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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN 1808-8716 Dias. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 7(gt21):1-17 O GRAU DE SATISFAÇÃO COM A FORMAÇÃO NAS ENGENHARIAS GT21 – Estudos CTS e educação CTS: articulações pertinentes Maria Sara de Lima Dias Resumo: Cada curso deve possuir um projeto pedagógico que demonstre que o seu conjunto das atividades previstas garantirá o perfil desejado de seu egresso, deste modo é importante realizar avaliações sobre a formação do ponto de vista dos alunos. Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, os cursos de bacharelado terão como perfil do egresso um profissional com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitados a absorver e desenvolver novas tecnologias com visão ética, humanística, criativa e empreendedora, em atendimento às demandas da sociedade. A partir dos estudos sobre trabalho, educação e os estudos CTS o presente estudo pretendeu discutir resultados parciais de uma pesquisa sobre o perfil do egresso das engenharias, analisando especificamente como os conteúdos curriculares contribuem para a formação profissional segundo a percepção dos alunos. Utilizou-se da aplicação de um questionário on line via plataforma Google docs. que foi submetido à totalidade dos formados da área tecnológica, considerando os formados nas engenharias, civil, elétrica, mecânica, mecatrônica, eletrônica e engenharia de automação no período entre 2005 a 2015. Deste modo se levantou a percepção dos egressos dos últimos dez anos, os dados foram submetidos ao tratamento estatístico descritivo e à análise de conteúdo. Os cursos de bacharelados possuem uma estrutura curricular que contempla disciplinas de formação básica, de formação profissional, de cunho tecnológico e também conteúdos de formação complementar. Nas engenharias tem-se como diferencial 50% da carga horária são utilizadas em atividades de laboratório. Os resultados indicam que as dificuldades apontadas pelos engenheiros em sua trajetória profissional apontam falhas no sistema formativo que dizem respeito à quantidade e qualidade das disciplinas práticas e de conteúdos teóricos, a carga horária das disciplinas e ao relacionamento professor aluno. As crenças sobre o mercado de trabalho também permeiam os discursos dos egressos que ainda percebem a falta de conteúdo das ciências humanas na sua formação como uma deficiência. Enfatizam a necessidade de obter informações sobre o perfil dos egressos para posteriores adequações entre o currículo e as expectativas das pessoas. Por parte das Instituições de Ensino, ainda não existe nenhum tipo de sistematização em se realizar avaliações da efetividade das políticas de educação.

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O GRAU DE SATISFAÇÃO COM A FORMAÇÃO NASENGENHARIAS

GT21 – Estudos CTS e educação CTS: articulações pertinentes

Maria Sara de Lima Dias

Resumo: Cada curso deve possuir um projeto pedagógico que demonstre que o seu conjunto dasatividades previstas garantirá o perfil desejado de seu egresso, deste modo é importante realizaravaliações sobre a formação do ponto de vista dos alunos. Na Universidade Tecnológica Federal doParaná, os cursos de bacharelado terão como perfil do egresso um profissional com formaçãogeneralista, humanista, crítica e reflexiva, capacitados a absorver e desenvolver novas tecnologias comvisão ética, humanística, criativa e empreendedora, em atendimento às demandas da sociedade. Apartir dos estudos sobre trabalho, educação e os estudos CTS o presente estudo pretendeu discutirresultados parciais de uma pesquisa sobre o perfil do egresso das engenharias, analisandoespecificamente como os conteúdos curriculares contribuem para a formação profissional segundo apercepção dos alunos. Utilizou-se da aplicação de um questionário on line via plataforma Google docs.que foi submetido à totalidade dos formados da área tecnológica, considerando os formados nasengenharias, civil, elétrica, mecânica, mecatrônica, eletrônica e engenharia de automação no períodoentre 2005 a 2015. Deste modo se levantou a percepção dos egressos dos últimos dez anos, os dadosforam submetidos ao tratamento estatístico descritivo e à análise de conteúdo. Os cursos debacharelados possuem uma estrutura curricular que contempla disciplinas de formação básica, deformação profissional, de cunho tecnológico e também conteúdos de formação complementar. Nasengenharias tem-se como diferencial 50% da carga horária são utilizadas em atividades de laboratório.Os resultados indicam que as dificuldades apontadas pelos engenheiros em sua trajetória profissionalapontam falhas no sistema formativo que dizem respeito à quantidade e qualidade das disciplinaspráticas e de conteúdos teóricos, a carga horária das disciplinas e ao relacionamento professor aluno.As crenças sobre o mercado de trabalho também permeiam os discursos dos egressos que aindapercebem a falta de conteúdo das ciências humanas na sua formação como uma deficiência. Enfatizama necessidade de obter informações sobre o perfil dos egressos para posteriores adequações entre ocurrículo e as expectativas das pessoas. Por parte das Instituições de Ensino, ainda não existe nenhumtipo de sistematização em se realizar avaliações da efetividade das políticas de educação.

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Introdução

Refletir sobre a formação nas engenharias é também pensar que cada curso deve

possuir um projeto pedagógico que demonstre que o seu conjunto das atividades previstas

garantirá o perfil desejado de seu egresso, deste modo é importante realizar avaliações sobre a

formação do ponto de vista dos alunos que passaram pelo processo formativo.

Segundo a Confederação Nacional de Engenheiros (Confea) o Brasil forma cerca de 40

mil engenheiros por ano, a Rússia, a Índia e a China formam 190 mil, 220 mil e 650 mil,

respectivamente. Entidades empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria, têm

feito estudos sobre o impacto da falta de engenheiros no desenvolvimento econômico

brasileiro. Contraditoriamente esta afirmação se impõe novos dados que afirmam que 58%

dos engenheiros brasileiros não trabalha em sua área de formação. Esta análise é feita pela

Confederação Nacional da Indústria (CNI) com base em estatísticas do Ministério da

Educação (MEC) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim a

contradição entre o sistema formativo e as demandas do mercado de trabalho se aprofundam.

A história da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR teve início no

século passado e começou com a criação das Escolas de Aprendizes Artífices em várias

capitais do país. No Paraná, a escola foi inaugurada no dia 16 de janeiro de 1910, em um

prédio da Praça Carlos Gomes. Antes dividido em ramos diferentes, em 1959 o ensino técnico

no Brasil foi unificado pela legislação. A escola ganhou, assim, maior autonomia e passou a

chamar-se Escola Técnica Federal do Paraná. Em 1974, foram implantados os primeiros

cursos de curta duração de Engenharia de Operação (Construção Civil e Elétrica).

Quatro anos depois (1978), a Instituição foi transformada em Centro Federal de

Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR), passando a ministrar cursos de graduação plena.

A partir da implantação dos cursos superiores, deu-se início ao processo de “maioridade” da

Instituição, que avançaria, nas décadas de 80 e 90, com a criação dos Programas de Pós-

Graduação. Em 1990, o Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Técnico fez com que o

Cefet-PR se expandisse para o interior do Paraná, onde implantou unidades. Com a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (LDBE), de 1996, que não permitia mais a oferta dos cursos

técnicos integrados, a Instituição, tradicional na oferta desses cursos, decidiu implantar o

Ensino Médio e cursos de Tecnologia. Em 1998, em virtude das legislações complementares à

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LDBE, a diretoria do então Cefet-PR tomou uma decisão ainda mais ousada: criou um projeto

de transformação da Instituição em Universidade Tecnológica. Após sete anos de preparo e o

aval do governo federal, o projeto tornou-se lei no dia 7 de outubro de 2005. O Cefet-PR,

então, passou a ser a UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

(UTFPR) – a primeira especializada do Brasil. Atualmente, a Universidade Tecnológica conta

com 13 câmpus, distribuídos nas cidades de Apucarana, Campo Mourão, Cornélio Procópio,

Curitiba, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Guarapuava, Londrina, Medianeira, Pato Branco,

Ponta Grossa, Santa Helena e Toledo.

As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação da UTFPR, aprovadas pela

Resolução nº 009/12-COGEP de 01/06/2012, em seu Art. 21 estabelecem: Art. 21 - Os Cursos

de Bacharelado da UTFPR terão como perfil do egresso um profissional com formação

generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver novas

tecnologias com visão ética, humanística, criativa e empreendedora, em atendimento às

demandas da sociedade. Ao refletir sobre o objetivo da formação de alunos em uma

Universidade de cunho tecnológico, devemos pontuar sobre o papel social da tecnologia e da

ciência no desenvolvimento do país.

A tecnologia e a ciência dentro do modelo capitalista, não contribuem para a mudança

social uma vez que não atendem as demandas da sociedade como um todo e tampouco as

demandas da produção tecnológica para a indústria nacional. Segundo Dagnino “a

universidade tem uma visão de ciência muito semelhante àquela que há pouco critiquei. Ela

percebe a ciência como tendo um motor de crescimento que guiaria seu desenvolvimento de

acordo com leis próprias, definidas endogenamente” (2014a, p. 27) Esta endogenia não existe

uma vez que a ciência a tecnologia tem uma relação histórica cultural com a sociedade em

que se produzem.

A anomalia na política brasileira na implica em um projeto político que afeta desde

uma visão neoliberal toda a forma de distribuição de recursos de investimentos na política de

Ciência e Tecnologia para as universidades federais do país. Acaba por afetar direta e

inteiramente os atores sociais envolvidos nas instituições de ensino. Como uma política

anômala para Dagnino (2014b, p.48) “Ao contrário do que ocorre quando um dado ator social

materializa seu projeto político na sua agenda particular no âmbito de um processo decisório

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de uma política “normal”, quando ele se envolve com uma política anômala, a agenda

defendida não é coerente com seu projeto político.” Deste modo o aluno quanto adentra uma

universidade busca a realização de seus interesses e objetivos de vida e carreira. Algo que seja

coerente com os projetos de vida.

Para Dagnino (2014b, p.50) “Em consequência, acreditam que o conhecimento, para

servir à sociedade, tem que passar pela empresa e pelo mercado; tem que ser

“comercializável. E se a empresa for inovadora e competitiva, gerará empregos bem pagos,

produtos melhores e mais baratos; o empresário obterá mais lucro, investirá mais, os

trabalhadores ganharão mais e os consumidores serão mais bem servidos. Enfim, haverá

desenvolvimento econômico e social”. Por outro lado a Confederação Nacional das Indústrias

(CNI) defende mudanças nos cursos de engenharia, sendo que um dos motivos alegados para

tais mudanças é necessidade de inclusão de disciplinas no currículo de experiências práticas.

Deste modo reivindicam que haja uma aderência do ensino às demandas da indústria

Poucos são os estudos e intervenções que identificam fontes de satisfação com a

escolha profissional e analisam trajetórias profissionais e comportamento dos egressos.

Palharini & Palharini,,(,(2008) Bardagi, et al (2008) Ortigoza; Poltronieri; Machado (2012)

Reis, et al (2010) Teixeira & Maccari (2014) Bittar & Nogueira, (2015) Paul (2015). Entre

outros pesquisadores buscam avaliar os perfis dos egressos a partir de diferentes perspectivas

teóricas e metodológicas. No entanto o perfil do egresso nas engenharias apresenta poucos

estudos consistentes sobre o tema do grau de satisfação com a formação.

As instituições de ensino devem estar pensando a sua adequação às Diretrizes

Curriculares Nacionais que apontam diversas formas de avaliação da ação formativa. A

Constituição Federal de 1988 prevê a avaliação de qualidade dos cursos, assegurada

posteriormente pela Lei que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),

de número 9394/96. “Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES”

Medida Provisória número 147, de 2004, constituir-se no marco legal de maior importância: a

Lei de Avaliação Institucional número 10.861.

No entanto o processo de acompanhamento de egressos (PAE) é requisito

fundamental de avaliação das políticas educacionais, que ainda não foi implantado de forma

sistemática das universidades brasileiras. Segundo o ministério da educação o PAE é “uma

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das formas de avaliação da eficácia e da efetividade social de Políticas Públicas e Programas

de Educação profissional”. Contudo não existe nem a tradição, nem a sistematização, por

parte de Instituições de Ensino, em se realizar avaliações da efetividade das políticas de

educação.

Logo o perfil do egresso e a sua satisfação com a formação profissional obtida é

relegado a segundo plano pela grande maioria das instituições superiores de ensino. É

importante ouvir o egresso e se buscar evidências sobre a melhora contínua da qualidade dos

serviços educacionais prestados. Considerando-se ainda fundamental a visão dos dirigentes

das IES sobre a necessidade ou não de buscar a satisfação do egresso com o perfil profissional

propalado na graduação objetivou-se investigar as características desta população; e levantar o

grau de satisfação atribuído à formação acadêmica para o egresso;

Metodologia

A partir dos estudos sobre trabalho, educação, psicologia e os estudos CTS o presente

estudo pretendeu discutir resultados parciais de uma pesquisa mais ampla sobre o perfil do

egresso das engenharias, analisando especificamente o grau de satisfação para com a

formação profissional e suas relações com os conteúdos teóricos, técnicos e o preparo para o

trabalho.

Utilizou-se da aplicação de um questionário on line via plataforma Google docs. que

foi submetido à totalidade dos formados da área tecnológica (N=2.800). Considerando como

área tecnológica os formados nas engenharias, civil, elétrica, mecânica, mecatrônica,

eletrônica e engenharia de automação no período entre 2005 a 2015. Os participantes da

pesquisa são egressos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Curitiba),

instituição de ensino de caráter tecnológico, localizada na cidade de Curitiba, que completou

em 2014 dez anos de sua transformação em Universidade. Foram tomados todos os devidos

cuidados éticos com os participantes no sentido do sigilo e proteção da informação, sendo

entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a todos os participantes. A

pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa segundo o CAAE número

48171015.6.0000.5547.

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Como análise os dados foram submetidos ao tratamento estatístico descritivo dos

dados, e as informações dissertativas foram analisadas na apreensão da dialética da

subjetividade-objetividade. Esse tipo de análise parte da maneira como o próprio sujeito

(re)produz de forma descritiva a sua história (Aguiar & Ozella, 2013).

Tanto o questionário, seguiu os seguintes eixos: dados de identificação com o objetivo

investigar as características dos participantes, com dados referentes à idade, sexo, situação

escolar, a escolha do curso superior; questões que permitam analisar a carreira dos egressos e

questões que permitam avaliar relações e contradições entre formação e carreira profissional

na área tecnológica. Para evitar a identificação dos nomes dos participantes na pesquisa cada

opinião será apresentada pela letra P seguida do número representativo do egresso.

Resultados

Os sujeitos pesquisados se referem a um conjunto que representava a totalidade dos

egressos, no entanto ao serem submetidos os questionários muitos foram devolvidos por não

alcançarem os e-mails atualizados. Assim a amostra de 2.600 egresso teve uma taxa de

recebimento efeito da pesquisa de 2.000 e-mails efetivamente enviados e destes resultaram em

respostas daqueles que receberam o mesmo instrumento de coleta de dados com perguntas

abertas e fechadas. Assim apresenta-se no gráfico a seguir um perfil dos participantes deste

estudo (N=240) distribuídos em cursos das áreas da engenharia. Cumpre resgatar que os

cursos tem períodos históricos diferentes de lançamentos, assim os cursos mais antigos

apresentam uma maior quantidade de egressos relativamente aos cursos mais recentes. O

enunciado proposto no questionário permitia que o egresso descreve-se livremente suas

percepções em relação ao item objetivamente avaliado.

Gráfico 1 – Tipografia dos cursos frequentados

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Engenharia Mecânica; 30,77%

Engenharia Elétrica; 25,10%

Engenharia Civil; 18,62%

Engenharia de Computação; 1,62%Engenharia Eletrônica; 17,81%

Engenharia de Contriole e Automação; 1,21%Outro; 4,86%

Fonte: Autoria própria (2017).

Os cursos de bacharelados possuem uma estrutura curricular que contempla disciplinas

de formação básica, de formação profissional, de cunho tecnológico e também conteúdos de

formação complementar em atividades complementares. Nas engenharias tem-se como

diferencial 50% da carga horária são utilizadas em atividades de laboratório, sendo que a

grande maioria dos cursos informa que uma “visão real de sua vida profissional,

proporcionada por um Estágio Curricular Obrigatório de no mínimo 360 horas” (site UTFPR).

Este dados refletem um perfil de formação profissional diferenciado entre as demais

universidades com uma marca de profissionalização obtida através de estágios que

configuram uma carga horária maior nas graduações em relação à UFPR por exemplo de até

400 horas de diferença.

O discurso dos egressos utilizados para ilustrar este artigo representam uma dimensão

do único e ao mesmo tempo do coletivo dos egressos, o que viabiliza a compreensão em uma

análise dos núcleos significativos. Compreendidos como eixos em torno dos quais o

pesquisador pode ir organizado os temas considerados relevantes. (Aguiar & Ozella, 2013).

Quando questionados sobre os motivos que os levam a escolher a área tecnológica

afirmam: afinidade, aptidão nas exatas, mercado de trabalho favorável, vocação, gosto,

identificação, remuneração, salário, curiosidade, interesse por máquinas, tecnologia e

máquinas. O trabalho ou o mercado de trabalho propriamente dito, se apresenta como

elemento central nos discursos dos egressos. Uma vez que em nossa sociedade a perspectiva

de trabalho e a possível forma de inserção pelo trabalho é considerada como fundamento da

vida social e repercute nas escolhas profissionais.

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Deste modo se pode afirmar que o projeto de futuro do jovem está relacionado

também a construção de uma identidade profissional posterior ao período formativo, no qual a

adoção de padrões e valores socialmente definidos também se faz presente nas escolhas do

curso superior e da graduação preterida ou preferida.

A profissão é motivo de preocupação constante posto que almejam em geral um ideal

próximo do que seus pais tiveram em termos de escolha profissional e carreira.

Apresentaremos agora em um conjunto amplo os resultados das diferentes perguntas feitas

com relação ao grau de satisfação com a graduação escolhida.

Os dados foram agrupados na tabela a seguir:

Tabela 1. Qual o seu grau de satisfação com relação à graduação escolhida?

Conteudo Tecnico

Prática

Prepara para o trabalho

Autonomia

Competencia tècnicas

Competêncvia humanas

Contrapartida social

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

Fonte: Autoria própria (2017).

Quando questionados sobre o grau de satisfação com a escolha profissional afirmam

que a universidade prepara o conteúdo técnico e as competências técnicas em detrimento das

áreas de prática, de competências humanas e de qualquer contrapartida social. Talvez aqui

esteja uma das fortes razões para se discutir um pouco a escolha profissional propriamente

dita. As influências sociais moldam o comportamento de escolha dos jovens, assim o trabalho

futuro e as perspectivas relacionadas a este suposto trabalho são elementos que particulares

que aparecem no discurso sobre as escolhas. Quando o trabalho aparece em sua forma de

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emprego e surge na vida do egresso logo após o período formativo, estes apresentam uma

maior adesão a uma identidade profissional relacionada à engenharia. Quanto não obtêm

sucesso nesta inserção considera-se uma maior fragilidade para o estabelecimento de uma

identidade profissional na área formativa.

Assumir uma identidade profissional após a formatura depende fundamentalmente não

do saber mais do fazer, estar empregado resulta em uma maior satisfação com a escolha

profissional anterior. E provar que se trata de uma escolha bem sucedida e seu contrário estar

formado e desempregado, resulta em pôr em dúvidas o seu plano inicial.

Sobre se as competências técnicas e o conteúdo técnico suprem as expectativas dos

egressos. Ao longo do estudo devemos considerar que são as percepções e os sentimentos

também decorrentes das relações sociais e das condições culturais que perpassam os

discursos, no embate entre o que a universidade promete e o que a sociedade cumpre.

A pesquisa mostra que os jovens não são críticos em relação à tecnologia ou ao

discurso sobre as competências, revelando visões naturalizadas do impacto da atividade

formativa sobre o mundo material das relações de trabalho. Deste modo a percepção do

trabalho é convertida exclusivamente em sua forma de emprego. Como nesta

fala:-“Inicialmente, para a maior parte dos meus colegas de formação, não consegue-se

ganhar um salário condizente com o piso da categoria (as empresas pagam salários abaixo

do piso). Porém, com o tempo, há oportunidades para subir na carreira.” Em suma, ao

afirmar que possuem as qualificações que o mercado requer e que há oportunidades, tudo é

uma questão de tempo, conformando uma visão comum presente no discurso dos egresso que

já estão inseridos no trabalho. No entanto em um tipo de trabalho reconhecidamente precário,

a profissão de engenheiro e os ideais relacionados à escolha profissional inicial continuam

nutrindo visões de desenvolvimento e de perspectivas que permanecem em seu discurso,

Outros egressos com mais tempo de formados e que se submeterem a formas de

trabalho ainda mais precarizadas já demonstram em seu conjunto que se apropriaram de uma

outra visão, na qual uma só formação, ou seja, somente a própria graduação, não prepara para

a carreira do engenheiro. Neste caso consideram o fator experiência e a necessidade de

relacionamentos interpessoais como aspectos influentes na obtenção do trabalho, como nesta

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fala: - “Só o diploma de engenheiro não serve pra muita coisa. As empresas querem muita

experiência e sem uma indicação fica quase impossível arrumar um emprego na área”.

Assim ao afirmar o impossível do emprego aos poucos a visão clássica e naturalizada

das profissões das engenharias como profissões nas quais se obtêm sucesso no mercado de

trabalho vão sendo modificadas pelo próprio fator do (des)emprego do engenheiro.

Ao serem questionados sobre a satisfação com as atividades práticas relativas a sua

formação consideram-se: muito satisfeitos (N=73) 29.6%, satisfeito (N=140) 56.7%, pouco

satisfeito (N=26), 10.5%, insatisfeito (N=7), 2.8% e indiferente (N=1), 0.4%. Os resultados

indicam que uma das dificuldades apontadas pelos engenheiros em sua trajetória profissional,

são a falta de atividades práticas relativas ao seu campo de trabalho. No rol dos alunos pouco

satisfeitos existem aqueles que percebem que o atraso na área da engenharia não se refere

somente à aspectos da formação mais ainda a condições sociais do pais, como nesta fala: “A

construção civil, no Brasil está absurdamente atrasada. O país é extremamente carente de

infraestrutura de base, urbanização e moradia. O cenário do mercado de trabalho, na

construção civil, mudou consideravelmente neste último ano, as vagas abertas foram

encerradas, as vagas que estão sendo abertas exigem mais, o setor de projetos está quase

parando, obras muito pouco. Os investidores estão saindo do país e buscando mercados mais

seguros.”

Apesar de serem egressos de uma geração que vivencia rápidas mudanças no mundo

contemporâneo, as exigências de adaptação a uma realidade social e política do pais que está

dada afetam os discursos e as emoções dos egressos que passam a justificar a ausência de

postos de trabalho e sua relação sempre contraditória com uma formação para o trabalho. Para

Bardagi & Paradiso (2003) o grau de satisfação com a graduação tende a mudar no meio do

curso universitário.

Se por um lado o país não oferece oportunidades o egresso volta-se para aspectos e

características da formação, valorizando nesta retórica comum a grande parte dos egressos a

percepção de que existe uma grande possibilidade de campos de atuação profissional, como

nesta fala:- “Sou recém formada e estou sem perspectivas atualmente, pois como engenheira

posso atuar em várias áreas ou segmentos, porém ainda não consegui entrar no mercado de

trabalho.” Conforme Dias & Soares (2012) a orientação profissional pode auxiliar o jovem no

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planejamento de sua carreira após o período universitário. Carreira percebida pelo jovem

porém não ainda planejada como nesta fala: “O curso de engenharia mecânica nos dá a

possibilidade de atuar não apenas na área tecnológica, como na área administrativa

também.” A fragilidade identitária do egresso se configura em uma perspectiva de fase de

espera e de notória crença na formação. Assim se define o tempo de espera do ingresso como

uma fase na qual é natural uma fase de moratória e de espera e que no entanto permite

flutuações de estado de ânimo para a manutenção do comportamento de busca pelo emprego

na área.

Quando questionados sobre o preparo para o trabalho apresentam-se como muito

satisfeito (N=25), 10.1%, satisfeito (N=102), 41.3%, pouco satisfeito (N=80), 32.4%,

insatisfeito (N=38), 15.4% e indiferente (N=2), 0.8%. Ressalta-se que existe um padrão de

satisfação que se relaciona com o tempo de formado, como a pesquisa abrangeu os últimos

dez anos, em geral os que se dizem satisfeitos com o preparo para o trabalho são também os

que tem mais tempo de formado e que encontraram um mercado de trabalho aquecido.

A tendência é de que os egressos, que se deparam com o poucas oportunidades no

mercado, ou seja os formados nos últimos cinco anos, são aqueles que apontam falhas no

sistema formativo. Estas falhas dizem respeito diretamente ao não preparo para o mundo do

trabalho, e a uma percepção de que a graduação não tenha contribuído muito com os

conhecimentos que o mercado de trabalho está exigindo. De qualquer forma há uma grande

passividade na percepção de que as graduações não preparam para o mundo do trabalho,

remetendo ao sujeito, individual a responsabilidade sobre a sua carreira futura, como explicito

neste caso: “Infelizmente o mercado de trabalho está muito ruim para recém formados. Ainda

não consegui me inserir no mercado de trabalho.” Outros ainda apontam não entender o

mercado de trabalho e assim não compreender se existe ou não um preparo real para este

mercado, como nesta fala:-” Não entrei no mercado ainda”.

Por enquanto o que se justifica no discurso dos egressos é que e trata de uma fase

temporária e transitória, como nesta fala: “No que diz respeito ao mercado de trabalho atual,

não está fácil conseguir emprego. Eu, uma pessoa formada recentemente, encontro muitas

dificuldades, em como procurar emprego, onde procurar, sites, pessoalmente, rh's não

respondem. e ai o que fazer? Não adianta você generalizar demais seus conhecimentos,

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fazendo curso em todas as áreas pós faculdade, se cada vez mais as vagas de emprego

querem cursos específicos. Assim vejo, pois a oportunidade tem que ser dada, para que possa

ter um treinamento para desenvolvimento das funções. Mérito todos temos, basta as empresas

darem oportunidade, o que no momento atual não está fácil.” O tempo de experiência e/ou a

falta de experiência é valorizada no discurso como uma justificativa racional para o

desemprego. Como aponta Vigotsky (2001, p. 398), os significados são, “ao mesmo tempo,

um fenômeno de discurso e intelectual”. Eles são a unidade constitutiva da contradição entre

pensamento e linguagem. E esta contradição aparece mesmo no discurso daqueles que se

dizem satisfeitos com a formação obtida.

Muito embora a grande maioria dos participantes tenha afirmado que a universidade

possibilita o desenvolvimento da autonomia. Esta autonomia do aluno está focada em

conteúdos teóricos e principalmente nas disciplinas das áreas de exatas. Contraditoriamente

apontam falhas no sistema formativo em sua grande maioria relacionadas com a falta de

informação das áreas de humanas e ciências sociais.

O estudo com os egressos também aponta para a importância da formação superior

que seja voltada prioritariamente para as necessidades da sociedade, para além de uma

formação focada exclusivamente no trabalho. Para que hajam contribuições mais efetivas dos

estudos sobre egressos, existe a necessidade de ainda realizar pesquisas longitudinais sobre as

trajetórias, de modo a conhecer os motivos relacionados ao abandono do campo. Neste estudo

não era o foco principal no entanto pode-se observar uma fuga da área tecnológico, em alguns

egressos como neste caso:- “Sai da área tecnológica e estou fazendo mestrado em

administração”. Conforme Dias, M. S. L. & Soares, D. H. P. (2007) há que se pensar nos

limites e nas possibilidades da formação profissional.

Considerando as transformações da sociedade e do próprio campo de atuação

profissional, a segmentação do mercado é talvez uma das razões mais alegadas para o não

ingresso no mundo do trabalho na área das engenharias ou para uma fuga da área das

engenharias para a administração ou gestão.

De qualquer forma é preciso apontar que existe entre os egressos em geral uma visão

naturalizada de que a formação é para o trabalho, e também de que se ainda não encontraram

trabalho é porque lhes falta qualificação profissional ou experiência.

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Existe uma cultura de culpabilidade do indivíduo sobre as suas escolhas e uma auto

responsabilização pela condição de desemprego que são evidentes. Entre os egressos a crença

ainda é de que existe emprego para todos, desta forma entram em uma posição conflituosa em

relação aos seus projetos de vida e expectativas, como nesta fala: “Tive uma experiência em

uma área específica da engenharia e agora estou encontrando dificuldade em recolocação.

Atualmente minha carreira está totalmente parada.” A visão de que a situação de desemprego

é provisória perpassa a totalidade das respostas dos egressos, em busca de uma identidade

profissional na busca de reconhecimento e de independência financeira.

Considerações finais

Os resultados sobre o grau de satisfação com a formação na área das engenharias

indicam algumas das dificuldades apontadas pelos engenheiros em sua trajetória profissional.

O estar satisfeito ou não com o curso obtido tem relação direta e imediata com o período

histórico em que este participante se formou e com estar no mercado de trabalho exercendo a

profissão pela qual se qualificaram ou estar em situação de desemprego ou fuga da área.

Neste sentido os formados apontam falhas no sistema formativo que dizem respeito à

quantidade e qualidade principalmente das disciplinas práticas e das aulas de laboratório.

Quanto à qualidade dos conteúdos teóricos se confrontam em geral com uma carga horária

maior dedicada às disciplinas de exatas do que nas outras universidades em um mesmo curso.

O grupo de egressos ainda pontua a necessidade de melhoras no que se refere ao

relacionamento entre o professor e o aluno por vezes classificado como muito severo ou

ríspido. Contraditoriamente o excesso de carga horária das disciplinas de exatas e o perfil dos

professores também são valorizados pelos egressos como uma questão de autonomia no

processo de aprendizagem, principal fator de manutenção do status da instituição.

A conformidade com os modelos de profissionais das engenharias não obstante se

reflete em uma busca incessante por maiores qualificações. Muito embora o que o perfil do

mercado de trabalho está exigindo é desconsiderado pelos egressos. Existem características

importantes do mercado de trabalho e da relação entre emprego e desemprego que permeiam

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as avaliações subjetivas sobre o grau de satisfação que se estabeleceu entre a quantidade e

qualidade das disciplinas.

O efetivo aproveitamento das práticas formativas para o exercício profissional bem

como a realização pessoal e profissional tangenciam todo o discurso dos egressos. Quanto ao

retorno para a sociedade da formação apontam que com muitos conteúdos teóricos por vezes a

formação não alcança nenhum tipo uma prática de transformação social efetiva a não ser a

nível individual.

Os modelos de profissões e carreiras que os egressos das engenharia têm valorizado

são muitas vezes postos em dúvida quando entram em contradição com o tempo de formado e

demais condições sociais enfrentadas após o período formativo. Assim a escolha profissional

no momento do ingresso na universidade é valorizada e a transição e posterior inserção

profissional em geral são desconsiderados pela grande maioria das instituições de ensino.

As crenças e fantasias sobre o mercado de trabalho e de emprego também permeiam

os discursos dos egressos demonstrando certa ingenuidade em relação a uma visão ampla da

relação entre ciência, tecnologia e desenvolvimento do país. Com maior recorrência os

discursos apontam ainda para uma falta de conteúdo das ciências humanas na sua formação.

Uma deficiência que sobrecarrega de dificuldades o ingresso na carreira nas áreas

administrativas e de gestão. Enfatizam ainda que existe uma necessidade de que a instituição

obtenha maiores informações sobre o perfil dos egressos para posteriores adequações entre o

currículo e as expectativas das pessoas. Deste modo as instituições de ensino deveriam se

servir da possibilidade de ouvir os seus egressos que muito tem a contribuir com a melhora

nos processos formativos.

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