Jornal Sem Fronteiras - Junho e Julho/14 - Caderno Especial "Artes Plásticas e Eventos"
o Ensino de Artes Em Uma Escola Especial Texto Expandido
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O ENSINO DE ARTES EM UMA ESCOLA ESPECIAL:
METODOLOGIAS E EXPERIÊNCIAS DE UMA JOVEM EDUCADORA
Autora Graziela Ferreira de Mello
mellograzi @hotmail.com
Escola Especial Solange Dreux
GT3: O ensino de arte e currículo: O papel das Metodologias, dos Fundamentos e da Autoria do Professor de
Arte na Constituição dos Currículos.
Palavras-chave: educação em artes, pessoa com deficiência.
RESUMO:
O presente texto tem a função de apresentar parte do trabalho que realizo na
Escola Especial Solange Dreux, das dificuldades de uma jovem arte educadora em
estabelecer um currículo e metodologias para alunos com deficiência intelectual e física.
Assim como relatar praticas e experiências vividas ao longo do ano letivo, os desafios que
se apresentaram, as soluções encontradas para tais desafios, a importância do lúdico e da
afetividade no processo de ensino aprendizagem e aprendizado pessoal e profissional que
obtive neste processo.
1- O TRABALHO
Desde já quero deixar claro que o trabalho é voltado para uma educação em artes e
não para arte terapia. Já que não sou arte terapeuta e, em nenhum momento encaro meu
trabalho como um tratamento, o que será fundamental para nortear a escolha dos
conteúdos e da metodologia aplicada.
Desconheço a patologia de meus alunos, e isso na pratica faz pouquíssima
diferença, sendo as limitações motoras que irão impor certas barreiras ao fazer artístico.
Os limites a serem revistos são os meus como professora e pessoa: controlar os impulsos
de transmitir o máximo de conteúdos possíveis, ou, querer que o aluno consiga terminar a
atividade proposta no tempo de uma aula de 50 minutos. Ou ainda, que seus movimentos
sejam precisos, que a criatividade esteja sempre presente. A reflexão sobre o trabalho
realizado está constantemente incluída, assim como a pesquisa por metodologias que
propiciem um maior aproveitamento por parte do aluno no momento de aprendizagem.
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Em todos esses momentos procurei trazer estímulos e formas de fazer a pintura de
acordo com o gosto e o impulso de cada aluno, observando ao longo de meses de
trabalho, experimentações e alfabetização visual. Aqui me aproprio do termo alfabetização
visual utilizado por Ana Mãe Barbosa em seu livro “A Imagem no Ensino da Arte” (2010),
onde ela coloca que é preciso conhecer uma gramática visual que nos possibilite ler uma
imagem, e deste modo acredito que para criar uma imagem também utilizamos essa
gramática.
É claro que com educandos com deficiência intelectual essa alfabetização se dá de
forma bem lenta, respeitando sempre seus limites. Até agora apresentamos conteúdos
como formas geométricas, cores, linhas e texturas. Observei que parte do grupo de alunos
compreendeu esses conceitos, aplicando-os em trabalhos posteriores, fazendo relações
oralmente, através de gestos ou de olhares.
Com propostas de atividades baseadas na alfabetização visual, buscando
apresentar esses conteúdos de forma lúdica, com muitos estímulos e experiências
práticas, buscando momentos de fruição estética, apreciando as referências de obras de
arte e as suas próprias criações.
2- A ESCOLHA DOS CONTEUDOS
Durante o processo de escolha dos conteúdos a serem tratados nas aulas, sigo a
divisão de turmas que a própria escola realiza. Sendo assim, temos nove grupos de
alunos, separados por idade e pela questão intelectual, cada qual com uma professora
regente. Conseqüentemente, eu acabei por dividir em três grandes grupos, como uma
forma mais simples de planejar as aulas e desenvolver os currículos. De acordo com o
decreto de lei nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, configura-se:
d) deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com
manifestação antes dos dezoito anos e, limitações associadas a duas ou mais áreas de
habilidades adaptativas, tais como:
1. comunicação;
2. cuidado pessoal;
3. habilidades sociais;
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4. utilização dos recursos da comunidade;
5. saúde e segurança;
6. habilidades acadêmicas;
7. lazer; e
8. trabalho;
Na lei acima citada, o termo utilizado para designar o que hoje chamamos de
deficiência intelectual na época era deficiência mental.
O primeiro grupo que vou chamar de mais intelectualizados é o de alunos cujas
limitações citadas na lei são mais brandas, conseguindo desenvolver-se até certo ponto
nas habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. São alunos com maior autonomia em seus
cuidados pessoais, tendo alguns com capacidade se locomovem sozinhos de casa até a
escola, tendo perspectiva inclusive de, no futuro, serem incluídos no mercado formal de
trabalho.
Depois como segundo grupo, os de intelecto mais afetado, onde a dependência de
auxilio para realizar tarefas é maior e, a capacidade de compreensão dos conteúdos é
mais limitada, assim como a capacidade de se comunicar, se concentrar e de interagir com
a professora e com seus colegas de turma.
E, por ultimo, o grupo de “alunos de chão”, cujas síndromes interferem bastante na
parte física. A maioria desses alunos não se comunica através da fala, sendo esta feita
através de gestos, piscadas, olhares e sorrisos e, o trabalho é realizado na maior parte do
tempo sobre tatames.
Com a turma dos mais intelectualizados os trabalhos podem ter maisfundamentação na história da arte e, eu posso fazer uso da metodologia triangular que se
encontra nos PCNs de artes, sendo que neste houveram algumas modificações, e que
segundo o livro ‘Didática do Ensino de Artes’ envolve:
– a experiência de fazer formas artísticas e tudo o que entra em jogo nessa ação criadora:
recursos pessoais, habilidades, pesquisa de materiais e técnicas, a relação entre perceber,
imaginar e realizar um trabalho de arte;
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- a experiência de fruir formas artísticas, utilizando informações e qualidades perceptivas e
imaginativas para estabelecer um contato, uma conversa em que as formas signifiquem
coisas diferentes para cada pessoa;
- a experiência de refletir sobre arte como objeto de conhecimento, onde importam dados
sobre a cultura em que o trabalho artístico foi realizado, a história da arte e os elementos e
princípios formais que constituem a produção artística, tanto de artistas quanto dos próprios
alunos. (MARTINS, Miriam Celeste, Gisa Picosque, M. Terezinha Guerra. Didática do Ensino
da Arte, pg. 128)
Ao longo do ano, com essa turma estudamos a arte da pré-história e, faremos uma
breve visita ao trabalho do escultor Auguste Rodin, sempre analisando imagens, discutindo
os temas, realizando o fazer artístico, possibilitando desta forma a construção de sentidosa cerca do que está sendo trabalhado, criando situações de aprendizagem significativa. E
novamente citando Miriam Celeste Martins, Gisa Picosque, M. Terezinha Guerra:
uma aprendizagem em arte só é significativa quando o objeto de conhecimento é a própria
arte, levando o aprendiz a saber manejar e conhecer a gramática especifica de cada
linguagem, que adquire corporalidade por meio de diferentes recursos, técnicas e
instrumentos que lhe são peculiares” (MARTINS, Miriam Celeste, Gisa Picosque, M.
Terezinha Guerra. Didática do Ensino da Arte, pg. 131)
Esse grupo de alunos inclusive é avaliado ao final de cada bimestre recebendo um
boletim com notas, que às vezes chegam a ser simbólicas, mas que levam em
consideração sua participação, comportamento e rendimento durante as aulas
Com o grupo dos “menos intelectualizados”, a alfabetização visual foi o norte de todo o
processo de ensino aprendizado. E, quando falo de alfabetização visual, busco a
apresentação dos elementos visuais mais básicos, tais como formas geométricas, coresprimárias, linhas e texturas. Nesse processo a presença do lúdico foi constante, mesmo
quando o grupo não se tratava só de crianças, pois devido a deficiência intelectual a parte
cognitiva de um jovem muito se assemelha a de uma pessoa com menor idade, ou seja, a
idade mental muitas vezes será diferente da idade física.
Sobre a importância do lúdico nas aulas de artes Ferraz e Fusari destacam sua
relevância dizendo:
As atividades lúdicas também são indispensáveis à criança para a apreensão dos
conhecimentos artísticos e estéticos, pois possibilitam o exercício e o desenvolvimento da
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percepção, da imaginação, das fantasias e de sentimentos. (FERRAZ, Maria Heloísa C. de
T. e FUSARI, Maria F. Rezende, pg. 84)
Para ilustrar segue a imagem abaixo, de um momento de criação, onde nosso
pincel foi uma peça de lego, que os alunos costumam brincar.
Tinta esmalte sobre tela
E esse é o resultado final:
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Tinta esmalte sobre tela
As imagens que colocarei a seguir são da pintura realizada por um aluno que tem
muita dificuldade de concentração e, que adora brincar com carrinhos. Como solução, para
que ele se empenhasse e se concentrasse na pintura de sua tela, usamos como pincel umcarrinho de brinquedo.
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Tinta esmalte sobre tela
O trabalho lúdico envolve também a presença da musica como instrumento de
estimulo. Utilizando a música, conseguimos movimentos motores coordenados com o
ritmo e duração de frases musicais. Esse tipo de estimulo funciona muito bem com alunos
com dificuldade de concentração.
Nas fotos abaixo, o movimento desejado para a pintura foi conseguido enquanto
cantávamos escravos de Jô, canção que a aluna havia cantado anteriormente em aulas de
musica e em trabalhos nas sessões de terapia ocupacional.
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Tinta acrílica e areia sobre tela
O trabalho com o grupo dos “alunos de chão” foi o que mais me desafiou como
professora de artes. Quando me deparei com varias crianças que não falam, não andam,
tem dificuldade em manusear um pincel, pensei: e agora? Durante meus quatro anos e
meio de faculdade, nunca ninguém quem me dissesse que seria possível lecionar arte
para crianças com quadros de limitações encontradas nesta experiência. Fui acometida
de um grande desespero. Achei que não conseguiria. E, então no meio dessa confusão de
sentimentos, de uma professora de artes recém lançada no mercado de trabalho, resolvi
fazer o que todos os meus mestres sempre falaram que era a melhor solução: pesquisar!
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Comecei conversando com a professora regente da turma, que é uma profissional
com anos de experiência nessa área, e com vários cursos de formação, para saber o que
ela esperava das aulas de artes para a sua turma e, o que ela como pessoa mais
experiente poderia me ajudar. Da mesma forma conversei com a coordenadora da escola
e com uma das diretoras e fundadoras. A metodologia escolhida foi apresentar os
conteúdos de artes a partir de experiências sensoriais e de contações de histórias, onde o
aluno poderia relacionar os conteúdos com experienciais pessoais.
Com esse grupo reduzi o conteúdo à descoberta das cores e de seus nomes, tendo
como foco as cores primárias, no primeiro momento usando nas aulas tecidos de
diferentes texturas. Nessa experimentação, ocorreram momentos em que parecia que
estávamos fazendo um Parangolé - Faça você mesmo, de Helio Oiticica. É claro que está
referencia ao trabalho do Helio ficou clara para mim e, não para os alunos, que só
experimentavam os tecidos amarrados sobre seus corpos.
Quando passamos para a contação de histórias. selecionei somente duas para
serem contadas repetidas vezes, e a cada vez essa história era seguida de uma atividade
pratica que envolvia o trabalho sensorial. Os textos escolhidos foram Chapeuzinho
Vermelho, um conto de fadas clássico, de origem européia do século XIV e Flicts de
Ziraldo.
No trabalho com todos os grupos, busquei associar os conteúdos de arte ao
trabalho motor, respiratório e de concentração, buscando sempre aumentar o tempo de
atenção sobre o que se estava fazendo e, ao final de cada atividade pensar o trabalho
feito, fazendo o aluno olhar o que fez e analisar se o resultado lhe agradou ou não.
3- A AFETIVIDADE
A afetividade será o ponto principal de todo o trabalho com alunos especiais. Sem
ela é praticamente impossível fazer qualquer coisa que seja. Essa relação afetiva com os
alunos envolverá o seu desempenho e participação nas aulas. E, esse processo muitas
vezes se dá de forma lenta. Aqui irei relatar um caso que ocorreu com uma aluna já adulta,
que estuda a bastante tempo na escola, devido a questões de direito de uso de imagem a
chamarei de aluna X.
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Quando iniciei as atividades na escola, a aluna X dificilmente segurava num pincel
ou giz de cera. Eu achava que isso se devia a uma limitação física, já que se trata de uma
pessoa com uma limitação intelectual grande, que quase não se comunica, só repete
palavras soltas e, na maior parte do tempo fora do contexto. Pois bem, para realizar as
atividades era um custo, a todo o momento eu precisava estimular, inclusive ajudando no
movimento, pegando em sua mão e fazendo junto com ela. Ás vezes, ela largava o pincel.
Passaram uns dois ou três meses que eu estava trabalhando na escola, acolhendo essa
aluna na chegada com alegria, “fazendo festa” quando estávamos em sala, brincando
bastante, buscando constantemente uma relação bem afetuosa. Um certo e belo dia,
ofereci um pincel para que ela fizesse a atividade de pintura, ela o segurou, coloquei tinta
sobre seu papel e fui auxiliar outro aluno, quando voltei minha atenção pra ela novamente,
estava fazendo sua pintura sozinha, sem precisar que eu a auxiliasse. Como professora
fiquei bastante surpresa, já que achava que a aluna X não conseguia realizar esse tipo de
atividade sozinha. Comentei com a minha coordenadora e, ela me explicou que essa aluna
sempre soube como pegar num pincel ou outro instrumento, só não o tinha feito antes
comigo porque ainda não me conhecia o suficiente e, não tinha estabelecido uma relação
afetiva comigo.
Da mesma forma, essa relação se torna essencial na interação com os alunos
autistas, que pouco interagem com o outro e, inicialmente são bem resistentes ao contato
físico. Porém, pouco a pouco, conforme a relação vai se estabelecendo, estes vão se
sentindo mais a vontade de realizar as propostas oferecidas.
4- O IMPULSOS
Todos os anos a Escola Especial Solange Dreux realiza uma mostra de pinturas
realizadas pelos alunos denominada Impulsos. Como o próprio nome sugere são quadros
que retratam os impulsos criativos desses educandos. Parte dos alunos realiza a feitura
das telas comigo e, outra parte a faz com o artista plástico Alexandre Moraes, que ministra
aulas particulares de pintura na escola.
A exposição, além de ser uma forma de prestigiar a criatividade desses alunos,
serve também para apresentar suas produções para seus familiares e para a sociedade
como um todo, já que está ocorre geralmente em um museu da cidade de Niterói, onde a
escola se situa. Os quadros também são comercializados durante essa mostra.
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No período de mais ou menos um mês, meu trabalho ficou voltado para a produção
da exposição, desenvolvido com no máximo dois alunos por vez. Procurei em todos esses
momentos trazer estímulos e formas de fazer a pintura de acordo com o gosto e o impulso
de cada aluno. Esses fatores observados ao longo de meses de trabalho,
experimentações e alfabetização visual. Para esse processo se tornar o mais atrativo e
interessante para os alunos, busquei utilizar os mais diversos materiais como sendo o
nosso “pincel”, desde barbante a um batedor de ovo, nos serviu como instrumento de
pintura.
Batedor de ovo com tinta esmalte sobre tela
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Pregador de roupa com tinta esmalte sobre tela
Barbante e tinta esmalte sobre tela
Alguns alunos costumam trabalhar com a seriação e repetição de uma mesmaimagem nas criações. Que é o caso da aluna que chamarei de Y. Ela está na turma dos
mais intelectualizados, cujo pensamento consegue compreender alguns conteúdos de
disciplinas como Português, Matemática e Filosofia. Nas aulas de artes, quando lhe
oferecemos tinta, cola ou argila - materiais que sujam - ela os rejeita e, demonstra enorme
resistência em tocá-los, mesmo quando usa luvas. Mas quando lhe é oferecido um lápis e
papel ou, no caso eu lhe ofereci para fazer a tela uma caneta Posca, seu desenho flui,
com um traço bem forte e preciso, recriando imagens de seus desenhos de Animes(animação japonesa) favoritos.
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O prazer que gerou poder fazer sua tela com coisas de seu agrado, foi tamanho
que, de inicio a aluna Y utilizou luvas para colorir os desenhos que tinha feito na tela, sem
nenhuma reclamação ou resistência. Após algum tempo, a satisfação no que estava
fazendo foi tamanha e, ela retirou as luvas, usando pela primeira vez, desde que entrou na
escola, pincel e tinta com as mãos nuas. Quando terminou sua pintura, a aluna que muitas
vezes se recusou a participar das minhas aulas, inclusive saindo da sala e me tratando
com hostilidade, veio até mim e me deu um forte abraço dizendo que estava muito feliz e
que havia adorado pintar.
As imagens abaixo ilustram os dois momentos do trabalho, o primeiro com uso das
luvas e posteriormente sem elas.
Inicio da pintura ainda usando luvas
Segundo momento onde o uso de luvas não se fez mais necessário
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Após todo esse relato concluo que a vivencia que tive durante os sete meses que
estou trabalhando com crianças e jovens especiais, me fez repensar toda a minha pratica
como educadora de artes, da mesma forma que tive que refletir sobre a elaboração de um
currículo significativo e metodologias coerentes a esse tipo de educandos. Todos os
momentos foram de troca de experiências e aprendizado tanto para os alunos como para
mim. Um delicioso e árduo desafio que eu como jovem professora me propus a enfrentar e
a me maravilhar com tudo o que ele me trouxe.
BIBLIOGRAFIA
FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. e FUSARI, Maria F. Rezende. Metodologia do ensino da arte: fundamentos
e proposições. 2.ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2009.
MARTINS, Miriam Celeste, Gisa Picosque, M. Terezinha Guerra. Didática do Ensino da Arte – A Língua doMundo. Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.
BARBOSA, Ana Mãe. A Imagem no ensino da arte: anos 1980 e novos tempos. 8. Ed. São Paulo:Perspectiva, 2010
OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 14. Ed. Petrópolis: Vozes, 1987.
MINICURRÍCULO:
Graziela Ferreira de Mello:
Arte Educadora formada pela UFRJ, cursando pós graduação em Arte e Cultura naUniversidade Candido Mendes, atuou em diversos museus e centros culturais e hoje atuacomo professora de artes visuais na Escola Especial Solange Dreux,na Escola Estação doAprender, na rede estadual e municipal de ensino, nos municípios de Niterói, São Gonçaloe Itaboraí.