O ENSINO DE HISTÓRIA: MÉTODOS, FUNDAMENTOS E...
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Volume 1, Número 1
ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017
Artigo
O Ensino de História: Métodos, fundamentos e didática
Páginas 54 a 69 54
O ENSINO DE HISTÓRIA: MÉTODOS, FUNDAMENTOS E DIDÁTICA
Harry Carvalho da Silveira Neto1
RESUMO - Este artigo enfoca a história como disciplina escolar, trará reflexão sobre o
que se ensina na disciplina, se há indagações, constância ou mudanças nos métodos e
conteúdos e o que seria mais adequado na aplicação destes termos em relação à
disciplina. Veremos esta classificação dos métodos e conteúdos através da história e de
uma classificação das faixas-etárias dos alunos. Será que o ensino de história permanece
o mesmo de sempre? Existe tradicionalismo, mudanças ou uma junção destes? Qualquer
disciplina no âmbito escolar é minuciosamente complexa e se os envolvidos não
tiverem a noção necessária para que haja uma aplicação correta, o processo de
ensino/aprendizagem será vivenciado de forma equivocada e prejudicial. Aqui iremos
ver como se ensinava e como se ensina hoje, se houve e se há soluções para os diversos
problemas enfrentados por nós professores da disciplina.
Palavras-Chave: Educação, Ensino de História, Métodos e Conteúdos.
ABSTRACT - This article focuses on the story as school discipline, will bring
reflection on what you teach on discipline, if there are questions, constancy or changes
in content and methods and what would be more appropriate in the application of these
terms in relation to discipline. We will see this classification of methods and content
through the history and classification of tracks-groups of students. Does the teaching of
history remains the same as ever? There is a junction, changes or traditionalism? Any
discipline within is thoroughly complex and if those involved do not have the concept
needed for a correct application, the teaching/learning process will be experienced so
misguided and harmful. Here we will see how you teach and how we teach today, if
there was and if there are solutions to the various problems faced by teachers of the
subject.
1 Graduado em História; Especialista em Sociologia e Cidadania e Mestre em Ciências das Religiões. E-
mail: [email protected]
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Keywords: education, teaching of History, Methods and content.
INTRODUÇÃO
O estudo da história, a partir do século XIX, tem permanecido nos currículos
escolares dos diferentes níveis do ensino básico e também como matéria dos
cursos preparatórios ou de exames vestibulares brasileiros. A história escolar
integra o conjunto de disciplinas que foram construídas como saberes
fundamentais no processo da escolarização brasileira e passou por mudanças
significativas quanto aos métodos, conteúdos e finalidade até chegar à atual
configuração.. (BITTENCOURT, Introdução pg. 25, 2011).
Então comecemos a indagar certas inquietações; O que seria a história? O que se
ensina em História? Vamos recorrer mais adiante há um pouco da própria história para
respondermos a estas questões. A história faz parte do dia a dia de milhares de pessoas e
como disciplina escolar, no cotidiano dos alunos e professores. Como as diversas
disciplinas escolares, a História faz parte de um sistema educacional que, sempre vem
em constante mudança e mantem particularidades nesta construção dos saberes escolar.
Não é simples assim responder o que seria uma disciplina escolar, nas entrelinhas deste
questionamento existem muitas polêmicas, e no que será ensinado também há conflitos,
a construção da disciplina junto com os métodos e conteúdos tem que soar em perfeita
harmonia, só assim, o objetivo da disciplina e o entendimento do conteúdo serão
entendidos e aprendidos. Vários pesquisadores brasileiros têm como objeto de estudo o
ensino de história ao longo da própria história veja abaixo aspectos como os de: o que
se ensinava desde a colonização, se havia liberdade no processo de
ensino/aprendizagem, se neste processo houve uma abertura para o pensamento crítico,
quem era que estudava, o que se ensinava, as correntes ideológicas, os influenciadores,
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o papel do professor, as modalidades e recursos da disciplina, além das metas e
propostas da disciplina ao longo do tempo. Será que ainda hoje temos um modelo que
sugere um aprendizado através da apresentação de heróis e datas? Só para relembramos
os conceitos de acordo com o dicionário Online de Português:
1. ENSINO: Ação, arte de ensinar, de transmitir conhecimentos. Orientação no
sentido de modificar o comportamento da pessoa humana. Instrução. Orientação.
2. HISTÓRIA: Reunião e análise das informações ou dos conhecimentos sobre o
passado e sobre o desenvolvimento da humanidade, de um povo, de uma ciência ou
arte; de uma cultura, região ou de um indivíduo determinado.
Sabendo assim dos conceitos, a relação do entendimento com a prática será alinhada
em pilares do desenvolvimento científico e de vivência humana.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Na formação do povo brasileiro iremos identificar a presença forte da Igreja
Católica. A partir de 1500 a introdução das relações aqui no Brasil foi de força, entre a
cruz e a espada, assim ficavam os povos indígenas, encurralados entre o discurso
alienador da religião e a violência dos guerreiros à luz da espada. O que era
imposto/oferecido? Será que vantagens de uma vida civilizada? Será que uma vida
apenas? O que houve de fato foi um encontro de culturas em que uma se sobressaía
sobre a outra. E entre as relações estabelecidas se fixou algumas determinações, entre
muitas uma delas foi, “o caminho para a felicidade e a salvação”. As ordens religiosas
foram responsáveis por catequizar os “não civilizados”.
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A Companhia de Jesus, grande ordem religiosa católica, foi fundada por
Inácio de Loyola em 15 de agosto de 1534 na capela- cripta de Saint-Denis,
na Igreja de Santa Maria em Montmartre. A Companhia é uma ordem
católica, religiosa, masculina que segue estritamente os ensinamentos da
Igreja. Seus membros são chamados de jesuítas e também coloquialmente
“Os Soldados de Deus” em referência aos antecedentes militares de seu
fundador e a disposição de seus membros de ir a qualquer rincão do mundo e
viver nas condições mais extremas. A Companhia está comprometida com a
evangelização e o ministério apostólico em 112 nações dos seis continentes.
Seus princípios estão contidos no documento Fórmula do Instituto, escrito
por Loyola. Os jesuítas são conhecidos pelo seu trabalho na educação,
pesquisa intelectual , empreendimentos culturais e presença missionária
(Altman, Max, 2011).
Os colonos pioneiros que vieram de Portugal para o Brasil tinha um objetivo,
que era de, enriquecer de modo fácil e não escondiam isto de ninguém. Mas quando
começaram a vivenciar a realidade, as coisas tomaram outro rumo, não seria bem como
o planejado. A minoria conseguiu êxito em seus objetivos, mas a maioria teve que se
contentar em trabalhar duro para sobreviver. Os proprietários que conseguiram vencer
todo o processo de posse e exploração das terras construíram o primeiro grupo político
do Brasil. Este grupo, esta aristocracia foi então que passou a definir a configuração e o
rumo da sociedade e da organização do ensino. O itinerário da educação colonial então
foi, desejo de adquirir o entendimento e assimilar a cultura europeia e assim distanciar-
se mais ainda da cultura negra e indígena. Mas o que se ensinava nesta época? Neste
período o que seria ensinado seria uma história erudita2, os educadores não estavam
preocupados com a realidade social e nem muito menos com a qualificação do trabalho.
2 Erudito é algo ou alguém que possui uma cultura vasta, sobre um determinado assunto. Erudito é um
adjetivo que pode estar relacionado à música, à leitura, ou à cultura em geral. Erudito é relacionado a
qualquer coisa que seja bem elaborada, estudada, cuidada, como obras eruditas, música erudita,
violão erudito etc.
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Um fato que que chama atenção é que aos poucos os jesuítas vão deixando a obra
missionária para se dedicar a elite. Mas antes o que eles faziam ou ensinavam?
Os jesuítas fundaram colégios e organizaram uma série de missões religiosas
que ensinavam as primeiras letras aos índios e aos filhos dos colonos. O
ensino médio era reservado apenas à classe dominante, que após os primeiros
estudos com os jesuítas, seguiam para Europa a fim de completar sua
formação. Aqueles que se dedicavam a vida religiosa estudavam teologia e
filosofia nos seminários. Para os negros e homens livres pobres, entretanto,
não havia lugar nas escolas (NEMI; MARTINS, p. 14, 1996).
Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, houve uma restruturação no cenário da
educação, onde agora o Estado assumiria as rédeas, integrando leigos no processo de
ensino/aprendizagem e segregando as disciplinas e transformando-as em aulas
particulares denominadas aulas régias. Mesmo assim, o ensino de história, ainda não se
preocupava com a realidade social. Tudo que se aprendia eram datas e nomes sem
análises críticas sobre as contradições e exclusões do cenário histórico brasileiro e
mundial. Com a proclamação da independência e com a necessidade de se formar
grupos na área administrativo-burocráticas e na política a demanda por escolas
aumentam para que só os letrados assumissem tais cargos no Estado e entre eles o cargo
de organizador do ensino público. Tudo isso acontece no período imperial que ainda irá
responsabilizar as províncias pelo ensino primário e médio, ficando de responsabilidade
do Estado, apenas o ensino superior ao governo central. Surgem aqui os liceus
provincianos, regionalizando uma forma de educação sem qualquer base nacional de
educação. Com tudo ao final do Império o que temos como resultado é, um Brasil com
82% de analfabetos, ou seja, pessoas que nem chegaram a frequentar a escola. Qual
seria o papel do professor neste momento? Limitava-se a ensinar a história de acordo
com as orientações das elites regionais, isto não possibilitava uma construção de um
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pensamento crítico nem muito menos uma condição de cidadania, à disciplina não
passava de uma repetida reprodução das desigualdades.
Mesmo com um engajamento das camadas populares para que se houvesse a
conquista pela educação básica do país, uma educação que incluísse e não excluísse, só
a partir de 1930, com o aceleramento e o desenvolvimento da indústria houve outro
olhar por parte dos governantes em relação ao ensino básico. Neste contexto, a história
era baseada nos fatos e não era crítica, era apenas enredos do que se acontecia – na
visão dos dominantes. Não se discutia os fatores que geraram a desigualdade como a
concentração ou a má distribuição de terras. O que se era exposto ainda era um reflexo
do que já houvera, heróis, governadores e presidentes sendo reverenciados por suas
obras e vitórias e nada mais. Todo movimento que surgiu como resistência ao governo
combatendo a questão de problemas de terras foi considerado sanguinário e fora da lei,
temos como exemplo, o cangaço. Mesmo não sendo um ensino crítico da história, a
partir da constituição de 1934 (só lembrando que a primeira constituição brasileira se
deu em 1891), já se houve um avanço no quesito interpretativo dos conteúdos
fornecidos ou coletados.
Como tudo no Brasil é de constante mudança, chegamos no período do Estado-
Novo (1937-1945), surge a forte repressão a qualquer tipo de reinvindicação vinda dos
movimentos populares e a qualquer tipo de insubordinação popular referente a frente de
governo. Neste formato de governo o ensino de história volta a ser baseado novamente
no discurso dos valores dominantes e alienatórios. Ressurgem os nomes e as datas e os
feitos dos governantes. Só pra enfatizar, nas escolas técnicas não se ensinava história.
A história da educação no Brasil é marcada pela alternância política entre
períodos de aparente democratização e outros de suspensão de direitos. De
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sua parte, o ensino de história, nesse contexto, não foi suficiente capaz de se
libertar da influência moralizante da religião tradicional, assim como não
conseguiu desenvolver o espírito crítico e a participação social nos educandos
(NEMI; MARTINS, p. 14, 1996).
Nesta época também houve uma acoplagem entre a história e a geografia,
conhecido como Estudos Sociais. Ambas as disciplinas perdem seu caráter específico e,
além disso, sempre sendo construídas com saberes elitistas. Só depois dos anos 80
teremos novas discursões sobre o que se ensinar, agora, com uma participação de
grupos mais variados de construtores da educação, possibilitando uma abertura maior
no campo da história.
O QUE ENSINAMOS HOJE?
A renovação dos métodos de ensino são frutos dos currículos atuais que apontam
para uma melhor organização do ensino e passam por dois pressupostos: 1 – articulação
entre método e ensino e o 2 – articulação com a tecnologia. Estes dois pressupostos irão
dinamizar o processo de ensino/aprendizado, além de inserirem novas linguagens no
ensino da história3, para que se atinjam os mais variados graus de entendimento e
interpretação através destes novos meios, e aqui também surge um recurso magnifico de
3 Documentos escritos (diários, crônicas, textos literários, jornais e revistas, lendas e anúncios, cartas, leis
e tratados, depoimentos, testamentos e discursos e poesias), As imagens (As fotografias, Também o uso
de pinturas e gravuras), Os filmes e documentários, O uso de charges e caricaturas, Utilização da Música,
Construção de Histórias em Quadrinhos além de Maquetes e Jogos Didáticos.
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interação com outras disciplinas que é a, interdisciplinaridade4. Nesse processo de
reelaboração, agrega-se um conjunto de “representações sociais” do mundo e da
história, produzidos por professores e alunos. As “representações sociais” são
constituídas pela vivência dos alunos e professores, que adquirem conhecimentos
dinâmicos provenientes de várias fontes de informações veiculadas pela comunidade e
pelos meios de comunicação. Na sala de aula, os materiais didáticos e as diversas
formas de comunicação escolar apresentadas no processo pedagógico constituem o que
se denomina saber histórico escolar. Vejamos os objetivos que os PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais) em história orientam para cada nível do Ensino Fundamental.
Objetivos Gerais De História Para O Ensino Fundamental
Espera-se que, ao longo do ensino fundamental, os alunos gradativamente
possam ler e compreender sua realidade posicionar-se, fazer escolhas e agir
criteriosamente. Nesse sentido, os alunos deverão ser capazes de:
Identificar o próprio grupo de convívio e as relações que estabelecem com
outros tempos e espaços;
Organizar alguns repertórios histórico-culturais que lhes permitam localizar
acontecimentos numa multiplicidade de tempo, de modo a formular
explicações para algumas questões do presente e do passado;
Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais, em
diversos tempos e espaços, em suas manifestações culturais, econômicas,
4 Interdisciplinar é um adjetivo que qualifica o que é comum a duas ou mais disciplinas ou outros ramos
do conhecimento. É o processo de ligação entre as disciplinas.
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políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles;
Reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas, presentes na
sua realidade e em outras comunidades, próximas ou distantes no tempo e
no espaço;
Questionar sua realidade, identificando alguns de seus problemas e
refletindo sobre algumas de suas possíveis soluções, reconhecendo formas
de atuação políticas institucionais e organizações coletivas da sociedade
civil;
Utilizar métodos de pesquisa e de produção de textos de conteúdo
histórico, aprendendo a ler diferentes registros escritos, iconográficos,
sonoros;
Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade,
reconhecendo-a como um direito dos povos e indivíduos e como um
elemento de fortalecimento da democracia.
Agora em cada ciclo do Ensino Fundamental.
Objetivos de História para alunos de primeira a quarta série
Comparar acontecimentos no tempo, tendo como referência anterioridade,
posterioridade e simultaneidade;
Reconhecer algumas semelhanças e diferenças sociais, econômicas e
culturais, de dimensão cotidiana, existentes no seu grupo de convívio
escolar e na sua localidade;
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Reconhecer algumas permanências e transformações sociais, econômicas e
culturais nas vivências cotidianas das famílias, da escola e da coletividade,
no tempo, no mesmo espaço de convivência;
Caracterizar o modo de vida de uma coletividade indígena, que vive ou
viveu na região, distinguindo suas dimensões econômicas, sociais,
culturais, artísticas e religiosas;
Identificar diferenças culturais entre o modo de vida de sua localidade e
o da comunidade indígena estudada;
Estabelecer relações entre o presente e o passado;
Identificar alguns documentos históricos e fontes de informações
discernindo algumas de suas funções.
Reconhecer algumas relações sociais, econômicas, políticas e culturais que
a sua coletividade estabelece ou estabeleceu com outras localidades, no
presente e no passado;
Identificar as ascendências e descendências das pessoas que pertencem à
sua localidade, quanto à nacionalidade, etnia, língua, religião e costumes,
contextualizando seus deslocamentos e confrontos culturais e étnicos, em
diversos momentos históricos nacionais;
Identificar as relações de poder estabelecidas entre a sua localidade e os
demais centros políticos, econômicos e culturais, em diferentes tempos;
Utilizar diferentes fontes de informação para leituras críticas;
Valorizar as ações coletivas que repercutem na melhoria das condições de
vida das localidades.
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Objetivos de História para alunos de quinta a oitava série
Conhecer realidades históricas singulares, distinguindo diferentes modos
de convivência nelas existentes;
Caracterizar e distinguir relações sociais da cultura com a natureza em
diferentes realidades históricas;
Caracterizar e distinguir relações sociais de trabalho em diferentes
realidades históricas;
Refletir sobre as transformações tecnológicas e as modificações que elas
geram no modo de vida das populações e nas relações de trabalho;
Localizar acontecimentos no tempo, dominando padrões de medida e
noções para distingui-los por critérios de anterioridade, posterioridade e
simultaneidade;
Utilizar fontes históricas em suas pesquisas escolares; ter iniciativas e
autonomia na realização de trabalhos individuais e coletivos.
Utilizar conceitos para explicar relações sociais, econômicas e políticas de
realidades históricas singulares, com destaque para a questão da cidadania;
Reconhecer as diferentes formas de relações de poder inter e intragrupos
sociais;
Identificar e analisar lutas sociais, guerras e revoluções na História do
Brasil e do mundo;
Conhecer as principais características do processo de formação e das
dinâmicas dos Estados Nacionais;
Refletir sobre as grandes transformações tecnológicas e os impactos que
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elas produzem na vida das sociedades;
Localizar acontecimentos no tempo, dominando padrões de medida e
noções para compará-los por critérios de anterioridade, posterioridade e
simultaneidade;
Debater ideias e expressá-las por escrito e por outras formas de
comunicação;
Utilizar fontes históricas em suas pesquisas escolares. Ter iniciativas e
autonomia na realização de trabalhos individuais e coletivos.
Agora veremos o que diz Bittencourt, 2005 sobre a História para o Ensino
Médio, “O ensino médio, segundo a Lei 9.394/96 deve ser presidido por uma
educação geral formativa e não propedêutica, sem a preocupação com a
especialização profissional, mas tendo como objetivo central o preparo para o
exercício da cidadania”. E de acordo com os PCNs;
Na transposição do conhecimento histórico para o nível médio, é de
fundamental importância o desenvolvimento de competências ligadas à
leitura, análise, contextualização e interpretação das diversas fontes e
testemunhos das épocas passadas – e também do presente. Nesse exercício,
deve-se levar em conta os diferentes agentes sociais envolvidos na produção
dos testemunhos, as motivações explícitas ou implícitas nessa produção e a
especificidade das diferentes linguagens e suportes através dos quais se
expressam. Abre-se aí um campo fértil às relações interdisciplinares,
articulando os conhecimentos de História com aqueles referentes à Língua
Portuguesa, à Literatura, à Música e a todas as Artes, em geral. Na
perspectiva da educação geral e básica, enquanto etapa final da formação de
cidadãos críticos e conscientes, preparados para a vida adulta e a inserção
autônoma na sociedade, importa reconhecer o papel das competências de
leitura e interpretação de textos como uma instrumentalização dos indivíduos,
capacitando-os à compreensão do universo caótico de informações e
deformações que se processam no cotidiano.
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Neste universo de objetivos e conteúdos, mudanças e permanências da história e
da disciplina de história um fator que vai ser determinante para a construção da
aprendizagem será o método e a metodologia nos quais os saberes serão difundidos.
Está nas mãos do professor o norte do processo, ele quem decide se a aprendizagem será
apenas um instrumento de memorização dos conteúdos isolados, sem contextualização e
fragmentados ou se haverá compreensão do que é real, se haverá questionamentos,
criticidade, reflexões, argumentos e um entendimento satisfatório ao ponto de estimular
a atividade criadora dos agentes receptores da disciplina. Mas acima dos métodos e
metodologias está o planejamento, este é feito pelos professores e escola, sem eles os
professores irão se perder, as disciplinas irão desenvolver atividades isoladas, causando
assim uma parede disciplinar que não possibilita a reflexão individual e coletiva do
aprendizado. Hoje em dia temos todos os recursos para facilitar, interagir, dinamizar e
concretizar o plano teórico de ensino na sua prática, é bem verdade que isto depende de
um agrupamento entre União; Estado, Município; Escola; Família; Comunidade;
Recursos; Vocação; Valorização das classes na educação e o que vai promover a
coerência entre estas instâncias será o compromisso.
Se houver o comprometimento dos governadores, gestores, educadores e alunos
o que veremos ao final da educação básica será alunos transformados em
“instrumentos” intelectuais, estes irão sempre refletir e analisar suas posições ao longo
de sua história e da própria história, isto proporcionará um desenvolvimento individual
e coletivo que transformará a ele como também a sociedade ao qual está inserido. Ao
contrário, fabricaremos alunos confusos, desorientados e que assim como aprenderam,
irão ensinar e propagar os equívocos aprendidos, passando de geração a geração uma
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herança errônea da história, se isso de fato acontecer regrediremos aos cabrestos de uma
educação opressiva e alienadora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A disciplina de história surge no Brasil a partir do século XIX, compreende dois
momentos na história em seu surgimento, que é o do Brasil Império e República. Tem o
enfoque de ensinar apenas as elites, baseada em fatos representativos como feitos de
heróis, vitórias dos governantes, civilidade e tudo que enaltecesse a pátria, com o passar
do tempo aconteceram permanências e mudanças. Com as mudanças na economia,
sociedade e cultura o ensino de história também é alterado, recebendo várias influências
estrangeiras, causando novas possibilidades de métodos para que houvesse um novo
pensar na história. É bem verdade que estas mudanças não foram de uma hora para
outra, debaixo de muitas revoltas e lutas o espaço educacional brasileiro foi se
modificando gradualmente. Antes era inadmissível quaisquer questionamentos que
fossem a respeito do que estava sendo ensinado e “ai” daquele que se opusesse. A
história era pouco reflexiva e muito factual, enfatizando os grandes feitos dos líderes de
uma aristocracia opressora. Movimentos como a da Escola Nova, Analles, Iluminismo,
Marxismo fizeram com que a nomenclatura do planejamento e da estrutura dos
conteúdos e métodos fossem se transformando para um aprender mais significativo do
que mecânico.
O ensino de história sempre estará em constante processo de transformação e
sempre terá que se adaptar a realidade, tanto dos alunos como de toda sociedade. É
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necessário que o professor sempre esteja acompanhando as transformações cotidianas
para se ter propriedade do que será ministrado. Uma das mudanças mais significativas
do ensino de história foi a de apontar e contribuir para uma formação da identidade
cidadã dos alunos. Isto possibilitará a reflexão da participação destes atores da educação
e estes terão plena consciência dos seus direitos e deveres como homem agente
transformador da sociedade, ser social ativo e não mais um elemento condicionado a um
mecanismo alienador e que se auto beneficiava, elemento este vindo de moldes
governamentais e elitistas. Vencemos vários desafios na educação em prol do
desenvolvimento e hoje o maior deles é adequar a nossa visão para as exigências da
realidade, isto desenvolverá um rico conteúdo e reflexões conscientes do passado,
presente e futuro.
REFERÊNCIAS
ALTMAN, Max.. Hoje na História: 1534 - Companhia de Jesus é fundada por
Inácio de Loyola. São Paulo - 15/08/2011 - 08h30. Conteúdo disponível livremente
neste link:
<http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/14352/hoje+na+historia+1534++comp
anhia+de+jesus+e+fundada+por+inacio+de+loyola.shtml> acessado em 21/06/2017.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História Fundamentos e
Métodos. 4 Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
Dicionário Online de Português. Conteúdo disponível livremente neste link
<https://www.dicio.com.br/> acessado em 21/06/2017.
MARTINS, João Carlos; NEMI, Ana Lúcia Lana. Didática de História: O tempo
vivido: Uma outra História. São Paulo: FTD, 1996.
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PCN de História do Ensino Fundamental. Conteúdo disponível livremente neste link
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf> acessado em 21/06/2017.
PENTEADO, Heloísa Dupas. Metodologia do Ensino de História e Geografia. 4 Ed.
São Paulo: Cortez, 2011.