O ENFERMEIRO COMO ED DO PARTO NORMAL

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24 O ENFERMEIRO COMO EDUCADOR PARA BENEFÍCIO DO PARTO NORMAL The nurse as educator for the benefit of the normal birth Lo enfermero como educador para el beneficio de nacimiento normal RESUMO A assistência pré-natal significa prevenir, diagnosticar e tratar os eventos indesejáveis na gestação, visando ao bem-estar da gestante e de seu concepto. O objetivo do estudo foi evidenciar a importância da orientação do enfermeiro no pré-natal e os benefícios da mesma durante o parto normal. Foi realizado um estudo descritivo, de revisão integrativa da literatura, a pesquisa foi realizada nas bases de dados SCIELO e BVS, no período de 2010 a 2016, foram utilizados os descritores: Cuidado Pré-Natal, Saúde da Mulher, Trabalho de Parto e Enfermeiro Educador. Os critérios de inclusão foram artigos que abordavam a temática em estudo; que estivessem na íntegra, na língua portuguesa, gratuitos, que estavam contidos no período de tempo determinado para a pesquisa. Foram selecionados 22 artigos e 15 artigos como referência. Os resultados foram expostos em quatro subtítulos, além de uma tabela que integra os benefícios expostos nos dez principais artigos. O pré-natal é o momento mais adequado, onde se oportuniza o trabalho educativo do enfermeiro na assistência das mulheres, preparando-as para o parto. Concluímos que as gestantes são orientadas pelos enfermeiros, contudo, ainda há alguns fatores que precisam ser melhorados, como orientações sobre cuidados com RN e com as mamas. Descritores: Cuidado Pré-Natal, Trabalho de Parto, Enfermeiro Educador. ABSTRACT Prenatal care means preventing, diagnosing and treating undesirable events during pregnancy, aiming at the welfare of the mother and her fetus. The aim of the study was to demonstrate the importance of the orientation of nurses in prenatal care and the benefits of it during normal delivery. A descriptive study was conducted, an integrative literature review, the research was conducted in SCIELO and BVS databases, the period from 2010 to 2016, the descriptors were used: Prenatal Care, Women's Health, Obstetric Labor and Nurse Educator. Inclusion criteria were articles that addressed the topic under study; they were in full, in Portuguese, free, that were contained in the given time period for the search. We selected 22 articles and 15 articles as a reference. The results were exhibited in four captions, as well as a table that integrates the benefits set out in the top ten items. Prenatal care is the most appropriate time, where it favors the educational work of nurses in care of women, preparing them for delivery. We concluded that pregnant women are guided by nurses, however, there are still some factors that need to be improved, such as guidance on care RN and breasts . Descriptors: Prenatal Care, Obstetric Labor, Nurse Educator. RESUMEN La asistencia prenatal significa prevenir, diagnosticar y tratar los eventos indeseables en la gestación, visando el bienestar de la gestante y de su concepto. El objetivo del estudio fue evidenciar la importancia de la orientación del enfermero en el prenatal y los beneficios de la misma durante el parto normal. Se realizó un estudio descriptivo, de revisión integrativa de la literatura, la investigación fue realizada en las bases de datos SCIELO y BVS, en el período de 2010 a 2016, se utilizaron los descriptores: Cuidado Pre- Natal, Salud de la Mujer, Trabajo de parto y enfermero Educador. Los criterios de inclusión fueron artículos que abordaban la temática en estúdio, que estuvieran íntegramente en la lengua portuguesa, gratuitas, que estaban contenidos en el período de tiempo determinado para la investigación. Se han seleccionado 22 artículos y 15 artículos como referencia. Los resultados fueron expuestos en cuatro subtítulos, además de una tabla que integra los beneficios expuestos en los diez principales artículos. El prenatal es el momento más adecuado, donde se permite el trabajo educativo del enfermero en la asistencia de las mujeres, preparándolas para el parto. Concluimos que las gestantes son orientadas por los enfermeros, sin embargo, todavía hay algunos factores que necesitan ser mejorados, como orientaciones sobre cuidados con RN y con las mamas. Descriptores: Cuidado Pre-Natal, Trabajo de Parto, Enfermero Educador. Jéssica Beserra dos Santos Enfermeira. Discente do curso de especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Email: [email protected] Andreia Tatiane Santos Enfermeira. Discente do curso de especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Email: [email protected] Débora Parizani Enfermeira. Discente do curso de especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Email: [email protected] Flavia Roberta Bueno Figueiredo Enfermeira. Discente do curso de especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Email: [email protected] Andressa de Gusmão Medea Enfermeira. Discente do curso de especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Email: [email protected] Marina Linguiti de Oliveira Enfermeira. Discente do curso de especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Email: [email protected] Janize Silva Maia Enfermeira. Doutoranda em Gestão e Informática em Saúde pela UNIFESP. Mestre em Educação. Docente do curso de Graduação e Pós-Graduação do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Docente da Faculdade Estácio FNC. Email: [email protected] Luiz Faustino dos Santos Maia Enfermeiro. Mestre em Terapia Intensiva. Docente do curso de Pós-Graduação do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Docente da Faculdade FNC. Editor Científico. Email: [email protected]

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O ENFERMEIRO COMO EDUCADOR PARA BENEFÍCIO DO PARTO NORMAL

The nurse as educator for the benefit of the normal birth

Lo enfermero como educador para el beneficio de nacimiento normal

RESUMO

A assistência pré-natal significa prevenir, diagnosticar e tratar os eventos indesejáveis na gestação, visando ao bem-estar da gestante e de seu concepto. O objetivo do estudo foi evidenciar a importância da orientação do enfermeiro no pré-natal e os benefícios da mesma durante o parto normal. Foi realizado um estudo descritivo, de revisão integrativa da literatura, a pesquisa foi realizada nas bases de dados SCIELO e BVS, no período de 2010 a 2016, foram utilizados os descritores: Cuidado Pré-Natal, Saúde da Mulher, Trabalho de Parto e Enfermeiro Educador. Os critérios de inclusão foram artigos que abordavam a temática em estudo; que estivessem na íntegra, na língua portuguesa, gratuitos, que estavam contidos no período de tempo determinado para a pesquisa. Foram selecionados 22 artigos e 15 artigos como referência. Os resultados foram expostos em quatro subtítulos, além de uma tabela que integra os benefícios expostos nos dez principais artigos. O pré-natal é o momento mais adequado, onde se oportuniza o trabalho educativo do enfermeiro na assistência das mulheres, preparando-as para o parto. Concluímos que as gestantes são orientadas pelos enfermeiros, contudo, ainda há alguns fatores que precisam ser melhorados, como orientações sobre cuidados com RN e com as mamas.

Descritores: Cuidado Pré-Natal, Trabalho de Parto, Enfermeiro Educador.

ABSTRACT

Prenatal care means preventing, diagnosing and treating undesirable events during pregnancy, aiming at the welfare of the mother and her fetus. The aim of the study was to demonstrate the importance of the orientation of nurses in prenatal care and the benefits of it during normal delivery. A descriptive study was conducted, an integrative literature review, the research was conducted in SCIELO and BVS databases, the period from 2010 to 2016, the descriptors were used: Prenatal Care, Women's Health, Obstetric Labor and Nurse Educator. Inclusion criteria were articles that addressed the topic under study; they were in full, in Portuguese, free, that were contained in the given time period for the search. We selected 22 articles and 15 articles as a reference. The results were exhibited in four captions, as well as a table that integrates the benefits set out in the top ten items. Prenatal care is the most appropriate time, where it favors the educational work of nurses in care of women, preparing them for delivery. We concluded that pregnant women are guided by nurses, however, there are still some factors that need to be improved, such as guidance on care RN and breasts.

Descriptors: Prenatal Care, Obstetric Labor, Nurse Educator.

RESUMEN

La asistencia prenatal significa prevenir, diagnosticar y tratar los eventos indeseables en la gestación, visando el bienestar de la gestante y de su concepto. El objetivo del estudio fue evidenciar la importancia de la orientación del enfermero en el prenatal y los beneficios de la misma durante el parto normal. Se realizó un estudio descriptivo, de revisión integrativa de la literatura, la investigación fue realizada en las bases de datos SCIELO y BVS, en el período de 2010 a 2016, se utilizaron los descriptores: Cuidado Pre-Natal, Salud de la Mujer, Trabajo de parto y enfermero Educador. Los criterios de inclusión fueron artículos que abordaban la temática en estúdio, que estuvieran íntegramente en la lengua portuguesa, gratuitas, que estaban contenidos en el período de tiempo determinado para la investigación. Se han seleccionado 22 artículos y 15 artículos como referencia. Los resultados fueron expuestos en cuatro subtítulos, además de una tabla que integra los beneficios expuestos en los diez principales artículos. El prenatal es el momento más adecuado, donde se permite el trabajo educativo del enfermero en la asistencia de las mujeres, preparándolas para el parto. Concluimos que las gestantes son orientadas por los enfermeros, sin embargo, todavía hay algunos factores que necesitan ser mejorados, como orientaciones sobre cuidados con RN y con las mamas.

Descriptores: Cuidado Pre-Natal, Trabajo de Parto, Enfermero Educador.

Jéssica Beserra dos Santos Enfermeira. Discente do curso de

especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Email: [email protected]

Andreia Tatiane Santos Enfermeira. Discente do curso de

especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo.

Email: [email protected]

Débora Parizani Enfermeira. Discente do curso de

especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo.

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Flavia Roberta Bueno Figueiredo Enfermeira. Discente do curso de

especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo.

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Andressa de Gusmão Medea Enfermeira. Discente do curso de

especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo.

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Marina Linguiti de Oliveira Enfermeira. Discente do curso de

especialização de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Email: [email protected]

Janize Silva Maia Enfermeira. Doutoranda em Gestão e

Informática em Saúde pela UNIFESP. Mestre em Educação. Docente do curso de

Graduação e Pós-Graduação do Centro Universitário São Camilo, São Paulo. Docente da Faculdade Estácio FNC.

Email: [email protected]

Luiz Faustino dos Santos Maia Enfermeiro. Mestre em Terapia Intensiva.

Docente do curso de Pós-Graduação do Centro Universitário São Camilo, São Paulo.

Docente da Faculdade FNC. Editor Científico.

Email: [email protected]

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In t rodução

O período pré-natal constitui-se na preparação

física e psicológica para o parto e para a maternidade

e, como tal, é um momento de intenso aprendizado e

uma oportunidade para os profissionais da equipe de

saúde desenvolverem a educação como dimensão do

processo de cuidar1.

A educação em saúde traduz-se como uma

prática social, baseada no diálogo e na troca de

saberes, é um dos modos estruturantes de práticas de

saúde, sobretudo durante o pré-natal, para a

promoção do parto normal2. A ação educativa

realizada durante o pré-natal visando o preparo da

gestante para o momento do parto é fundamental

para que ela se fortaleça e possa conduzir com mais

autonomia a gestação e o parto3.

O principal objetivo da atenção pré-natal e

puerperal é “acolher a mulher desde o início da

gravidez, assegurando no fim da gestação, o

nascimento de uma criança saudável e a garantia do

bem-estar materno e neonatal”. O pré-natal de baixo

risco pode ser realizado por enfermeiro, respaldado

pela Lei do Exercício Profissional da Enfermagem,

decreto número (94.406/87)4.

O enfermeiro é a principal referência para a

gestante quanto à realização de ações preventivas e

promocionais de saúde, sendo as condutas adotadas

por esse profissional, durante as consultas de pré-

natal, diretamente proporcionais à qualidade da

assistência prestada1. Gestantes que realizam o pré-

natal com enfermeiros, declaram-se satisfeitas com as

consultas, devido à forma como se estabelecem as

relações de comunicação, na qual o acolhimento e a

escuta são privilegiados4.

A comunicação é uma das principais ferramentas

de trabalho para o enfermeiro na consulta de pré-

natal. O relacionamento entre enfermeiro e paciente

deve estar pautado no respeito mútuo e na

experiência vivenciada pela mulher gestante1.

O trabalho de parto e o parto, fases resolutivas

de uma gestação, representam a iminência da

chegada do concepto, onde os anseios relacionados à

dor, ao tipo de parto e à saúde do filho, estão

presentes e interferem de forma significativa no

período gestacional3.

O parto normal é aquele que tem início

espontâneo, é de baixo risco no início do trabalho de

parto e assim permanece até o bebê nascer

espontaneamente. Enquanto a cesárea é um recurso

que permite realizar o parto de maneira satisfatória,

quando a vida da mãe ou do bebê esteja correndo

algum risco5.

Para que seja considerado normal, o parto deve

ocorrer sem intercorrências ou procedimentos

desnecessários nos períodos de trabalho de parto,

parto e pós-parto, e deve-se manter uma constante

atenção voltada para o bem-estar, segurança e

direitos da parturiente e do bebê. Adjetiva-se o parto

como humanizado, quando se presta uma assistência

holística, onde se dispensa a este momento a ternura,

o carinho e a dignidade de que o evento necessita6.

As expectativas das gestantes quanto ao tipo de

parto estão relacionadas à maneira como as

informações sobre o assunto estão disponibilizadas e

acessíveis para as mesmas, desde os tipos de parto,

que deve ser completo, os aspectos técnicos,

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referentes ao trabalho corporal, incluindo rotinas e

procedimentos da maternidade de referência, até

aspectos cognitivos e emocionais. Para isso, os

profissionais envolvidos nos serviços de pré-natal

devem adotar medidas educativas5.

O número de consultas pré-natal é crescente a

cada ano, inclusive após a implantação das equipes de

Estratégia Saúde da Família, com os princípios e

desafios apontados à época da proposição do

Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher. Em

2003, foram realizadas 8,6 milhões de consultas pré-

natais, e em 2009, foram 19,4 milhões. O aumento foi

de 125% nesse período, estando relacionada ao

aumento do número de equipes de Saúde da Família,

que passou de 19 mil em 2003 para 30,3 mil, em

2009, e ao consequente aumento da população

coberta que saiu de 35% para 50% no mesmo

período, todavia, os índices elevados de óbitos

maternos persistem, pondo em pauta a qualidade das

consultas de pré-natal3.

Com base no exposto, este artigo objetivou

evidenciar a importância da orientação do enfermeiro

no pré-natal e os benefícios da mesma durante o

parto normal.

Objet ivo

Evidenciar a importância da orientação do

enfermeiro no pré-natal e os benefícios da mesma

durante o parto normal.

Mater ia l e Método

Para a abrangência do objetivo, preferiu-se o

método da Revisão Integrativa da Literatura Científica,

a partir da seguinte pergunta norteadora: Qual o

impacto da falta de orientação do enfermeiro no pré-

natal para o parto normal? Essa modalidade permite

sumarizar as pesquisas já finalizadas e obter

conclusões a partir de um tema de interesse.

Foi realizada pesquisa eletrônica nas bases

de dados da BVS e SCIELO, utilizando-se os seguintes

descritores em ciências da saúde - DECs: Cuidado Pré-

Natal, Saúde da Mulher, Trabalho de Parto e

Enfermeiro Educador, em busca de artigos publicados

no período de 2010 a 2016.

Foram adotados critérios de inclusão artigos

publicados na íntegra que apresentam especificidade

com o tema e a problemática do estudo, a partir dos

descritores escolhidos, na língua portuguesa e que

respeitassem o período supracitado. Foram excluídos

os artigos que não tinham relação com o objetivo do

estudo e resumos isolados fora do recorte temporal.

De posse dos critérios de inclusão e exclusão,

foram selecionados inicialmente 22 artigos e utilizados

15 assim distribuídos: 3 artigos na base de dados da

SCIELO e 12 artigos na base de dados da BVS.

Após a seleção, todos os artigos foram lidos na

íntegra e a partir da análise dos mesmos foram

formuladas as discussões sobre os principais

resultados do estudo.

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Resultados

Com base no assunto de pesquisa, foi elaborado a tabela abaixo que integra os principais benefícios da

orientação do enfermeiro no pré-natal para o trabalho de parto normal com base nos principais artigos:

Autores / Ano Título Objetivo Benefícios da Orientação

Santos, et al. 2010

Assistência pré-natal: satisfação e expectativas

Avaliar a satisfação das gestantes com a assistência pré-natal,

identificar os aspectos que elas gostariam que fossem abordados durante a assistência e os fatores

que poderiam inviabilizar a participação em encontros de

gestantes.

Diminuição do temor e ansiedade;

Aceitação da dor com processo fisiológico do nascimento;

Diminuição no número de cesáreas.

Francisquini, et al. 2010

Orientações recebidas durante a gestação,

parto e pós-parto por um grupo de puérperas

Identificar as orientações sobre gestação, parto e pós-parto

recebidas durante a assistência nesses períodos por puérperas

atendidas em um hospital privado de Maringá, PR.

Segurança, harmonia e prazer no momento do parto.

Costa, et al. 2011

Contribuições do pré-natal para o parto

vaginal: percepção de puérperas

Analisar de que modo o acompanhamento pré-natal no

âmbito da atenção básica na rede de serviços de saúde, contribui

para a promoção do parto vaginal, a partir de percepção de

puérperas primíparas.

Oferece à mulher a possibilidade de vivenciar a experiência do trabalho de parto e o parto como processos

fisiológicos, sentindo-se protagonista

nesses processos.

Guerreiro, et al. 2012

O cuidado pré-natal na atenção básica de saúde sob o olhar de gestantes

e enfermeiros

Conhecer as concepções de gestantes e enfermeiros sobre o

cuidado pré-natal na atenção básica de saúde.

A mulher compartilha e faz reflexões sobre suas fantasias, medos,

emoções, amores e desamores, estabelecendo um elo de confiança

com o profissional que a está assistindo.

Carrara, Oliveira. 2013

Atuação do enfermeiro na educação em saúde

durante o pré-natal: uma revisão bibliográfica

Encontrar através da literatura pesquisada as abordagens sobre a atuação do enfermeiro no pré-natal, analisando a importância

da educação em saúde na assistência direcionada ao pré-

natal qualificado.

O profissional oferece conforto, ameniza a dor, orienta, esclarece, reconhece momentos críticos da

gravidez, entre vários outros papeis para a saúde

Lamy, Moreno. 2013

Assistência pré-natal e preparo para o parto

Compreender as expectativas e percepções das gestantes, posteriormente puérperas,

quanto a: gravidez, assistência pré-natal e sua relação com o tipo de parto esperado e o vivenciado.

Menores índices de cesariana.

Diminui as ansiedades e medos em relação à gravidez, parto e

puerpério.

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Viana, Ferreira, Mesquita. 2014

Humanização do parto normal: uma revisão de

literatura

Identificar produções científicas sobre a temática da humanização do parto normal, buscando definir

estratégias que favorecem a promoção de um parto saudável

e sem procedimentos desnecessários.

Prevenção de práticas irregularidades que dificultam o

momento do parto.

Brito, Cruz, Pinto. 2015

Percepções de puérperas sobre a preparação para

o parto no pré-natal

Compreender a percepção de puérperas sobre a preparação

para o parto no pré-natal

Auxílio nas atitudes, na maneira como a parturiente usa o seu corpo e

o modo de se comportar durante o trabalho de parto.

Oliveira, et al. 2015

Assistência pré-natal realizada por

enfermeiros: o olhar da puérpera

Identificar as ações de enfermagem realizadas pelo

enfermeiro durante a gestação sob o olhar da puérpera.

Permite a livre expressão de dúvidas, de sentimentos, de experiências e o

estreitamento do vínculo entre o enfermeiro e a gestante.

Silva, Nascimento, Coelho. 2015

Práticas de enfermeiras para promoção da

dignificação, participação e autonomia de

mulheres no parto normal

Conhecer as práticas de cuidado utilizadas por enfermeiras implicadas nos processos autonomia, dignificação e

participação de mulheres durante o parto normal.

Confiança com a puérpera, de forma a tranquilizá-la e fortalecer

sentimentos positivos; ouve as queixas das parturientes, buscando identificar suas necessidades, não

deixando de valorizar as suas histórias de vida e nem os aspectos sociais, psicológicos e emocionais.

Fonte: Elaboração própria.

Discussão

Pré-Natal

O pré-natal se entende como o

acompanhamento que a gestante recebe desde a

concepção do feto até o início do trabalho de parto,

durante este período a execução da educação em

saúde pela equipe de enfermagem se faz de forma

contínua através de informações acerca da gravidez,

do feto, das modificações morfofisiológicas da

gestante, bem como sobre trabalho de parto e

cuidados pós-natal7.

O Ministério da Saúde recomenda que durante o

pré-natal a gestante receba orientações

principalmente em relação aos seguintes temas:

processo gestacional, mudanças corporais e

emocionais durante a gravidez, trabalho de parto,

parto e puerpério, cuidados com o RN e

amamentação8.

É no pré-natal que a mulher deve ser orientada

para que possa viver o parto de forma positiva e feliz,

ter menos riscos de complicações no puerpério e mais

sucesso na amamentação9.

Durante o pré-natal, a gestante deve receber

informações que contemplem todos os aspectos

envolvidos na gestação. Especificamente, as

informações direcionadas ao trabalho de parto que

tem a finalidade de prepará-la para vivenciar este

período que é permeado por sentimentos como medo

e ansiedade3.

A realização do acompanhamento pré-natal é

imprescindível para que a mulher compreenda o

momento que está vivendo e, consequentemente,

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para que tenha despertado o interesse em participar

do seu próprio cuidado. Seu principal objetivo é

garantir um desenvolvimento adequado da gestação

por meio da abordagem de aspectos psicossociais e

de atividades educativas e preventivas que também

visam resultar num puerpério saudável, sem impactos

à saúde materna e neonatal1.

A psicoprofilaxia da gravidez deve complementar

os cuidados durante o pré-natal e tem a finalidade de

orientar a gestante nos seus aspectos físicos e

emocionais presentes nesta fase marcada por grandes

e significativas mudanças, orientando-a e preparando-

a para uma gravidez mais saudável e para uma visão

positiva do momento do parto5.

Nesse sentido, é necessário um olhar mais amplo

na realização do pré-natal para que informações

sobre o processo parturitivo estejam presentes nas

ações educativas a fim de dar à mulher subsídios

necessários para vivenciar o momento do nascimento

sem a insegurança que permeia as ações quando se

enfrenta algo desconhecido3.

O trabalho educativo no pré-natal apresenta-se

como uma ferramenta facilitadora de produção de

conhecimento e autonomia para as mulheres,

potencializando positivamente as experiências na

gestação, parto e pós-parto, e deve ser favorecido

através de um trabalho coletivo de escuta e de

partilha que “produzam o encontro das ideias, a

construção de consenso e a responsabilização dos

participantes”2.

É fundamental que o enfermeiro promova a

captação precoce das gestantes, conferindo a elas o

início dos cuidados pré-natais em um prazo que

precede 12 semanas de gestação1. Um serviço de pré-

natal bem estruturado deve ser capaz de captar

precocemente a gestante na comunidade em que se

insere, além de motivá-la a manter o seu

acompanhamento pré-natal regular, constante, para

que bons resultados possam ser alcançados7.

Na primeira consulta o enfermeiro realiza uma

anamnese abrangente, levando-se em consideração

possíveis aspectos epidemiológicos, doenças sexuais,

histórico familiar, obstétrico, pessoais entre outros;

exame físico obstétrico para saber sobre a saúde da

mãe e do filho; um levantamento do hábito alimentar,

intestinal e urinário. A priori, as dúvidas e ansiedades

da gestante devem ser esclarecidas para que assim ela

se sinta mais segura com a gestação7.

Uma atenção pré-natal qualificada e humanizada

se dá por meio da incorporação de condutas

acolhedoras e sem intervenções desnecessárias: do

fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com

ações que integram todos os níveis de atenção -

promoção, prevenção e assistência à saúde da

gestante e do recém-nascido, desde o atendimento

ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para

alto risco. As atitudes de sensibilidade e afetividade

demonstradas pela enfermeira desde o início do pré-

natal, mediante a escuta dos problemas, observação

das reações e o oferecimento de apoio, favorecerão a

interação enfermeiro-gestante9.

Na atenção pré-natal controla-se os fatores de

risco que trazem complicações à gestação, além de se

permitir a detecção e o tratamento oportuno de

complicações, contribuindo para que os desfechos

perinatais e maternos sejam favoráveis10.

Supervisionar e manter a normalidade da

gestação, evitar e controlar riscos, dar apoio e educar

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as pacientes são fatores que constituem os alicerces

da boa assistência pré-natal8.

O Enfermeiro como Educador no Pré-Natal

O profissional enfermeiro realiza a consulta de

enfermagem; a prescrição de enfermagem; prescreve

medicamentos, desde que estabelecido em

programas de saúde pública e em rotina aprovada

pela instituição de saúde; presta assistência a

parturiente, puérpera e realiza educação em saúde,

sendo respaldado pela lei número (7.498/86)4.

O (a) enfermeiro (a) tem papel fundamental e

relevante, tendo como uma de suas funções, realizar

ações educativas para as gestantes e suas famílias,

objetivando diminuir as ansiedades e medos em

relação à gravidez, parto e puerpério5.

É o responsável por fornecer suporte emocional à

gestante e sua família e proporcionar a troca de

experiências e conhecimentos durante todo o período

gestacional1.

Não só pretende contribuir para que a mulher

tenha uma gravidez sem complicações, como também

que seja uma gestação tranquila e prazerosa,

podendo ser resumida como uma gravidez boa7.

O enfermeiro deve ser um instrumento para que

a cliente adquira autonomia no agir, aumentando-lhe

a capacidade de enfrentar situações de estresse, de

crise e decidir sobre sua vida e sua saúde9.

O desenvolvimento de ações educativas com

pacientes e seus familiares junto à comunidade

visando à promoção, manutenção e recuperação da

saúde constitui-se em uma das funções do

enfermeiro11.

A atuação do enfermeiro na consulta pré-natal de

baixo risco visa oferecer assistência integral clínico-

ginecológica e educativa, com o intuito de que a

mulher possa ter uma gestação tranquila e um bebê

saudável. Entretanto, são necessários investimentos

em sua qualificação, para que as consultas possam ser

realizadas da melhor forma possível4.

O papel do enfermeiro na assistência pré-natal é

mostrar à população a importância do

acompanhamento da gestação na promoção da

saúde, prevenção e tratamento de distúrbios, durante

e após a gravidez, bem como informá-la dos serviços

disponíveis12.

A procura pela enfermeira da unidade básica de

saúde ocorre por várias vezes após a confirmação em

um teste rápido de gravidez, que por sua vez recebe a

mulher explicando a necessidade de um exame

especifico, após a confirmação desse exame, a

gestante procura novamente a enfermeira onde a

mesma a recebe realizando a primeira consulta de

enfermagem, este momento é importante para

fortalecer o vínculo da enfermagem com a gestante

para iniciar então um pré-natal qualificado7.

É incontestável que a adesão das mulheres ao

pré-natal está relacionada principalmente com a

qualidade da assistência prestada pelo serviço de

saúde que a atende, especialmente pelo enfermeiro,

bem como um acolhimento adequado, sendo estes,

portanto essenciais para a redução das possíveis

complicações perinatais11.

O cuidado, que é a essência do trabalho do

enfermeiro, há tempos vem sendo incorporado à

prática na assistência à saúde da mulher no ciclo

gravídico-puerperal, porém com diversas conotações

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que variam de uma abordagem tecnicista a uma visão

mais humanística9.

As enfermeiras devem buscar meios de fazer com

que as parturientes se sintam seguras para vivenciar o

parto e confiem nas condutas que estão sendo

implementadas. A enfermeira obstétrica é uma

profissional comprometida e qualificada que

proporciona dignidade, segurança e autonomia,

resgatando o parto como um evento fisiológico13.

Parto Normal

O parto foi institucionalizado após a Segunda

Guerra Mundial, progressivamente pela incorporação

de novos conhecimentos e habilidades adquiridas

pelos médicos nos campos da assepsia, cirurgia,

anestesia, hemoterapia e antibioticoterapia,

diminuindo significativamente a morbimortalidade

materna e infantil, todavia embora a

institucionalização do parto e os avanços tecnológicos

tenham proporcionado melhor controle dos riscos

materno-fetais, houve incorporação de grande

número de intervenções desnecessárias, culminando

inclusive com um aumento progressivo no número de

cesarianas6.

A cesariana é uma intervenção cirúrgica que

possibilita que o bebê seja retirado do útero materno,

em vez de nascer naturalmente e passar pelo colo do

útero e vagina5.

A partir do momento em que os médicos

começaram a participar do processo do parto, a

mulher deixou de ser a pessoa mais importante e ativa

daquele evento. Após muitos anos nessa situação,

entram em campo, as enfermeiras obstetras com o

intuito de colocar em prática o parto humanizado,

tentando mudar o significado de medo e dor

relacionado ao parto normal, consequentemente

diminuindo os elevados números de nascimentos por

cesarianas que poderiam simplesmente ter um

nascimento de um modo natural, menos doloroso e

mais saudável6.

Uma das causas do elevado número de cesáreas

é a insegurança da mulher, ocasionada pela sua

desinformação em relação ao parto vaginal. Além do

mais, muitas delas demonstram insatisfação com a

falta de oportunidade para expressar suas

expectativas, preocupações e tirar suas dúvidas com

relação ao parto. Nesse sentido, a orientação deve

fazer parte da assistência pré-natal5.

A preparação para o parto aumenta o

conhecimento e as competências das grávidas, facilita

a escolha de alternativas saudáveis para a vivência do

processo de nascimento e a superação de limitações,

proporciona menor risco de serem submetidas à

cesariana e maior satisfação das mulheres com a

experiência de parto3.

Para alcançar um bom desempenho no

desenvolvimento do trabalho de parto, é

indispensável o bem-estar físico e emocional da

parturiente, com isso, favorecendo a redução dos

riscos e complicações. Para tanto, o respeito ao direito

da mulher à privacidade, à segurança e ao conforto,

com uma assistência humana e de qualidade, aliado

ao apoio familiar durante a parturição, transformam o

nascimento em um momento único e especial2.

O parto é um momento de grande emoção,

sendo que a conotação no sentido positivo ou

negativo é proveniente de experiência própria ou

induzida por influências externas, daí a importância de

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se compreender o significado deste para as grávidas,

assim como o meio social em que estas vivem5.

Mesmo para pacientes que tiveram experiências

anteriores, sempre haverá expectativas, que irão ser

diferentes e vividas em intensidade diferente por cada

mulher2.

O processo de parir é explicado por muitos mitos

como algo intolerável e muito doloroso fisicamente,

onde a mulher tem que suportar essa dor e o alívio e

o prazer surgem após o nascimento. Pensamentos

assim, se encontram fixos na mente de algumas

mulheres e devem ser desfeitos pelo enfermeiro

durante o pré-natal14.

Portanto, a assistência humanizada no trabalho

de parto serve justamente para que seja descartado o

uso indevido de procedimentos e medicações

desnecessárias atrapalhando o transcorrer natural do

parto6.

Benefícios da Orientação do Enfermeiro no Pré-Natal para o Parto Normal

O processo de parturição é um momento na vida

da mulher que ela se encontra em situação de

vulnerabilidade devido as dores, os desconfortos

físicos, a ansiedade, as dúvidas e os anseios, podendo

levá-la a expressar sentimentos negativos que

influenciarão prejudicialmente no desfecho do

parto13.

As mulheres com vivências negativas passam

para outras, através de seus relatos, os estigmas

resultantes dessas situações, gerando incertezas e

medos. Muitas vezes os relatos sobre complicações e

partos difíceis, feitos pela mãe, irmã ou amiga e às

vezes até pelo médico, deixam a gestante preocupada

e, dependendo da inserção dessas sugestões

negativas e do peso das próprias fantasias ou de

experiências da gestante, é desenvolvido um medo,

quase de pânico, em relação ao parto5.

Quando as mulheres desconhecem as

informações sobre o processo de parturição, as

condutas de rotina da maternidade e o local onde irá

ocorrer seu parto, sentem-se muito ansiosas, com

medo dos acontecimentos que estão por vir,

sentimentos estes que tornam o processo altamente

traumático3.

Os profissionais de saúde possuem um papel

importante, pois, eles têm a oportunidade de usar seu

conhecimento para um bem-estar tanto da mãe

quanto do bebê oferecendo conforto, amenizando a

dor, orientando, esclarecendo, reconhecendo

momentos críticos da gravidez, entre vários outros

papeis para a saúde7.

A mulher necessita ter acesso ao diálogo, sendo-

lhe permitida a livre expressão de dúvidas, de

sentimentos, de experiências e o estreitamento do

vínculo entre o enfermeiro e a gestante. Nesse sentido

percebe-se que a comunicação dialógica representa

um pilar na relação entre o enfermeiro e a gestante,

favorecendo à mesma compreensão do processo

gestacional, empoderando-a para vivenciá-lo com

tranquilidade1.

O profissional de saúde deverá atentar quais

informações são necessárias, independentemente da

paridade da gestante, e que mesmo que ela se sinta

conhecedora, deve-se explicar categoricamente os

assuntos para que ela possa, a partir do seu

conhecimento prévio, relacionar com o

comportamento durante o parto3.

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O preparo para o parto o antecede, sendo o

período da gravidez adequado ao desenvolvimento de

práticas educativas tanto nos espaços de atendimento

individual, quanto nos processos coletivos através de

trabalho de grupos2.

Para um bom desenvolvimento do trabalho de

parto é necessário que a gestante se sinta à vontade e

segura do que acontecerá durante todo o evoluir e a

importância da calma para o favorecimento da

redução de complicações, pois ela é a protagonista

desta história6.

No âmbito da saúde da mulher, especificamente

tratando-se da prática obstétrica, o enfermeiro exerce

um papel importante no que concerne à humanização

da assistência, tendo em vista que o processo

gestatório e o período pós-parto sejam permeados

por sentimentos de medo e insegurança. Na maioria

das vezes, esses sentimentos, aliados à desinformação

e assistência pré-natal inadequada, são responsáveis

pela opção da mulher pela cesárea9.

Os índices de cesarianas são mais baixos nas

mulheres a quem são prestados os cuidados, apoio, e

orientações precisas e claras durante todo o período

pré-natal e, especialmente, durante o trabalho de

parto, devido aceitação da dor como processo

fisiológico do nascimento11.

A mulher preparada durante o pré-natal, por

meio de informações e orientações pertinentes à

gestação, parto e puerpério, enfrentará estes

períodos com maior segurança, harmonia e prazer,

pois a falta de informação pode gerar preocupações

desnecessárias e expectativas frustradas8.

Preparar a gestante para um bom parto vaginal

não significa fazer com que ela perceba a cesárea com

temor ou repúdio, podendo ser este um fator

prejudicial à mesma. O papel da enfermagem seria o

de minimizar esses temores prejudiciais, e não os

transferir de um lado para o outro5.

O preparo para o parto compreende um

conjunto de cuidados, medidas e atividades cuja

finalidade é oferecer à mulher a possibilidade de

vivenciar a experiência do trabalho de parto e o parto

como processos fisiológicos, sentindo-se protagonista

nesses processos2.

A troca de saberes sobre os tipos de parto, suas

vantagens e desvantagens, bem como sinais de

trabalho de parto têm sido apontados pelas gestantes

como fundamentais no seu preparo para o trabalho

de parto e parto3.

Os profissionais precisam entender e possibilitar

que cada consulta de pré-natal ou encontro das

gestantes com os profissionais de saúde se

transformem em oportunidade para ampliação do

referencial de cuidar desta família em expansão. Para

isto é preciso estar aberto para a escuta das dúvidas,

medos e anseios. As orientações oferecidas precisam

ser adequadas às reais necessidades e apropriadas

para cada caso específico, de forma a possibilitar que

o processo gestacional seja vivenciado da forma mais

tênue e prazerosa possível, objetivando a diminuição

dos níveis de ansiedade e temor que geralmente

ocorrem nesses momentos11.

Quando uma profissional atende uma

parturiente, aquela deve estabelecer uma relação de

confiança com essa, de forma a tranquilizá-la e

fortalecer sentimentos positivos. Para estabelecer

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essa relação, é necessário que a profissional

demonstre, por meio de informações, as melhores

condutas indicadas caso a caso, sempre

individualizando o cuidado direcionado, não apenas à

gestante, mas também à família e acompanhante(s)13.

As atitudes, a maneira como a parturiente usa o

seu corpo e o modo de se comportar durante o

trabalho de parto dependem das informações

recebidas no pré-natal, do contexto socioeconômico e

de sua personalidade3.

A mulher que opta pelo parto normal espera por

cuidado humanizado, pois sabe que o processo de

parturição pode provocar experiências negativas;

contudo, para que esta impressão seja revertida, o

modelo assistencial deve proporcionar um cuidado

direcionado às suas necessidades e este cuidado deve

ser aplicado também às rotinas e protocolos

preestabelecidos do local do parto e aos profissionais

diretamente ligados à assistência ao parto6.

O profissional deve oferecer um suporte

psicológico à cliente, estimulando o vínculo

profissional-família, por meio de diálogos francos,

visitas domiciliares e reuniões de grupo. A escuta

aberta, sem julgamento nem preconceitos, possibilita

que a mulher compartilhe e faça reflexões sobre suas

fantasias, medos, emoções, amores e desamores,

estabelecendo um elo de confiança com o profissional

que a está assistindo9.

As enfermeiras obstétricas, no atendimento a

essa, deverão desenvolver ações em prol de uma

assistência individualizada, acolhedora, eficiente, em

um ambiente que favoreça o desenvolvimento das

práticas de cuidado, sob a ótica da integralidade13.

Para que o cuidado seja efetivo é preciso a

presença da tríade que sustenta o processo de parto,

que são a mulher, o acompanhante e a equipe de

saúde6.

Os profissionais devem ter em mente a

importância de um atendimento qualificado tanto

para vida da mulher quanto para a do bebê,

levantando um resultado satisfatório, utilizando todos

os recursos disponíveis para este fim7.

Numa assistência humanizada é preciso ouvir as

queixas das parturientes, buscando identificar suas

necessidades, não deixando de valorizar as suas

histórias de vida e nem os aspectos sociais,

psicológicos e emocionais. As mesmas devem ser

acolhidas e valorizadas como um ser com

necessidades que perpassam o campo biológico. O

cuidado direcionado às mulheres deve ser

compartilhado com elas, dando a oportunidade de

escolherem o que mais lhe convier, sem, no entanto,

deixarem de ser estimuladas a seguir as boas

práticas13.

Onde se encontram serviços de pré-natal

preocupados em preparar a gestante para o parto

normal, são os locais onde se encontra os menores

índices de cesariana5.

As gestantes que frequentam os serviços de

atenção pré-natal apresentam número menor de

casos de complicações e os fetos, adequado

crescimento intrauterino, demonstrando a relação

entre assistência pré-natal e o bem-estar do recém-

nascido15.

As gestantes julgam necessário para um pré-natal

de qualidade uma atenção integral à elas por parte

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dos enfermeiros, de forma que ela se sinta segura

com as informações fornecidas sobre a sua saúde e a

de seu bebê9.

A parturiente se sente mais segura e confiante

quando a ela é dada a possibilidade de participar das

práticas e procedimentos que envolvem o parto. Ao

falar da participação ativa das mulheres, está

implicada a necessidade de haver, previamente, uma

tomada de consciência dessas sobre as práticas que

serão utilizadas e também de receberem estímulos

por parte da equipe de saúde para participarem. Para

isso, as mulheres devem ser encorajadas a atuar como

peça-chave do evento parturitivo. Todavia, para haver

a participação das mulheres, o conhecimento deve

permear as condutas indicadas13.

Conclusão

Concluímos que ações educativas realizadas pelo

profissional enfermeiro durante o pré-natal de uma

gestante é extremamente importante, pois o mesmo

consegue orientar sobre os medos, anseios, dúvidas e

relatos de experiências traumáticas que as gestantes

apresentam nessa fase do ciclo gravídico-puerperal.

Sabe-se que as gestantes que são orientadas

e recebem todas as informações sobre o pré-natal,

parto e pós-parto enfrentam melhor o momento do

trabalho de parto, uma vez que já foram orientadas

sobre o que pode acontecer neste momento e

acabam encarando a dor como um processo

fisiológico do parto.

O enfermeiro é o principal responsável pela

orientação dessas gestantes, através da escuta ativa e

do diálogo, aumenta-se o vínculo e à adesão as

consultas, todavia há relatos de falta de orientação

por parte desses profissionais sobre os cuidados com

as mamas, com o RN e algumas alterações que podem

ocorrer no puerpério.

Portanto, verificamos que as gestantes são

orientadas pelos enfermeiros e com isso enfrentam

melhor o momento do parto e diminui-se o índice de

cesarianas, contudo, ainda há alguns fatores que

precisam ser melhorados em relação as informações

recebidas, para que as gestantes se sintam

protagonistas no momento do parto e aptas para

escolher a melhor conduta para este momento único

de suas vidas.

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