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O FABRICO RÁPIDO DE FERRAMENTAS AO SERVIÇO DA ENGENHARIA CONCORRENTE Pedro Vasconcelos 1 , F. Jorge Lino 2 , Rui J. Neto 3 1 ESTG - Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Ap. 574, 4900-908 Viana do Castelo, Portugal, Tel: 258819700, [email protected] 2 FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, DEMEGI – Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, Rua Dr. Roberto Frias, 4200-465 Porto, Portugal Tel: 225081704 (42), [email protected] , www.fe.up.pt/~falves 3 INEGI – Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, CETECOFF – Unidade de Fundição e Novas Tecnologias, Rua do Barroco,174-214, 4465-591 Leça do Balio, Porto, Portugal Tel: 229578714, Fax: 229537352, [email protected] Palavras Chave: Prototipagem Rápida, Fabrico Rápido de Ferramentas, Engenharia Concorrente. 1. INTRODUÇÃO O reconhecimento de que uma grande parte dos elevados custos de fabrico têm origem na fase de desenvolvimento do produto está na origem do conceito de engenharia concorrente ou engenharia simultânea. Numa primeira abordagem pretende-se integrar design e processamento na fase de desenvolvimento do produto, mas em termos mais abrangentes esse envolvimento deve estender-se à análise do mercado e ao sector da comercialização, tal como se ilustra na fig. 1 [1, 2]. Um dos objectivos que a engenharia concorrente persegue é o de fomentar a aproximação entre as equipas de designers, projectistas, responsáveis pela produção e por outros sectores a jusante do ciclo produtivo. Esta nova atitude baseia-se no facto de que as alterações no design de um produto ou na sua funcionalidade, quando este já se encontra nas fases de produção e comercialização, implicam normalmente custos elevados. Estima-se que, em média, estas alterações aumentam aproximadamente uma ordem de grandeza entre duas fases significativas do ciclo do produto. Isto é, uma alteração realizada na fase de produção provavelmente poderá ter um custo cem vezes superior ao que teria se o design do produto fosse corrigido na fase de prototipagem e ensaios. Isto implica que a equipa multidisciplinar de design terá de investir um maior esforço nas fases preliminares de concepção e projecto de

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O FABRICO RÁPIDO DE FERRAMENTAS AO SERVIÇO DA ENGENHARIA

CONCORRENTE

Pedro Vasconcelos1, F. Jorge Lino2, Rui J. Neto3

1ESTG - Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Ap. 574, 4900-908 Viana do Castelo, Portugal, Tel:

258819700, [email protected] 2FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, DEMEGI – Departamento de Engenharia

Mecânica e Gestão Industrial, Rua Dr. Roberto Frias, 4200-465 Porto, Portugal

Tel: 225081704 (42), [email protected] , www.fe.up.pt/~falves 3INEGI – Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, CETECOFF – Unidade de Fundição e Novas

Tecnologias, Rua do Barroco,174-214, 4465-591 Leça do Balio, Porto, Portugal Tel: 229578714, Fax:

229537352, [email protected]

Palavras Chave: Prototipagem Rápida, Fabrico Rápido de Ferramentas, Engenharia

Concorrente.

1. INTRODUÇÃO

O reconhecimento de que uma grande parte dos elevados custos de fabrico têm origem na

fase de desenvolvimento do produto está na origem do conceito de engenharia concorrente ou

engenharia simultânea. Numa primeira abordagem pretende-se integrar design e

processamento na fase de desenvolvimento do produto, mas em termos mais abrangentes esse

envolvimento deve estender-se à análise do mercado e ao sector da comercialização, tal como

se ilustra na fig. 1 [1, 2].

Um dos objectivos que a engenharia concorrente persegue é o de fomentar a aproximação

entre as equipas de designers, projectistas, responsáveis pela produção e por outros sectores a

jusante do ciclo produtivo. Esta nova atitude baseia-se no facto de que as alterações no design

de um produto ou na sua funcionalidade, quando este já se encontra nas fases de produção e

comercialização, implicam normalmente custos elevados. Estima-se que, em média, estas

alterações aumentam aproximadamente uma ordem de grandeza entre duas fases

significativas do ciclo do produto. Isto é, uma alteração realizada na fase de produção

provavelmente poderá ter um custo cem vezes superior ao que teria se o design do produto

fosse corrigido na fase de prototipagem e ensaios. Isto implica que a equipa multidisciplinar

de design terá de investir um maior esforço nas fases preliminares de concepção e projecto de

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modo a obter o máximo de informação, realizar mais iterações e revisões de design. Reduz-se

assim as despesas de fabrico como também o tempo de colocação dos produtos no mercado

[2, 3].

Marketing

Comercialização

Manufactura

Design doProduto

Análise doMercado

Figura 1 Modelo de engenharia concorrente.

Num sentido amplo do termo, a prototipagem rápida (RP – Rapid Prototyping) abarca um

conjunto de tecnologias de modelação física para produzir rapidamente modelos e protótipos

a partir da informação de desenhos do modelo gerados em CAD 3D, de dados digitalizados

por varrimento CT (computed tomography), MRI (magnetic resonance imaging) e de dados

obtidos por outros sistemas de digitalização (baseados na modelação computadorizada).

Numa fase de pré-processamento, o modelo sólido em CAD é convertido em representação

STL, isto é numa malha triangular superficial. Em seguida, através do software do

equipamento de RP, este modelo é cortado em planos paralelos (“slicing”) cuja distância

corresponde à espessura da camada a ser depositada pela tecnologia aditiva (Fig. 2). Esta

representação constitui a base das tarefas de planeamento do processamento aditivo, que se

traduzem em instruções da máquina que dirige o processo de fabrico e que são realizadas

quase integralmente pelo software específico do fabricante.

A popularidade da RP relativamente aos métodos tradicionais de fabricação manual de

modelos baseia-se na capacidade de produzir acuradamente peças complexas rapidamente. Os

tradicionais longos períodos de vários meses gastos na concepção e desenvolvimento de um

novo produto anteriores à decisão da sua aceitação pela empresa podem agora ser substituídos

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por semanas, por vezes, mesmo dias, poupando muito tempo e dinheiro. Infelizmente, só uma

gama relativamente estreita de materiais podem ser usados para produzir protótipos com as

técnicas de PR. Consequentemente, embora a visualização e a verificação geométrica /

dimensional seja possível, os testes funcionais de protótipos frequentemente não são possíveis

devido às diferentes propriedades físicas (mecânicas e térmicas) exibidas pelo protótipo e o

produto manufacturado [4, 5]. Entretanto, há a necessidade posterior de reduzir o tempo de

colocação do produto no mercado, encurtando não só a fase de desenvolvimento, mas também

a fase de industrialização [6, 7]. Por estas razões, as tecnologias de RP estão agora a evoluir

para o fabrico rápido de ferramentas (RT) [8]. Na figura 3 apresenta-se a versatilidade e

potencialidades destas novas tecnologias, relativamente aos processos tradicionais.

Figura 2 Fases de pré-processamento e processamento aditivo das tecnologias de

prototipagem rápida.

Apesar do nosso País ainda existirem uma grande quantidade de empresas que

desconhecem as potencialidades da RP, a verdade é que a nível mundial, o estádio de

evolução destas tecnologias é tão grande, que actualmente as empresas pretendem a

conjugação da RP com as tecnologias de fabrico rápido de ferramentas (RT) no sentido de

acelerar todo o circuito de produção industrial. Testando precocemente e simultaneamente em

várias fases de desenvolvimento do produto, em que são produzidos modelos de conceito,

Modelo final após acabamentos

Modelo construído em camadas (sistema aditivo)

Modelo sólido em CAD

Modelo em representação STL

Modelo cortado em secções paralelas

Proc

essa

men

to

Pré-

Proc

essa

men

to

Prototipagem Rápida

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protótipos funcionais, protótipos técnicos e pré-séries, é possível agrupar sinergias que

incrementam a concretização do conceito de engenharia concorrente (Fig. 4).

Na evolução futura destas tecnologias prevê-se que o fabrico directo, RM (rapid

manufacturing), dispensando a necessidade de produção de ferramentas e apoiado na Internet

poderá competir com sucesso, em certos nichos de mercado, a curto e a médio prazo com

tecnologias e circuitos de produção e comercialização tradicionais.

Com esta comunicação pretende-se fazer uma introdução ao RT, deixando-se para uma

próxima oportunidade a publicação dos resultados dos trabalhos decorrentes no INEGI e

Faculdade de Engenharia do Porto no âmbito do fabrico rápido indirecto de ferramentas. Mais

informação acerca da PR e RT podem ser encontrados nas referências [2] e [9-12].

Tecnologias de Prototipagem Rápida

DESIGN VERIFICAÇÃO FERRAMENTA PRODUÇÃO

Tecnologias Tradicionais

DESIGN VERIFICAÇÃO FERRAMENTA PRODUÇÃO

Figura 3 Versatilidade e potencialidades das tecnologias de RP comparativamente aos

métodos tradicionais.

Alterações

Protótipo Pré-séries

Alterações

Modelo Virtual

Peça

Ferramenta

Protótipo

RM

R T

RP

Desenho 2 D P rotótipo Ferramenta Peça

Alterações

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2. FABRICO RÁPIDO DE FERRAMENTAS

O processo tradicional de fabrico de moldes e matrizes tem-se baseado

predominantemente na maquinagem CNC. Esta tecnologia é sem dúvida o maior concorrente

dos sistemas RP, pois embora dispendiosa e com elevados tempos de fabricação está menos

dependente de limitações de material, tamanho e rigor. Os Japoneses têm desenvolvido e

apostado em centros de mecanização que permitem a maquinação a alta velocidade (HSM –

high speed machining), encurtando assim o tempo de resposta das soluções CNC. Por outro

lado, o desenvolvimento de software 3D CAM (computer added manufacturing), que traduz

os modelos 3D CAD em CNC, através do cálculo automático das trajectórias de maquinação,

com a introdução de reduzido número de parâmetros, representa uma outra alternativa para a

adesão a estes sistemas. Relativamente ao CNC convencional, estas novas tecnologias têm

custos mais baixos, são mais fáceis de usar (não necessitam de um operador CNC

experimentado, pois qualquer designer ou técnico a pode usar) e permitem elevado grau de

automatização.

Figura 4 Potencial de poupança gerado pela utilização das tecnologias RP e RT, cujas

sinergias incrementam a concretização do conceito de engenharia concorrente.

A crescente competitividade e os aperfeiçoamentos introduzidos nos sistemas de RP

tendem a reduzir o preço dos equipamentos e a torná-los de aplicação mais generalizada. Na

área de fabricação de peças de elevado valor material e produção singular ou em pequenas

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séries, os sistemas RM rivalizam já com as tecnologias tradicionais de fabricação. Um

exemplo é o campo promissor de aplicações biomédicas: planeamento cirúrgico através de

modelos anatómicos baseados na informação digitalizada de tomografia computadorizada

(CT) e a Imagem por Ressonância Magnética (MRI); fabrico personalizado de implantes e

ligamentos sintéticos; reparação de cartilagens, tendões. Como pontos fortes desta tecnologia

podem citar-se a rapidez de resposta, a eliminação da ferramenta e a capacidade de acomodar

mudanças no design com o produto já na fase de produção (é suficiente apenas a alteração do

ficheiro STL).

As técnicas de RT, oferecem um elevado potencial para uma mais rápida resposta às

necessidades do mercado, criando um novo factor de competitividade. Podem ser

classificadas em processos directos e indirectos (Fig. 5). O processo indirecto usa modelos de

RP para produzir a ferramenta. No processo directo o equipamento RP ou RT fabrica

directamente as ferramentas [2].

Os processos directos de fabrico rápido de ferramentas utilizam equipamento de elevado

custo e são de utilização limitada. Por outro lado, numerosos processos indirectos têm sido

desenvolvidos para a produção de ferramentas baseados em modelos de RP [13]. O fabrico de

moldes em borracha de silicone vulcanizada à temperatura ambiente (RTV) para a produção

de peças plásticas e séries de 1 a 50 unidades, constitui um dos métodos mais largamente

utilizado de RT. Esta tecnologia pertence ao sistema designado usualmente por “soft

tooling”(ST). Apesar da ampla gama de propriedades mecânicas cobertas pelos materiais

utilizados em ST, a escolha é ainda limitada pois estes são sempre os mesmos, em geral,

epoxys e poliuretanos. Nestes casos não é possível usar os materiais nem os processos de

fabrico definitivos.

Para os testes mecânicos, por exemplo, é crucial que os protótipos sejam construídos no

mesmo material e com o mesmo processo de fabrico que a peça de produção. Alguns

fabricantes de equipamentos de RP propõem assim ferramentas em “hard tooling”(HT), as

quais são realizadas em ligas de aço, alumínio ou cobre. Com estas tecnologias produziram-se

ferramentas de metal capazes de sobreviver milhares de ciclos constituindo assim uma boa

alternativa às tradicionais técnicas de fabricação de moldes. Contudo, há necessidade de

métodos menos onerosos, mesmo com tempos mais curtos, que permitam também a validação

de uma ferramenta. Esta necessidade pode ser suprida pelos processos indirectos de “firm

tooling” (RT) [1].

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Figura 5 Tecnologias directas e indirectas de fabrico rápido de ferramentas.

Os métodos de “firm tooling” usam um modelo obtido por uma técnica apropriada de RP

para o fabrico do molde, permitindo aos fabricantes obter uma redução significativa de tempo

de desenvolvimento de novos produtos e simultaneamente reduzir os custos.

Deve-se assinalar, também, que não existe uma distinção vincada entre os processos de

soft, hard e firm tooling, pois uma dada tecnologia pode situar-se em mais do que um

agrupamento ao permitir o fabrico de ferramentas em materiais de características mecânicas

muito diferentes.

Tratando-se de tecnologias emergentes é difícil estabelecer características rigorosas dos

equipamentos e materiais disponíveis, dada a sua contínua desactualização motivada pelo

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elevado ritmo de introdução de novas tecnologias e a melhoria contínua dos equipamentos em

comercialização [8, 13].

No entanto, é possível formular quadros de orientação que facilitem uma consulta rápida

dos equipamentos disponíveis e das características mais significativas destas tecnologias. A

classificação adoptada agrupa os diferentes processos em tecnologias directas (Tabela I) e

tecnologias indirectas (Tabela II), respectivamente. Nestas tabelas procurou-se indicar os

processos mais representativos destas tecnologias.

As tecnologias de “soft tooling” são dominadas pela produção de ferramentas em borracha

de silicone à temperatura ambiente, como já foi atrás referido. Neste agrupamento há ainda a

referir a técnica de estereolitografia que permite o fabrico directo de moldações em resinas

fotopolimerizáveis.

As tecnologias de “hard tooling”(HT) [14], utilizam frequentemente feixes de raios laser

que sinterizam directamente o pó metálico ou, em alternativa, fazem a consolidação do pó

através de um ligante. Neste último caso, procede-se, em seguida, à remoção do ligante e à

infiltração de um metal secundário num forno. Outros sistemas permitem a fabricação de

moldes de injecção através de moldação de precisão em areia e moldação por modelos

perdidos. Há ainda a registar um sistema variante de LOM (LLCC) que usa um feixe de laser

para cortar folhas de metal para produzir moldes e matrizes [15].

As tecnologias de “firm tooling” (Fig. 6) permitem obter ferramentas a partir de materiais

metálicos, cerâmicos e plásticos. As ferramentas metálicas são as que garantem maior

durabilidade e podem ser obtidas por técnicas de vazamento sobre o modelo ou por

revestimento superficial (projecção por spray, electrodeposição, etc.). Estas últimas são

especialmente económicas para grandes dimensões. O uso de metais também assegura ciclos

térmicos de processamento mais curtos devido à sua elevada condutibilidade térmica.

Os cerâmicos usualmente são conformados por técnicas de enchimento por barbotina,

pulverometalurgia ou técnicas de gelificação e podem conter adições de fibras, ligantes,

aditivos e infiltração de resinas. Os cerâmicos surgem, em geral, em fases intermédias do

processo de fabrico das ferramentas RT e exigem sinterização a elevadas temperaturas.

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Os plásticos são processados por vazamento incorporando aditivos, catalisadores, cargas

metálicas e reforço de fibras. Permitem obter ferramentas económicas, de duração limitada,

em prazos reduzidos, sendo de admitir quando se toleram protótipos com propriedades

diferentes, em geral, de tipo não funcional.

Tabela I Tecnologias RT Directas.

Tecnologias RT Directas

Designação Fases Vantagens e Limitações Direct AIM tooling (3D Systems)

Ferramenta em casca ou maciça realizada por estereolitografia, seguida ou não por enchimento com material de reforço (ex. resina carregada)

- Durabilidade baixa - Rapidez elevada - Geometrias simples - Necessidade de insertos - Preço médio

SLS- Selective Laser Sintering RapidTool (DTM)

1- Ferramenta realizada por laser que aglutina o pó de aço revestido por ligante. 2-Remoção do ligante e infiltração de bronze num forno. (ferramentas em metais, plásticos e areias de fundição)

- Durabilidade elevada - Peças pequenas - Processo lento - Rugosidade elevada - Necessidade de polimento

DMLS - Direct Metal Laser Sintering (EOS)

Ferramenta realizada por laser que sinteriza o metal em pó em fase líquida (directamente). Versões para o fabrico de ferramentas em metal, termoplástico e areia de fundição

- Durabilidade elevada - Peças pequenas - Processo mais rápido que o anterior - Rugosidade elevada - Necessidade de polimento

Impressão 3D - DSPC (ProMetal/ MIT)

1- Ferramenta realizada por uma cabeça de impressão electrostática que faz depositar spray de ligante líquido sobre o metal em pó. 2-Remoção do ligante e infiltração de um metal secundário num forno

- Durabilidade elevada - Processo económico - Mau acabamento - Grande variedade de materiais processáveis: metais, termoplásticos e cerâmicos

Geração por Laser (LENS, DMD)

Ferramenta realizada por injecção de pó metálico num foco de metal fundido no qual incide um feixe de laser numa câmara com argon a baixa pressão. aços inoxidáveis, aços de ferramentas e ligas de alta resistência (ex. ligas de titânio)

- Durabilidade elevada - Propriedades mecânicas elevadas - Potencial aplicação em materiais FGM (Functionally Graded Materials) - Adequado para reparações e enchimentos - Necessidade de elevadas sobreespessuras - Necessidade de maquinagem

Laminação com chapas metálicas (LLCC, Stratoconception)

1- Ferramenta realizada por um feixe de laser que recorta chapas de aço. 2- Ligação das chapas Investiga-se o ângulo de corte para reduzir a mecanização posterior.

- Durabilidade elevada - Moldes e ferramentas de grandes dimensões - Formas apenas aproximadas - Dificuldade de ligação dos laminados - Moroso e complexo. - Necessidade de maquinagem

Tabela II Tecnologias RT Indirectas.

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Tecnologias RT Indirectas

Designação Fases Vantagens e Limitações Borracha de Silicone RTV ou Moldação por vácuo- VCM

1 - Modelo-padrão RP da peça 2 - Molde em borracha de silicone 3 - Cura

- Durabilidade baixa - Não necessita de saídas ou apartação - Rapidez elevada - Facilidade de desmoldação - Precisão e acabamento elevados - Baixo custo - Séries pequenas - Materiais diferentes

Ferramentas em Resinas Carregadas

1 - Modelo-padrão RP da peça 2 - Vazamento da resina sobre o modelo a fim de obter a ferramenta 3- Desgasificação e cura

- Durabilidade média - Preço e rapidez médios - Precisão e acabamento médios - Necessidade de insertos - Peças de baixa e média complexidade - Ciclos longos - Baixas temperaturas e pressões de injecção

Vazamento de pós metálicos (3D Keltool, Dynamic Tooling, Ecotool e RPBPS)

1 - Modelo-padrão RP da peça 2- Ferramenta obtida por vazamento de pós metálicos e ligante 3- Compactação, cura e infiltração de cobre, bronze ou resinas (o processo 3D Keltool parte de um modelo RTV criado sobre o negativo da peça e obtido por RP)

- Durabilidade elevada - Processo metalúrgico complexo e sujeito a licenciamento. - Precisão e acabamento médios - Dificuldade de desmoldação

Vazamento metálico em modelos perdidos (conversão directa e indirecta)

1 – Modelo RP da ferramenta em cera, poliestireno, fotopolimero (quickcast), etc. 2 – Carapaça cerâmica ou moldação maciça 3 – Sinterização do cerâmico 4 - Ferramenta metálica obtida por vazamento

- Durabilidade muito elevada - Precisão e acabamento elevados - Qualquer tipo de material - Peças complexas - Rapidez média - Defeitos de fundidos

Electrodeposição (Cemcom)

1 - Modelo-padrão RP ou modelo maquinado (grafite) da peça 2 – Ferramenta (carapaça) obtida por electrodeposição em níquel ou cobre 3 – Enchimento com ligas metálicas de baixo ponto de fusão, cerâmicos CBC e em resinas carregadas

- Durabilidade elevada - Peças com linhas de apartação complexas - Precisão e acabamento elevados - Rapidez média - Dificuldade de obter peças com geometrias profundas e estreitas - Ciclos mais longos

Vazamento metálico sobre moldação em gesso ou cerâmicos

1 - Modelo-padrão RP da ferramenta 2- Negativo da ferramenta em material cerâmico 3- Sinterização do cerâmico 4- Ferramenta metálica obtida por vazamento

- Durabilidade muito elevada - Precisão e acabamento médio/elevado - Peças grandes - Elevadas contracções - O gesso é mais económico, mas só permite ligas de baixo ponto de fusão

Vazamento metálico sobre moldação em areia croning (PDC – EOS)

1 – Modelo do negativo da ferramenta em areia (carapaça) obtido por SLS 2 - Ferramenta metálica obtida por vazamento

- Durabilidade muito elevada - Rapidez elevada - Precisão e acabamento baixos - Necessita de maquinagem

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(A) (B)

Figura 6 As tecnologias indirectas permitem converter modelos obtidos por RP, ou por

outros processos, noutros materiais, a) modelo em LOM de uma peça e molde em

silicone utilizado na injecção das peças em cera para fundição por modelos

perdidos; e b) molde compósito para injecção de peças em plástico, constituído por

uma camada superficial metálica, obtida por projecção metálica, sendo a restante

parte em resina carregada com pó de alumínio.

3. CONCLUSÕES

As tecnologias de RP e de RT permitem a obtenção de protótipos e ferramentas numa fase

precoce do desenvolvimento do produto. É assim possível testar novas ideias com mais rigor

antes da sua concretização, evitando-se interpretações defeituosas, incentivando-se a crítica

construtiva, envolvendo-se os técnicos de todos os sectores relacionados com o ciclo do

produto, prestando-se antecipadamente informações aos fornecedores e fabricantes de

ferramentas e até reduzindo-se a necessidade de informação na forma de desenho 2D. Todos

estes benefícios previnem erros e custos, diminuem o tempo de colocação do produto no

mercado e aumentam as possibilidades de melhoria e sucesso do design, o que permite

afirmar que as tecnologias de fabrico rápido de ferramentas surgem como óptimas

ferramentas ao serviço da engenharia concorrente.

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[13] Terry T. Wohlers, Rapid Prototyping & Tooling – State of the Industry, 1999

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