvel a construo de uma vida melhor. A ouvinte Lucia Nosse, moradora do bairro Alpio de Melo, no consegue achar os medicamentos de hipertenso e diabetes no programa farmcia popular. Carlos Viana questiona se o trmino do perodo de eleies equivale ao no cumprimento das promessas feitas. Ele afirma que na segunda-feira ir tomar providncias junto a assessoria do Governo para definir o que est acontecendo. Carlos Viana conversa com o apresentador do programa Itatiaia Patrulha, tambm da rdio Itatiaia, Laudvio Carvalho. O apresentador conta que j so cinco pessoas mortas com essa guerra por causa do trfico. Segundo ele, as mortes pelo trfico superam as ocorridas na guerra do Iraque. Laudvio Carvalho conta que foram 12 baleados e 5 mortos, dentre eles uma menina de apenas 14 anos, a ltima vtima envolvida nos crimes. Ele salienta a respeito do poder de fogo, da ousadia e da crueldade desse tipo de crime.

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Carlos Viana fala que os adolescentes so presos e soltos no mximo em seis meses e novamente volta a matar. Segundo ele, o menor carrega a convico de que pode cometer o crime e nada vai acontecer contra ele. Carlos Viana alerta que a experincia tem mostrado que o estatuto do adolescente muito bom a respeito dos direitos das crianas e dos adolescentes, mas afirma que precisa ser mudado nesse aspecto. Ele exemplifica que um adolescente de 17 anos, sabendo que est prestes a completar a maior idade, decide matar sabendo da impunidade. Ele confirma que essa perspectiva da lei deve mudar. Depois do intervalo, Carlos Viana apresenta o Sr. Afonso Andrade, coordenador do FIC. Ele salienta sobre a camisa que o convidado est vestindo que pertence ao Clube Atltico Mineiro e fala do alvio vivido pelo time na temporada, quando enfrentou o Botafogo, do Rio de Janeiro, vencendo pelo placar de 4 a 0. O convidado fala da expectativa de um pblico de 80 mil pessoas no FIC, e que o festival ser realizado na Serraria Souza Pinto. O homenageado do evento Maurcio de Souza criador dos quadrinhos da Turma da Mnica. Depois da entrevista o espao aberto por meio da reprter Priscila Mendes informando a respeito da situao do trnsito em Belo Horizonte. Ele comenta sobre as alteraes no trnsito e informa mais uma vez sobre o quarteiro em frente a prefeitura, uma quadra entre a Rua da Bahia e Rua Guajajaras e sobre a interdio divulgada no programa anterior. Muda de assunto comentando a respeito do evento marcha da maconha. Segundo ele a Universidade de So Paulo (USP) depois de um convnio para que a Policia Militar fizesse a vigilncia, devido ao aumento da criminalidade nos ltimos anos, alguns alunos foram detidos por fumar maconha e essa foi a razo para que dezenas de estudantes protestassem ocupando a reitoria. Carlos Viana afirma que os estudantes querem o direito de fumar maconha sem ningum incomod-los. Ele questiona: Qual o limite dessa histria? Torna a afirmar que eles querem fumar maconha livremente, sem incmodo, dentro da universidade. Ele comenta que no perodo que freqentava a UFMG, os alunos fumavam maconha livremente, desrespeitando aos outros46

que no queriam conviver com isso. Segundo ele, h uma imposio por parte dos estudantes. A justia depois de determinar a desocupao, deu um prazo e uma parte dos alunos se recusa a sair. Ele afirma que o fato leva reflexo sobre os limites dessas manifestaes e do direito das pessoas sobre fazer o que quiser. Segundo ele, um grupo pequeno acaba impondo grande maioria aquilo que pensa sobre determinado assunto. Ns estamos em uma situao complicada no Brasil hoje, a Lei est perdendo autoridade, ningum liga. Quem est disposto a desafiar a justia no est preocupado com nenhum tipo de repercusso. O cncer de prstata falado por Eduardo Costa que entrevista o Dr. Francisco Guerra, urologista e editor da revista de urologia. O Doutor explica que a partir dos 40 anos de idade os homens precisam procurar um mdico para fazer exames que fazem parte da rotina. Carlos Viana comenta a entrevista realizada pelo jornalista Eduardo Costa incentivando os homens a buscarem a preveno e o tratamento, e pede s esposas e namoradas para conversarem com seus companheiros a respeito. Carlos Viana fala com o professor Rudarris a respeito do ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). O entrevistado mestre em cincias polticas e doutor em cincias sociais. Rudarris afirma que o Brasil pode virar a sexta potencia em breve, por conta da crise europia, mas comenta que na rea da educao, o Brasil no obteve uma melhoria muito significativa. Segundo ele, o ndice trata de trs fatores distintos, expectativa de vida, renda e instruo. Carlos Viana encerra o programa pedindo ao ouvinte para no dirigir sob o efeito de lcool.

3.3 - Planto da cidade versus Jornalismo CvicoPROGRAMA I O jornalista Carlos Viana se apresenta e, como lhe tradicional no incio de cada programa, cita o jargo Um programa que tem compromissos com seus direitos. Esse compromisso uma mensagem direta para o ouvinte. Dessa maneira possvel interpretar que todo e qualquer ouvinte

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do programa Planto da Cidade, pode contar com esse espao na rdio Itatiaia AM/FM de Belo Horizonte, quando se trata da defesa de seus direitos. Direitos do Cidado, segundo o portal do Governo Federal (www.brasil.gov.br) so atributos que nunca devero ser tratados em separado de seus deveres. A um cidado, s permitido a exigncia de tais direitos uma vez que estes exercitem seus deveres, tais como: o Voto para a eleio de governantes; o cumprimento das leis; o respeito dos direitos sociais das outras pessoas, educao e proteo dos nossos semelhantes; a proteo natureza; proteo do patrimnio pblico e social do Brasil; a colaborao com as autoridades. Dessa maneira, com o respeito esses princpios, o indivduo considerado cidado e, portanto, detentor de direitos tais como:

igualdade de gnero, homens e mulheres com iguais direitos e obrigaes; sade, educao, moradia, segurana, lazer, vesturio, alimentao e transporte; a obrigatoriedade do fazer somente em virtude de lei, isto liberdade; direito ao no submetimento tortura nem a tratamento desumano ou degradante; a manifestao do pensamento como liberdade absoluta; a liberdade de conscincia e de crena de carter inviolvel, assegurados, assim, o exerccio dos cultos religiosos e garantidos, na forma da lei, a proteo aos locais de culto. Segundo o portal do Governo Federal, a Constituio de 1988 reserva ainda cinco captulos aos direitos fundamentais do cidado, dentre eles uma gama de categorias que tratam de direitos individuais e coletivos, inclusive leis importantes como o Estatuto da Criana e do Adolescente e o Estatuto do Idoso.11 Dessa forma, a frase que intitula os princpios do programa Planto da Cidade de natureza Cvica o que, portanto, se adqua aos princpios do novo jornalismo ou Jornalismo Cvico, uma vez que a interveno pela defesa dos direitos do cidado por meio do jornalismo caracteriza um de seus fundamentos primordiais. Ao abordar o tema da primeira reportagem que a implementao do sistema de transporte coletivo em Belo Horizonte denominado BRT, Carlos Viana convida o ouvinte a fiscalizar as

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Disponvel em http://www.brasil.gov.br/sobre/cidadania/direitos-e-deveres-individuais. Acessado em 14/11/2011 s 19h52min

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obras de maneira a conscientizar de que provm do dinheiro pblico o desenvolvimento dessas obras. Em seguida a emissora abre espao para a participao ao vivo de um ouvinte interessado em saber se o atendimento do sistema BRT vai contemplar a regio da Avenida Carlos Luz. O jornalista informa sobre a impossibilidade e alega que essa deciso foi tomada h dois meses. possvel identificar duas possibilidades quanto resposta imediata concedida a um ouvinte que estava no ar participando ao vivo. A primeira dessas possibilidades seria o contato prvio com esse ouvinte, suas demandas e a dedicao, por parte da produo do programa, para que seja dada a resposta correta. Uma vez com esse posicionamento apurado, a mesma poderia ser transferida ao interessado em tempo real. A outra possibilidade seria o prvio conhecimento por parte do jornalista diante da questo do ouvinte, o que garantiria a resposta imediata. Levando em considerao a primeira possibilidade, a movimentao do jornalismo em busca de atender a solicitao do ouvinte, mesmo que para uma demanda simples, trata-se de uma atitude que envolve a movimentao de recursos, uma vez que, seria preciso um contato direto com o rgo competente por parte da Prefeitura ou ainda, a consulta pela internet de uma possvel fonte, ferramentas estas, que no estariam disposio com facilidade ao ouvinte. Esse caracterizado um princpio do Jornalismo Cvico. A prxima reportagem aborda o dia dos finados e a comoo das pessoa