O JET LAG SOCIAL E A PRESSÃO DO SONO ASSOCIAM-SE … · (ESE), Inventário de Depressão de Beck...

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43566 O DILATADOR NASAL É EFETIVO COMO PLACEBO EM ESTUDOS DE TRATAMENTO DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO GRAVE Fabiana Yagihara, Geraldo Lorenzi-Filho, Rogerio Santos-Silva FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, IN- STITUTO DO CORAÇÃO (INCOR), DISCIPLINA DE PNEUMOLOGIA, LA- BORATÓRIO DO SONO, SÃO PAULO/SP, BRASIL E-mail address: [email protected] (F. Yagihara) Resumo Introdução O objetivo deste estudo foi comparar os parâmetros da po- lissonograa (PSG) sem e com uso de dilatador nasal após um mês de uso de dilatador nasal em pacientes com apneia obstrutiva do sono (AOS). Métodos O total de 14 pacientes consecutivos (média 7desvio padrão) (2 mulheres; idade ¼ 47,6 79,0 anos; índice de massa corporal ¼ 32,0 74,7 kg/m 2 ) com AOS grave (índice de apneia-hipopneia [IAH] Z30 eventos por hora de sono) foram avaliados antes e após um mês de uso de dilatador nasal. Os pacientes realizaram dois exames de PSG: sem dilatador nasal (estudo diagnóstico) e com dilatador nasal (na primeira noite de uso do placebo). Foram aplicados antes e após um mês de uso do placebo: Escala de Sonolência de Epworth (ESE), Inventário de Depressão de Beck (IDB) e Functional Outcomes of Sleep Questionnaire (FOSQ). Um questionário de conforto e sa- tisfação (QCS) também foi aplicado após um mês de uso do placebo. O Teste GLM (General Linear Model) de medidas repetidas foi uti- lizado para comparação entre os momentos experimentais. Resultados Não foram observadas diferenças estatisticamente signicativas nas variáveis objetivas da PSG, com exceção do IAH (63,6 718,7 Vs. 51,7 723,8; p ¼0,04; tamanho do efeito ¼0,92). Os pacientes usaram o dilatador nasal em 98% das noites do período médio de 30 dias com placebo. A pontuação da ESE (16,1 74,0 Vs. 13,3 75,6), IDB (9,4 77,5 Vs. 7,7 78,4) e FOSQ (13,0 73,6 Vs. 14,2 73,6) não apresentaram diferenças estatísticas (P40,05). De acordo com QCS, os pacientes relataram que não houve melhora na qualidade do sono, de vida e nas atividades diárias e também que o placebo foi de fácil utilização. Conclusões O uso do dilatador mostrou o efeito placebo esperado nos pa- cientes com AOS grave, pois não foi capaz de melhorar a sintomato- logia (sonolência diurna, sintomas depressivos e qualidade de vida), foi de fácil adesão e diminuiu o IAH sem alterar a gravidade da AOS. Suporte nanceiro Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP (#13/ 123015; #13/140255) e Núcleo Interdisciplinar da Ciência do Sono/NICS. http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.094 42302 O JET LAG SOCIAL E A PRESSÃO DO SONO ASSOCIAM- SE COM RISCO CARDÍACO EM ESTUDANTES DE MEDICINA Luana Gabrielle de França Ferreira, Fernanda Fernandes Kolodiuk, Ádison Mitre Lima, Mario André Leocádio Miguel, John Fontenele Araújo UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE E-mail address: [email protected] (L. G. de França Ferreira) Resumo Introdução Os compromissos sociais, como o trabalho e a escola, muitas vezes não estão alinhados ao tempo biológicodos indivíduos gerando um débito de sono que é compensado nos dias livres. A privação de sono vem sendo associada ao risco cardiovascular e sugere-se que o sistema nervoso autonômico seja uma interface entre os problemas do sono às doenças cardiovasculares. No en- tanto, além das evidências demonstradas por estudos de privação de sono de forma aguda e controlada, são necessários estudos investigando efeitos da privação do sono de forma crônica, a qual pode ser avaliada pelo uso da avaliação do jet lag social (JLS). Objetivo Investigar a associação do JLS e marcadores circadianos de atividade-repouso e cardíacos em estudantes de medicina. Métodos Estudo transversal e observacional realizado com estudantes do 1° período do curso de medicina. Foram utilizados os seguintes ins- trumentos: Questionário cronotipo de Munique (MCTQ); Questionário para identi cação de indivíduos matutinos e vespertinos (MEQ); Índice de qualidade do sono de Pittsburgh; Escala de Sonolência de Epworth; Actímetro; Cardiofrequencímetro. Foram analisadas variáveis de carac- terização do sono, não paramétricas (IV60, IS60, L5 e M10) e índices cardíacos. Realizou-se análise estatística descritiva, comparativa e de correlação com uso do programa SPSS versão 20. Resultados Participaram do estudo 41 estudantes, 48,8% (20) mulheres e 51,2% (21) homens, com 19,63 72,07 anos. A média do Índice de Massa Corpórea (IMC) e relação Cintura/Quadril (C/Q) caram dentro dos valores considerados normais. A qualidade do sono ruim foi detectada em 90,2% (37) (X 2 ¼26,56, p o0,001) e 56,1% (23) sonolência diurna excessiva (X 2 ¼0,61, p ¼ 0,435). O JLS teve uma média de 02:39 h 700:55 h e 82,9% (34) tiveram JLS Z1 hora. Houve uma associação entre um maior JLS e uma menor variabi- lidade da frequência cardíaca (VFC) indicando maior ativação simpática. Ocorreu ainda uma associação negativa entre variabi- lidade intradiária (IV60) e índices cardíacos sugerindo que quanto maior a pressão do sono menor era a VFC. Conclusão Nosso estudo demonstrou que através de um marcador funcional Abstracts of XV Brazilian Sleep Congress / Sleep Science 8 (2015) 169255 216

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43566O DILATADOR NASAL É EFETIVO COMO PLACEBO EMESTUDOS DE TRATAMENTO DA APNEIA OBSTRUTIVADO SONO GRAVE

Fabiana Yagihara, Geraldo Lorenzi-Filho, Rogerio Santos-Silva

FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, IN-STITUTO DO CORAÇÃO (INCOR), DISCIPLINA DE PNEUMOLOGIA, LA-BORATÓRIO DO SONO, SÃO PAULO/SP, BRASILE-mail address: [email protected] (F. Yagihara)

Resumo

Introdução

O objetivo deste estudo foi comparar os parâmetros da po-lissonografia (PSG) sem e com uso de dilatador nasal após um mêsde uso de dilatador nasal em pacientes com apneia obstrutiva dosono (AOS).

Métodos

O total de 14 pacientes consecutivos (média7desvio padrão) (2mulheres; idade¼ 47,679,0 anos; índice de massa corporal¼32,074,7 kg/m2) com AOS grave (índice de apneia-hipopneia [IAH]Z30 eventos por hora de sono) foram avaliados antes e após ummês de uso de dilatador nasal. Os pacientes realizaram dois examesde PSG: sem dilatador nasal (estudo diagnóstico) e com dilatadornasal (na primeira noite de uso do placebo). Foram aplicados antes eapós um mês de uso do placebo: Escala de Sonolência de Epworth(ESE), Inventário de Depressão de Beck (IDB) e Functional Outcomesof Sleep Questionnaire (FOSQ). Um questionário de conforto e sa-tisfação (QCS) também foi aplicado após um mês de uso do placebo.O Teste GLM (General Linear Model) de medidas repetidas foi uti-lizado para comparação entre os momentos experimentais.

Resultados

Não foram observadas diferenças estatisticamente significativasnas variáveis objetivas da PSG, com exceção do IAH (63,6718,7 Vs.51,7723,8; p¼0,04; tamanho do efeito¼0,92). Os pacientes usaramo dilatador nasal em 98% das noites do período médio de 30 dias complacebo. A pontuação da ESE (16,174,0 Vs. 13,375,6), IDB (9,477,5Vs. 7,778,4) e FOSQ (13,073,6 Vs. 14,273,6) não apresentaramdiferenças estatísticas (P40,05). De acordo com QCS, os pacientesrelataram que não houve melhora na qualidade do sono, de vida enas atividades diárias e também que o placebo foi de fácil utilização.

Conclusões

O uso do dilatador mostrou o efeito placebo esperado nos pa-cientes com AOS grave, pois não foi capaz de melhorar a sintomato-logia (sonolência diurna, sintomas depressivos e qualidade de vida), foide fácil adesão e diminuiu o IAH sem alterar a gravidade da AOS.

Suporte financeiro

Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP (#13/123015; #13/140255) e Núcleo Interdisciplinar da Ciência do Sono/NICS.

http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.094

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O JET LAG SOCIAL E A PRESSÃO DO SONO ASSOCIAM-SE COM RISCO CARDÍACO EM ESTUDANTES DEMEDICINA

Luana Gabrielle de França Ferreira, Fernanda Fernandes Kolodiuk,Ádison Mitre Lima, Mario André Leocádio Miguel,John Fontenele Araújo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTEE-mail address: [email protected] (L.G. de França Ferreira)

Resumo

Introdução

Os compromissos sociais, como o trabalho e a escola, muitasvezes não estão alinhados ao “tempo biológico” dos indivíduosgerando um débito de sono que é compensado nos dias livres. Aprivação de sono vem sendo associada ao risco cardiovascular esugere-se que o sistema nervoso autonômico seja uma interfaceentre os problemas do sono às doenças cardiovasculares. No en-tanto, além das evidências demonstradas por estudos de privaçãode sono de forma aguda e controlada, são necessários estudosinvestigando efeitos da privação do sono de forma crônica, a qualpode ser avaliada pelo uso da avaliação do jet lag social (JLS).

Objetivo

Investigar a associação do JLS e marcadores circadianos deatividade-repouso e cardíacos em estudantes de medicina.

Métodos

Estudo transversal e observacional realizado com estudantes do 1°período do curso de medicina. Foram utilizados os seguintes ins-trumentos: Questionário cronotipo de Munique (MCTQ); Questionáriopara identificação de indivíduos matutinos e vespertinos (MEQ); Índicede qualidade do sono de Pittsburgh; Escala de Sonolência de Epworth;Actímetro; Cardiofrequencímetro. Foram analisadas variáveis de carac-terização do sono, não paramétricas (IV60, IS60, L5 e M10) e índicescardíacos. Realizou-se análise estatística descritiva, comparativa e decorrelação com uso do programa SPSS versão 20.

Resultados

Participaram do estudo 41 estudantes, 48,8% (20) mulheres e51,2% (21) homens, com 19,6372,07 anos. A média do Índice deMassa Corpórea (IMC) e relação Cintura/Quadril (C/Q) ficaramdentro dos valores considerados normais. A qualidade do sonoruim foi detectada em 90,2% (37) (X2¼26,56, po0,001) e 56,1%(23) sonolência diurna excessiva (X2¼0,61, p¼0,435). O JLS teveuma média de 02:39 h700:55 h e 82,9% (34) tiveram JLSZ1 hora.Houve uma associação entre um maior JLS e uma menor variabi-lidade da frequência cardíaca (VFC) indicando maior ativaçãosimpática. Ocorreu ainda uma associação negativa entre variabi-lidade intradiária (IV60) e índices cardíacos sugerindo que quantomaior a pressão do sono menor era a VFC.

Conclusão

Nosso estudo demonstrou que através de um marcador funcional

Abstracts of XV Brazilian Sleep Congress / Sleep Science 8 (2015) 169–255216

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(VFC) a presença de risco cardíaco precoce e que há uma associaçãoentre o risco cardíaco e o JLS e a pressão ao sono. Este resultados sãoimportantes em decorrência da nossa amostra ser composta de jovensestudantes do primeiro ano do curso de medicina.

http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.095

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O PADRÃO DA CURVA DE FLUXO PERMITE IDENTIFI-CAR O LOCAL DE COLAPSO DA FARINGE NA APNEIAOBSTRUTIVA DO SONO

Pedro Rodrigues Genta, Scott A. Sands, James P Butler,Steohen H Loring, Eliot Katz, B Gail Demko, David P White,Andrew Wellman

UNIVERSITY OF SÃO PAULO SCHOOL MEDICINEE-mail address: [email protected] (P.R. Genta)

Resumo

A apneia obstrutiva do sono (AOS) é caracterizada pela obstruçãorecorrente de uma ou mais estruturas da faringe durante o sono(velofaringe, parede lateral da faringe, base da língua e epiglote).Por outro lado, diferentes padrões de fluxo podem ser encontradosem pacientes com AOS. Nossa hipótese é que a obstrução de di-ferentes estruturas da faringe produzem diferentes padrões dacurva de fluxo inpsiratório entre pacientes com AOS. Trinta e umpacientes (7 mulheres), com índice de apneia-hipopneia¼ 47728eventos/h, com idade de 5079 anos, foram estudados. Os pacientesforam submetidos a um exame de sonoendoscopia durantemonitorização polissonográfica durante sono natural, usando umbroncoscópio pediátrico de 2,8 mm. A pressão da faringe foi mon-itorizada através de um cateter locado na faringe. Durante o exameos pacientes utilizaram uma máscara nasal acoplada com umpneumotacógrafo. O broncoscópio foi posicionado na velofaringe eorofaringe. Um CPAP modificado foi utilizado para induzir limitaçãode fluxo se necessário. O padrão de fluxo foi caracterizado de acordocom o grau de dependência ao fluxo negativo (DEN) (redução per-centual do pico de fluxo ao fluxo no pico de pressão faríngea). Ocolapso da faringe foi classificado em 4 tipos: hipertrofia de língua,palato isolado, paredes laterais e epiglote. A língua estava hiper-trofiada, causando abaulamento anterior do palato em 13 pacientes(34%) e produziu o menor valor de DEN¼19[14–25]%. Colapso dopalato isoladamente foi observado em 8 pacientes (21%), produ-zindo DEN de 46[39–52]%. As paredes laterais da faringe provo-caram colapso da faringe em 8 pacientes, levando a DEN de 50[44–65]%. O colapso da epiglote ocorreu em 13 pacientes (24%), levandoao maior valor de DEN¼89[78–91]% (po0,001). O padrão de fluxoinspiratório permite identificar o local de colapso da faringe. Aanálise do fluxo inspiratório durante a polissonografia poderá serútil na escolha do tratamento para a AOS através da identificação dolocal de colapso.

http://dx.doi.org/10.1016/j.slsci.2016.02.096

42203

O PERFIL METABÓLICO NÃO ESTÁ PRESERVADO EM PA-CIENTES COM A SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DOSONO DE GRAU LEVE- DADOS PRELIMINARES

Luciana Oliveira e Silva, Thais de Moura Guimarães,Gabriela Costa Pontes Luz, Glaury Coelho, Luciana Badke,Sergio Tufik, Lia Bittencourt, Sonia Togeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO- DEP PSICOBIOLOGIAE-mail address: [email protected] (L.O. e Silva)

Resumo

Introdução

A associação independente entre Síndrome da Apneia Obstrutivado Sono (SAOS) de grau moderado e acentuado e as alterações me-tabólicas foi demonstrada em estudos epidemiológicos. No entanto, asconsequências da SAOS leve no perfil metabólico ainda não foi clara-mente avaliado. E investigações são feitas sem discriminar o impactoda obesidade na saúde destes indivíduos.

Objetivo

Avaliar o perfil metabólico de pacientes com SAOS leve, in-dependente do excesso de peso ou obesidade.

Métodos

O grupo SAOS leve (GS), n¼30 foram selecionados no ambulatóriode distúrbios respiratórios do sono; ambos os sexos; IMCr35Kg/m²;idade430 a 60 anos; com o diagnóstico clínico/polissonográfico deSAOS leve: Índice de Apneia-Hipopneia (IAH) (5 a 15 eventos/hora desono) e sintomas (AASM, 2005). O grupo controle (GC), n¼30 foramindíviduos recrutados dentre o convívio do grupo SAOS e selecionados`a partir dos parâmetros de PSG: IAH menor que 5, índice de distúrbiorespiratório menor que 5 e despertares menor que 15 por hora. Asamostras sanguíneas foram colhidas após 12 horas de jejum incluindoas dosagens de glicemia de jejum, colesterol total e frações, triglicér-ides, ácido úrico, hemoglobina glicosilada e insulina. O estudo foiaprovado pelo Comitê de Ética (n°: 91.493).

Análise estatística

Teste Anova, αo0.05. A amostra foi pareada por idade, Índicede Massa Corpórea (IMC) e circunferência abdominal (CA).

Resultados

Dados descritivos da amostra: IMC¼(GC): 24,9672,82 versus(GS): 26,3173,44 Kg/m2; idade (GC)¼ 37,8079,01 versus GS:40,4077,84 anos; CA¼ (GC): 88,59710,57 versus (GS):93,54710,95 cm. No perfil metabólico, o GS apresentou maiores va-lores: no VLDL (GC: 18,30711,00 versus GS: 24,37711,73, p¼0,04);triglicérides: (GC: 91,43754,86 versus GS: 133,66787,01, p¼0,02) einsulina (GC: 6,4773,33 versus GS: 8,6574,52, p¼0,03).

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